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AULA 1 - Direito noções iniciais - Instituições de Direito aplicadas à Contabilidade - CEDERJ

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UNIDADE I - INTRODUÇÃO AO DIREITO 
AULA 1 - DIREITO: NOÇÕES INICIAIS 
INTRODUÇÃO 
Nesta primeira aula, o Direito é compreendido no universo das criações
humanas, identificado como ordem social dotada de coerção, considerando suas origens
históricas que remontam ao Direito Romano, além de acentuar as suas principais
características. São apresentados os diversos sentidos (acepções) da palavra Direito; é
analisada a atuação do Direito e de outras esferas normativas, como a Moral e a
Religião, no cotidiano das relações sociais; e por fim, mas não menos importante há o
exame da divisão didática do Direito em Público e Privado e a sua utilidade, bem como
a breve análise dos diversos ramos (subdivisões) que os compõem. 
Ao Direito é conferida a importante tarefa de realizar, dentre outros valores, a
paz, a ordem, a justiça e o bem comum. São demandas da coletividade e não
aspirações individuais, para que a vida em sociedade seja viável e estável. É oportuno
lembrar aqui o silogismo da sociabilidade que expressa a ligação entre o homem, a
sociedade e o Direito, através do seguinte provérbio: "onde o homem, aí a sociedade;
onde a sociedade, aí o Direito; logo, onde o homem, aí o Direito".1 
Atualmente, a sociedade através do legislador, cria as leis (normas de
conduta/comportamento) para evitar o surgimento de conflitos. É a atuação preventiva
do Direito -, pois se todas as pessoas conseguissem acomodar os seus interesses de
acordo com o que é estabelecido em lei, os conflitos sequer surgiriam. Mas, isso é uma
utopia, os conflitos e impasses são inerentes à vida em sociedade. 
Logo, a sociedade é, ao mesmo tempo, fonte criadora e área de atuação do
Direito para reger a vida social e também fator decisivo para sua evolução.
SIGNIFICADOS (ACEPÇÕES) DA PALAVA "DIREITO"
Todas as expressões são dotadas de sentido, e muitas vezes possuem mais de
um significado. Assim ocorre com a palavra Direito, que não é então um termo
1 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017. p. 23
unívoco. No entanto, é importante destacar que o estudo do conceito de Direito não se
prende apenas a uma questão teórica ou dogmática, mas principalmente à interpretação
e aplicação das leis aos casos concretos. 
A origem etimológica da palavra Direito advém do adjetivo latino directus
(qualidade do que está conforme a reta; o que não tem desvio ou curvatura), provém do
verbo dirigere, que por sua vez é composto da partícula di e do verbo regere (reger,
governar) equivalente a guiar conduzir, traçar. Segundo Paulo Nader2, "o vocábulo
surgiu na Idade Média, aproximadamente no século IV, e não foi empregado pelos
romanos, que se utilizaram de jus, para designar o que era lícito e de injúria, para
expressar o que era ilícito. 
Conforme Afrânio Faustino de Paula Filho, a origem de alguns termos é
controversa. Embora estudiosos do mundo inteiro concordem que o nascimento da
palavra “justiça” remonte ao sânscrito, vários são os termos desse idioma que se tomam
como ponto de partida para a “justiça” em sua acepção moderna. Além de justiça, há
em nossos dicionários outras palavras que derivam do mesmo radical jus, tais como:
juiz, jurisdição, júri, jurista, jurisprudência e jurisconsulto3. A palavra Direito é, então,
associada à noção de justiça. 
Apesar de não existir uma definição padrão do termo justiça, há consenso que é
a causa final do Direito, a sua razão de ser. Conforme ensina OLIVEIRA, "a noção de
justiça, como a de virtude, de liberdade, de bem, vem sempre impregnada de grande
carga de emotividade e, por isso, trata-se de conceito dado a grandes confusões no plano
teórico. (...) Desde que o mundo é mundo sempre foram praticadas guerras, massacres,
alegando-se que foram realizadas em nome da justiça, todos que praticaram estes atos
alegaram que a Justiça estava ao seu lado"4. 
É importante destacar que os manuais de Introdução ao Estudo do Direito trazem
de forma recorrente a seguinte noção de justiça: "um princípio de ação segundo o qual
os seres de uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma forma"5. Ou
seja, a justiça é a constante e permanente vontade de dar a cada um o que é seu. Trata-se
2 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017, p. 75.
