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Técnicas de Iluminação e Estúdio Responsável pelo Conteúdo: Prof. Marcelo Alves Pereira Revisão Textual: Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Técnicas de Iluminação Fotográfi ca Técnicas de Iluminação Fotográfica • Apresentar e descrever os conceitos técnicos envolvidos no processo de produção fotográfica exclusivamente no que diz respeito à iluminação; • Apresentar, descrever e exemplificar os diversos tipos e as diferentes fontes de iluminação aplicadas à fotografia. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Tipos de Iluminação; • Forma e Matéria; • Tom; • Cinza 18%. UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Contextualização Afinal, o que é fotografia? O que desejamos fotografar quando estamos com nos- sos familiares, amigos, em viagens a trabalho, ou apenas descansando em uma praia? E para que a fotografia possa existir o que se faz necessário? O que precisamos perceber para termos uma imagem? Esses pontos apresentados serão nosso objeto de estudo nesse texto. Saber o que se pretende na fotografia e como pensar através da luz essa representação, questionar quais as necessidades para que uma fotografia exista, é fun- damental para o fotógrafo realizar com maturidade a sua fotografia. Saber diferenciar “o que é fotografia” do que é “a sua fotografia” trará um amadure- cimento significante na prática fotográfica seja no âmbito profissional ou pessoal, aten- dendo a um cliente ou realizando seus registros pessoais. Para isso, iremos conversar sobre a importância da luz na fotografia, o que de fato significa a expressão “desenhar com a luz”. Percebemos que há uma falta de compreen- são na importância dessa que é a significação para a palavra “fotografia”. Se pensarmos que a palavra fotografia, do Grego “phosgraphein”, significa etimologicamente, “marcar a luz”, “registrar a luz” ou “desenhar na luz”, podemos deduzir que desenhar com a luz é perceber a luz no ambiente e como ela revela a cena ou objeto que será fotografado. Dessa maneira, se fotografamos sem a percepção da luz não estaremos desenhando, mas sim rabiscando com a luz exatamente como uma criancinha que pega um lápis e um papel e rabisca seus sonhos. Por mais bonitinho que seja, não irá revelar o potencial do objetivo que queremos alcançar como fotógrafos. E desenhar com a luz é apenas a percepção da luz no ambiente? Não. Nesse ponto, partimos para outro tema fundamental dessa contextualização. Para sabermos desenhar com a luz, percebermos ela entre o que é e o que queremos para nossa fotografia, se faz presente nesse instante a função do fotógrafo e suas experiências culturais, sua vivência, sua existência. Em outras palavras, suas ações culturais, livros que leu, filmes que assis- tiu, experiências de vida adquiridas e outras tantas mais que certamente trarão a todos nós uma profundidade mais intensa nessa que é uma das mais lindas criações do ser humano, a câmera fotográfica. Outro ponto importante é de que nada vale a luz se não soubermos o que desejamos dela. Como colocado anteriormente, quando não se sabe o que se quer imageticamente não se estará desenhando com a luz, mas, ao contrário, estará realizando inúmeros rabiscos que não revelarão o fotógrafo que há em cada um de nós e se não trilhamos uma vida de experiências culturais, de troca, de reflexões, nada teremos a dizer por meio das imagens. Dois pensamentos do fotógrafo “Edward Weston”: “Se eu tenho uma mensagem aos principiantes é que não há atalhos na fotografia.” Disponível em: https://bit.ly/3s8AmvG “Enquanto houver luz, o fotógrafo tem condições de trabalhar, pois seu ofício – sua aventura – é uma redescoberta do mundo em termos de luz.” Disponível em: https://bit.ly/3s6HRmV 8 9 Essa matéria tem como objetivo o amadurecimento do olhar sobre a questão da luz como resultado do fotógrafo, filtro de experiências vividas e a compreensão técnica so- bre os assuntos da luz, cor, formas e tons. Bons estudos! 9 UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Introdução Agora que já temos em mente a nossa responsabilidade em perceber a luz e todos os fatores internos e externos que estão em constante diálogo com a fotografia, de nos per- cebermos como fios condutores de nossas experiências que serão reveladas em nossas fotografias, daremos início ao estudo sobre o tema luz. Conversaremos sobre o que é a luz branca e o balanço de branco, temas fundamentais da nossa matéria. Voce Sabia? A luz é indispensável à fotografia. A própria palavra cunhada em 1839 por Sr. John Hershey, deriva de 2 vocábulos gregos que significam: Escrita com a Luz. Luz Branca e Balanço de Branco Para entendermos como chegamos ao balanço de branco, precisamos conhecer o que significa o termo “corpo negro”. Gustav Robert Kirchhoff, físico alemão do século XIX, é quem desenvolve a ideia de “radiação do corpo negro” em 1862. A descrição do experimento: uma esfera oca de metal, um pequeno furo na superfí- cie chamada de “corpo negro”. Essa esfera de metal é aquecida e capta toda a radiação que incide sobre ela. O espectro da radiação que passa pelo furo é contínuo e gera o aquecimento do material. Desse experimento, Kirchhoff estabelece a relação entre a temperatura do objeto e a cor da radiação que ele emite, escala de “Temperatura de Cor”, base para entendermos o balanço de branco (Figura 1): Figura 1 – Temperaturas na escala Kelvin das cores FONTE: Adaptada de Arena, 2013, p. 29 10 11 Vamos fazer um exercício juntos sobre o balanço de brancos (nas câmeras a sigla é WB – White Balance) para percebermos como cada predefinição altera a imagem podendo agre- gar muito valor a ideia do fotógrafo. Vamos lá. Entre no menu da sua câmera, vá até balanço de brancos (WB). Nessa sessão, você encontrará algumas possibilidades de balanço de bran- cos (WB). Essas opções são presets (pré-definições) realizadas pelo fabricante da sua câmera. Ao entrar nessa pasta você encontrará balanço de brancos Auto1 (automático – sigla AWB), incandescente, fluorescente, luz solar, flash, nublado, sombra, escolher temperatura de cor (K – sigla de Kelvin) e pré-ajuste manual. Se você quer mudar a temperatura da imagem para deixar mais próximo da sua ideia criati- va entre na opção escolher temperatura de cor (K) e poderá alterar a escala Kelvin de 1000 a 10000 como na figura 1. Muito cuidado ao mudar a seu gosto para não errar na linguagem do projeto. Outra possibilidade é o pré-ajuste manual. Nessa opção, você deverá focar uma parede branca do ambiente ou pegar um papel branco e colocá-lo bem próximo da luz que você irá fotografar. Faça uma foto com o ponto de foco bem no centro do papel. Se possível, enquadre todo o papel no quadro. Depois, vá ao no menu da câmera, selecione balanço de brancos, pré-ajustes e escolha a imagem com a folha em branco que você fotografou. Pronto! A câmera irá usar essa imagem registrada como referência do balanço de brancos. Essa opção é a mais correta a ser feita quando possível. Agora, vamos ao nosso exercício. Vá a uma praça, ou na rua, ou mesmo na sua casa e escolha um objeto para você fotografar. Posicione a câmera de modo que ela não mude mais de lugar. Abra seu menu para Balanço de Brancos e faça uma foto com cada predefinição. Faça testes com o ajuste Kelvin e com o pré-ajuste. Agora, você terá uma melhor ideia de como chegar à cor que sua fotografia ou seu projeto fotográfico precisa. Veja tabela abaixo dos ícones correspondentes: • Fluorescente ; • Luz Solar ; • Nublado ; • Flash ; • Sombra ; • Incandescente . Figura 2 Fonte: Adaptada de Getty Images 11 UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Veja o resultado de cada predefinição: Figura 3 Fonte: Reprodução Depois desse exercício, você poderá se perguntar por que usamos escala Kelvin? A explicação de por que usamos a escala Kelvin ao invés da Celsius se dá na neces- sidade de um resultado exato, que não contenha variação na temperatura de um objeto e por esse motivo usamos a escala absoluta cuja unidade é o Kelvin(k). A diferença da escala Kelvin para a Celsius é que a Celsius é relativa, depende do ponto de congelamento e ebulição da água que, por sua vez, estão relacionados à noção de pressão atmosférica ao nível do mar gerando, assim, um resultado variável. Normalmente, costumamos dizer que a luz do sol é uma luz branca. Mas, na realida- de, o que ocorre é que a luz do sol é a combinação de diferentes cores, e quem descreveu esse fenômeno foi Isaac Newton. Você Sabia? Isaac Newton (04/01/1643 – 31/03/1727) foi astrônomo, alquimista, filósofo, teólogo e cientista inglês. Em 1704, escreveu Opticks, obra emblemática a respeito da ótica na qual descreve a natureza corpuscular da luz e detalha os fenômenos da refração, reflexão e dispersão da luz. Newton verificou que, quando se faz um raio de luz branca atravessar um prisma, esse raio se subdivide em diferentes cores; a esse fenômeno Newton chamou de “disper- são” ou “decomposição” da luz. Trocando Ideias... Você percebeu o que ele explicou ao mundo e que era um grande mistério até aquele momento? Claro! Ele explicou como o arco-íris se forma: um raio de luz branca que atra- vessa uma gota de água e torna visível todas as cores que o formam. Interessante, não?! 12 13 Isso nos leva a outra conclusão muito importante: a luz é uma forma de radiação ele- tromagnética que se desloca de um ponto a outro em forma de ondas, da mesma forma que as ondas de rádio; o que ocorre é que essa radiação é muito ampla, apresentando variações de valor e frequência. Portanto, se separarmos essas ondas de acordo com seu valor e sua frequência, conseguiremos ver as diversas cores que compõem a luz branca. Mas, voltando à separação das cores da luz branca, para conseguir essa separação, basta que você faça passar um raio de luz branca por meio de um prisma. As cores se decompõem mostrando a composição do espectro solar; essas cores são: vermelho, la- ranja, amarelo, verde, azul e violeta ( Figura 4). No caso dos olhos humanos, somos sen- síveis (ou seja, enxergamos) apenas as ondas que estejam entre a frequência de 400mm a 750mm, e nessa escala as cores violeta e azul possuem as mais baixas frequências, enquanto que o laranja e o vermelho, as mais altas. Figura 4 – Decomposição da luz branca através de um prisma Fonte: Acervo do Conteúdista Mais um detalhe importante: somente quando a luz viaja no vácuo, o meio não altera seu comportamento. Quando a luz não está no vácuo, quatro coisas podem acontecer: “as ondas podem ser refletidas ou dispersadas; podem ser absorvidas (o que geralmente re- sulta na criação de calor, mas não de luz); podem ser refratadas (curvadas e passadas pelo material); ou elas podem ser transmitidas sem nenhum efeito” (HURTER, 2013, p. 28). Um detalhe importante: mais de um desses eventos podem ocorrer de forma si- multânea com o mesmo meio; mas não se assuste, pois o que irá resultar disso tudo é previsível e conhecido. Todos esses aspectos são fundamentais para a fotografia. Agora você entendeu por que tudo isso é importante para a iluminação! Muito bem! Vamos ver como podemos prever os efeitos de cada um dos quatro fe- nômenos citados. Tipos de Iluminação A essência da iluminação é o controle da luz e das sombras para mostrar a forma e a textura de um objeto, sugerir um ambiente em particular ou, como acontece com a música, criar uma atmosfera. 