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Autora Camille Holanda AvAliAção CArdiorrespirAtóriA Expediente Direção Geral: Prof. Me. CláuDio ferreira Bastos Direção Geral aDMinistrativa: Prof. Dr. rafael raBelo Bastos Direção De relações instituCionais: Prof. Dr. CláuDio raBelo Bastos Direção aCaDêMiCa: Prof. Dr. valDir alves De GoDoy CoorDenação PeDaGóGiCa: Prof. Me. antônio alexanDre iório ferreira CoorDenação neaD: Profa. Me. luCiana roDriGues raMos Duarte FICHA TÉCNICA autora: PatríCia Maia DesiGn instruCional: Jasson Matias PeDrosa / João Paulo s. Correia ProJeto GráfiCo e DiaGraMação: franCisCo erBínio alves roDriGues / Jessielne alves D. De Queiroz / luCiana roDriGues r. Duarte CaPa: franCisCo Cleuson Do n. alves / PaBlo valentiM De freitas trataMento De iMaGens: franCisCo Cleuson Do n. alves PaBlo valentiM De freitas FICHA CATALOGRÁFICA Índice para Catálogo Sistemático 1. Educação Ensino Superior I. Título FATE : Faculdade Ateneu. Educação superior – graduação e pós-graduação: Fortaleza, 2016. Para alunos de ensino a distância – EAD. 1. Educação Superior I. Título Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autori- zação escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Direção. Olá, estimado leitor! É com satisfação que exponho este novo mate- rial, complementando a abordagem sobre avaliação fisioterápica. Enfatizo a necessidade de adicionar a essa leitura básica, livros, textos, artigos e demais fontes de pesquisa para aprofundar seus conheci- mentos, iniciados aqui. Você encontrará conceitos básicos e indispensáveis ao aprendizado da Avaliação Fisioterápica Cardiorrespiratória, que é tema deste volume. Abordaremos o assunto com textos, perguntas e material com- plementar. Será uma ferramenta de uso fácil e que, certamente, o ajudará a en- tender esse ramo da reabilitação. Bom desempenho! Seja bem-vindo! Sumário CAPÍTULO 1: AVALIAÇÃO ................................................................................................7 1. a iMPortânCia Da avaliação ................................................................................................7 1.1. Avaliação fisioterápica geral .........................................................................................8 1.2.1. Métodos de avaliação fisioterápica ..........................................................................8 1.2.2. Dados de identificação ..............................................................................................9 1.2.3. Anamnese ...............................................................................................................10 1.2.4. Exame físico ............................................................................................................11 1.2.5. Exames complementares ........................................................................................12 CAPÍTULO 2: ESTRUTURAS BÁSICAS DO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO .......15 1. Músculos, tendões e ligamentos ...................................................................................16 1.1. Ossos e articulações ..................................................................................................19 CAPÍTULO 3: AVALIAÇÃO CINÉTICO-FUNCIONAL .......................................................23 1. Inspeção muscular ........................................................................................................24 1.2. Tônus e trofismo .........................................................................................................25 2. Inspeção óssea ............................................................................................................26 2.1. Deformidades, desvios ...............................................................................................26 2.2. Postura .......................................................................................................................27 2.3. Marcha ........................................................................................................................29 2.4. Palpação .....................................................................................................................31 2.5. Mobilização .................................................................................................................31 CAPÍTULO 4 TESTES ESPECÍFICOS E EXAMES COMPLEMENTARES ......................33 1. Perimetria ......................................................................................................................33 1.1. Goniometria ................................................................................................................34 1.2. Provas de função muscular ........................................................................................35 1.3. Raio-X .........................................................................................................................36 1.4. Densitometria óssea ...................................................................................................36 1.5. Ressonância magnética nuclear ................................................................................37 Objetivos de aprendizagem • Identificar as partes do coração e os principais componentes do sistema respiratório; • Conhecer a importância dos vasos sanguíneos para o bom funcionamento do sistema cardiorrespiratório; • Identificar as funções dos sistemas cardíaco e respiratório. 