3 PAULA FILHO, Afrânio Faustino de. Instituições de Direito Público e Privado. Cederj. mimeo. Vol. 1 
p. 10.
4 OLIVEIRA, José Maria Leoni Lopes de. Introdução ao Direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora,
2006 p. 07. 
5 PERELMAN, Chaim. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p 06. 
de uma questão filosófica, pois: o que é devido a cada pessoa? Considerando uma visão
individualista, parte-se do pressuposto que todos devem ser tratados de maneira a
satisfazer as próprias necessidades e atingir seus próprios fins. No campo social, o
termo refere a importância dos deveres de cada um para com a coletividade. 
Na medida em que o Direito busca garantir a segurança e o bem-estar da
sociedade, uma forma de alcançar tais ideais é através da organização e definição da
ordem jurídica, o que se dá através de suas normas (leis). Logo, um dos seus sentidos
está relacionado ao ordenamento jurídico, compreendido como o conjunto de leis, às
normas. 
 A norma jurídica é o instrumento de definição da conduta (comportamento)
exigida pelo Estado. Ou seja, diz como nós, cidadãos e cidadãs, devemos agir. A norma
indica quem é o titular do direito e, via de consequência, a quem cabe o dever jurídico
correspondente a este direito. É nesta direção a afirmação: a todo direito corresponde
um dever. Logo, caso todos os indivíduos conseguissem acomodar os seus interesses de
acordo com as normas, não teríamos conflitos, o que é uma utopia, conforme destacado
na introdução. 
As normas que estabelecem o comportamento social (regulam o nosso agir),
também impõem limites a nossa liberdade individual, na medida em que determinam a
fronteira entre o lícito e o ilícito, algo fundamental para a convivência em sociedade. 
É comum utilizar também o termo Direito para referir à Ciência do Direito,
que corresponde ao campo do conhecimento humano que investiga e sistematiza os
conhecimentos jurídicos, o fenômeno jurídico tal como se encontra historicamente
concretizado no tempo e no espaço. É a particularização do saber jurídico, que pertence
à área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, como por exemplo, a História, a
Filosofia, a Sociologia, a Economia. 
Direito ou jurisprudência? A Ciência do Direito, lembra REALE (2000),
“durante muito tempo teve o nome de jurisprudência, que era a designação dada pelos
jurisconsultos romanos. Atualmente, a palavra possui uma significação estrita, usada
para indicar a posição que se firma através de uma sucessão convergente e coincidente
de decisões judiciais ou de resoluções administrativas sobre um determinado assunto
(jurisprudências judicial e administrativa)”. Isso equivale a dizer que, hoje, o termo
jurisprudência se refere à regra que surge depois que juízes decidem de forma idêntica
sobre diversos casos semelhantes.6 
Jurista ou jurisconsulto? Já ouviram essas expressões? Jurisconsulto é o
estudioso do Direito encarregado de emitir opiniões ou pareceres jurídicos. Ex.:
advogados, procuradores, assessores jurídicos, dentre outros profissionais do Direito.
Jurista é o estudioso do Direito. É um termo com sentido mais genérico do que o de
jurisconsulto, que nele se engloba. Embora alguns dicionários não estabeleçam esta
diferença, para nós, juristas, ela deve ser notada. Assim, pode-se dizer que todo
jurisconsulto é um jurista, mas nem todo jurista é um jurisconsulto7. 
DIREITO E DEMAIS NORMAS DE CONTROLE SOCIALMuitos autores8 destacam a correlação entre o Direito e a sociedade: de um lado,
esta não pode prescindir de um mínimo de regras que tornem a vida social menos
conflituosa; de outro lado, as regras jurídicas devem ser estabelecidas de acordo com os
fatos sociais (são as criações históricas que refletem os costumes, tradições, sentimentos
de um povo) e peculiaridades do momento e do lugar no qual terão aplicação. 
Não obstante tenha por objetivo promover valores existenciais fundamentais,
como a vida, a segurança, a liberdade, o bem-estar, etc, o Direito não é o único
instrumento normativo atuando na sociedade. Ao seu lado encontramos a Moral, a
Religião e as Regras de Trato Social (Usos Sociais), cada uma com finalidade, âmbito
de atuação, e eficácia específicos. 
Os preceitos morais buscam o aperfeiçoamento do homem através da vivência
do bem. Direito e Moral são esferas que se completam, haja vista o enorme número de
regras jurídicas que são ao mesmo tempo preceitos morais. O dever de sustento dos pais
em relação aos filhos menores de idade, é um bom exemplo de obrigação jurídica e ao
mesmo tempo, preceito moral. 