13 UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Além disso, independentemente do que se ilumina ou do objetivo (desde uma foto, um evento, uma produção dramática etc.), existem diversas alternativas para uma proposta. O que temos à nossa disposição são princípios, bases, conceitos que, depois de conhe- cidos, podemos manipular e adaptar para grande quantidade de variações, usando-os de forma criativa e inovadora para alcançar o efeito desejado. Importante! Não comece um projeto de iluminação pelas limitações; defina primeiro o que você de- seja; depois, adapte-se às condições existentes e, principalmente, à verba disponível! Qualquer que seja o projeto de iluminação que se desenvolva, devemos trabalhar com dois tipos fundamentais de luz: direcional e difusa. Luz direcional ou dura A luz direcional ou dura é aquela gerada por luzes diretas que iluminam áreas pequenas; possuem facho de luz bem marcado e produzem sombras densas e bem definidas. O melhor exemplo de luz direcional é o sol de um dia claro e sem nuvens, observe como ele funciona como um imenso spotlight que produz sombras densas e bem definidas (TRIGO, 2003). Spotlight é o nome em inglês para um grande holofote. Luz difusa ou suave A luz difusa ou suave é aquela que ilumina grandes áreas através de um facho am- plo, porém, pouco definido; ela é produzida por meio de luzes difusas, ou floodlights, que produzem sombras suaves e transparentes. O melhor exemplo da luz difusa são os raios do sol em um dia nublado, as nuvens modificam os fortes raios solares em luz difusa produzindo claridade por vasta área (TRIGO, 2003). Floodlights é o nome em inglês para a luz que inunda um ambiente. Qualidade da luz diz respeito ao grau de concentração que ela apresenta, pode ser direcional e dura (Figura 5) com alta concentração e provocando sombras bem definidas ou pode ser difusa e suave (Figura 6) produzindo sombras indefinidas ou sem sombra. 14 15 Figura 5 – Luz direcional Fonte: Getty Images Figura 6 – Luz difusa Fonte: Getty Images Com sua câmera já sabendo fazer o balanço de branco, pegue um objeto, uma fruta ou um vaso. Para iluminar pode ser um abajur (sem a cúpula), uma lanterna ou coloque seu objeto direto na luz do sol do meio dia. Faça uma foto. Veja como a luz é dura. Agora, se tiver usado um abajur, coloque a cúpula, se tiver usado uma lanterna ou a luz do sol use uma folha branca do tipo papel manteiga ou algum papel meio transparente e coloque entre a luz e o objeto. Fotografe. Agora observe a mudança entre as imagens com uma luz suave e uma luz dura. Essa situação você pode treinar fotografando logo cedinho e no final de tarde onde encon- trará uma luz suave, enquanto ao meio dia, em um dia ensolarado, você terá a luz dura. Conseguiu? Parabéns. Outro tema muito importante no momento que fotografamos diz respeito à direção que a luz percorre até incidir sobre o objeto (ou pessoas). Direção da luz estabelece o ângulo de incidência da luz sobre o objeto (ou pessoas); esse ângulo define como a forma e a textura do objeto serão fotografadas; luz frontal (Figura 7) reduz a quantidade de sombras e suaviza a textura, o objeto se apresenta sem profundidade; luz lateral (Figura 8) acentua a textura e cria sombras no lado oposto de incidência; luz de fundo (Figura 9) projeta sombras à frente do objeto e lhe concede profundidade; luz de cima se assemelha à luz do sol e dá naturalidade; luz debaixo (Figura 10) se torna não natural, em fotografia se denomina “luz fantasmagórica”. Figura 7 Fonte: RAMOS; SOUDO 2010, p. 25 Figura 8 Fonte: RAMOS; SOUDO 2010, p. 18 Figura 9 Fonte: RAMOS; SOUDO 2010, p. 26 Figura 10 Fonte: RAMOS; SOUDO 2010, p. 19 15 UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Forma e Matéria O filósofo grego Aristóteles nos diz que tudo que existe na nossa realidade apresenta uma unidade de “forma”. Aristóteles também traz à nossa percepção que essa mesma unidade de forma é composta por matéria. A “forma” caracteriza as qualidades particulares das coisas, assim sendo, o que torna algo identificável, inteligível é a forma do que observamos. A forma espacial não é só o contorno de um objeto. Contudo o expectador pode apenas tentar adivinhar se ele é liso ou desenhado, ficando a incerteza até que consiga divisar com clareza sua forma, e esta depende da luz. A “matéria” é aquilo a partir do qual a coisa é feita. Assim, tudo que existe é compos- to por forma e matéria e isso chamamos de hilemorfismo. O hilemorfismo é uma visão sobre a unidade das coisas da natureza. Pautamos essas informações para este estudo, pois é de suma importância que te- nhamosconsciência do “todo” que nos cerca, pois esse mesmo “todo” é o que temos como fonte de nossa inspiração e criação imagética. Essa forma e matéria podem ser reveladas tanto com uma luz direta, difusa ou re- fletida. Dependendo de onde posicionarmos a luz, teremos o contra luz/silhueta, que irá revelar apenas a espacialidade do objeto observado sem nesse objeto ser possível o revelar da sua textura e cor. Se usarmos uma luz dura, direcional, teremos sombras du- ras, marcadas, recortadas, tipo de luz predominante do movimento concreto brasileiro. Se usarmos uma luz difusa, teremos uma passagem de tons mais suaves, carregando uma poética imagética com menos definição, onírico, o que pode ser mais interessante para certos gêneros fotográficos. Voce Sabia? O movimento concreto brasileiro se inicia no Rio de Janeiro por volta de 1920. Migra para São Paulo onde tem seu expoente maior o Foto Cine Clube Bandeirante. Nomes como Geraldo de Barros, Marcel Giró, German Lorka e Thomaz Farkas fazem parte desse movimento fotográfico. Por fim, cabe conhecer bem o seu projeto, objeto de estudo, seu estudo de caso, para assim elaborar com cautela qual tipo de luz irá desejar para revelar forma e matéria da sua pesquisa iconográfica. Tom Sempre que nós fotógrafos pensamos uma imagem, de certa maneira, pensamos nos tons que compõem esse momento como também a paleta de cores e suas matizes. 16 17 Pensar os tons é pensar o movimento que transita entre altas-luzes (áreas claras) e a sombra (áreas escuras). Nessa transição, encontramos a gama de cinzas que vai do preto ao branco e que irá revelar a forma e a matéria do que estiver sendo fotografado. Assim, podemos pensar uma imagem em alto contraste quando a imagem não possui tons de cinza como exemplo uma foto de contraluz. Quando numa imagem encontramos tons de cinza, onde a predominância se dá bruscamente do branco para o preto, teremos uma luz dura (bem contrastada). Quando a imagem apresenta uma forte tendência aos tons cinzas, teremos uma imagem suave de baixo contraste. A fotografia, na prática, o objetivo não é pegar uma superfície iluminada homogeneamente e fotografar em várias exposições, a fotografia é feita dentro de uma escala de luminosidade diferentes dentro de uma cena só. Ansel Adams. Disponível em: https://bit.ly/3xJ1vGx Uma fotografia em preto e branco é definida por vários tons de cinza. Pensando nisso, Fred Archer e Ansel Adams, em m 1940, apresentaram a técnica de sistema de zonas. São 11 zonas que dividem essa escala desde o preto absoluto até o branco puro. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 11 Fonte: Reprodução • 0: Preto absoluto; • 1: Preto profundo, um pouco mais claro que o máximo; • 2: Preto que apresenta detalhes, mas ainda sem texturas; • 3: Primeiros pretos com textura; • 4: Cinza escuro; • 5: Cinza médio 18%, tonalidade que é calibrada os fotômetro considerada exposi- ção ideal; • 6: Cinza claro; • 7: Últimos cinzas claros com texturas; • 8: Cinza muito claro, já sem textura; • 9: Branco sem textura antes do puro; • 10: Branco puro. Trocando Ideias... Vamos observar esta próxima imagem de Ansel Adams, Church, Taos Pueblo (1942), e localizar o sistema de zonas ou escala de cinzas. Vamos juntos. 17 UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Figura 12 Fonte: Wikimedia Commons No quadro abaixo, podemos compreender a relação da escala de cinza quando pen- samos os valores de luz e as correspondentes densidades que foi pensada para o analó- gico, o filme negativo, em relação à fotografia colorida. Figura 13 Cinza 18% Quando fazemos a fotometria automática de uma cena, nossa câmera vai deixar nosso objeto o mais próximo do cinza 18%, a “zona V”. Isso nem sempre é interessante, já que ela vai querer clarear o que e preto e escurecer o que é branco na tentativa de deixar tudo próximo ao cinza considerado ideal. Por isso, se queremos ter maior predo- minância do preto na imagem, devemos subespor em 1 a 2 pontos no EV (Stops). Se queremos ter maior predominância ao branco, devemos superexpor em 1 ou 2 pontos no EV (Stops). Assim, o que é preto fica preto e o que é branco fica branco. 