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TCC - ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM AUTISMO ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA PROMOVER A INCLUSÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL

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FARESE
FACULDADE DA REGIÃO SERRANA
ATEMILSON DE JESUS
ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM AUTISMO: ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA PROMOVER A INCLUSÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL
AIQUARA - BA
2023
ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM AUTISMO: ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA PROMOVER A INCLUSÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Atemilson de Jesus[footnoteRef:1]. [1: atemilson.pastor@gmail.com] 
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
RESUMO – O autismo é considerado uma doença multifatorial e sua etiologia está relacionada a fatores genéticos, ambientais, imunológicos e neurológicos. O objetivo do estudo é apresentar os principais aspectos da educação para a criança e adolescente autista, essencialmente, a alfabetização, e as metodologias de aprendizagem que podem ser desempenhadas para uma maior eficácia do processo de ensino-aprendizagem e inclusão da criança e adolescente autista. O artigo se baseia em uma revisão bibliográfica, aplicado uma metodologia qualitativa, bem como uma metodologia exploratória e descritiva. A adversidade que a educação perpassa, demanda uma compreensão de como acontecem às relações sociais, didáticas metodológicas da criança portadora de TA, já na educação infantil. A forma como o autismo intervém no desenvolvimento do indivíduo exerce na pessoa com o transtorno de maneira a criar pensamentos e funções exclusivas, com definição dos obstáculos sendo: a dificuldade de absorver e responder de maneira apropriada às situações do cotidiano, entre elas, a alfabetização. Além de ultrapassar os problemas estruturais o professor deve compreender e trabalhar com as particularidades que a alfabetização de crianças com TEA possuem. Entre elas a recusa nas técnicas normais de ensino, um déficit mental moderado, mudanças na qualidade de sono, inexistência de perigo e a dificuldade de contato visual com outros.
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Contexto Escolar; Alfabetização.
1. INTRODUÇÃO
O autismo é considerado uma doença multifatorial e sua etiologia está relacionada a fatores genéticos, ambientais, imunológicos e neurológicos. O diagnóstico é dificultado pela apresentação de sinais potencialmente diferentes que são relevantes para cada pessoa e esses sinais nos primeiros anos de vida. É considerado um transtorno de comportamento que, além do interesse limitado pelas atividades, prejudica a interação social, a comunicação e apresenta padrões de comportamento repetitivos e rígidos.
Em 2013, foi lançado o DSM 5, que adotou o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) como categoria diagnóstica, alterando assim os critérios diagnósticos para autismo. As doenças incluídas são: autismo, doença, sprinkle disease e doenças agressivas do desenvolvimento sem outras especificações. Essas categorias passaram a ser consideradas pertencentes à mesma categoria de autistas, e não estavam mais em condições diferentes. A síndrome de Rett já fez parte dela e agora é considerada uma doença única que não pertence ao TEA (ZAUZA; BARROS; SENRA, 2015).
A sociedade contemporânea com padrões pré-estabelecidos exclui qualquer coisa que esteja divergindo deste padrão, de forma que os educadores convivem e precisam quebrar este paradigma quando incluem no ambiente escolar, crianças portadoras de deficiência. Portanto, o presente artigo tem como objetivo apresentar os principais aspectos da educação para a criança autista, essencialmente, a alfabetização, e as metodologias de aprendizagem que podem ser desempenhadas para uma maior eficácia do processo de ensino-aprendizagem e inclusão da criança autista. 
Ademais, o estudo tem como justificativa a importância do foco aos progressos direcionados a uma educação justa e acessível, os professores continuam a viver, sob um escudo de oposições, com intensidade variável frente a dificuldade de ensinar para a diversidade, porém a consequência e o funcionamento desta ação são a forma complexa da sociedade e essencialmente de suas carências de formação e local de trabalho. Visto que é a sociedade que uma criança, com necessidades especiais, bem como a família, se depara ao buscar apoio especial no campo da educação. Frente esta realidade é importante abordar a respeito do autismo, buscando um melhor entendimento.
O artigo se baseia em uma revisão bibliográfica, uma vez que se pretende reunir as informações já encontradas sobre o assunto, e será aplicado uma metodologia qualitativa, com foco no caráter subjetivo da bibliografia analisada, por conceitos, definições, posições e opiniões, bem como uma metodologia exploratória e descritiva. 