1. CORAÇÃO E PRINCIPAIS VASOS O coração é formado por quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Cada lado do coração (esquerdo e direito), possui um átrio e um ventrículo. Cada átrio conduz sangue para o ventrículo correspondente, este, por sua vez, fornece a força de bombeamento principal que propele sangue através da circulação pulmonar (partindo do ventrículo direito), pela artéria pulmonar; ou da circulação periférica (partindo do ventrículo esquerdo), pela artéria aorta (GUYTON, HALL, 2006). A aorta é a artéria do coração que apresenta maior calibre e gera pressão suficiente para impulsionar o sangue arterial, rico em oxigênio, para todos os órgãos e sistemas. A artéria pulmonar envia sangue venoso, rico em gás carbônico, para ser trocado por sangue arterial (hematose), a nível de alvéolos pulmonares. No átrio direito, desembocam as veias cava superior e inferior, trazendo sangue venoso das partes superior e inferior do corpo, respectivamente. No átrio esquerdo, desembocam as veias pulmonares, trazendo sangue arterial ao átrio esquerdo, advindo dos pulmões. Capítulo 01 – Conceitos Básicos das Estruturas do Sistema Cardiorrespiratório As veias pulmonares são as únicas do corpo humano que carreiam sangue arterial; as demais carreiam sangue venoso. As artérias pulmonares também são excessão, sendo as únicas do corpo humano que carreiam sangue venoso; as demais carreiam sangue arterial. Entre átrios e ventrículos, de cada lado, existem válvulas atriventriculares, sendo a válvula tricúspide aquela localizada entre o átrio direito e o ventrículo direito, e a vávula mitral ou bicúspide, aquela localizada entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. A abertura das válvulas atrioventriculares emitem um som audível na ausculta cardíaca que corresponde à primeira bulha cardíaca. Na saída dos ventrículos direito e esquerdo, o sangue também atravessa válvulas, denominadas semilunares, para seguir pelas artérias pulmonar e aorta, respectivamente. A válvula semilunar do lado direito é a válvula pulmonar e a válvula semilunar esquerda é a válvula aórtica. O fechamento dessas válvulas emitem um som audível na ausculta cardíaca que correspondeà segunda bulha cardíaca. A função das válvulas é não deixar o sangue retornar às câmaras anteriores, após ter sido propelido adiante. Se isso acontecer, remete a uma patologia valvular ou valvar (Figura 1). Figura 1: Anatomia do coração. A figura mostra as quatro câmaras cardíacas, os grandes vasos do coração e as válvulas presentes nesse órgão. Fonte: http://goo.gl/9OR7X9 Mecanismos especiais do coração promovem contrações cardíacas sucessivas, chamadas de ritmo cardíaco, causando os batimentos rítmicos do coração (GUYTON, HALL, 2006). O nodo ou nó sinoatrial é responsável pela autoexcitação do coração, regulando fisiologicamente seus batimentos. Fique atento Todos os vasos que saem do coração são artérias e todos os vasos que chegam ao coração são veias. Leitura Complementar No capítulo 10 do livro Tratado de Fisiologia Humana, de Guyton e Hall, 2006, você aprenderá mais sobre o sistema especializado de excitação e condução cardíacas. Os autores comentam que: O coração é provido de um sistema especializado para a geração de impulsos rítmicos, para causar a contração rítmica do músculo cardíaco, e para a condução rápida desses impulsos por todo o coração. Quando esse sistema funciona normalmente, os átrios se contraem cerca de um sexto de segundo antes da contração ventricular, o que possibilita maior enchimento dos ventrículos antes que eles bombeiem o sangue pelos pulmões e pela circulação periférica. Outra importância especial do sistema é que ele possibilita que todas as partes dos ventrículos se contraiam simultaneamente, o que é essencial para a geração efetiva de pressão nas câmaras ventriculares (GUYTON, HALL, 2006). 1.1. Pulmões e árvore respiratória O sistema respiratório tem início no nariz, passando por faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos até chegar aos alvéolos. As vias aéreas superiores (nariz até laringe) têm como principais funções filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado. As vias aéreas inferiores, principalmente, transportam o ar inspirado e realizam as trocas gasosas (a partir de bronquíolos respiratórios). É dentro dos pulmões que o ar rico em ôxigênio passa por difusão aos capilares e destes recebem, também por difusão, o gás carbônico, que será expirado (BERNE et al., 2004). A troca de gases inicia-se com o ato da inspiração, que começa pela contração do diafragma, o principal músculo da respiração. É um músculo esquelético, portanto, de contração voluntária, embora a respiração seja automática e esteja sob o controle do sistema nervoso central (BERNE et al., 2004). Figura 2: Sistema respiratório. A figura mostra as vias aéreas que conduzem o ar (cavidade nasal até os bronquiolos terminais) e que realizam as trocas gasosas (bronquíolos respiratórios até os alvéolos). Fonte: http://goo.gl/XZxjpY Como qualquer músculo esquelético, o diafragma precisa ter um bom desempenho. Sua fraqueza causa sérios danos à respiração, podendo levar o indivíduo à necessidade do uso de ventilação mecânica e até a óbito. O sistema respiratório tem relação direta com o sistema cardíaco, uma vez que chegam vasos advindos dos pulmões ao coração (veias pulmonares) e saem vasos do coração para os pulmões (artéria pulmonar). Figura 3: Circulação pulmonar e sistêmica. A figura mostra a estreita relação entre o pulmão e o coração. Fonte: http://goo.gl/Q4IJBx Problemas pulmonares, frequentemente, levam a problemas no coração. O inverso também é verdadeiro. Doenças, como cor pulmonale são exemplos dessa afirmação. A cor pulmonale é tratada como uma insuficiência funcional das câmaras direitas do coração, decorrente de doença pulmonar. Há uma sobrecarga nessa região causada por um aumento da resistência ao fluxo sanguíneo e por hipertensão pulmonar. Pode suceder, inicialmente, mecanismos compensatórios, como hipertrofia ventricular direita, na tentativa de aumentar a força para expulsar o sangue (Figura 4). Com o progredir da doença, ocorrem alterações no miocárdio como um todo. Se tal situação não for revertida, o coração se dilata e ocorre aumento da pressão nas veias de todo o corpo, dilatando-as