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31 Lição 3 - Critérios Técnicos para Avaliação A precisão e fundamentação técnica do valor de mercado de bens imóveis é a regra para a realização profissional de uma avaliação imobiliária, que deve ser feita integralmente de acordo com os procedimentos técnicos e normativos, a fim de obter um laudo com a estrita observância dos critérios técnicos especificados em legislações especiais. A compreensão destes cri- térios é fundamental para a avaliação imobiliária. Relação entre erros, precisão e exatidão na medição Erro total Erro sistemá�co Erro aleatório Valor verdadeiro Pr ob ab ili da de Valor vmédioMédia O erro de uma medição pode ser definido como a diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência (valor verdadeiro). Normalmente, o erro possui dois componentes: e erro aleatório e o erro sistemá�co. Se essa parcela do erro for pequena, temos uma media com boa exa�dão. Erro total = Erro Aleatório + Erro Sistemá�co Se essa parcela do erro for pequena, temos uma media com boa precisão. Se ambas as parcela do erro forem pequena, há uma condição ideal em Metrologia: boa precisão e boa exa�dão. 32 O objetivo destes estudos é contribuir para que, ao longo do conteúdo, você se sinta preparado para: • compreender os procedimentos técnicos para a avaliação de bens imóveis. • entender as exigências e os requisitos que compõem a apresentação do laudo de avaliação de imóveis. • conhecer as atividades básicas da avaliação de bens. 1. Aspectos da Avaliação de Imóveis Frequentemente o homem avalia que está ao seu redor e atribui valor às coi- sas por meio das suas necessidades e pretensões. Assim, ao avaliar a necessi- dade de recursos para a sua sobrevivência, o homem valoriza os elementos naturais presentes no nosso planeta. Ao avaliar a sua necessidade de cresci- mento intelectual, o homem valoriza a cultura. E assim por diante, seguimos avaliando e valorando todas as coisas que nos rodeiam, afinal somos cons- tantemente motivados a fazer juízos de valor diante das tantas situações e necessidades da vida. Os bens que se encontram livremente disponíveis no ambiente e não são objeto de disputa entre as pessoas, tendem a receber uma menor valoração quando comparados com os demais, cujo acesso é mais limitado, uma vez que estes certamente são disputados pelas pessoas. Ao nos depararmos com os conceitos fundamentais da avaliação de imóveis verificamos que o valor de um imóvel pode ser: venal, potencial, comercial, de mercado, contábil etc. Todavia, ao enfrentarmos os critérios técnicos de avaliações de imóveis, ve- rificamos que o valor de mercado de um bem deve ser buscado nos procedi- mentos gerais da avaliação de bens. Veja algumas definições: a) AVALIAÇÃO DE BENS: análise técnica, realizada por engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indicadores da viabilidade de sua utilização econômica, para uma determinada finalidade, situação e data. b) BEM: coisa que tem valor, suscetível de utilização ou que pode ser objeto de direito, que integra um patrimônio. Classificados como bem tangível e bem intangível. c) BENFEITORIA: resultado de obra ou serviço realizado num bem e que não pode ser retirado sem destruição, fratura ou dano. d) CUSTO: total dos gastos diretos e indiretos necessários à produção, manutenção ou aquisição de um bem, numa determinada data e situação. e) DADO DE MERCADO: conjunto de informações coletadas no mercado relacionadas a um determinado bem. 33 f) DANO: prejuízo causado a outrem pela ocorrência de vícios, defeitos, sinistros e delitos, entre outros. g) DEPRECIAÇÃO: perda de valor de um bem, devido a modificações em seu estado ou qualidade, ocasionadas por: decrepitude, deterioração, mutilação ou obsoletismo. h) IMÓVEL: bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporadas. Pode ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso ou vocação. i) PREÇO: quantia pela qual se efetua ou se propõe efetuar uma transação envolvendo um bem, um fruto ou um direito sobre ele. j) VALOR DE MERCADO: quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referência, dentro das condições do mercado vigente. Os termos supramencionados foram extraídos da NBR 14.653 e norteiam os procedimentos da avaliação de imóveis. A NBR 14653 é a norma que estabelece os critérios técnicos para a realização da atividade de avaliação de bens, atualmente ela é dividida em um total de sete (07) partes que seguem as mesmas diretrizes e tratam do mesmo assunto. 