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Técnicas de leitura e produção textual 1 Técnicas de Leitura e Produção Textual Maria Nazareth de Souza Maria Luzia Paiva de Andrade 2ª e di çã o Técnicas de leitura e produção textual 2 DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Maria Nazareth de Souza e Maria Luzia Paiva de Andrade Revisão Ortográfica: Tatiane Rodrigues de Souza Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos. Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói S729t Souza, Maria Nazareth de. Técnicas de leitura e produção de texto / Maria Nazareth de Souza e Maria Luiza Paiva de Andrade; revisão de Tatiane Rodrigues de Souza. – Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2018. 241 p. : il. 1. Leitura - Estudo e ensino. 2. Língua portuguesa - Composição e exercícios - Estudo e ensino. 3. Análise do discurso. I. Andrade, Maria Luiza Paiva de. II. Souza, Tatiane Rodrigues de. II. Título. CDD 418.4 Bibliotecária responsável: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Técnicas de leitura e produção textual 3 Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Técnicas de leitura e produção textual 4 Técnicas de leitura e produção textual 5 Sumário Apresentação da disciplina ................................................................................................ 07 Plano da disciplina .............................................................................................................. 09 Unidade 1 – Discurso, texto e enunciação ....................................................................... 15 Unidade 2 – A prática da leitura de textos a construção do texto ............................... 57 Unidade 3 – A construção do texto .................................................................................. 95 Unidade 4 – A dissertação e a argumentação ................................................................. 127 Unidade 5 – A composição mista...................................................................................... 159 Unidade 6 – O texto de opinião e o texto polifônico ..................................................... 197 Considerações finais ........................................................................................................... 255 Conhecendo as autoras ...................................................................................................... 227 Referências ........................................................................................................................... 228 Anexos ................................................................................................................................ 237 Técnicas de leitura e produção textual 6 Técnicas de leitura e produção textual 7 Apresentação da Disciplina O aprendizado é mais do que a aquisição de capacidade para pensar; é a aquisição de muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas. (Vygotsky, 1991) Antes de tudo, caro aluno, façamos uma reflexão primordial: qual a importância da formação de sujeitos leitores e produtores de texto na escola ou na universidade? Partindo da epígrafe acima, do grande mestre da educação, Vygotsky, “o aprendizado é a aquisição de muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas”, meditemos: ler é uma arte em processo. É a possibilidade própria que cada um tem de dotar de sentido e de significado textos escritos, desenhos, comportamentos, expressões, peças de teatro, filmes, obras de artes etc. Assim, confirmamos que “o objeto de ensino e, portanto, de aprendizagem é o conhecimento linguístico e discursivo com o qual o sujeito opera ao participar das práticas sociais mediadas pela linguagem.” (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998). Portanto, não se deve desprezar oportunidade alguma para refletir sobre a questão da leitura e da produção textual nos contextos das instituições de ensino; estudando causas e consequências das dificuldades relacionadas ao trabalho com a leitura e com a escrita, investigando, delineando propostas, buscando novos rumos e novas perspectivas, enfim, indagando de modo crítico e consciencioso sobre as causas do relativo “insucesso” na proposta de incentivo à leitura e à escrita atualmente, além de se pensar em como as práticas sociais de leitura e escrita podem garantir a formação de leitores autônomos e críticos. Dessa forma, esta disciplina foi elaborada passo a passo pensando em você e na sua aprendizagem sobe a leitura e a produção da escrita com clareza, coesão e coerênciatextuais, de modo prazeroso e interativo. Por isso, leia, releia e reflita sobre cada assunto abordado. O estudo constante lhe garantirá maior segurança e domínio do aprendizado. Procuramos elaborar uma metodologia que possibilite ao aluno conhecer, refletir, ler, pensar e compreender as diferentes atividades Técnicas de leitura e produção textual 8 comunicativas ou gêneros textuais, por meio de um estudo articulado com as estratégias de leitura e as normas de produção da escrita. A sua aplicabilidade teórica à prática da escrita resultará em habilidades e competências na metodologia no campo da linguagem, centrada na produção textual. Os conteúdos ministrados e a bibliografia para pesquisa irão contribuir, de forma decisiva, para a sua competência profissional. Nossa proposta, portanto, prezado aluno, é levá-lo a refletir conosco sobre o “ato de ler” e o “ato de escrever”, pois, como você sabe, o pensamento se materializa pela linguagem, e não existe pensamento sem linguagem. Estaremos, aqui, para auxiliá-lo nos conteúdos e exercícios, quando for preciso. Cumpra passo a passo as atividades propostas e administre bem o seu tempo. De resto, fica aqui o convite para ler e escrever. Esta é a ocasião oportuna para começar a fazê-los. Bons estudos e muito sucesso nesse percurso! Técnicas de leitura e produção textual 9 Plano da disciplina Heráclito, filósofo, ano 500 a.c, nos ensina que “ninguém desce duas vezes o mesmo rio, pois suas águas mudam constantemente.” O texto também muda a cada leitura, porque o leitor coloca nele suas vivências, seus sentimentos, sua visão particular do mundo e sua atitude naquele momento. A disciplina Técnicas de leitura e produção textual no curso de Letras tem como objetivo identificar e analisar as diferentes abordagens do ensino da leitura e produção textual, bem como refletir sobre a formação de sujeitos leitores e produtores de textos. As questões relativas à leitura e a escrita vêm sendo muito discutidas, sobretudo, nas duas últimas décadas. Como estender a todos os indivíduos de uma comunidade letrada, a possibilidade de desenvolver de forma satisfatória um domínio de leitura e de escrita? Esse é o grande desafio hoje das instituições de ensino, pois cabe a ela, formalmente, estabelecer relações entre leitura e indivíduo, entre leitura e escrita, entre leitura, escrita e indivíduo. Sendo assim, trata-se de uma disciplina fundamental na formação de profissionais que atuarão na área também dos estudos da linguagem, pois vem aumentando, a cada dia, a consciência de que a formação de leitores críticos é o primordial objetivo da disciplina Língua Portuguesa e da ação escolar. Um número crescente de professores busca priorizar os usos sociais da língua, partindo da interação cotidiana e familiar, que os alunos já realizam, para a pública e formal, que compete à escola garantir a todos. A presente disciplina, então, tem como meta desenvolver a habilidade para a organização discursiva: descritiva, narrativa e dissertativa, observando a estrutura básica de cada texto, procurando desenvolver no aluno as competências e habilidades de leitura e escrita necessárias ao êxito de sua formação como futuros profissionais. Técnicas de leitura e produção textual 10 A disciplina foi dividida em seis unidades, que estão subdivididas em tópicos, com o objetivo de facilitar a compreensão dos conteúdos, bem como a estrutura do programa teórico a ser desenvolvido. Sendo assim, passemos a um resumo de cada unidade, enfatizando seus objetivos para que você tenha uma visão generalizada daquilo que irá estudar nessa disciplina. Unidade 1 – Discurso, texto e enunciação Alguns conceitos de leitura, língua, linguagem, discurso, textos verbais e não verbais serão lembrados aqui, bem como a importância da leitura no cotidiano dos alunos. Objetivos: Entender a leitura como uma atividade de compreensão, mas também de interação, de reação e avaliação dos efeitos pretendidos pelo autor e obtidos nos leitores. Reconhecer a prática social da escrita fundamentada no raciocínio lógico e na reflexão do aprender a escrever, reconhecer os tipos e os gêneros textuais, bem como suas adequações às normas linguísticas. Revisar pontos de ortografia e acentuação gráfica. Unidade 2 – A prática da leitura de textos A crença de que a proficiência na leitura constitui pré-requisito indispensável para um desempenho satisfatório não só nas atividades escolares e acadêmicas, mas também a garantia de participação ativa na vida social, ou seja, a cidadania desejada. Objetivos: Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, Técnicas de leitura e produção textual 11 organização das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. Reconhecer a tipologia textual existente, tais como o texto descritivo e o texto narrativo, os tipos de discurso, a intertextualidade e a significação das palavras. Unidade 3 – A construção do texto O ensino da produção textual: leitura, interlocução e produção de textos. Nessa unidade veremos, entre outras coisas importantes, algumas condições para tornar produtivas as práticas da leitura e da produção textual, a noção de texto, a construção do sentido de texto e a estrutura do texto. Objetivos: Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, informação e comunicação em situações intersubjetivas, que exijam graus de distanciamento e reflexão sobre os contextos e estatutos de interlocutores; e saber colocar-se como protagonista no processo de produção e recepção de textos. Reconhecer a estrutura do parágrafo, o título, o tema, a construção do texto, as partes de um texto: introdução, desenvolvimento e conclusão e sua aplicação às normas linguísticas da língua. Unidade 4 – A dissertação e a argumentação O trabalho com a linguagem, a leitura e a escrita podem favorecer a ação numa perspectiva humanizadora, que convidem a refletir, a pensar e a agir sobre o sentido da vida individual e coletiva. Evidencia-se como estratégia necessária para que os alunos possam ampliar seus conhecimentos, identificar procedimentos apropriados, assumir atitudes afirmativas, positivas e humanistas contra a barbárie, a injustiça, o preconceito e a injustiça social, bem como para o desenvolvimento de habilidades essenciais ao exercício pleno da cidadania no século XXI. Técnicas de leitura e produção textual 12 Objetivos: Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização de mundo e da própria identidade. Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, informação e comunicação em situações objetivas e subjetivas, que exijam graus de distanciamento e reflexão sobre os contextos e estatutos de interlocutores; e saber colocar-se como protagonista no processo de produção e recepção de textos. Identificar as características do texto dissertativo-argumentativo, e da carta pessoal e comercial. Reconhecer e empregar adequadamente a concordância nominal e verbal e os pronomes de tratamento. Unidade 5 – A composição mista do texto Na prática de leitura e produção textual devem ser desenvolvidas atividades que garantam ao aluno a capacidade de ler diferentes textos, de diferentes gêneros, tais como: contos, crônicas, romances, poemas, reportagens, entrevistas, editoriais, charges, propagandas, tirinhas etc., de forma crítica e autônoma. Objetivos: Conhecer práticas pedagógicas de leitura e produção textual que podem ser desenvolvidas em sala de aula. Analisar as imagens de texto não verbal para o texto verbal e vice-versa e aplicar de forma adequada às estruturas linguísticas. Revisar ortografiae emprego de palavras tais como: uso dos porquês; as palavras mas, mais e más. Aperfeiçoar o aprendizado de coerência e coesão textual. Técnicas de leitura e produção textual 13 Unidade 6 - O texto de opinião e o texto polifônico No trabalho com a produção textual devem ser desenvolvidas atividades que garantam o reconhecimento das estruturas e características dos diversos tipos e gêneros textuais que circulam socialmente em nossas atribuições do cotidiano. Objetivos: Reconhecer as estruturas e características da composição dos textos de opinião, polifônico e publicitário. Entender os procedimentos para uma efetiva produção textual. Compreender a regência verbal e nominal que dão sentido e elegância aos textos. Técnicas de leitura e produção textual 14 Técnicas de leitura e produção textual 15 Discurso texto e enunciação A produção da escrita como prática social. A prática da leitura. Conceituação. Noção de linguagem e língua: textos verbais e não verbais. Conceituação: texto, discurso e enunciação. Conceituando: língua, fala ou discurso, linguagem. Coesão e coerência (I e II). Os gêneros textuais e os tipos textuais. Trabalhando as normas linguísticas. 1 Técnicas de leitura e produção textual 16 Nesta unidade, você estudará o valor da prática social da escrita, a conceituação de texto, discurso, enunciação, os gêneros e os tipos textuais pertinentes às atividades comunicativas do dia a dia em nossa sociedade contemporânea. Objetivos da unidade: Reconhecer a prática social da escrita fundamentada no raciocínio lógico e na reflexão do aprender a escrever. Identificar e diferenciar os tipos e os gêneros textuais que desempenham papel fundamental em nossa vida social. Perceber que os textos (orais e escritos) são frutos da intenção comunicativa de um emissor em relação a um receptor num determinado contexto social. Compreender o conceito de texto, discurso e enunciação. Entender a importância da coesão e coerência textual na construção do sentido dos textos. Revisar normas linguísticas importantes na construção dos textos. Plano da unidade: A produção da escrita como prática social. A prática da leitura. Conceituação. Noção de linguagem e língua: textos verbais e não verbais. Conceituação: texto, discurso e enunciação. Conceituando: língua, fala ou discurso, linguagem. Coesão e coerência (I e II). Os gêneros textuais e os tipos textuais Trabalhando as normas linguísticas. Bons estudos. Técnicas de leitura e produção textual 17 A produção da escrita como prática social Que ninguém se iluda: só a leitura intensa permite conhecer os múltiplos recursos da língua e usá-los com eficiência, sem decoreba gramatiqueira (BAGNO). Caro aluno, começaremos agora nossos estudos nesta fascinante área da leitura e da produção de textos. Procuraremos identificar e analisar as diferentes abordagens do ensino da leitura e da produção textual. Ler, ouvir, compreender, falar e escrever são atividades necessárias na nossa relação com os outros e com o mundo, e aqui me dirigindo, em especial, a você, estudante do curso de Letras. A ferramenta cultural que utilizamos para essa comunicação, essa inter-relação, é a linguagem, seja ela verbal ou não verbal, pois, no dia a dia, deparamo- nos cada vez mais com situações em que temos de ler textos cujo código não é nossa língua. Já se afirmou, inclusive, que vivemos numa sociedade icônica, pois somos constantemente bombardeados por signos visuais também. E os próprios textos verbais vêm comumente associados a textos não verbais. A produção da escrita é pertinente a uma prática social. Na sociedade contemporânea os indivíduos atuam no mundo e sentem necessidade de comunicar suas ideias e mensagens aos outros. A produção de textos, no laboratório textual ou em oficinas, possibilita ao sujeito produtor do texto que expresse seus pensamentos, seu ponto de vista e construa seus argumentos sobre determinado assunto, em suas comunicações diárias, quer escrita ou quer falada. O produtor do texto, na construção de suas mensagens, deverá levar em consideração, segundo Koch as inter-relações que são essenciais para garantir a coerência de um texto. Vejamos: Icônico: relativo a ícone. Que representa ou reproduz com exatidão e fidelidade. Signo que apresenta uma relação de semelhança ou analogia com o objeto que representa (como uma fotografia, uma estátua ou um desenho figurativo); p.ex.: o desenho de uma faca e um garfo cruzados indicam a proximidade de um restaurante. Técnicas de leitura e produção textual 18 Você deverá ler, compreender e interpretar as inúmeras obras, revistas, filmes e etc., que circulam em seu cotidiano. Esses procedimentos de LEITURA são eficazes para o bom desempenho da ESCRITA e o desenvolvimento das habilidades de escrever, de argumentar, de pensar e de fundamentar seu ponto de vista na organização discursiva em diferentes modalidades: escrita ou falada. Outro fator importante para interpretação de um texto é a inferência. A prática da leitura. Conceituação Na formação global do homem inserido no mundo moderno, a leitura e a produção de texto têm papel decisivo e fundamental. “A leitura é o processo através do qual o leitor interage com um autor, por meio de um texto escrito”. Segundo Soares (1996), “esse processo é o resultado das circunstâncias em que a leitura acontece: condições de produção da leitura, e das práticas histórico-sociais que configuram o autor, o leitor, o texto: o contexto”. Inferência: é a dedução, a interpretação pelo raciocínio baseada em indícios, ou seja, inferência é opinião. Técnicas de leitura e produção textual 19 Segundo ainda a mesma autora, a escrita “é o processo através do qual o autor interage com um leitor, por meio de um texto escrito. Esse processo é o resultado das circunstâncias em que a escrita acontece: condições de produção do texto e das práticas histórico-sociais que configuram o autor, o leitor, o texto: o contexto”. A produção da escrita está atrelada à produção da leitura, facultando ao leitor, pelo contato com textos escritos diversificados e pelas inúmeras leituras, um bom desempenho em suas produções textuais. Tais leituras possibilitam internalizar novos conhecimentos e desenvolver habilidades na organização discursiva, assim, a convivência com o universo de leituras levará o sujeito leitor ao efetivo domínio da escrita. Pode-se levar em consideração que, por meio da leitura, teremos o acesso à informação, além de favorecer um exercício de reflexão e análise das questões sociais, tornando a pessoa mais crítica e conhecedora de si e do outro. Observe o esquema a seguir: Técnicas de leitura e produção textual 20 O esquema anterior sintetiza o processo da produção da escrita e das atividades comunicativas; requer do sujeito produtor de textos uma leitura (informação) em que ele tenha compreensão e interpretação de suas leituras, com isso poderemos afirmar que o ato de escrever exige: o pensar e o refletir sobre algo, além de estimular “o criar”, o produzir de novos textos e de novas mensagens. Esse processo resulta na construção de diversos gêneros textuais (bilhete, carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia jornalística, editorial de jornais e revistas, atas, resenha etc.) e visa promover ainda, a interação social entre os indivíduos. Há de se pensar que as práticas de comunicação em sociedade se constituem em gêneros textuais. Segundo Marcuschi são: Acontecimentos textuais ligados à nossa vida cultural e social e são bem menos restritos do que os tipos textuais. Seu número é praticamente infinito. Exemplos de gênero são: romance, carta pessoal, carta comercial, aula expositiva,artigo científico, boletim de ocorrência, outdoor, editorial, conversação espontânea etc. Alguns gêneros podem desaparecer e outros podem sofrer modificações ao longo do tempo, como o romance e as cartas comerciais. Isso lhes dá um caráter de evolução histórica. Gênero novos podem aparecer, em função de conquistas tecnológicas ou mudanças sociais, como o telefonema e o e-mail. Gêneros não são, portanto, entidades formais, mas entidades comunicativas, resultantes de processos de interação social. Técnicas de leitura e produção textual 21 De fato, os gêneros não são “entidades formais”, mas entidades comunicativas decorrentes de práticas sociais que visam à interação social entre os indivíduos. Em nosso dia a dia, praticamos a todo o momento atividades comunicativas. Além disso, circulamos e vivemos em uma sociedade letrada (letramento), em que os indivíduos se comunicam ao narrar um fato, ao defender seu ponto de vista sobre qualquer assunto. IMPORTANTE: Lembre-se de que as comunicações constituem gêneros textuais ou “entidades comunicativas”. Agora, você irá ler alguns gêneros textuais inseridos na sociedade letrada. Vamos lá? 1º Charge: Letramento: É o estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais da leitura e da escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação oral. Técnicas de leitura e produção textual 22 2º Outdoor 3º Manchete de jornais Técnicas de leitura e produção textual 23 4º Música MPB Geração Coca-Cola Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês nos empurraram Com os enlatados dos USA, de 9 às 6. Desde pequenos nós comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez – Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês. Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Nós somos o futuro da nação Geração Coca-Cola. (RUSSO, 1995.) Ler não é apenas decodificar, mas compreender as mensagens, pois circulamos e vivemos numa sociedade letrada. Vale o que está escrito. Parodiando o texto bíblico diríamos: “Bem- aventurados os homens de boa redação. Deles será o reino das diretorias”(INFANTE,1998). Técnicas de leitura e produção textual 24 É verdade! A escrita é essencial ao mundo contemporâneo, tendo em vista as práticas sociais das atividades comunicativas no dia a dia, uma vez que as nossas organizações e instituições são permeadas por textos escritos: Estatutos, Código Civil, Procon, leis, outdoor, Receitas, comunicação nas empresas, enfim, por inúmeras mensagens que circulam socialmente. Assim, dependemos da escrita enquanto habilidade importante para o nosso sucesso profissional. Estamos em consonância com as dicas de Lucília Garcez para desinibir ou eliminar os bloqueios do estudante, auxiliando-o na produção textual. Vamos conferir? “Dicas” para desempenho na escrita: 1º Passo: Resumos de leituras (revistas, jornais, livros, crônicas e contos). 2º Passo: Não ter “medo” de escrever. Acreditar que você é capaz de obter êxito na ESCRITA. 3º Passo: Ler muito. Compreender e interpretar o que leu. 4º Passo: Valorizar seus argumentos e reconhecer que pela escrita interagimos com o mundo. 5º Passo: Motivação é a razão para escrever o texto: defender uma ideia, além de expressar um sentimento ou opinião sobre algo. 6º Passo: Correção gramatical. Técnicas de leitura e produção textual 25 IMPORTANTE: Escrever é um desafio, é luta! Uma via para compreender e desenvolver o ato de escrever é a Leitura. Recortamos algumas entrevistas de escritores que vivem de suas escritas, sendo o ato de escrever imprescindível em suas vidas. Leiamos alguns depoimentos desses escritores: Clarice Lispector: Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. Técnicas de leitura e produção textual 26 Segundo a autora Lygia Fagundes, o ato de escrever se resume: -Como você definiria o ato de escrever? -Uma luta. Uma luta que pode ser vã, como disse o poeta, mas que lhe toma a manhã. E a tarde. Até a noite. Luta que requer paciência. Humildade. Humor. Lembro-me que estava num hotel em Buenos Aires, vendo na tevê um drama de boxe. Desliguei o som, ficou só a imagem do lutador já cansado (tantas lutas) e reagindo. Resistindo. Acertava, às vezes, mas tanto soco em vão, o adversário tão ágil, fugidio, desviando a cara. E ele ali, investindo, Insistindo: – mas o que mantinha o lutador em pé? Duas vezes beijou a lona. Poeira, suor, sangue. Voltava a reagir, alguém sugeriu que lhe atirassem a toalha, é melhor desistir, chega! Mas ele ia buscar forças sabe Deus onde e se levantava de novo, o fervor acendendo a fresta do olho quase encoberto pela pálpebra inchada. Fiquei vendo a imagem silenciosa do lutador solitário – mas quem podia ajudá-lo? Era a coragem que o sustentava? A vaidade? Simples ambição de riqueza, aplauso? (...) E de repente me emocionei: na imagem do lutador de boxe vi a imagem do escritor no corpo a corpo com a palavra. Segundo Mariza Lajolo (1988) Lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode encerrar-se nela. Do mundo da leitura para a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estreitos limites da escola. Técnicas de leitura e produção textual 27 Portanto, aprender a ler é não só uma das maiores experiências da vida. É uma vivência única para todo ser humano. