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CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS PARA PRÁTICA

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PlanificaSUS
CUIDADOS PALIATIVOS 
FUDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
PlanificaSUS: Curso de Atualização em Cuidados Paliativos: Fundamentos para a Prática/Hospital Israelita Albert Einstein: Diretoria de Atenção Primária e Redes 
Assistenciais – São Paulo, Ministério da Saúde, 2022.
XX p.: il.
1. Cuidados Paliativos. 2.Cuidados de Conforto 3. Atenção Primária à Saúde 4. Sistema Único de Saúde I. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein – 
SBIBAE
Ficha Catalográfica
© 2022. Ministério da Saúde. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Tiragem: 1ª edição – 2022 – versão eletrônica
Elaboração, distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção Primária à Saúde
Departamento de Saúde da Família
Esplanada dos Ministérios, bloco G
Ed. Sede MS – 7º andar
CEP: 70.058-900 – Brasília DF
Fone: (61) 3315-9031
Site: aps.saude.gov.br
Coordenação:
Larissa Karollyne de Oliveira Santos 
Elaboração de texto: 
Gabriela Alves de Oliveira Hidalgo
Samara Ercolin de Souza
Facilitador videoaula e podcast:
Denise Varella Katz
Gabriela Alves de Oliveira Hidalgo
Lorena Miranda Agrizzi
Maria das Graças Saturnino de Lima
Rubia Pereira Barra
Samara Ercolin de Souza
Revisão técnica:
 Gabriela Alves de Oliveira Hidalgo
 Isadora Siqueira de Souza 
 Larissa Karollyne de Oliveira Santos 
 Samara Ercolin de Souza
Colaboração:
Ana Paula Metran Nascente
Cláudia Luci dos Santos Inhaia 
Darizon José de Oliveira Filho
Denise Varella Katz
Igor Tachetti Basques 
Ilen Evelin Abbud
Joana Moscoso Teixeira de Mendonça
Juliana dos Santos Batista
Lis Regina Sampaio Utimi
Letícia Andrade 
Lorena Miranda Agrizzi
Luiza Martins Werneck 
Maria das Graças Saturnino de Lima
Patrícia Domingues Vilas Boas 
Polianna Mara Rodrigues de Souza
Rodrigo Cordeiro dos Santos
Simone Bruschi Pinheiro
Sissa Hellena Alves Valle
Taciana Sheylla Aguiar Lucena Maranhão
Talita Roberta Duarte da Costa
Thais Gonçalo
Wagner Fulgêncio Elias
Editoração e diagramação eletrônica:
DNA Conteúdo Digital 
Diagramação capa:
Rudolf Serviços Gráficos 
Publicação financiada pelo Projeto de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (lei n.º 12.101, de 27 de novembro de 2009), por meio da portaria n.º 3.362,
de 8 de dezembro de 2017 – parecer técnico n.º 2/2021 – CGGAP/DESF/SAPS/MS (0019478128) e despacho SAPS/GAB/SAPS/MS (0019480381).
 
Produção e Execução: 
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein| Núcleo de Projetos Especiais de Educação a Distância
SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN
Instituto Israelita de Responsabilidade Social
Diretoria de Atenção Primária e Redes Assistenciais
Projetos e Novos Serviços
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.188 – 3º andar
CEP: 01451-001 – São Paulo – SP 
Fone: (11) 2151-4573
Site: www.einstein.br
3
CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
 Cuidados Paliativos: Conceitos Importantes
 Quem pode se beneficiar de Cuidados Paliativos?
 Abordagem Paliativa e Ferramentas do Cuidado (Parte I)
 Abordagem Paliativa e Ferramenta do Cuidado (Parte II)
 Ações importantes diante da possibilidade de morte
O cuidado frente perdas e luto
 Referências bibliográficas
 
SUMÁRIO
.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 08
 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 26
 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 38
 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 63
 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 119
 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 126
 .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 146
4
APRESENTAÇÃO GERAL
Olá, profissional da saúde!
Seja bem-vinda(o) ao Curso de Atualização em Cuidados Paliativos – Fundamentos para a Prática.
Esse curso é uma tecnologia educacional elaborada pelo PlanificaSUS, e tem como objetivo geral 
contribuir para a qualificação da assistência de Cuidados Paliativos na APS e na AAE.
Assim, este curso é destinado a profissionais da APS e da AAE com o objetivo de agregar 
conhecimento quanto aos processos e ferramentas de Cuidados Paliativos, favorecendo 
maior segurança na sua prática assistencial. Sendo sua carga horária de 20 horas.
.
5CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 5
6CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Você sabia que existem diferentes níveis de conhecimentos em Cuidados 
Paliativos ?
A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) sugere recomendações para nortear o 
crescimento e desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no país, organizando três categorias de 
assistência em Cuidados Paliativos com diferentes níveis de conhecimento e a carga horária de 
treinamento (ANCP, 2018).
ATUAÇÃO NA ASSISTÊNCIA DE CUIDADOS
PALIATIVOS DE ACORDO COM NÍVEIS
DE CONHECIMENTO 
NÍVEIS DE CONHECIMENTOS EM CUIDADOS PALIATIVOS
TIPO DE ASSISTÊNCIA EM CUIDADOS PALIATIVOS 
Abordagem de Cuidados Paliativos Treinamento básico de 20h a 40h
Cuidados Paliativos Gerais Treinamento intermediário de 60h a 80h
Cuidados Paliativos Especializados Treinamento de 3 meses a 6 meses ou mais
CARGA-HORÁRIA DE TREINAMENTO
6
Ao final deste curso, segundo a ANCP, você será capaz de oferecer assistência em Cuidados Paliativos 
do tipo Abordagem de Cuidados Paliativos.
Também estão entre as recomendações da ANCP que todas as equipes de saúde realizem abordagem 
em Cuidados Paliativos, com protocolos e diretrizes visando boas práticas, disponibilidade de 
medicamentos essenciais, treinamento no tema e contando com serviços de saúde integrados 
segundo o modelo de Redes de Atenção à Saúde (RAS) (ANCP,2018).
Vamos começar nosso curso relembrando os conceitos e 
princípios que guiam a prática dos Cuidados Paliativos?
7CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
ENTÃO VAMOS LÁ!
7
8CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
CUIDADOS PALIATIVOS:
CONCEITOS IMPORTANTES
Você está prestes a começar o primeiro módulo deste curso! 
Aqui, te apresentaremos alguns conceitos importantes ligados à prática em Cuidados Paliativos, 
que servirão de base para os conhecimentos que virão nos próximos módulos! 
Preparada (o)?
Objetivos dos módulos
No final deste módulo, você será capaz de:
• Identificar o novo conceito de Cuidados Paliativos e apontar seus princípios norteadores
• Discutir a relação dos Cuidados Paliativos com os macroprocessos da Construção Social da APS
• Discutir a relação dos Cuidados Paliativos com os macroprocessos da AAE
A definição de Cuidados Paliativos passou por evoluções ao longo do tempo. Da primeira descrição 
indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até a mais atual, grandes mudanças existiram 
advindas do fortalecimento e consolidação dessa prática. 
8
9CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Cuidado ativo e total para pacientes cuja doença não é 
responsiva ao tratamento de cura. O controle da dor, de outros 
sintomas e problemas psicossociais e espirituais é primordial. O 
objetivo do cuidado paliativo é proporcionar a melhor 
qualidade de vida possível (WHO, 1990, grifo do autor)
OMS 1989
Abordagem que promove a qualidadede vida de pacientes 
(adultos e crianças) e seus familiares que enfrentam doenças 
que ameacem a continuidade da vida, através da prevenção e 
alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e 
tratamento da dor e outros problemas de natureza física, 
psicossocial e espiritual. (WHO, 2002, grifo do autor)
OMS 2002
Abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e 
seus familiares que enfrentam problemas associados à doenças 
que ameacem a continuidade da vida, através da prevenção e 
alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e 
tratamento da dor e outros problemas de natureza física, 
psicossocial e espiritual (WHO, 2022, grifo do autor)
OMS 2022
9
10CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Acompanhe a linha do tempo abaixo:
Figura 01 - Linha do tempo com evolução das definições de Cuidados Paliativos e mudança de paradigma em relação à 
sua indicação.
Fonte: WHO, 1990, 2002, 2022 e IAHCP, 2019.
Esse recordatório de definições traz destaque a uma grande mudança de paradigma em relação a quem está 
indicado Cuidados Paliativos. Em 1990, a definição direcionava Cuidados Paliativos a “doenças incuráveis”, 
passando por “doenças que ameaçam a vida” em 2002, até chegar nas definições atuais que focam não na 
doença, mas na pessoa com sofrimento/problemas vinculados à condição de saúde ou doença.
10
11CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Em 2018, a  Associação Internacional de Hospice e Cuidados Paliativos (International Association for 
Hospice and Palliative Care - IAHPC) revisou a definição de Cuidados Paliativos da OMS por meio de 
um estudo multicêntrico. O objetivo deste estudo foi encontrar um consenso sobre a definição de 
Cuidados Paliativos aplicável a todos, independentemente do diagnóstico, prognóstico, localização 
geográfica, etapa do cuidado ou nível de renda (KNAUL et al., 2017; ANCP, 2019).
Essa nova definição foi endossada internacionalmente por representantes de organizações e 
instituições acadêmicas de vários países, incluindo o Brasil, pela Academia Nacional de Cuidados 
Paliativos (ANCP), sendo ela:
Esta definição da IAHPC se mostrou alinhada a APS por trazer grande aproximação com aspectos 
que nos remetem a características desse ponto de atenção. Vejamos: 
Cuidados Paliativos são cuidados holísticos ativos voltados a pessoas de todas as idades com 
sério sofrimento atrelado a uma condição de saúde grave, especialmente aquelas próximas 
ao final de vida. Visa melhor qualidade de vida para o paciente, seus familiares 
e cuidadores (IAHPC, 2019; RADBRUCH et al., 2020; ANCP, 2019; grifo do autor).