6 PAULA FILHO, Afrânio Faustino de. Instituições de Direito Privado. Cederj. mimeo. Vol. 1 p. 11.
7 PAULA FILHO, Afrânio Faustino de. Instituições de Direito Privado. Cederj. mimeo. Vol. 1 p. 12.
8 Por todos DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. São Paulo: Editora
Saraiva Jur, 2019. p. 51.
O quadro abaixo, indica as principais diferenças entre o Direito e a
Moral9. 
Direito Moral 
Coercível - capaz de
adicionar a força organizada
do Estado, para garantir
respeito aos seus preceitos 
Incoercível - os preceitos
morais não podem ser
impostos, mas constituem
importante fator de
intimidação 
Exterioridade - o Direito se
ocupa das ações humanas,
dos atos que se exteriorizam
produzindo efeitos, a prática
de um crime, por exemplo 
Interioridade - a Moral se
preocupa com a vida interior
das pessoas, por isso está no
plano da consciência;
Heteronomia - significa a sujeição ao
querer alheio (não é o indivíduo que
cria o "dever ser"), pois a imposição
das normas jurídicas independe da
vontade de seus destinatários
Autonomia - trata-se de um 
querer espontâneo. As 
pessoas aderem aos preceitos 
morais naturalmente
Bilateralidade - as normas jurídicas
atribuem um direito a alguém e
impõem um dever jurídico
correspondente a outrem 
Unilateralidade - a Moral possui uma
estrutura mais simples: impõe apenas
deveres 
Forma concreta - as regras
jurídicas definem a dimensão
da conduta exigida. Por
exemplo, o artigo 121 do
Código Penal, traz as
circunstâncias agravantes do
crime de homicídio, nele há
caracterização objetiva do
comportamento delituoso. 
Forma não concreta -
normalmente não há
particularizações. O preceito
moral é genérico. Por
exemplo: não matar 
A Religião pretende preparar o homem para a conquista de uma vida
supraterrena, elevada, ligada à Deus. No passado, a ausência de explicações científicas
sobre os acontecimentos na terra era suprida através da fé. Nesta época, ainda não havia
a separação entre o Direito e a Religião, por isso, os sacerdotes possuíam o monopólio
dos conhecimento jurídicos. A laicização do Direito, separação entre o Direito e a
Religião, iniciada no século XVII com a tentativa de desvincular Deus da ideia de
Direito Natural, ganha fôlego no século XVIII, especialmente na França, anos antes da
Revolução Francesa. 
9 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017, p. 35/36. 
A Constituição Federal de 1988 (CF/88)10 reconhece o princípio da laicidade
no art. 5o, VI: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias". Desta forma, o Estado deve agir com o máximo de neutralidade
e igualdade possíveis com relação as mais diversas pautas. 
A laicidade é um princípio essencial para a manutenção da democracia e os
direitos individuais e coletivos. A separação entre o Estado (Direito) e a Religião foi
crucial, pois assuntos como: ensino, estado civil, assistência social, etc são questões
pertinentes ao Estado, por isso, demandam regulação através de normas jurídicas. 
As Regras de Trato Social (usos sociais) incentivam a cortesia, as normas ou
protocolos de etiqueta, de educação, de decoro, de companheirismo, de amizade.
Traduzem os valores éticos de convivência. Por isso, têm por finalidade: "propiciar um
ambiente de efetivo bem-estar aos membros da coletividade, favorecendo os processos
de interação social, tornando agradável a convivência, mais amenas as disputas, possível
o diálogo"11. 
Se ao Direito coubesse normatizar todos os atos e fatos sociais, as demais esferas
não existiram. Em que pese a ressalva que não há hierarquia entre elas, é consenso que o
Direito ocupa um lugar privilegiado, pois é o único que apresenta a característica da
coercibilidade: capacidade de adicionar a força organizada do Estado para o
cumprimento de seus preceitos. Espera-se que as normas jurídicas sejam observadas
espontaneamente, mas, se assim não ocorrer, surge a coerção para obrigar a
observância. 
 
MAIS ALGUNS CONCEITOS
Direito Natural e Direito Positivo 
É importante afastar a confortável posição que considera o Direito como
resultado apenas do poder estatal. Nesta direção, é comum nos estudos sobre o Direito
10Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 
A CF/88 será citada em várias aulas. Recomenda-se a leitura dos dispositivos constitucionais através do
acesso a este no link. 