18 19 Voce Sabia? Ansel Adams foi um fotógrafo dos Estados Unidos da América. Seu objeto de pesquisa foi fotografia de paisagem. Adams era músico, tinha um grande talento musical, aprendeu sozinho a tocar piano com 12 anos de idade. Assim finalizamos nossa primeira unidade compreendendo que tudo está relacionado à luz e sua qualidade, direção, fonte e função que irão revelar a fora e a matéria dentro de um espectro de tons. Agora, chegou a sua vez. Observar e pensar as diferentes camadas de tons ao seu redor. Boa prática! 19 UNIDADE Técnicas de Iluminação Fotográfica Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Como tirar FOTOS PERFEITAS – Dicas de Fotografia para Iniciantes e Influencers | Profissionais https://youtu.be/Kx9eqHnEvd8 Fotometria e um tal de cinza médio https://youtu.be/n-OAEFpormI Dicas práticas de iluminação. Foco Filmes https://youtu.be/fx5y2ptJAxo Como Fazer Iluminação 3 Pontos Para Vídeos https://youtu.be/uPz_yk-SS_M Cinza 18% | Exposição Perfeita para fotos e vídeos https://youtu.be/8fe-aDh9a9I 20 21 Referências ARENA, S. Iluminação: da luz natural ao flash. Balneário Camboriú – SC: Photos, 2013. GREY, C. Iluminação em estúdio: técnicas e truques para fotógrafos digitais. 2. ed. Balneário Camboriú-SC: Photos, 2012. HURTER, B. A luz perfeita: guia de iluminação para fotógrafos. 4. ed. Balneário Camboriú – SC: Photos, 2013. MCNALLY, J. Modelando a luz: uma viagem ilustrada pelas possibilidades do flash. Rio de Janeiro: Alta Books, 2013. PRÄKEL, D. Composição. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. ________. Fundamentos da fotografia criativa. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. ________. Iluminação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. RAMALHO, J. A. Escola de fotografia: o guia básico da técnica à estética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. RAMOS, M. S.; SOUDO, J. Manual de iluminação fotográfica. Lisboa: Cenjor, [2010?]. TRIGO, T. Equipamento fotográfico: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Senac, 2003. 21 • Introdução; • Técnicas de Iluminação; • Técnicas de Iluminação para Fotos Editoriais; • Técnicas de Iluminação para Fotos Publicitárias; • Técnicas de Iluminação para Fotografia de Moda. • Apresentar e descrever os conceitos gerais relacionados com as técnicas de iluminação; • Apresentar, descrever e exemplificar as diferentes técnicas de iluminação aplicadas à fotografia; • Apresentar, descrever e exemplifi car as características técnicas de iluminação específi cas para fotos de editorial, moda e publicitária. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Técnicas de Iluminação UNIDADE Técnicas de Iluminação Contextualização “Sem luz, não há fotografia.” (PRÄKEL, 2010, p. 111) Fotografar nada mais é do que “desenhar com luz”. O que desenhamos com essa luz? Ex pl or Desenhamos a vida ao nosso redor, as coisas que vemos, os objetos, ou seja, representamos de forma bidimensional coisas, objetos, pessoas que espelham e caracterizam nossa cultura através das cores, roupas, da decoração, dos objetos ou qualquer outro pequeno detalhe que envolva o ato de fotografar. A fotografia não constitui algo perdido no tempo e no espaço, pois seu objetivo primordial é transmitir uma mensagem a respeito de algo para alguém ou para um grupo. E aqui vale um aviso importante: Importante! A mensagem de uma fotografia é captada considerando a globalidade dos elementos nela presentes. Importante! Portanto, pense muito bem no que vai enfocar, o que vai iluminar, como será essa iluminação, o que destacará ou enfatizará, o que ocultará... Muitas vezes, mí- nimas alterações mudam totalmente a mensagem transmitida por uma fotografia. Pequenos detalhes podem provocar uma grande diferença no resultado final, aprenda (e pratique muito!) a olhar o mundo sob um ângulo diferente, saia do lugar comum, experimente...Tenha a ousadia de fazer diferente! Tudo isso pode ser conseguido variando “apenas” a iluminação. Importante! O “apenas” está colocado entre aspas porque a iluminação é o item mais importante de uma fotografia, pois sem luz, sem iluminação (por pouca que seja) não haverá imagem, portanto, não haverá fotografia. Trocando ideias... É a respeito disso tudo que este módulo trata. Vamos, portanto, às técnicas. 8 9 Introdução Somos capazes de identificar grande quantidade de objetos apenas com seu con- torno. A silhueta de uma xícara ou de um bule facilmente é identificada porque já conhecemos o que é uma xícara ou um bule. Porém, nada saberemos de sua textu- ra ou do material do qual são feitos se observarmos apenas seu contorno. Todas as outras informações irão depender da iluminação, da luz que incidir sobre os objetos contemplados. É a luz que nos dará esses detalhes. Com a luz, criamos sombras e brilhos que revelarão as características dos objetos (ou pessoas), sua forma, textura, cor, tom e demais aspectos. Portanto, a luz (sua qualidade e direção) afeta e determina o resultado final da fotografia. A qualidade da luz depende de sua fonte emissora. Já dissemos, em outras oca- siões, que ela pode ser suave, oferecendo sombras tênues e pouco marcadas; ela pode ser dura, produzindo sombras densas e bem definidas. A direção diz respeito ao percurso que o facho de luz percorrerá, desde qual ân- gulo ele incidirá sobre o objeto e onde exatamente aparecerão as sombras. Observe que com esse jogo entre qualidade e direção da luz podemos chamar a atenção do observador para um ângulo e ocultar outro menos importante, ou que não interes- sa para a mensagem que queremos transmitir. Dependendo da posição da luz da fonte luminosa, o assunto fotografado apre- sentará iluminada ou sombreada esta ou aquela face. A seleção cuidadosa da dire- ção da luz nos permite destacar objetos importantes, e esconder entre as sombras aqueles que não nos interessam. Importante! Você já sabe que, dependendo da posição do foco luminoso, a luz pode ser classificada em: luz-chave, luz de preenchimento, luz lateral, contraluz, luz de fundo e luz de retro- cesso, todas já vistas por nós. Importante! Naturalmente, a luz que usamos para fotografar é produzida especialmente para uso em fotografia – é a luz fotográfica – e seu “habitat” natural é o estúdio fotográfico. A luz fotográfica é dividida em duas grandes categorias: contínua e flash. Importante! É denominada luz contínua qualquer fonte de luz que brilhe sem interrupção, o termo é usado normalmente para a luz de tungstênio. Importante! 9 UNIDADE Técnicas de Iluminação A luz contínua é a preferida pelos fotógrafos iniciantes, porque o que você vê a sua frente no estúdio é exatamente o que será fotografado. O grande inconveniente da luz contínua são sua baixa potência e o calor que produz (Fig. 1). Figura 1 – Lâmpada de tungstênio Fonte: Getty Images O flash de estúdio é mais potente e mais frio do que a iluminação por tungstê- nio, mas o flash tem uma grande desvantagem: o que o fotógrafo vê no estúdio não é exatamente o que a câmera fotográfica “vê” no momento da exposição. Natural- mente, é necessário muito treino para prever o resultado final. O flash é a fonte de luz mais potente e compacta possível. Mesmo os peque- nos, de câmeras compactas (Fig. 2), garantem a iluminação de um grupo rela- tivamente grande de pessoas (PRÄKEL, 2010, p. 86). O flash pode ser usado também fora do estúdio, em uma locação. Apesar disso: cuidado! É difícil prever como a foto sairá antes de verificar no monitor da câmera. Além disso, lembre-se 10 11 de que as fotografias produzidas com flash apresentam visual característico. Os objetos em primeiro plano ficam muito claros, enquanto o fundo fica muito escuro; nesses casos, uma alternativa é usar difusores, ou rebater o flash em su- perfícies próximas (PRÄKEL, 2010, p. 87). Figura 2 – Câmera fotográfi ca com fl ash Fonte: Getty Images Técnicas de Iluminação Já falamos a respeito do triângulo básico de iluminação, mas caso você não se recorde, aqui vai um pequeno lembrete: Figura 3 – Triângulo básico de iluminação Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Observe que esse triângulo pode ser repetido mudando a direção dos vértices para iluminar de forma adequada o que se deseja. É exatamente isso que farei a seguir. 