similarmente. A hepatoesplenomegalia (aumento do tamanho do fígado e do baço), o edema de membros inferiores, a dispneia (dificuldade de respirar) e a cianose (coloração azulada da pele e das mucosas) são sinais e sintomas que demonstram agravamento do quadro. Figura 4: Cor pulmonale. A figura mostra a dilatação do ventrículo direito e a hipertrofia das células musculares cardíacas (miócitos). Fonte: Adaptado de http://goo.gl/BGBzNg ?? Curiosidade Por que, embora a respiração seja um ato voluntário, ninguém pode “pren- der” a respiração até a morte? Você pode respirar ou parar de respirar quando quiser, uma vez que discutimos ser um ato voluntário. Porém, no decorrer do dia, ninguém precisa ficar concentrado em respirar, não é mesmo? Nós respiramos nconscientemente, porque a respiração é automática. Como o ato de respirar é vital para o ser humano, caso ele se interrompa por um longo período, mesmo contra a sua vontade, o gás carbônico contido em seu organismo estimulará o centro respiratório a disparar sua respiração; e você respirará. Um indivíduo que se afoga vai a óbito porque não respira conscientemente dentro d’água, é claro, mas o aumento do gás carbônico no organismo faz com que ele desmaie e dispare o centro respiratório. Então, seus pulmões ficarão encharcados de água, sendo isso incompatível com a vida. Pratique 1. Comente sobre as principais câmaras e válvulas do coração. 2. Para onde vai o sangue impulsionado pelo lado direito do coração? E pelo lado esquerdo? 3. Qual a função das válvulas cardíacas? 4. Qual a relação que há entre os sistemas cardíaco e respiratório? Relembre O coração é um órgão formado por quatro câmaras: átrio e ventrículo direitos e átrio e ventrículo esquerdos. Os principais vasos que entram e saem do coração são, respectivamente: veias cava superior e inferior (entram pelo átrio direito), veias pulmonares (entram pelo átrio esquerdo); atéria pulmonar (sai pelo átrio direito) e artéria aorta (sai pelo átrio esquerdo). A artéria aorta é a artéria de maior calibre do corpo humano. A saída de cada câmara possui válvulas que funcionam para permitir apenas um sentido do fluxo sanguíneo. O sistema respiratório é composto por nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos. O diafragma é o principal músculo da respiração, que é considerada um ato voluntário, porém automático. Os sistemas cardíaco e respiratório têm relação direta e, assim, doenças originadas em um deles podem ocasionar patologias também no segundo. Capítulo 02 – Avaliação Cardiorrespiratória Objetivos de aprendizagem • Entender a importância da avaliação; • Definir avaliação cardiorrespiratória; • Identificar e compreender as etapas da avaliação cardiorrespiratória bem como os métodos e as técnicas de avaliação utilizados; • Reconhecer semelhanças e peculiaridades da avaliação fisioterápica cardiorres- piratória com as outras avaliações fisioterápicas. 1. AvAliAção fisioterápicA gerAl A avaliação fisioterápica geral diz respeito, como o próprio nome já relaciona-se, com o estado geral do paciente. Em doentes do sistema cardiorrespiratório, veremos itens além daqueles aprendidos na avaliação musculoesquelética. Muito frequentemente, patologias cardíacas refletem acometimentos prejudiciais aos pulmões e vice-versa. Na insuficiência cardíaca esquerda, há um comprometimento na circulação sistêmica, onde a musculatura ventricular esquerda é insuficiente para bombear o sangue. Isso resulta em acúmulo de sangue nessa câmara, aumentando a força pressórica na cavidade anterior (átrio esquerdo) e nos vasos sanguíneos antecedentes (veias pulmonares). Ocorre, assim, congestão pulmonar com sangue e consequente edema pulmonar, com elevação das pressões pulmonares. Por outro lado, a cor pulmonale é uma doença na qual ocorre diminuição da capacidadede funcionamento das câmaras direitas do coração, por doença pulmonar (hipertensão pulmonar). Dessa forma, pacientes com doenças como insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, cardiopatias congênitas e doenças das artérias, veias e válvulas, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), cor pulmonale, edema pulmonar, fibrose cística e outras são avaliados no âmbito cardiorrespiratório, pois podem desencadear afecções em ambos os sistemas. O fisioterapeuta cardiorespiratório atua geralmente em clínicas, ambulatórios e, principalmente, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dos hospitais. 1.1. Definição de avaliação cardiorrespiratória A avaliação cardiorrespiratória é o conjunto de medidas realizadas para avaliar acometimentos nos sistemas cardiovascular e respiratório a fim de determinar o melhor tratamento para a reabilitação ou prevenção das patologias cardiorrespiratórias ou mesmo manutenção das funções relativas a esses sistemas. Em outras palavras, a avaliação cardiorrespiratória, após a apresentação paciente-profissional, é a primeira conduta desempenhada pelo fisioterapeuta, nesse caso. Logicamente, assim como todos os tipos de avaliações da saúde, a avaliação cardiorrespiratória na fisioterapia é fundamental para a busca ou a confirmação do diagnóstico e a determinação da conduta desempenhada posteriormente com o paciente. Não podemos esquecer de que ambos os sistemas (cardiovascular e respiratório) exercem funções vitais no organismo, por isso, merecem atenção redobrada. Se aprendemos que uma boa avaliação precisa ser minuciosa e individualizada, isso se aplica fielmente e com mais vigor na área cardiorrespiratória. Negligenciar etapas poderá comprometer seriamente a saúde do paciente. Por exemplo: não perceber o uso de marca-passo cardíaco; orientar exercícios de força, indiscriminadamente, para doentes cardíacos que apresentam pressão arterial elevada; fazer manobras de reexpansão pulmonar em DPOC etc. Em contrapartida, é possível melhorar consideravelmente as condições física, social e mental desses pacientes, tornando-os capazes de retomar suas atividades diárias. Tudo dependerá de uma boa avaliação, dos conhecimentos teórico-práticos do fisioterapeuta e, claro, do grau de acometimento da patologia. 