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A ideia de cuidados holísticos como alusão a 
integralidade, atributo essencial da APS.
Cuidados ativos remetendo a busca 
ativa e vigilância.
Assistência voltada a todo ciclo de 
vida, independentemente da idade. 
Foca na pessoa e em seu sofrimento, não 
em um diagnóstico específico.
Cuidado integral que inclua, além do 
usuário, a família e o cuidador.
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12CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Vejamos abaixo os princípios norteadores dos Cuidados Paliativos:
Figura 02 - Princípios norteadores dos Cuidados Paliativos.
Perceberam que a trajetória de identidade e estabelecimento da prática dos Cuidados Paliativos 
trouxe a efetivação da pessoa como centro do cuidado e da assistência em Cuidados Paliativos?
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13CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
1 - Promover o alívio da dor e outros sintomas desconfortantes.
2 - Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida.
3 - Não pretende apressar nem adiar indevidamente a morte.
4 - Integra os aspectos sociais, psicológicos e espirituais do cuidado como necessários e desejados.
5 - Oferecer um sistema de suporte que possibilite:
 Permitir às pessoas acessarem e aderirem a cuidados clínicos ideais;
 Resolver problemas sociais e jurídicos e, em particular, reduzir o impacto da pobreza sobre as 
 pessoas e seus familiares, incluindo crianças;
 Ajudar as pessoas a viverem tão ativamente quanto possível até a morte.
6 - Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença da pessoa e a enfrentar o 
luto.
7 - Usar abordagem em equipe para atender de forma abrangente as necessidades da pessoa e suas 
famílias.
8 - Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença.
9 - É aplicável no início do curso da doença, em conjunto com terapêuticas modificadoras de doenças 
implementadas para prolongar a vida, e inclui as investigações necessárias para melhor compreender e 
tratar complicações clínicas.
Fonte: (ANCP, 2012; WHO, 2020; WHO, 2021b)
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14CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Por fim, chegamos à compreensão atual dos Cuidados Paliativos que preconiza o cuidado 
centrado na pessoa e em seu sofrimento, almejando a melhoria da qualidade de vida da 
pessoa, família e cuidador. A partir dessa compreensão, vamos descobrir mais sobre os 
Cuidados Paliativos na APS e na AAE! 
SAIBA MAIS!
Utilize o QR Code ao lado para acessar um acervo 
de Políticas de Saúde organizado pelo Ministério 
da Saúde. No campo de busca da página, insira as 
palavras “Cuidados Paliativos” e descubra quais 
políticas citam esse tema!
Ou acesse pelo link aqui em baixo!
Atualmente existem diversas normativas, políticas e publicações do Ministério da Saúde que incluem 
a oferta dos Cuidados Paliativos como um cuidado essencial no Sistema Único de Saúde (SUS). 
CUIDADOS PALIATIVOS NA APS E NA AAE 
ACERVO
14
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017.html
15CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Entre elas, são destaque a Política Nacional de Atenção Básica (2017), que cita os Cuidados Paliativos 
como uma das ações a serem realizadas pela APS, e a Resolução Nº41, de 31 de outubro de 2018, que 
dispõe sobre as diretrizes para a organização dos Cuidados Paliativos, à luz dos cuidados continuados 
integrados, no âmbito do SUS, trazendo a perspectiva da RAS e a responsabilidade de cada ponto de 
atenção para oferta qualificada e equitativa deste cuidado, incluindo a APS e a AAE.
Considerando a necessidade de fortalecimento e expansão da oferta de Cuidados Paliativos pela APS 
no âmbito do SUS, em 2019 os macroprocessos de Cuidados Paliativos foram incorporados na segunda 
versão do referencial da Construção Social da APS, a fim de promover melhoria da qualidade de vida 
das pessoas, seus familiares e cuidadores, assim como respeito à autonomia e valores de cada um  
(MENDES et al, 2019).
A metáfora da construção de uma casa descreve o conjunto de macro e microprocessos da Construção 
Social da APS.
As intervenções na estrutura, os macroprocessos e os microprocessos básicos representam o alicerce 
da casa que necessita de construção sólida. 
As paredes, o teto, o telhado, a porta e as janelas, serão construídos a partir do alicerce, de forma 
consistente, para que a casa da APS não corra o risco de ruir.
Relembre os macro e microprocessos da construção social da APS:
15
https://www.conass.org.br/biblioteca/a-construcao-social-da-atencao-primaria-a-saude-2a-edicao/
5
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1
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2 3 8
16CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Figura 03 - A metáfora da casa e a janela dos Cuidados Paliativos na construção social da APS.
2
Macroprocessos e Microprocessos Básicos da Atenção Primária à Saúde
Macroprocessos de Atenção aos Eventos Agudos
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17CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
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3 Macroprocessos de Atenção às Condições Crônicas não agudizadas, às Enfermidades e às Pessoas Hiperutilizadoras
Macroprocessos de Atenção Preventiva
Macroprocessos de Demandas Administrativas
Macroprocessos de Atenção Domiciliar
Macroprocessos de Autocuidado Apoiado
Macroprocessos de Cuidados Paliativos
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18CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Quando organizamos os macroprocessos de Cuidados Paliativos, estamos organizando os processosreferentes à janela laranja da casa. Esses macroprocessos objetivam melhorar a qualidade da atenção 
prestada às pessoas que necessitam de Cuidados Paliativos e aos seus familiares, promovendo uma 
resposta integral, sempre levando em consideração o respeito à autonomia e aos valores de cada 
indivíduo.
Em suma, os macroprocessos de Cuidados Paliativos são integrados e articulados com outros 
macroprocessos, e isso se faz necessário   para garantir a resposta às demandas da população e 
promover a implantação sustentável dos Cuidados Paliativos (MENDES et al., 2019).
Além disso, é essencial destacar que a APS não trabalha sozinha! A gestão do cuidado é integrada e 
compartilhada entre a APS e a AAE.
Agora, acompanhe a Rubia Barra - Dentista 
Sanitarista - Mestre em Geografia - que vai 
abordar, com exemplos da prática, a 
relação dos macroprocessos da construção 
social da APS com os macroprocessos de 
Cuidados Paliativos. 
18
https://vimeo.com/749143262/7b2f1f472b
19CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Portanto, entendemos que a oferta de cuidados na APS e na AAE pretende:
Assim, vamos acompanhar a Isadora Souza 
- Enfermeira de Família e Sanitarista - que 
vai nos contar sobre a prática dos Cuidados 
Paliativos na Atenção Ambulatorial 
Especializada. 
1 Tornar a assistência de Cuidados Paliativos parte do cuidado integral ofertado no contexto comunitário;
2 Identificar precocemente pessoas no território com indicação desta assistência;
3
Oferecer essa assistência de forma integrada ao plano de cuidado com o objetivo de melhorar 
a qualidade de vida dos usuários frente a uma condição de saúde;
4
Oferecer essa assistência com qualidade, diminuindo assim a desigualdade de acesso, dissipando 
equívocos sobre o que se entende por Cuidados Paliativos e reduzindo o sofrimento evitável.
19
https://vimeo.com/749143584/dfe73f1bfc
20CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Frente a isso, este curso pretende apresentar as ferramentas utilizadas nos Cuidados Paliativos e 
relacionar seu uso com a trajetória de cuidados ofertada aos usuários, de forma a desenvolver os 
profissionais da APS e da AAE quanto aos processos essenciais dessa temática e os tornar capazes 
de integrar os conhecimentos adquiridos à sua rotina de assistência em saúde.
Agora que conhecemos os principais conceitos ligados à prática e à teoria de Cuidados Paliativos, 
vamos conhecer o Paulo! Sua história vai nos ajudar na articulação de conhecimentos adquiridos com 
a prática clínica. 
Abaixo observe as ilustrações sobre o Sr. Paulo e leia sua história de vida. 
1 Paulo nasceu em Recife (PE) e conheceu a sua esposa aos 17 anos de 
idade. Aos 19 ele se mudou para São Paulo em busca de novas 
oportunidades de trabalho e melhores condições de vida para a família. 
Somente um ano depois, conseguiu levar sua esposa Nádia e seu 
primogênito, João, para a grande metrópole. Já em São Paulo, o casal teve 
mais dois filhos, Marcos e Cristina. 
Como quase todo mundo, Paulo e sua família tiveram uma vida com 
enfrentamentos e felicidades. Até que, aos 47 anos de casamento, Nádia 
faleceu em decorrência de um câncer de mama, deixando Paulo viúvo.
Desde que sua esposa faleceu, Paulo passou a morar com sua filha Cristina 
na região sul de São Paulo.
20
Porteiro aposentado, não alfabetizado e sem religião, Paulo 
sempre foi muito engajado em seu trabalho. Trabalhou por 30 
anos – 6 dias por semana durante o período noturno – no mesmo 
prédio e, por isso, era pouco presente no cotidiano familiar. Além 
disso, o trabalho tão intenso e as noites mal dormidas ainda lhe 
renderam problemas de saúde como a pressão alta. 
“Não dormir direito tem preço” ele dizia.
21CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
2
Ainda que fosse independente e bastante preocupado com o 
sustento da casa e da família, Paulo, que na maioria das vezes se 
apresentava como um tipo calado, fechado e de pouca expressão 
emocional, gostava de beber com os amigos nas horas de folga. 
E, em algumas dessas vezes, Paulo chegou a apresentar 
comportamentos agressivos enquanto alcoolizado e, até mesmo, 
a agredir a esposa em frente aos filhos.
3
Aos 50 anos, Paulo sofreu um infarto. Em decorrência, realizou 
cateterismo cardíaco e passou por alguns dias de internação. 
Nádia, nessa ocasião, esteve ao lado do marido dia e noite no 
hospital. 
Essa situação aproximou o casal e fez com que o abuso de álcool 
se tornasse menos frequente e, também, com que a presença de 
Paulo junto a família aumentasse – afinal, um coração 
enfraquecido o deixava cansado com mais facilidade.