11 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017, p. 45.
encontrar as expressões: Direito Natural e Direito Positivo - noções complementares e
não antagônicas. 
A expressão Direito Natural é identificada como o ordenamento jurídico ideal,
correspondente a uma justiça superior e suprema. Está baseado nas idéias de um
movimento ético e filosófico da Grécia clássica: o estoicismo helênico. O bem das
éticas helenísticas tinha acepção estritamente existencial: era o bem como sinônimo do
que é bom para o indivíduo, para a vida de cada homem.
Muitas vezes sem adotar o adjetivo natural, seu sentido nas manifestações mais
remotas da civilização ocidental, estava relacionado ao problema da lei e da justiça, à
ideia de um Direito ligado a lógica da natureza. Sendo expressão da natureza humana, o
Direito Natural é igual para todos os homens, não sendo um para os civilizados
atenienses e outro para os bárbaros. Logo, o reconhecimento de um direito, de uma
justiça que existem acima e antes do direito positivo vigente, remonta à antiguidade
clássica. 
Para além disso, o Direito Natural sugere então um direito espontâneo, que se
origina da própria natureza social do homem e é revelado pela conjugação da
experiência e da razão. É composto por um conjunto de princípios e não de regras, de
caráter universal, eterno e imutável. Não é escrito, não é criado pela sociedade, nem é
formulado pelo Estado. Ou seja, exprime a noção de que certos valores são anteriores a
qualquer organização social. 
Atualmente, o Direito Natural evidencia ao legislador os princípios
fundamentais de proteção à pessoa, em relação aos quais não é possível prescindir (abrir
mão) a fim de consagrar uma ordem jurídica mais justa, como por exemplo, o direito à
vida e à liberdade. Sobreleva de importância a dignidade da pessoa humana cujo
significado transcende o processo histórico, através do qual todos tomam consciência de
seu caráter fundamentalmenteético. 
Direito positivo é aquele que, em algum momento histórico, entrou em vigor e
continua tendo eficácia em determinado lugar. Logo, é aquele institucionalizado pelo
Estado. As diversas formas de expressão do Direito (fontes) formam seu conjunto.
Assim, não é composto apenas pelo direito escrito, pois os costumes que se manifestam
pela oralidade, conforme você verá mais adiante, são também sua expressão. Na Roma
antiga, a doutrina de alguns jurisconsultos também constituía parte do direito positivo
daquele povo. Assim, o direito positivo, resumidamente, pode ser entendido como o
conjunto de normas jurídicas vigentes em determinada sociedade. É o Direito Positivo
que terá lugar nas próximas aulas. 
O quadro abaixo indica as principais diferenças entre Direito Positivo e
Direito Natural.12
Direito Positivo Direito Natural
Temporal (existe em
determinada época) Atemporal
Formal (depende de
formalidades para sua
existência)
Informal
Dimensão espacial
(vigência em local
definido). Varia de
sociedade para sociedade
Independe de local. É
universal
Criado pelo homem
Existe antes do homem.
Cabe
ao homem apenas
identificá-
lo, fazendo com que surja
espontaneamente para a
sociedade
Mutável (altera-se
mediante a vontade do
homem)
Imutável
Direito Objetivo e Direito Subjetivo 
É comum dizer que o Direito objetivo e o Direito Subjetivo são as duas faces de
uma moeda, no sentido de não existir oposição já que pertencem a um mesmo elemento.
O Direito Positivo, quando em vigor, isto é, quando em condições de ser aplicado, é
denominado Direito Objetivo. É a norma de organização social, se refere ao que é
determinado por lei, a algo que se deve fazer para estar de acordo com a lei. No Direito
Romano, era conhecido como norma agendi (norma de ação). Exemplo: em virtude de
12 PAULA FILHO, Afrânio Faustino de. Instituições de Direito Privado. Cederj. mimeo. Vol. 1 p. 15
questões sanitárias e de saúde, enquanto todas pessoas não forem vacinadas contra a
covid-19, é proibido sair à rua sem máscara.
O Direito Subjetivo corresponde às possibilidades ou os poderes de agir, que a
ordem jurídica garante a alguém. "É o poder reconhecido pelo ordenamento jurídico a
um sujeito para a realização de um interesse próprio"13. Significa a possibilidade, a
faculdade de alguém exercer um direito contido em norma do ordenamento jurídico
vigente. Por isso, a expressão facultas agendi. 