1.2. Métodos de avaliação fisioterápica cardiorrespiratória Os métodos de avaliação fisioterápica cardiorrespiratória referem-se aos procedimentos adotados pelo fisioterapeuta na busca das causas relacionadas à queixa principal, aos sinais e aos sintomas do paciente durante a avaliação, concernentes ao sistema cardiorrespiratório. Lembre-se de que os dados podem ou não ser referidos pelo paciente, o que exige atenção e critérios do profissional fisioterapeuta. Tais métodos abrangem desde a análise de expressões, movimentos, deformidades, estado dos músculos respiratórios, condições de moradia, sinais vitais e outros. Para tanto, dispõe-se de equipamentos eficazes que serão referidos a seguir. O fisioterapeuta exerce um papel primordial na reabilitação cardiorrespiratória e esse papel, como sabemos, é iniciado com uma boa avaliação. Você se lembra das etapas de uma avaliação fisioterápica? Vamos recapitular: As etapas de toda avaliação seguem os dados de identificação, a anamnese, o exame físico e os exames complementares. Dentro da anamnese, temos a queixa principal e a História da Doença Atual (HDA), que pode somar-se ao histórico familiar e pregresso, aos hábitos de vida etc. O exame físico abrange a inspeção (geral e específica), a medida dos sinais vitais (pressão arterial, pulsações, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura), a palpação, a ausculta e a análise dos exames complementares, dentre eles, o hemograma completo, a gasometria arterial, a espirometria, o raio-X, o ECG e outros. Comentaremos aqui alguns. Memorize Não se esqueça de que, na sua ficha de avaliação, enquanto fisioterapeuta, devem constar também os objetivos, o cronograma de tratamento e as condutas realizadas. Vamos começar com o estudo da anamnese, uma vez que os dados de identificação dizem respeito às informações que identificam o paciente e são comuns para qualquer tipo de avaliação fisioterápica. Devemos ressaltar, entretanto, que pode haver relação desses dados, como idade, sexo e condições de moradia com determinadas patologias cardiorrespiratórias. Comece, então, a pensar nesse tipo de relação e identifique doenças associadas ou agravadas pelos dados que acabaram de ser citados. Alguns exemplos: 1 - Grande parte das mortes antes dos 70 anos de idade é causada por doenças cardiovasculares. 2 – A perda da qualidade de vida, gerando incapacidades e alto grau de limitação dos doentes, deve-se às doenças cardiovasculares (SCHMIDT et al., 2011). 3 - Tabagismo, consumo abusivo de álcool, excesso de peso, níveis elevados de colesterol, baixo consumo de frutas e verduras e sedentarismo são fatores de risco que devem ser monitorados nas doenças cardiovasculares (GAZIANO; GALEA; REDDY, 2007). 1.3. Anamnese É de extrema importância, durante a anamnese, que o fisioterapeuta colha, além dos dados mencionados, a história pré-mórbida do paciente: fatores como profissão, recreação e ambientes da família e do lar e uso de medicamentos ajudam a compreender a situação geral em que o doente se encontra. Geralmente, pacientes cardiorrespiratórios são dotados de influências psicológicas que favorecem a depressão e, consequentemente, a descrença e a falta decolaboração no tratamento; é um frequente fator de exclusão da sociedade, uma vez que compromete, de leve a moderadamente, as atividades da vida diária. Assim, a queixa principal varia desde cansaço físico leve à impossibilidade de realizar movimentos simples, como escovar os dentes e pentear os cabelos. Na HDA, pode haver histórico de cirurgia antiga ou recente, infarto ou angina, crises de dispnéia (dificuldade de respirar), perda de autonomia nas atividades de maior gasto energético ou mesmo atividades leves. Por vezes, o paciente leva uma vida normal e independente; por outras, é permanentemente acompanhado pelo fisioterapeuta. É imprescindível que, por meio da HDA, o fisioterapeuta analise as capacidades e as limitações do paciente, sempre com base nas avaliações funcional e clínica para, assim, desenvolver um plano de tratamento com o objetivo de melhorar a capacidade de mobilidade e as condições física, social e mental do doente, tornando-o capaz de retomar suas atividades diárias. A frequência dependerá do estado clínico e a reabilitação deve ser multidisciplinar, com a colaboração do paciente e de sua família. Figura 5: Programa de reabilitação cardíaca. A figura mostra o acompanhamento de um paciente pelo fisioterapeuta. O exercício é feito na esteira, com monitorização profissional. Fonte: http://goo.gl/mcwvXc Pratique 5. O que você entende por avaliação fisioterápica cardiorrespiratória? 6. Qual a importância da avaliação cardiorrespiratória para pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)? 7. Que métodos de avaliação fisioterápica cardiorrespiratória você conhece? 8. Que semelhanças e diferenças você consegue identificar nas avaliações funcional musculoesquelética e cardíaca? Relembre Para introduzir o paciente na prática de atividades físicas dinâmicas (exer- cícios aeróbios), este terá que ser capaz de responder a um gasto energético mais elevado do que atividades habituais. Desse modo, torna-se necessária uma detalhada e minuciosa avaliação cardiorrespiratória. Da mesma forma, esse tipo de avaliação dispõe de a colheita dos dados de identificação; da anamnese; do exame físico e dos testes específicos e exames complementares. Além das etapas comuns de qualquer avaliação, a percussão e a ausculta são procedimentos adicionais, realizados em pacientes acometidos por patologias cardiorrespiratórias. Capítulo 03 – Exame Físico Objetivos de aprendizagem • Reconhecer e diferenciar as etapas: inspeção, palpação eausculta cardiopul- monares; • Identificar sinais e sintomas cardiorrespiratórios; • Conhecer sons normais e patológicos do exame de ausculta cardiopulmonar. 