4
21
22CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Dos três filhos do casal, Cristina foi quem se manteve mais 
próxima dos pais, morando no mesmo bairro. 
Separada e sem contato com o ex-companheiro, ela cuidou da 
mãe desde o diagnóstico de câncer até sua morte, enfrentando 
com ela os momentos mais difíceis, incluindo a internação. Tudo 
isso, além de cuidar sozinha de sua filha, Isabela.
Ao longo do adoecimento de Nádia, Paulo passou a ser mais 
participativo em relação à família: passou a colaborar com as 
tarefas da casa e auxiliar na alimentação e cuidados da esposa.
No final das manhãs, ele se sentia cansado e, às tardes, sentia 
que tudo precisava ser feito lentamente: algumas vezes entre as 
tarefas, quando o cansaço apertava, ele parava e se sentava e 
só depois conseguia seguir.
Durante esse período de cuidados com Nádia, Paulo e sua filha, 
Cristina, se tornaram mais próximos – já que Paulo se tornara 
mais calmo, comedido e um tanto quanto carente desde que a 
esposa adoecera.
5
6
22
Paulo resistiu. Sentia-se mais próximo à falecida esposa na casa 
em que haviam vivido juntos. Mas, com o tempo, cedeu. Dois 
meses após a morte de Nádia, Paulo passou a viver com Cristina 
e Isabela. 
22CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Após a morte da mãe, Cristina concluiu que Paulo não poderia 
mais viver sozinho. Ele se mostrava deprimido e a filha sentiu que 
havia o risco dele voltar a beber. 
Ele também se apresentava cada vez mais cansado e com 
dificuldade para caminhar e realizar trabalhos domésticos 
sozinho. Assim, a filha buscou convencer o pai de que morar em 
sua casa seria a melhor opção.
7
8
23
23CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
O que achou dessa história? 
Quais pontos você reconheceu como relevantes sob a ótica dos Cuidados Paliativos?
Ou, se preferir, você pode baixar o arquivo aqui embaixo e ler a história de Paulo!
CASO PAULO - parte 1.pdf
1.4 MBPDF
24
https://articulateusercontent.com/rise/courses/J8ooXcGHevqCWXSmoF7aFRF9NaDrU6GK/fD8GRL1OL_7MBp_7-CASO%2520PAULO%2520-%2520parte%25201.pdf
24CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Para falar um pouco sobre o caso de Paulo e jogar luz sobre 
os principais pontos dessa história, convidamos Gabriela 
Hidalgo - Médica de Família e Comunidade e Paliativista.
Olá pessoal!
Como vocês puderam perceber, nós vamos usar o caso do Paulo para entendermos, através de um 
contexto prático, como os cuidados paliativos podem ser oferecidos. 
Nesse módulo nós entendemos qual é o conceito de Cuidados Paliativos. O caso do Paulo traz, dentro 
desse contexto prático, a oportunidade de entendermos melhor esse conceito de Cuidado Paliativo, 
quem pode se beneficiar desse tipo de cuidado, qual o seu foco principal, e alguns princípios 
norteadores dessa assistência. 
O Paulo, como você pode se lembrar, já tem uma condição clínica avançada, ele tem uma insuficiência 
cardíaca avançada, que é uma doença que ameaça a vida. Trazendo um pouquinho do conceito mais 
atual de cuidados paliativos, para além de uma doença avançada, ele tem sofrimento atrelado a uma 
condição de saúde grave e, por isso, o Paulo tem muitos benefícios ao incorporar cuidados paliativos 
dentro da identificação precoce de suas necessidades de saúde e de um aspecto multidimensional, 
envolvendo a dimensão física, psicossocial e espiritual, trazendo o foco de cuidado de forma centradaà pessoa. 
25
24CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Para além disso, o principal objetivo desse tipo de assistência é a qualidade de vida, não só do Paulo, 
mas também da sua família, a Cristina, sua netinha Isabela e do principal cuidador, que nesse caso 
também é a Cristina. Conseguimos relacionar com os princípios norteadores do Cuidado Paliativo não 
só o sofrimento atrelado a condição de saúde mas também o alívio de sintomas, que são presentes no 
caso do Paulo, ele tem cansaço, ele perdeu a funcionalidade, ele não consegue fazer as atividades do 
dia a dia como ele fazia antigamente. E integrar aspectos sociais, como os psicoemocionais e 
espirituais, ou seja, entender o Paulo como alguém que tem a sua história, tem o seu contexto de vida, 
tem as suas crenças, os seus sentimentos, afetos e emoções que atravessam esse cuidado. 
Dentro dos princípios norteadores precisamos lembrar sempre dos cuidados clínicos ideais, pois o 
cuidado paliativo é concomitante com a terapia modificadora de doença, e o seu Paulo perdeu o 
segmento do acompanhamento das suas condições de saúde, então um passo muito importante no 
cuidado paliativo é cuidar bem da condição de saúde de base, e isso podemos oportunizar para o Seu 
Paulo. Além disso, queremos que o Paulo viva tão ativamente quanto possível dentro desse contexto, 
então nós vamos adentrar no seu lar, entender o seu contexto, a sua rotina de atividades diárias, 
manejar os seus sintomas para que ele se sinta ativo e funcional dentro do possível frente a essa 
condição de saúde e, fechando esse ciclo de avaliação, temos o sistema de suporte à família que lida 
com esse adoecimento, convive com seu Paulo no seu dia a dia e que vai ter que lidar com o luto 
quando chegar o momento do falecimento, isso envolve a sua filha Cristina e também a sua netinha 
Isabela.
Espero ter ajudado a articular melhor os conceitos e princípios dos cuidados paliativos com o caso do 
Paulo.
Já, já nos vemos novamente.
26
MÓDULO 2 - QUEM 
PODE SE BENEFICIAR DE
CUIDADOS PALIATIVOS?
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Você está iniciando o estudo do segundo módulo do curso de Ensino à Distância (EaD) de Cuidados 
Paliativos: Fundamentos para a prática. 
Desde já, é importante que você reconheça sua oportunidade como profissional da APS e/ou da AAE 
de ofertar assistência de Cuidados Paliativos com os conhecimentos que está adquirindo. 
Vamos exercitar a aplicação do conceito de Cuidados Paliativos na rotina da APS e na AAE.
Objetivos de Aprendizagem 
 
No final deste módulo, você será capaz de:
1
2
3Reconhecer a importância de integrar os Cuida-dos Paliativos a rotina assistencial
Reconhecer que intervenções relacionadas 
a Cuidados Paliativos envolvem a população 
em geral
Explicar e demonstrar o uso da Elegibilidade Sim-
plificada para Cuidados Paliativos, SPICT-BR e 
Pergunta Surpresa
4
Conhecer os passos da abordagem paliativa 
completa e reconhecer sua indicação
27
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Reconhecimento da indicação de Cuidados Paliativos 
Cuidados Paliativos não são sinônimos de cuidados especializados ou hospitalares, ou aqueles a 
serem prestados somente depois que as intervenções de tratamento modificador de doença não 
atingiram o efeito desejado (WHO, 2018).
E agora? Você já imaginou quando as ações em Cuidados Paliativos devem ser 
iniciadas? Quais pessoas podem se beneficiar desse cuidado?
Como a APS e a AAE acompanham 
usuários e famílias por muitos anos, 
geralmente estabelecem um vínculo 
longitudinal. Portanto, as equipes desses 
serviços estão bem posicionadas na 
assistência à saúde para identificar 
usuários   que podem se beneficiar de 
ações paliativas precoces, e para 
ofertá-las simultaneamente com as 
terapias modificadoras de doença 
(GHOSH, 2015).
28
27CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Assista o vídeo ao lado com a Gabriela 
Hidalgo - Médica de família e comunidade e 
paliativista -sobre quem pode se beneficiar 
dos Cuidados Paliativos. 
Você consegue observar que muitas das características da assistência de Cuidados Paliativos 
já são presentes no cotidiano de trabalho da APS e da AAE como:
1
2
3
4
5
O trabalho em equipe;
A longitudinalidade do cuidado;
A atuação centrada tanto no usuário 
quanto na família;
Ações que promovem qualidade de vida, 
bem como as que previnem agravos e as que 
proporcionam reabilitação; 
Ações articuladas junto com a comunidade.
29
https://vimeo.com/749142246/1ff86be91b
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Ferramentas de Elegibilidade para Abordagem Paliativa Completa 
Agora que você compreendeu melhor quem pode se beneficiar de Cuidados Paliativos, ficou mais 
claro que entre pessoas com condição de saúde já estabelecida, é possível identificar indivíduos em 
que as demandas relacionadas a Cuidados Paliativos são predominantes ou prioritárias e, nesse 
contexto, uma abordagem diferenciada deve ser traçada de forma integrada ao Plano de Cuidado.
Mas antes de apresentarmos as ferramentas vamos aprender como reconhecer usuários elegíveis para 
abordagem paliativa completa? Para esse reconhecimento, vamos pensar em três passos:
Para identificar essas pessoas elegíveis a uma 
abordagem paliativa completa, o uso de 
ferramentas específicas é essencial, valendo-se 
de avaliação estruturada e desencadeando 
planejamento de cuidados oportuno (HIGHET  et 
al., 2013; MASS et al., 2013; UNIVERSITY OF 
EDINBURGH, 2020).
30
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Rastrear usuários com uma ferramenta 
simples e acessível, fácil de incorporar a 
rotina. Para rastrear vamos conhecer uma 
ferramenta chamada de Elegibilidade 
Simplificada para Cuidados Paliativos. 
1° PASSO
De�nir, entre essas pessoas rastreadas, quem 
são as elegíveis para a abordagem paliativa 
completa por meio de um instrumento mais 
específico e já conhecido na área de cuidados 
paliativos: o SPICT-BR.
2° PASSO
Quando estamos diante de um número 
grande de pessoas identificadas, é importante 
que a equipe reconheça por quais usuários a 
organização desse cuidado deve começar 
primeiro. Para isso, sugerimos a Pergunta 
Surpresa como indicador de priorização entre 
usuários elegíveis para abordagem paliativa 
completa, quando necessário. 