11 UNIDADE Técnicas de Iluminação Iluminação de Ação Contínua Ela acontece quando as pessoas se movimentam dentro de um cenário, ou quando temos duas pessoas lado a lado ou sentadas que devem ser fotografadas. Observe que se você colocar apenas um triângulo, a iluminação e as sombras se projetarão sobre a outra pessoa focalizada. Para eliminar esse efeito, é necessário trabalhar com (no mínimo) dois triângulos (Fig. 4). Chave 1 Chave 2 Traseira 1 Traseira 2 Preenchimento 1 Preenchimento 2 Figura 4 – Uso de múltiplos triângulos Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons Como se iluminam diversas áreas do cenário, pode ser que não se disponha de equipamento suficiente para duplicá-lo ou triplicá-lo; uma alternativa é fazer com que cada uma das luzes desempenhe dois papéis: uma luz de fundo pode exercer o papel de luz de preenchimento ou contraluz para a outra pessoa focalizada. De todas as formas, para se definir a iluminação correta, sempre leve em consi- deração o objetivo específico da fotografia, a posição da câmera fotográfica e seus pontos de vista antes de distribuir a iluminação. Iluminação de Grandes Áreas Grandes áreas dizem respeito a fotografar uma orquestra ou uma palestra. Novamente, será necessário sobrepor triângulos de iluminação até que se cubra totalmente a área a ser fotografada. Nestes casos, a luz-chave deve ser usada dire- cionando-a em ambos os lados da câmera com o facho aberto, assim, a luz-chave de um lado atuará como luz de preenchimento do outro. Iluminação com Fundo Escuro 12 13 Algumas fotografias podem possuir um apelo dramático, denso, mas simultane- amente nítido e perfeito. Normalmente, emprega-se um estúdio vazio, e os objetos ou pessoas são colocadas sobre um fundo sem iluminação. Assim, os elementos serão fortemente iluminados contra um fundo totalmente escuro. Deve-se aplicar luzes direcionais ou diretas com bandeiras. Quando em estúdio pequeno, a área do fundo deve ser protegida com tela preta para absorver a luz e evitar brilhos que prejudiquem a imagem final desejada. Iluminação de Silhueta O efeito silhueta se obtém procedendo de forma inversa ao fundo escuro. Aqui, o que se ilumina é o fundo, e os objetos (ou pessoas) permanecem sem luz. Logicamente, a única coisa que aparece é o contorno dos objetos (ou pessoas). O efeito visual assim obtido é ideal para transmitir a mensagem de anonimato da pessoa fotografada. A iluminação de silhueta é obtida aplicando-se luz altamente difusa e suave, para se conseguir iluminar apenas o fundo. Iluminação de Área Chroma-key A área Chroma-key de um cenário é um fundo azul (ou verde) que se utiliza para projetar imagens geradas eletronicamente que substituem esse fundo duran- te a produção. Quando se utiliza a Chroma-key, o mais importante é obter iluminação per- feitamente uniforme do fundo do cenário. Isso se consegue utilizando iluminação altamente difusa com luzes suaves. Mas observe que qualquer luz que incida sobre a iluminação de fundo estragará a Chroma-key. Controle das Sombras Todas as vezes que você forçar o ângulo da luz-chave serão provocadas grandes áreas de sombras sobre fendas ou protuberâncias do rosto da pessoa, tais como os olhos, o nariz, a barba. Isso ocorre mesmo se o modelo usa óculos, a sombra do aro superior da armação projetará sombras diretamente sobre os olhos, impedindo- -os de serem vistos. Uma forma de reduzir esse efeito é reposicionando a luz-chave da pessoa. Se você a movimentar posicionando-a próximo à altura dos olhos da pessoa, observe que as sombras se moverão para cima, parecendo que elas ficam menores. Outra forma émanipular a luz de preenchimento, fazendo com que ela incida sobre a pessoa diretamente de frente e de um ângulo ligeiramente baixo. Isso tam- bém projetará as sombras para cima e fora dos olhos do modelo. 13 UNIDADE Técnicas de Iluminação Técnicas de Iluminação para Fotos Editoriais A foto editorial se situa conceitualmente entre a jornalística e a publicitária. O editorial é um artigo de abertura de uma revista, jornal ou site. O grande diferen- cial do editorial é que ele representa a opinião do veículo no qual será publicado, portanto, não há qualquer compromisso com a imparcialidade. As fotos produzidas para os editoriais normalmente são encomendadas e de- senvolvidas por uma equipe de produção. O objetivo fundamental da fotografia editorial não é apenas ilustrar uma matéria, mas mostrar, enaltecer, valorizar um produto, uma pessoa ou uma ideia. Ela se fundamenta em um briefing com uma ideia básica, o que oferece ao fotó- grafo a oportunidade de criar, inovar, inventar, liberar sua visão e sua forma pessoal e particular de ver um determinado assunto sem muitas limitações. Atualmente, o termo ‘editorial’ tem conotação muito mais ampla do que meios impressos, pois inclui alguns aspectos de teletransmissões, em que as fotografias a sequências são utilizadas para apoiar produções televisões e de vídeo. Também na Internet há demanda crescente por fotografia edi- torial. Embora esse mercado não regulado tenha muitas vezes mostrado descaso com as questões de propriedade de imagem e copyright, está amadurecendo rapidamente nesse aspecto com as encomendas formais de imagens para sites. (PRÄKEL, 2015, p. 76) Präkel (2015, p. 76) nos adverte, como já citado em linhas anteriores, que tra- balhar com fotografia editorial pode significar trabalhar em um setor da indústria criativa fortemente baseada no trabalho em equipe. Apesar de frequentemente as equipes serem constituídas de forma temporária e reunidas apenas para uma edi- ção da revista, as atividades, papéis e responsabilidade são claramente estabeleci- dos. Há também um incremento no uso de material procedente do que atualmente é denominado “cidadão-repórter”, ou seja, colaborações do público em geral. De qualquer forma, na fotografia editorial valem as mesmas regras descritas até agora. Principalmente: respeito ao tema e à mensagem que se pretende transmitir. Por que isso é importante? Ex pl or É importante que a foto editorial se destine a conquistar, cativar e prender o público leitor, pois, em última análise, é esse público leitor que compra a revista e atrai os anunciantes que geram renda para a revista e colocam seus anúncios junto ao conteúdo editorial. Apenas para ilustrar, observe a criatividade na capa da revista na Figura 5. 14 15 Figura 5 – Exemplo de fotografi a editorial Fonte: Getty Images Técnicas de Iluminação para Fotos Publicitárias Algumas vezes pode ser bastante difícil identificar de bate pronto se uma fo- tografia na revista é editorial ou comercial. Tudo se resume a saber quem foi que pagou pela fotografia. Se quem pagou pela imagem foi o fabricante do produto, ela é comercial; se a revista encomendou, então é editorial. Portanto, a fotografia publicitária é aquela especialmente produzida para divul- gar, promover, difundir e “vender” um produto qualquer, independentemente do tipo de mídia utilizada. A grande diferença da foto publicitária é que nela podemos manipular a imagem para obtermos o resultado desejado pelo diretor de arte da agência que detém a conta do cliente para o qual estamos produzindo a fotografia. Em publicidade, quase que se pode afirmar que “vale tudo”, pois o importante é vender, promover, conquistar e cativar o consumidor. Não há generalizações possíveis na foto publicitária, pois fotografar um automó- vel é diferente de fotografar um bolo, um par de sapatos ou um colar. Além disso, como em primeiro lugar se considera o objetivo da publicidade, mesmo quando se trata de um único produto, se o apelo desejado mudar, também mudará o foco, a luz, o ângulo de enfoque, a composição, o plano de fundo, porque todos esses elementos podem ser usados de inúmeras maneiras e alternativas para destacar o produto ou um aspecto em especial dele. 15 UNIDADE Técnicas de Iluminação A fotografia do produto com (ou sem) embalagem “é a arte de fazer com que um produto apareça da melhor maneira possível – mostrando as qualidades que o tornam desejável com o apoio de adereços e cenários (para o contexto), bem como a iluminação (para realçar qualidades físicas, como a cor ou a textura” (PRÄKEL, 2015, p. 69). Observe que as informações técnicas do produto raramente aparecem nessas imagens, pois elas são feitas para chamar nossa atenção, nos fazer desejar o pro- duto e nos impulsionar a comprá-lo. A criatividade ficará por conta da escolha do tipo de iluminação, dos acessórios, do cenário e do estilismo. Exemplo de foto publicitária: http://bit.ly/2YfzHIX Ex pl or Técnicas de Iluminação para Fotografia de Moda Präkel (2015, p. 101) afirma que “a fotografia de moda pertence simultanea- mente às categorias de fotografia comercial e editorial, pois é encomendada e paga tanto por marcas com objetivos publicitários quanto por revistas”. Possivelmente, em nenhum outro tipo de fotografia a iluminação é tão impor- tante quanto na fotografia de moda, por diversos motivos. Se você não encontrar e utilizar o tipo correto e exato de iluminação, intensidade e brilho, sua fotografia será um fracasso total. Isso ocorre por diversos motivos, alguns (os mais importan- tes) comentarei a seguir. Digo alguns porque a prática e a situação da fotografia de moda envolvem quantidade infinita de variáveis que eu seria incapaz de imaginar ou prever, portanto: esteja preparado para se deparar com surpresas. Na fotografia de moda, você está manipulando e lidando não apenas com a rou- pa, mas também com uma pessoa – o modelo (seja ele homem ou mulher). Você precisa encontrar a iluminação correta que valorize a roupa e que deixe o mode- lo lindo, cativante, impactante, natural, perfeito! E, convenhamos, conseguir tudo isso, ao mesmo tempo, é bem difícil! Se você usar muita iluminação, pode “lavar” seu modelo. Pouca iluminação produzirá sombras e confundirá o tema da fotografia. Portanto, você deve encon- trar a iluminação adequada para a fotografia dentro do espaço que você dispõe para a montagem da cena a ser fotografada. Se perceber que a iluminação está muito brilhante, pense em usar um softbox (Fig. 6) fotográfico para difundir a luz e suavizá-la. 16 17 Figura 6 – Exemplo de softbox Fonte: Getty Images Se você tiver pouca luz, ou se estiver trabalhando ao ar livre e de frente para o sol, será preciso contar com uma fonte de luz extra para efetuar o balanceamento na iluminação. Nesses casos, se estiver trabalhando com o flash da câmera, não dispare em linha reta ao seu objetivo, mas em direção ao refletor, assim, esse arti- fício suavizará a iluminação forte. Experimente trabalhar com ângulos no momento que fotografar moda, pois eles podem oferecer efeitos surpreendentes e você acabará encontrando o que funciona muito bem, ou o que não funciona tão bem. Verifique, em cada caso, para onde as sombras se projetam, use as sombras de forma criativa e produtiva para gerar resultados criativos e surpreendentes, considere sempre que você não está “apenas” fotografando roupa, mas sim plasmando numa imagem um estilo! Isso é muito importante! Para definir o que funciona (ou não), tenha em mente a cultura, os hábitos, a sociedade e, mais especialmente, o grupo social para o qual a fotografia que você está fazendo se destina. O que esse grupo social gosta? O que não gosta? O que “curte”? O que é “in”? O que é “out”? Lembre-se de que, fotografando moda, você não estará “vendendo” apenas um produto – no caso, a roupa – mas, também, uma imagem de como uma pessoa se verá e se sentirá usando aquela roupa. É por esse motivo que você deve se preo- cupar em especialcom a luz principal, que ela ilumine o modelo da melhor forma possível, que valorize as formas, as texturas, a padronagem (se for o caso), que as sombras estejam exatamente onde devem estar. Somente depois de conseguir esse efeito é que podemos acrescentar outras fontes de iluminação. 