2. METODOLOGIA 
2.1 O Transtorno do Espectro Autista
A primeira definição do Autismo é datada de 1943, no artigo Distúrbios Autistas do Contato Afetivo (Austistic disturbances of affective contact) escrito pelo psiquiatra infantil Leo Kanner. Publicada na revista Nervous Children (1943 nº2). Kanner (1943) percebeu em sua atuação profissional, que um grupo de crianças se diferenciava das outras pela incapacidade de se relacionar com as pessoas e pela forte resistência a mudanças (ZAUZA; BARROS; SENRA, 2015). 
Kanner descreve o autismo como uma incapacidade de desenvolver o relacionamento social; em segundo lugar, implica uma vida imaginária inexistente. Kanner apropriou-se do termo autismo em pregado em 1911 pelo psiquiatra suíço Bleuler. Ele sugeria inicialmente “um retraimento” fora das relações sociais, que implica uma vida imaginária rica, e ainda postula uma ligação com a esquizofrenia dos adultos. Houve confusão entre os conceitos. Estes conflitos segundo Cardoso et al. (2019) explicam o fato de que os psiquiatras terem algumas vezes, utilizado de forma permutável os diagnósticos de esquizofrenia infantil, psicose infantil e de Autismo.
O estudo de Kanner apontou para uma sintomatologia, que acompanha a criança desde o nascimento: não ter ou manter contato com o ambiente, não apresentar mudanças na expressão facial diante de estímulos advindos do ambiente, não manter contato visual, problemas na aquisição da fala, dificuldade de generalizar conceitos, de usar o pronome eu, o uso da prosódia, tendência a ignorar o que lhe é perguntado, recusa determinados alimentos, palavra dada ao ato de ingerir objetos não comestíveis, como, giz e sabonete, por exemplo, comportamento repetitivo, criação e manutenção de rotinas, sensibilidade aguçada, para mais ou para menos, dos sentidos, ser suscetível a crises ansiosas diante de mudanças ou alterações bruscas dos ritos (PAPIM ; SANCHES, 2013).
Schwaetzman (2011) acredita que sua origem é determinada por fatores multicausais, mas não existem respostas suficientes que os determinem, especificamente. Dentro do cenário científico, existem hipóteses de causas psicoafetivas, que o autismo decorreria de impasses na constituição subjetiva do sujeito ou de perturbações profundas na relação da criança com o meio. Ainda existem hipóteses de causas neurobiológicas ou geneticamente determinadas, as quais priorizam proposições em que o autismo seria ocasionado por condições genéticas, anormalidades cerebrais, alterações neuronais ou translocações cromossômicas (GUEDES; TADA, 2015).
2.2 A criança autista no cotidiano escolar
Brande e Zanfelice (2012) apontam que o autismo é considerado distúrbio do desenvolvimento que, normalmente, surgirá nosprimeiros três anos de vida e atinge a comunicação, a interação social, a imaginação e o comportamento, sendo uma condição que prossegue até a adolescência e vida adulta. Ademais, os indivíduos com distúrbios do espectro do autismo têm dificuldade em entender o ponto de vista ou as ideias ou sentimentos alheios.
A verdade é que as dificuldades começam a aparecer no âmbito escolar no momento em que a criança é solicitada a cumprir metas e a seguir rotinas, executar tarefas e ser recompensada e punida de acordo com a eficiência com que são cumpridas. Agora ela já não pode contar com os pais ou cuidadores para ajudá-la a cumprir tarefas ou facilitar as coisas (FERREIRA, 2017).
É bastante provável que o problema possa agravar-se, caso a criança seja hiperativa, pois além da desatenção, a incapacidade de manter-se quieta em sua carteira a impedirá não só de aprender, como também de conquistar e manter amizades. Cabe a impulsividade da criança com autismo, as falhas no desempenho da delicada tarefa de fazer e manter amizades. Em alguns momentos, ela poderá atropelar a atividade do grupinho com frequentes interrupções ou gestos bruscos, querer dominar as brincadeiras e impor regras e insistir indelicadamente na continuidade da brincadeira quando os coleguinhas já estão cansados. Outros vezes, se enjoa rapidamente das brincadeiras e abandona um timinho já formado para fazer outras coisas, depois de ter insistido tanto para entrar (SANTOS; SANTOS, SANTANA, 2016). 
