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MÓDULO 3 DIREITOS DA PESSOA IDOSA

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MÓDULO 3
Acessibilidade e autonomia da 
pessoa idosa
Capacitação a distância
Direitos da Pessoa Idosa
Realização Patrocínio
SECRETARIA NACIONAL DE
PROMOÇÃO E DEFESA DOS
DIREITOS DA PESSOA IDOSA
Apoio
 
Capacitação a Distância – Direitos da Pessoa Idosa 
 
 
MÓDULO 3 
Acessibilidade e autonomia da pessoa idosa 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright 2019: Instituto brasileiro de Administração Municipal – IBAM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica elaborada por Cinthia Pestana Viana CRB-7/6431 - Biblioteca do IBAM 
 
CENSO EXPERIMENTAL 2019 
I59 Instituto Brasileiro de Administração Municipal 
Capacitação a distância: direitos da pessoa idosa. / IBAM/SNPDDPI; [conteudistas] 
Louise Storni e Rosimere de Souza. [Colaboração: Ricardo Cesar Figueiredo de 
Moraes] – Rio de Janeiro: IBAM, 2019. 
 
 4 v. 
 
 Inclusão e Diversidade Humana; Modulo. 1 
 Princípios e marcos normativos dos direitos da pessoa idosa; Modulo. 2 
Acessibilidade e autonomia da pessoa idosa; Modulo 3 
Políticas públicas e a pessoa idosa; Modulo. 4 
 
 
 1. Idosos. Cuidado e tratamento. Manuais, guias, etc.. 2. Idosos. Estatuto 
legal, leis, etc.. Brasil. 3. Envelhecimento. Brasil. 4. Saúde pública. Brasil. I. Storni, 
Louise. II. Souza, Rosimere de III. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IV. 
Brasil. Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, V. 
Título. 
CDU 613.98 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
República Federativa do Brasil 
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa 
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos 
 
Presidente da República Jair Messias Bolsonaro 
Ministra de Estado da Mulher, da 
Família e dos Direitos Humanos 
 
Damares Alves 
Secretário Nacional de Promoção 
dos Direitos da Pessoa Idosa 
 
Antônio Costa 
Secretário Adjunto de Promoção 
dos Direitos da Pessoa Idosa 
 
Paulo Fernando Melo da Costa 
Coordenadora-Geral do Conselho 
Nacional dos Direitos do Idoso 
 
Eunice da Silva 
 
 
 
Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM 
Escola Nacional de Serviços Urbanos – ENSUR 
 
Superintendente Geral Paulo Timm 
Diretora da ENSUR Tereza Cristina B. Baratta 
Coordenação de Ensino Márcia Costa Alves da Silva 
Gestão Acadêmica Silvia Kelly Leão Silva de Freitas 
Administrativo e Financeiro 
 
Andréia Azevedo Silva 
Anderson da Silva e Silva 
Normalização Bibliográfica Cinthia Pestana 
 
 
 
Capacitação à Distância - Direitos da Pessoa Idosa 
 
Supervisão Técnica Tereza Cristina B. Baratta 
Coordenação Pedagógica Márcia Costa Alves da Silva 
Gestão Acadêmica 
 
Silvia Kelly Leão Silva de Freitas 
Colaboração: Andréia Azevedo Silva e 
Tito Ricardo de Almeida Tortori 
Profissional de TI Roberto da Silva Gonçalves 
Assistente Administrativa Selma Rodrigues de Lacerda Teixeira 
Comunicação Ewerton da Silva Antunes 
Conteudistas 
 
Louise Lima Storni Rocha 
Rosimere de Souza 
Colaboração: Ricardo Moraes 
 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
 
 
 APRESENTAÇÃO 
Seja bem-vindo(a) ao Módulo 3! 
Neste módulo, você aprenderá sobre o conceito de desenho universal e o direito 
à acessibilidade que abrange o acesso a bens, produtos e serviços com 
equiparação de oportunidades, de forma a promover autonomia e qualidade de 
vida para a pessoa idosa. 
 
 OBJETIVO 
Ao final deste módulo, espera-se que você seja capaz de: 
 definir acessibilidade; 
 identificar os marcos legais que tratam da acessibilidade no Brasil; 
 definir desenho universal; 
 diferenciar os conceitos de autonomia e independência; 
 reconhecer os fatores de risco e prevenção de quedas; 
 compreender o papel do cuidador de idosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
 SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 3 
OBJETIVO ............................................................................................................ 3 
 
UNIDADE 1 - Conceito de Acessibilidade e Políticas Públicas............................ 5 
1.1. Histórico e conceito de acessibilidade?? ....................................................5 
1.2. Conceito de desenho universal? .................................................................8 
1.3. Tipos de acessibilidade .................................................................................9 
1.4. Marcos legais de acessibilidade no Brasil ............................................... 11 
 
UNIDADE 2 - Cuidados com a Pessoa Idosa e sua Autonomia ........................ 14 
2.1. Autonomia e independência do idoso .................................................... 14 
2.2. Cuidados com quedas ............................................................................... 17 
2.3. O papel do cuidador .................................................................................. 19 
 