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocínios, participar ativamente da vida social, alargar a visão de mundo, do outro e de si mesmo. Assim, leitura é a possibilidade própria que cada uma das pessoas tem de dotar de sentido e de significado, textos escritos, desenhos, comportamentos, expressões, peças de teatro e filmes, obras de diferentes artes, etc. Isso significa dizer que não se leem apenas os textos linguísticos, aqueles que se ocupam da palavra escrita. Assunto que desenvolveremos no próximo tópico. Noção de linguagem e língua: textos verbais e não verbais. Inicialmente, cabe distinguir os conceitos de linguagem e língua. A concepção adotada por nós é que a linguagem é a capacidade de representação por meio de signos, exclusiva do ser humano, o que o distingue dos outros animais. A linguagem pode ser expressa por signos verbais e não verbais, agrupados em linguagem verbal – que usa a palavra falada e escrita – e a linguagem não verbal – que utiliza signos gestuais, visuais e sonoros. Já a língua é um sistema de signos verbais desenvolvidos por uma comunidade para a comunicação como resultado de seu processo histórico. Uma língua tem características particulares em vários aspectos: fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático, o que a diferenciam uma das outras. É interessante lembrar também que a língua é heterogênea e apresenta variantes sociais, geográficas e situacionais, entre outras. Nela encontramos a norma padrão, ou português padrão, como uma das variantes linguísticas do português, associadoaos grupos sociais de maior prestígio na sociedade. E a importância do seu estudo para a participação social e o pleno exercício da cidadania. Técnicas de leitura e produção textual 28 Conceituação: texto, discurso e enunciação. A palavra texto provém do latim textus, que significa “tecido, entrelaçamento”. O significado etimológico nos mostra que o texto resulta do ato de tecer, de entrelaçar unidades e partes, a fim de constituir a unidade do texto. Portanto, a textura ou tessitura de um texto garante a coesão e a coerência a partir das redes de relações. Tais relações se estabelecem com a retomada dos elementos coesivos, ou seja, das palavras, frases e sequências que remetem aos fatos ou conceitos, por meio dos pronomes ou palavras e expressões equivalentes contidas no texto. Você ainda deverá ter cuidado com o “entrelaçamento” do texto, a fim de torná-lo coerente e coeso, daí a atenção aos fatores e aos mecanismos de coerência textual. Vamos aos exemplos: EXEMPLIFICANDO Exemplo 01: É impossível pressagiar o futuro do romance e da pintura, mas uma coisa é certa: há mais de 150 anos ambos têm sido renovados por modalidades artísticas que lançam mão de recursos tecnológicos, como a fotografia no século XIX e o cinema no século passado. O impacto e a influência da fotografia na pintura foi considerável, e algo semelhante ocorreu entre o cinema e a literatura. “A nova arte” atraiu – e atrai cada vez mais – o público que, antes, entregava-se à leitura de romances. É provável que a maioria dos espectadores de “filmes de arte” se interesse pela literatura, e que raros escritores não sejam cinéfilos. E não seria exagero afirmar que o cinema influenciou muitas obras literárias do século XX. (Fonte: Revista entre livros, junho de 05, ano I, nº3, p.26). Observe que há no exemplo 01 a substituição da palavra “fotografia” por “A nova arte” dando elegância à escrita. Técnicas de leitura e produção textual 29 EXEMPLIFICANDO Exemplo 02: Observemos os termos grifados que são chamados de elementos coesivos e constituem a coesão do texto. Elementos coesivos: são palavras ou expressões cuja função é estabelecer relações lógicas entre os segmentos do texto (os conectivos, por exemplo), ou fazer referência a outros elementos presentes na estrutura textual (pronomes, advérbios, sinônimos, por exemplo). A coesão de um texto decorre do uso adequado desses elementos. Vejamos: “Cinema e literatura são linguagens bem diferentes, mas uma não exclui a outra. Alguns livros de ficção pedem ao leitor quase a mesma paciência e atenção que a do espectador dos filmes inspirados por essas obras. No fim da sessão ou da leitura, o prazer será mais ou menos o mesmo, dependendo de cada olhar. Mas um bom filme depende de algo que é um atributo fundamental de uma obra de ficção: a palavra escrita. Sem um roteiro plausível e capaz de dar coerência à trama, as imagens correm o risco de perder sua força e magia. E talvez seja esse o vínculo mais profundo e perene da literatura com a nova arte” (Fonte: Revista entre livros, junho de 05, ano I, nº3, p.27). (...) Todos conhecemos centenas, talvez milhares de casos de leitores muito pobres, filhos de pais sem instrução, que foram ajudados a ‘vencer na vida ‘pelo desenvolvimento intelectual que a leitura de bons livros lhes proporcionou. Essa leitura não substitui a escola, mas a complementa e multiplica de modo exponencial e se mantém como potencial de crescimento pela vida toda, diz Ana Maria (Almanaque das Letras, setembro 2007, ano 1 – nº1, p.11). Técnicas de leitura e produção textual 30 IMPORTANTE: Os pronomes “esse”, “essa”, “lhes”, além das expressões “Cinema e Literatura” e “A nova arte”, funcionam como elementos de coesão, por fazerem referência a outros elementos dos textos anteriormente citados. Outro fator importante para garantir a coesão e a coerência textual é a adequação das normas linguísticas aos gêneros textuais. Tais normas visam garantir a qualidade do estilo. Entretanto, um texto poderá conter correção gramatical, mas não ter nexo, não ter sentido, sendo assim, não há uma “unidade básica de sentido” no texto. É válido destacar, aqui, os mecanismos que facilitam a coerência, quais são: utilização adequada das normas gramaticais, cuidado com a formalidade da língua escrita, conhecimento de mundo compartilhado por emissor e receptor, seleção lexical, adequação das variantes linguísticas aos textos, a intertextualidade e a construção dos argumentos adequados à tipologia textual. A coerência textual pressupõe o encadeamento de ideias sem que haja contradição entre os diversos segmentos textuais. Cada um deles é pressuposto do seguinte, que por sua vez, será pressuposto para o(s) que sucede(m), formando uma cadeia em que todos estejam harmonicamente concatenados. Quando isso ocorre, dizemos que o texto é coerente. Se houver quebra nessa concatenação ou um segmento textual estiver em contradição com um anterior, o texto perde a coerência. A coerência tem que ver com o tipo de texto e a sua produção. Podemos, então, falar de uma coerência argumentativa, uma coerência narrativa e uma coerência descritiva. Falaremos sobre tipologia textual (narração, descrição e dissertação) daqui a pouco. Técnicas de leitura e produção textual 31 EXEMPLIFICANDO Exemplo de coerência textual Ilustração Agora, você irá saborear o poema Cristaleira, de Beatriz Escórcio Chacon: Cristaleira É preciso um manjar saltando fervendo num fogo brando Traz teus olhos de jabuticaba há ameixa e deuses conservados em mim Eu te trago carambolas pegando no fundo caramelando teus olhos Um cristal que é vidro e a compoteira enchendo Nossos olhos compridos. No poema Cristaleira, de Beatriz Escórcio Chacon, em sua sequência ou encadeamento das ideias, obtém-se a coerência textual pelo tecido de base semântica (significados). Conforme podemos observar há apenas um conectivo (e). Geralmente, nos textos poéticos há menos elementos coesivos. Técnicas de leitura e produção textual 32 Coesão e coerência (I e II) EXEMPLIFICANDO Observe a construção dos trechos abaixo: a) Levantamos muito cedo, o dia estava nublado. As pessoas andavam pelas ruas, acostumadas às chuvas constantes de Paraty. Por isso, deixamos de fazer o passeio de barco. b) Levantamos muito cedo, o dia estava nublado. As pessoas andavam pelas ruas, acostumadas às chuvas constantes de Paraty. Apesar disso, deixamos de fazer o passeio de barco. A falha mais comum na construção do texto (redação) é a incoerência das ideias e da falta de unidade, conforme nos diz o professor Othon Moacir Garcia: Quando o estudante aprende a concatenar ideias, a estabelecer suas relações de dependência, expondo seu pensamento de modo claro, coerente e objetivo, a forma gramatical vem com um mínimo de erros que não cegam a invalidar a redação. E esse mínimo de erros se consegue evitar com um mínimo de ‘regrinhas’ gramaticais. (MOACIR, p. 267) A unidade de um texto se obtém, geralmente, com o tópico frasal enquanto a coerência requer uma ordem adequada e o uso adequado das conjunções, advérbios, locuções adverbiais e pronomes. A unidade do parágrafo é obtida com a conexão entre seus períodos. Há uma relação intrínseca da unidade e coerência, quase sempre a ausência de uma compromete à ordenação e o entrelaçamento das ideias, principais qualidades de um texto. O seguinte texto exemplifica a falta de unidade e coerência, vejamos: Técnicas de leitura e produção textual 33 Dizer que viajar é um prazer triste, uma aventura penosa, parece um absurdo. Imediatamente nos ocorrem as dificuldades de transportes durante a Idade Média, quando viajar devia ser realmente uma ventura arriscada e penosa (Id.Ib.). Refletindo sobre o diálogo entredois teóricos do texto: Koch e Moacir, podemos concluir: Quadro I Técnicas de leitura e produção textual 34 Observando o quadro I, podemos concluir que, para se obter a unidade e coerência textuais em uma composição (introdução, desenvolvimento e conclusão), são essenciais: a ordenação dos parágrafos, ou seja, a conexão dos parágrafos por meio dos elementos coesivos, “partículas de transição” (Othon Moacir Garcia), a fim de garantir a coesão e a coerência textuais e, consequentemente, a textualidade. Veja alguns exemplos de mecanismos de coesão: (...) a escritora e imortal Ana Maria Machado fala sobre a leitura – tema caro a uma autora que não se cansa de falar sobre o assunto que deveria ser considerado tão importante e indispensável como a matemática e, por isso, fazer parte dos currículos escolares. No texto intitulado “Hospital da alma”, ela defende uma teoria bastante curiosa: o ambiente contemporâneo não é favorável à leitura. E, enquanto nos países que já se lia muito, as sociedades dispõem de anticorpos capazes de proteger as pessoas diante deste fenômeno, num país como o Brasil, as coisas ficam bem complicadas. Estaríamos doentes e famintos? Segundo a autora, sim. ’Estamos famintos e doentes em matéria de leitura (...)’ (Almanaque das Letras, setembro 2007, ano 1 – nº1, p.10). OBS.: O texto acima exemplifica a coesão pela retomada do nome “escritora” por “Ana Maria Machado”, “autora”. As palavras mais usadas e retomadas nos textos estabelecem um encadeamento semântico – unidade de sentido que lhe garante a textualidade. A rede semântica ou encadeamento semântico que cria a textualidade chama-se coesão. Observe os termos retomados nas sentenças. São chamados de elementos coesivos. Vejamos: Técnicas de leitura e produção textual 35 EXEMPLIFICANDO Paulo pegue o livro. Paulo pegue-o. Pegue os DVDs. Coloque-os sobre a mesa. Mais uma vez recorremos à coesão textual. ‘Aos 6 meses o nenê está num bom período para o ingresso no berçário’, afirma Márcia Figueiredo, psicopedagoga do Centro Educacional Miraflores, no Rio de Janeiro. Ela explica que nessa fase a criança já apresenta alguma mobilidade, interage com o ambiente, começa a ingerir novos alimentos, mas ainda não entrou na fase de estranhar pessoa, o que favorece na integração (Revista Uma, p. 116, março de 2008). Veja as palavras sublinhadas no texto: “Márcia Figueiredo” é substituída por “Ela” (pronome pessoal do caso reto), e a coesão lexical (vocabulário) ocorre em “nenê” por “criança”, e ainda para exemplificar teremos “a partícula de transição” mas, conjunção adversativa. Os elementos coesivos garantem a conexão entre os períodos. Podemos, agora, visualizar a síntese sobre as características da tríade: texto, discurso e textualidade no gráfico. Vamos lá! Técnicas de leitura e produção textual 36 Portanto, a enunciação está centrada no conhecimento de mundo chamado de repertório sociocultural do receptor ao fazer suas inferências. Quando o ouvinte/receptor for capaz de associar ao ouvir ou ler o texto, compreender e decodificar a intencionalidade do emissor ocorre à inferência (dedução) do leitor /receptor sobre texto, quer falado ou escrito. Vamos aos exemplos: a) Imaginemos que há duas pessoas desconhecidas sentadas no banco da praça. Ao iniciarem um diálogo: - O dia está lindo, né? - É. Está ótimo para apreciar a natureza. Hoje, pelo menos o céu está azul, azul. Técnicas de leitura e produção textual 37 Observamos que no diálogo entre as duas pessoas há um desejo de contato simplesmente, isto é, estabelece a enunciação. Sendo assim, há uma intenção de contato do emissor com o receptor. Conceituando: língua, fala ou discurso, linguagem: Língua: a língua é um tipo de linguagem que utiliza palavras para o processo de comunicação de indivíduos. Ela é um sistema que sofre modificações, pois está sujeita à ação do tempo e do espaço geográfico. Fala/ discurso/ enunciação: é o uso individual que cada membro da comunidade linguística faz da mesma língua. Ao selecionar as palavras, o indivíduo é influenciado pela sua personalidade, seu gosto, sua cultura, etc. Surgem, então, os estilos próprios e níveis de fala, que são os modos variados que o indivíduo usa a língua, de acordo com o meio sociocultural em que vive. Linguagem: a linguagem é a capacidade que o homem tem de se comunicar por meio da fala. Existem outras formas de linguagem como os desenhos, os gestos, os sons, as cores, os cheiros, as onomatopeias, e as palavras. Divide-se, como vimos, em linguagem verbal e não verbal. Os gêneros textuais e os tipos textuais Conforme visto anteriormente, os textos desempenham papel fundamental em nossa vida social. Como as situações de comunicação em nossa vida são inúmeras, inúmeros também são os gêneros textuais a que temos acesso. São eles: bilhete, carta, e-mail, receita, horóscopo, piada, romance, conto, crônica, poesia, revistas, editoriais de jornais, propaganda, texto didático, resenha, bula de remédio, aula expositiva, ata de reunião entre outros. Um dos primeiros passos para uma competente leitura do texto é a identificação do gênero textual em questão. Enunciação: ato individual de utilização da língua pelo falante, ao produzir um enunciado num dado contexto comunicativo. Técnicas de leitura e produção textual 38 Os textos possuem sequências com determinadas marcas ou características linguísticas que nos permite identificá-los. São elas: classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, relações lógicas, etc. Os gêneros são inúmeros, dependendo da sua função e das diferentes situações de comunicação. Já os tipos textuais são poucos: narrativo, argumentativo, explicativo ou expositivo, injuntivo ou instrucional. Características dos tipos textuais São exemplos de gêneros em que prevalece a sequência narrativa: relato, crônica, conto, romance, fábula, conto de fada, piada, etc. São exemplos de gêneros em que prevalece a sequência descritiva: autorretrato, folheto turístico, anúncio de classificado, cardápio, lista de compras, etc. São exemplos de gêneros em que prevalece a sequência explicativa ou expositiva: textos de divulgação científica, de revistas especializadas, de cadernos de jornais, de livros didáticos, de verbetes, de dicionários, de manuais, de enciclopédia, etc. São exemplos de gêneros em que prevalece a sequência injuntiva ou instrucional: propaganda, receita culinária, contendo o modo de fazer, manual de instrução de aparelhos eletrônicos, horóscopo, livros de autoajuda, etc. Injuntivo: que exprime uma ordem ao interlocutor para executar ou não uma determinada ação (diz-se de frase). Técnicas de leitura e produção textual 39 Veja alguns exemplos de tipos textuais: Descrição Velhas casas As casas ainda resistem. Por trás das venezianas, Assomam damas antigas E tristes. Nas sombras dos canteiros, Arrastam-se caracóis. Gatos silenciosos vigiam Por entre as frestas de madeira. Sobem os edifícios Engolfando, em ânsias, O espaço. Mas a casa é aqui, Plantada na terra, Técnicas de leitura e produção textual 40 Com janelas que se abrem Para a primavera. As casas ainda resistem. Por trás das venezianas, Damas antigas espreitam E se recolhem Porque a vida é aqui, Entre o quintal das mangueiras E o jardim (PEÇANHA, 2001). IMPORTANTE: Nesse tipo de sequência há a apresentação pura e simples do estado do ser descrito em um determinado momento. Temos as seguintes marcas linguísticas: predomínios de frases nominais prevalecem formas verbais no presente ou no imperfeito, presença significativa de adjetivos, períodos curtos eorações coordenadas. Técnicas de leitura e produção textual 41 Narração O carpinteiro Um velho carpinteiro estava para se aposentar. Contou a seu chefe os seus planos de largar o serviço de carpintaria e construção de casas e viver uma vida mais calma com a sua família. O patrão sentiu em saber que perderia um de seus melhores funcionários e pediu a ele que construísse uma última casa como um favor especial. O carpinteiro consentiu, mas com o tempo, era fácil ver que seus pensamentos e seu coração não estavam mais no trabalho. Ele não se empenhou no serviço e utilizou mão de obra e matéria prima de qualidade inferior. Foi uma maneira lamentável de encerrar sua carreira. Quando ele terminou o serviço, o patrão veio inspecionar a casa e entregou a chave da porta ao carpinteiro. -Esta é a sua casa, é meu presente para você, disse o patrão. Que choque! Que vergonha! Se soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito completamente diferente, não teria sido tão relaxado. Agora ele teria de morar numa casa feita de qualquer maneira (DRAEGE, 2001, p. 56). Técnicas de leitura e produção textual 42 IMPORTANTE: Nesse tipo de sequência percebe-se o predomínio do tempo passado. A sequência narrativa é marcada pela temporalidade, seu material é o fato e a ação. Argumentação Que país é este, que nega oportunidades às suas crianças e jovens, em qualquer que seja a profissão, de serem atores na vida? Milhões de brasileiros precisam, apenas, ter o direito à educação para dar, com dignidade, sua contribuição à sociedade. Milhares de crianças utilizam sua criatividade, inteligência e seus dons apenas para sobreviver. São artistas nos sinais de trânsito, pedintes do asfalto. No entanto, a grande e esmagadora maioria tem como alternativas a violência, o furto, as drogas e a morte prematura. É possível transformar essa realidade e isto custa muito pouco. (texto de Maurício Andrade, Coordenador Geral da Ação da Cidadania) IMPORTANTE: Nessa sequência se faz a defesa de um ponto de vista, de uma ideia, ou se questiona um fato. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias e requer uma linguagem sóbria, objetiva, denotativa. Técnicas de leitura e produção textual 43 Trabalhando as normas linguísticas Ao final de cada unidade, você estudará alguns aspectos gramaticais para serem aplicados aos textos e ajudá-los nas dificuldades do domínio das normas linguísticas. Além disso, você deverá consultar a bibliografia. Pesquise. Consulte o dicionário. Consulte uma gramática. Iniciaremos a revisão dos aspectos gramaticais com a acentuação gráfica. Acentuação gráfica A língua portuguesa contém, em suas sílabas pronunciadas, maior força expiratória, chamadas de sílabas tônicas, e outras, em português, não sendo pronunciadas com força expiratória, chamadas de palavras átonas. Vejamos o quadro: Ex.: Você sabe como ele me encontrou? átonas átonas Há três posições das palavras tônicas: Última sílaba: Café – cafés - oxítona Penúltima sílaba: lápis – bênção - paroxítona Antepenúltima sílaba: lâmpada – bússola - proparoxítona Técnicas de leitura e produção textual 44 Regras de acentuação Oxítonas Acentuam-se as palavras terminadas em: a (s), e (s), o (s) – são acentuadas graficamente, seguidas ou não de (s). Ex.: Canadá, café, robô ou robôs. Oxítona termina em: em – ens (com mais de uma sílaba) Ex.: armazém – armazéns / parabéns Paroxítona Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: l, n, r, s, x Ex.: fácil, hífen, mártir, tórax, bíceps. a) Ditongo: série, colégio, estratégia, órfão, órgão. b) Um (s): álbum e álbuns. c) i(s), u(s): júri, táxi, vírus, Vênus. d) ã (s), ãs, ão/ ãos: órfã, ímãs, órfãos. e) ps: bíceps, fórceps. Técnicas de leitura e produção textual 45 Proparoxítonas Todas as palavras proparoxítonas levam acento. Ex.: lâmpada, econômico, pílula. Atenção ao plural dos verbos ter e vir 3ª pessoa do singular 3ª pessoa do plural ele tem eles têm ele vem eles vêm ele detém eles detêm ele obtém eles obtêm A ortografia ORTO do grego correta + graphia = escrita. Selecionamos alguns procedimentos que poderão ajudá-lo em seu desempenho no uso da ortografia. Confira! DICA! Lembre-se: mais adequado é consultar o dicionário sempre e sempre. Há dúvidas até mesmo para quem escreve todos os dias. Consulte as regras de acentuação e muita atenção na hora de produzir seus textos. Técnicas de leitura e produção textual 46 Apresentamos algumas sugestões que irão ajudá-lo a escrever as palavras corretamente: a) O uso do sufixo ês / ez 1 – O sufixo ês: forma adjetiva derivados de substantivos concretos: Montês: (de monte) Cortês: (de corte) Burguês: (de burgo) Montanhês: (de montanha) Francês: (de França) Chinês: (de China) 2 – O sufixo ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjetivos: Aridez: (se árido) Avidez: (de ávido) Estupidez: (de estúpido) Rapidez: (de rápido) Lucidez: (de lúcido) Mudez: (de mudo) Técnicas de leitura e produção textual 47 1. O uso de esa / eza 1 – Usa-se esa: Nos substantivos femininos de títulos de nobreza: baronesa, duquesa, marquesa, princesa, consulesa. Nas formas femininas de adjetivos terminados em esa: francesa, burguesa, milanesa, holandesa. Nos substantivos derivados de verbos terminados em – ender: defesa (defender), presa (prender), empresa (empreender), surpresa (surpreender). Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, turquesa. 2 – Usa-se eza: Nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos e denotando qualidades, estado, condição: Beleza (de belo); franqueza (de franco); pobreza (de pobre); leveza (de leve) Apresentamos um elenco de palavras em que há dúvida quanto à grafia. Veja o quadro: Técnicas de leitura e produção textual 48 à beça displicência heresia obcecado abalizado enfisema insosso obsessão abscesso enviesar isenção paçoca analisar escassez jiboia pajé antessala exceção jiló para-brisa aprazível excesso laje para-choque ascensão excursão lisonjear paralisia atrás êxtase maionese paralisar azia extorsão maisena perturbação contracheque fac-símile maquilagem pesquisar cortesia fascículo maquiar pichar catequese excesso maquilar piche catorze frisar meteorologia pretensão cinquenta garagem misto prevenir concessão gorjear monge prezado déficit herbívoro nuance primazia detectar herege nuança privilégio Nesta unidade você viu alguns conceitos de leitura, relembrou os conceitos de língua e linguagem, textos verbais e não verbais, as noções de discurso. Refletiu também sobre a importância da escrita no contexto escolar e na vida dos alunos, estudou os gêneros e tipos textuais, coesão e coerência. Chegamos ao final da primeira unidade. Esperamos sua efetiva participação! Disponibilize as suas reflexões sobre essa unidade de estudo na ferramenta mensagem no ambiente virtual de aprendizagem. Procure acessar também os comentários de outras pessoas. Essa dinâmica contribui bastante para a construção do conhecimento no conteúdo estudado e para o amadurecimento acadêmico. Técnicas de leitura e produção textual 49 LEITURA COMPLEMENTAR KRAMER, Sonia & JOBIM e SOUZA. Solange (org). Histórias de professores: leitura, escrita e pesquisa. São Paulo: Ática, 1996. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco.Na próxima unidade, você conhecerá as composições de textos: descritivo e narrativo. Tipos de discurso. Tipos de narrador. Pontuação e crase. Técnicas de leitura e produção textual 50 Exercícios da unidade 1 1-Segundo o autor, do texto abaixo, esse esforço de diminuir a distância entre o discurso e a prática constitui uma qualidade ou virtude indispensável ao educador e é denominada: “As qualidades ou virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos”. (FREIRE, 1997). a) bom senso b) reflexão crítica c) conscientização d) coerência e) transgressão ética. 2-Leia as orações abaixo e assinale a alternativa que contém uma inadequação da unidade de sentido. a) O governo negaram o pedido de adiamento da MP aos congressistas. b) O governo foi contrário às ideias do congresso. c) O governo foi ao encontro dos ideais do povo. d) O governo negou a epidemia da “Dengue”. e) O governo está incentivando o plantio da cana na Amazônia. Técnicas de leitura e produção textual 51 3- Marque a alternativa CORRETA quanto à coerência textual. a) Clarice Lispector escrevia e reescrevia seus textos, mas não se preocupava em guardar manuscritos e originais. b) Clarice Lispector escrevia e reescrevia seus textos, apesar de não se preocupar em guardá-los. c) Clarice Lispector escrevia e reescrevia seus textos, embora não se preocupava em guardar seus manuscritos e originais. d) Clarice Lispector escrevia e reescrevia seus textos, assim não se preocupava em guardar seus manuscritos e originais. e) Clarice Lispector escrevia e reescrevia seus textos, desde que não se preocupava em guardar seus manuscritos e originais. 4- A coerência requer um “conhecimento de mundo” compartilhado pelos leitores/ouvintes para decodificar e compreender as comunicações, nas modalidades falada ou escrita. Marque a alternativa CORRETA quanto à coerência e coesão textuais. a) Como Literatura e cinema são linguagens diferentes, portanto aguçam o imaginário dos leitores para que os problemas do cotidiano sejam esquecidos. b) Como Literatura e fotografia são linguagens diferentes, embora uma não exclui a outra. c) Literatura e teatro são linguagens diferentes, entretanto uma não exclui a outra. d) A Literatura e Cinema são linguagens diferentes, porque uma não exclui a outra. e) Como Literatura e teatro são linguagens diferentes, porém, são adversas em suas temáticas. Técnicas de leitura e produção textual 52 5- No poema, abaixo as palavras são comparadas a borboletas, águias e morcegos, a que se podem atribuir, respectivamente, os valores simbólicos de: VOO Alheias e nossas As palavras voam. Bando de borboletas multicores, As palavras voam. Bando azul de andorinhas, Bando de gaivotas brancas. As palavras voam. Voam as palavras Como águias imensas. Como escuros morcegos, Como negros abutres, As palavras voam. OH! Alto e baixo Em círculos e retas Acima de nós, em redor de nós As palavras voam. E às vezes pousam. (Cecília Meireles. Obra poética). Técnicas de leitura e produção textual 53 a) delicadeza, ingenuidade e eloquência. b) liberdade, poder e mistério. c) segredo, paixão e sensibilidade. d) sutileza, inocência e terror. e) beleza, poder e medo. 6-A palavra que deve ser acentuada pela mesma razão de pássaro é: a) cafe b) benção c) automovel d) raizes e) lampada 7- Por definição, oração coordenada que seja desprovida de conectivo é denominada assindética. Observando os períodos seguintes: I) Não caía um galho, não balançava uma folha. II) O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou. III) O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova. Nota-se que existe coordenação assindética em: Técnicas de leitura e produção textual 54 a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) I, II e III. e) nenhum deles. 