Sua desatenção é responsável por muitas dores de cabeça, como por exemplo, quando uma coleguinha conta como foi a passeio de final de semana e ela não está atenta ao assunto, interrompendo a narração com outro assunto quer não tem nada a ver ou então fazer um trabalho em dupla com um colega e deixar passar um erro bobo, porque, aparentemente, não foi cuidadosa (BENINI e CASTANHA, 2016). Entretanto, relacionar-se com a criança autista tem também suas compensações, pois, afinal, com ela “não tem tempo ruim” porque ela sempre dará um jeito de inventar brincadeiras, mesmo em local entediante e na ausência de brinquedos, surgirão ideias e sugestões muito interessantes.
Geralmente, as crianças autistas não prestam atenção a detalhes, não copiam a frase completa; ao fazer contas de somar, subtraem; pulam folhas de caderno, perdem materiais escolares. Têm dificuldades em persistir em uma tarefa até o final. Crianças autistas têm tendência à satisfação imediata de seus desejos e pouca tolerância a frustração, pois o processo de autocontrole encontra-se alterado. A impulsividade pode manifestar-se como impaciência, dificuldades de aguardar a vez, interrupção nos assuntos e dificuldades de se expressar. Geralmente não pensam antes de agir. Esta criança pode reagir emocionalmente a algum estimulo com choro, birra ou explosão de raiva. Ela oscila muito em suas atitudes (NETO et al, 2013).
Os sinais do transtorno podem ser mínimos ou estarem ausentes quando o indivíduo estiver sob um controle rígido, em contexto novo, com atividades interessantes ou ainda em situação a dois (no consultório, com professora particular) e parecem intensificar-se em situações de grupo. Infelizmente, crianças com autismo são pouco compreendidas e muitas dessas crianças se esforçam muito para modificar o comprometimento, mas seu esforço nunca é suficiente para modificar a impressão que se tem delas. Para tais crianças, a vida é uma experiência frustrante. Muitos chegam a afirmar que elas se sentem tão frustradas, quanto seus professores. 
2.3 Alfabetização de crianças com autismo
A forma como o autismo intervém no desenvolvimento do indivíduo exerce na pessoa com o transtorno de maneira a criar pensamentos e funções exclusivas, com definição dos obstáculos sendo: a dificuldade de absorver e responder de maneira apropriada às situações do cotidiano. Desta maneira, as particularidades básicas destes indivíduos com TEA são: uma recusa as técnicas normais de ensino; déficit mental moderado relacionado em 80% das ocorrências; mudança na qualidade do sono; inexistência da noção de perigo; dificuldade de contatos visual entre outros (NUNES; WALTER, 2016).
Visando estas particularidades que o uso de tecnologias no ambiente escolar proporciona aos alunos com necessidades especiais um suporte especializado, não exclusivamente com a introdução de máquinas e programas, mas através da introdução e melhoramento de procedimentos inclusivos, permitindo autonomia dos usuários (GOBBO,2018).
Como já discutido anteriormente, um dos métodos de intervenção educacional é o TEACCH (Treatment and Education of Austistic and Related Commucation handcapped Children), PECS (Picture Exchange Communication System), ABA (Applied Behaviour Analysis). Porém ainda existe a possibilidade do uso de jogos educacionais digitais, que irão apoiar o processo de ensino-aprendizagem. Proporcionando um aumento da atenção e incentivo das pessoas. De forma que mesmo uma criança que possua TEA utiliza este tipo de método, vai ser perceptível um aumento na cognição, no social e até mesmo no emocional destas. O uso destas tecnologias, principalmente por escolha própria dos detentores de TEA, vai ser dado por sua previsibilidade, alentador e familiar (por serem recorrentes e normatizado) permitindo um espaço individual (GOBBO et al.,2018).
Além de jogos educacionais, ainda existem diferentes tecnologias digitais, tecnologias digitais que são orientadas à educação especial. Poucas destas foram desenvolvidas obedecendo questões de usabilidade, acessibilidade e comunicabilidade. Causando resultados malquistos nos usuários, distrações sonoras e visuais. Estes efeitos podem ser diminuídos através de tecnologias como os IHC (Inteiração Homem-Computador), que tem por propósito facilitar estas inteirações.