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 22 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 23 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
UNIDADE 1 
Conceito de Acessibilidade e Políticas 
Públicas 
A Política Nacional do Idoso (Lei nº 8842/1994) tem como objetivo assegurar à 
pessoa idosa seus direitos sociais, criando condições para promover sua 
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Reconhece a 
questão da velhice como prioritária no contexto das políticas sociais e propõe 
criar condições para promover a longevidade com qualidade, colocando em 
prática ações voltadas não apenas para os que são idosos, mas também para 
aqueles que estão em processo de envelhecimento ou que vão envelhecer no 
futuro, isto é, todos nós. 
Há, no cenário brasileiro, uma gama de leis destinadas a proteger os direitos 
das pessoas idosas e das pessoas com deficiência ou 
mobilidade reduzida, que se complementam. Para a 
inclusão das pessoas idosas na sociedade, é necessário 
que lhes sejam dadas garantias de atendimento 
prioritário, como também condições de utilizar 
plenamente os ambientes, objetos e serviços 
necessários à sua existência, com autonomia, 
independência e segurança, da mesma forma que para 
aquelas com deficiência. 
Ao longo desta unidade, veremos a importância das leis 
gerais de acessibilidade que foram criadas para 
amparar as pessoas idosas evitando que estas tenham 
seu direito à prioridade no atendimento violado, bem como não sofram com a 
imposição de barreiras arquitetônicas, urbanísticas e nos transportes que as 
impeçam de circular livremente, de maneira segura e autônoma. 
 
1.1. Histórico e conceito de 
acessibilidade?? 
Quando falamos em acessibilidade, é comum relacionarmos esse conceito 
apenas às necessidades das pessoas com deficiência. Contudo, devemos 
lembrar que as leis gerais de acessibilidade foram criadas para amparar 
também pessoas idosas, além de outras com necessidades especiais, mesmo 
que temporárias, como gestantes, lactantes, pessoas obesas, e outros grupos 
com restrição à mobilidade. 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Saiba mais! 
Conheça algumas leis que tratam de acessibilidade: 
 Lei nº 10.048 - Dá prioridade de atendimento às 
pessoas que especifica e outras providências; 
 Lei nº 10.098 - Estabelece normas gerais e critérios 
básicos para a promoção da acessibilidade das 
pessoas com deficiência ou com mobilidade 
reduzida e dá outras providências; 
 Decreto nº 5.296 - Regulamenta as Leis nº 10.048, que dá prioridade de 
atendimento às pessoas que especifica, e nº 10.098, que estabelece 
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade 
das pessoas comdeficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras 
providências. 
 
O Brasil segue a tendência mundial segundo a qual, à medida que a medicina e 
a tecnologia evoluem, a expectativa de vida está aumentando, provocando um 
envelhecimento da população. No que tange à mobilidade, é preciso que as 
cidades criem formas de garantir maior autonomia e segurança à pessoa idosa. 
Pensemos, por exemplo, no cotidiano de um transeunte da cidade. Superar 
rampas íngremes, degraus e outros tipos de obstáculos pode parecer algo 
simples para quem está em plena forma física, porém, pode significar um grave 
limitador para pessoas acima dos 60 ou 70 anos, além do risco de quedas ou 
torções. 
Em uma sociedade plural, a acessibilidade é um direito fundamental que tem 
sido objeto de discussões nas últimas décadas, resultado das conquistas de 
movimentos sociais e da evolução de marcos jurídicos, como, por exemplo, a 
aprovação do Estatuto do Idoso, no caso brasileiro. 
É preciso pensar no planejamento dos espaços construídos e no design de 
produtos e serviços de forma que pessoas idosas sejam seus usuários legítimos 
e dignos, sem precisarem vivenciar situações diárias de violação de direitos 
humanos, inclusive com doses de constrangimento e exposição. 
Pausa para refletir 
Você já parou para pensar o que é exatamente a 
acessibilidade? 
Segundo a arquiteta e urbanista Adriana R. Prado (2010), para melhor entender 
a acessibilidade é importante observar conceitos como impedimento e 
equiparação de oportunidades, definidos no Programa de Ação Mundial para 
Pessoas com Deficiência da ONU, do qual o Brasil é signatário, e que 
contextualizam a sua importância e valor. Veja a definição desses conceitos a 
seguir: 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Impedimento: 
situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em consequência de 
uma deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou impede o 
desempenho de um papel que é normal em seu caso, em função de idade, 
sexo e fatores sociais e culturais. O impedimento ocorre em função da relação 
entre as pessoas incapacitadas e o seu ambiente. 
Equiparação de oportunidades: 
é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade – como o meio 
físico e cultural, moradia e transporte, serviços sociais e de saúde, 
oportunidades de educação e de trabalho, vida cultural e social, inclusive 
instalações desportivas e de lazer – se torna acessível a todos (Programa de 
Ação Mundial para Pessoas com Deficiência, 1982, p.13). 
 