17 UNIDADE Técnicas de Iluminação Não “bata” a foto de primeira, ensaie! Os modelos se movem, eles podem não ficar parados e eventualmente sair da área demarcada para seu campo de foco e iluminação; experimente fechar a abertura um ponto para aumentar a profundida- de e proporcionar mais espaço ao modelo para movimentos. Apesar de todos esses comentários, volto a repetir: trabalhe com o conceito base que a roupa deve transmitir. Uma roupa “descolada”, esportiva, jovial, despreten- siosa exige um ambiente feliz, alegre, descontraído, bem iluminado (mas não ofus- cante). Uma roupa séria, pesada, “dark”, “grunge” deve apresentar mais contraste, menos brilhos, mas não pode ser escuro a ponto de transmitir isolamento, tristeza ou depressão. Uma observação importante para você usar quando estiver fotografando uma pessoa: a aplicação do “catchlight”. Catchlight: é uma palavra inglesa que significa “capturar” (catch), e luz, (light). Esse termo é usado para identificar a luz refletida nos olhos do modelo (Fig. 7); esse efeito tem o poder de chamar a atenção do observador. Ex pl or Figura 7 – Exemplo do efeito da aplicação do catchlight Fonte: Getty Images Mas cuidado! Quando usar o catchligh, pense que você poderá estar aumen- tando a iluminação cênica, o que poderia produzir mais brilho, mais contraste e provocar o efeito contrário, ou seja, um catchlight menos evidente. Uma alternativa fácil e barata é você colocar uma pequena luz de LED na cabeça de sua câmera, ela provocará o brilho adequado nos olhos do modelo. E por falar em soluções fáceis e baratas – afinal nenhum de nós tem dinheiro sobrando – uma alternativa muito barata e fácil para você fazer em sua casa e conseguir uma iluminação perfeita: vá para uma sala que tenha janela que receba 18 19 a iluminação natural, retire os móveis e crie um espaço aberto, do lado oposto da janela estenda um lençol branco e prenda-o firmemente para que não fiquem do- bras ou sombras: pronto! Em um dia ensolarado e brilhante, você terá a luz perfeita para sua fotografia de moda! Para finalizar nosso encontro, deixo aqui dois exemplos do que a iluminação pode fazer com uma fotografia de moda (Fig. 8 e Fig. 9). Figura 8 – Fotografi a de moda com fundo escuro Fonte: Getty Images Figura 9 – Fotografi a de moda com fundo claro Fonte: Getty Images Mais um aviso ou um lembrete: quando fotografar moda, lembre-se de que você está trabalhando com pessoas; portanto, antes de começar a sessão de fotos, con- verse com o modelo (seja mulher ou homem), estabeleça afinidade, companheiris- mo, empatia; fale a respeito de poses, movimentos, compartilhe com o modelo a mensagem básica que a fotografia dessa roupa específica deve transmitir; conta- mine seu modelo com aquela produção que você imaginou e, eventualmente, está na sua cabeça; ele ou ela (modelo) deve saber o que você quer e o porquê daquela forma. O modelo (mulher ou homem) deve ser seu cúmplice! Afinal, o nome do modelo aparece junto ao seu nos créditos das fotos! Apesar de todos os detalhes e comentários feitos até agora, não pense que con- templei tudo, porque isso não seria verdade... Há muito mais, e você vai descobrir na hora que começar a fotografar moda. Präkel (2015) nos adverte que normalmente os fotógrafos que trabalham bem no retrato de estúdio também costumam fazê-lo com modelos de moda, porque é 19 UNIDADE Técnicas de Iluminação necessária sensibilidade semelhante para estabelecer a relação de trabalho agra- dável e satisfatória entre modelo e fotógrafo. Além disso, lembre-se: você também vai trabalhar com os estilistas de roupa, cabelo, maquiagem, e eles também fazem parte da equipe de produção e estarão ao seu lado no estúdio. Ah! E também de- vem ser pagos! Portanto, considere esses gastos quando orçar o preço da fotografia de moda. Complexo? É sim! O universo da moda é complexo mesmo! Porque envolve inúmeras e incontáveis variáveis, algumas são controláveis, outras, no entanto, não o são! Mas relaxe! Não é o mais difícil, pois difícil mesmo é fotografar crianças ou animais. Não desista! Treino é a palavra chave para fotografia! Vamos lá! Comece agora mesmo!!! Boas fotos! 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Direção de modelos, poses e set ups de luz para fotografia de moda Photos TV – Direção de modelos poses e set ups de luz para fotografia de moda. 6’13’’. https://youtu.be/98c_ZcxFnX4 Como fotografar produtos para Loja Virtual D Loja Virtual – Como fotografar produtos para Loja Virtual. 5’. https://youtu.be/OdI2Vx4rV7o Making of: Sessão de Fotos – Rolls Royce Corniche Estúdio Debiasi Fotografia - Making of: Sessão de Fotos – Rolls Royce Corniche. 3’. https://youtu.be/sPVB4zxLr50 Guia de poses para ensaio fotográfico Fotografia DG – Guia de poses para ensaio fotográfico. 20’20’’. https://youtu.be/RWynsTy60Zo Softbox ou janela Fotografia DG – Softbox ou janela. 14’58’’. https://youtu.be/x9Qr8eSUtQQ Como usar o rebatedor dourado Fotografia DG – Como usar o rebatedor dourado. 11’53’’. https://youtu.be/a9CfAMHG_ZA 21 UNIDADE Técnicas de Iluminação Referências ARENA, S. Iluminação: da luz natural ao flash. Balneário Camboriú: Photos, 2013. GREY, C. Iluminação em estúdio: técnicas e truques para fotógrafos digitais. 2. ed. Balneário Camboriú, SC: Photos, 2012. HURTER, B. A luz perfeita: guia de iluminação para fotógrafos. 4. ed. Balneário Camboriú: Photos, 2013. MCNALLY, J. Modelando a luz: uma viagem ilustrada pelas possibilidades do flash. Rio de Janeiro: Alta Books, 2013. PRÄKEL, D. Composição. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. ________. Fundamentos da fotografia criativa. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. ________. Iluminação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. RAMALHO, J. A. Escola de fotografia: o guia básico da técnica à estética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. TRIGO, T. Equipamento fotográfico: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Senac, 2003. 22 • Introdução; • Controlando a Luz; • Preparando a Viagem; • Encerrando. • Descrever, apresentar e comentar os equipamentos utilizados para iluminação, especial- mente aqueles empregados em tomadas exteriores; • Apresentar, descrever e exemplifi car as características técnicas de iluminação específi cas para fotos de natureza, exteriores, paisagens e arquitetura. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Introdução Se você parou para observar os quatro temas propostos para este módulo, deve ter observado que todos eles apresentam um aspecto em comum: todos ocorrem e se desenvolvem fora do estúdio. Trata-se de fotografia externa, de exteriores. É exatamente por esse motivo que os quatro temas (fotos de natureza, exteriores, paisagens e arquitetura) foram reunidos neste módulo. A fotografia de exteriores é uma das especialidades da fotografia mais explorada pela grande maioria dos fotógrafos, sejam profissionais ou amadores. Afinal, que levante a mão quem nunca fotografou uma paisagem durante uma viagem ou um simples passeio de domingo ao Parque do Ibirapuera. Tenho certeza de que ninguém vai levantar a mão! Todos nós, sempre, quando viajamos, vamos “clicando” o tempo todo (eu pelo menos faço isso!!!), seja para eternizar um aperto de mãos na Praça Vermelha em Moscou, seja para registrar um magnífico pôr do sol no rio Amazonas! Mas, é lógico (e você percebe nitidamente pelos pequenos exemplos colocados no parágrafo anterior) que a grande protagonista de uma foto de exteriores é a ilu- minação. Ela influencia e determina o resultado final que teremos. É porisso que precisamos saber e aprender a usá-la, manipulá-la, alterá-la e aproveitá-la de forma produtiva, de acordo com nosso objetivo. No desenvolvimento de projetos fotográficos de exteriores, diversos fatores de- vem ser considerados, tais como: o clima, o horário, a luminosidade, o tema e o equipamento disponível para obter os efeitos desejados na composição. Para dar conta dessas variáveis, este módulo está dividido em duas grandes par- tes: na primeira, “Controlando a luz”, descrevo alguns dos principais equipamentos utilizados em fotografias de exteriores de forma geral; essa primeira parte será a base para os quatro temas seguintes, que tratam das fotos de natureza, exteriores, paisagens e arquitetura, que denominei como “Preparando a viagem”. Apesar de começar descrevendo alguns acessórios utilizados em fotografias de exteriores, não desejo que você pense que eles são imprescindíveis. Ao contrário! Como podemos contar com a iluminação natural (que é perfeita), a maior parte das vezes podemos abrir mão deles. Portanto, não se deixe escravizar pelos avanços tecnológicos nem se preocupe em comprar “o último lançamento”. O que quero lhe mostrar é que existem inúmeros fatores que podem nos ajudar a melhorar uma fo- tografia de exteriores e que, na maior parte das vezes, esquecemos, principalmente quando contemplamos uma paisagem fantástica. O que acaba acontecendo na maior parte das vezes nessas circunstâncias é que pensamos que aquela beleza toda será registrada em nossa fotografia, bastando, para isso, um “click” e pronto! Pois é! A coisa não é bem assim... 