8-Marque a alternativa que contém o período cujas palavras estão grafadas CORRETAMENTE: a) Ele quiz analisar a pesquisa que eu realizei. b) Ele quiz analizar a pesquisa que eu realizei. c) Ele quis analisar a pesquisa que eu realizei. d) Ele quis analizar a pesquisa que eu realisei. e) Ele quis analisar a pesquisa que eu realisei. 9- Construa uma nova versão do texto abaixo, evitando a repetição da palavra “galinhas”, fazendo as adequações necessárias. “A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma galinha. Ela olhou para a galinha, passou a mão embaixo das asas da galinha, apalpou o peito da galinha, alisou as coxas da galinha, depois tornou a colocar a galinha na banca e disse para o vendedor” Não presta!”. Aí o vendedor olhou para ela e disse:” Também, madame, num exame assim nem a senhora passava”. Millôr Fernandes _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 55 10-Com base no texto, responda: o texto é coerente ou incoerente? Justifique. “A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma galinha. Ela olhou para a galinha, passou a mão embaixo das asas da galinha, apalpou o peito da galinha, alisou as coxas da galinha, depois tornou a colocar a galinha na banca e disse para o vendedor “Não presta!”. Aí o vendedor olhou para ela e disse:”Também, madame, num exame assim nem a senhora passava”. Millôr Fernandes _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 56 Técnicas de leitura e produção textual 57 O domínio das estratégias de leitura decorre de uma prática viva do ato de ler, de um lado vivenciando os diferentes modos de ler existentes nas práticas sociais; de outro, respondendo aos diferentes propósitos dequem lê (Maria José Nóbrega). Nessa unidade de estudo trabalharemos a prática da leitura e conheceremos algumas metodologias de leitura, as estratégias de leitura e interpretação de textos. Essas evidências de fracasso escolar apontam a necessidade da reestruturação do ensino da Língua Portuguesa, com o objetivo de encontrar formas de garantir, de fato, a aprendizagem da leitura e da escrita. A leitura é importante para que se possa ter acesso a informações veiculadas das mais diversas maneiras: na Internet, na televisão, em outdoors espalhados pelas cidades, em cartazes afixados sistematicamente, nos muros das ruas, nas mais diferentes placas informativas, folders, impressos de propaganda, distribuídos insistentemente aos transeuntes, e, até mesmo, em receitas médicas e bulas de remédios. Por isso, dizemos que na formação global do homem inserido no mundo moderno, a leitura e a produção de texto têm esse papel fundamental. O mesmo se pode dizer sobre o sucesso de um candidato, por exemplo, em exames, notadamente naqueles que privilegiam as questões analítico-dissertativas. Ilude-se a pessoa que, ao ler o programa de uma determinada matéria, conclui que as capacidades citadas são exigências específicas daquela disciplina. Por exemplo, quando programas de Português falam em “leitura”, “compreensão crítica” e “Interpretação” mencionam competências que exploram a prova específica de Língua Portuguesa. Assim, sem leitura, compreensão crítica e interpretação, o candidato a um exame não entende o enunciado de uma questão de Física, História, Biologia, Geografia, etc. Nesta unidade, você irá estudar também os tipos textuais: descrição e narração e suas características, os tipos de discurso, os tipos de narrador, a intertextualidade e ainda rever um pouco de gramática, que contribui para a escrita de forma adequada. A Prática da Leitura de Textos Metodologia da Leitura Estratégias de Leitura A tipologia textual. Descrição. Narração. Tipos de narrador. Tipos de discurso. A intertextualidade. Trabalhando a significação das palavras (I). 2 Técnicas de leitura e produção textual 58 Objetivos da unidade: Adequar o discurso às situações comunicativas. Interagir com os textos, buscando os significados possíveis e a relação com as experiências pessoais. Entender a leitura como uma atividade de compreensão, mas também de interação, de reação e avaliação dos efeitos pretendidos pelo autor e obtidos nos leitores-aluno. Encaminhar questionamentos que levem o aluno a refletir: Sou a favor ou contra a opinião do autor? O autor alcançou seus propósitos? A leitura provocou mudanças em mim? Que emoções despertaram em mim? O que eu pensei e que associações fizeram no momento da leitura? Reconhecer as tipologias existentes, descritivo e narrativo, os tipos de discurso e de narração, a intertextualidade e a significação das palavras. Plano da unidade: Metodologia da leitura. Estratégias de leitura. A tipologia textual. Descrição. Narração. Tipos de narrador. Tipos de discurso. A intertextualidade. Trabalhando a significação das palavras (I). Técnicas de leitura e produção textual 59 Metodologia da leitura A demanda pela leitura e pelo domínio da linguagem escrita é cada vez maior. Nos últimos anos, as exigências impostas aos profissionais que procuram emprego são maiores. Exige-se do candidato as mais diversas funções, que demonstre, por exemplo, domínio da língua portuguesa, que seja um bom ouvinte, que tenha uma boa comunicação verbal, boa escrita, boa redação, facilidade de comunicação e um bom texto. O domínio da linguagem escrita é tido, atualmente, como condição para a produção e acesso ao conhecimento. Das grandes falhas na formação do estudante hoje, a mais flagrante está na inabilidade dos alunos com a leitura e interpretação de textos, ou seja, o aluno não sabe ler e interpretar. Bechara (2004, p. 694) em sua Gramática Escolar da Língua Portuguesa, nos propõe uma diferenciação entre compreensão e interpretação de textos. Vejamos a seguir o que diz Bechara: Compreensão e interpretação de textos Compreensão: Consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. O enunciado normalmente assim se apresenta: 1. As considerações do autor se voltam para... 2. Segundo o texto está correta... 3. De acordo com o texto, está incorreta... 4. Tendo em vista o texto, é incorreto... 5. O autor sugere ainda que... 6. De acordo com o texto é certo... 7. O autor afirma que... Técnicas de leitura e produção textual 60 Interpretação: Consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. O enunciado normalmente é encontrado da seguinte maneira: 1. O texto possibilita o entendimento de que... 2. Com o apoio no texto, infere-se que... 3. O texto encaminha o leitor para... 4. Pretende o texto mostrar que o leitor... 5. O texto possibilita deduzir-se que... O mesmo autor Bechara (2004, p. 695) explica também sobre os três erros capitais que cometemos na análise de textos. Segue o texto do autor: Três erros capitais na análise de textos: 1 Extrapolação: É o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao que está relatado. 2 Redução: É o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à parte dele. 3 Contradição: É o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom que se tome cuidado com algumas palavras, como: “pode”, “deve”, “não”, verbo “ser”, etc. Técnicas de leitura e produção textual 61 Não é apenas para o mundo do trabalho que esse conhecimento linguístico é importante. Ser um usuário competente da língua é fator primordial para a ampliação da participação social e exercício efetivo da cidadania. Estratégias de leitura Dos caminhos a seguir, dois favorecem a intimidade dos alunos com o texto. São eles: ensinar a estabelecer previsão e inferência, estratégias que são invocadas na prática da leitura, logo no primeiro contato com o texto, e que devem ser provocadas e incentivadas pelo professor na prática da leitura. A previsão e a inferência exigem que o leitor acione conhecimentos prévios, conhecimento de mundo, como ideias, hipóteses, visão de mundo e de linguagem sobre o assunto. Ângela Kleiman (2002), professora do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, diz que “a leitura é uma atividade de procura do passado de lembranças e conhecimentos do leitor. O que orienta o ato de ler é a direção, a elaboração do pensamento e sua imagem de mundo”. Técnica de leitura Deve-se ler o texto antes de se olhar as perguntas, entretanto, muitas vezes, isso trará alguma frustração, pois o texto pode ser grande e complicado, fazendo com que, ao terminar a leitura, você já tenha esquecido o início; ou pode haver poucas perguntas sobre a ideia geral do texto, ou ainda as perguntas estarem ligadas a segmentos do texto bem específicos, o que tornaria mais complexo seu entendimento. Técnicas de leitura e produção textual 62 Algumas dicas que ajudam para uma leitura mais eficiente: Sublinhe as partes importantes. Circule as palavras-chave. Anote detalhes importantes. Leia as partes mais complexas com bastante atenção, tendo entendê- las profundamente. Descubra qual a ideia básica do texto e estabeleça seu real objetivo, mesmo que tenha de reescrevê-los, à parte, com suas palavras. As principais armadilhas: Os enunciados das questões podem trazer algumas “armadilhas” ou “maldades” com a intenção de enganá-los. Assim, é bomconhecer alguns desses artifícios. Vejam: Atente para o que se pede: se for o certo, o errado, sobre o que está ou o que não está no texto, o que condiz etc. Veja se há algum não. Isso muda tudo toda a estratégia. Se houver a citação de algum parágrafo ou alguma linha, localize-o (a) com cuidado e marque-o (a). Se as linhas não estiverem numeradas, numere- as (de cinco em cinco). A interpretação é do texto, normalmente do autor, mas não da sua ideia (sua = do leitor). Cuidado com as palavras como exceto ou salvo, ou locuções como exceção de, pois elas mudam tudo. Quando se pedir a melhor resposta, é porque pode (deve) haver mais de uma possibilidade. Técnicas de leitura e produção textual 63 Cuidado com as noções de causa e consequência. Atenção para as propostas de substituição de vocábulos ou expressões, pois seu uso tem de se encaixar perfeitamente no lugar do texto. Em provas discursivas, cuidado com o verbo de comando: transcreva, justifique, explique, sublinhe etc. Ainda em questões discursivas, muita atenção para a clareza e a objetividade da resposta. Ainda em Bechara (2004), encontramos os dez mandamentos para uma eficiente análise de textos. Acompanhe o que nos ensina o eminente autor: Os dez mandamentos para análise de textos 1 Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contacto com o assunto; a segunda para observar como o texto está articulado; desenvolvido. 2 Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma conclusão ou, ainda, uma falsa oposição. 3 Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal). 4 Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que foi pedido. 5 Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento de responder à questão. 6 Escrever, ao lado de cada parágrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles. 7 Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu. 8 Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a introdução e/ou a conclusão. Técnicas de leitura e produção textual 64 9 Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento. 10 Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.). No entanto, como dissemos a pouco, não é apenas para o mundo do trabalho que o conhecimento da língua é importante, mas também para torná-lo um usuário competente, capaz de ampliar a sua participação social no processo de interação com o mundo que o cerca. Para isso, esse aluno precisa apropriar-se do conhecimento e de meios de produção e de divulgação desse conhecimento. A tipologia textual Dependendo das características que possuem, temos diferentes tipos de textos. São eles: descritivo, narrativo, argumentativo, explicativo / expositivo, injuntivo / instrucional. Descrição O texto descritivo apresenta quatro condições para a construção de sua estrutura. Vejamos: IMPORTANTE: Um observador: um índice para a introdução da descrição (detalhe); Um tema núcleo (objeto ou seres): desenvolvimento do objeto de descrição; Construção de vários detalhes; Conclusão do tema: do objeto, da paisagem ou da pessoa. Técnicas de leitura e produção textual 65 O texto descritivo A descrição representa cenas, objetos, paisagens, pessoas, etc., mostrando seus traços característicos. Na descrição de pessoas, procura-se focalizar a maneira de vestir, andar, os traços fisionômicos, seus gestos, suas palavras, seu caráter, seu modo de pensar. Geralmente, utilizamos palavras ou expressões que impressionam os sentidos: cores, sons, cheiros, sabores, maciez, dureza, etc. (RIBEIRO, 2004, p.409). Um texto se diz descritivo quando tem por base o objeto, a coisa, a pessoa. Mostra detalhes que podem ser físicos, morais, emocionais, espirituais, ou em qualquer situação, inscritos num certo momento estático. Nota-se que a intenção é realmente descrever, daí a palavra descrição. A descrição se caracteriza por ser um retrato de pessoas, objetos ou cenas construído com palavras. Veja alguns exemplos: Descrição da paisagem (..) A rua era suburbana, calada, sem movimento. Mas no alto da colina dominando a cidade que se estendia lá embaixo cheia de árvores no dia e de luzes na noite. Perto havia moitas de pitangueiras a cuja sombra os galináceos podiam flanar à vontade e dormir a sesta (...) (MORICONI, 2000). Técnicas de leitura e produção textual 66 Características: Notamos os seguintes aspectos descritivos do texto acima: são relatados vários aspectos concretos de um lugar (rua) num ponto estático do tempo (dia e noite). Assim, descrever é enfocar elementos de um determinado referente, local, seres, cenas, com objetivo de localizá-lo, identificá-lo em função dos objetivos do texto. Descrição objetiva de ambiente (interior) Exemplo: (...) Mas na sala imensa, onde tanto filosofáramos considerando as estrelas, Jacinto arranjara um centro de repouso e de estudo – e desenrola essa “grandeza” que impressionara o Severo. As cadeiras de verga da Madeira, amplas e de braços, ofereciam o conforto de almofadinhas de chita. Sobre a mesa enorme de pau branco, carpinteirada em Tormes, admirei um candeeiro de metal de três bicos, um tinteiro de frade armado de penas de pato, um vaso de capela transbordando de cravos (...) (GARCIA, 2006). Técnicas de leitura e produção textual 67 Características: Observamos que o ambiente descrito acima apresenta traços característicos, de móveis e pertences. A ideia-núcleo expressa no tópico frasal é a sala. Descrição da personagem subjetiva Exemplo: (...) Maria Alice é modesta, odeia exibições... Outro era o motivo. Ela muita vez bem que ardia em desejos de se refugiar no mundo dos sons, para escapar aos mexericos de toda a gente... Mas como a remordia a admiração piedosa dos amigos... As palmas e os louvores vinham sempre cheios de pena e havia grosseiras trágicas em certos entusiasmos, desde o espanto infantil por vê-la acertar direitinho com as teclas à exclamação maravilhada de alguns. _ Muita gente que enxerga se orgulharia de tocar assim... Nunca Maria Alice o dissera, mas o seu coração tinha ternuras apenas para os que não a avisavam de haver uma cadeira na frente ou não a preveniam contra a posição do abajour (...) (MORICONI, 2000). Técnicas de leitura e produção textual 68 Características: Geralmente as características psicológicas ou impressões sobre uma personagem são exigências descritivas inseridas numa narração, pois, há necessidade de tal caracterização, chamada psíquica. Confira as palavras ou expressões destacadas no texto por expressarem sentimentos e reações psíquicas, que caracterizam a descrição subjetiva da personagem Maria Alice. Veja bem as características psicológicas: lealdade, sinceridade, alegria, tristeza, ódio e outras permeiam a descrição subjetiva. Descrição da personagem objetiva Exemplo Trecho retirado do livro Memórias de um Sargento de Milícias (...) Dona Maria era uma mulher velha, muito gorda; devia ter sido muito formosa no seu tempo, porém dessa formosura só lhe restavam o rosado das faces e alvura dos dentes; trajava nesse dia o seu vestido branco de cintura muito curta e mangas de presunto, o seu lenço também branco e muito engomado ao pescoço; estava penteada de bugres, que eram dois grossos cachos caídos sobre as fontes; o amarrado do cabelo era feito na coroa da cabeça, de maneira que simulava um penacho. (...)(ALMEIDA,1963). Características:Como vimos no trecho acima, a descrição da personagem objetiva focalizar a maneira de vestir, andar, os traços fisionômicos, seus gestos, etc. Assim, a descrição objetiva focaliza um objeto ou apresenta características físicas de uma determinada pessoa. Observe: Características físicas: a cor, estatura, descrição dos olhos, cabelos, etc. Técnicas de leitura e produção textual 69 Observação: Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descritivo, isso ocorre apenas em catálogos, manuais e demais textos instrucionais. O mais comum é haver trechos descritivos inseridos em textos narrativos ou argumentativos. Em romances, por exemplo, que são textos narrativos por excelência, você pode perceber várias passagens descritivas, tanto de personagens como de ambientes. Fonte: Terra, Ernani. Português de olho no mundo do trabalho: volume único / Ernani Terra, José de Nicola. São Paulo: Scipione, 2004. A narração O texto narrativo é uma sucessão de fatos ou acontecimentos. Nas seqüências narrativas, os fatos se desenvolvem progressivamente no tempo e ocorrem em um lugar. São textos basicamente narrativos: as novelas, os romances e os contos. Exemplo de texto narrativo: Eram sete horas da noite em São Paulo e a cidade toda se agitava naquele clima de quase tumulto típico dessa hora. De repente, uma escuridão total caiu sobre todos como uma espessa lona opaca de um grande circo. Os veículos acenderam os faróis altos, insuficientes para substituir a iluminação anterior (...) (PLATÃO & FIORIN, 1999, p.300). Observamos na estrutura narrativa os seguintes aspectos do texto acima: Relata fatos, num espaço concreto e num tempo definido; Os fatos narrados não são simultâneos e exigem uma ordem. Técnicas de leitura e produção textual 70 Vale observar que existe a mistura da descrição e da narração, geralmente, nos contos, nos romances, novelas, entretanto, é predominante a tipologia textual de narrativa. Vejamos quais são os elementos básicos do texto narrativo: Narrador (é aquele que narra alguma coisa). Personagens (quem participou do ocorrido ou o observou). Tempo (quando o fato ocorreu). Lugar / ambiente (lugar onde o drama se desenvolve). Fato (o que se vai narrar). Causa (motivo que determinou a ocorrência). Modo (como se deu o fato). Consequência. Potencial de mudança (a capacidade que um personagem tem de se transformar ao longo da ação, capaz de causar, geralmente, surpresas e momentos de reflexão para o leitor). Técnicas de leitura e produção textual 71 EXEMPLIFICANDO Exemplo de um texto literário narrativo Como é mesmo o nome? Marina Colasanti Levou o manequim de madeira à festa porque não tinha companhia e não queria ir sozinho. Gravata bordeaux, seda. Camisa pregueada, cambraia. Terno riscado, lã. Tudo do bom. Suas melhores roupas na madeira bem talhada, bem lixada, bem pintada, melhor corpo. Só as meias um pouco grossas, o que porém se denunciaria apenas se o manequim cruzasse as pernas. Para o nariz firmemente obstruído, um lenço no bolsinho. No relógio de ouro do pulso torneado, a festa já tinha começado há algum tempo. Sorridentes, os donos da casa declararam encantados por ter ele trazido um amigo. _Os amigos dos nossos amigos são nossos amigos – disseram saboreando a generosidade da sua atitude. E o apresentaram a outros convidados, amigos e amigos de nossos amigos. Todos exibiram os dentes em amável sorriso. Recebeu o copo de uísque, sua senha. E foi colocado no canto esquerdo da sala, entre a porta e a cômoda inglesa, onde mais se harmonizaria com a decoração. A meia hilaridade pintada com tinta esmalte e reforçada com verniz náutico exortava outras hilaridades a se manterem constantes, embora nenhuma alcançasse idêntico brilho. Abriam-se os transitórios vizinhos em amenidades que o compreensivo calar-se do outro logo transformava em confidências. Enfim, alguém que sabia ouvir. Relatos sibilavam por entre gengivas à mostra e se perdiam em quase espuma na comissura dos lábios. Cabeças aproximavam-se, cúmplices. Apertavam-se as pálpebras no dardejado do olhar. O ruge, o seio, o ventre, a veia expandida palpitavam. O gelo do uísque fazia-a água. Técnicas de leitura e produção textual 72 A própria dona da casa ocupou-se dele na refrega de gentilezas. Trocou-lhe o copo ainda cheio e suado por outro de puras pedras e âmbar. Atirou-se à conversa sem preocupações de tema, cuidando apenas de mantê-lo entretido. Do que logo se arrependeu, naufragando na ironia do sorriso que lhe era oferecido de perfil. A necessidade de assunto mais profundo levou-a a única notícia lida nos últimos meses. E nela avançou estimulada pelo silêncio do outro, logo úmida de felicidade frente a alguém que finalmente não a interrompia. No mais frondoso do relato o marido, entre convivas, a exigiu com um sinal. Afastou-se prometendo voltar. O brilho de uma calvície abandonou o centro da sala e coruscou a seu lado, derramando-lhe sobre o ombro confissões impudicas, relato de farta atividade extraconjugal. Sem obter comentários, sequer um aceno, o senhor louvou intimamente a discrição, achando-a, porém, algo excessiva entre homens. Homens menos excessivos aguardavam em outros cantos da sala a repetição de suas histórias. Não acendeu o cigarro de uma dama e esta ofendeu-se, já não havia cavalheiros como antigamente. Não acendeu o cigarro de outra dama e esta encantou-se, sabia bem o que se esconde atrás de certo cavalheirismo de antigamente. Os cinzeiros acolheram os cigarros sem uso. Um cavalheiro sentiu-se agredido pelo seu desprezo. Um outro pela sua superioridade. Um doutor enalteceu-lhe a modéstia. Um senhor acusou-lhe a empáfia. E o jovem que o segurou pelo braço surpreendeu-se com sua rígida força viril. Nenhum suor na testa. Nenhum tremor na mão. Sequer uma ponta de tédio, imperturbável, o manequim de madeira varava a festa em que os outros aos poucos se descompunham. Já não eram como tinham chegado. As mechas escapavam, amoleciam os colarinhos, secreções escorriam nas peles pegajosas. Só os sorrisos se mantinham, agora descorados. No relógio torneado do pulso rijo a festa estava em tempo de acabar. Técnicas de leitura e produção textual 73 As mulheres recolhiam as bolsas com discrição. Os amigos, os amigos dos amigos, os novos amigos dos velhos amigos deslizavam porta afora. Mais tarde, a dona da casa, tirando a maquilagem na paz final do banheiro, dedos no pote de creme, comentava a festa com o marido. _Gostei – concluiu alastrando preto e vermelho no rosto em nova máscara – gostei mesmo daquele convidado, aquele atencioso, de terno riscado, aquele, como é mesmo o nome? (O texto acima foi extraído do livro O leopardo é um animal delicado. Rio de Janeiro: Rocco,1998, p. 131) Tipos de narrador Narrar é contar um ou mais acontecimentos que ocorreram com determinados personagens em lugar e tempo delimitados. Ou seja, é contar uma história real ou imaginária. O narrador é o dono da voz que nos conta os fatos e desenvolvimentos. Dependendo da posição do narrador em relação ao fato narrado, a narrativa pode ser feita em primeira ou terceira pessoa do singular. Temos assim, o foco, o ângulo, o ponto de vista pelo qual serão narrados os fatos. Há, basicamente, dois tipos de narradores: O narrador em 1ª pessoa: é aquele em que o narrador é também personagem e participa da ação. Técnicas de leitura e produção textual 74 Exemplo: O furto da flor Furtei uma flor naquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida. Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhorsua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer (...) (DRUMMOND, Contos Plausíveis, 1991). O narrador em 3ª pessoa ou narrador-observador é aquele em que o narrador não participa da ação. Ele está fora dos acontecimentos, por isso podemos dizer que ele paira acima de tudo e de todos, já que assim, ele sabe de tudo, do presente, do passado e do futuro, daí ser chamado de narrador onisciente, que tem ciência de tudo. Vejamos, então, o exemplo a seguir: O pássaro engaiolado e o morcego Era uma vez um pássaro que vivia na floresta. Ele cantava o dia inteiro e seu canto ecoava por toda a floresta. Um caçador de passarinhos decidiu apanhar o pássaro com uma rede e vendê-lo por um bom dinheiro. O pássaro caiu na rede e foi capturado. Técnicas de leitura e produção textual 75 O caçador vendeu o pássaro a um homem que vivia numa cabana. O homem colocou o pássaro cantador numa gaiola ao lado da parte de fora da janela. Para sua surpresa, a ave nunca cantava durante o dia. Só o fazia à noite, quando todos os outros animais dormiam. As criaturas selvagens que viviam perto dali ficaram imaginado qual seria a razão disso e pediram a um morcego que fosse até lá descobrir. O morcego dormia de dia, pendurado de cabeça para baixo num celeiro, mas voava por toda parte, à noite, enquanto o pássaro engaiolado cantava. O morcego voou até a gaiola e perguntou ao pássaro: _ Por que você canta à noite e não de dia? _ Fui apanhado pelo caçador porque o guiei com meu canto durante o dia – explicou a ave, tornada pela tristeza. – Como cantava de dia, perdi a liberdade. Agora só canto à noite. _ É um pouco tarde para isso – disse-lhe o morcego. – Se tivesse tido essa ideia enquanto era livre você não teria sido apanhado. Moral: Vale a pena pensar bem antes de fazer alguma coisa. (Roteiro semanal. Londrina, 11/02/1999). Técnicas de leitura e produção textual 76 Tipos de discurso Em determinados momentos o narrador abre espaço para a fala dos personagens, ora transcrevendo-as literalmente, ora reproduzindo-as com suas palavras. Assim, dependendo da forma como o locutor reproduz a voz dos outros falantes, temos o discurso direto e o discurso indireto. I – Discurso direto: é a reprodução fiel de algo que alguém disse. É uma citação literal. Para introduzi-la no texto, normalmente são introduzidas marcas gráficas como as aspas, o travessão, os dois-pontos. Além das marcas gráficas, temos também os verbos que acompanham esses discursos. Eles são chamados verbos de elocução ou dicendi, ou declarativos. Esses verbos indicam a maneira de expressar a fala. Os mais comuns são: dizer, perguntar, falar, comentar, gritar, retrucar etc. Ex.: - Quero que você me siga – disse Pedro. - Se estiver disposta, eu o farei – replicou Julia. II – Discurso indireto: é a reprodução da fala de outra pessoa elaborada pela voz do narrador. Temos assim, a mistura de duas vozes ou de dois enunciadores. O discurso indireto apresenta também marcas linguísticas próprias: por um lado a ausência de aspas ou travessões; por outro, o verbo de elocução seguido de uma oração subordinada substantiva objetiva direta (essa oração representa a fala do outro). Veja a seguir um exemplo em que os verbos de elocução declarar e pedir (transitivos diretos) tem seu sentido completado pela outra oração: Ex.: Ela pediu que não fosse à festa. O rapaz declarou que não ia à festa. Técnicas de leitura e produção textual 77 III – Discurso indireto livre: Muitas vezes as falas do narrador e da personagem parecem confundir-se numa só, pois não há indicação precisa ou sinais indicativos de que a fala pertença a um deles. Esse recurso é muito usado nas narrativas de autores contemporâneos. Observe, por exemplo, esta passagem extraída do romance Vidas Secas: “(...) o suor umedeceu-lhe as mãos duras. Então? Suando com medo de uma peste que se escondia tremendo?” Veja bem, a primeira frase pertence ao narrador, porém, as interrogações são da personagem; no entanto, não existem indicações dessa mudança, por meio dos verbos dicendi: disse, pensou, afirmou, etc. Veja outro exemplo do discurso indireto livre retirado do livro A máquina (1999): (...) Mas ficou bonita demais, dava até gosto ficar vendo. E isso anda? Não andava. Voa? Não voava. Nada? Não. Claro que não cabia na compreensão de ninguém, como é que Antonio diz que vai pra outro tempo e essa máquina não sai do canto? E ele até se irritava, isso aí é a máquina da morte, eu é que sou a máquina do tempo. Mas o povo duvidava: e é, é? Desde quando? Técnicas de leitura e produção textual 78 IMPORTANTE O discurso indireto-livre é um tipo de discurso misto, em que se associam as características do discurso direto e do discurso indireto. Ao optar por esse estilo, o narrador insere sutilmente a ala do personagem em seu próprio discurso, mas com toda a sua vivacidade, isso permite ao narrador expor, por exemplo, aspectos psicológicos do personagem, já que esse tipo de discurso pode revelar um fluxo de pensamento por meio de uma fala marcada por hesitações. Nesse tipo de discurso, a fala do personagem não é marcada por verbo de elocução ou por sinais de pontuação (TERRA, Ernani. 2004). Veja mais alguns exemplos: (Discurso direto) O aluno explicou: - é preciso organizar o meu material. O professor me garantiu: - Fique tranquilo que tudo se resolverá a contento. (Discurso indireto) O professor me garantiu que ficasse tranquilo que tudo se resolveria a contento. A intertextualidade Outro ponto a destacar, na produção textual, é a intertextualidade, ou seja, relações entre textos que chamamos de intertextos. No processo das mensagens, de modo geral, um texto se liga a outro e apresenta marcas bastante visíveis do outro texto. Técnicas de leitura e produção textual 79 A intertextualidade é um recurso tão importante e tão recorrente que muitos estudiosos do assunto chegam a afirmar que nenhum texto se produz no vazio ou se origina do nada, ao contrário, se alimenta de modo claro ou subentendido de outros textos. Acontece a Intertextualidade também, por exemplo, quando um autor faz referência a outro texto com o objetivo de apoiar o que já foi dito, ou de dizer algo diferente, ou, ainda, de criticar um ponto de vista ou uma visão de mundo. Exemplo I A pescaria Foi nas margens do Ipiranga, Em meio a uma pescaria, Sentido-se mal, D. Pedro Comera demais cuscuz – Desaperta a barriguilha? E grita, roxo de raiva: ‘Ou me livro desta cólica Ou morro logo de uma vez!’ O príncipe se aliviou, Saí no caminho cantando: ‘Já me sinto independente, Safa! Vi de perto a morte! Vamos cair no fadinho Pra celebrar o sucesso.’ Técnicas de leitura e produção textual 80 A Tuna de Coimbra surge Com as guitarras afiadas, Mas as mulatas dengosas, Do Clube Flor de Abacate Entram, firmes, no maxixe. Abafam o fado com a voz, Levantaram, sorrindo, as pernas... E a colônia brasileira, Toma a direção da farra. (Murilo Mendes) O texto acima tem como base o “Hino da Independência”, ou seja, estabelece um diálogo com o texto base e apresenta marcas visíveis do texto original. Exemplo II Gata Borralheira no século XXI Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores e das Domésticas, a baiana Creuza Maria Oliveira começou a trabalhar como doméstica aos 10 anos e diz que é sempre a pobreza que leva as crianças ao trabalho prematuramente. Existe no Brasil meio milhão de crianças, de 5 a17 anos, no trabalho doméstico – cita. Elas começam a trabalhar cedo e viram adultas antes do tempo. São jogados num emprego e não brincam, estudam ou ficam com a família. Não há como compensar essa perda depois. Técnicas de leitura e produção textual 81 No Brasil, 36% das crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalham, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE. Desse total, 9% fazem trabalhos domésticos. Destes, 45% têm menos de 16 anos, idade mínima permitida por lei para o trabalho doméstico. Em Pernambuco, por exemplo, cerca de 58,4 % dos jovens que trabalham em casas de família começaram com menos de 15 anos e 95% deles são do sexo feminino. O dado é do estudo “Rompendo a invisibilidade do trabalho infanto-juvenil”, realizado pelo Centro Dom Hélder Câmara de Estudos e Ação Social, com apoio da Organização Internacional do Trabalho. Quase 2% dessas crianças entram no mercado doméstico entre 5 e 11 anos, caso de Vilma. Ela lavava pratos e ajudava na cozinha de casas próximas ao bairro onde mora sua família, em Recife (...) (Jornal O Globo - 11/05/04). Observação: O autor faz referência à história clássica: A Gata Borralheira, de Charles Perraut, em que a personagem menina trabalha muito no fogão. Ela é apelidada por outras meninas de “Gata Borralheira”. Essa personagem é retomada e revisitada pelos autores do texto jornalístico de Bruno Porto e Letícia Lins, devido à exploração doméstica. Esse processo de escritura resulta na intertextualidade. Vejamos agora outra leitura de intertextualidade – o diálogo – entre os poemas que abordam o tema amor (exemplos III e IV): Técnicas de leitura e produção textual 82 Exemplo III: Cartas de amor Todas as cartas de amor são ridículas, Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser ridículas. Mas, afinal, só as criaturas que nunca Escreveram cartas de amor é que são ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso cartas de amor ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor é que são ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente ridículas). Álvaro Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) Técnicas de leitura e produção textual 83 Exemplo IV: Roland Barthes, em Fragmentos de um discurso amoroso, tece considerações sobre a necessidade de tal discurso: O discurso amoroso é hoje em dia de uma extrema solidão, este discurso talvez seja falado por milhares de pessoas (quem sabe?), mas não é sustentado por ninguém; foi completamente abandonado pelas linguagens circunvizinhas: ou ignorado, depreciado, ironizado por elas, excluído não somente do poder, mas também de seus mecanismos (ciências, conhecimentos, artes). Quando um discurso é dessa maneira levado por sua própria força à deriva do inatural, banido de todo espírito gregário, só lhe resta ser o lugar por mais exíguo que seja de uma afirmação (Barthes, 1994, p. 1). Trabalhando a significação das palavras (I) Agora você irá recordar o significado das palavras, com o objetivo de ajudá-lo na sua produção textual e na interpretação de um texto. DICA! Estude e consulte uma Gramática indicada na nossa bibliografia. Vamos, então, ao estudo semântico das palavras. Técnicas de leitura e produção textual 84 Campos semânticos As palavras são relacionadas e associadas de várias maneiras pelo sentido, resultando na construção de um campo semântico. Exemplo 1: Exemplo 2: Técnicas de leitura e produção textual 85 Polissemia Consiste no emprego de significados variados de acordo com o contexto. Em nossa língua, muitos vocábulos apresentam mais de um significado, o qual só é apreendido quando se analisa o contexto. Quando isso ocorre, dizemos que o vocábulo é polissêmico. Inúmeros são os vocábulos polissêmicos. Observe: Exemplificando A esperança pousou na janela. Chegando à janela vi o céu azul e tive a esperança de dias melhores. Veja que se trata do uso da palavra esperança com mais de um sentido, em diferentes contextos. A manga da camisa está suja. (parte da vestimenta) Todos gostam muito de manga. (fruta) O prato é de porcelana. (peça de louça) O prato está delicioso. (comida) Sinonímia (ou sinônimos) Quando duas ou mais palavras têm o mesmo significado em um determinado contexto. São palavras diversas na escrita, mas semelhantes ou idênticas na significação. Técnicas de leitura e produção textual 86 EXEMPLIFICANDO O diretor cumprimentou aos alunos pela gincana. O diretor fez a saudação aos alunos pela gincana. Observe a substituição de cumprimento por saudação, sem alterar o sentido da frase. Veja alguns sinônimos: Olhar = ver / habitar = morar / colóquio = diálogo / cara = rosto / bonito = belo Antonímia (ou antônimos) Consiste no emprego de palavras de sentido contrário, oposto. EXEMPLIFICANDO A jovem era destemida. A jovem era medrosa. Observe a substituição de destemida por medrosa, com alteração do sentido da frase. Veja outros antônimos: Bonito = feio / alegre = triste / natural = artificial / ignorância = sabedoria Nesta unidade, você aprendeu descrição, narração, tipos de discurso, tipos de narração, a intertextualidade e a significação das palavras. Técnicas de leitura e produção textual 87 É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco. Veremos na próxima unidade, a construção do sentido do texto, o tecido do texto, o parágrafo, título, tema e mais algumas normas gramaticais. Técnicas de leitura e produção textual 88 Exercícios da unidade 2 1- Indique abaixo a classificação CORRETA dos textos, segundo a definição de descrição e narração estudadas. I - “Já no céu Uma pipa Cor-de-rosa A cabriolar” (Neusa Peçanha) II - “A luz das cortinas nas janelas o aconchego das varandas ensombradas, os matinhos verdes” (...) III - “O homem desce a ladeira, corre por entre as árvores, ao longe avista um banco e olha o céu enigmático.” a) Narração, descrição, descrição. b) Descrição, descrição, narração. c) Narração, narração, narração. d) Descrição, descrição, descrição. Técnicas de leitura e produção textual 89 e) Descrição, narração, descrição. 2-Classifique os fragmentos abaixo como predominantemente narrativo ou descritivo e marque a opção CORRETA. 1 – “Uma noite ao receber a visita de uma amiga, lembrei-me de lhe emprestar um romance. Fora a minha leitura de véspera, e eu o deixara na mesinha de cabeceira. Subi a escada, e entrei no quarto”. (D.S.Q) 2 – “Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente. Penso na Madalena com insistência. Se fosse possível recomeçarmos...”. (G.R.) 3 – “Por cima da moldura da porta há uma chapa metálica comprida e estreita de esmalte. Sobre um fundo branco, as letras negras diziam Conservatória Geral do Registro Civil. O esmalte está rachado em alguns pontos”. (J.S.) a) Descritivo - descritivo – narrativo. b) Descritivo – narrativo – narrativo. c) Narrativo – narrativo – narrativo. d) Narrativo – descritivo – descritivo. e) Narrativo – narrativo – descritivo. 3- Indique os tipos de discurso nos textos abaixo. Marque a opção CORRETA. I. - Vamos, vamos depressa, disse a professora. II. - Venha cá! Disse o pai. III. Maria disse que iria ao supermercado à tarde.IV. Maria disse: - Irei ao supermercado à tarde. Técnicas de leitura e produção textual 90 a) Discurso direto, discurso indireto, discurso indireto, discurso indireto. b) Discurso indireto, discurso indireto, discurso indireto, discurso direto. c) Discurso direto, discurso indireto, discurso indireto, discurso direto. d) Discurso direto, discurso direto, discurso indireto, discurso direto. e) Discurso indireto, discurso direto, discurso indireto, discurso direto. 4-Reconheça os tipos de descrição com base em nossos estudos. I – “Eram oito da noite no Rio de Janeiro e a cidade se agitava para o Show de Zezé de Camargo e Luciano, no aterro do Flamengo”. II – “A sala. Os móveis. O abajur. A mesa de centro. O lustre. Todos os móveis eram do século XVIII”. III – “João trajava um terno cinza, camisa vermelha e um chapéu. Era gordo e simpático”. a) Descrição de ambiente interno, descrição de ambiente externo, descrição objetiva de uma pessoa. b) Descrição de ambiente interno, descrição de ambiente interno, descrição subjetiva de uma pessoa. c) Descrição de ambiente externo, descrição de ambiente interno, descrição objetiva e subjetiva de uma pessoa. d) Descrição de ambiente externo, descrição de ambiente externo, descrição de ambiente externo. e) Descrição de ambiente externo, descrição de ambiente externo, descrição objetiva e subjetiva de uma pessoa. Técnicas de leitura e produção textual 91 5-Em “O homem desconhecido era sanguinário para com o próximo”, marque o antônimo da palavra grifada na sentença. a) Cruel. b) Desumano. c) Feroz. d) Humano. e) Sangrento. 6-Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, o desenvolvimento da competência interativa do aluno parte do seguinte pressuposto: a) a necessidade do domínio de cada variedade linguística. b) o privilégio da modalidade escrita em situações de aprendizagem. c) a preferência pela norma padrão d) a convivência, dentro da língua, de inúmeras variedades linguísticas. e) a preferência pela oralidade. 7-Paulo Freire, um dos mais importantes educadores brasileiros, notabilizou-se por defender uma educação voltada para a realidade do educando, isto é, para as suas vivências, sua concepção de mundo e sua capacidade de posicionar-se como cidadão. Entre as alternativas a seguir, aquela que reflete sua concepção de educação é: a) o professor é o mais importante agente do processo ensino-aprendizagem. b) a metodologia de ensino visa a resultados padronizados. c) a educação deve capacitar o indivíduo para o trabalho. d) todo ato político é educativo. e) a educação é política. Técnicas de leitura e produção textual 92 8-Marque o SINÔNIMO ou a palavra cujo sentido se aproxima da que estiver sublinhada. “Era um homem verdadeiramente medíocre.” a) Ordinário. b) Incomum. c) Excepcional. d) Delicado. e) Superior. 9- Reescreva o texto abaixo e passe-o para a 3ª PESSOA, fazendo as alterações necessárias. “Dei meia volta, rumei por uma avenida qualquer, o passo mole e sem pressa, no silêncio da noite. Alguma haveria de plantão... Rua deserta. Dois ou três quarteirões mais além, um guarda. Ele me daria indicação” (Orígenes Lessa). _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 93 10- Reescreva as frases abaixo, passando-as para o DISCURSO DIRETO e fazendo as adequações necessárias. a) Algumas pessoas reclamaram que não havia mais sorvete na festa. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ b) O diretor perguntou se alguém traria novas doações para a campanha do orfanato. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ c) O pai pediu aos filhos que entrassem, pois havia um tumulto na rua. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ d) O aluno disse que gostaria de estudar na Universo. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 94 Técnicas de leitura e produção textual 95 A construção do texto A construção do sentido do texto. O parágrafo. O uso da interrogação no tópico frasal. Título e tema. Trabalhando a colocação pronominal. Trabalhando as normas gramaticais: os articuladores sintáticos e o uso dos particípios duplos. Trabalhando a significação das palavras (II). 3 Técnicas de leitura e produção textual 96 O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão (ROSA, Guimarães. Grande Sertão: Veredas). Nesta unidade, você estudará a construção do sentido do texto e sua estrutura, os tipos de parágrafos, o título e tema e algumas normas gramaticais. Objetivos da unidade: Reconhecer os tipos de parágrafos observando sua estrutura, identificar o título e o tema, compreender a construção do sentido do texto e a aplicar adequadamente as normas linguísticas aos textos. Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, informação e comunicação em situações intersubjetivas, que exijam graus de distanciamento e reflexão sobre os contextos e estatutos de interlocutores; e saber colocar-se como protagonista no processo de produção e recepção de textos. Plano da unidade: A construção do sentido do texto. O parágrafo. O uso da interrogação no tópico frasal. Título e tema. Trabalhando acolocação pronominal. Trabalhando as normas gramaticais: os articuladores sintáticos e o uso dos particípios duplos. Trabalhando a significação das palavras (II). Técnicas de leitura e produção textual 97 A construção do sentido do texto A noção de texto A palavra “texto” é bastante usada na escola e também em outras instituições sociais que trabalham com a linguagem. Apesar de corrente, o termo não é de fácil definição. O Texto é um todo organizado de sentido, ou seja, possui coerência de sentido, não é um amontoado de frases colocadas umas depois das outras, mas sim, costuradas entre si. Essa é a razão de, num texto, o sentido de uma frase depender das outras; de o significado ser solidário. Em relação ao texto, é necessário considerar que o significado de uma parte não é autônomo, mas depende das outras partes com as quais se relaciona. Isso quer dizer que o significado global do texto não é o resultado de uma mera soma de suas partes, mas de certa combinação geradora de sentidos. Nesse sentido, nos ensina Wittrock (1997) que: (...)para compreender um texto, nós não apenas o lemos, no sentido estrito da palavra: nós construímos um significado para ele. Ler não é um fenômeno idiossincrático, anárquico. Mas também não é um processo monolítico, unitário, no qual apenas um significado está correto. Ao contrário, trata-se de um processo generativo que reflete a tentativa disciplinada do leitor de construir um ou mais sentidos dentro das regras da linguagem. A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. Há, portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta da ação de tecer, de entrelaçar unidades e partes a fim de formar um todo inter-relacionado. Daí podermos falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade. A construção do sentido do texto - Algumas propriedades do texto: a coerência, a coesão e a progressão. Idiossincrasia = característica comportamental peculiar a um grupo ou a uma pessoa. Técnicas de leitura e produção textual 98 Esse trabalho de tecelão que o produtor de textos escritos executa pode ser avaliado em função de quatro elementos centrais: a repetição, a progressão, a não contradição e a relação. Para estudá-los, devemos ter sempre em mente que um texto se desenvolve de maneira linear, ou seja, as partes que o formam surgem uma após a outra, relacionando-se com o que já foi dito ou com o que se vai dizer. A repetição: Ao longo de um texto coerente, é normal que ocorram repetições, retomadas de elementos (palavras, frases e sequências que exprimem fatos ou conceitos). Essa retomada é normalmente feita por pronomes e pelas terminações verbais que os indicam. Ou por palavras e expressões equivalentes ou sinônimas. Também podemos repetir a mesma palavra ou expressão, o que deve ser feito com cuidado, a fim de que o ritmo não seja prejudicado. Exemplo: Há palavras que ninguém emprega. Apenas se encontram nos dicionários como velhas caducas num asilo. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas... Pobre velhinho! (Mário Quintana) Analisando: 1. “palavras que ninguém emprega” = são retomadas pela terminação do verbo encontram (elas, as palavras, se encontram). 2. “velhas caducas” = retoma “as palavras” 3. “uma que outra” = retoma palavras 4. “Vem” = uma que outra /a palavra vem luzir-se... 5. “pobres velhinhas” = as palavras 6. “pobre velhinho” = paraninfo Técnicas de leitura e produção textual 99 A progressão: Em um texto coerente, o conteúdo deve progredir, ou seja, devemos sempre acrescentar novas informações ao que já foi dito. A progressão completa a repetição: a repetição garante a retomada de elementos passados. A progressão garante que o texto não se limita a repetir indefinidamente o que já foi colocado. Assim, equilibramos o que já foi dito com o que se vai dizer, garantindo a continuidade do tema e a progressão do sentido. Exemplo: Respondendo a Regina (Mário Quintana) De alguém que se assina ‘Regina’, recebo amável carta, reclamando que a poesia se está ausentando ultimamente das minhas crônicas, em proveito do lado humorístico da vida... Fiquei desapontado, Regina. Primeiro, porque pensava que andasse escrevendo coisas muito sérias, inspiradas como eram, precisamente, no lado amargo da vida... Depois, porque pensava que a poesia estivesse nas entrelinhas, como, aliás, acontece na vida... Além disso, pela sua carta, quer-me parecer que não pertence ao número de pessoas que pensam que há muitos assuntos ‘poéticos’ e outros não, como também um estilo que possua a exclusividade de ser ‘poético’... E, precisamente pelo estilo de sua carta, vejo que tampouco pertence à escola literária daquela professorinha do interior que me disse um dia: - O senhor não imagina como estamos... Como ‘eu’ estou contente com a sua visita à nossa cidade! E, confidencialmente: - Aqui a gente não tem com quem falar difícil... Técnicas de leitura e produção textual 100 Analisando: Repare que após a colocação do tema (a reclamação contida na carta de Regina) o autor introduz novos fatos utilizando palavras e expressões como: primeiro, depois, além disso, tampouco. Veja que a progressão e a repetição ocorrem simultaneamente, ou seja, o surgimento de novas informações é acompanhado pela retomada de Regina e sua carta ao longo do texto: “Fiquei desapontado, Regina...” “pela sua carta...” etc. A Não-Contradição: Em um texto coerente não devem surgir elementos que contradigam aquilo que já foi dito, colocado, ou seja, o texto não deve desmentir a si mesmo, não deve destruir a si próprio, tomando, por exemplo, como verdadeiro aquilo que já foi considerado falso ou vice-versa. Esse tipo de contradição só é possível ser intencional. Exemplo: “Em quinhentos anos o Brasil ainda não conseguiu resolver sérios problemas sociais que afligem a todos”. “Por ser ainda uma criança, o Brasil não conseguiu resolver sérios problemas sociais que afligem a todos”. “O Brasil atravessa um período muito difícil”. “O Brasil não atravessa um período difícil”. Técnicas de leitura e produção textual 101 Analisando: Frases como essas só faria sentido se quiséssemos enfatizar, negar, criticar e / ou ironizar fatos ou acontecimentos em nosso país. Exemplo: “(...) Mas foi à Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, que realizou as experiências mais aterradoras. Só que as cobaias eram seres humanos. Prisioneiros de guerra, principalmente judeus, foram submetidos a todos os tipos de crueldades “(O Estado de S. Paulo, 3 out. 1991). Analisando: A expressão “só que”, mal empregada, compromete o vínculo lógico de causa: As experiências mais aterradoras foram as da Alemanha nazista porque as cobaias eram seres humanos. Observação: No lugar da expressão “só que” poderia ter sido colocado um “isso porque” ou poderia vir apenas a afirmação: As cobaias eram seres humanos. A relação: Num texto coerente, os fatos e conceitos devem estar relacionados. A relação é a ligação, a conexão ou vinculação de alguma ordem entre as pessoas, fatos ou coisas. Essa relação deve ser suficiente para justificar sua inclusão em um mesmo texto. Para avaliar o grau de relação dos elementos que vão construir seu texto, é importante organizá-los esquematicamente antes de escrever, verificando se a aproximação de ideias que você vai fazer é realmente eficaz. Técnicas de leitura e produção textual 102 Exemplo: “Havia uma evidente relação entre aquele crime praticado na montanha e o crime praticado recentemente na praia...” Esses quatro itens que analisamos (repetição, progressão,não contradição e relação) podem ajudar a avaliar o grau de coesão dos textos que lemos ou escrevemos. Analisando-os, podemos adquirir um conceito bastante prático do conceito de texto que falamos no início: Texto é uma sequência de dados não contraditórios e relacionáveis apresentados gradativamente por meio de um movimento que combina repetição e progressão. Tornar esse conceito prático é o trabalho formativo a que nos propomos. O parágrafo Os textos em prosa, sejam eles narrativos, descritivos ou argumentativos, são geralmente estruturados em unidades menores chamadas parágrafos. Há parágrafos longos e curtos; o que