Esse assunto (Direito Subjetivo) será retomado na aula 06, oportunidade em que
é objeto de análise o tema relação jurídica. A seguir passa-se ao exame da divisão do
Direito em Público e Privado, e a análise do conteúdo de cada disciplina jurídica (ramo).
 
A DICOTOMIA DO DIREITO EM PÚBLICO E PRIVADO: OS RAMOS DA
ÁRVORE JURÍDICA 
A doutrina tradicional continua dividindo o Direito em Público e Privado. Esta
abordagem advém do Direito Romano, pois entre eles, o Direito Público era aquele que
dizia respeito ao estado dos negócios romanos; enquanto o Direito Privado disciplinava
os interesses particulares. 
Na Idade Moderna, a separação ganha novo enfoque, caracterizado pela
oposição entre a sociedade e o indivíduo. Neste contexto, desponta um novo elemento
distinto e superficial: o Estado. Este e suas distintas configurações ao longo do tempo
têm permitido mais ou menos nitidez no que se refere a distinção entre Direito Público e
Direito Privado. Assim, para além do predomínio do interesse, como acima destacado,
foram desenvolvidas algumas outras teorias na tentativa de pontuar a distinção14. 
Digna de nota é a teoria do sujeito, que procura distinguir o Direito Público do
Direito Privado, a partir do destinatário das normas. O primeiro teria o Estado por
destinatário, enquanto o último voltar-se-ia aos particulares. "O problema dessa
doutrina está no fato de muitas vezes o Estado ou as pessoas a ele equiparadas terem
atuação que não difere daquela dos particulares, o que acaba restringindo o seu âmbito
13 SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva Educação, 2018,
p. 86. 
14 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Editora Atlas, 2019. 
p. 105 
de validade". Vale como exemplo, a compra em que seja dispensada a licitação
em razão do pequeno valor do bem a ser adquirido (Lei 14.133/202115). Neste caso, o
Estado atua sem usar sua força, ou seja, age como um particular quando celebra o
contrato. 
Atualmente, a doutrina jurídica, majoritariamente, reconhece a superação da
classificação público/privado, na medida em que o Direito Privado é transpassado pelo
interesse público. Destaque-se também que os ramos do Direito não são estanques, ou
seja, não são universos isolados; todos pertencem a um mesmo ordenamento jurídico.
Desta forma, a divisão ainda é adotada, mas apenas para fins didáticos. 
Também contribui para a perda da importância da divisão público/privado o
fenômeno chamado de "publicização do direito privado", que consiste no fenômeno
crescente de intervenção do Estado na esfera privada de interesses, verificada a partir
do advento da Constituição Federal de 1988 (CF/1988). 
Além disso, é importante ressaltar outra questão paralela: a reestruturação do
Direito Privado, em particular do Direito Civil, com o reconhecimento e valorização da
pessoa humana como o centro do ordenamento jurídico, algo intensificado com a
incorporação de normas pertinentes ao Direito Privado pela CF/1988. 
O fenômeno de Publicização do Direito Privado, que alguns juristas nomeiam
como "constitucionalização do Direito Civil", deve ser entendido como o processo de
leitura, interpretação e aplicação do Direito Privado a partir dos princípios fundamentais
presentes na CF/1988, vinculantes de todo o ordenamento jurídico em razão da
supremacia normativa do texto constitucional. Assim, a referência ao predomínio do
interesse foi quase definitivamente superado. 
OS DIVERSOS RAMOS DO DIREITO 
A ordem jurídica brasileira é unitária. Significa dizer que o Direito Civil, o
Direito Tributário, o Direito Trabalhista, não são setores isolados, ao contrário, se
comunicam permanentemente como partes indissociáveis do ordenamento jurídico,
irradiando os valores consagrados na CF/1988.
15 LEI Nº 14.133, DE 1 DE ABRIL DE 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.666-1993?OpenDocument
A divisão do ordenamento jurídico em ramos encontra algum sentido porque
contribui para a organização da atividade de produção das normas jurídicas, bem como
na definição da competência dos tribunais e de seus órgão internos. Por exemplo, a
CF/1988 autoriza somente a União a legislar sobre Direito Civil (art. 22, I). Já o Direito
Tributário e o Direito Econômico podem ser objeto de leis emanadas tanto pela União
quanto pelos Estados ou pelo Distrito Federal (art. 24, I). Assim, uma lei estadual que
regule matéria de Direito Civil será considerada inconstitucional, por afrontar a
Constituição. De modo semelhante, pretensões fundadas no Direito Civil não podem ser
apresentadas perante a Justiça do Trabalho ou a Justiça Militar, devendo ser
demandadas nas Justiças Estaduais, também chamadas de Justiça Comum16.