Podemos entender que o impedimento não está no individuo, mas sim na sua 
relação com o ambiente. Ambientes com barreiras intimidam as pessoas, 
inibem a expressão das habilidades e oferecem poucas oportunidades para o 
desenvolvimento de seus potenciais (PRADO, 2010). 
De acordo com a NBR 9050 da ABNT, a acessibilidade é definida como a 
possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para 
utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, 
equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e 
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros 
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de 
uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com 
deficiência ou mobilidade reduzida. 
O termo “acessibilidade” tomou impulso ainda no século passado. Segundo o 
autor Romeu Kazumi Sassaki (2009), a origem do uso desse termo para designar 
a condição de acesso das pessoas com deficiência está no surgimento dos 
serviços de reabilitação física e profissional no final da década de 1940. 
Na década de 1950, com a prática da reintegração de adultos reabilitados 
ocorrida na própria família, no mercado de trabalho e na comunidade em geral, 
profissionais de reabilitação constatavam que essa prática era dificultada e até 
impedida pela existência de barreiras arquitetônicas nos edifícios e residências, 
no meio urbano e nos meios de transporte coletivo. 
Já na década de 1960, com o retorno dos mutilados da Guerra do Vietnã, ganhou 
força o movimento pela vida independente nas cidades norte-americanas – 
embrião dos Centros de Vida Independente atualmente espalhados por 
diversos países, inclusive no Brasil –, período em que algumas universidades 
estadunidenses iniciaram as primeiras experiências de eliminação de barreiras 
arquitetônicas existentes em suas áreas externas, estacionamentos, salas de 
aula, laboratórios, bibliotecas e lanchonetes, entre outros espaços. 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Segundo Romeu Kazumi Sassaki em Conceito de Acessibilidade (2009): 
Uma chave para a inclusão social, no desenho adaptável, a preocupação 
é no sentido de adaptar os ambientes obstrutivos. Já pelo desenho 
acessível, a preocupação está em exigir que os arquitetos, engenheiros, 
urbanistas e desenhistas industriais não incorporem elementos 
obstrutivos nos projetos de construção de ambientes e utensílios. 
Mais recentemente, na década de 1990, começou a ficar cada vez mais claro que 
a acessibilidade deveria seguir o paradigma do “desenho universal”, segundo o 
qual os ambientes, os meios de transporte, os utensílios e os outros produtos e 
serviços deveriam ser projetados ergonometricamente para uso de todos os 
tipos humanos e, portanto, não apenas para pessoas com deficiência. Passou-
se a entender, também, que a acessibilidade não é apenas arquitetônica ou 
urbanística, já que existem barreiras de vários tipos também em outros 
contextos, como por exemplo barreiras de comunicação, como falaremos mais 
adiante. 
A gerontologia ambiental, área da gerontologia que se concentra na descrição, 
explicação e modificação das relações entre idosos e seus contextos 
socioespaciais, surge como pedra fundamental para a tarefa de identificar as 
necessidades dos idosos em relação ao ambiente construído e também ao 
ambiente urbano. Por isso, a integração entre a Engenharia e a Arquitetura com 
o enfoque multidisciplinar gerontológico, incluindo fisioterapeutas, sociólogos, 
antropólogos e outros profissionais se faz necessária para pensar soluções 
(MESSIAS et al., 2016). 
 
1.2. Conceito de desenho universal? 
O conceito de desenho universal é bastante amplo e pode ser aplicado em 
diversos produtos e utensílios que utilizamos cotidianamente, nos espaços 
públicos que frequentamos, nas moradias e nos meios de transporte, nos locais 
de trabalho e nos meios de comunicação, ratificando a diversidade humana. 
O termo foi usado pela primeira vez pelo arquiteto americano Ronald Mace, em 
1985, segundo o site do Núcleo de Pesquisas, Ensino e Projeto sobre 
Acessibilidade e Desenho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Núcleo Pró-
Acesso). Mace começou a questionar por que não se desenvolviam produtos e 
serviços que atendessem a todos e se envolveu com a proposta de criar 
ambientes que fossem acessíveis à maior parte possível das pessoas, 
independentemente da idade, habilidade, estatura ou condição física e 
sensorial. A ideia seria criar um novo padrão que pudesse atender a todos os 
tipos de necessidades. Assim, surgiu o que hoje conhecemos como desenho 
universal. 
Podemos entender então que desenho universal é o desenho de produtos e 
ambientes utilizáveis por todas as pessoas, no limite do possível, sem 
necessidade de adaptação ou de desenho especializado. 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
De acordo com esse estudo, existem sete princípios do desenho universal. Veja 
a seguir. (WRIGHT, 2001, p.55): 
1. Uso equitativo 
O desenho é útil e pode ser vendido a pessoas com habilidades diversas. 
2. Flexibilidade no uso 
O desenho acomoda uma gama ampla de preferências individuais e 
habilidades. 
3. Uso simples e intuitivo 
O uso do desenho é fácil de entender, independentemente da experiência do 
usuário ou de seu conhecimento, proficiência linguística ou nível atual de 
concentração. 
4. Informação perceptível 
Odesenho comunica informação necessária eficazmente ao usuário, 
independentemente das condições do ambiente ou das habilidades 
sensoriais do usuário. 
5. Tolerância de erros 
O desenho minimiza o perigo e as consequências adversas de ações 
acidentais ou não intencionais. 
6. Pouco esforço físico 
O desenho pode ser usado eficiente e confortavelmente, com fadiga mínima. 
7. Tamanho e espaço para aproximação e uso 
Provêm-se tamanho e espaço apropriados para aproximação, alcance, 
manipulação e uso, independentemente do tamanho do usuário, sua postura 
ou mobilidade. 
Dessa maneira, podemos dizer que o desenho universal é uma qualidade 
intrínseca da acessibilidade. 
 