8 9 Algumas regras e alguns (poucos) equipamentos podem nos ajudar a conseguir eternizar aquela imagem fantástica que temos à nossa frente. Vamos às regras (melhor seria dizer “dicas”) e aos equipamentos (poucos)! Controlando a Luz Quando fotografamos exteriores, há momentos, durante o dia inteiro, que po- demos deixar de lado o flash (interno ou externo) ou lâmpadas, porém em outros momentos eles serão necessários. Na maior parte das vezes é mais adequado utilizar difusores ou modificadores de luz para completar o enquadramento e a composição. A seguir, você tem alguns comentários a respeito dos mais importantes equipamentos que podem ser usados nas fotografias externas, que possuem como objetivo principal atuarem como mo- dificadores ou difusores da luz. Nos itens que seguem, faço referência a alguns preços dos equipamentos no mercado. Esses valores se referem a janeiro de 2019. Sombrinha A sombrinha é utilizada para refletir a luz, oferecendo um facho luminoso mais suave, que dará a sensação de luz mais natural e se difundirá pela fotografia inteira. É usada principalmente para evitar que a luz do flash incida diretamente sobre o objeto ou modelo, possibilitando a criação de efeitos surpreendentes. É um dos equipamentos mais baratos para fotografia (a sombrinha suavizadora branca custa em torno de R$ 35,00), além disso é utilizada em quase todos os mo- mentos fotográficos (Fig. 1). Figura 1 – Sombrinha branca Fonte: Getty Images 9 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Softbox O softbox é adequado quando se pretende obter a iluminação completamente natural; esse equipamento permite suavizar bastante a luz que o atravessa e pode também ser usado para direcionar a iluminação. É encontrado em diversos tama- nhos, formatos, com ou sem pé, com lâmpadas fluorescentes (não aquecem, du- ram muito, consomem pouco). Normalmente, sua estrutura interna é confec- cionada com tecido metalizado, que permite re- fletir e aproveitar melhor o uso da intensidade da luz; alguns modelos possuem difusores de nylon, que maximiza a suavidade da luz refletida, geran- do iluminação mais difusa quando temos luz mui- to dura, criando efeitos bem naturais (Fig. 2). Seu preço, dimensões e material variam mui- to no mercado e você o encontrará facilmente a partir de R$ 125,00 (sem pé). Agora, vamos colocar os dois equipamentos juntos para fotografar uma modelo; no lado es- querdo colocamos a sombrinha e do lado direito temos o softbox. Veja a Figura 3 com esse exemplo. Figura 3 – Sombrinha (esquerda) e softbox (direita) numa locação fotográfica externa Fonte: Getty Images Figura 2 – Exemplo de softbox Fonte: Wikimedia Commons 10 11 Rebatedor O painel rebatedor é muito usado, popular e conhecido. É, provavelmente, o equipamen- to mais usado em fotografia. Sua versatilidade e seu preço acessível ajudam na popularidade que conquistou. Ele pode intensificar, reduzir ou refletir a luz. Pode ser encontrado em diversos materiais, cores, formatos e por isso podemos variar a intensidade, a cor e a direção da luz. Na Figura 4, o rebatedor é branco, mas nada impe- de que você coloque uma película azul, amare- la, vermelha ou de qualquer outra cor. Difusor O difusor é um acessório bem versátil, que pode ser usado em qualquer tipo de fotografia e não apenas em exteriores. Seu objetivo é suavizar o facho luminoso do flash e tornar a luz menos dura. No mercado, estão à disposição inúmeros mode- los, tipos e tamanhos com preços muito acessíveis (em média R$ 25,00) e alguns dispõem de velcro para fixação na cabeça da máquina fotográfica, podendo ser retirados após seu uso. Normalmente, possuem dispositivo que se acopla ao flash da máquina fotográfica, acionando-se quando do disparo do flash. Na Figura 5, você pode observar o efeito gerado pelo uso do difusor. Figura 5 – Exemplo dos efeitos do difusor Fonte: Acervo do Conteudista Figura 4 – Exemplo de painel rebatedor Fonte: Getty Images 11 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Gelatina Não se espante com o nome, não se trata da gelatina de comer! Tratam-se de pequenos círculos (ou retângulos) coloridos usados para modificar a cor da fotogra- fia. Você os encontra, no mercado, em acetato, a preços muito acessíveis (pela co- leção que comprei paguei R$ 25,00). Mas, você pode lançar mão de papel celofane que obterá o mesmo efeito. Figura 6 – Minha coleção de gelatinas Fonte: Divulgação Figura 7 – Coleção de gelatinas com suportes Fonte: Getty Images Preparando a Viagem Muito bem! Já temos os equipamentos básicos para fotografar no exterior. An- tes, porém, de especificar cada um dos tipos de fotografias de exteriores, valem alguns comentários que devem ser considerados antes de você sair de casa para fotografar o exterior. Planejamento O planejamento deve acontecer antes de começar a viagem, antes de você sair de casa. O que você vai fazer? Qual é o objetivo? O que você pretende? A foto fará parte de algum material? Para que esse material se destina? A fotografia será paga? A distância até o local é longa? Usará modelo ou outras pessoas irão junto? Aces- sórios ou decoração, ou seja, ambientação? Nossa! Quantas perguntas! Pois é. Você deve ter todas as respostas, de pre- ferência por escrito e que todos os envolvidos no processo conheçam essas res- postas. Observe que se você vai fazer uma viagem, por curta que seja, de São Paulo (capital) até Santos para fotografar modelos em um píer, por exemplo, você é obrigado(a) a fazer seguro de vida para essas pessoas! Além do seguro para todo o equipamento usado. 12 13 Você pode me responder: “Ah! Não precisa! Eu ponho todos dentro do meu carro e vamos embora!”. Poder você pode me responder isso, mas isso não é ser profissional! Aqui esta- mos olhando para o profissional de fotografia de exteriores e devemos considerar todas as variáveis envolvidas nesse processo. Além desse aspecto “burocrático”, seu planejamento deve contemplar, principal- mente, a composição de sua fotografia: o que irá compor o fundo geral, o que fi- cará para o fundo médio ou qualquer outro posterior da figura central ou principal. Um exemplo esclarecerá o que estou lhe dizendo: você pretende fotografar uma casa de fazenda no campo. Então, você deve considerar todos os elementos possí- veis em sua composição, tais como: montanhasao fundo geral, árvores ou a casa no fundo médio e o céu como fundo posterior. Observe que todos esses detalhes fornecem profundidade ao tema fotografado, equilíbrio, harmonia (Fig. 8). Figura 8 – Exemplo de composição exterior Fonte: Getty Images Agora, vamos supor que você deseje fotografar um grupo de pessoas (seus ami- gos, por exemplo) num fim de semana no campo. Aqui também valem as mesmas observações. Mais uma: se você estiver entre eles, por favor, não se coloque no centro! Permita que eles apareçam em primeiro plano, mas que a paisagem funcio- ne como o marco da fotografia (Fig. 9). Figura 9 – Amigos em um fi m de semana no campo Fonte: Getty Images 13 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Tripé O tripé constitui um dos equipamentos mais básicos para fotografar exteriores. Ele oferece estabilidade, segurança, permite fazer fotos com exposição prolongada (mesmo quando sua câmera tenha o estabilizador automático). Outra razão importante para levar o tripé nas “excursões” fotográficas é que pode ocorrer que justo no dia (ou na hora) em que você decide bater as fotos a luminosidade é baixa, o dia está nublado, chove ou acontece qualquer outro evento atmosférico que prejudique a luz, então é muito aconselhável que você use o tripé para evitar que as imagens fiquem borradas e você possa obter uma fotografia de alta definição nos detalhes e de qualidade. Lembre-se de que quanto menos luz disponível no ambiente, mais aberto estará o diafragma, para permitir que a luz necessária seja captada no momento da expo- sição. Por exemplo, se o céu está azul com algumas nuvens que cobrem o sol, você terá a sombra ideal para fotos de retratos ao ar livre com luz difusa, ela facilita a obtenção de baixos contrastes entre luzes e sombras. É aconselhável que nesse caso você use filme de 200 ISO de sensibilidade (RAMALHO, 2012, p. 98). Mas, se você tem um céu nublado, normalmente as sombras não aparecem e a temperatura da luz tende a ser azulada; nesse caso, é aconselhável que você ajuste o balanceamento de brancos, assim terá uma fotografia de qualidade (Fig. 10). Figura 10 – Dia nublado de inverno Fonte: Getty Images No entanto, quando o céu está completamente nublado e escuro, você pode usar filme com sensibilidade 400 ISO ou, se não tem outra alternativa, recorrer ao flash (RAMALHO, 2012, p. 98). Observe que em todas as alternativas colocadas nos parágrafos anteriores o tripé foi extremamente útil para garantir a nitidez e a qualidade da foto. 14 15 Horário A literatura e os grandes fotógrafos da natureza recomendam que as fotos de ex- teriores se façam na “hora mágica”. A hora mágica é aquela obtida meia hora antes e meia hora depois do amanhecer e do entardecer. Esse período de tempo é o que oferece luzes e sombras suaves e efeitos luminosos extremamente belos (Fig. 11). No entanto, você pode ter de fotografar com a luz do meio-dia forte e bri- lhante, que produz sombras e luzes intensas sobre os objetos ou pessoas, o que provocará a perda de detalhes por causa do alto contraste. Nesse caso, pode ser adequado e interessante usar flash de preenchimento, fazendo, também, o balan- ceamento dos brancos, reduzindo, assim, a temperatura da luz solar, que, nesse horário, tende a ser avermelhada. Além disso, use ISO entre 100 e 200 de acordo com as condições existentes. Figura 11 – Efeito das luzes do amanhecer Fonte: Getty Images Regra dos terços Aplique a regra dos terços ou, com outras palavras, use o horizonte de forma criativa e produtiva. Aliás, uma pergunta básica: No que consiste a regra dos terços? Ex pl or Para recordar (porque é um dos conceitos mais citado em fotografia): Importante! A regra dos terços consiste em dividir uma imagem em terços verticais e horizontais, obtendo-se no final nove “pedaços”; no ponto de cruzamento das linhas se localizam os pontos de interesse do observador (Fig. 12). Importante! 