Mas, grande parte das escolas não possui recursos para utilizar-se de tais meios, de forma que cabe ao educar desenvolver atividades que facilitem na alfabetização destas crianças. Whalon et al. (2009) e Spector (2011) citam dois métodos de intervenção de leitura: o método fônico e o método global. O global vem a ser um método de ensino onde a criança é orientada a relacionar um vocábulo (símbolo) com um determinado elemento ou ideia. Enquanto o fônico, constitui-se através da associação de grafemas e fonemas.
Prioriza-se muitas vezes o método alfabético de decodificação, onde ocorre uma associação gradativa entre letra-som, é preferido por indivíduos com TEA, em especial os hiperléxicos (que possuem capacidade precoce de leitura e obsessão por números e letras). Pensando deste ponto de vista, estimular a leitura logográfica, por meio do método global, é a opção mais indicada na maioria das literaturas, diminuindo as dificuldades de leituras em crianças com TEA. Em contrapartida, opondo-se a intervenção fônica, ocorre um menor destaque à relação grafema-fonema. O leitor é incentivado a memorizar palavras ao invés de decodifica-las (NUNES; WALTER, 2016).
Estudos demonstram que crianças com autismo possuem obstáculos em isolar sons em palavras, devido seu déficit no processo auditivo, da mesma maneira ocorre com a associação dos sons com a escrita. O método global aqui passa ser o melhor para o ensino da leitura. Ele tem sido utilizado no ensino de uma literacia funcional com crianças com desenvolvimento típico e para crianças com TEA. Em crianças não verbais beneficiam-se este método também. 
Segundo Spector (2011), estes aprendem a distinguir palavras escritas através do método global. Este dado é essencial no auxílio de educadores, que esperam a criança desenvolver a fala, assim como o pensamento fonológico, antes de incluir a leitura. O método global possui diferentes críticas, dentre estas está a questão da limitação da leitura apenas em termos conhecidos, declaradamente ensinados à criança e a chance de esta não atentar para a ortografia das palavras, confundindo vocábulos escritos de maneira semelhante.
O método fônico também é utilizado em indivíduos com TEA. O ensino claro das correspondências grafemas e fonemas é o centro destemétodo, contribuindo para o entendimento do princípio alfabético. Em um idioma regular como o português, esta metodologia acaba sendo mais competente. De forma que o mesmo é melhor do que o global na alfabetização de crianças com problemas de leitura e escrita, inserindo crianças com dislexia (NUNES; WALTER, 2016).
Deve-se ter cuidado ao utilizar este método com crianças TEA não verbais, já que pode ser a vir difícil estabelecer relação entre fonemas e grafemas sem verbalizar. Para isto se encontra meios de adaptação do método fônico, de maneira a ser utilizados por portadores de TEA não verbais. Entre elas a utilização da Comunicação Alternativa e Ampliada, assim como o método não verbal de leitura (WOLFF-HELLER et al. 2002).
O método de leitura não verbal constitui-se em ensinar educandos com déficits na fala, o método metacognitivo utilizando a fala interna (da forma que ocorre na leitura silenciosa) decodificando palavras. É definida pelo NRP (2000) que o método de compreensão leitora como meio interventivo que ensina o aluno a ter conhecimento dos processos cognitivos que estão em volta na leitura. Envolvendo a capacidade de compreender o significado de palavras em um determinado texto, até mesmo a capacidade de conclusão em uma história. Destaca-se cinco meios para isto: a utilização de computadores, organizadores gráficos, esquema das histórias e questões.
Moore e Calvert (2000) vão comparar um programa de alfabetização comportamental, com um determinado programa de computador para o ensino de vocabulário a crianças com TEA, mostraram-se efetivos. Os organizadores gráficos, mapas conceituais, mentais vem a favorecer o entendimento leitor de crianças com TEA. Tais recursos metacognitivos, auxiliam o educando a preparar, verificar e controlar suas ações e pensamentos.
O mapa de histórias no entendimento do educando é um método que vem a identificar os fatos significativos em uma história, assim como as familiaridades de acontecimentos que estão no texto. Através do mapa as crianças com TEA não necessitavam lembrar cada componente da história enquanto pensava nas ligações estabelecidas (STRINGFIELD et al., 2011).
Já a intervenção através de perguntas, foi utilizada como estratégia interventiva buscando responder/elaborar questões ao longo da leitura de um texto. Integrando informações, contribuindo para o entendimento leitor. Resumindo o uso destes recursos juntamente com a intervenção sistemática durante a leitura vem a favorecer a compreensão leitora dos educandos com TEA. 