3° PASSO
31
Vamos conhecer melhor sobre as ferramentas de elegibilidade para abordagem paliativa completa e 
saber como aplicar cada uma delas.
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
1
Assista o vídeo ao lado com Samara Ercolin 
de Souza - Enfermeira de Família - sobre a 
ferramenta Elegibilidade Simplificada para 
Cuidados Paliativos. 
Ferramenta Elegibilidade Simpli�cada para Cuidados Paliativos.pdf
161 KBPDF
Elegibilidade Simplificada para Cuidados Paliativos
32
https://player.vimeo.com/video/749339392?h=534102a471
https://articulateusercontent.com/rise/courses/J8ooXcGHevqCWXSmoF7aFRF9NaDrU6GK/03YzPHRfJ5IMe4TC-Ferramenta%2520Elegibilidade%2520Simplificada%2520para%2520Cuidados%2520Paliativos.pdf
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
2
Agora, vamos conhecer o SPICT-BR. Um 
instrumento de fácil aplicação que auxilia na 
identificação de usuários que estão em risco 
de deterioração da sua condição de saúde e 
podem precisar de cuidados paliativos. 
Ferramenta SPICT-BR™.pdf
289.4 KBPDF
Supportive and Palliative Care Indicators Tool (versão brasileira). 
33
https://player.vimeo.com/video/749338750?h=7fda740a52
https://articulateusercontent.com/rise/courses/J8ooXcGHevqCWXSmoF7aFRF9NaDrU6GK/11bBfbcgqqGjkKxI-Ferramenta%2520SPICT-BR%25E2%2584%25A2.pdf
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
3
Para finalizar o tema sobre as ferramentas 
de elegibilidade para abordagem paliativa 
completa, assista o vídeo ao lado e conheça 
o instrumento Pergunta Surpresa.
Pergunta Surpresa
34
https://player.vimeo.com/video/749339925?h=a925e6b3eb
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
CASO PAULO - parte2.pdf
731.2 KBPDF
Relembre o caso do Paulo e reflita: Será que ele é elegível para
Abordagem Paliativa Completa?
Vamos entender um pouco mais sobre essa história!
Para que os pontos-chave desse caso fiquem bem claros para você, leia com atenção os cards
abaixo que destacam trecho da história!
35
https://articulateusercontent.com/rise/courses/J8ooXcGHevqCWXSmoF7aFRF9NaDrU6GK/XneFZt06g2A6Rl8_-CASO%2520PAULO%2520-%2520parte%25202.pdf
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Paulo:
• Precisa de assistência ocasional; 
• Possui independência parcial; 
• E tem funcionalidade reduzida.
Com o  aumento da necessidade 
de cuidados e maior dependência 
de Paulo, houve o fortalecimento 
do vínculo familiar.
36
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
No momento do cadastro de Paulo pela 
agente de saúde, certos  pontos de 
atenção são percebidos e coletados:
• Cansaço do Sr Paulo ao andar até o 
portão;
• Histórico de hipertensão, infarto e 
câncer de próstata;
• Ausência de seguimento clínico;
• Não reconhecimento da necessidade 
de acompanhamento periódico de saúde.
Frente aos dados coletados, o caso é 
passado na reunião de equipe e se 
confirma que Paulo é um usuário que 
pode se bene�ciar de abordagem 
paliativa!
37
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Gabriela Hidalgo - Médica de Família e Comunidade e 
Paliativista, sobre as ferramentas de elegibilidade 
para abordagem paliativa aplicadas ao caso Paulo.
Olá! 
Vamos conversar um pouco mais sobre o caso do Paulo, vamos entender como foi o percurso para 
identificar que o Paulo era uma pessoa elegível para abordagem paliativa completa. 
Quando pensamos na elegibilidade existem três passos importantes: o primeiro é o rastreamento de 
pessoas que possivelmente precisam desse tipo de abordagem. Depois de identificar uma pessoa que 
pode ser elegível eu separo esse caso para reunião de equipe onde, em conjunto, nós iremos 
compartilhar a decisão e aplicar de forma conjunta uma ferramenta mais específica de cuidados 
paliativos para definir a elegibilidade. 
Depois de identificar uma pessoa que possivelmente precisa desse tipo de cuidado, o segundo passo 
é definir a elegibilidade para a abordagem paliativa completa através de uma ferramenta mais 
específica de cuidados paliativos, aqui nós escolhemos o SPICT-BR como essa ferramenta. A 
definição da elegibilidade é feita na reunião de equipe como uma decisão compartilhada da equipe 
como um todo, discutindo o caso, trazendo elementos e novos olhares para compreender melhor se 
esse caso se enquadra dentro desse tipo de necessidade e como podemos organizar a sistematização 
desse tipo de assistência.
Existe ainda um terceiro passo que vai ser importante em locais onde existem muitas pessoas que são 
elegíveis para abordagem paliativa completa, a equipe precisa de uma ferramenta objetiva para 
38
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
entender qual é a priorização, por onde começar, quem são as pessoas que precisam olhar primeiro, 
e fazer a abordagem paliativa completa de forma sistematizada. E para isso, nós utilizamos a 
pergunta surpresa. 
Agora vamos trazer todo esse conhecimento para o caso do Paulo. Como que isso aconteceu na 
prática aqui na nossa história: O Paulo foi identificado como uma pessoa que possivelmente se 
beneficiaria de uma abordagem paliativa logo no primeiro contato com a Fernanda, que é a agente 
comunitária de saúde da família do Paulo, ela nem conhecia o Paulo ainda, mas só de observar a forma 
como ele abriu a porta, caminhou lentamente até o portão para recebê-la e percebeu que ele ficou 
cansado nesse pequeno esforço, já fez com que ela refletisse: “Será que o Seu Paulo pode se 
beneficiar da abordagem paliativa?” A Fernanda, durante o momento de cadastro do usuário, 
conseguiu unificar e trazer diversas informações que fizeram ela ter mais certeza dessa primeira 
impressão, de que provavelmente o Seu Paulo poderia se beneficiar de uma abordagem paliativa. E 
essas informações estão presentes na Elegibilidade Simplificada para Cuidados Paliativos. Vamos 
citar alguns rapidamente: ela pôde perceber que o seu Paulo tem uma funcionalidade reduzida, ele 
tem dependência para cuidados pessoais por causa de problemas físicos, ele tem sintomas 
persistentes, ele tem uma condição clínica avançada voltada para problemas cardiovasculares, todos 
esses elementos se mostraram positivos, foram confirmados ao longo do cadastro e assim uma 
impressão de que talvez ele precisaria de cuidados paliativos se tornou uma avaliação objetiva, 
trazendo maior certeza de que esse caso precisava ser separado para a discussão de equipe e assim, 
em equipe, discutir um pouco sobre o SPICT-BR.
39
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Falando agora do SPICT-BR, temos alguns elementos através desse trechinho da história que nós já 
conseguimos perceber que são positivos, o Seu Paulo, dentro dos indicadores gerais de piora de 
saúde tem sintomas persistentes e, pensando na condição clínica avançada no setor de doença 
cardiovascular, ele tem uma classe funcional provavelmente NYHA III com falta de ar ao repouso. 
São alguns elementos que já temos dicas nesse trechinho da história do Paulo, e que em uma reunião 
de equipe, através dos múltiplos olhares, cada um conhecendo um pouquinho mais do Paulo, se torna 
complementar e também traz segurança para definir como equipe: “O senhor Paulo é um usuário 
elegível para abordagem paliativa completa e, a partir de agora, nós vamos nos organizar para 
sistematizar essa forma de cuidado e trazer assim, o alívio do sofrimento atrelado condição de saúde 
do Seu Paulo, uma melhor qualidade de vida para ele, para família dele e ao principal cuidador.” 
Espero ter ajudado! 
Já já conversamos um pouco mais. 
40
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Bem-vinda (o) novamente! 
Você está iniciando o terceiro módulo do curso de Ensino à Distância (EaD) de Cuidados Paliativos: 
Fundamentos para a prática - parte I. Neste módulo, você conhecerá no detalhe a Abordagem 
Paliativa Completa e algumas ferramentas que te auxiliarão a sistematizar essa proposta de cuidado.
Objetivos de Aprendizagem 
No final deste módulo, você será capaz de:
1
2
3Compreender as ferramentas que compõe a abordagem paliativa completa 
 Aplicar a biografia como uma tecnologia leve
Discutir o Método Clínico Centrado na Pessoa
4
Reconhecer a comunicação como 
uma ferramenta de cuidado
MÓDULO 3 - ABORDAGEM
PALIATIVA E FERRAMENTAS
DO CUIDADO
41
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Assim, são essas as ferramentas que compõem a abordagem paliativa completa e estruturam a prática 
dos Cuidados Paliativos. Elas devem ser aplicadas de forma integrada à rotina da Atenção Primária à 
Saúde e incluídas entre as necessidades a serem assistidas no compartilhamento do cuidado com a 
Atenção Ambulatorial Especializada. 
Na sequência deste curso, falaremos de cada uma dessas ferramentas!
No vídeo ao lado, Gabriela Hidalgo 
nos apresentará a Abordagem 
Paliativa Completa.
Vamos?
42
https://vimeo.com/749142651/e92a5dcb00
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Biografia 
No contato do usuário com a unidade de saúde, dados de identificação da pessoa, como nome, sexo, 
idade, estratificação de risco familiar e outros, são reforçados na anamnese e importantes na 
caracterização clínica. Entretanto, nesse movimento de conhecer o outro, é preciso ir além e explorar 
subsídios da biografia da pessoa, por meio da coleta da história de vida, da identidade pessoal, dos 
valores, das crenças e dos prazeres atrelados ao bem-estar e às formas de enfrentamento das 
situações da vida (ANCP, 2012; SILVA, 2018).