1.3. Tipos de acessibilidade 
A presença de acessibilidade no meio urbano é uma exigência constitucional. O 
objetivo deve ser permitir ganhos de autonomia e de mobilidade a um maior 
número de pessoas, incluindo aquelas que tenham dificuldades de locomoção, 
para que possam usufruir os espaços urbanos com mais segurança, confiança 
e comodidade. 
Romeu Kazumi Sassaki (2009) explicita de forma bastante didática os seis 
contextos de acessibilidade. Veja: 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
1. Acessibilidade arquitetônica 
Sem barreiras ambientais físicas, nas residências, nos edifícios, nos espaços 
urbanos, nos equipamentos urbanos, nos meios de transporte individual ou 
coletivo. 
2. Acessibilidade comunicacional 
Sem barreiras na comunicação interpessoal (face a face, língua de sinais), 
escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila), incluindo textos em braile, uso do 
computador portátil, virtual (acessibilidade digital). 
3. Acessibilidade metodológica 
Sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (escolar), de trabalho 
(profissional), de ação comunitária (social, cultural, artística etc.), de educação 
dos filhos (familiar). 
4. Acessibilidade instrumental 
Sem barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas de estudo (escolar), 
de trabalho (profissional), de lazer e recreação (comunitária, turística, 
esportiva etc.). 
5. Acessibilidade programática 
Sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas (leis, decretos, 
portarias etc.), normas e regulamentos (institucionais, empresariais etc.) 
6. Acessibilidade atitudinal 
Sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações com as pessoas. 
Para o especialista o aspecto tecnológico permeia todas as acessibilidades, com 
exceção da atitudinal. 
Há inúmeras situações no cotidiano em que a acessibilidade não é garantida e 
muitos exemplos nos quais é negada, mesmo que sem intenção. Como se sabe, 
existem vários obstáculos que pessoas idosas têm de superar todos os dias no 
transporte, nos serviços prestados, bem como nos aeroportos, hospitais, 
shoppings e outros espaços de entretenimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Além do espaço público, é fundamental preparar o espaço privado de forma 
acessível. O processo de envelhecimento contribui para a falta de equilíbrio, 
para o enfraquecimento dos músculos e para a diminuição ou perda da visão e 
audição, entre outros. As quedas são responsáveis por 70% das mortes 
acidentais de pessoas acima de 75 anos e são a sexta maior causa de óbito entre 
a população acima de 65 anos. Quedas podem acontecer em calçadas 
desniveladas, em escadas ou até mesmo dentro de casa, tomando banho. Se 
devido a ela fraturas forem ocasionadas, pode haver sequelas severas no corpo 
e na vida dessas pessoas e, por consequência, de suas famílias, que precisam 
cuidar e prestar suporte. 
Existe, portanto, uma necessidade de preparação dos espaços públicos e 
privados para que os idosos possam sair de casa com conforto e segurança, 
além da adaptação das residências. 
Saiba mais! 
O livro Diretrizes do Desenho Universal na Habitação de 
Interesse Social no Estado de São Paulo, desenvolvido em 
2010 pela Secretaria de Estado da Habitação em conjunto 
com a Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com 
Deficiência, orienta prefeituras, órgãos públicos, 
construtores, arquitetos e a comunidade acadêmica sobre 
a implantação dos princípios do desenho universal nos projetos de moradias, 
incluindo os espaços privativos dos imóveis e as áreas de uso público. 
Para baixar a publicação, acesse: 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-
universal.pdf 
Em 2003, o IBAM produziu o Manual para acessibilidade aos prédios 
residenciais da cidade do Rio de Janeiro, uma parceria entre a Prefeitura do 
Rio de Janeiro e profissionais do Centro de Vida Independente (CVI-Rio). 
Para baixar o manual, acesse: 
http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/manual_acess_rj.pdf 
 
1.4. Marcos legais de acessibilidade no 
Brasil 
A presença de acessibilidade no meio urbano é uma exigência constitucional 
cujo objetivo é permitir ganhos de autonomia e de mobilidade à população, 
fundamentalmente àquelas pessoas que apresentam dificuldades de 
locomoção, como os idosos. 
O Brasil conta hoje com o Decreto nº 5.296/2004, que regulamenta as leis 
federais da acessibilidade e que dá prioridade de atendimento a pessoas com 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-universal.pdf
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/manual-desenho-universal.pdf
http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/manual_acess_rj.pdf
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
deficiência, idosos, gestantes, lactantes e pessoas acompanhadas por crianças 
de colo. O Decreto nº 5.296/2004, juntamente com o Estatuto da Cidade (Lei nº 
10.257, de 10 de julho de 2001), o Plano Diretor Municipal e o Plano de 
Mobilidade Urbana, compõem um conjunto de instrumentos urbanísticos que 
orientam os segmentos públicos e privados envolvidos na produção das 
cidades. 
A norma técnica de acessibilidade da ABNT, a NBR 9050, trata de critérios e 
padrões de acessibilidade para edificações, mobiliário, espaços e equipamentos 
urbanos e teve sua primeira edição lançada em 1994, sofrendo a primeira 
atualização em 2004. Em 2015 ocorreu a segunda revisão e edição da norma. 
A Constituição Federal enuncia que a política urbana executada pelo poder 
público municipal, conforme o artigo 182 e sua regulamentação pela Lei Federal 
nº 10.257/2001 – Estatuto da Cidade –, deve ordenar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, tendo 
como instrumento básico o Plano Diretor. As premissas em acessibilidade 
enunciam que a equiparação de oportunidades é fazer acessível a todos os 
habitantes a oportunidade de viver na cidade com qualidade. 
Na comparação, a função social da cidade e a equiparação de oportunidades 
são convergentes e têm sentido equivalente, confirmando a acessibilidade 
como atributo da qualidade de vida e pressuposto da sustentabilidade 
ambiental urbana (MORAES, 2010). 
A Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU –, instituída pela Lei nº 
12.587/2012, cumpre o papel de orientar, instituir diretrizes para a legislação 
local e regulamentar a política de mobilidade urbana no país. 
Acompanhando os avanços mundiais do setor de trânsito e de transportes 
diante dos impactos negativos causados pelas formas de locomoção nas 
cidades (e, em especial, nas metrópoles) e pela adoção da primazia do modelo 
veicular particular, propõe-se a mudança desse paradigma, com a ampliação 
conceitual do setor e o reconhecimento de suas vinculações às políticas de uso 
e ocupação do solo, sob a égide mais ampla da mobilidade. Enfatiza-se mais o 
transporte coletivo em todas as suas modalidades e a locomoção ativa (isto é, 
por meios não motorizados) dos cidadãos. Assim, a acessibilidade é um atributo 
da mobilidade. 
A Política Nacional de Mobilidade Urbana está fundamentada nos seguintes 
princípios: 
 Acessibilidade Universal 
 Desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões 
socioeconômicas e ambientais Equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo 
 Eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte 
urbano 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
 Gestão democrática e controle social do planejamento e da avaliação da 
Política Nacional de Mobilidade Urbana 
 Segurança nos deslocamentos das pessoas 
 Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos 
diferentes modos e serviços 
 Equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros 
 Eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana 
 