determina sua extensão é a unidade temática, já que cada ideia exposta no texto deve corresponder a um parágrafo. Nos textos escritos, podemos identificar os parágrafos pelo ligeiro afastamento de sua primeira linha em relação à margem esquerda da folha. O desenvolvimento global e articulado de um texto, a partir dos processos de narração, descrição, dissertação e diálogo, precisa ter como suporte da estrutura textual: a frase e o período, que são as unidades mínimas da qualidade da escrita. De sua combinação constitui-se o parágrafo (ideia-núcleo), que por meio do encadeamento das ideias vai integrar-se à estrutura, quer dizer, a ordenação dinâmica dos componentes de um texto. Ou seja, à organização lógica discursiva. Técnicas de leitura e produção textual 103 Para as nossas produções textuais optamos pela definição de Othon M. Garcia. Vejamos: O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela (GARCIA, 2006, p. 219). Essa definição se refere a um tipo de parágrafo padrão, denominação de Othon M. Garcia, dada a sua aplicabilidade e eficácia nas escritas de escritores modernos, além de facilitar a coerência do desenvolvimento das ideias. O parágrafo padrão é formado por três partes: a introdução, constituída por um ou dois períodos curtos, iniciais, em que se expressa à ideia-núcleo ou tópico frasal, o desenvolvimento que é a exposição da ideia-núcleo e a conclusão. É bom você atentar ao “tópico frasal”, que geralmente contém “dois períodos curtos iniciais”. O tópico frasal sintetiza a ideia-núcleo do parágrafo. IMPORTANTE A ideia-núcleo, agora conhecida como tópico frasal, segundo Garcia, diz que na ideia-núcleo, de fato, há uma generalização, em que se exterioriza um juízo, uma opinião, se define ou declara algo, mas às vezes nem todo parágrafo contém a ideia-núcleo de forma eficaz. Técnicas de leitura e produção textual 104 Agora você conhecerá alguns exemplos. A técnica da construção do tópico frasal para iniciar o parágrafo garantirá ao estudante melhor desempenho na síntese do seu raciocínio, como começar e como isso facilitará a sua fundamentação na construção dos argumentos. Declaração inicial: O produtor de texto nega ou afirma alguma coisa logo ao iniciar o texto, apresentando seus argumentos: confrontos, analogias ou exposição de ideias de fatos da atualidade. O autor abre o parágrafo com uma declaração breve. EXEMPLIFICANDO: As duas grandes religiões que, junto com a muçulmana, reconhecem a um só Deus são a judaica e a cristã. Elas compartilham o mesmo livro sagrado: a Bíblia. A palavra “Bíblia” vem do grego e significa “livros” (isso mesmo, no plural). Na verdade, pode-se dizer que a Bíblia não é um livro, mas vários livros, uma autêntica biblioteca composta por textos escritos em datas muito diferentes, por autores diversos e que abarca todos os estilos literários: narrações mais ou menos históricas, poemas, escritos proféticos, provérbios, leis, etc. (LAJOLO, 2002, p. 68). Alusão histórica Acontece quando ao iniciar um parágrafo o autor faz referência a um fato acontecido real ou fictício. Conheça alguns dos padrões mais usados de parágrafos que podem servir de modelo para iniciar o texto. Técnicas de leitura e produção textual 105 Modelo de alusão histórica fictícia: Era uma vez dois caçadores perdidos numa floresta, já sem munição, quando surgiu um leão. Enquanto um deles começava a correr, o outro tirou da mochila um par de tênis especial e começou a calçá-lo, calmamente. O que corria parou, espantado, e alertou: “Não adianta, o leão corre mais que você”. Ao que o outro respondeu: ‘Não preciso correr mais que o leão. Só preciso correr mais que ‘você’(Merval Pereira, em artigo para O Globo). Modelo de alusão histórica real: “A partir do Renascimento o teatro tornou-se o entretenimento público por excelência. Chegou-se a dizer que os grandes vícios de então eram o tabaco, que acabara de chegar da América, e o teatro” (LAJOLO, 2002, p. 80). Parágrafo explicativo Definição: O texto apresenta explicitamente uma definição de caráter didático sendo muito comum nos textos em que ocorrem a dissertação. EXEMPLIFICANDO: A Bíblia é o livro mais difundido em toda a história da humanidade. Muitos acham que, sem conhecê-la, é impossível entender grande parte da literatura, da música e da arte do mundo ocidental, já que o sentimento religioso judaico-cristão tem sido durante muitos séculos (e ainda é assim) uma fonte de inspiração para os artistas de qualquer gênero (Ibid. p. 69). Técnicas de leitura e produção textual 106 Parágrafo argumentativo Nos textos argumentativos, os parágrafos são estruturados em torno de uma ideia normalmente apresentada em sua introdução, desenvolvida e reforçada por uma conclusão. Exemplo: É de conhecimento geral que a qualidade de vida nas regiões rurais é, em alguns aspectos, superior à da zona urbana, porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles, há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados e, além disso, as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas mais profundas e duradouras (GRANATIC, 1995, p.81). A ideia-núcleo ou tópico é apresentado logo no início e desenvolvida por meio de ideias complementares ou argumentos. Os parágrafos nos textos argumentativos escolares: Os textos argumentativos escolares costumam ser estruturados em quatro ou cinco parágrafos (um para a introdução, dois ou três para o desenvolvimento e um para a conclusão). Dependendo do texto proposto e a abordagem que se dê a ele, poderá haver variações. Mas o fundamental é que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em parágrafo (cada um correspondendo a uma ideia que se queira desenvolver), tem a função de facilitar para quem escreve, tornando o texto mais coeso e coerente. Técnicas de leitura e produção textual 107 O parágrafo narrativo: Nas narrações, a ideia central do parágrafo é um incidente, isto é, um episódio curto. Nos parágrafos narrativos predominam os verbos de ação, que se referem a personagens e indicam as circunstâncias relativas ao fato que se está sendo narrado, ou seja, onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu. Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral introduzidos por dois-pontos e travessão) cada fala da personagem corresponde a um parágrafo (TERRA, 2004). Exemplo: “João estava andando pela rua quando de repente tropeçou em um pacote embrulhado em jornais. Pegou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantidade de dinheiro” (GRANATIC,1995, p. 19). O parágrafo descritivo: De acordo com Terra (2004) a ideia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um fragmento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, um ambiente, uma paisagem etc.), visto sob determinada perspectiva. Alterado esse quadro, abra-se um novo parágrafo.O parágrafo descritivo apresenta as mesmas características da descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego farto de adjetivos que caracterizam o que está sendo descrito, frequência de orações apenas justapostas, coordenadas. Técnicas de leitura e produção textual 108 Exemplo descrição de tempo e lugar: Ao entrar na sala daquele casarão antigo, tem-se, de início, uma desagradável sensação de abandono e de certa tristeza. As paredes, já quase sem cor devido à ação do tempo, as duas janelas fechadas, com suas venezianas carcomidas, situadas na parede oposta à porta, também velha, davam a quem chegava à impressão de estar adentrando um museu abandonado (...). (GRANATIC, p. 60) O uso da interrogação no tópico frasal O parágrafo inicia-se com uma interrogação, direcionando-se ao desenvolvimento a partir da resposta ou esclarecimento do produtor ou aluno. Cabe ao produtor de textos atentar para a coerência dos argumentos de sua resposta ou esclarecimento. EXEMPLIFICANDO Tema: Dengue De que maneira uma cidade pode combater a dengue? Sua atitude deve ser fazer a seguinte pergunta: Por quê? Ao iniciar sua reflexão sobre o tema é importante lembrar-se das informações que já possui sobre o assunto, do que já leu a respeito em jornais, do que já viu a televisão etc. É evidente que você já tenha ouvido falar alguma coisa sobre ele. O ideal é que você elabore duas ou três “respostas” para a questão formulada. Essas respostas chamam-se argumentos. Técnicas de leitura e produção textual 109 Trabalhando o parágrafo Resumindo: A composição de um texto é constituída de três partes: Introdução: é um texto introdutório ao assunto a ser tratado, constituído por um ou dois períodos curtos, que expressa à ideia-núcleo ou tópico frasal. Desenvolvimento: é a exposição, argumentação ou explanação da ideia principal, (ideia-núcleo / tópico frasal), do parágrafo. Conclusão: é a reafirmação do tema apresentado no tópico frasal e realiza as inferências a partir dos fatos apresentados e interpretados. Dentre as formas mais usuais de expressão inicial no parágrafo conclusivo temos: dessa forma, portanto, em vista dos fatos expostos, em virtude dos fatos apresentados, dado o exposto, conforme os argumentos expostos e etc. Os parágrafos organizadores conduzem e facilitam os procedimentos e a interpretação do leitor em relação à composição de seu texto. DICA! Outro percurso que você deverá desenvolver é ler e reler a sua escrita. Procure também ler os mais variados tipos de jornais, revistas e artigos. É interessante selecionar os assuntos que são destaques em cada veículo de comunicação. Compare o uso da escrita de cada um deles, observe como cada veículo transmitiu sua mensagem ao leitor através da organização textual. A leitura diversificada de publicações ajudará a estimular o senso crítico e a habilidade com a organização de suas ideias, da escrita e de toda a estrutura textual. Técnicas de leitura e produção textual 110 Para finalizar, gostaríamos de lembrá-lo de que a tessitura do texto não é um amontoado de frases, não é uma simples justaposição de frases e palavras, logo, para se obter um “entrelaçamento” coeso e coerente das ideias, o autor do texto deverá produzir um texto que contenha uma unidade na organização discursiva, para que o leitor possa interpretá-lo. É importante que se tenha sempre em foco o leitor e a maneira como serão compreendidas e apreendidas suas ideias por ele. Sabemos que escrever requer trabalho, disciplina, paciência e muita leitura. É preciso reler, identificar os problemas e reescrever várias vezes o texto, consultar o dicionário, pesquisar sobre o assunto, quando possível. O estudante deverá ter preocupação com a formalidade da linguagem, a prática da norma padrão aos textos de caráter dissertativo. À medida que você procura valorizar os exercícios da escrita, esse processo “árduo” se tornará prazeroso e muitos procedimentos e técnicas serão dominados, levando-o a um bom desempenho na escrita. Experimente! Técnicas de leitura e produção textual 111 Título e tema Título: É uma referência vaga a um assunto. É uma expressão mais curta que o tema. Na maioria das vezes, não contém um verbo. Tema: É uma afirmação sobre determinado assunto, em que se percebe uma tomada de posição. É uma oração que apresenta um começo, meio e final. Por ser uma oração, deve apresentar ao menos um verbo. Confira a delimitação do tema no texto em destaque abaixo: A cultural patriarcal qualificou de fraca a mulher e forjou o mito do sexo frágil, o que não é verdade. A mulher tem a sua forma de ser forte. Neste caso o que conta não é tanto a força muscular. No trato com os filhos, desde sua gestação, nas crises de passagem e no seu acompanhamento ao largo da vida, especialmente na condução da complexidade de uma casa e na capacidade de suportar sofrimentos e suplantar obstáculos, ela mostra uma força e uma pertinácia que deixa o homem longe para trás. Em muitos aspectos a mulher é o sexo forte e o homem o sexo fraco (BOFF, 2001, p.56. grifo nosso). Técnicas de leitura e produção textual 112 Observação: O tema é o elemento gerador e articulador das ideias no texto. No texto acima é o mito de que a mulher é o sexo frágil. Quando você estiver fazendo uma redação em algum exame, o examinador pode fornecer-lhe tanto um título quanto um tema. Se lhe for fornecido um tema, terá que compor um título, já se lhe for fornecido um título, deverá compor o tema. Mas lembre-se: o tema é uma oração completa, com início, meio e fim. Trabalhando a colocação pronominal Na escrita, sugere-se a colocação pronominal. Próclise (antes do verbo). Dizemos que o pronome está proclítico. a) Quando a oração contém uma palavra negativa: Exemplos: Boa ideia, não vos parece? Ninguém nos ajuda na tarefa diária. a) Quando a oração é subordinada e contém conjunção subordinativa ou pronome relativo: Exemplos: A confiança que lhe depositou o amigo, recupere-a. a) Quando a oração é interrogativa: Exemplos: Quem a viu entrar em casa? Técnicas de leitura e produção textual 113 Ênclise (depois do verbo). Dizemos que o pronome está enclítico. Com o verbo no início de período, ou com oração independente ou principal precedida de pausa: Exemplo: Uniram-se para sempre. Revelaram-me as verdadeiras intenções. Mesóclise (no meio do verbo). Dizemos que o pronome está mesoclítico. A mesóclise só é possível com o verbo no futuro de presente ou no futuro do pretérito. Exemplo: Revelar-te-ei minhas verdadeiras intenções. Revelar-me-iam os verdadeiros motivos. Trabalhando os articuladores sintáticos: Sabemos que o uso dos articuladores sintáticos aos textos contribui, de maneira decisiva, para a construção de textos coesos. Tomamos por base o estudo dos teóricos Antonio Suárez Abreu, Evanildo Bechara, Platão & Fiorin sobre os operadores do texto ou argumentadores textuais ou, ainda, articuladores sintáticos (conjunções) nas frases. Vejamos: a) Articulação sintática de oposição: faz-se por meio de dois processos: A coordenação adversativa implica a utilização dos articuladores mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, senão. São as conjunções que unem pensamentos ou ideias opostas, contrárias. Técnicas de leitura e produção textual 114 Exemplo: Paulo conseguiu o visto do passaporte, mas não conseguiu passagem para Nova York. No lugar do mas, é possível usar os outros articuladores: porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto. A subordinação sintática concessiva usa articuladores como embora, ainda que, conquanto, posto que, bem que, por mais que, por menos que, mesmo que, apesar de que,entre outras. São conjunções que subordinam ideias em que se exprime uma ação contrária, oposta à ideia principal. São conjunções ou locuções conjuntivas concessivas, e também: apesar de, a despeito de, não obstante, que são locuções prepositivas. Exemplos: Embora Paulo tenha conseguido o visto do passaporte, não conseguiu passagem para Nova York. Por mais que ele se explicasse, não convenceria o delegado da inocência dele. b) Articulação sintática de causa: são conjunções que subordinam ideias em que se exprime a causa, o motivo, a razão de ser da ideia principal. Os principais articuladores de causa são: As conjunções e as locuções conjuntivas: que, porque, porquanto, como (no início da oração = já que), desde que, pois que, visto que, visto como, uma vez que, de modo que, entre outras. As preposições e locuções prepositivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência de, por motivo de, por razão de. Técnicas de leitura e produção textual 115 Exemplos: Não fui a São Paulo visto que estava com pressa de regressar ao Rio de janeiro. Já que assim o quis, mandei-o embora. Como não liberaram o dinheiro, tive que ir embora. Percebe-se que, ao utilizar as conjunções e as locuções conjuntivas, o verbo se mantém em seu tempo finito. Utilizando, entretanto, as locuções prepositivas, o verbo da oração assume a forma do infinito: Ex.: Não fui até São Paulo, em virtude de estar com pressa de regressar ao Rio de Janeiro. c) Articulação sintática de condição: são conjunções que subordinam ideias que exprimem a condição, a hipótese, a probabilidade para a ideia principal do período. O principal articulador sintático de condição é o SE. É o único que leva o verbo ao futuro do subjuntivo, quando a oração principal está no futuro do presente ou no presente do indicativo com valor de futuro. As outras condicionais são: caso, contanto que, sem que, a não ser que, salvo se, exceto se, a menos que. Esses articuladores também levam o verbo da oração que introduzem ao presente do subjuntivo. Exemplos: Se você viajar hoje à noite, poderá trabalhar no dia seguinte. Caso você viaje hoje à noite, poderá descansar mais amanhã. Irei, a não ser que seja impedido por alguém. Técnicas de leitura e produção textual 116 d) Articulação sintática de fim: São conjunções que estabelecem uma relação de finalidade com a ideia principal do período. Entre os articuladores sintáticos de fim destacam-se: para, a fim de que, com o propósito de, com a intenção de, com o intuito de, com o objetivo de. Exemplos: As pessoas precisam estudar para que haja uma inclusão social. Fizemos tudo a fim de que ele fosse aprovado no concurso. e) Articulação sintática de conclusão: São as conjunções que introduzem orações, em um período coordenado, as quais expressam uma conclusão. Os principais articuladores de conclusão são: logo, portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), de modo que em vista disso. Exemplos: A vida é breve, por isso devemos aproveitá-la bastante. Ele estudou todo o assunto, deve então saber o sentido da expressão. A partir das sentenças acima, podemos ver que os operadores textuais ou denominados também articuladores sintáticos são fundamentais para a coesão textual. Sugerimos uma consulta à gramática, com isso, você poderá ampliar seus estudos sobre as conjunções coordenativas e subordinativas, a fim de auxiliá-lo na construção de seu texto. Agora confira. Leia atentamente o texto ”O problema da verdade” e observe os elementos coesivos chamados de operadores discursivos (articuladores sintáticos etc.) e reflita sobre as relações que tais operadores estabelecem entre as sentenças (os argumentos). Técnicas de leitura e produção textual 117 Observe os operadores discursivos e suas conexões em destaque: ‘Os filósofos não fizeram mais que interpretar o mundo de maneiras diferentes, trata-se porém de transformá-lo’ – escreveu um célebre filosofo alemão do século XIX. Nós concordamos com tal pensamento, mas queremos lembrar que antes de transformar algo é preciso conhecê-lo. Sem uma teoria científica do conhecimento da verdade não é possível interpretar corretamente o mundo, o homem e a sociedade e muito menos transformá- los. Nenhuma ação transformadora poderá ser bem-sucedida se ignorarmos a natureza das coisas com que lidamos. Nós só poderemos tirar proveito de algo se conhecermos a verdade sobre o mesmo. Só poderemos imitar, produzir e mudar algo se soubermos como funciona, só poderemos transformar o mundo, a vida e a sociedade, se conhecermos a verdade, isto é, a essência das coisas e as leis pela quais elas se regem. Assim, uma teoria cientificada do conhecimento da verdade é uma disciplina absolutamente necessária a qualquer atividade prática ou teórica, a qualquer tarefa de compreensão e transformação do mundo, do homem e da sociedade (LOPES, p. 204). Trabalhando as normas gramaticais: os articuladores sintáticos e o uso dos particípios duplos VERBO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR aceitar acender benzer expulsar exprimir salvar suspender aceitado acendido benzido expulsado exprimido salvado suspendido aceito aceso bento expulso expresso salvo suspenso Obs.: Ganho – ganhado / gasto – gastado / pago – pagado. Cabe ao falante levar em consideração o uso da mídia atual. Técnicas de leitura e produção textual 118 Formas regulares nos tempos compostos: a) Paulo tinha acendido a luminária. b) A luminária tinha sido acesa. c) A luminária está acesa. Trabalhando a significação das palavras (II) Homonímia Consiste na identidade de pronúncia de duas ou mais palavras (homônimos homófonos) ou de grafia (homônimos homógrafos). Quando as palavras são iguais na pronúncia e na grafia são chamadas de homônimos perfeitos. Eis alguns exemplos: Homônimos homófonos mais usados: Acender – pôr fogo a Ascender – elevar-se Acento – inflexão da voz Assento – objeto onde se senta Asado – com asas Azado - oportuno Caçar - perseguir Cassar - anular Cegar – tirar a visão Segar - cortar Cela – cômodo pequeno Sela - arreio Censo - recenseamento Senso - juízo Cerração - nevoeiro Serração – ato de serrar Cheque – ordem de pagamento Xeque – lance do jogo de xadrez Cidra – certa fruta Sidra – um tipo de bebida Conserto - reparo Concerto - harmonia Estático – firme, parado Extático – em êxtase Espiar - olhar Expiar - sofrer Estrato – camada; tipo de nuvem Extrato – que se extrai Incerto - duvidoso Inserto – inserido Incipiente - que está no início Insipiente - que não sabe Lasso – cansado Laço – tipo de nó Passo – marcha Paço – palácio imperial Remissão – perdão Remição – resgate Seda – tipo de tecido Ceda – flexão do verbo ceder Taxa – imposto Tacha – tipo de prego Viagem - jornada Viajem – flexão do verbo viajar Técnicas de leitura e produção textual 119 Paronímia Consiste no emprego de palavras muito parecidas, mas a grafia e a pronúncia são diferentes. Alguns exemplos de parônimos: Parônimos mais usados: Amoral – sem o senso da moral Imoral – contrário à moral Apóstrofe – chamamento Apóstrofo – tipo de sinal gráfico Arrear – pôr arreios Arriar - abaixar Astral – dos astros Austral – que fica no sul Cavaleiro – que anda a cavalo Cavalheiro - gentil Comprimento - extensão Cumprimento - saudação Conjetura – hipótese Conjuntura - situação Delatar – denunciar Dilatar - alargar Descrição ato de descrever Discrição – qualidade de discreto Descriminar - inocentar Discriminar - separar Despercebido – sem ser notado Desapercebido - desprevenido Destratar – insultar Distratar - desfazer Docente – professor Discente – aluno Emergir – vir à tona, sair Imergir – mergulhar Emigrar – sair de um país Imigrar – entrar em um país Eminente– importante Iminente – que está para ocorrer Esbaforido – ofegante Espavorido - apavorado Estada – permanência de alguém Estadia – permanência de veículo Facundo – eloquente Fecundo – fértil; criador Flagrante – evidente Fragrante - aromático Fluir – correr; manar Fruir - desfrutar Inerme – desarmado Inerte – parado Inflação – desvalorização Infração - transgressão Inflingir – aplicar pena Infringir - transgredir Intemerato – puro Intimorato - corajoso Lactante – que amamenta Lactente – que mama Lista – relação Listra – linha, risco Locador – proprietário Locatário - inquilino Lustre – candelabro Lustro – cinco anos; brilho Mandado – ordem judicial Mandato – procuração Pleito – disputa Preito – homenagem Preeminente – nobre, distinto Proeminente – saliente Prescrever – receitar; expiar (prazo) Proscrever – afastar, desterrar Ratificar – confirmar Retificar - corrigir Sortir – abastecer Surtir - resultar Sustar – suspender Suster- sustentar Trafégo – movimento de veículo Tráfico - comércio Usuário – aquele que usa Usurário – avarento; agiota Vultoso – grande Vultuoso – vermelho e inchado Técnicas de leitura e produção textual 120 Vimos nessa unidade, algumas condições para tornar produtivas as práticas de leitura e de produção textual, estudamos mais um pouco sobre a noção de texto, a construção de sentido e a estrutura do texto, os tipos de parágrafos observando sua estrutura, além de diferenciar título e tema, e revisamos um pouco as regras na escrita de textos, em respeito à norma culta da língua. É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de aprendizagem. Caso precise, redija comentários e dúvidas e depois envie para nós, através do ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Não perca tempo! Interaja conosco. Esperamos sua efetiva participação! Na próxima unidade, você irá estudar a estrutura da dissertação, argumentação, além de expressões para serem utilizadas nas conclusões e a na aplicação das normas linguísticas à produção textual. Vamos lá? Técnicas de leitura e produção textual 121 Exercícios da unidade 3 1- Leia os tópicos frasais abaixo e classifique-os, segundo Othon Moacyr Garcia. I – “Prosa é a forma mais comum de linguagem. É a que você usa, geralmente, quando escreve uma dissertação ou um conto: as frases se seguem umas a outras”.Marisa Lajolo II – A violência é um dos temas preferidos pela televisão, e muitos acreditam que ela é nociva às crianças. III – “A partir do Renascimento o teatro tornou-se o entretenimento público por excelência. Chegou-se a dizer que os grandes vícios de então eram o tabaco que acabara de chegar da América, e o teatro”. Marisa Lajolo a) Declaração, declaração, declaração. b) Definição, declaração, alusão histórica. c) Definição, definição, alusão histórica. d) Definição, alusão histórica, alusão histórica. e) Alusão histórica, declaração, alusão histórica. 2- Com base no fragmento abaixo, identifique o tipo de tópico frasal. “A maior alegria do brasileiro é hospedar alguém, mesmo um desconhecido que lhe peça pouso, numa noite de chuva”. (Cassiano Ricardo, in O homem cordial). a) Definição. b) Alusão histórica. c) Suspense. d) Declaração. e) Interrogação. Técnicas de leitura e produção textual 122 3- No período “Da própria garganta saiu um grito de admiração, que Cirino acompanhou, embora com menos entusiasmo” a palavra destacada expressa uma ideia de: a) explicação. b) concessão. c) comparação. d) modo. e) consequência. 