Para essa coleta, algumas estratégias são necessárias. Como exemplo, temos o uso de perguntas 
semidirigidas e a  escuta ativa com interesse genuíno pela narrativa do outro, sem prejulgamentos 
e postura empática.
A biografia da pessoa é uma tecnologia leve e deve ser aplicadaà prática de Cuidados Paliativos. 
A seguir, estão listados os pontos que devem ser visitados para ampliar o conhecimento e 
compreensão da história do usuário (SILVA et al., 2018):
43
        
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Circunstâncias e contexto sociocultural
Crenças, preferências, dificuldades, fantasias, incertezas, medos, expectativas e 
mecanismos de defesa que circunscrevem o adoecimento e o sentido da vida.
1
Representante formal
Quem é o responsável formal em caso de incapacidade.2
44
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
A relação entre os familiares e cuidadores e os profissionais da equipe de saúde3
Recursos para lidar com o adoecimento
Os recursos socioculturais, psíquicos e espirituais para o enfrentamento do sofrimento 
e o processo de adaptação às diversas condições impostas pelo adoecimento.4
A comunicação entre a pessoa e seu círculo social5
O funcionamento da rede familiar e social de apoio6
Autonomia em relação ao contexto social
Exercício da autonomia da pessoa no contexto familiar e as relações de poder no 
ambiente familiar.
7
A pessoa em seu contexto social
Como gosta de ser chamada, sua organização familiar, o lazer, o trabalho, a situação 
financeira, o círculo de convívio social e a rede disponível de cuidados.
8
Significados atribuídos pela pessoa às vivências proporcionadas pelo adoecimento
Conhecimento da pessoa a respeito das alterações na sua saúde e relação entre o 
estágio da doença e morte.
9
45
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
É importante ressaltar que o acesso à biografia da pessoa e sua família é gradual, não se esgotando 
em um único encontro, uma vez que também  está relacionado ao vínculo estabelecido com a equipe 
– condição fundamental para que histórias e eventos importantes de vida sejam compartilhados 
(BRASIL, 2017; BRASIL, 2020).
Informações coletadas na biografia são registradas no prontuário, junto a dados de identificação, 
formando uma vinheta clínica que nos conta quem é essa pessoa em seu contexto e história de vida. 
O acesso facilitado a essas informações na rotina de assistência e manuseio do prontuário induz sua 
leitura frequente e favorece a incorporação dessas características e valores importantes do ponto de 
vista biográfico no plano de cuidado.
É nesse vínculo de confiança entre usuário, família e equipe que se tocam as ferramentas de 
biografia e de comunicação: as técnicas de biografia nos dirão o que precisamos saber, as 
de comunicação nos permitirão desenvolver esse vínculo fundamental para acessar essas 
informações.
i
46
Paulo era um usuário da Unidade Básica de Saúde (UBS) de 68 anos, 
analfabeto, porteiro aposentado, viúvo há 3 anos. Foi casado por 47 
anos com Nádia, falecida por câncer de mama. Ele não tem religião. 
Reside com a filha Cristina na região sul de São Paulo (SP) desde a 
morte da esposa. 
É natural de Recife (PE) e mudou-se para São Paulo aos 19 anos, em 
busca de trabalho e melhores condições para a família. Veio sozinho 
e, 1 ano depois buscou sua esposa e o primogênito João. Teve com 
sua esposa outros dois filhos, Marcos e Cristina. 
Frente a todas as informações novas que conhecemos sobre
Paulo, como você atualizaria o histórico da biografia?
Conseguir comunicar-se bem com o usuário e conhecer sua 
biografia já são passos fundamentais. Mas existe mais uma 
ferramenta que permitirá expandir e organizar seu conhecimento e 
seu cuidado com o usuário. Vamos conhecê-la?
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Vamos relembrar a biografia do Sr. Paulo:
47
Ancorados nos princípios bioéticos de autonomia, beneficência e não maleficência, os Cuidados 
Paliativos consistem em uma filosofia de cuidado centrada na dignidade da pessoa, que possibilita que ela 
tome suas próprias decisões, reafirmando o respeito à dignidade humana no decorrer da doença, nos 
últimos dias de vida, na morte e no luto (WHO, 2014; SILVA et al., 2018; WHO, 2018).
Método clínico centrado na pessoa 
Como já sabemos, os Cuidados Paliativos afirmam a vida e têm como um de seus princípios oferecer um 
sistema de suporte que auxilie a pessoa a viver tão ativamente quanto possível durante o percurso da 
doença ameaçadora da vida (WHO, 2014). Para tanto, a participação ativa da pessoa na construção de 
seu plano de cuidado é fundamental para a organização e a efetivação dos Cuidados Paliativos (BRASIL, 
2017; BRASIL, 2018; WHO, 2018).
Para organização e desenvolvimento dos Cuidados Paliativos, sobretudo visando o cuidado centrado na 
pessoa, o Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP) é um modelo de abordagem clínica que permite 
que a equipe transcenda aspectos orgânicos, sistematizando o cuidado a partir da compreensão da 
pessoa em todas as suas dimensões (WHO, 2018).
O Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP) propõe um conjunto de orientações em quatro 
componentes complementares entre si (STEWART et al., 2017; GUSSO, LOPES & DIAS, 2019):
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 48
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Nesse componente, é fundamental 
explorar as informações objetivas e 
tecnicamente relevantes ao 
diferencial (anamnese, exame 
clínico, exames complementares e 
sintomas), em relevar, contudo, as 
dimensões subjetivas do indivíduo 
frente à experiência de estar doente 
(sentimentos, ideias, gestos, 
expectativas e expressão facial). 
Para explorar esse âmbito, sugere-se 
a abordagem SIFE:
Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença1
49
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Nesse componente, é fundamental conhecer a pessoa e suas múltiplas dimensões para 
além da condição física, reconhecendo o ciclo de vida, as tarefas que assume e o papel 
que desempenha frente a sua família e a seu contexto.
Entendendo a pessoa como um todo: pessoa, família e contexto2
É importante chegar à conclusão conjunta sobre quais são os problemas abordados e em 
que ordem de prioridade devem ser enfrentados (CERON, 2012; STEWART, 2017). 
O plano de cuidados é construído e pactuado entre a equipe e a pessoa. A abordagem 
integral às pessoas em Cuidados Paliativos exige, na maioria das situações, apoio 
matricial e envolvimento dos diversos recursos disponíveis nas RAS.
Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas3
50
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
É sabido que o vínculo com a pessoa e a família é construído ao longo do tempo. 
Para tanto, sugere-se a adoção de algumas atitudes que contribuem para a 
harmonia e o fortalecimento desses vínculos (SILVA, 2018):
• Envolver a pessoa e a família nas decisões;
• Manter informadas a pessoa e a família;
• Aconselhar e dar suporte à pessoa e à família;
• Ser honesto quanto à trajetória da doença e ao prognóstico;
• Eleger um membro da equipe que atue como referência da pessoa;
• Atendimento previamente planejado, com equipe empoderada da biografia da 
pessoa, bem como das queixas e necessidades em saúde.
Essa abordagem requer atuação sistemática e reflexiva, por meio da escuta qualificada e do 
acolhimento, e permite a incorporação de ferramentas e outras tecnologias em saúde 
durante sua execução. Não estabelece sequência rígida e deve ser aplicada sempre que 
necessário (CERON, 2012; BRASIL, 2020).
Intensificando a relação entre a pessoa e a equipe4
51
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
CASO PAULO - parte 3.pdf
665.3 KBPDF
Tendo em mente o MCCP, vamos acompanhar como foi a primeira consulta de Paulo na APS com 
médico da equipe, Dr. Leandro? Veja o diálogo e, depois, tente identificar se os quatro passos do 
MCCP estão ali presentes.  
52
https://articulateusercontent.com/rise/courses/J8ooXcGHevqCWXSmoF7aFRF9NaDrU6GK/F4vwCUyXMj_lvMd_-CASO%2520PAULO%2520-%2520parte%25203.pdf
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Médico: O senhor é pai da Cristina e Vovô da Isabela! Estou vendo aqui no prontuário. 
Como está a sua neta? 
Paulo: Linda como sempre. Estamosaproveitando agora que mudei para casa da 
Cristina. Mas está tristinha... O gatinho morreu, aí não dorme bem, às vezes não come. 
Médico: Poxa, Sr. Paulo. Veja com a Cristina se ela não quer marcar a Isabela com a 
nossa enfermeira. Ela podia aproveitar e passar também, afinal é uma grande mudança 
estarem todos morando juntos agora. Vou deixar no cartão de família o papel de 
agendamento e o senhor mostra pra ela, tudo bem? 
Paulo: Ok, Doutor. Obrigado! Pode ser uma boa ideia mesmo. 
Agora que conhecemos o diálogo, vamos fazer um exercício de reconhecer quais passos do MCCP 
podem ser identificados em cada trecho do diálogo. Veja os trechos do diálogo nos cards numerados 
abaixo:
CARD 1
Paulo: Ah, doutor, faz tempo que não passo no médico. Preciso renovar as receitas 
desses remédios. Tenho pressão alta faz tempo e tive um infarto há uns 18 anos. Era bom 
fazer exames também. A moça que passa em casa, a Fernanda, me deixou preocupado 
com a próstata. 
Médico: Ok. As receitas e os exames. O que mais? 
Paulo: Então, na verdade eu ando meio cansado... desanimado. Acho que o coração tá 
fraco, desde o infarto, mas agora piorou. O senhor viu? Cansei pra chegar até sua sala. 
Hoje está um dia pesado pra andar, ainda mais de perna inchada. 
Médico: Então deixa eu ver se entendi: as receitas, os exames de rotina e o cansaço do 
coração fraco, certo? Mais alguma coisa? 
Paulo: Até que tem, Doutor. Não estou dormindo. Não sei se é a cama nova, o coração 
inchado... mas pensando bem, não durmo bem desde que minha senhora partiu… isso 
tem uns 3 meses.
CARD 2
53
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Então, indique a qual passo se refere o diálogo presente em cada um dos cards. 