É fundamental que o poder público realize estudos sobre acessibilidade no 
intuito de identificar problemas e demandas para propor soluções que 
promovam a inclusão de todos, principalmente os que apresentam alguma 
deficiência ou mobilidade reduzida. Nesse último caso se enquadram as 
pessoas idosas. 
Fique atento! 
Exclusividade x prioridade - Ao falarmos de vagas 
exclusivas, é importante esclarecer as diferenças entre o 
que é exclusivo e o que é obrigatório quando se trata de 
acessibilidade. 
Vagas exclusivas para carros - a Resolução 304 do 
Denatran, de 18 de dezembro de 2008, dispõe sobre vagas de 
estacionamento destinadas exclusivamente a veículos que transportem 
pessoas com deficiência e com dificuldades de locomoção. Sendo assim, 
não é permitido estacionar, em qualquer situação, nessas vagas caso não 
se esteja nas duas situações descritas 
Filas ou assentos preferenciais – são destinados a pessoas com 
deficiência, mobilidade reduzida, idosos ou gestantes, sendo que o direito 
de um não se sobrepõe ao do outro, ou seja, todos nessas categorias têm 
o mesmo direito. As filas ou assentos podem ser usados por outras 
pessoas quando estão livres, como é o caso de bancos, metrôs e ônibus. 
Entretanto, as pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida, os 
idosos e as gestantes não são obrigados a usar apenas essas filas e 
assentos, podendo optar por usar outra fila ou outros assentos, mas sem 
a obrigatoriedade de atendimento preferencial. 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
UNIDADE 2 
Cuidados com a pessoa idosa e sua 
autonomia 
O aumento da expectativa de vida do brasileiro representa um grande desafio 
para os governos, bem como para a sociedade civil. O implemento das políticas 
públicas e a efetiva garantia dos direitos sociais da pessoa idosa certamente 
contribuem para assegurar um envelhecimento saudável e digno. 
Promover a autonomia das pessoas idosas, mantendo a sua dignidade, 
integridade e liberdade de escolha, é fundamental para a 
promoção da capacidade funcional e sua qualidade de vida. 
Para isso, diferentes cuidados devem ser tomados nessa 
fase da vida. 
Abordaremos nesta unidade a importância desses cuidados, 
bem como o trabalho dos cuidadores de idosos em toda a 
complexidade de suas ações e a responsabilidade assumida 
junto a outros profissionais de saúde e familiares na 
manutenção da integridade física e mental das pessoas 
idosas que buscam segurança e qualidade de vida. 
 
2.1. Autonomia e independência do 
idoso 
Propiciar o envelhecimento ativo e saudável significa prevenir a perda da 
capacidade funcional da população idosa, através da preservação da sua 
independência física e psíquica, promovendo o bem-estar físico, mental e social. 
A autonomia é uma vertente central do envelhecimento saudável. Promover a 
autonomia das pessoas idosas, o direito à sua autodeterminação, mantendo-
lhes a dignidade, integridade e liberdade de escolha, é fundamental para a 
promoção da capacidade funcional e qualidade de vida. 
De forma geral, define-se como capacidade funcional a habilidade de executar 
tarefas cotidianas, simples ou complexas, necessárias para uma vida 
independente e autônoma na sociedade. Um idoso com boa capacidade 
funcional se mantém independente e capaz de desfrutar da sua vida social até 
uma idade mais avançada. 
No entanto, o envelhecimento está coberto de preconceitos e estereótipos, que 
em muito influenciam o cuidado direcionado aos idosos. Em muitas situações 
do cotidiano, observa-se que as pessoas menosprezam a capacidade de decisão 
do idoso, adotando uma postura paternalista, impedindo-o de exercer a 
autonomia para decidir sobre o que acha melhor para seu cuidado. 
 