15 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Figura 12 – Pontos de cruzamento da regra dos terços Apenas como curiosidade, se observar novamente todas as imagens colocadas neste texto, perceberá que todas elas respeitam e consideram a regra dos terços. Para pôr em prática a regra dos terços, quando fotografar exteriores, evite co- locar o horizonte no centro da imagem, isso nos dará a sensação de monotonia e falta de harmonia e equilíbrio. Mas, se você deslocar a objetiva para um dos pontos da regra dos terços, a imagem se tornará mais dinâmica e viva. Um exemplo simples com algo que todos nós, fotógrafos ou não, já fizemos: fotografar o mar, a praia, as ondas. Vamos escolher o pôr do sol, quando ele oferece raios luminosos difusos, suaves, porém avermelhados. Veja a figura 13, do pôr do sol. Figura 13 – Pôr do sol Fonte: Getty Images Agora, vou sobrepor as linhas da regra dos terços para ver o que resulta na com- posição. Veja a figura 14. 16 17 Figura 14 – Sobreposição das linhas da regra dos terços na imagem da praia Fonte: Adaptado de Getty Images Você pode perceber que a linha do horizonte foi deslocada para o terço superior da imagem; mesmo com o sol brilhante no terço superior esquerdo, observe que ele não se destaca mais do que as pedras no terço intermediário da metade do centro e da direita; o reflexo do sol no mar deslocado do centro oferece equilíbrio harmo- nioso com as ondas, que percorrem a imagem da esquerda à direita entre o terço inferior esquerdo e o terço mediano direito. Viu? Conseguimos o equilíbrio deslocando a imagem do horizonte e do centro! Crepúsculo As horas do crepúsculo nos oferecem imagens extremamente agradáveis e har- moniosas. Caso seu projeto inclua fotografias de exteriores, pense em fotografar seu objetivo nesse período do dia. Lembre-se de que nesse caso você deve usar sensibilidade média entre 200 a 400 ISO e algumas vezes chegar até 800 ISO. Outra coisa que você pode fazer é utilizar velocidades altas no obturador para destacar as cores no céu e produzir silhuetas. Veja a figura 15. Figura 15 – Crepúsculo com obturador em velocidade alta Fonte: Getty Images 17 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Mas, se você utilizar velocidade baixa no obturador, você terá mais detalhes e cores mais definidas, podendo, inclusive, destacar as texturas dos elementos com- positivos (Fig. 16). No caso de você desejar fotografar pessoas no primeiro plano, é aconselhável o uso de flash (Fig. 17). Figura 16 – Crepúsculo com obturador em velocidade baixa Fonte: Getty Images Figura 17 – Crepúsculo com uso de flash Fonte: Getty Images Entorno Fazer fotografias exteriores constitui um grande desafio para todos os fotógrafos, porque as condições meteorológicas e climáticas podem variar muito rapidamente. Você começa ajustando o equipamento fotográfico com um céu limpo e azul e, quando você vai bater a foto, descobre que surgiram nuvens encobrindo o sol ou prejudicando a luminosidade. 18 19 Isso quer dizer que a luminosidade pode mudar e nós não temos como controlar totalmente esse fato. O que fazer? Aproveitar o que a natureza nos oferece, apro- veitar o entorno, os efeitos. Não desanime nem amaldiçoe! A névoa, a bruma, a garoa, tudo pode ser usado a seu favor (Fig. 18); esses eventos da natureza nos oferecem brilhos especiais, fulgurações diferentes e únicas que podem ser usadas de forma muito produtiva. Aqui entra a sua criatividade e a familiaridade que tenha (ou não) com o equipamento de que dispõe. Figura 18 – Efeitos da névoa numa caminhada em primavera Fonte: Getty Iamges Escala Quando estiver fotografando exteriores, lembre-se de ajustar a visão da imagem para oferecer ao observador a sensação de proporção, da escala dos elementos constitutivos da fotografia. Observe que não saberemos a altitude de uma monta- nha se não tivermos com o que compará-la; coloque uma casa ao lado e surgirá o contraste necessário, oferecendo uma excelente composição(Fig. 19). Figura 19 – Percepção da escala entre montanha e casa Fonte: Getty Images 19 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura A mesma observação vale para a fotografia de árvores ou vegetação, coloque uma pessoa ou um objeto para que sintamos a proporção entre os elementos (Fig. 20). Figura 20 – Percepção de escala entre árvores e pessoa Fonte: Getty Images Grande angular Você não tem por que se prender unicamente à lente de sua câmera; pense que se usar outros tipos, como, por exemplo, uma lente grande angular, poderá obter imagens fantásticas que não seriam possíveis com uma lente normal. Outros tipos de lentes oferecem imagens e pontos de vista diferentes, impactan- tes e criativos, de outra forma impossíveis de conseguir. A teleobjetiva, por exemplo, proporciona maior proximidade com o objetivo; a grande angular auxilia nas tomadas panorâmicas (Fig. 21); a macro oferece um primeiro plano perfeito para fotografar pequenos animais (Fig. 22). Figura 21 – Baía da Guanabara fotografada com grande angular Fonte: Getty Images 20 21 Figura 22 – Formiga carregando folha sob a mira da lente macro Fonte: Getty Images Filtro O uso de filtros na fotografia de exteriores é muito útil para conseguir cores mais vivas e contrastantes (Fig. 23). Você pode escolher entre os difusores (Fig. 5) e os polarizadores (Fig. 24). Figura 23 – Efeito nas cores com o uso de fi ltro Fonte: Getty Images Figura 24 – Efeito do fi ltro polarizador na imagem Fonte: Getty Images 21 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Contexto Em qualquer fotografia de exteriores, principalmente de uma cidade, coloque as pessoas na composição, elas dão a cor local, o ambiente, a sociedade, os costumes, os hábitos (Fig. 25). Dois grandes cuidados você deve ter quando fotografar as pessoas em seu local habitual. Primeiro: passe desapercebido(a), seja discreto(a), não chame a atenção sobre si e se isso for impossível, seja gentil, educado(a) e respeitoso(a) com as pessoas e com seus hábitos, não questione nem demonstre estranheza, seja com o que for. Segundo: procure não fotografar o rosto das pessoas, isso pode gerar direitos de imagem e processos judiciais; o que você quer é uma fotografia criativa, não arru- mar um “megaproblema” internacional!!! Se fotografar o rosto, lembre-se de pedir autorização para publicação (mesmo que não publique a fotografia). Figura 25 – Fotografando pessoas em seu ambiente natural Fonte: Getty Images Arquitetura A fotografia de arquitetura (prédios, casas, monumentos, construções em geral) se relaciona com todos os aspectos das imagens do entorno construído (PRÄKEL, 2015). Além de tudo que já foi dito neste módulo nas páginas anteriores, fotografando arquitetura (prédios, casas e construções em geral), o fotógrafo deve ter dois cuidados especiais. O primeiro: o fotógrafo deve retratar a sensação passada pelo edifício, bem como representar a escala e suas qualidades físicas. Como normalmente essas fotos são encomendadas pelos arquitetos responsáveis pela construção, é mais interes- sante captar o conceito base que há por trás da obra – o que a diferencia e a torna especial – pois esses arquitetos já possuem imagens que documentam a construção. 22 23 De acordo com Präkel (2015, p. 82), “a encomenda é a oportunidade para que o fotógrafo especializado trabalhe com uma equipe de forma criativa para produzir imagens que sirvam para vender a grande ideia que se esconde atrás do desenvol- vimento do edifício”. O segundo: todos os monumentos, edifícios públicos, torres, estátuas, bustos, pontes, obeliscos, edificações (entre outras formas de representação artística) são considerados patrimônio cultural (seja do País em questão, seja da Humanidade), portanto sujeitos a direitos autorais da imagem. Isso quer dizer que você não pode fotografá-los sem autorização expressa da entidade mantenedora e, em alguns ca- sos, do Ministério da Cultura do País em questão. Portanto, antes de fotografar qualquer monumento, informe-se da necessidade da autorização. A maior parte das vezes, há avisos a respeito dessa questão nos próprios locais. Um exemplo simples ilustrará o que estou indicando: você não pode fotografar o Museu do Ipiranga (ou Museu Paulista), em São Paulo, sem autorização da Uni- versidade de São Paulo (entidade mantenedora do monumento), apesar de ele estar fechado, apesar de estar em manutenção, apesar de não aberto à visitação. Infringir essa lei pode trazer sérias consequências e muitas dores de cabeça, que podem ser evitadas facilmente. Conseguir essa autorização costuma ser sim- ples, fácil e rápido, bastando para tanto assinar um termo de compromisso sem muita burocracia. Encerrando A fotografia de exteriores não precisa de cenário (ela é o próprio cenário), não precisa de maquilagem (ela já vem com todas as cores), não precisa de produção (ela já está produzida antes de você chegar ao local). O fator mais importante na fotografia de exteriores (seja uma paisagem, a natureza ou um edifício) é a iluminação; sempre considere em primeiro lugar a luz disponível, estude todas as possibilidades, seja persistente, detalhista, cuidadoso(a): o que você pode usar para utilizar as sombras e os detalhes de forma produtiva e criativa? Lembre-se: a luz é o principal instrumento do fotógrafo. É através da luz que captamos a sublime beleza que a natureza nos oferece! Fotografar o exterior requer paciência, persistência, constância, não esmorecer e não desanimar (porque no dia da foto choveu ou não temos sol ou surgiram nuvens do céu), saiba se adaptar e tenha flexibilidade e conhecimento técnico (do equipa- mento fotográfico de que dispõe) para aproveitar a luz, o clima, a hora que você tem. Em última instância: a fotografia de exteriores que você obtiver com seu tra- balho mostrará ao mundo a sua visão pessoal e particular desse mesmo mundo que você fotografou! Qual é sua visão do mundo? Ex pl or 23 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Natureza, Exteriores, Paisagens, Arquitetura Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Como fotografar paisagens da natureza – Canon College CANON BRASIL. Como fotografar paisagens da natureza – Canon College. https://youtu.be/rAPfo200nGA Como fotografar prédios – Canon College CANON BRASIL. Como fotografar prédios – Canon College. https://youtu.be/R563UlqpdEc Fotografando silhuetas na praia – Canon College CANON BRASIL. Fotografando silhuetas na praia – Canon College. https://youtu.be/v7Ae2M9DQhA Pôr do sol – Canon College CANON BRASIL. Pôr do sol – Canon College. https://youtu.be/AEplWN49wC4 Como ganhamos dinheiro fotografando a natureza Viagens e fotografias. Como ganhamos dinheiro fotografando a natureza. https://youtu.be/NBc9QskDIUI Mangue – Fotografando natureza Últimos refúgios. Mangue – Fotografando natureza. https://youtu.be/PuVH6tkTye8 24 25 Referências ARENA, S. Iluminação: da luz natural ao flash. Balneário Camboriú: Photos, 2013. GREY, C. Iluminação em estúdio: técnicas e truques para fotógrafos digitais. 