4- Considerando o texto, abaixo assinale a única alternativa cujo significado “não” corresponde à expressão “em favor da preservação” A luta contra a poluição e em favor da preservação do meio ambiente é mundial. Em todo o planeta, multiplicam-se as associações e grupos de pessoas conscientes de que, se não houver uma interrupção do processo poluidor e uma recuperação das zonas, tanto na terra, quanto no ar e no ambiente aquático, já devastados, o mundo se tornará irrealizável dentro de muito pouco tempo. O tema vem crescentemente ganhando adeptos e motivando a formação de uma consciência crítica em relação ao fenômeno, embora esteja ainda longe de poder produzir resultados compatíveis com as necessidades. (Revista INTERIOR, Ano VII, nº 38, pág. 11 – com adaptações) a) em prol da preservação. b) em proveito da preservação. c) em oposição à preservação. d) em auxílio da preservação. e) em defesa da preservação. Técnicas de leitura e produção textual 123 5- A expressão: “resultados compatíveis com as necessidades” significa: a) resultados que superam as necessidades. b) resultados que se conciliam com as necessidades. c) resultados que anulam as necessidades. d) resultados que não alcançam as necessidades. e) resultados que se distanciam das necessidades. 6- Marque a opção em que a palavra “afinal” pode ser substituída, sem alteração de sentido. “Enquanto o Titanic ainda flutua, tentemos o impossível para mudar o seu curso. Afinal, quem faz a história são as pessoas e não o contrário.” (Herbert de Souza, na Folha de São Paulo, 17/11/96) a) Conquanto. b) Porquanto. c) Malgrado. d) Enquanto. e) Apenas. 7- Assinale a série que completa corretamente as lacunas. “No último _________ da orquestra sinfônica, houve ________ entre os convidados, apesar de ser uma festa _______________”. a) Conserto – descriminações – beneficente. b) Concerto – descriminações – beneficiente. c) Conserto – descriminações – beneficiente. d) Concerto – discriminações – beneficente e) Conserto – discriminações – beneficiente. Técnicas de leitura e produção textual 124 8- Assinale a letra que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada: “O novo ____ da população cometeu ______ equívoco ao desconsiderar significativo percentual de _________ que entraram no país nos últimos anos.” a) censo – fragrante – emigrantes b) censo – flagrante – emigrantes c) senso – fragrante – emigrantes d) senso – fragrante – imigrantes e) censo – flagrante - imigrantes 9- Redija um parágrafo com sentido completo (início, meio e fim) com coerência e coesão, a partir do tema abaixo, observando a estrutura de caráter dissertativo. Tema: O jovem e a leitura. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 125 10- Com base no texto abaixo, produza um parágrafo padrão que contenha tópico frasal de declaração. Marque-o no seu novo texto. Declaração Universal dos Direitos Humanos Então elas escreveram um papel. Neste documento Elas fizeram um resumo dos direitos Que todos os Seres Humanos têmE que devem ser respeitados por todos os povos. Este documento é chamado Declaração Universal Dos Direitos Humanos E diz Mais ou menos o seguinte: Todos os homens nascem livres Todos os homens nascem iguais e têm portanto os mesmos direitos Todos têm inteligência e compreendem o que se passa ao seu redor. Todos devem agir como se fossem irmãos. (Declaração Universal dos Direitos Humanos, adaptação de Ruth Rocha e Otávio Roth). Técnicas de leitura e produção textual 126 _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 127 A riqueza e a variedade de gêneros do discurso são infinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável e cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa (BAKHTIN,1977). Nesta unidade, você estudará mais um pouco sobre o texto dissertativo argumentativo, veremos também as principais características do texto informativo, a carta pessoal e comercial, os pronomes de tratamento e a concordância nominal e verbal. Objetivos da unidade: Reconhecer e identificar as características da dissertação, aperfeiçoar a argumentação, conhecer as diferenças da carta (comercial e pessoal) e empregar adequadamente a concordância nominal e verbal na composição dos textos. Recordar alguns empregos para os pronomes de tratamento, observando a correção gramatical. Plano da unidade: A dissertação. Textos informativos. O texto argumentativo. A carta como gênero discursivo. Os pronomes de tratamento e abreviaturas. Trabalhando a concordância verbal e nominal. A Dissertação e Argumentação A dissertação. Textos informativos. O texto argumentativo. A carta como gênero discursivo. Os pronomes de tratamento e abreviaturas. Trabalhando a concordância verbal e nominal. 4 Técnicas de leitura e produção textual 128 A dissertação Estudamos as tipologias textuais narração e descrição. Agora veremos a dissertação: as características do texto informativo, dissertativo e argumentativo. Caro aluno, a maioria das provas de concursos e de vestibulares solicitam do candidato a produção de um texto dissertativo. Apesar disso, quase sempre os temas propostos exigem a análise de um problema, o posicionamento do aluno a respeito desse tema, e, às vezes, a indicação de soluções. Dessa forma, espera-se que ele produza, então, um texto argumentativo ou um texto dissertativo- argumentativo. Enquanto no texto dissertativo a principal finalidade é apresentar, expor determinadas ideias, no texto argumentativo, a principal intenção do autor é persuadir o leitor. Primeiramente, leiamos os exemplos abaixo e observemos as suas estruturas globais. Textos informativos Exemplo I: Observe o seguinte parágrafo: A água é uma das principais condições para a existência de vida, porém a sua simples ocorrência num dado local não é suficiente para que aí se desenvolva a vida. A água pode existir em grandes quantidades, como nas superfícies geladas das regiões polares, não podendo, porém, ser utilizada por estar solidificada na forma de cristais de gelo. Assim, torna-se importante a disponibilidade da água para ser utilizada pelos seres vivos (Y. Mizuguchi, J. R. de Almeida e L. A. Pereira). Cachoeiras, cascatas Água Técnicas de leitura e produção textual 129 Exemplo II: Desde a segunda revolução industrial, no século XIX, as artes foram submetidas às regras do mercado capitalista e à ideologia da indústria cultural. A obra de arte tem um valor de exposição, é feita para ser contemplada, fluída e revelar a realidade. Entretanto, não foi democratizada, massificou-se e transformou-se em seu oposto: mercadorias; produtos culturais fabricados em série; sinal de status; prestígio político e controle cultural; além de tornar a realidade e o trabalho criador invisíveis. Sob controle econômico, a arte corre o risco de perder suas características, deixar a expressividade pela repetição, a criação pelo consumo e a experimentação pelo consagrado. A democratização da cultura, entendida como o direito de acesso e fruição, informação e formação, e ainda produção cultural que poderia ser alcançada pelos meios de comunicação social, foi substituída pela massificação. A indústria cultural não democratiza, porque ao massificar reintroduz a divisão social e: 1. separa os bens culturais pagos e raros para uma elite culta e os bens baratos e comuns para a massa inculta; 2. cria a ilusão do acesso igual para todos, mas pelo preço define os grupos que podem usufruir de cada bem; 3. inventa um consumidor médio, com capacidades, conhecimentos e gosto médios, para o qual produz bens médios, vendáveis, fundados no senso comum, sem novidades; 4. vê a cultura como lazer, entretenimento, diversão e distração de forma que não tem interesse, porque não vende, o trabalho da sensibilidade, da imaginação, da inteligência, da reflexão e da crítica. Assim, em lugar de democratizar a cultura, a indústria cultural produz uma massificação, que é banalização e vulgarização da arte e do conhecimento (GARCEZ & CARMO. 2008). Técnicas de leitura e produção textual 130 Análise: Os dois textos acima apresentam um modo de organização discursiva que têm como base o caráter dissertativo. Ambos fundamentam-se em ideias, conteúdo informativo, o verbo está na 3ª pessoa (impessoalidade) e, além disso, contêm o entrelaçamento das ideias e a articulação das orações e períodos no corpo do texto, construindo afirmações, respostase conclusões. Dissertação – Essa composição visa desenvolver raciocínios – organização discursiva lógica – exposição de ideias, articular os argumentos, de modo coeso e coerente a fim chegarmos a conclusões sobre determinado assunto. ATENÇÃO: Características do texto dissertativo: Texto de natureza expositiva, que apresenta dados objetivos, e não opiniões; pode desenvolver um conceito ou definir um objeto, seja ele abstrato ou concreto. Estrutura convencional: ideia principal, desenvolvimento e conclusão. Linguagem clara, objetiva e impessoal. Predomínio do padrão culto formal da língua. Verbos predominantemente no presente do indicativo. Técnicas de leitura e produção textual 131 Há três momentos ou partes na estruturação da dissertação. Observe: Introdução: É constituída pela ideia-núcleo (tópico frasal). Na introdução os argumentos são apenas mencionados. Nesse primeiro parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar e cada argumento será devidamente desenvolvido nos parágrafos seguintes. Desenvolvimento: É constituído pela organização dos argumentos de modo coeso e coerente. O desenvolvimento retoma a ideia e o assunto da introdução de maneira gradual e progressiva. O desenvolvimento é o local em que explicamos cada um dos argumentos mencionados na introdução. É bom lembrar que você poderá organizar o conteúdo do seu texto, de acordo com a pesquisa sobre o assunto, leituras e outras informações. Conclusão: Consiste na construção de um resumo (síntese) de tudo que foi exposto anteriormente no corpo do texto. A conclusão deverá conter uma exposição clara da avaliação final do assunto ou reafirmação do tema inicial, conforme nos diz Branca Granatic em seu livro técnicas básicas de redação. A conclusão pode iniciar- se com uma expressão que nos remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (desenvolvimento). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final do parágrafo é comum se colocar também uma observação final, onde o autor faz um comentário sobe os fatos mencionados ao longo do texto, propondo, às vezes, uma solução e ou contribuição para o assunto em questão. Técnicas de leitura e produção textual 132 Exemplificando: Exemplo: A língua e a linguagem Editores e escritores – alguns deles respeitáveis, como Autran Dourado, outros nem tanto – estão questionando encanzinadamente o acordo ortográfico a ser firmado entre os países de língua portuguesa. Parece que as duas alegações maiores contra o acordo parte primeiro da suposição de que em cada um dos sete países que falam a língua portuguesa haveria uma língua própria: brasileira, uma língua angolana, outra caboverdeana e assim por diante. E segundo, da falta de autoridade das duas academias, a de Lisboa e a do Rio de Janeiro, designadas protagonistas do acordo. O segundo questionamento – o da representatividade das academias – não parece subsistente. Bem ou mal, com seus altos e baixos, elas são insubstituíveis, como órgãos culturais representativos da língua e de seu culto no universo intelectual. No caso brasileiro, a academia contou, com egrégio saber linguístico do saudoso Celso Cunha e do filósofo Antônio Houaiss. A alegação de que os sete países que falam a língua de Camões não a falam, tendo cada um seu idioma, não é apenas uma tolice. É um equívoco anticientífico, dos que não sabem distinguir entre a língua e linguagem. Queiram ou não, nossa língua comum, nossa língua nacional, é a língua portuguesa. Temos, é claro, cada um de nossos povos lusófonos, sua própria linguagem. (Fonte: Geraldo Melo Mourão – jornalista e escritor, secretário municipal da Cultura do RJ, foi correspondente da Folha em Pequim - China). Técnicas de leitura e produção textual 133 Agora, é necessário que você diferencie a dissertação da argumentação, “considerando esta apenas momentos daquela”, diz-nos Othon M. Garcia (op. cit. 380 p.). A dissertação visa expor, explorar, interpretar ou explicar ideias ou conhecimentos sobre algum assunto. Há dois elementos básicos para a constituição dos argumentos: “A consistência do raciocínio”; “A evidência das provas”. (op. cit., 381 p.) Recorrendo a Othon M. Garcia, esclarecemos que: “são cinco os tipos mais comuns de evidência: os fatos propriamente ditos, os exemplos, as ilustrações, os dados estatísticos (tabela, números, mapas, etc.) e o testemunho” (p.381). O texto argumentativo O texto argumentativo exige um argumentador, apresenta uma tese sustentada pelos argumentos. Argumentar é discutir, deduzir e concluir com o objetivo de defender uma determinada posição. Vejamos os elementos constituintes da estrutura do texto argumentativo. Técnicas de leitura e produção textual 134 Logo, argumentar é um processo redacional de chegar a conclusões; persuadir os leitores (receptores), conforme demonstração no quadro abaixo. Características do texto dissertativo-argumentativo: Procede a analise de um assunto e, ao mesmo tempo, defende o ponto de vista do autor a respeito desse assunto. Pode ser construído de forma dedutiva (do geral para o particular) ou indutiva (do particular para o geral). Convencionalmente apresenta três partes: introdução (na qual é apresentada a tese ou ideia principal, se a construção for dedutiva); desenvolvimento e conclusão. Imagem clara, objetiva e impessoal, de acordo com o padrão culto da língua portuguesa. Verbos predominantemente no presente indicativo. (Fonte: Cereja, William Roberto. Texto e Interação: uma produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000) Técnicas de leitura e produção textual 135 Vejamos, agora, alguns exemplos de textos argumentativos. Após a leitura dos textos I, II e III, você deverá observar e analisar os argumentos defendidos pelos autores. Exemplo I: Um, dois, feijão com arroz Como em um casamento feliz, a química aqui é perfeita. Mais do que uma saborosa parceria, o encontro do arroz com o feijão assegura um invejável arranjo de nutrientes. O que falta em um, o outro fornece e, assim, se completam. Úmidos, oferecem uma excelente combinação protéica, conta a nutricionista Norka Beatriz Barreto, professora da Universidade Estadual Paulista, a Unesp. Os grãos de arroz contêm metionina, e os feijões, lisina. Esses nomes esquisitos são pedacinhos de proteína ou, na linguagem dos especialistas, aminoácidos. Quando estão juntos, são muito mais eficientes na reparação de tecidos do organismo inteiro (...)(Revista Saúde, Editora Abril, Janeiro de 2008, 14p.) Análise: Observe que a autoridade está na fala da nutricionista, que tem credibilidade e conhecimento das pesquisas. Técnicas de leitura e produção textual 136 Exemplo II: Um modo-de-ser não é um novo ser. É uma maneira do próprio ser de estruturar-se e dar-se a conhecer. O cuidado entra na natureza e na constituição do ser humano. O modo-de-ser cuidado revela de maneira concreta como é o ser humano. Sem o cuidado, ele deixa de ser humano. Se não receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-se, definha, perde sentido e morre. Se, ao largo da vida, não fizer com cuidado tudo o que empreender acabará por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver à sua volta. Por isso o cuidado deve ser entendido na linha da essência humana (que responde à pergunta: o que é ser humano?). O cuidado há de estar presente em tudo. Nas palavras de Martin Heidegger: ‘cuidado significa um fenômeno ontológico-existencial básico’. Traduzindo: um fenômeno que é a base possibilitadora da existência humana enquanto humana (...)(BOFF, 2001, p.34). Exemplo III A acusação de que o negro é preguiçoso, além de ser inverdade,é calúnia. Quase tudo o que se construiu nos países escravagistas como o Brasil, a Colômbia, o Caribe e o Sul dos Estados Unidos veio da mão-de-obra negra escrava. Os negros mostraram grande diligência, apesar de serem tratados como “peças”, carvão a ser consumido na máquina da produção. Ademais foi o grupo que possivelmente mais impregnou de valores a cultura brasileira e norte-americana com elementos que vão da culinária, da música, da linguagem até a doçura nas relações e ao misticismo. Eles, embora escravos, foram agentes civilizadores (Ibid.,56 p.). Técnicas de leitura e produção textual 137 IMPORTANTE! Em geral, o parágrafo vem marcado no corpo do texto por um pequeno recuo da margem esquerda, como falamos anteriormente, logo na primeira linha. Entretanto, o que nos interessa é a característica de natureza lógica com a finalidade de desenvolver uma ideia unitária, um texto coeso e coerente a partir do “entrelaçamento” dos parágrafos. Outro ponto para reflexão é a adequação aos objetivos do texto, de modo, coerente e coeso. Portanto, a unidade do texto é delimitada pela articulação dos parágrafos, pela ordenação e unidade de sentido em todo corpo do texto. Há de evitar a construção de parágrafos confusos e incoerentes, e elaborar parágrafos definidos e bem encadeados, “entrelaçados”, já que o texto é um tecer e um entrelaçar de ideias, conforme falamos antes. IMPORTANTE Não se esqueça de usar um rascunho para definir sua estrutura, com o objetivo de obter a qualidade do texto. A carta como gênero discursivo O gênero discursivo em destaque, a carta, tem como propósito da comunicação transmitir uma mensagem aos interlocutores de forma adequada a sua finalidade. O emissor “destinatário” deverá levar em conta o “conhecimento de mundo” compartilhado pelos indivíduos envolvidos no processo da comunicação observando o repertório sociocultural, adequação linguística a modalidade da língua. A língua formal é utilizada nas cartas comerciais, enquanto a língua informal é usada na correspondência familiar. Técnicas de leitura e produção textual 138 Características da carta-pessoal: Comunicação geralmente breve e pessoal, de assunto livre. Sua estrutura é composta de local e data, vocativo, corpo e assinatura; às vezes, também de P.S. A linguagem varia de acordo com a intimidade entre os interlocutores, podendo ser menos ou mais formal, culta ou coloquial, e, eventualmente, usar gírias. Verbos geralmente no presente do indicativo. Quando enviada pelo correio, a carta é acondicionada em um envelope, preenchido adequadamente com o nome, o endereço do remetente e do destinatário. (Fonte: Cereja, William Roberto. Texto e Interação: uma produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000) “Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou, com uma carta na mão, ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão(...)” (Cícero Nunes e Aldo Cabral, Mensagem, In: Isaurinha Garcia, BG Ariola) No nosso dia a dia, a troca de cartas, bilhetes, telegramas, e-mails aproxima as pessoas que não estão compartilhando do mesmo lugar, da emoção, dos fatos, separados pelo espaço físico, mas sentem o desejo de “conversar”, manter contato, receber e dar notícias sobre algo. Técnicas de leitura e produção textual 139 Vamos conferir? Há dois tipos de carta: a formal e a informal, ou seja, a particular ou a institucional. Ao escrever a carta, o remetente (emissor) deverá ficar atento às marcas linguísticas que indicam formalidade (carta comercial, institucional e a informalidade com expressões da língua falada). Esse gênero discursivo poderá ser predominantemente narrativo (narrar um acontecimento), descritivo, argumentativo, informativo, opinativo. Ao escrever uma carta, podemos observar algumas marcas textuais, como: Exemplos: “Querida amiga... “denota cortesia. “Como vão todos por aí?” “Tudo bem?” “Desejo que...” “Espero que o encontre....”. Encerramos a carta com uma fórmula de despedida: “Um grande abraço...” “Até mais! “Até breve!” Técnicas de leitura e produção textual 140 IMPORTANTE O gênero “carta pessoal” pertence ao domínio familiar. Vamos conferir alguns exemplos abaixo! O autor da carta (remetente) deverá ficar atento ao objetivo, à função social. O gênero epistolar contém textos articuladores na forma de cartas. Em uma sociedade letrada em que os grupos sociais que se utilizam do sistema da escrita para registrar a memória, a história, os fatos de geração a geração, a carta é, por excelência, um gênero discursivo, com uma intencionalidade discursiva e tem uma função comunicativa. O contista Dalton Trevisan, na escritura de seu conto “Ismênia, moça donzela”, produziu várias cartas, com objetivo de criar seu enredo. Selecionamos, aqui, uma carta. Vejamos: Exemplo I: Saudações, Dr. Antônio desculpe a ousadia de escrever, ontem fiquei arrependida de não confessar a paixão que sinto, porque tive vergonha, vejo que o senhor é casado e pai de tanto filho, acho que isso não tem importância, a gente sabe de muita dona casada gostando de outro, quanto mais eu que sou moça donzela, a diferença é que não sou correspondida. Venha na mesma hora, espero no portão e mamãe não vê. Se o doutor não vier é sinal que não tem a mínima simpatia. Sem mais, sua criada, obrigada, Ismênia Ps. Desculpe os erros que estou um pouco nervosa. (LOPES et ali 592 p.) Técnicas de leitura e produção textual 141 Exemplo II: Minha querida C Recebi ontem duas cartas tuas, de dois dias de espera, calcula o prazer que tive, como as li, reli e beijei! A minha tristeza converteu- se em súbita alegria. Eu estava tão aflito por ter noticias tuas que saí do Diário há 1 hora para ir a casa e com efeito encontrei as duas cartas, um das quais devera ter vindo antes, mas que, sem dúvida, por causa do correio foi demorada. Também ontem deves ter recebido duas cartas minhas; um delas, a que foi escrita no sábado, levei-a no domingo às 8h ao correio, sem lembrar-me (perdoa-me!) que ao domingo a barca sai às 6 horas da manhã. As quatro horas levei a outra carta e ambas devem ter seguido ontem na barca das duas horas da tarde. Deste modo, não fui eu só quem sofreu com demora de cartas, calculo a tua aflição pela minha, e estou que será a última. (...) Depois, depois, querida, queimaremos o mundo, por que só é verdadeiramente senhor do mundo quem está acima das glórias fofas e das suas ambições estéreis. Estamos ambos neste caso; amamo-nos; e eu vivo e morro por ti. Escreve-me e crê no coração do teu MACHADINHO. (Trecho da carta de Machado de Assis, publicada em Obra Completa, vol. III. Ed. Nova Aguilar, 1027p.). Técnicas de leitura e produção textual 142 EXEMPLIFICANDO Exemplo de Carta comercial: Sra. Edições Rio de Janeiro, 6 de dezembro de 2006. Ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação At. Sra. Luciana Almeida Ref.: Seu ofício-circular nº. 012/98 – GERPL/FNDDE Prezados Senhores Estamos encaminhando, conforme sua solicitação, levantamento de pesos e medidas dos nossos livros constantes dos PNLD´s 2004 e 2005. Ressaltamos que este mesmo levantamento foi encaminhado no dia 3 de setembro p.p., aos cuidados do Sr. José Luiz Novaes, conforme solicitado naquela data. Sem mais, colocamo-nos à disposição para o que se fizer necessário e apresentando nossas Cordiais saudações, José Ricardo Costa Gerente Nacional de Vendas Rua Antonio Silva, 800 – São Paulo – SP Cep.: 01203-0001 – Fone: (oxx11) 273-4469 Características da carta argumentativa do leitor: Expressa a opinião do leitor sobre os textos publicados em jornal ou revistas. Tem intencionalidade persuasiva. Tem estrutura semelhanteà carta pessoal: data, vocativo, corpo do texto (assunto), expressão cordial de despedida e assinatura. Linguagem de acordo com o perfil do autor, da revista, ou jornal a que se destina, predominando o padrão culto formal. Menor ou maior pessoalidade, de acordo com a intenção do autor. Técnicas de leitura e produção textual 143 Características da carta aberta: Texto de intenção persuasiva, que denuncia um problema, pretendendo conscientizar pessoas e entidades a respeito dele. Objetiva também mobilizar os interessados para que sejam encontradas as soluções. Estrutura formada por título, que identifica o destinatário,denúncia e análise do problema, reivindicação de medidas que solucionem o problema, fundamentada por argumentos, eventualmente por uma conclusão que seja síntese das ideias ou um conjunto de intenções. Como assinatura, identificação das pessoas, grupos ou entidades responsáveis pela carta. Local e data facultativos Linguagem de acordo com o padrão culto formal, com verbos predominantemente no presente do indicativo, uso rigoroso, se for o caso, de pronomes de tratamento. Os autores podem se colocar pessoalmente, em 1ª pessoa, ou de forma impessoal, em 3ª pessoa (Cereja, 2000). Técnicas de leitura e produção textual 144 Características das cartas argumentativas de reclamação e solicitação: Texto de intenção persuasiva. Apresentam às autoridades competentes reclamação de um problema (carta de reclamação) ou solicitação de soluções para um problema (carta de solicitação). Têm formato semelhante ao das cartas em geral:local e data, vocativo, corpo da carta (assunto), expressão cordial de despedida, assinatura. Têm como estratégia argumentativa mais comum: apresentação do problema, suas causas e consequências, exposição de argumentos capazes de comprovar que o remetente tem razão, por estar sendo desrespeitado em seus direitos, ou por não ver seus direitos atendidos, etc. Linguagem clara e objetiva, de acordo com o padrão culto formal da língua, geralmente em 1ª pessoa. Formas verbais predominantemente empregadas no presente do indicativo. Pronomes de tratamento de acordo com cargo ocupado pelo destinatário. Os pronomes de tratamento e abreviaturas Vossa Alteza = V.A. (príncipes, duques e arquiduques) Vossa Majestade = V.M. (reis) Vossa Eminência = V. Emª. (representantes de igrejas) Vossa Excelência = V. Exª. Vossa Santidade = V.S. (papa) Vossa Senhoria = V.Sª. (pessoas cerimoniosas) Senhor(a) = Sr. (Sra.) Doutor(a) = Dr. (Dra.) Técnicas de leitura e produção textual 145 Trabalhando concordância verbal e nominal A Concordância verbal A concordância verbal consiste em adaptar a palavra em número / pessoa entre o sujeito e o verbo determinante da oração. Confira. Exemplo 1: “Minha mãe, meu pai eram como hoje eu sou, (...)” (In: Vindinha, Neusa Peçanha) Técnicas de leitura e produção textual 146 Exemplo 2: “Toalhas de renda tecem jasmins, dálias, recordações... rosas entrelaçam perfume no casarão, entrelaçam a saudade...” (In: Infância, Maria Nazareth de Souza) Exemplo 3: “Chuvas de outono Folhas mortas nas calçadas O vento frio e a chuva fria Trazem fios de saudade...” (In: Infância, Maria Nazareth de Souza) Vejamos alguns casos de concordância verbal: Regra geral: I – O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Exemplos: “O tempo borda seus bordados”. (Neusa Peçanha) Técnicas de leitura e produção textual 147 Sujeito: tempo Verbo: borda “Nós gostamos de viajar”. Sujeito: nós Verbo: gostamos II – Núcleo do sujeito no plural o artigo também no plural. Exemplos: “Os Estados Unidos são uma grande potência mundial”. “A multidão aplaudiu o artista.” III – O sujeito é coletivo: a maior parte, grande parte, grande número de, etc. Exemplos: “A maior parte dos jogadores ganham bem.” (concordância com jogadores, verbo no plural) “A maior parte dos jogadores ganha bem”. (concordância com “a maior parte”, verbo no singular) Técnicas de leitura e produção textual 148 Os verbos dar, bater e soar concordam com a expressão da palavra do sujeito (horas, badalada, relógio etc.) Exemplos: “Deu duas horas no relógio da catedral”. “Deram duas horas no relógio a catedral”. Quando houver indicação de medida, peso, preço ou quantidade, o verbo fica no singular. Exemplos: “Duzentos gramas é muito pouco”. “Vinte reais é pouco” O verbo concorda com o sujeito na voz passiva. Exemplos: “Vende-se casa”. “Vendem-se casas”. O sujeito indeterminado pela palavra se coloca o verbo na 3ª pessoa do singular. Técnicas de leitura e produção textual 149 Exemplo: “Precisa-se de pedreiros”. O verbo haver significando existir, tempo, tempo decorrido, deixa o verbo no singular. Exemplos: “Há meninos na rua”. “Haverá mudanças no planalto”. “Há muitos anos não o vejo”. A expressão haja vista: Exemplos: “Haja vista o conflito que ele vive.” “Haja vista a situação que ele vive”. A concordância nominal Vamos estabelecer algumas normas de concordância nominal. Adjetivo predicativo de sujeito composto. Técnicas de leitura e produção textual 150 1 – Este jovem (M) e aquele menino (M) são bondosos. (masculino plural) A maça (F) e a pera (F) eram saborosas. (feminino plural). O portão (M) e a janela (F) estavam limpos. (plural masculino) Observação 1: Se os núcleos do sujeito forem de gêneros diferentes, o adjetivo irá para o masculino plural. Observação 2: O adjetivo concordará com o núcleo mais próximo, se o verbo estiver no singular e anteposto ao sujeito composto. Exemplo: Estava limpo o portão e a janela. Ou ainda, é válida a concordância com o todo: Exemplo: Estavam limpos o portão e a janela. Predicativo do objeto direto composto Exemplo: “Deixe bem escondido (ou escondidos) o pudim e a torta na cozinha.” - O predicativo pode concorda com o núcleo mais próximo, vejamos: Técnicas de leitura e produção textual 151 Exemplo: “Vimos camisa e short jogados (ou jogado) no chão”. Como vimos, é importante conhecer e reconhecer as relações de ordem nas frases e alguns desses processos de concordância nominal e verbal, além de o uso adequado da colocação dos pronomes de tratamento nas construções dos textos. Você deverá sempre estar atento às normas gramaticais e a adequações ao objetivo de seu texto (tipo de texto). Escrever é um desafio para todos os usuários da língua, por isso o estudo e a leitura deverão ser constantes. IMPORTANTE Procure pesquisar e aprimorar seus conhecimentos. Consulte uma das gramáticas indicadas e pesquise os casos de concordância nominal e verbal e a colocação dos pronomes de tratamento. Ainda há muita coisa a ser vista. Vale a pena conferir! É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade. Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco. Na próxima unidade estudaremos a composição mista. Até lá! Técnicas de leitura e produção textual 152 Exercícios da unidade 4 1-Assinale a opção que corresponde a MELHOR redação, considerando correção, clareza e concisão. a) Foram chamados sua atenção pelo diretor. b) O diretor chamou-os sua atenção. c) O diretor lhes chamou à atenção. d) Foi-lhes chamado a atenção pelo diretor. e) O diretor chamou-lhes a atenção. 2- Assinale a opção que corresponde a MELHOR redação considerandocorreção, clareza e concisão. a) Resultará em detrimento da comunidade, e isto não é justo, os favores exagerados que vierem a ser concedidos ao indivíduo. b) Os favores são exagerados; não devem, portanto, ser concedidos ao indivíduo, tendo em vista o detrimento da comunidade. c) Não é justo que, em detrimento da comunidade, se concedam favores exagerados ao indivíduo. d) Não é justo que para o indivíduo, em detrimento da comunidade, seja concedido favores em exagero. e) Em detrimento da comunidade, não é justo que com exagero ao indivíduo se conceda favores. Técnicas de leitura e produção textual 153 3-Leia os fragmentos abaixo para responder a questão. Fragmento 1: “Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. (...) E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. (...) Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.” (Gracialiano Ramos. “Vidas Secas”. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000) Fragmento 2: “Paradoxo é um modo de expressão que se encontra à margem da ‘doxa’ – mas então se torna necessário definir doxa. Doxa pode ser explicado como a opinião de toda a gente, o conhecimento do senso comum, habitual. Logo, um paradoxo é a expressão de um raciocínio que não segue a lógica do senso comum.” (Carlos Ceia (org.). Dicionário de Termos Literários. Lisboa: Verbo, 2002) Fragmento 3: “Búzios está à venda e a leva quem der mais ao correr do martelo. A favelização tomou conta do bairro Cem Braças, na entrada da cidade, as barracas de lonas se espalham pelo bairro da Rasa, a Serra das Emergências está sendo invadida por posseiros.” (Jornal do Brasil, 12/05/2002) Técnicas de leitura e produção textual 154 Os fragmentos acima podem ser classificados, respectivamente, em: a) Descrição – Dissertação – Narração b) Narração – Dissertação – Descrição c) Dissertação – Narração – Descrição d) Descrição – Narração – Dissertação e) Narração – Descrição – Dissertação 4- A palavra “sertão” no fragmento 1 representa o (a): a) Enredo b) Personagem c) Tempo d) Protagonista e) Ambiente 5- Leia atentamente o fragmento abaixo, e a seguir identifique o tipo de parágrafo (tópico frasal). “A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos.” (Dalmo de Abreu Dallari) a) Desenvolvimento por detalhes. b) Desenvolvimento por exemplo específico. c) Desenvolvimento por definição. d) Desenvolvimento por comparação. e) Desenvolvimento por confronto. Técnicas de leitura e produção textual 155 6- Assinale a frase incorreta quanto à concordância nominal. a) Existem meios para tudo. b) O relógio bateu meio-dia e meia. c) Empurrei a porta que estava meio fechada. d) Bebia sozinho meia garrafa de vinho. e) Ela ficou meia envergonhada pela reprovação. 7- De acordo com a definição de Othon Garcia para parágrafo-padrão não se pode afirmar a respeito do trecho abaixo: “Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais comum e mais eficaz – o que justifica seja ensinado aos principiantes -, consta, sobretudo na dissertação e na descrição, de duas e, ocasionalmente, de três partes: a introdução, representada na maioria dos casos por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de maneira sumária e sucinta a ideia-núcleo (é o que passaremos a chamar daqui por diante de tópico frasal); o desenvolvimento, isto é, a explanação mesma dessa ideia –núcleo; e a conclusão, mais rara, mormente nos parágrafos pouco extensos ou naqueles em que a ideia central não apresenta maior complexidade.” a) Todos os itens estão presentes: introdução, desenvolvimento e conclusão. b) O tópico frasal ou tópico argumentativo refere-se no alargamento do conceito de leitura no mundo moderno. c) A sustentação do tópico se dá pela exemplificação por meio do encadeamento das orações coordenadas. d) O fechamento ou conclusão pode, ocasionalmente, não ocorrer se o parágrafo for pouco extenso. e) a sustentação do tópico é realizada por meio de conceitos a respeito da leitura em que se sucedem orações coordenadas. Técnicas de leitura e produção textual 156 8- Desde o nascimento, no contato com a família, com a escola, com os meios de comunicação e outras instituições, assumimos padrões de comportamento considerados adequados à sociedade em que vivemos. Esse processo é denominado: a) educação b) aculturação c) socialização d) acomodação e) condicionamento 9- De acordo com a frase: “Tenho escrito bastantes poemas”. (Alberto Caeiro) a) Justifique a concordância da palavra bastantes. b) Reescreva a frase, substituindo essa palavra por um sinônimo. c) Elabore um exemplo em que essa palavra deva ser invariável, justificando o porquê. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 157 10- Siga o modelo: homens sábios / mulheres sábias homens e mulheres sábias homens e mulheres sábios a) quartos amplos / salas amplas b) cantores famosos / bailarinas famosas c) carros caros / joias caras _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 158 Técnicas de leitura e produção textual 159 A composição mista Relembrando o texto argumentativo: dissertação Composição mista do texto. Transposição do texto não verbalpara o texto verbal. Orientação metodológica para uma leitura do texto não verbal. Trabalhando os porquês. Trabalhando o uso das palavras más, mas e mais. 5 Técnicas de leitura e produção textual 160 Nesta unidade, estudaremos a composição mista, ou seja, os textos descritivos, narrativos e argumentativos (mistos). Veremos, ainda, a transposição do texto não verbal para o texto verbal e vice versa e, ainda, as seguintes estruturas linguísticas: o uso dos porquês, as palavras mas, mais e más, e um pouco mais de coerência e coesão. Objetivos da unidade: Reconhecer os tipos textuais: descrição, narração, argumentação e suas respectivas características. Analisar as imagens do texto não verbal para o texto verbal e vice versa e aplicar de forma adequada as seguintes estruturas linguísticas: o uso dos porquês, as palavras mas, mais e más; além de aperfeiçoar o estudo sobre coerência e coesão textual. Plano da unidade: Relembrando o texto argumentativo: dissertação. Composição mista do texto. Transposição do texto não verbal para o texto verbal. Orientação metodológica para uma leitura do texto não verbal. Trabalhando os porquês. Trabalhando o uso das palavras más, mas e mais. Técnicas de leitura e produção textual 161 Relembrando o texto argumentativo: dissertação Mostraremos mais um percurso facilitador na composição do texto argumentativo (dissertativo). Teremos como base o esquema sugerido por Branca Granatic (op. cit. p. 80), vejamos: Agora, você observará na composição dissertativa a seguir, o tema (ideia central / introdução), o desenvolvimento dos argumentos e a conclusão. Vejamos: Técnicas de leitura e produção textual 162 Exemplo I: A qualidade de vida na cidade e no campo (Introdução) (1) É de conhecimento geral que a qualidade de vida nas regiões rurais é, em alguns aspectos, superior à da zona urbana, porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles, há maiores possibilidades de se obterem alimentos adequados e, além do mais, as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer relações humanas mais profundas e duradouras. (Desenvolvimento) (2) Ninguém desconhece que o ritmo de trabalho de uma metrópole é intenso. O espírito de concorrência, a busca de se obter uma melhor colocação profissional, enfim, a conquista de novos espaços lança o habitante urbano em meio a um turbilhão de constantes solicitações. Esse ritmo excessivamente intenso torna a vida bastante agitada, ao contrário do que se poderia dizer sobre a vida dos moradores a zona rural. (2.1) Além disso, nas áreas campestres há maior quantidade de alimentos saudáveis. Em contrapartida, o homem da cidade costuma receber gêneros alimentícios colhidos antes do tempo de manutenção, para garantir maior durabilidade durante o período de transporte e comercialização. (2.2) Ainda convém lembrar a maneira como as pessoas se relacionam nas zonas rurais. Ela difere da convivência habitual estabelecida pelos habitantes metropolitanos. Os moradores das grandes cidades, pelos fatores já expostos, de pouco tempo dispõem para alimentar relações humanas mais profundas. (Conclusão) (3.) Por isso tudo, entendemos que a zona rural propicia a seus habitantes maiores possibilidades de viver com tranquilidade. Só nos resta esperar que as dificuldades que afligem os habitantes metropolitanos não venham a se agravar com o passar do tempo (GRANATIC, 1999, 81p.). Técnicas de leitura e produção textual 163 Observações importantes: Procure atribuir um título adequado à organização discursiva de seu texto. Eis algumas expressões para você utilizar na conclusão de suas composições. Vejamos: desse modo, portanto, sendo assim, em vista do exposto, assim, levando-se em conta, tendo em vista, por tudo isso, dado os argumentos, podemos concluir, deduz-se que... etc. Vejamos alguns esquemas para auxiliá-lo no desenvolvimento de sua redação. Vamos lá! Exemplo II: Técnicas de leitura e produção textual 164 Exemplo III: Treinamento: A partir da criação dos esquemas acima e da releitura dos textos, você, com certeza, produzirá a sua composição de modo coeso e coerente e poderá fazer uma autoavaliação. Vamos lá, utilize os argumentos acima e componha um texto em prosa, dissertativo-argumentativo sobre os temas propostos em II e III. A composição mista do texto O texto misto contém as diferentes modalidades de redação: narração, descrição e dissertação. Agora, vejamos a elaboração de um texto misto composto por narração e descrição. Nesse texto misto predomina basicamente a narração. Sendo assim, ele é essencialmente costurado pelo esquema da narração, apresentando alguns detalhes descritivos. Técnicas de leitura e produção textual 165 Exemplo I: Narração / descrição Fabiano, sinhá Vitória e os meninos iam à festa de Natal na cidade. Eram três horas, fazia grande calor, redemoinhos espalhavam por cima das árvores amarelas nuvens de poeira e folhas secas. Tinham fechado a casa, atravessando o pátio, descido a ladeira, e pezunhavam nos seixos como bois doentes dos cascos. Fabiano, apertado na roupa de brim branco feita por sinhá Terta, com chapéu de baeta, colarinho, gravata, botinhas de vaqueta e elástico, procurava erguer o espinhaço, o que ordinariamente não fazia. Sinhá Vitória, enfronhada no vestido vermelho de ramagens, equilibrava-se mal nos sapatos de salto enorme. Teimava em calçar como as moças da rua – e dava topadas no caminho (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas . 1981). Exemplo II: Descrição / Narração Aí pelas três da tarde Raduan Nassar Para José Carlos Abbate Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom-senso do mundo, aplicando-se em ideias claras apesar do ruído e do mormaço, seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído), largue tudo de repente sob os olhares à sua volta, componha uma cara de louco quieto e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais escribas mais severos, dê um largo “ciao” ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida, e surpreenda pouco mais tarde, com sua presença em hora tão insólida, os que estiveram em casa ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia como era conduzida. (...) (MORICONI, 2000, p.310). Técnicas de leitura e produção textual 166 Analisando: Vejamos os seguintes aspectos descritivos do texto acima: detalhes dos objetos: “mesas, máquinas, papéis”, ou seja, há rigor na observação de detalhes pelo observador. Exemplo III: Narração / descrição Confira este trecho, um dos primeiros do romance (narração) Dom Casmurro em que o autor Machado de Assis apresenta, descritivamente, a personagem Capitu ainda adolescente: Catorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. Exemplo IV: Descrição / argumentação = informatividade A Grécia do norte A Macedônia e a Trácia formam a parte norte da Grécia continental. A paisagem toda e os costumes locais sobreviventes, alguns vindos dos tempos pagãos, dão à região um caráter próprio, muito diverso do resto da Grécia. Grandes cadeias de montanhas, a água azul dos lagos, os rios de corrente, alguns com cachoeiras e praias arenosas vastas são as características importantes desta região. Por toda a Grécia do norte existem grandes cidades que são centros comerciais e industriais movimentados. Contudo, tem-se feito ao mesmo tempomuito para desenvolver facilidades que agradem a turistas, onde as circunstâncias mostraram um potencial favorável. Assim uma boa rede de estradas, grandes conjuntos hoteleiros e locais para acampamento combinam-se para oferecer possibilidades ilimitadas para férias agradáveis e confortáveis (Impresso na Grécia por Aspioti-Elka Inc.). Técnicas de leitura e produção textual 167 Analisando: O objetivo desse texto é fazer com que o leitor adquira uma informação a respeito de algumas regiões da Grécia. Não há aqui a defesa de uma ideia, de um ponto de vista bastante comum nos textos argumentativos. A intenção do produtor do texto é transmitir dados da realidade ao interlocutor de forma direta e objetiva, sem ambiguidades. As sequências textuais que apresentam essas características básicas podem ser definidas como explicativas ou expositivas. Transposição do texto não verbal para o texto verbal: orientação metodológica para uma leitura do texto não verbal A leitura de textos não verbais requer um olhar sobre as figuras, a disposição gráfica e o tema. Por exemplo: fotos, quadrinhos, filmes. O texto não verbal pode ser considerado descritivo, pois representa uma realidade. Apresentação da gravura. Você deverá observar atentamente os detalhes da figura e/ou pintura. Identificar as possíveis ideias reais e imaginárias que elas sugerem. Observar o tema abordado. A partir das imagens sugeridas pela gravura você produzirá a interpretação, com o objetivo de desenvolver suas percepções sobre o objeto e a ideia central em foco. Técnicas de leitura e produção textual 168 O texto não verbal deve apresentar coerência entre as partes de uma figura ou de uma imagem. Poderemos recorrer ao poema “Balada das dez bailarinas do Cassino”, de Cecília Meirelles e estabelecer um diálogo (intertextualidade) com o texto pictórico “As bailarinas”, de Degas. Vamos conferir? Técnicas de leitura e produção textual 169 Leia o texto. Balada das Dez Bailarinas do Cassino Dez bailarinas deslizam por um chão de espelho. Têm corpos egípcios com placas douradas, pálpebras azuis e dedos vermelhos. Levantam véus brancos, de ingênuos aromas, e dobram amarelos joelhos. Andam as dez bailarinas sem voz, em redor das mesas. Há mãos sobre facas, dentes sobre flores e com os charutos toldam as luzes acesas. Entre a música e a dança escorre uma sedosa escada de vileza. As dez bailarinas avançam como gafanhotos perdidos. Avançam, recuam, na sala compacta, empurrando olhares e arranhando o ruído. Tão nuas se sentem que já vão cobertas de imaginários, chorosos vestidos. Técnicas de leitura e produção textual 170 A dez bailarinas escondem nos cílios verdes as pupilas. Em seus quadris fosforescentes, passa uma faixa de morte tranquila. Como quem leva para a terra um filho morto, levam seu próprio corpo, que baila e cintila. Os homens gordos olham com um tédio enorme as dez bailarinas tão frias. Pobres serpentes sem luxúria, que são crianças, durante o dia. Dez anjos anêmicos, de axilas profundas, embalsamados de melancolia. Vão perpassando como dez múmias, as bailarinas fatigadas. Ramo de nardos inclinando flores azuis, brancas, verdes, douradas. Dez mães chorariam, se vissem as bailarinas de mãos dadas.(Cecília Meireles) Técnicas de leitura e produção textual 171 Atenção! No nosso dia a dia deparamo-nos com inúmeras leituras visuais. Os textos não verbais interagem com o processo de comunicação. O poema “Olhar” de Maria Nazareth de Souza, interage com a gravura: o texto não verbal. Olhar (A Auguste Rodin) Meu olhar perpassa suas formas: o movimento a luz a liberdade a vida. Meu olhar perpassa o instante de suas formas: magia beleza emoção paixões... Meu olhar perpassa suas criações esculpindo vida no meu olhar. (Maria Nazareth de Souza) Técnicas de leitura e produção textual 172 Coesão e coerência (III) Principais mecanismos de coesão Na unidade anterior vimos que o encadeamento de ideias é responsável pela coerência do texto. A coesão textual é a conexão linguística que permite a amarração das ideias do texto. Segundo o dicionário eletrônico Aurélio Século XXI, coesão significa “união íntima entre as partes de um todo”. Apesar de constituírem fenômenos distintos coesão e coerência são complementares na construção de sentido dos textos, pois enquanto a coerência se manifesta no plano do conteúdo, do encadeamento das ideias, a coesão se manifesta no plano da superfície do texto, isto é, nas relações linguísticas tais como nos empregos de conectivos, conjunções, advérbios, pronomes, sinônimos etc. Vejamos que alguns mecanismos de coesão ocorrem por: Retomada gramatical (pronomes, artigos, numerais, advérbios). Retomada lexical (substantivos, adjetivos, verbos). Retomada elíptica (elipse ou ocultamento). Repetição (lexical e sintática). Encadeamento argumentativo (com o emprego de operadores discursivos). Justaposição (sem sequenciadores). Técnicas de leitura e produção textual 173 IMPORTANTE: Você deverá ficar atento aos mecanismos de coesão para garantir clareza e concisão das ideias, em sua organização discursiva. Agora, veremos a coesão por elipse. A retomada por elipse é muito comum na comunicação escrita ou falada para garantir a coesão dos textos. Exemplo: (Eu) Conheci Eduardo Wanderley no festival de cinema em Gramado. (Ele) Era um ator excelente que morava no Chile há quinze anos. (O artista) Aprecia o cinema da América Latina. A coesão por advérbios: Gramado é por excelência, a terra de novos talentos do cinema. Lá acontece todos os anos o festival do cinema brasileiro. Lá = advérbio (ocorre a substituição da palavra Gramado pelo advérbio lá). Repetição (lexical e sintática) Paulo comprou um automóvel. O carro é o último modelo da categoria. Técnicas de leitura e produção textual 174 Atenção! Você deverá consultar e estudar na bibliografia indicada os principais mecanismos de coesão para garantir a qualidade do texto por meio da unidade de sentido. Veja agora um pouco mais sobre coerência textual: Há dois fatores principais que você deverá atentar: informatividade e persuasão. Lembre-se dos cuidados para manter a coerência: não apresentar erros e inadequações relacionadas à língua escrita. Entende-se por coerência a unidade do texto, como vimos acima. Exemplo de narrativa coerente: a) “Levantamos muito cedo, a neblina caía e a água havia congelado nas torneiras do hotel serrano. Até os funcionários do hotel, acostumados com baixas temperaturas, estavam incomodados. Por isso deixamos de fazer nossa caminhada ecológica, naquela manhã”. Obs.: Você poderá observar que no trecho acima há vários períodos interligados entre si, dando coesão e coerência ao texto. Exemplo de narrativa incoerente: b) “Levantamos muito cedo, a neblina caía e a água havia congelado nas torneiras do hotel serrano. Até os funcionários do hotel, acostumados com baixas temperaturas, estavam incomodados. Apesar disso, deixamos de fazer nossa caminhada ecológica, naquela manhã”. Técnicas de leitura e produção textual 175 Concluímos que, as partes do trecho (b) não estavam interligadas adequadamente, pois ocorreu o uso inadequado da expressão “apesar disso”, sendo assim, faltou a coesão textual. Consequentemente o trecho ficou sem sentido lógico, isto é, sem coerência. Sabemos, portanto, que há alguns fatores responsáveis pela construção e fundamentação da coerência em um texto: utilização adequada da gramática da língua escrita; conhecimento de mundo compartilhado por todos no ato de comunicação das mensagens; argumentação eficiente; adequação na utilização daspalavras e expressões de acordo com os diferentes contextos sociolinguísticos e as relações estabelecidas entre os interlocutores voltados para garantir a unidade do texto. VAMOS REFLETIR Coerência: três definições envolvendo autores diferentes. “Uma complexa rede de fatores de ordem linguística, cognitiva e interacional” (KOCH). “A relação que se estabelece entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido” (FIORIN). “Conexão, a união estreita entre várias partes, relações entre ideias que se harmonizam, ausência de contradições. É a coerência que distingue um texto de um aglomerado de frases”(FIORIN & PLATÃO). Técnicas de leitura e produção textual 176 Exemplos de textos coerentes Texto I: A Pesca o anil o anzol o azul o silêncio o tempo o peixe a agulha vertical mergulha a água a linha a espuma o tempo a âncora o peixe Técnicas de leitura e produção textual 177 a garganta a âncora o peixe a boca o arranco o rasgão aberta a água aberta a chaga aberto o anzol aquelíneo ágilclaro estabanado o peixe a areia o sol Affonso Romano de Sant’Anna Texto II Técnicas de leitura e produção textual 178 O Show O cartaz O desejo O pai O dinheiro O ingresso O dia A preparação A ida O estádio A multidão A expectativa A música A vibração A participação O fim A volta O vazio Técnicas de leitura e produção textual 179 Observação: Apesar dos textos I e II serem uma lista de palavras sem qualquer elemento de coesão (conjunções, preposições, pronomes, etc.), quem lê percebe nesta sequência de signos uma unidade de sentido que se refere ao ato de pescar, texto I, e ao sentido de ir ao show , texto II, que são vistos como textos e não como um “amontoado aleatório de palavras” (op. cit. p.12). Há uma interação comunicativa do poeta (emissor) ao receptor (leitores / ouvintes). Portanto, o receptor interage com o texto a partir do seu “conhecimento de mundo” (op. cit. p. 13) e de suas inferências. Para a compreensão e coerência do texto, como já vimos, dependemos do conhecimento linguístico e da ligação com o contexto, ou seja, a situação de comunicação (op. cit p. 15) para garantir a coerência de um texto. Outro fator é o conhecimento compartilhado. Vejamos os exemplos: Texto III: Técnicas de leitura e produção textual 180 Moenda Antigamente, era um portãozinho de madeira por onde meu avô, toda tarde, de volta do trabalho entrava e com seu andarzinho calmo pelo corredor estreito de nossa casa caminhava. Na porta da cozinha, minha avó magrinha, tão magrinha e resmunguenta, o esperava. Minha mãe, meu pai eram como hoje eu sou, mas a roda da roda, moenda inexorável, rodou... rodou... foi-se minha avó, foi-se meu vô. Técnicas de leitura e produção textual 181 Minha mãe, meu pai _que grande mágoa que grande pena – agora, eles, eu, depois, nos dentes dessa moenda.