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MÓDULO 3 
Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Embora pareçam similares, os significados de independência e autonomia 
possuem diferenças na prática da manutenção da qualidade de vida dos idosos: 
AUTONOMIA INDEPENDÊNCIA 
capacidade de se gerenciar, tomar 
decisões e planejar seus objetivos. 
Tem relação direta com a aptidão 
mental da pessoa. 
capacidade de fazer suas atividades 
do dia a dia sem precisar da ajuda de 
terceiros. Tem relação com a 
habilidade física. 
 
A pessoa idosa pode ser autônoma e independente, mas também pode ser 
apenas uma ou outra coisa. A pessoa autônoma sente-se mais valorizada e com 
a dignidade preservada; e, para ela, a falta de respeito à sua autonomia reflete 
diretamente na sua qualidade de vida. Mesmo que haja algum tipo de 
dependência, a autonomia pode ser vivenciada no cotidiano da pessoa idosa a 
partir do momento em que os profissionais e familiares consideram suas 
escolhas e lhe dão liberdade para agir. 
As atividades diárias do idoso são divididas em atividades básicas, que são as 
relacionadas ao autocuidado (banho, alimentação, continência, vestir-se, 
deambular etc.), e em atividades instrumentais, que se relacionam às tarefas 
mais práticas do nosso dia a dia (usar o telefone, fazer compras, preparar 
refeições, cuidar da casa, utilização de transportes, controle financeiro). 
A autonomia é a capacidade que a pessoa possui de tomar decisões e gerenciar 
a própria vida. Às vezes, mesmo estando dependente em algumas atividades 
diárias, necessitando de ajuda de terceiros para alimentação e banho, por 
exemplo, o idoso é autônomo, pois está apto a tomar decisões sobre a própria 
vida. É importante diferenciar esses termos e reforçar que essas condições são 
independentes entre si. 
Para avaliar a capacidade funcional do idoso, os profissionais da área da saúde 
utilizam ferramentas que auxiliam na identificação de possíveis perdas 
funcionais. São testes de rastreio cognitivo, rastreio para risco de depressão, 
testes de mobilidade e equilíbrio, escalas de avaliação de atividades básicas e 
instrumentais de vida diária, levantamento de dados nutricionais e de 
alimentação, queixas relacionadas à fala e à comunicação, investigação de 
suporte familiar e social, dentre outras (GOLDSTEIN, 2003). 
A avaliação da capacidade funcional permite atender às demandas específicas 
do indivíduo idoso, norteando seu plano de cuidados, identificando riscos e 
prevenindo prejuízos na qualidade de vida. Essa prática requer um olhar 
interdisciplinar e exige do avaliador treinamento específico para o uso das 
ferramentas e a interpretação dos resultados (GOLDSTEIN, 2003). 
Os profissionais da geriatra e gerontologia são categóricos em aconselhar: a 
família precisa aprender a separar bem as necessidades do idoso de acordo 
com sua capacidade de autonomia e independência. É muito importante para a 
autonomia e independência do idoso a avaliação das atividades de vida diária. 
Não se deve retirar dele as tarefas do cotidiano para que ele continue se 
sentindo parte do ambiente doméstico e familiar. 
 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Podemos situar essa discussão por meio do seguinte esquema: 
 
Fonte: Moraes; Marino e Santos, 2010. 
 
1. Incentivar a prática de exercícios físicos 
Atividades físicas apresentam uma infinidade de benefícios aos idosos. Elas 
previnem doenças como depressão, ajudam a combater e reduzir a perda da 
habilidade cognitiva, auxiliam o metabolismo e aliviam sintomas de certas 
enfermidades. Não se pode esquecer que elas devem sempreser feitas com 
acompanhamento médico. 
2. Deixar o idoso fazer suas tarefas 
Em vez de tratar o idoso como incapaz, que tal dar um voto de confiança e a 
chance de ele fazer algumas ações do dia a dia, como tomar banho sozinho e 
cozinhar? Essa pequena mudança de atitude é muito importante para 
melhorar a autoestima e preservar a autonomia do idoso. 
3. Promover uma alimentação saudável 
Para fazer exercícios físicos, cumprir as tarefas diárias e manter a saúde em 
dia, a alimentação deve ser sempre balanceada. Idosos que não se alimentam 
apropriadamente estão mais sujeitos ao risco de morte prematura e à perda 
de peso, comum na terceira idade, afetando sua independência e qualidade 
de vida. 
4. Incentivar a socialização 
A solidão é um dos males que mais acometem os idosos, sendo responsável 
muitas vezes pelo desenvolvimento de doenças como depressão e demência, 
pela ansiedade e até mesmo pelo declínio da habilidade cognitiva na terceira 
idade. Por isso, é fundamental que os idosos não deixem de interagir com 
família e também com amigos e vizinhos. Atividades em grupo, como 
hidroginástica, ioga, clubes de tricô ou mesmo idas a cafeterias, praias, 
museus e outros ambientes, ajudam a evitar problemas, reforçam a 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
autonomia do idoso e também fazem com que eles cuidem melhor uns dos 
outros, criando um senso de comunidade e independência. 
5. Considerar as vontades do idoso 
Não adianta incentivar o idoso a cumprir todos os outros itens sem que seja 
mantido o verdadeiro respeito à sua autonomia. É imprescindível que o idoso 
seja considerado, ouvido e respeitado. Lembre-se de que a autonomia está 
relacionada à capacidade de tomada de decisões, que devem ser ditadas por 
aquele que será afetado por elas, e não às condições de locomoção ou ao 
nível de coordenação motora de cada pessoa. 
Percebemos, portanto, a importância de se compreender o processo de 
envelhecimento como uma mudança dentro do desenvolvimento humano e 
de não vitimizar o idoso com atitudes paternalistas, mas sim de potencializar 
suas capacidades e respeitar suas limitações. O exercício da autonomia se faz 
mister no processo de envelhecimento por se respeitar a capacidade da 
pessoa idosa de escolher, dentro da sua singularidade e da sua experiência 
de vida. 
 