2ª ed. Balneário Camboriú: Photos, 2012. HURTER, B. A luz perfeita: guia de iluminação para fotógrafos. 4ª ed. Balneário Camboriú: Photos, 2013. MCNALLY, J. Modelando a luz: uma viagem ilustrada pelas possibilidades do flash. Rio de Janeiro: Alta Books, 2013. PRÄKEL, D. Composição. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. ________. Fundamentos da fotografia criativa. São Paulo: Gustavo Gili, 2015. ________. Iluminação. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. RAMALHO, J. A. Escola de fotografia: o guia básico da técnica à estética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. TRIGO, T. Equipamento fotográfico: teoria e prática. 2ª ed. São Paulo: Senac, 2003. 25 Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. José Alfonso Ballestero Alvares Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Técnicas de Iluminação: Interiores, Rostos, Retratos,Pessoas • Estúdio Fotográfico: Estrutura, Montagem, Equipamentos; • Montando seu Estúdio; • Iluminação em Fotografia de Rosto; • Iluminação em Fotografia de Interiores; • Iluminação em Fotografia de Pessoas. • Apresentar, caracterizar e descrever um estúdio fotográfi co, sua estrutura, montagem e principais equipamentos; • Descrever e caracterizar a iluminação em fotografi a de interiores; • Descrever e caracterizar a iluminação em fotografi a de rostos, retratos; • Descrever e caracterizar a iluminação em fotografi a de pessoas. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Técnicas de Iluminação: Interiores, Rostos, Retratos, Pessoas UNIDADE Técnicas de Iluminação: Interiores, Rostos, Retratos, Pessoas Introdução Präkel (2010, p. 111) nos ensina que “sem luz, não há fotografia”. Porém, quan- do você está fotografando em ambiente natural o controle da iluminação só pode ser feito até certo ponto; normalmente, controlar a luz em ambiente natural pode significar esperar que o sol se mova até o ponto que desejamos ou, então, esperar até que o clima mude. Não temos como controlar os elementos da natureza; pode- mos lançar mão do softbox ou de rebatedores para dar mais brilho ou tornar a luz mais suave. Para controlar de fato a iluminação em uma fotografia, precisamos estar dentro de um estúdio. Präkel (2010, p. 111) afirma que “o melhor estúdio de trabalho é uma sala pintada de preto sem janelas ou com janelas que possam ser totalmente vedadas”. Nesse tipo de ambiente descrito por Präkel, podemos lançar mão dos mais diversos tipos de lâmpadas, nas mais diferentes posições, para conseguir o efeito desejado. Além disso, considere sempre que a iluminação conseguida dentro do estúdio é usada tanto para revelar quanto para ocultar linhas, formas, volumes, espaços, texturas, luz e cor, ou seja, os elementos formais de composição de qualquer foto- grafia. Então, em primeiro lugar, você deve ter muito claro e bem definido qual é exatamente seu objetivo com a iluminação. O domínio da iluminação que conseguimos dentro de um estúdio engloba: a direção, a quantidade, a qualidade e as sombras projetadas. Podemos utilizar fontes difusas para criar sombras suaves; uma fonte pontual para obtermos sombras du- ras; podemos alterar a temperatura da cor aplicando filtros ou gelatinas (já comen- tados em módulos anteriores) ou mudando o tipo de lâmpada utilizado. Isso tudo nos indica que o planejamento de uma sessão de fotografias dentro de um estúdio deve ter “precisão militar” (PRÄKEL, 2010, p. 112), porque não pode- mos nos dar ao luxo de errar, de perder tempo e recursos, afinal: tempo é dinheiro! O tema que você vai fotografar e o uso que será feito dessa fotografia definirão o tamanho e o tipo de estúdio (observe que é diferente fotografar em filme ou de forma digital, com aprovação imediata ou não do cliente – em Polaroid, na tela, en- viada por e-mail ou cromo). Logicamente, fotografar um sapato também é diferente de fotografar um automóvel. Por isso, a primeira preocupação (ou definição) é seu objetivo com a fotografia que fará. Observe que temos um assunto muito especial e específico: estúdio fotográfico. Esse tema será tratado neste módulo com uma preocupação muito particular: como montar nosso próprio estúdio fotográfico gastando pouco (porque afinal ninguém tem dinheiro sobrando, eu pelo menos não tenho!). A seguir, vamos dar uma olhada nas características de iluminação nas fotografias de interiores (que também se relacionam com o estúdio), depois em rostos e retratos e fechamos o módulo com fotografias de grupos de pessoas. Lembre-se, nessas 8 9 aplicações específicas da fotografia não me preocuparei com a técnica (porque você tem disciplinas que tratam desses temas), mas contemplarei apenas a questão da iluminação e de como conseguir melhores efeitos e resultados. Estúdio Fotográfico: Estrutura, Montagem, Equipamentos Como já disse antes, tudo depende do objeto e do objetivo da fotografia. Daí se entende por que podemos afirmar que “cada estúdio tem características que ad- vêm das necessidades ou preferências de seus respectivos fotógrafos” (GENÉRICO, 2012, p. 51). Claro que também deve-se considerar o custo, prazo, clima, logística etc. entre outros aspectos. As dimensões do estúdio são influenciadas pelas especialidades (fotografar uma caneta é diferente de fotografar um avião), porém também podemos improvisar dentro de um pequeno espaço (comentarei esse aspecto mais adiante). Pelos exemplos colocados no parágrafo anterior, você já imagina que existem es- túdios verdadeiramente gigantescos, com pé direito superior aos 8 metros de altura, incluindo guindastes e pontes móveis para movimentar as luzes, os equipamentos e os objetos. Isso tudo nos leva a concluir que o custo operacional de um espaço com essas características é muito alto e, praticamente, inviável para um único fotógrafo. Isso explica a profusão de estúdios de locação. Portanto, se esse for seu caso, pes- quise que encontrará muitos à sua disposição. Outra questão que você deve considerar como muito importante é: o que você gosta mais de fotografar? Com qual tipo de fotografia você sente mais prazer? Com qual tipo de fotografia você se identifica? Observe que não estou dizendo qual tipo de fotografia dá mais lucro. O lucro é a resultante da criatividade, inovação e qualidade de seu trabalho. Atualmente, só quem é muito bom (mesmo!!!) obtém lucro e vive da fotografia (como em qualquer área de atuação profissional) porque o mercado está saturado de “fotógrafos meia- -boca”, então só os melhores entre os melhores se destacam e vivem da fotografia. Estou me referindo à necessidade de se especializar, essa também é uma ten- dência de mercado. Você poderá ser bom(boa) em diversos tipos de fotografia, mas certamente será excelente em apenas um deles (aqui vale “a prática faz a perfei- ção”). Pense nisso! Faça o que você ama e o fará com amor! Essa receita é infalível para o sucesso. Diferentes tipos de fotografia exigem: espaços, ambientes, iluminação, acessó- rios, equipamentos, pessoal de apoio diferente. Por causa dessas especificidades é que é necessária a especialização. Essa especialização também define o tipo de estúdio mais adequado. 9 UNIDADE Técnicas de Iluminação: Interiores, Rostos, Retratos, Pessoas A seguir, você tem alguns comentários gerais a respeito de alguns tipos de foto- grafias e seu impacto na configuração do estúdio necessário para tal fim. Fotografia de Moda Normalmente, a fotografia de moda não depende diretamente de um estúdio porque a grande maioria desse tipo de fotografia é feita em locações externas; nes- te caso, preocupe-se mais em ter um equipamento que seja facilmente transportado e móvel. No entanto, a coisa muda se você estiver fotografando roupas (sem modelo) para vender em uma página comercial na Internet; aqui sim você precisa de um estúdio pequeno, que pode, perfeitamente, ser em sua própria casa. O mínimo que você deve ter é uma fonte de luz (lógico), seja natural ou arti- ficial, e um fundo absolutamente limpo (sem ruído visual). Experimente colocar sua fonte de luz em um ângulo de 45o em relação à roupa. Considere, ainda, para ficar mais barato, que os smartphones atualmente possuem uma câmera que produz boas imagens, com resultados muito agradáveis para usar no comér- cio eletrônico. Para montar seu estúdio em casa para a fotografia de roupas ou acessórios de moda (como cintos, sapatos, bonés, carteiras, bolsas e semelhantes), você vai pre- cisar do seguinte material: • uma caixa de papelão grande o suficiente para acomodar o produto; • tecido TNT branco; • uma folha de EVA branca; • fita crepe; • cola quente; • tesoura; • duas lâmpadas, se necessárias. De posse desse material, agora faça o seguinte: • coloque a caixa de papelão na posição em que será usada, ou seja, com a abertura para fora e de frente para você; • retire os dois lados da caixa e a parte de cima, deixando uma borda de aproxi- madamente 2 cm
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