Médico: Entendi, Sr. Paulo. O senhor me falou das receitas, dos exames, do cansaço do 
coração e do problema para dormir. Na sua opinião, o que é mais importante pra gente 
resolver? Qual a prioridade de hoje?
Paulo: Doutor Leandro, estou preocupado com as receitas e exames, porque faz tempo 
que não me cuido. E o cansaço tá demais.
Médico: Então vamos fazer assim, focamos nos remédios e no cansaço, peço exames e 
já deixo um retorno pra semana que vem. Assim vejo como o senhor ficou e 
conversamos melhor de onde nasceu esse problema pra dormir, pode ser?
CARD 3
Paulo: Nossa Doutor Leandro, parece até estranho, mas estou feliz de ter vindo no 
médico. Tá combinado!
Médico: Fechaado então. Agora que negociamos nossa agenda, me conte mais do 
senhor: onde o senhor nasceu?
CARD 4
54
28CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Para que seja possível agir sobre esses componentes é indispensável que haja 
qualidade de comunicação. E é sobre essas ferramentas que falaremos a seguir.
Explorando a saúde, a doença 
e a experiência da doençaCARD 2
Intensificando a relação entre a 
pessoa e a equipeCARD 4
Entendendo a pessoa como um 
todo: pessoa, família e contextoCARD 1
Elaborando um plano conjunto 
de manejo dos problemasCARD 3
55
18CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Comunicação como ferramenta do cuidado 
Dizer que a  comunicação é fundamental para o relacionamento entre as pessoas é quase redundante. 
A boa qualidade da comunicação, no entanto, não é fácil de se produzir! Ainda assim, é através dela 
que se compartilham experiências comuns, se fortalecem elos e se revelam necessidades e anseios 
(ANCP, 2012).
No universo da atenção à saúde e, principalmente, de Cuidados Paliativos, os profissionais devem ter 
suas habilidades de comunicação desenvolvidas, visando o melhor cuidado para a pessoa e também a 
melhor oferta de cuidado em equipe. Bons resultados no acompanhamento multiprofissional de um 
usuário envolvem uma comunicação bem executada.
A médica pediatra e paliativista 
Denise Varella Katz  nos conta 
um pouco sobre o tema!
56
https://vimeo.com/749141619/fe03ff65d0
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Quando pensamos em cuidado e assistência, é 
muito importante que a comunicação seja 
efetiva e  empática em todos os momentos e 
circunstâncias, o que envolve a percepção, a 
compreensão e transmissão de mensagens por 
parte de cada sujeito envolvido na interação, 
SEMPRE considerando seu contexto, sua cultura, 
os valores individuais, os interesses, as 
expectativas e a experiência de cada um.
Assim, uma comunicação efetiva e empática não 
se constrói somente de palavras: comunicar
bem é muito mais do que falar bem e ouvir bem.
57
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
A comunicação não verbal 
A comunicação não verbal representa a maior parte da expressão humana e está presente de forma 
contínua, seja implícita ou explicitamente. É caracterizada por gestos, olhares, postura, expressão 
facial, corporal e sinais vocais. Possibilita a expressão de sentimentos e emoções, ratificando, 
complementando, substituindo ou contradizendo o discurso verbal (ANCP, 2012).
O desenvolvimento da confiança entre profissional e usuário passa pela observação dos sinais não 
verbais, permitindo que se estabeleça ou não uma relação terapêutica efetiva (ANCP, 2012).
Denise Varella Katz, médica 
pediatra e paliativista, também 
nos conta um pouco sobre isso.
58
https://vimeo.com/749142143/5050719bd2
        
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Em resumo, atitudes não verbais dão suporte à construção de uma comunicação empática que envolve 
(ANCP, 2012):
• Manter o contato visual pelo menos por metade do tempo da interação.
• Ouvir atentamente.
• Permanecer em silêncio enquanto o outro fala, utilizando movimentos positivos.
• Utilizar adequadamente algum sorriso – quando o contexto permitir.
• Manter o tom de voz suave.
• Voltar o corpo na direção de quem fala e manter braços e pernas descruzados.
• Utilizar, quando o contexto permitir, toques afetivos nos braços, mãos ou ombros.
Conhecer essas técnicas de comunicação não verbal beneficiará diversas situações na atuação do 
profissional da saúde, no entanto, para os profissionais do cuidado paliativo em especial, existem 
cenários particularmente complexos e sensíveis em que outras técnicas e protocolos se fazem 
necessários.
59
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Comunicação de más notícias 
Comunicar más notícias não é uma tarefa fácil, mas é parte essencial da prática dos Cuidados 
Paliativos. No vídeo a seguir, Denise Varella Katz continua a nos contar um pouco mais sobre como 
executar esse tipo de comunicação da melhor forma possível e nos apresentar a ferramenta que 
chamamos de protocolo SPIKES.
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https://vimeo.com/749141792/3c56162d7c
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
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26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
1 - Setting up
 Preparando-se para o encontro
 • É importante manter a calma, pois as informações dadas podem ajudar o usuário a planejar seu futuro.
 • Procure um lugar calmo, o mais privado possível e o reserve.
 • Pergunte se ele deseja que o acompanhante esteja junto.
 • Sente-se e procure não ter objetos entre vocês. Escute atentamente o que o usuário diz e mostre atenção e cuidado.
 • Deixe o celular longe da conversa. 
2 - Perception
 Percebendo o usuário
 • Investigue o que o usuário já sabe do que está acontecendo.
 • Procure usar perguntas abertas (por exemplo: “O que você sabe sobre o tema?”). 
 • Esteja atento aos sinais não verbais do usuário durante suas respostas. 
 • Identifique sinais de ansiedade extrema ou sofrimento exacerbado, avaliando as condições emocionais.
3 - Invitation
 Convidando para o diálogo
 • Identifique até onde o usuário quer saber do que está acontecendo, se quer ser totalmente informado ou se prefere 
 que um familiar tome as decisões por ele. 
 • Se o usuário deixar claro que não quer saber detalhes, mantenha-se disponível para conversar no momento em que 
 ele quiser.
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26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
4- KnowledgeTransmitindo as informações
 • Introduções como “Temos que conversar sobre algumas notícias” podem ser um bom começo. 
 • Use sempre palavras adequadas ao vocabulário do usuário. 
 • Use frases curtas e pergunte, com certa frequência, como o usuário está e o que está entendendo. 
 • Se o prognóstico for muito ruim, evite termos como “não há mais nada que possamos fazer”. 
 • Sempre deve existir um plano!
Fonte: Adaptado de CRUZ e RIERA, 2016. 
5 - Emotions
 Expressando as emoções
 • Aguarde a resposta emocional que pode vir. 
 • Dê tempo ao usuário. 
 • Ele pode chorar, ficar em silêncio ou em choque.
6 - Strategy and summary
 Resumindo e organizando estratégias
 • Fale concisamente sobre os sintomas, as possibilidades de tratamento e os prognósticos.
 • Estabeleça um plano compartilhado com metas a curto e médio prazo e ações para atingi-las. 
 • Verbalize a disponibilidade para o cuidado e o não abandono. 
 • Deixe claro como e onde encontrá-lo, se necessário. 
63
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Fonte: Adaptado de CRUZ e RIERA, 2016. 
A comunicação de más notícias talvez seja um dos deveres mais delicados para a equipe de 
saúde.(ANCP, 2012). 
Esse reconhecimento de uma informação como sendo uma “má notícia” está muito ligado ao 
senso comum e, portanto, passa pelas experiências do profissional que vai comunicar 
informação. 
A ideia do que é uma má notícia passa pelas expectativas e pelas vivências da pessoa com o 
tema, sendo necessário entender e explorar alguns elementos básicos da experiência do 
indivíduo –como aspectos familiares, socioeconômicos e culturais – antes de definir uma 
informação como “boa” ou “má” notícia. (VICTORNO et al., 2007; SILVA & ARAUJO, 2012). 
A construção de uma comunicação sólida entre profissional e usuário colaborará para a 
construção de um ambiente de confiança e fluxo de informações.
64
18CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
A pessoa e as múltiplas dimensões do cuidado 
Lembra que falamos sobre as quatro dimensões do cuidado?
Bem, o Diagrama de Abordagem Multidimensional (DAM) é uma forma de sistematizar a atenção a essas 
dimensões, ampliar o olhar e fazer diagnóstico adequado de sofrimento nessas quatro dimensões de 
cuidado, identificando as necessidades do usuário e/ou família para o planejamento de intervenções 
(ANCP, 2012). Essa ferramenta é composta por quatro quadrantes e três círculos sobrepostos, sendo que:
Figura 03 - Diagrama da Avaliação Multidimensional. 
  
65
18CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Assim, fica claro que são necessários conhecimento e identificação de necessidades específicas 
em cada uma das quadro dimensões do cuidado, bem como planejamento de ações e a revisão 
periódica dessas estratégias (ANCP, 2012; MENDES, 2019). 
O DAM é uma ferramenta dinâmica e interativa que só pode ser aplicada com propriedade ao 
conhecer em profundidade cada dimensão. 
Nessa 1ª esfera, são destacadas as características objetivas da pessoa, descrevendo aspectos da biografia 
que sejam marcantes e/ou relevantes.A
Nessa 2ª espera, são destacados os aspectos que envolvem sofrimento, sejam eles atuais ou que podem 
ser previstos. Lembrando que o alívio do sofrimento também pode ser necessário para os familiares e até 
para a equipe.
B
Nessa 3ª esfera, são destacadas ações da equipe diante dos sofrimentos identificados, traçando 
condutas que possam aliviá-los com objetivos possíveis de serem atingidos. É importante ter em mente 
que nem todos podem ser plenamente resolvidos.
C
66
Acompanhar um caso de progressão de falência orgânica demanda alinhamento das intervenções da 
equipe de saúde e multiprofissional a longo prazo. 