1.1 A Importância da NBR 14653 As regras da avaliação de bens disciplinadas pela NBR 14653 tratadas em par- tes distintas regulamentam as especificidades na avaliação dos bens diversos. Tal norma já sofreu inúmeras correções e erratas em suas partes que atual- mente vigoram da seguinte forma: 1. Parte 1: Procedimentos gerais da avaliação de bens • ABNT NBR 14653-1:2019 Versão Corrigida: 2019 • ABNT NBR 14653-1:2019 Errata 1:2019 2. Parte 2: Avaliação de bens imóveis urbanos • ABNT NBR 14653-2:2011 3. Parte 3: Avaliação de imóveis rurais e seus componentes • ABNT NBR 14653-3: 2019 Versão Corrigida 2:2022 • ABNT NBR 14653-3: 2019 Errata 1:2019 • ABNT NBR 14653-3:2019 Errata 2:2022 4. Parte 4: Avaliação de empreendimentos • ABNT NBR 14653-4:2002 34 5. Parte 5: Avaliação de máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral • ABNT NBR 14653-5:2006 6. Parte 6: Avaliação de recursos naturais e ambientais. • ABNT NBR 14653-6:2008 Versão Corrigida:2009 • ABNT NBR 14653-6:2008 Errata 1:2009 7. Parte 7: Avaliação de bens de patrimônios históricos e artísticos. • ABNT NBR 14653-7:2009 A partir da apresentação da visão panorâmica supra, destacamos a importân- cia da norma. Aliás, não é demais aprofundarmos ainda mais nas principais partes da norma. Para tanto você deve compreender que: • a NBR 14653-1 exibe os requisitos mínimos de estruturação do laudo de avaliação; • a NR 14653-2 apresenta as regras da avaliação dos imóveis urbanos; a NR 14653- 3 mostra os procedimentos da avaliação dos imóveis rurais; • a NR 14653-4 dispõe sobre os procedimentos da análise de empreendimentos; • a NR 14653-5 fixa as regras da avaliação de máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral; • a NR 14653-6 dispõe sobre os procedimentos da avaliação dos recursos naturais e ambientais e a NR 14653-7 trata dos procedimentos da avaliação de bens de patrimônios históricos e artísticos. 2. Exigências Legais da Atividade de Avaliador As normas da avaliação de imóveis estabelecem uma linguagem única aos profissionais que atuam nessa área, possibilitando que eles se comuniquem. A atividade de avaliador possui normas que a estruturam e devem ser segui- das por todos os profissionais avaliadores, por se tratar de exigências legais. A título exemplificativo, dentre as exigências legais da atividade de avaliador, destacam-se os requisitos mínimos exigidos para apresentação do laudo de avaliação que são: a) identificação do solicitante do trabalho; b) objetivo da avaliação; c) finalidade da avaliação; d) identificação e caracterização do bem avaliado; e) documentação utilizada para a avaliação; f) pressupostos e condições limitantes da avaliação; 35 g) dados e informações efetivamente utilizados; h) memória de cálculo; i) indicação do(s) métodos(s) utilizado(s), com justificativa de escolha; j) especificação da avaliação; k) resultado da avaliação e sua data de referência; l) qualificação legal completa e assinatura do responsável técnico pela avaliação; m) local e data da elaboração do laudo; n) outros requisitos previstos nas demais partes desta Norma. 3. Atividades Básicas da Avaliação de Imóveis As atividades básicas da avaliação de imóveis têm a finalidade de auxiliar os profissionais avaliadores ao fixar os procedimentos necessários parao de- senvolvimento do trabalho de avaliação. Consiste nas etapas essenciais que compõem o estudo do bem e devem ser integralmente seguidas em busca do reconhecimento do valor de mercado do bem da melhor forma possível. 1º A REQUISIÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO: consiste na solicitação dos documentos relativos ao bem à parte interessada no serviço. 2º CONHECIMENTO DA DOCUMENTAÇÃO: o conhecimento e a disponibilização da documentação são primordiais para a avaliação de bens, de tal forma que, caso o contratante do serviço não a entregue a ou não esclareça as dúvidas, o profissional avaliador poderá decidir se continuará ou não realizando o seu trabalho de avaliação. 3º A VISTORIA DO BEM AVALIADO: presta-se a conhecer, caracterizar e verificar o segmento do bem no mercado. 4º A COLETA DE DADOS: compreende a avaliação dos dados disponíveis no mercado sobre as características, as informações e as pesquisas do bem avaliado. 5º A ESCOLHA DA METODOLOGIA: a metodologia afinada com a natureza do bem a ser analisado busca, através dela, avaliar os dados disponíveis no mercado. 6º TRATAMENTO DOS DADOS: os dados precisam ser tratados para compor os modelos a serem averiguados. 7º A IDENTIFICAÇÃO DO VALOR DE MERCADO: é necessária a identificação do valor do bem no mercado por meio da metodologia empregada com o tratamento dos dados, exibindo no laudo a liquidez, a estrutura, a atuação e o comportamento dele no mercado. 36 Saiba Mais