2.4 Métodos de Aprendizagem para crianças autistas
Segundo Carother e Taylor (2004), a finalidade que a educação assume com relação a uma criança autista, é de desenvolver sua autonomia, com intenção de oportunizar maior segurança ao efetuar atividades cotidianas, além de aperfeiçoar a qualidade da vivência da criança com sua família. Dois cenários indispensáveis para tais acontecimentos é a casa da família e a escola. É importante instruir as aptidões do cotidiano no meio natural, contudo nem todas as vezes são possíveis. Tarefas simples do cotidiano, como alimentar se sozinho, utilizar o banheiro, fazer a higiene, para uma criança autista é um grande ganho de qualidade de vida.
Como discutido anteriormente, a atuação da família é indispensável na aprendizagem das crianças em geral. Espera-se que os pais passeiem com seus filhos principalmente em lugares públicos incentivando o convívio social. De forma que elas possam brincar ao ar livre entrando em contato com outras crianças. É importante o planejamento das atividades pelos pais, de maneira que situações indesejadas venham a surpreendê-los (SANTOS; SANTANA, 2016).
Carothers e Taylor (2004) descrevem algumas técnicas com êxito na aprendizagem de crianças com TEA como: A modelagem através de gravação de vídeo – para um educando que já atingiu determinadas competências é filmado realizando-as. E após o vídeo é exibido diversas vezes para alunos que ainda não adquiriram esta habilidade. Um exemplo é ensinar a criança a efetuar comprar no açougue.
Uma das indicações também é criar uma rotina de atividades pictográficas, com representações como fotos, desenhos, gravuras entre outro vão constituir etapas de um trabalho, esperando que a criança siga as orientações e conclua o trabalho de forma independente. Esta técnica permite ensinar tarefas domésticas, de escritório e lavanderia. Outro ponto muito importante é a participação e orientação de colegas, em que outras crianças normotípicas (não possuidoras de transtornos) podem ser utilizadas como exemplos para a instrução de habilidades úteis na sociedade para alunos com TEA. Essa técnica permite que portadores de TEA aprendam a por exemplo pegar um filme em uma locadora, comprar roupas em uma loja e até mesmo atravessar a rua.
Tais técnicas podem e devem ser aplicadas nas escolas assim como ter continuidade em casa, de preferência que tivesse a participação de parentes e vizinhos visando a modelagem de determinado comportamento, habilidade, responsabilidade entre outros. De acordo com Mello (2007) é possível encontrar inúmeras técnicas para o tratamento de crianças com TEA, tanto em casa como em clínicas especializadas, que quando desenvolvidas de maneira correta são eficazes na reabilitação das mesmas (SANTOS; SANTANA, 2016).
Os diferentes métodos de tratamento de crianças com TEA possuem destaque, mas diferentes pontos precisam ser considerados capazes de melhorar o êxito no tratamento aumentando a chance de o TEA atingir sua independência. Segundo Mello (2007, p.28).
Mesmo considerando que o tratamento é realizado com auxílio de programas individuais em função da evolução de cada criança, os seguintes aspectos podem ser fundamentais como alvos preferenciais de tratamento em um programa de intervenção precoce com indivíduos com Síndrome de Aspeger. Devemos procurar o antes possível desenvolver: a autonomia e a independência; a comunicação não-verbal; os aspectos sociais como imitação, aprender a esperar a vez e jogos em equipe; a flexibilização das tendências repetitivas; as habilidades cognitivas e acadêmicas; ao mesmo tempo é importante: trabalhar na redução dos problemas de comportamento; utilizar tratamento farmacológico se necessário; que a família receba orientação e informação; que os professores recebam assessoria e apoio necessários. 
Em seu artigo, Neto et al. (2013) afirmam que segundo o Centro de Terapias Comportamentais, o ensino por meio de tentativas discretas é uma metodologia específica utilizada para maximizar a aprendizagem. Tal metodologia que pratica essa estratégia é denominada ABA, a Análise do Comportamento Aplicada, e trata-se de um processo utilizado no desenvolvimento de várias habilidades, tais como cognição, comunicação e socialização, utilizada para intervenção comportamental no tratamento de sintomas do autismo.