Sr. Paulo iniciou sua demanda de cuidado mais aproximado aos 30 anos, quando foi diagnosticado 
hipertenso. Atualmente, aos 68 anos, com uma insuficiência cardíaca expressiva, exige olhar integral e 
holístico das equipes.
Vamos entender como cuidar do Paulo em suas múltiplas dimensões? 
E vamos aprofundar em cada uma dessas dimensões?
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 67
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Dimensão física
Usuários com doenças avançadas sofrem uma carga significativa de sintomas e têm grande impacto de 
funcionalidade em sua rotina diária, no que se refere aspectos físicos.
Para bom manejo dessa dimensão em Cuidados Paliativos, deve-se sempre levar em consideração a 
evolução da doença de base, a funcionalidade do usuário, sua biografia, suas vontades, seu contexto 
familiar e social e a realidade local, para que as medidas terapêuticas implementadas sejam proporcionais 
e compatíveis.
Existem escalas de avaliação de funcionalidade e de sintoma usadas amplamente como ferramentas de 
cuidado em Cuidados Paliativos. A vantagem principal do uso dessas escalas é que elas padronizam a 
avaliação dos aspectos de forma objetiva, permitindo o acompanhamento ao longo do tempo e 
favorecendo o reconhecimento claro da condição da pessoa pela equipe, que podem impactar na qualidade 
de vida do indivíduo, familiares e cuidadores (BRUERA, 1991; HUI, 2017).
Quando falamos de funcionalidade, a escala em questão é a Escala de Performance Paliativa  -PPS 
(Palliative Performance Scale). Já quando falamos sobre manejo de sintomas, usamos o Sistema de 
Avaliação de Sintomas de Edmonton – ESAS (Edmonton Symptom Assessment System).
1
68
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Escala de Performance Paliativa – PPS
Utilizada para definir de forma objetiva o impacto da doença nas funções/habilidade, parte da 
avaliação de cinco parâmetros: 
• deambulação;
• habilidade para realizar atividades e evidência de doença;
• autocuidado;
• ingestão de alimentos/líquidos; e
• nível de consciência. 
A cada avaliação do paciente, é possível reconhecer a porcentagem de comprometimento da 
funcionalidade para cada uma das colunas que representa os cinco parâmetros (tabela). Para cada 
parâmetro da escala deve-se identificar, na coluna correspondente, a situação que melhor descreve a 
realidade da pessoa naquele momento. Considera-se o escore final para a funcionalidade a menor 
porcentagem encontrada, mesmo que reconhecida em apenas uma das colunas, dando-se maior peso às 
colunas mais à esquerda (BRASIL, 2020). 
A avaliação longitudinal da funcionalidade por meio deste instrumento permite que a equipe acompanhe, 
de forma objetiva, a curva evolutiva da doença associada ao surgimento das dependências progressivas. 
A utilização dessa ferramenta, portanto, auxilia a tomada de decisões sobre propostas terapêuticas e 
intervenções que de fato serão benéficas. Permite relembrar como a pessoa era no início do diagnóstico 
e comparar com a realidade presente, percebendo, assim, a velocidade em que vem perdendo 
funções básicas. 
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25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 70
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Sistema de Avaliação de Sintomas de Edmonton – ESAS 
O ESAS é um instrumento curto, de formato fácil, amplamente utilizado. Além de poder ser aplicado por 
profissionais capacitados em conhecimentos básicos de Cuidados Paliativos, também pode ser utilizado 
pelo cuidador/familiar do paciente em casa, ou auto aplicado pelo próprio paciente, seguindo as 
orientações fornecidas pela equipe de saúde.
Ele é composto por uma lista de sintomas objetivos frequentemente encontrados em pacientes com 
doenças crônicas e possui uma graduação que varia de 0 (zero) a 10 (dez), na qual 0 representa a ausência 
do sintoma e 10 representa o sintoma em sua mais forte manifestação. A pontuação resumida do ESAS 
(0-10) fornece objetiva e rapidamente essas informações (MONTEIRO, 2013).
• 0 a 3 = sintoma de intensidade leve;
• 4 a 7 = sintoma de intensidade moderada; 
• Acima de 7 = sintoma de intensidade forte.
Além dos sintomas presentes na escala ESAS, é importante registrar e quantificar qualquer outro sintoma 
que o pacienteou seus familiares considerem pertinentes no momento da consulta. 
Se o paciente se encontra impossibilitado de referir seus próprios sintomas, a escala pode ser respondida 
por seu cuidador, com base na observação cuidadosa do paciente e, quando não for possível determinar 
algum sintoma devido à subjetividade, deixar em branco (ANCP, 2012).
Após avaliação inicial da intensidade dos sintomas, a escala ESAS deve ser sempre utilizada para reavaliar 
as ações instituídas para o alívio desses. O objetivo principal é alcançar a menor pontuação possível de 
acordo com cada caso.
71
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 72
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
A utilização de escalas durante a assistência a usuários em Cuidados Paliativos é fundamental, pois 
possibilita individualizar o cuidado a partir da detecção e monitoramento dos sintomas desconfortantes 
apresentados de forma quantitativa (MONTEIRO, 2010).
Assim, para auxiliar as equipes a manejar os sintomas que frequentemente são apresentados por usuários 
em Cuidados Paliativos em todas as fases do ciclo de vida, são recomendados avaliação desses sintomas 
com auxílio das escalas apresentadas e manejo não farmacológico e farmacológico.
Além da prescrição prévia que esses usuários possuem, a incorporação de medicamentos específicos para 
o manejo dos sintomas se torna uma tarefa imprescindível no decorrer do acompanhamento clínico, pois 
busca-se alcançar o máximo de conforto possível e a melhoria da qualidade de vida no que tange à 
dimensão física.
Curvas típicas e os Cuidados Paliativos
A história natural da doença é a descrição de seu curso com progressão ininterrupta até a recuperação ou 
morte. Em outras palavras, é o modo próprio de evoluir que tem toda doença ou processo quando segue 
seu próprio curso (WHO, 2014).
Quando pessoas com doenças que ameaçam a vida e seus cuidadores perguntam sobre o prognóstico, 
isso nos remete a expectativa de vida, “Quanto tempo tenho?”. Porém, dentro disso, há outra questão, 
muitas vezes não formulada: “O que vai acontecer?”. O que pode ajudar a responder ambas as perguntas 
é o raciocínio clínico embasado no conhecimento das trajetórias típicas das doenças (MURRAY et al., 
2005), como veremos no vídeo a seguir.
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26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 74
https://player.vimeo.com/video/745118843?h=2a5ffd7efc
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Vamos retomar alguns dados clínicos do Paulo?
1
3
2
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26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Momento atual da doença:
Paulo apresenta quadro de insuficiência cardíaca, devido à doença isquêmica e encontra-se 
mais debilitado, com comprometimento da mobilidade e necessidade de assistência 
ocasional. Além disso, também apresenta sintomas relacionados à doença cardíaca 
descompensada.
Provavelmente, após retomar o tratamento adequado, com bom manejo dos sintomas, Paulo 
poderá apresentar melhora clínica, porém, a história natural da insuficiência cardíaca deve 
alertar a equipe sobre as possíveis intercorrências no decorrer do acompanhamento (alto 
risco cardiovascular) e o consequente declínio da funcionalidade ao longo do tempo.
1
Curva típica: Falências orgânicas com PPS atual em 60%.2
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26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Gráfico de Curva Típica3
Alta
60%
Baixa
Morte
Principalmente insuficiência cardíaca e pulmonar
F
U
N
C
IO
N
A
LI
D
A
D
E
Limitações de longo prazo episódios de agravos intermitentes
Episódios de Internações
de emergência
Morte em 2 a 5 anos, mas
“ parece” evento surpresa
TEMPO
77
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Vamos conversar um pouquinho mais sobre o caso do Paulo. 
Na dimensão física nós aprendemos diversas ferramentas que nos ajudam a qualificar a avaliação e 
assistência dessa dimensão, e entendemos um pouco melhor sobre a performance do seu Paulo atra-
vés do PPS, que é a Escala de Performance Paliativa, dentro dessa escala nós entendemos que o 
Paulo, nesse trecho da história, tem um PPS de 60%. Além disso, entendemos também que dentro das 
trajetórias típicas de adoecimento, o Paulo tem uma curva típica compatível com falência orgânica e, 
pensando na funcionalidade e na performance do Paulo dentro dessa curva, o Paulo ainda tem uma 
boa reserva, ele pode ter várias intercorrências ou uma intercorrência que o leve a morte, mas dentro 
da cascata em que tenha sucessivos declínios com agravos recorrentes de situações e eventos 
agudos com retorno da funcionalidade, ele é sempre um pouquinho menos do que ele era antes, mas 
com essa queda gradativa eu ainda espero ele possa ter alguns meses ou anos até que o evento da 
morte aconteça. 
Essa ilustração do caso do Paulo nos ajuda a traçar melhor um raciocínio do prognóstico dele ao 
longo do tempo e assim preparar melhor a organização do cuidado frente essa história prevista de 
adoecimento. Essas duas ferramentas da dimensão física nos ajudam muito a prever esse raciocínio e 
a conseguir trazer uma previsibilidade, nem que seja teórica, para o que esperar do caso do Paulo 
frente a doença que ele tem e o percurso desse adoecimento.
Entenda como analisar o Caso do Paulo pensando na 
Dimensão Física.