Saiba mais! 
Tendo como ponto de referência o Guia Global: Cidade 
Amiga do Idoso, da OMS, foram escolhidas em 2018 quatro 
cidades brasileiras para receber a certificação 
internacional de Cidade e Comunidades Amigáveis à 
Pessoa Idosa. Foram os municípios de Pato Branco, no 
estado do Paraná, Esteio, em Porto Alegre, e Veranópolis, 
no Rio Grande do Sul. 
Conheça o guia em: 
https://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf?ua=1 
 
2.2. Cuidados com quedas 
Dentre as diversas preocupações que surgem com o envelhecimento estudadas 
pela gerontologia, as mais significativas e graves, são aquelas relacionadas às 
quedas. Em qualquer fase da vida, estamos sujeitos a esses eventos. Contudo, 
com o avanço da idade, as probabilidades de cair aumentam, já que o corpo 
passa a responder de forma diferente, alterando a visão, o equilíbrio, a força 
muscular etc. Estudos estatísticos indicam que, a cada ano, pelo menos 30% de 
pessoas idosas caem, aumentando para 40% no grupo com idade igual ou 
superior a 80 anos. Sabe-se também que mulheres caem com maior frequência 
do que homens e que 70% das quedas acontecem em casa. Outro dado 
relevante é que, dos idosos que caem, 2,5% necessitam de hospitalização e, 
após um ano, apenas metade sobreviverá. As consequências são múltiplas, 
incluindo fraturas, lesões, perda da autonomia e até mesmo a morte. 
Identificar previamente os fatores de risco pode contribuir para a prevenção, 
evitando futuros problemas. Os fatores ou causas relacionadas a quedas podem 
https://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf?ua=1
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
ser divididos em: 1) intrínsecos (que se relacionam com as transformações 
fisiológicas do envelhecimento, patologias específicas ou mesmo uso de 
medicamentos), 2) extrínsecos (que correspondem ao ambiente de interação do 
idoso). A seguir, alguns exemplos 
Fatores intrínsecos Fatores extrínsecos 
 postura inadequada; 
 doenças como osteoporose, 
doença de Parkinson, mal de 
Alzheimer, labirintite etc.; 
 uso de alguns medicamentos; 
 ansiedade e depressão. 
 superfícies escorregadias; 
 calçados não adaptados; 
 iluminação inadequada; 
 escadas sem corrimões; 
 banheiros não adaptados. 
Fonte: Manual do cuidador: prevenção de quedas em idosos no domicílio 
 
Tomar consciência da gravidade de uma queda para a pessoa idosa e suas 
consequências para o bem-estar já é um primeiro passo para reduzirmos a 
possibilidade de esse evento ocorrer. A prevenção das quedas pode ser feita 
com algumas modificações na vida cotidiana. Em geral, idosos passam a maior 
parte do tempo em suas casas e, mesmo que sejam locais conhecidos, podem 
apresentar inúmeras possibilidades de risco. Medidas simples podem prevenir 
problemas tanto para eles como para seus familiares e cuidadores, como as 
relacionadas a seguir: 
 
Fonte: Adaptado de O Estado de S. Paulo, 2013 
 
Segundo o Manual de prevenção de quedas da pessoa idosa, há outras 
medidas de prevenção que podem contribuir no cuidado com quedas das 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
pessoas idosas e, consequentemente, para ter uma vida mais feliz e segura, 
como: 
 consultar regularmente o geriatra; 
 fazer exames oftalmológicos e clínicos anualmente; 
 participar de programas de atividades físicas que promovam agilidade, 
equilíbrio, força e coordenação motora; 
 reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas; 
 tomar os medicamentos de forma correta e como foi indicado pelo 
médico. 
 
Saiba mais! 
Para ver a lista completa de dicas de prevenção de quedas de 
idosos, consulte: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/184queda_idosos.html 
O Projeto Casa Segura, desenvolvido pela Sociedade 
Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, mostra que não é necessário 
grandes gastos ou modificações para compor um ambiente seguro para 
pessoas idosas. 
Clique aqui para conhecer a iniciativa. 
 