Mesmo sabendo que o ordenamento jurídico não deve ser fraturado em setores
autônomos uns dos outros, sem pretensão de esgotar o assunto, a seguir são
identificados os principais ramos do Direito Público e do Direito Privado. 
Ramos do Direito Público
Direito Constitucional - é a base de todo o Direito Público. Este ramo visa
regulamentar a estrutura básica do Estado, disciplinando a sua organização ao tratar da
divisão dos poderes, das funçõese limites de seus órgãos e das relações entre
governantes e governados. Estabelece as garantias e os deveres individuais e coletivos -
parte mais importante da CF/1988, a mais democrática das Constituições brasileiras, por
isso chamada de Cidadã. Em diversas passagens evidencia seu compromisso com a
realização de valores como: a igualdade substancial, a solidariedade social, e a
dignidade humana. Recomenda-se a leitura da Constituição, em especial, dos
dispositivos que tratam: Dos Princípios Fundamentais; Dos Direitos e Garantias
Fundamentais; Da Organização dos Poderes; Da Fiscalização Contábil, Financeira e
Orçamentária; Da Tributação e do Orçamento e Da Ordem Econômica e Financeira. 
Direito Administrativo - No Brasil, o Direito Administrativo tem encontrado
dificuldade para a sua sistematização que o extreme de outros ramos, não há, por
exemplo, um código de Direito Administrativo, como o Código Penal e o Civil. As
normas administrativas estão espraiadas no texto constitucional, em diversas leis
ordinárias e complementares, em decretos-leis, medidas provisórias, regulamentos e
16 SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São Paulo: Saraiva Educação, 2018,
p.46.
decretos do Poder Executivo. Tem por objeto a Administração Pública, isto é, a
atividade através da qual os entes e entidades administrativas e os agentes atendem à
satisfação dos interesses coletivos. Logo, é o ramo composto pelo conjunto de normas
que regem a atividade estatal, objetivando a realização de fins sociais e políticos ao
regulamentar a atuação governamental, a administração dos bens públicos, etc. 
Direito Tributário - é o ramo que disciplina os princípios e normas relativas à
imposição e à arrecadação dos tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria),
em que são partes os entes públicos e os contribuintes, bem como o fator jurídico
gerador. As questões tributárias estão desenvolvidas de maneira satisfatória no Brasil
em razão de a CF/88 ter estabelecido o Sistema Tributário Nacional, regulamentado
pelo Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
Direito Penal - é o mais positivista dos ramos jurídicos em razão dos princípios da
legalidade e anterioridade previstos no art. 5 o, XXXIX da CF/1988: "não há crime sem
lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal". Outra peculiaridade
está no fato de não comportar analogias ou interpretações extensivas, já que neste ramo
tudo milita em favor do réu, daí a expressão: in dubio pro reo (na dúvida, interpreta-se
em favor do acusado/réu), também presente no art. 5o, LVII da CF/88: " ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
Compreende o conjunto de normas que determinam os crimes e as contravenções bem
como as sanções (penas) que o Estado impõe aos condenados para a manutenção da
integridade da ordem jurídica, bem como as medidas de segurança que visam a
prevenção da criminalidade. A finalidade da pena (punição, regeneração, reeducação,
defesa social) assim como o modo de executá-la tem ocupado os criminalistas nos dias
de hoje. 
Direito Processual - regula a organização Judiciária e o processo judicial. Logo,
disciplina a atividade do Poder Judiciário vinculada à administração da justiça e das
partes que litigam perante ele. Este ramo é composto pelos princípios que visam ao
exercício da atividade estatal da prestação jurisdicional (julgar): considerada finalidade
principal do Poder Judiciário. A atividade jurisdicional é o poder de resolver os
conflitos de interesses que surgem na vida em sociedade e são apresentados nos
processos judiciais submetidos ao Poder Judiciário, que deve dizer a quem cabe a razão.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm
Desta forma, há o Direito Processual Civil, Direito Processual Penal e Direito
Processual do Trabalho, conforme a matéria versada no processo. 