78
26CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
E para trazer uma última dica prática, nós falamos um pouco sobre a avaliação de sintomas. Quando 
a gente está diante de um usuário que é elegível para abordagem paliativa completa, a avaliação de 
sintomas através da escala ESAS tem que fazer parte da nossa avaliação. Toda avaliação clínica preci-
sa ter um questionário voltado para sintomas de forma estruturada, isso vai nos ajudar não só para os 
sintomas que já estão presentes, mas no segmento dessa pessoa que pode apresentar novos sinto-
mas, e o ESAS traz um consolidado do que é mais frequente aparecer, então é muito importante que 
a gente revisite essa ferramenta de forma sistematizada e que ao longo do cuidado a gente instru-
mentalize o próprio paciente e a sua família saber falar o ESAS e contar para a gente qual é a pontua-
ção que eles dariam naquele momento para um sintoma, e aí não vai ser incomum você chegar na 
casa de um usuário e ele mesmo te dizer: “Nossa, hoje a minha falta de ar está nota 7.” O diálogo e o 
empoderamento dele frente ao próprio cuidado melhora, e é uma ferramenta fácil, que ajuda ele e a 
família a ser mais ativos no manejo desse sintoma e na atenção ao melhor bem-estar, e essa ferramen-
ta não envolve só o momento da consulta individual com o enfermeiro ou com médico, todos os pro-
fissionais de saúde podem estar atentos a descompensação de sintomas, incluindo o agente comuni-
tário de saúde, durante uma visita ou mesmo num acolhimento, e os diversos profissionais envolvidos 
no percurso de cuidado dentro e fora da unidade.
Espero ter contribuído com essas dicas práticas para lidar melhor com a dimensão física e conseguir 
qualificar a assistência.
Até mais!
79
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Dimensão psicológica
Não é incomum que pessoas apresentem sintomas psicológicos desencadeados durante o curso de uma 
doença, de forma que a avaliação rotineira dos mesmos é indicada no curso da abordagem paliativa 
completa. 
O adoecimento traz consigo inúmeras perdas e pode interferir na relação do usuário com seu corpo, com 
sua imagem e com a forma que se relaciona consigo e com o mundo. Além disso, pode disparar uma gama 
de sentimentos, aflições e sofrimento no usuário e também em sua família. Essas emoções estão 
relacionadas ao significado que se atribui a essa vivência, ao momento de vida do usuário e às experiências 
de sofrimento anteriores. 
Assim, é essencial que a equipe esteja atenta e saiba identificar a presença de sentimentos esperados – de 
acordo com o contexto de vida e adoecimento do usuário –, diferenciando-os dos sintomas que possam 
estar causando sofrimento e a da doença psíquica em si.
Dentre os sintomas possíveis de serem apresentados, estãoos sentimentos e sofrimentos acerca da 
possibilidade de perda da saúde  ou de um ente querido. Ao sofrimento observado nesse contexto dá-se 
o nome de luto, que é um processo vivido por usuários, seus familiares e até pela equipe de saúde (ANCP, 
2012) quando alguém ou alguma perspectiva de vida morre ou é perdida
2
80
  
Desde o momento inicial de uma doença, a pessoa e seus familiares ficam sensibilizados do ponto de 
vista psicológico, já que são convocados a conviverem com mudanças que alcançam diferentes 
aspectos cotidianos de sua vida em diferentes intensidades – como perdas relacionadas à rotina, aos 
planejamentos e às expectativas – gerando preocupações e tensões, por exemplo:
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Usuários e familiares necessitam do suporte amplificado da equipe, que, quando ofertado 
adequadamente, significa  cuidado que minimiza sofrimento psicológico diante de perdas 
e de luto. Vamos abordar esse assunto a fundo no último módulo.
i
Assim, a abordagem de Cuidados Paliativos prevê a existência de conversas sobre esse luto, ou seja, sobre 
a possibilidade de perdas durante o curso da doença, bem como sobre a morte. E quando os profissionais 
de saúde oferecem espaço para falar sobre esse sofrimento, eles auxiliam no processo de luto do usuário 
e/ou familiar (ANCP, 2012).
81
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Di�culdade de acesso e 
resposta inadequada às 
demandas do usuário. 
Preocupações 
em relação 
aos serviços 
de saúde
Adoecimento, necessidade 
de cuidados ou situações 
confoitantes com parceiro, 
�lhos, pais, irmãos e outros.
Preocupações 
em relação 
à família
82
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Assim, frente a preocupações como essas citadas e também de outras naturezas, 
os indivíduos –sejam eles usuários, familiares ou cuidadores – vivenciam o sofrimento 
psicológico. Mas esse sofrimento psicológico não pode ser observado sempre com 
a mesma perspectiva, visto que pode configurar situações bastante diferentes.
Sem acesso a condições míni-
mas de alimentação, moradia, 
saneamento, higiene, vestuá-
rio e transporte.
Preocupações 
em relação às 
desigualdades 
sociais
Exposição a situações de coer-
ção física ou psicológica.
Preocupações 
em relação à 
violência
83
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
É tristeza ou depressão?
Frequentemente, profissionais de saúde deparam-se com indivíduos em sofrimento e, diante da situ-
ação vivenciada é comum a dúvida: “é depressão?” ocorrer no curso do cuidado. 
Chamamos de tristeza o sentimento gerado pela vivência de perdas ou situações difíceis, não sendo 
considerada patológica por se tratar de uma experiência comum e natural da vida.
Contudo, a tristeza, dependendo das circunstâncias, pode evoluir para um mal caminho. E existem 
alguns sinais de alerta para quando esse processo sai do curso esperado:
• Sentimentos intensos que persistem muito tempo após a perda;
• Somatizações frequentes;
• Mudanças radicais no estilo de vida que tendem ao isolamento;
• Impulsos autodestrutivos;
• Sinais e sintomas de depressão (anedonia, perda de apetite, distúrbios do sono, ideação suicida, 
entre outros);
Vamos conhecer mais um trecho da história do Paulo?
CASO PAULO - parte 4.pdf
610.8 KBPDF
84
https://articulateusercontent.com/rise/courses/J8ooXcGHevqCWXSmoF7aFRF9NaDrU6GK/g5_KnU0BZ6sSje9d-CASO%2520PAULO%2520-%2520parte%25204.pdf
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
E para comentar o caso do Paulo dentro da dimensão 
psíquica, chamamos Gabriela Hidalgo.
Vamos refletir sobre uma questão importante. Lidar com adoecimento envolve lidar com sofrimento 
psíquico, e no caso do Paulo não será diferente. 
Dentro do caso do Paulo nós podemos identificar algumas fontes de sofrimento psíquicos que a 
equipe precisa estar atenta: o distanciamento dos filhos, a Cristina, que mesmo sendo filha tem um 
distanciamento afetivo devido o histórico de violência sofrida na infância, temos também a questão 
do luto da esposa Nádia, que o Paulo ainda demonstra sofrimento atrelado a esse luto que aconteceu 
já a algum tempo, temos também a questão do abuso de álcool e a questão do humor deprimido, ele 
fala que o coração dele está triste. É muito importante estar sensível a essas fontes de sofrimento e 
encarar que a dimensão psicológica também precisa ser amparada com ações da equipe que 
fortaleçam as questões vinculadas ao afeto e ao bem-estar psíquico. 
Muitas vezes focamos muito o cuidado na dimensão física, e isso sem dúvida é muito importante, 
quando a dimensão física não está muito bem compensada e existe uma carga muito grande de 
sintomas e questões físicas permeando o caso da pessoa cuidada, faz sentido a pessoa estar mais 
triste, mais deprimida, porque não há o bem-estar físico que a ajude a estar diferente, então nós 
temos que ter um manejo da dimensão clínica muito assertivo para contribuir com os cuidados da 
85
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
dimensão psíquica. A equipe de saúde não deve ter medo de trazer questões vinculadas à dimensão 
psicológica, e se existir insegurança, sempre é possível compartilhar o caso com outros profissionais 
que tragam melhores experiências com esses aspectos. 
Aqui na história do Paulo, a agente Comunitária da família, a Fernanda, sempre o acolhia em sua dor, 
ela tinha escuta ativa para conseguir acolher essas demandas, e a sua sensibilidade em trazer essas 
demandas como fontes de sofrimento e talvez possíveis ações de intervenção da equipe para 
melhorar esse sofrimento é essencial no cuidado do Paulo.
É muito importante que todos estejam atentos a essa dimensão e sintam-se como agentes 
transformadores, trazendo essa demanda para a pauta do plano de cuidado.
Até a próxima! 
86
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Dimensão social
Considerar os fatores sociais no cuidado proporciona maior resolubilidade da assistência e evita a fragmentação 
do cuidado. Na perspectiva dos Cuidados Paliativos, sugere-se que a equipe esteja atenta a aspectos como:
• estado civil;
• composição e renda familiar;
• local de moradia;
• profissão;
• situação empregatícia frente o adoecimento; 
• rede de suporte social.
3
87
A família é, tradicionalmente, o núcleo social mais importante, com  laços intensos de proximidade, apoio 
e segurança – mas que também sofre transformações conforme suas necessidades específicas em função 
do contexto físico, econômico e social em que vive.
Conhecer a composição familiar  fornece subsídios à equipe para auxiliar a família na organização do 
cuidado ou na busca de alternativas quando o cuidado disponível na família não for suficiente para as 
necessidades do usuário ou o risco de sobrecarga dos mesmos for visível. 
A maioria dos problemas clínicos e emocionais podem ser tratados com abordagem individual da pessoa, 
porém muitos só se resolverão ao incorporar a abordagem familiar como ferramenta terapêutica.
O genograma  é uma ferramenta de abordagem familiar importante para reconhecer modelos de 
convivência e interação, informações relevantes à história de saúde-doença de todos os familiares e os 
hábitos, sejam eles saudáveis ou não. O quadro resume como o genograma pode auxiliar as equipes de 
saúde nas ações de Cuidados Paliativos:
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA 88
25CUIDADOS PALIATIVOS - FUNDAMENTOS PARA A PRÁTICA
Quadro 01 - Genograma para abordagem familiar em ações de cuidados paliativos.
Conflitos com o 
paciente ou cuidador 
(vínculos rompidos,
conflituosos etc)
• Se há busca por solução, auxiliar;
• Se não há busca por solução, o que é o mais comum, atentar-se que 
membros em conflito com o paciente não são cuidadores potenciais e 
nem podem ser forçados a serem. Por outro lado, podem enfrentar um 
luto mais difícil;
• Conflitos familiares com o cuidador responsável podem levar a 
redução de apoio e ajuda efetiva a este, podendo gerar estresse e 
sobrecarga nos

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