1. INSPEÇÃO Essa etapa, como mencionado anteriormente, faz parte do exame físico da avaliação, junto com palpação, ausculta, testes específicos e análise dos exames complementares, os quais você verá nas próximas páginas. Na inspeção, a área a ser avaliada deve estar desnuda e observam-se: cooperação e motivação do paciente; expressão facial indicativa de dor (dor torácica, sinal de Levine) ou postura antálgica (incluindo a marcha); presença de marca-passo cardíaco e cicatrizes (indicativo de procedimento cirúrgico); padrão respiratório; uso de musculatura acessória (indicativo de fraqueza dos músculos respiratórios com dispnéia intensa e hipertrofia dos músculos do pescoço); formato do tórax; tosse e escarro; abaulamento ou retração do precórdio; edema de membros inferiores; ascite (acúmulo de líquido no interior do abdômen, também chamado “barriga d’água”); cianose (isquemia) etc. A seguir, você conhecerá melhor sobre alguns desses itens. 1.1. Sinais característicos Damos o nome de “sinal”, na avaliação, a tudo que pode ser percebido pelo profissional sem que o paciente precise informar. Isto é, os sinais podem ser observados e identificados sem a necessidade de um relato. Em toda avaliação, alguns sinais predispõem fortemente a um diagnóstico. Sem dúvida, o diagnóstico é confirmado por uma série de evidências que uma boa avaliação propicia, mas certos sinais são característicos de algumas patologias. Observe, a seguir, mais alguns deles, ligados a patologias cardiorrespiratórias. • Sinal de Levine: o indivíduo põe o punho fechado no centro do esterno, evidenciando a qualidade violenta da dor (EDMONDSTONE, 1995). Figura 6: O sinal de Levine indica a angina do peito ou angina pectoris, que é uma patologia grave. Fonte: http://goo.gl/uZmUW1 Atenção ! O sinal de Levine é o ato de o doente colocar a mão fechada sobre o peito, indicando angina (dor torácica ou sensação de pressão no peito, que ocorre quando há isquemia do miocárdio, ou seja, insuficiência no recebimento de oxigênio, por parte do músculo cardíaco). • Expiração com os lábios semicerrados: esse tipo de respiração, na qual o indivíduo respira pela boca, com os lábios semicerrados, é aprendido nstintivamente pelo paciente com DPOC (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2000). É interessante que essa atitude de cerrar os lábios desloca o ponto de igual pressão para áreas mais próximais das vias aéreas, ajudando a desinsuflar o pulmão do DPOC e do asmático, que são hiperinsuflados por aprisionamento de ar. Material complementar Leia mais sobre DPOC e ponto de igual pressão no artigo Patogenia da doença pulmonar obstrutiva crônica disponível em: http://goo.gl/rLZtZJ. Além de descrever o ponto de igual pressão, o autor faz um resumo sobre a fisiopatologia da DPOC, abrangendo o histórico da doença e os acometimentos decorrentes da mesma. 1.2. Tórax, deformidades e vasos sanguíneos Por meio da inspeção (observação e análise) de estruturas como tórax, artérias e veias, pode-se detectar vários outros sinais de acometimentos cardior- respiratórios. Veja alguns deles: Presença de marca-passo cardíaco e cicatrizes: o marca-passo cardíaco é um dispositivo elétrico implantado cirurgicamente abaixo da clavícula, próximo ao ombro (Figura 7.A), através de anestesia local. Tem a função de regular os batimentos cardíacos e é fácil de ser visualizado, uma vez que fica em uma região subcutânea ou submuscular. Então, o fisioterapeuta é capaz de observar o volu- me do aparelho abaixo da pele, a não ser que seja grande quantidade de gordura do paciente nessa área. Cicatrizes torácicas são indicativos de cirurgia (Figura 7.B); estas podem ter sido no próprio coração, pulmão etc. Figura 7. Inspeção em pacientes cardiorrespiratórios. (A) Marca-passo cardíaco (B) Cicatriz cirúrgica. (A) (B) Fontes: http://goo.gl/HDzB84 / http://goo.gl/KXbih1 O padrão respiratório do paciente pode evidenciar fraqueza diafragmática e angústia respiratória. Para avaliar esse item, o fisioterapeuta observa a movimentação do tórax e do abdômen durante as incursões respiratórias. O padrão apical é aquele no qual o paciente movimenta com maior amplitude a parte superior do tórax e pode vir associado ao uso de musculatura acessória do pescoço (Figura 8); o padrão costodiafragmático, tido como padrão fisiológico, é atribuído àquele onde o paciente, na inspiração, infla os pulmões em sua totalidade, com abaixamento do diafragma e afastamento das costelas nos sentidos superior, lateral e posterior (parte posterior das costelas), deslocando as vísceras para frente; o padrão abdominal se refere ao movimentto abdominal predominante ao costal (ideal para cantores); o padrão paradoxal é aquele no qual ocorre uma inversão do padrão fisiológico, indicando aumento da carga inspiratória por patologias obstrutivas, lesões de nervo frênico, paralisias diafragmáticas, traumas torácicos e outros fatores. Pode levar a uma fadiga muscular e posteriormente falência muscular respiratória, caso o quadro persista. Figura 8. Musculatura acessória do pescoço. Fonte: https://goo.gl/l24S1z Link para WEB No link a seguir, você encontrará um vídeo que representa uma simulação da respiração paradoxal. Observe a inversão dos movimentos respiratórios de diafragma e caixa torácica mostrados. Disponível em: https://goo.gl/RU8kXs. O formato do tórax é um quesito clássico em avaliações do sistema respiratório. Deformidades ósseas, como hipercifose torácica, cifoescoliose, tórax de sapateiro ou peito em funil (pectus scarvatum), peito de pombo (pectus carinatum) e tórax em tonel (aumento do diâmetro anteroposterior - barrel chest), alteram a capacidade ventilatória, podem estar associadas a doenças restritivas, como a fibrose cística ou obstrutivas, como asma e DPOC. A existência de varizes, linfedema e ascite (Figuras 9.B e 9.C.; comparar com o indivíduo normal - Figura 9.A) propõem a existência de déficits circulatórios. O edema crônico pode causar redução na disponibilidade de oxigênio, propiciando um meio de cultura bacteriana, o que resulta em inflamação e infecção. Figura 9. Sinal de ascite. A. Esquema ilustrativo de um indivíduo normal. B. Esquema ilustrativo de um indivíduo com ascite. C. Foto real de um indivíduo com ascite. Fonte: http://goo.gl/HA55nW Pratique 9. Como você percebeu, discutimos vários itens considerados “sinais” até aqui. Recapitule e cite quatro desses sinais e o que eles podem indicar. 