Ainda segundo os autores, essa técnica envolve dividir a capacidade em partes menores, ensinar cada capacidade individualmente até ser aprendida, também permitir uma prática repetida durante um período concentrado de tempo, providenciar ajudas” e ainda, a sua extinção conforme necessária e recorrer a procedimentos de reforço. Os autores (NETO et al., 2013) afirmam que essa terapia “tem sido a com melhores resultados, pois “recorre-se” à observação e à avaliação do comportamento do indivíduo”, com a intenção de potenciar a sua aprendizagem e promover o seu desenvolvimento e autonomia.
Para ensinar crianças com autismo, Tramujas (2010) afirma que a ABA é usada como base para instruções intensivas e estruturadas em situação de um-para-um. Ainda que este método seja um termo “guarda-chuva” que engloba muitas aplicações, as pessoas usam o termo “ABA” como abreviação, para referir-se apenas à metodologia de ensino para crianças com autismo. Ainda segundo Tramujas (2010) muitas técnicas têm sido descobertas e tornado o ensino de ABA mais eficiente e efetivo ainda. Ele afirma que existem muitas escolas, organizações e indivíduos que usam ou oferecem consultoria em metodologias do tipo ABAe cada um tem seu jeito próprio de aplicá-las, todavia todos usam os mesmos conceitos básicos. Ele estabelece ainda que “ciência que apoia a intervenção – a Análise do Comportamento Aplicada – é a mesma; somente a maneira de aplicá-la varia.
Neto et al., (2013) discorrem sobre o modelo TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) como consiste em uma intervenção específica, caracterizada por adequar o ambiente a criança com o propósito de reduzir a ansiedade, possibilitando melhor aprendizagem. Afirma que esta metodologia fundamenta sua dinâmica funcional através do fornecimento de padrões de referência, especialmente visuais. O modelo TEACCH proporciona, através de um ambiente bem estruturado e organizado, a garantia de padrões de referência, padrões esses que são muito importantes para crianças autistas, como para crianças com dificuldades cognitivas.
Em sua dissertação, Tramujas (2010) diz que o programa TEACCH, nos Estados Unidos, tem recebido reconhecimento nacional e internacional e é visto por um grande número de pessoas como um modelo de serviços, treinamento e pesquisa de excelência. Afirma ainda que em 1972 o programa recebeu o Gold Achievement Award da Associação Americana de Psiquiatria, citando que pelo estabelecimento de pesquisas produtivas sobre distúrbios de desenvolvimento e implementação de sua efetiva aplicação clínica.
Sustenta ainda que o objetivo máximo do TEACCH é apoiar o portador de autismo em seu desenvolvimento para ajudá-lo a conseguir chegar à idade adulta com o máximo de autonomia possível. Incluindo ajudá-lo a compreender o mundo que o cerca através da aquisição de habilidades de comunicação que lhe permitam, segundo o autor, relacionar-se com outras pessoas, oferecendo-lhes, até onde for possível, condições de escolher de acordo com suas próprias necessidades (TRAMUIAS, 2010). 
Desta maneira cabe as escolas estar disposta a lidar com alunos TEA ou outra necessidade educativa especial, visando sua evolução como indivíduo capaz de aprender, pensar, e tomar decisões. É importante que estas crianças frequentem a escola regular, mas as mesmas possuem insuficiências, resultando assim a demanda de outras instituições que ofereçam uma educação especializada.
Alguns educadores identificam os alunos que são diferentes, que apresentam necessidades especiais, mas somente reconhecer este problema não é suficiente, muitas crianças com TEA conseguem ler, mesmo que não compreenda o tema, resolvem problemas de matemática. É indispensável que o educador esteja preparado, assim como a comunidade escolar para receber esta criança autista, de forma a inseri-los na sociedade.
Mello (2007) atenta para a existência de casos onde o aluno é diferenciado, mas não reconhece qual o problema, e estas crianças com TEA podem passar por bagunceiras, sem limites entre outros. Dessa forma cabe ao professor atentar as condutas do aluno, e quando perceberem alguma diferença encaminha-lo a coordenação da escola, para que junto dos pais ocorra o encaminhamento da mesma a um especialista. Os currículos educacionais devem ser criados já pensando no contexto onde a criança é inserida, assim como o aspecto que as outras crianças desempenham algumas tarefas, se socializam. De forma que a escola deve criar regras a serem seguidas.