Direito Internacional: Tem por objeto de estudo a experiência jurídica correspondente
à comunidade internacional e seu ordenamento jurídico. Quando o Brasil mantém
contato com outros países para a solução de problemas comuns estão sob a influência
deste ramo do Direito. Divide-se em: 
Direito Internacional Público - regula as relações entre os estados soberanos e os
organismos internacionais (ONU, OIT, OEA, por exemplo). Por isso, tem por base os
tratados, acordos, convenções e costumes internacionais. Segundo MELLO, apresenta
muitas semelhanças com o direito interno, tais como: o fato de ser uma ordem
normativa, de apresentar sanções, e ter a mesma noção de ato ilícito, ou seja, a violação
de uma a norma17. 
Direito Internacional Privado - É o conjunto de normas que têm por objetivo
solucionar os conflitos de leis entre ordenamentos jurídicos diversos, no plano
internacional, indicando a lei competente a ser aplicada. 
Direito Previdenciário - O Direito à previdência social é um dos direitos sociais,
conforme o art. 6o da CF/1988. Logo, este ramo é composto pelo conjunto de normas
que amparam o trabalhador, garantindo-lhe os benefícios da previdência e assistência
social. No art. 194 da CF/1988 encontra-se a definição da seguridade social como: “ um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. 
Direito Eleitoral - Tem como objeto de estudo os institutos, as normas e os
procedimentos que regulam o exercício do direito ao voto com a finalidade de
concretizar a soberania popular, dar validade à ocupação de cargos políticos e legitimar
o exercício do poder estatal. Assim, trata das regras e dos processos de escolha dos
ocupantes de cargos eletivos, matéria de interesse geral não restrita às relações entre
particulares. Pode-se inferir, também, que este conceito traz a ideia de democracia,
porque os regimes democráticos são caracterizados pela soberania do povo na escolha
de seus representantes, afastando expedientes fraudulentos que possam vir a macular a
manifestação da maioria. Os principais assuntos tratados por este ramo são: normas e
17 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Direito Internacional Público. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p.
102
princípios disciplinadores do alistamento; convenção partidária; registro de
candidaturas; propaganda política; votação; apuração e diplomação dos eleitos; entre
outros18. 
Direito do Trabalho - Há divergência se este ramo pertence ao Direito Público ou ao
Direito Privado, sendo considerado por muitos autores como de natureza mista, uma
espécie de Direito sui generis, ou seja, um pouco privado, um pouco público. Embora
sofra acentuada intervenção estatal, que impõe limites à iniciativa individual, a
perspectiva do Direito privado considera o fato de conter normas que disciplinam o
contrato de trabalho entre particulares, no caso, empregado e empregador, caracterizado
pela sua natureza hierárquica e permanente, abrangendo normas, instituições e
princípios relativos à organização do trabalho e da produção e à condição social do
trabalhador assalariado. 
Apresenta ou deveria apresentar, dentre outras, as seguintes características:
proteção dos interesses da classe trabalhadora assalariada, valorização do trabalho,
liberdade de trabalho (eliminação e condenação do trabalho escravo de adultos e de
crianças), garantias trabalhistas (sindicalização, greve), igualdade no e das condições de
trabalho (proibição de discriminação de qualquer natureza: sexo, raça, nacionalidade,
por exemplo), segurançano trabalho (proteção à integridade física, mental, etc). 
Alguns autores preferem a expressão Direito Social - passível de crítica porque o
elemento social, atualmente, inspira toda a experiência jurídica. De toda sorte, quem
classifica este ramo como pertencente ao Direito Público, dá mais peso a presença do
Estado, na sua função institucional, impondo limites à iniciativa individual, ao livre
jogo dos interesses particulares. Nesta direção, chama-se a atenção para as regras
contidas nas convenções coletivas de trabalho e o papel dos sindicatos que podem
estabelecer regras que obrigam a todos os seus associados e não sindicalizados que
exerçam a mesma atividade profissional. 
Direito Agrário - é o ramo do Direito que visa o estudo das relações entre o homem e a
propriedade rural. Atualmente, o Direito Agrário acompanha a evolução do Direito
Ambiental, na medida em que vai sendo estudado sob a perspectiva das novas teorias
Geopolíticas. O Direito Agrário está previsto entre os artigos 184 e 191 da CF/1988. Em
18 Conceito de Direito Eleitoral e seu objeto. Disponível em:
https://www.trilhante.com.br/curso/introducao-ao-direito-eleitoral/aula/conceito-de-direito-eleitoral-e-
seu-objeto-2 
https://www.trilhante.com.br/curso/introducao-ao-direito-eleitoral/aula/conceito-de-direito-eleitoral-e-seu-objeto-2
https://www.trilhante.com.br/curso/introducao-ao-direito-eleitoral/aula/conceito-de-direito-eleitoral-e-seu-objeto-2
sua competência está a definição das políticas de uso do solo, a reforma agrária, a
definição do que é minifúndio, latifúndio - medidas em porções ideais considerando
aquilo que seja uma faixa de terra capaz de assegurar a sustentabilidade de um núcleo
familiar mínimo, em cada tipo de terreno – em algumas legislações chamadas de
módulo rural. Segundo alguns autores, pertence ao Direito Público; para outros,
pertence ao Direito Privado. 