1.3. Tosse e escarro A avaliação da tosse e do escarro são essenciais para avaliar pacientes com problemas cardiorrespiratórios, uma vez que são indicativos fortes de afecções, ou seja, alterações capazes de gerar uma doença. A tosse é um fator frequente observado em pacientes com doença pulmonar e habitualmente ocorre por estimulação dos receptores da tosse por processos inflamatórios, muco, materiais estranhos ou gases nocivos. É também um meio de defesa do organismo, o qual, por meio das vias aéreas, explusa materiais nocivos ao mesmo. Portanto, a tosse deve ser eficaz e isso depende da força muscular inspiratória, da capacidade pulmonar e do nível de resistência das vias aéreas. Pacientes com incapacidade para tossir, normalmente, apresentam problemas de retenção de secreções e, consequentemente, maior propensão à pneumonia e a outros problemas. O fisioterapeuta deve verificar se a tosse é seca ou úmida, produtiva ou improdutiva, aguda ou crônica, assim como a hora e a situação em que ela ocorre. Por exemplo, uma tosse seca e não produtiva é típica de insuficiência cardíaca congestiva e fibrose pulmonar. Uma tosse úmida e produtiva associa-se frequentemente à bronquite e à asma. Tosse aguda e autolimitada pode ser sinalde uma infecção viral das vias aéreas superiores e tosse crônica pode indicar asma, bronquite crônica e refluxo gastroesofágico. Embora fisiologicamente as vias aéreas produzam muco (escarro) diariamente, a quantidade desse muco é mínima e, por isso, não deve estimular os receptores da tosse. O muco, então, é deglutido ou expectorado. A produção elevada de muco leva o paciente a realizar uma tosse úmida e produtiva (bronquite aguda ou crise de asma desencadeada por infecção das vias aéreas). A coloração do escarro pode ser branca ou mucoide (bronquite crônica e asma brônquica, quando não há infecção bacteriana superposta); amarelo-esbranquiçada ou mucopurulenta; amarela ou purulenta; com sangue (hemoptise – tuberculose pulmonar, neoplasia brônquica central e tromboembolismo pulmonar). A viscosidade e o odor também são importantes. Secreções fétidas são indicativas de infecção respiratória. Material complementar Complemente seus conhecimentos sobre tosse e escarro acessando o link <http://goo.gl/bK5FPu>. No artigo, a autora confronta as características dos sinais mencionados com as respectivas patologias e os seus agentes causadores, além de ressaltar a importância dessa análise na prática diária da avaliação do paciente. 2. pAlpAção e percUssão Durante a palpação da parede torácica ou dos membros, na avaliação cardiorrespiratória, podem ser reproduzidos sintomas de dor; podem ser sentidas as pulsações cardíacas; frêmitos, indicando a presença de sopros; precórdio; levantamento sistólico e pulsações epigástricas (pulsações da aorta sentidas na parede abdominal). A percussão torácica é feita por meio da digito percussão de pontos na caixa torácica que reproduzirão sons advindos da mesma. O som pulmonar claro (timpânico) é grave, alto e longo. O som maciço pode indicar presença de líquido na região percutida (exemplo: derrame pleural) e é curto e seco. O som hipertimpânico pode indicar aprisionamento de ar na caixa torácica e é semelhante ao timpânico, porém, em maior intensidade. Pode-se palpar também edema em membros superiores e inferiores para verificar sua consistência. A palpação de um edema duro e com aspecto da pele opaca, a demora no retorno da área comprimida (acima de 5 segundos) identifica excesso e estase de líquidos no interstício, favorecendo a formação de um processo inflamatório. Assim, o fisioterapeuta sente um edema “duro”, no qual o tecido não se deprime à pressão do dedo (Figura 10). Figura 10. Palpação do edema. A figura mostra a digito pressão na região anterior de uma perna edemaciada à esquerda) e o aspecto após a palpação, indicando estase de líquido. Fonte: http://goo.gl/QhE44Y Link para WEB Observe a realização de um exame de percussão torácica neste link: <https:// goo.gl/HRt0Ya>. Atente que esse exame é feito de forma bilateral e com a região a ser avaliada desnuda. A percussão não é realizada sobre estruturas ósseas, mas no espaço entre elas, nas partes anterior, lateral e posterior do tronco do indivíduo. Tente identificar e reconhecer o som, que, nesse caso, é normal. 3. AUscUltA O exame de ausculta é aquele aplicado para ouvir os sons provenientes dos batimentos cardíacos e dos movimentos de insuflação e desinsuflação dos pulmões. Esse exame deve ser realizado em ambiente silencioso, como tórax desnudo e o estetoscópio comprimido contra a parede torácica, diretamente sobre a pele (Figura 11). Figura 11: Exame de ausculta. Figura mostrando o aparelho “estetoscópio” comprimido contra o tórax do paciente. Fonte: http://goo.gl/DbE29X. 3.1. Cardíaca Os focos de ausculta cardíaca são locais de captação do ruído das valvas, os quais, nem sempre, correspondem à localização anatômica. O paciente permanece em decúbito dorsal (posição mais confortável) e o fisioterapeuta de pé, à sua direita. Os ruídos audíveis na ausculta cardíaca correspondem às bulhas cardíacas que reproduzem os sons de fechamento das válvulas atrioventriculares (1ª bulha) e das válvulas semilunares (2ª bulha). No quadro 1, evidenciam-se os principais focos de