O exercício de escolarização de crianças com autismo exige dos educadores ponderação em relação aos métodos de ensino e aprendizagem, levando em conta se determinado aluno não possui o mesmo grau de curiosidade dos outros, mas que, no entanto, aprende de forma característica e nada convencionado. Este ainda é um grande desafio (BASTOS, 2017).
A inquietude dos educadores está no discurso pedagógico tradicional que prende o a métodos educacionais, princípios de evolução saídos da área da psicologia que recomenda como dever de a educação escolar estabelecer as técnicas de desenvolvimento, principalmente cognitivo. As crianças com autismo, devem se encontrar na escola, já que a mesma possui dupla função, sendo estas de forma terapêutica: no ambiente escolar promove o fluxo e o elo social, e no ambiente da escolarização precisamente, aprender a escrita e a leitura propiciam a mesma um rearranjo do seu posicionamento frente ao simbólico (BASTOS, 2017). 
3. CONCLUSÃO
Como pudemos perceber o Transtorno do Espectro do Autismo ou TEA é um distúrbio do desenvolvimento neurológico, onde existe uma dificuldade de comunicação e de envolvimento social. Ele não possui cura, e seus sintomas apresentam-se em diferentes graus. Por não possuir cura, seu tratamento visa exclusivamente amenizar seus sintomas assim diminuindo a influência destes na relação deste indivíduo com o mundo.
Os indivíduos portadores de TEA possuem uma tendência ao isolamento ou a comportamentos sociais considerados impróprios. Dentre suas dificuldades estão a de manter um contato visual, grande dificuldade de se envolver em atividades de grupo, uma indiferença afetiva ou então manifestações inadequadas de afeto, uma falta de empatia social ou emocional. A intervenção precoce vai facilitar que este indivíduo possa desenvolver habilidade de comunicação, tornando-se habilidosos na conversação, mesmo que com algum grau de dificuldade.
Para que estas sejam efetivas é necessária uma aproximação da escola com os pais, na busca de conforto e segurança. E no desenvolvimento de uma educação inclusiva desenvolvendo soluções para aumentar a confiança, alicerçados nos educadores e principalmente no demais atores envolvidos no ambiente escolar. A união de todos os atores deste ambiente é importante em um trabalho cooperativo, uma educação vinculada a outros profissionais e aos pais. Possuímos consciência das necessidades as quais os professores da educação básica perpassam, o que torna seu trabalho mais complicado. 
Além de ultrapassar os problemas estruturais o professor deve compreender e trabalhar com as particularidades que a alfabetização de crianças com TEA possuem. Entre elas a recusa nas técnicas normais de ensino, um déficit mental moderado, mudanças na qualidade de sono, inexistência de perigo e a dificuldade de contato visual com outros. Assim, métodos de intervenção devem ser desenvolvidos percebendo estas dificuldades. Métodos como o TEACCH, a PECS e o ABA vão ser essenciais como facilitadores de aprendizagem. Os métodos alicerçados nas teorias cognitivo-comportamentais, verificaram-se como as mais efetivas no tratamento de crianças com TEAS.
Principalmente a metodologia ABA, baseada na teoria Behaviorista de Skinner, onde os comportamentos podem ser controlados e modificados através de suas consequências. Uma autoinstrução, através de um enfrentamento cognitivo/ competição racional. Estes métodos no caso dos TEAs facilitam a contenção de disfunções emocionais, de comportamentos específicos, como as atitudes sociais e associação de controle emocional, e assim formando solução para problemas próprios. É importante entender o autismo como um todo, sua origem, seus tratamentos e principalmente a aprendizagem. De forma a abarcar e incluir indivíduos portadores de TEA, como cidadãos de uma sociedade igualitária e diversificada. 
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V), Fifth Edition. Arlington, VA, American Psychiatric Association, 2013.
CARDOSO, Ana Amélia et al. Transtorno do Espectro do Autismo. In: Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, nº5, abril de 2019.
GUEDES, Nelzira Prestes da Silva; TADA, Iracema Neno Cecilio. A Produção Científica Brasileira sobre Autismo na Psicologia e na Educação. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 31, n. 3, p. 303-309, Sept. 2015. 
GOBBO, Maria Renata et al. Ferramenta para Alfabetização de Crianças com TEA In: Sánchez, J. Editor. Nuevas Ideas en Informática Educativa, Volumen 14, p. 80 - 88. Santiago de Chile, 2018.
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