Direito Ambiental - é o ramo jurídico que regula a relação dos indivíduos, governos
e empresas com o meio ambiente. Tudo isso com o objetivo de conciliar os aspectos
ecológicos, econômicos e sociais com a melhoria da condição ambiental e bem-estar
da população. Ou seja, o Direito Ambiental tem como objetivo proteger o meio
ambiente, evitando danos a ele e, assim, garantir que permaneça saudável para as
próximas gerações. Como ciência jurídica autônoma, permeia, praticamente, todos os
ramos jurídicos (Constitucional, Administrativo, Civil, Penal, por exemplo), posto sua
relevância cada vez mais indispensável no que tange a humanidade. A
interdisciplinaridade é característica essencial à sua existência.
Ramos do Direito Privado
Direito Civil: Segundo a tradicional conceituação, é " o direito privado comum" ou o
"direito privado por excelência", pois é conjunto de normas que regulam os interesses
fundamentais do homem, pela simples condição de ser humano. É o ramo composto por
normas e princípios que regem as relações entre particulares que estão em igualdade de
condições. Ou seja, estabelece direitos e impõe obrigações no campo dos interesses
individuais. Desta forma, abarca as principais etapas e valores da vida humana. O
conteúdo deste ramo é vastíssimo, sendo a disciplina mais extensa do currículo jurídico.
São temas que integram o estudo do Direito do Civil: direitos da personalidade,
contratos, posse e propriedade, responsabilidade civil, família e sucessões. 
Direito Empresarial: Possui conceitos e princípios próprios e regula a prática
comercial e o direito das partes envolvidas, desde a constituição até a administração e
extinção de empresas. Impõe regras que objetivam a relação entre os atores do
comércio, além de regras relacionadas aos títulos de crédito, isto é, formas de
pagamentos, durante a prática comercial (cheque, nota promissória, letras de câmbio
etc.).
Direito do Consumidor: Trata-se de uma “disciplina transversal entre o direito privado
e o direito público, que visa proteger um sujeito de direitos, o consumidor, em todas as
suas relações jurídicas frente ao fornecedor, um profissional, empresário ou
comerciante”19. Como é intuitivo, o grande personagem deste ramo é o consumidor.  
Diz respeito a um saber crítico sobre os conceitos em que se apoiam no Direito Privado,
tendo em consideração a concepção de sociedade de massa, pós-moderna,
hipercomplexa e desigual. Dentro deste contexto, portanto, o Direito do Consumidor
visa equalizar relações jurídicas marcadas pelo traço da desigualdade, considerando a
vulnerabilidade do consumidor. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nesta aula você estudou as noções básicas sobre o Direito. Viu que não é a única
esfera normativa importante para a vida em sociedade, pois a Moral, a Religião e os
Usos Sociais também contribuem para relações mais amenas ou menos conflituosas. No
entanto, apenas o Direito - através das suas normas jurídicas - é coercível, característica
que possibilita a execução forçada. Serve para indicar que a força será utilizada apenas
em caso de desobediência, como garantia do cumprimento da norma e não como
instrumento de uso normal para o seu cumprimento, caso não seja observado
espontaneamente. 
Cada país tem autonomia para organizar e estabelecer seu ordenamento jurídico
e é fundamental o respeito às normas internas de cada um deles. É desta forma
que a existência de um Direito constituído, uno, oficial, positivo, escrito,
codificado, serve 
como garantia de respeito aos direitos de todos. 
Na próxima aula você estudará mais alguns temas relacionados à introdução ao
estudo do Direito, como por exemplo, as fontes, os princípios gerais do Direito, a
hierarquia das leis e seu processo regular de formação. 
19 MARQUES, Claudia Lima. Manual de Direito do Consumidor. Editora Revista dos Tribunais, 2020. p: 
56.

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