2.3. O papel do cuidador 
O cuidado dirigido à pessoa idosa que vive com algum grau de dependência 
tradicionalmente cabia à família, e, em geral, essa função era exercida pela 
mulher, de maneira informal, gratuita e invisível, sendo confundida como parte 
do ofício doméstico. Uma série de transformações possibilitou que o trabalho 
do cuidador se tornasse uma ocupação formal, expandindo-se, depois, no 
mercado de serviços. 
Destacamos a seguir duas dessas razões: a primeira refere-se ao crescimento 
da população idosa, que, no Brasil, vem acontecendo de forma acelerada e se 
deve, sobretudo, ao aumento da expectativa de 
vida (estudos indicam que a faixa etária acima dos 
60 anos é a que mais tem se ampliado nos países 
em desenvolvimento) e à diminuição da taxa de 
natalidade; a segunda razão significativa tem a ver 
com a expressiva entrada das mulheres no 
mercado de trabalho nas últimas décadas, além 
de mudanças referentes à estrutura familiar 
tradicional (famílias pouco numerosas, idosos 
morando sozinhos etc.) (PAVARINI et al., 2005). 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/184queda_idosos.html
http://www2.ibam.org.br/downloadibam/casa_segura_para_idoso.pdf
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
Essas mudanças acabaram por demandar respostas por parte das famílias e do 
Estado, transformando uma tarefa restrita à esfera privada em trabalho formal 
e suas consequências: formação profissional, salário, carreira etc. (HIRATA, 
2016). Evidentemente que para cada problema uma solução se apresenta, e a 
falta de recursos financeiros, por exemplo, pode deixar que o cuidado ainda 
fique restrito ao ambiente doméstico,sob a responsabilidade da mulher ou de 
um parente próximo. 
A categoria “cuidador de idosos” é recente no Brasil, como observam Debert e 
Oliveira (2015), visto que o termo mais comum para caracterizar as pessoas que 
auxiliavam os idosos em suas atividades e, para isso, recebiam algum tipo de 
remuneração era “acompanhante”. “Mais recentemente, a imagem do cuidador 
ganhou força, se constituindo em um novo ator político e, por consequência, 
objeto de propostas de ações e intervenções governamentais e legislativas para 
sua atuação (DEBERT; OLIVEIRA, 2015). 
Podemos citar alguns marcos históricos regulatórios sobre o tema dos 
cuidadores formais no Brasil. Segundo Batista et al. (2014), a Política Nacional 
de Saúde do Idoso, no ano de 1999, introduziu a definição de cuidador e, nessa 
mesma ocasião, foi estabelecida a Portaria Interministerial nº 5.153/99, criando 
o Programa Nacional de Cuidadores de Idosos, que procurou qualificar a 
atenção ao idoso em âmbito nacional. Em 2002, a categoria cuidador entra para 
a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e, atualmente, 
ela é classificada pela CBO sob o código 5162-10. A função é definida como 
aqueles que cuidam “a partir de objetivos estabelecidos por instituições 
especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, 
alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa 
assistida”. Essa classificação é importante para a categoria de cuidador de 
idosos, pois assegura que a atividade seja comprovada nos órgãos oficiais, 
sendo um reforço para sua regulamentação (RAVAGNI, 2008). 
 
Saiba mais! 
 Para uma descrição completa desta ocupação, consultar o 
site a seguir: 
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTitulo.jsf 
 
No que tange às tarefas do cuidador formal, é importante ressaltar que não 
cabem a ele nem afazeres domésticos, nem atividades relacionadas a um 
profissional de saúde, no caso, um enfermeiro. Sua ocupação é cuidar do idoso, 
acompanhando-o e auxiliando-o no cuidado consigo mesmo, desempenhando 
para o idoso apenas aquilo que ele não consegue fazer sozinho (BRASIL, 2008). 
Veja, a seguir, alguns exemplos de tarefas que cabem ao cuidador de idosos: 
 
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTitulo.jsf
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Frente ao aumento do envelhecimento populacional e às transformações no 
contexto do cuidado informal, a figura do cuidador formal adquire centralidade, 
caracterizando-se como um dos pilares no que se refere ao cuidado das pessoas 
idosas. Dentre as diversas funções, capacidades como empatia, paciência, 
acolhimento, escuta, respeito à privacidade também são fundamentais. 
 
 
 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
CONCLUSÃO 
Neste módulo, você estudou que a inclusão das pessoas idosas se relaciona 
fortemente com as garantias das condições de utilização plena dos ambientes, 
objetos e serviços. A garantia da acessibilidade pode minimizar as 
vulnerabilidades e riscos para a pessoa idosa, além de planejar a organização 
dos serviços para atender às demandas específicas desse público. 
Você viu que essa questão é tão séria que existe quadro legal garantindo o 
direito da pessoa idosa à mobilidade e acessibilidade. Instrumentos jurídicos 
como o Estatuto do Idoso, a Lei da Acessibilidade e a Política Nacional de 
Mobilidade Urbana – PNMU – são alguns dos documentos que norteiam esse 
debate. 
Os índices de queda são alarmantes. Elas são responsáveis por 70% das mortes 
acidentais de pessoas acima de 75 anos, e a sexta maior causa de óbito entre a 
população acima de 65 anos. Essas quedas podem acontecer em calçadas 
desniveladas, em escadas, ou até mesmo dentro de casa, tomando banho. 
Você também estudou os principais fatores de riscos e as diferentes formas de 
prevenção de quedas e acidentes cotidianos que provocam lesões e dificultem 
ainda mais a mobilidade dos idosos. 
O papel do cuidador também foi abordado neste módulo, indicando que a 
ocupação ganhou notoriedade do final da década de 1990, sendo formalizada 
como profissão e regulamentada em suas funções, propiciando novos campos 
de trabalho e maior controle sobre a atividade. 
Por fim, você pôde constatar que desde a relação do idoso com seu cuidador, 
que é baseada na preservação da sua autonomia, até criação e execução dos 
mecanismos de acessibilidade, que garantem mobilidade e segurança nas ruas, 
transportes e residências, a garantia da autonomia da pessoa idosa é 
fundamental para um envelhecimento saudável e para a construção de uma 
sociedade inclusiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Acessibilidade e 
autonomia da pessoa 
idosa 
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