ausculta e sua localização: FOCOS DE AUSCULTA LOCALIZAÇÃO Foco aórtico 2º espaço intercostal direito, próximo ao esterno. Foco pulmonar 2º espaço intercostal esquerdo, próximo ao esterno. Foco tricúspide Região inferior do esterno, na linha paraesternal esquerda, junto ao apêndice xifoide. Foco mitral 5º espaço intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular (região do ictus cordis). Fonte: produzido pela autora (2016) O foco pulmonar é o melhor ponto de ausculta para a 2º bulha, enquanto o foco mitral é o melhor ponto de ausculta para a 1º bulha. Dentre os ruídos anormais do coração, podemos citar os sopros (na estenose aórtica, insuficiência tricúspide, insuficiência mitral etc.), o ritmo de galope (na insuficiência cardíaca), o atrito pericárdico (na pericardite aguda) e outros. ?? Curiosidade Você certamente já deve ter ouvido os sons normais do coração, são identificados um som mais prolongado e mais grave e outro de duração menor e mais agudo: “TUM-TÁ”. O primeiro som citado corresponde à 1º bulha cardíaca e o segundo corresponde à 2º bulha cardíaca. As 3ª e 4ª bulhas são raramente encontradas em adultos. Nesses indivíduos, a presença da 3ª bulha é sinal de disfunção sistólica do ventrículo esquerdo e pode ser o único achado em um paciente assintomático com essa patologia. A 4ª bulha indica situações clínicas em que os ventrículos apresentam redução da complacência. 3.2. Pulmonar Durante o exame de ausculta pulmonar, o fisioterapeuta pode ouvir ruídos advindos dos pulmões e das vias aéreas. Dentre eles temos os chamados murmúrios vesiculares (fisiológicos) e os ruídos adventícios (patológicos). Realiza-se esse exame sempre de modo comparativo, ou seja, em ambos os lados dos pulmões, nas regiões anterior (livrando clavícula e área cardíaca), lateral e posterior (livrando a escápula). Considere alguns ruídos adventícios: • Estertores crepitantes: som fino no final da inspiração e no início da expiração, indicando presença de líquido alveolar. Exemplo: atelectasias, pneumonias, síndrome da angústia respiratória no adulto (SARA). • Estertores subcrepitantes: som fino no final da expiração e no início da inspiração, indicando secreção em vias aéreas de médio e pequeno calibres. Exemplo: pneumonia e edema agudo de pulmão. • Sibilos: sons agudos e altos espalhados por todo o tórax. Podem ser ouvidos na inspiração, na expiração ou em ambas e indica broncoespasmo. Exemplo: asma. • Roncos: sons graves originados pela vibração das paredes brônquicas, sugerindo presença de secreção nas vias aéreas de grosso calibre. Exemplo: bronquite. Link para WEB Assista ao vídeo a seguir, nele, um fisioterapeuta ensina a realizar a auscul- ta pulmonar e no final você poderá observar um escrito sobre ruídos adventícios. Disponível em: https://goo.gl/5ki2jx. Pratique 10. Comente acerca da inspeção cardiopulmonar. 11. Cite e explique alguns sinais e sintomas clínicos de pacientes com patologias cardiorrespiratórias. 12. Disserte sobre a etapa “Ausculta” de uma avaliação cardiorrespiratória fisiote- rápica. 13. Discuta sobre a avaliação do escarro. Relembre As etapas de inspeção e palpação cardiorrespiratórias seguem parâmetros semelhantes à qualquer avaliação fisioterápica no sentido de que, na inspeção, procura-se por sinais, ou seja, condições vistas pelos fisioterapeutas sem a necessidade de relato do paciente, como a expressão facial de dor, o edema, deformidades torácicas etc; na palpação, busca-se pontos dolorosos. Certamente, existem também peculiaridades, como o sinal de Levine, o uso de marca-passo cardíaco e outros. O exame de ausculta permite ao fisioterapeuta reconhecer sons fisiológicos ou anormais (patológicos) advindos dos pulmões e do coração. Anotações Capítulo 04 – Testes Específicos e Exames Complementares Objetivos de aprendizagem • Identificar os exames complementares da avaliação cardiorrespiratória:teste de esforço, espirometria, ECG e Raio-X; • Relacionar os resultados observados nos exames complementares com o diagnóstico em fisioterapia cardiorrespiratória. 1. teste De esforço Também chamado teste ergométrico, o teste de esforço é o registro da atividade elétrica do coração durante o esforço físico. Durante o esforço, o paciente é submetido a um ECG, avalia-se a pressão arterial, os sintomas referidos e sua aptidão física. Solicita-se a realização de esforços físicos gradativos até o limite submáximo. Caso haja queixa de dor ou alterações eletrocardiográficas, o paciente é encaminhado para a cineangiocoronariografia (cateterismo cardíaco). Na grande maioria dos casos, esse teste é realizado com esteira rolante, mas pode ser feito em bicicleta ergométrica. Pode ser parte integrante da espiro- metria e embasa uma correta prescrição da carga de trabalho em programas de recondicionamento aeróbio. Para isso, é claro, é necessário que haja uma detalha- da e minuciosa avaliação cardiorrespiratória dinâmica. 4.2. Espirometria A espirometria, prova de função pulmonar, teste do sopro, ou ainda prova de função ventilatória é um exame para medir volumes e capacidades pulmonares e fluxo respiratório. O paciente respira pela boca através de um tubo conectado a um espirômetro que fará o registro. Sobre o nariz é colocado um clipe nasal para que, durante o teste, a respiração seja apenas pela boca. O registro é obtido através de gráficos fluxo-volume e volume-tempo (Figura 12). Doenças como asma, bronquite, bronquiectasia, enfisema, fibrose cística, e outras devem ser avaliadas na espirometria. A eficácia do tratamento médico na doença também é analisada de acordo com o resultado do exame. Figura 12: Registros obtidos pelo exame de espirometria. A. Curva fluxo-volume. B. Curva volume-tempo. C. Curvas fluxo-volume características de um paciente com patologia pulmonar obstrutiva (à esquerda), normal ou com patologia pulmonar restritiva (à direita). Fonte: Pereira, 2002. Link para WEB Leia mais sobre espirometria e outros testes de função pulmonar em afecções como DPOC e asma acessando o link: <http://goo.gl/chq2U2>. O artigo traz uma breve descrição dessas doenças, abordando semelhanças e diferenças entre elas que ajudam, junto à leitura dos exames, na elucidação do diagnóstico. 4.3. Eletrocardiograma (ECG) As arritmias cardíacas são distúrbios ocasionados por alterações na for- mação e/ou na condução do impulso elétrico por meio do tecido do miocárdio, podendo, assim, modificar a origem e/ou a difusão fisiológica do estímulo elétrico do coração, motivo pelo qual têm no ECG o método de escolha para seu estudo e diagnóstico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2003). Na figura 13, você pode observar as ondas que descrevem um ECG normal. Figura 13. Eletrocardiograma. A. Desenho esquemático das ondas de um ECG normal. B. Exemplo de EGC normal. BA D1 D2 D3 aVR aVL aVF V1 V4 V2 V5 V3 V6 Onda P Intervalo PR Sístole Elétrica Intervalo QT Diástole Elétrica Onda UOnda TSEG Pto JQRSSEG PR ST Fonte: http://goo.gl/fI674u / Feldman, Goldwasser (2004). São detectáveis através do ECG o infarto agudo do miocárdio, a taquicardia (aumento da frequência cardíaca), a bradicardia (diminuição da frequência cardíaca), a extra-sístole (palpitação, ritmo galopante – pode ser observada no átrio ou no ventrículo), a assistolia (parada cardíaca) e outros distúrbios. Exercícios resolvidos • Observe a figura a seguir e compare A e B. O ECG está igual em ambas? Em relação ao conjunto de ondas, qual das duas apresenta um número maior? Figura 14: Eletrocardiograma (ECG). A. ECG de um indivíduo com bradicardia. B. ECG de um indivíduo com taquicardia. A B Fonte: http://goo.gl/T9EscP Note que o ECG é traçado em uma folha de papel dividida em pequenos quadrinhos, ou melhor, em colunas de quadrinhos. Se você comparar as figuras 13.B. e 14.A. e 14.B., verá que, para cada 5 colunas de quadradinhos, a quantidade de ondas varia. O traçado da figura 13.B. corresponde a um ECG normal. Os traçados da figura 14.A. e 14.B. correspondem, respectivamente, à taquicardia, ou seja, ao aumento dos batimentos cardíacos por minuto (frequência cardíaca) e à bradicardia, que significa diminuição dos batimentos cardíacos por minuto (frequência cardíaca). Agora, pesquise em outras referências sobre mais alterações que você po- derá constatar em ECGs anormais. 4.4. Raio-X O raio-X é um exame importante no diagnóstico de patologias cardiorrespiratórias. A localização da lesão em relação ao pulmão ou às estruturas mediastinais sugere um possível diagnóstico. Nas lesões cardiopulmonares, destacam-se como fatores importantes a serem visualizados: tamanho da lesão e sua relação com as estruturas adjacentes, dentre outros. Podem ser observados, como alterações patológicas, o aumento exagerado do órgão, calcificações na artéria aorta, pneumonias, atelectasias, der- rame plural, pneumotórax, neoplasias etc. Material complementar O artigo de referência LAUAND, L. S. L. et al., 2008 fornece orientações com mais detalhes sobre a utilidade desse exame complementar nas patologias cardiorrespiratórias, ressaltando sua importância nos dias de hoje, mesmo com o grande avanço tecnológico e o surgimento de outros métodos de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia. Apesar de nosso foco para esse material ser a avaliação fisioterápica, todo o intuito nesse método é direcionado para uma reabilitação eficaz, na qual o trata- mento visa à prevenção de complicações e permitir que o paciente retome às suas atividades básicas, como locomoção, higiene e alimentação. O contato do fisioterapeuta com pacientes que têm problemas cardiorrespi- ratórios pode ser na unidade de terapia intensiva, na enfermaria, no consultório ou mesmo em casa. Assim, logicamente, há peculiaridades que vocês só adquirirão na prática, como estabelecer prioridades, tanto na avaliação quanto no tratamento imediato. O trabalho deve ser multidisciplinar, dando atenção ao paciente como um todo e como um ser único, possuindo o lado físico-social e mental. São, portanto, desenvolvidos programas individuais para que o paciente atinja seus objetivos de maneira segura e no menor período de tempo possível. O fisioterapeuta deve avaliar, antes e depois, pacientes que serão submetidos à cirurgia e o ideal é que haja acompanhamento durante todo o tratamento. E nunca se esqueça: o que você não julgar capaz de fazer solicite a um outro profissional da equipe, pois, importante mesmo é agir apropriadamente para melhorar ou mesmo salvar uma vida. Pratique 14. Qual a importância dos exames complementares para a avaliação fisioterápica cardiorrespiratória? 15. O que o fisioterapeuta pode observar no exame de raio-X, na avaliação cardior- respiratória? 16. Explique o que você sabe sobre o teste de esforço ou teste ergométrico. 17. Defina espirometria. Relembre O teste de esforço ou teste ergométrico registra a atividade elétrica do coração durantre o esforço físico, no qual o paciente o realiza gradativamente até o limite submáximo. É realizado, comumente, com esteira rolante ou bicicleta ergométrica. A espirometria, conhecida como prova de função pulmonar, teste do sopro ou prova de função ventilatória é um exame para medir volumes e capacidades pulmonares e fluxo respiratório. Doenças como asma, bronquite, bronquiectasia, enfisema, fibrose cística e outras devem ser avaliadas através da espirometria. O ECG é um exame muito utilizado em pacientes cardiopatas e detecta, dentre outros acometimentos, as arritmias cardíacas (taquicardia, bradicardia, extra-sístole etc). Referências AIRES, M. M. Fisiologia. 3. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. BENSEÑOR, I. M. Anamnese, exame clínico e exames complementares como testes diagnósticos. Rev Med, n. 4, p. 236-241, 2013. BERNE et al. Fisiologia. 5. ed. Mosby, 2004. 1082p. 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