(PEÇANHA, 2001) Texto IV: Poema da necessidade É preciso casar João, é preciso suportar Antonio, é preciso odiar Malquíades, é preciso substituir nós todos. É preciso salvar o país, é preciso crer em Deus, é preciso pagar as dívidas, é preciso comprar um rádio, é preciso esquecer fulana.(...). (Reunião. Rio de Janeiro, J.Olympio, 1969, p. 47) Técnicas de leitura e produção textual 182 EXEMPLIFICANDO Exemplos em Manchetes de jornais: “Fogão cai no campo”. - Seção de esportes. “ FORD ganha prêmios”. - Seção de carros Como vimos anteriormente, os fatores de coerência garantem o sentido do texto. Recorremos as ideias de Beaugrande & Dressler, 1981 e Marcushi 1983 que afirmam que “se há uma unidade de sentido no todo do texto, quando este é coerente, então a base da coerência é a comunidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expressões do texto (KOCK& TRAVAGLIA p. 24). Os fatores de coerência articulados com o conhecimento de mundo do interlocutor, com o conhecimento partilhado, somados às experiências pessoais do interlocutor e ainda, associados à informação “velha” (op. cit. 64 p.) constituirá a interação do interlocutor com a informação emitida pelo texto, com isso será garantida a coerência textual. Outro fator a ser observado é a inferência, segundo Ingedore Villaça Koch: Inferência é a operação pela qual utilizando seu conhecimento de mundo, o receptor (leitor / ouvinte) de um texto estabelece uma relação não explícita entre dois elementos (normalmente frases ou trechos) deste texto que ele busca compreender e interpretar (KOCH & TRAVAGLIA, 2001, p.65). Sendo assim, o leitor/ouvinte irá fazer suas inferências (interpretações) às leituras, a partir do seu conhecimento de mundo e do seu repertório linguístico, interagindo com o texto. Técnicas de leitura e produção textual 183 Como veremos nos exemplos apresentados abaixo, em especial, os poemas, eles contêm poucos elementos coesivos ou às vezes não há presença de tais elementos, mas a unidade de sentido é estabelecida pela intencionalidade do emissor, da situação do contexto, além disso, interage com a compreensão do receptor (destinatário). Exemplo I Contemplação Maria Nazareth de Souza Vejo clarões descerem a terra revestindo o céu de intensa luz transcendendo a antiga criação. Vejo raios cortarem o céu na escura noite na ventania e na intensa chuva e os homens perplexos diante da tempestade. Vejo a fúria dos relâmpagos diante da tempestade, vejo a fúria dos relâmpagos na escura noite e os homens perplexos diante desse furor. Técnicas de leitura e produção textual 184 Vejo os relâmpagos cobrirem a terra mesclando de fascínio e mistérios a terra e a humanidade antigas. Mas vejo Deus que suplanta a criação. Exemplo II Relógio Maria Nazareth de Souza O relógio é um tear de sonhos de vida de ventura e desventura. E nesse tear o tempo borda o destino dos homens. Técnicas de leitura e produção textual 185 Trabalhando os porquês Observe a diferença entre porque, por que, por quê, porquê: 1 – Utilizamos por que (separado) quando a frase indicar uma pergunta. Se a expressão estiver no início da oração, o “que” não será acentuado; se estiver no final da oração, ele será acentuado. Por que você faltou ontem à aula? Você faltou aula ontem, por quê? 2 – Utilizamos também por que (separado) quando a expressão puder ser substituída por: pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais: Os caminhos por que passei foram difíceis. Os documentos por que buscamos foram extraviados. 2 – Nas respostas dadas, escrevemos porque (junto e sem acento). Não fui a escola ontem porque estava gripada. Não apoio estas iniciativas, porque desconfio dos fins a que se destinam. 3 – Escrevemos porquê junto e com acento, quando for um substantivo, podendo ser antecedido pelo artigo o . Ninguém entendeu o porquê de sua atitude. Deve haver algum porquê para a saída dele do cargo de gerente. Técnicas de leitura e produção textual 186 Trabalhando o uso das palavras más, mas, e mais A palavra más é o plural de má = ruim Exemplo: As más acompanhantes de pessoas idosas estão na mira das famílias. A palavra mas é conjunção coordenativa adversativa (oposição). Exemplo: Fomos ao Corcovado, mas estava muito nublado. A palavra mais indica acréscimo ou intensidade. Exemplo: O jovem levou o violão mais a flauta. IMPORTANTE O verbo ver no futuro do subjuntivo é vir: Exemplo: Quando eu vir o seu professor, darei o recado. O verbo vir no futuro do subjuntivo é vier: Exemplo: Quando vier à festa, traga seu namorado. Escreve-se viagem quando for substantivo e viajem - verbo viajar no subjuntivo. Técnicas de leitura e produção textual 187 É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco. Nesta unidade trabalhamos a composição mista, o texto verbal e não verbal, o uso dos porquês e o uso das palavras más, mas e mais. Na próxima, estudaremos o texto de opinião, o texto polifônico, o texto publicitário, a impessoalidade do texto e as regências verbal e nominal. Técnicas de leitura e produção textual 188 Exercícios da unidade 5 1- Leia as sentenças abaixo e marque a alternativa CORRETA, quanto à coerência. I – Chovia muito, logo, não pudemos sair. II – São Paulo, segundo recenseamento, é a metrópole mais populosa do Brasil. III – Chovia muito, embora não pudemos sair. IV – Como São Paulo é a metrópole mais populosa do Brasil o tráfego é congestionado. a) Incoerente, incoerente, incoerente, coerente; b) Coerente, coerente, incoerente, coerente; c) Coerente, coerente, coerente, coerente; d) Incoerente, coerente, incoerente, coerente; e) Coerente, incoerente, incoerente, incoerente; 2- Dentre as alternativas a seguir a palavra “porque” é usada de forma INADEQUADA. Marque-a. a) Ela estudou muito porque iria prestar concurso. b) Paulo falou muito. Por quê? c) Paulo falou muito. Porquê? d) Não sabia o porquê do divórcio. e) Não sabia por que eles se separaram. Técnicas de leitura e produção textual 189 3- Preencham as lacunas com o conectivo adequado (mas, más e mais): I – Telefonou-me várias vezes _______ não conseguiu comunicar-se comigo. II – Telefonou-me ________ de uma vez à tarde. III - As pessoas _______ andaram telefonando para as residências. a) mais, mas e más b) mas, mais e más c) mais, más e mas d) mais, mais e mais e) mas, mais e mais 4-Leia o texto. O bicho virtual é você Todo mundo tem (ou conhece alguém que tem) um Tamagotchi. O animal de estimação eletrônico virou mania. Habitante de um miniaparelho, misto de chaveiro e computador, o bicho é na verdade um ser inexistente. Só o que se tem dele são sinais: de fome, sono, carência afetiva. Apertando botõezinhos, é possível saciar-lhe as necessidades e os desejos. Na tela minúscula, surge então um sorriso, indicando que o mascote está feliz. O dono, sempre uma criança (de qualquer idade), sente-se grandioso, provedor de carinho e cuidado. Pensa que cuida do bicho – mas é o bicho quem cuida dele (e de suas ansiedades). Técnicas de leitura e produção textual 190 O novo brinquedo é a síntese da nossa era, que é mediada e ordenada por telas luminosas. Não apenas a microtela do bichinho, mas a tela do computador, do painel eletrônico do automóvel, das linhas verdes de monitoramento cardíaco. Tudo se organiza como um complexo indivisível, um Tamagotchi planetário. O caixa eletrônico avisa que a conta está no vermelho; é preciso um depósito para que ela fique contente. A televisão não para de insistir: é dia dos pais, ai de quem se esquecer do presente. A tela do telefone celular dá conta de que a pilha está fraca. No monitor do micro, pisca a mensagem não lida. Do outro lado das telas que comandam o dia a dia de qualquer um, outros milhões de uns quaisquer. Um parente, um burocrata, um chefe, um amigo, um cliente, um desconhecido... a(s) namorada(s). Todos virtualizados. Além das contas a pagar e dos recados inúteis, também as demandas emocionais navegam pela teia eletrônica. E a isso se reduz o relacionamento humano: a uma troca de estímulos digitalizados e respostas idem. Então a tela é somente isso, um suporte vazio para a comunicação digitalizada? A resposta é não: a tela não é tão neutra assim. Há uma lógica à parte dentro dela. Mais ou menos como havia uma ordem invertida no espelho que foi atravessado pela Alice de Lewis Carrol no século XIX. O espelho não era neutro: virava uma “brilhante névoa prateada” e mostrava muito mais do que reflexos. Um século depois, em filmes como Tron, de 1982, A Rosa Púrpura do Cairo, 1985 ou O Último Grande Herói, 1993, os personagens cruzam a tela para viver realidades simultâneas – e mais perigosas que o sonho de Alice. Hoje, quem ousasse transpor uma das telas do Tamagotchi globalitário talvez caísse numa paisagem ainda mais assustadora: um sistema frio, em expansão vertiginosa, para o qual as multidões “reais” são uma contingência periférica e não muito relevante. Como insetos em volta da lâmpada. Para esse sistema, virtual é o homem. Em todo o texto, o nome Tamagotchi foi retomado de diferentes maneiras: animal de estimação eletrônico, bicho, ser inexistente e novo brinquedo. Ao empregá-las, o autor procurou: Técnicas de leitura e produção textual 191 a) conseguir efeitos estilísticos que tornassem o texto mais elegante. b) apresentar sempre de forma previsível o novo fenômeno eletrônico. c) descaracterizar o Tamagotchi, desvalorizando a nova invenção por meio de outras expressões empregadas. d) evitar repetições desnecessárias, procurando associações de mesmo campo semântico que caracterizassem com mais precisão o personagem. e) apresentar pontos de vista opostos em relação ao Tamagotchi, que tornassem o texto, intencionalmente, confuso. 5- “O bicho é na verdade um ser inexistente”. Essa frase não terá seu sentido alterado se substituir na verdade por: a) dessa forma b) por exemplo c) de fato d) possivelmente e) provavelmente 6- Em: “não apenas a microtela do bichinho, mas a tela do computador”, o conectivo mas estabelece uma relação: a) adição b) conformidade c) oposição d) explicação e) conclusão Técnicas de leitura e produção textual 192 “7- Nos segmentos do texto, “para o qual as multidões”, “é possível saciar-lhe as necessidades”,” há uma lógica a parte dentro dela”, os pronomes o qual, lhe e dela, referem-se respectivamente a: a) sistema frio – o bicho - tela b) sistema frio – a criança – tela c) sistema virtual – o bicho - tela d) expansão vertiginosa – a criança – tela e) sistema frio – ser inexistente – comunicação digitalizada 8- Leia os textos I, II e III e marque a alternativa CORRETA quanto a sua tipologia textual predominante. Texto I: A paixão da verdade semelha, por vezes, as cachoeiras da serra. Aqueles borbotões d´água, que rebentam e espadanam, marulhando, eram pouco atrás, o regato que serpeia, cantando pela encosta, e vão ser, daí a pouco, o fio de prata que se desdobra, sussurrando, na esplanada. Corria murmuroso e descuidado; encontrou o obstáculo: cresceu, afrontou-o, envolveu-o, cobriu-o e, afinal, o transpõe, desfazendo- se em pedaços de cristal e flocos de espuma. GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 26ª edição. Editora FGV. Rio de Janeiro, 2006, pág. 233). Texto II: (...) A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha- lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas (...). (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Editora Ática. 25ª Edição. São Paulo 1992, pág. 35). Técnicas de leitura e produção textual 193 Texto III: João da Silva atravessou a Avenida Brasil. Parou no bar como era de costume, na sexta-feira ao sair do trabalho. Encontrou-secom Maria da Piedade. Por volta de 24:00h, saiu uma briga no bar. O tumulto foi tão grande que João perdeu seu dente de ouro e Maria saiu em disparada (...) (Maria Nazareth de Souza) a) Descritivo, descritivo, descritivo. b) Narração, descrição e descrição. c) Narração, narração e descrição. d) Narração, descrição e narração. e) Descrição, descrição e narração. 9- Com base na leitura do texto motivador e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta da Língua Portuguesa sobre a Valorização do idoso, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista. Texto motivador Estatuto do Idoso Art.3º: É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Técnicas de leitura e produção textual 194 Artº 4: Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, de discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 195 10- Reescreva as frases a seguir, substituindo os (*) asteriscos pelas palavras más / mas/ mais: 1 – Embora fizesse o possível, ficava cada vez ( * ) atrasado. __________ . 2 – Todos sabiam que as irmãs de Pedro eram (* ) e covardes, (* ) ninguém fazia comentários. _______ / ________ . 3 - Não diga nem (* ) uma palavra. Nada pode ser feito agora. ____________. 4 – O corredor automobilístico esforçou-se ao máximo, (*) as condições da pista eram (*). __________ / ___________. 5 – O pianista estudava sempre (*), na esperança de tornar-se famoso internacionalmente. ____________. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 196 Técnicas de leitura e produção textual 197 O texto de opinião e polifônico O texto de opinião. Como organizar um artigo opinativo (jornalístico). A impessoalidade do texto. O texto polifônico. O texto publicitário. Procedimentos para produção textual. Trabalhando a regência verbal e nominal. 6 Técnicas de leitura e produção textual 198 Nesta unidade estudaremos as estruturas do texto de opinião, do texto polifônico e do publicitário através do contato com vários textos. Também trabalharemos a regência nominal e verbal. Objetivo da unidade: Reconhecer as estruturas e características da composição dos textos de opinião, polifônico e publicitário, e a aplicação da regência verbal e nominal aos textos. Plano da Unidade O texto de opinião. Como organizar um artigo opinativo (jornalístico). A impessoalidade do texto. O texto polifônico. O texto publicitário. Procedimentos para produção textual. Trabalhando a regência verbal e nominal. Técnicas de leitura e produção textual 199 O texto de opinião Você vem sendo desafiado a produzir textos que são fundamentais à exposição de suas opiniões e argumentos sobre determinado assunto. Você tem produzido o que costumamos chamar de dissertação. Esses argumentos quase sempre expressam opiniões, ou seja, julgamentos pessoais, e não verdades absolutas, já que novos conhecimentos e inventos frequentemente modificam a visão das pessoas sobre as coisas, as pessoas, o mundo. Devemos observar a qualidade dos argumentos e sua fundamentação. Tais argumentos deverão convencer nosso interlocutor. Geralmente esse tipo de texto estrutura-se em três etapas, como já vimos antes: 1ª – Introdução (a apresentação do assunto, a ideia núcleo). 2ª – Desenvolvimento dos argumentos. 3ª – Conclusão (reafirmação do tema ou da tese). Observe agora os exemplos da técnica de dissertação: o tema, os argumentos, os contra-argumentos e a conclusão. Técnicas de leitura e produção textual 200 Exemplo I: O náufrago e o navegador Há quem pense que as empresas jornalísticas, ao promover o uso de jornais na educação, o fazem unicamente com o objetivo de criar o leitor do futuro. Embora seja verdade que o hábito da leitura – inclusive de jornais – seja normalmente adquirido na infância ou na adolescência e que, por razões demográficas, aimprensa precise constantemente renovar sua base de leitores, ao pregar a utilização de jornais na educação, a Associação Nacional de Jornais, através de seu Comitê de Leitura e Circulação, não é movida por uma lógica utilitarista. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) tem defendido vigorosamente o uso do jornal no ensino porque, além de estar – por motivos óbvios – sempre atualizado, de ser atraente por cobrir os mais diversos aspectos da realidade e ser mais barato que outros recursos pedagógicos, estimula o desenvolvimento do senso crítico dos leitores. Existem pesquisas (no Brasil poucas, é verdade) que comprovam que o desenvolvimento dos alunos que utilizam jornais em suas atividades escolares é melhor, em média, que o daqueles que utilizam materiais convencionais. Ao contribuir para a formação do hábito da leitura entre os jovens – e não apenas da leitura de jornais – as empresas jornalísticas fazem mais do que estimular o futuro cidadão a consumir seu produto. Sem dúvida é importantíssimo formar (e não apenas instruir) o cidadão do futuro. Mas a realidade de hoje, marcada pela integração internacional e pelo desenvolvimento tecnológico acelerados, coloca o sistema de ensino sob tensão. Para o trabalhador, para o profissional, ou para o cidadão comum, seja escandinavo ou latino-americano, já não basta saber ler e escrever, ou ter aprendido algum ofício. De pouco serve ser uma Técnicas de leitura e produção textual 201 enciclopédia (inevitavelmente superada) ambulante. Hoje, de acordo com o diagnóstico da “American Library Association”, “para ser um alfabetizado em termos de informação, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária e ter a habilidade para localizá-la, avaliá-la e usar efetivamente a informação necessária. Em última análise, “as pessoas alfabetizadas em termos de informação são aquelas que aprenderam como aprender”. Ora, isso é quase uma descrição da rotina de uma redação competente e do jornal por ela produzido. Ao se aproximar dos jovens por meio de programas de Jornal na Educação bem concebidos, o que as empresas jornalísticas estão fazendo é muito mais do que lhes oferecer uma opção de lazer e de informação ou lhes garantir a própria sobrevivência. Estão transferindo seu “Know-how” de processamento de informações. Com a multiplicação das fontes de informações e entretenimento – da qual fazem parte os sistemas de TV a cabo que em breve terão mais de cem canais, talvez 500 - boa parte do tempo que as pessoas passam diante do televisor será consumido na escolha do que assistir. Saber localizar, compreender e utilizar as informações na era da internet significa a diferença entre ser um navegador e ser um náufrago (Pedro Pinciroli Junior. Jornal – O Globo – 10/09/1996). Como podemos observar, o texto acima é constituído de vários argumentos, mostrando duas visões de vida opostas e ainda poderemos indagar: Qual o papel que você exercerá neste mundo de informações? IMPORTANTE Lembre-se: escrever requer uma reflexão crítica sobre o assunto exposto. Técnicas de leitura e produção textual 202 Exemplo II: Quando o diet engorda Agora, até o refrigerante sem açúcar está na berlinda. O consumo de uma latinha da bebida por dia aumenta em 34% os riscos de ocorrência da síndrome metabólica – conjunto de fatores que predispõem às doenças cardiovasculares e ao diabetes. A conclusão é de um estudo feito por médicos da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista Circulation, da Association Americana do Coração. O refrigerante diet (light ou zero, como preferir) seria, inclusive, mais pernicioso à saúde do que a gordura saturada. Para se ter uma ideia, com a ingestão diária de dois hambúrgueres ou de uma porção de batata frita, a probabilidade de manifestação da síndrome metabólica é de 26% e 25%, respectivamente. Os pesquisadores de Minnesota acompanharam os hábitos alimentares de 9514 homens e mulheres entre 45 e 64 anos durante quase uma década. Ao final, quase metade dos participantes eram portadores da síndrome metabólica. A maioria apresentava acúmulo de tecido adiposo na região abdominal, um dos cinco fatores de risco da doença, ao lado de pressão alta, colesterol e triglicérides alterados e glicemia elevada (...) (Revista Veja. Edição 2048. Ano 41 – Nº. 7, p.109) Técnicas de leitura e produção textual 203 Exemplo III: Que desperdício! De 30 a 40% de todos os alimentos produzidos no país vão parar no lixo. Em países desenvolvidos, esse índice não chega aos 10%. Aqui, são toneladas e mais toneladas de comida perdidas diariamente. Boa parte do desperdício ocorre logo na colheita e no transporte, mas os consumidores também têm sua parcela de responsabilidade. O brasileiro - pasme! – joga fora mais comida do que de fato leva à mesa. Um estudo da Embrapa Agroindústria de Alimentos mostra que só em hortaliças, por exemplo, o total de perda a cada ano é de 37 quilos por habitante, enquanto a ingestão desses vegetais não passa dos 35 quilos no mesmo período de tempo. Toda essa comida desperdiçada equivale a 12 bilhões de reais que o país despeja nas lixeiras a cada ano – para se ter uma ideia, isso é quase metade do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome ou 24 vezes o da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Estamos, literalmente, botando dinheiro e saúde no lixo. Veja o que está ao seu alcance para mudar esse panorama – desde a hora em que você seleciona vegetais fresquinhos na feira ou no supermercado até o momento em que os leva para a panela(...) (Revista Saúde. Nº 294, p.24). Técnicas de leitura e produção textual 204 Analisando: Como vimos nos textos acima, os autores apresentam de modo fundamentado, na política ou na ideologia, no depoimento de algum especialista ou em determinado assunto da atualidade, o seu ponto de vista ou tese e ainda realiza a defesa dos argumentos em função da opinião pública. Podemos esclarecer ainda que o texto de opinião é um texto informativo também, entretanto, as informações contidas nele são destinadas ao serviço de opinião. O texto exige: argumentos ou provas. Vejamos, em tópicos, a estrutura do texto opinativo: No primeiro plano devemos questionar: qual a tese central defendida pelo texto? No segundo plano: quais os argumentos em função da defesa da tese? No terceiro plano, devemos levar em conta as informações de apoio em que o leitor busca interagir com a opinião emitida. No quarto plano, o produto do texto deverá levar em consideração as opiniões do interlocutor. Recorremos à citação de Bakhtin: Não pode haver interlocutor abstrato; não teríamos linguagem comum com tal interlocutor, nem no sentido próprio nem no figurado. Se algumas vezes temos a pretensão de pensar e de exprimir-nos urbi et orbi, na realidade é claro que vemos “a cidade e o mundo” através do prisma do meio social concreto que nos engloba (TEZZA & FARACO, 2002,p. 188 ). Técnicas de leitura e produção textual 205 Há de se pensar que um texto de jornal é direcionado aos leitores (público- alvo), em especial, para jovens, mulheres, além de interessados leitores quanto aos textos culturais, econômicos, esportivos, classe econômica etc. Pois é impossível se destinar o texto a todos. Outro ponto a ressaltar são as relações lógicas. O uso das conjunções mas, entretanto, porém, são operadores textuais que contêm ideias de oposição e para o autor do texto de opinião é válido mostrar as contradições das argumentações. O mesmo acontece com as conclusões, em virtude dos argumentos apresentados. Vejamos alguns articuladores: assim, desse modo, como vemos, considerando esses fatos, em consequência, em virtude dos fatos, portanto,... É necessáriodizer que sem informação estruturada de maneira lógica (encadeamento das ideias, do raciocínio), não há uma opinião coerente quer escrita ou falada na comunicação diária dos interlocutores. Outro fator a considerar é a intencionalidade discursiva, ou seja, o registro para manifestar os pontos de vista sobre algum conceito, fato, etc., que deverão ser interpretados e compreendidos pelos leitores / ouvintes. Vejamos alguns exemplos de texto opinativos: Exemplo I: Wangari Maathai A defensora da vida ‘Se ela fosse uma típica mulher segundo a tradição africana, respeitaria os homens e ficaria quieta’. Era assim que Arap Moi, então presidente do Quênia, se referia a Wangari em seus discursos públicos. A implicância do ditador era justificada: Wangari impediu a destruição de florestas nativas, ajudou a pacificar guerras tribais, lutou pela liberdade de presos políticos, pela ainda instável democracia queniana e, como se não bastasse, se tornou primeira Técnicas de leitura e produção textual 206 africana a ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Quais são suas armas? Unir as mulheres e plantar árvores. Sim, você leu bem: plantar árvores. Esta queniana destemida nasceu num vilarejo rural em 1940, uma época em que o povo considerava a devastação das matas um sinal de progresso. A menina Wangari, porém, cresceu ligada à terra, plantando, colhendo e ouvindo histórias em torno da fogueira na qual o jantar era preparado (...)(Stella Florence. Revista Uma.ano 9, nº 90, p.96) Exemplo II: Aumento no preço dos alimentos é desafio para o Brasil No meio da crise de crédito internacional – com a queda do preço de várias commodities – quase passa desapercebido um tipo de produto que deu muito lucro a quem apostou numa subida de preços: alimentos. Perdoem-me aqui pelo “quase”. Na verdade, protestos de ruas em lugares tão distantes entre si quanto Índia e Haiti deixaram claro que a inflação dos preços dos alimentos já é um grave problema político para países emergentes. Segundo o Jornal Financial Times, os preços do arroz, por exemplo, subiram 50% apenas nos últimos 15 dias. E continuam subindo por um motivo central: os países do sudeste asiático estão competindo com os africanos na compra de um tipo de produto que alimenta, segundo a ONU, cerca de 3 bilhões de pessoas. Mas não só. Alguns dos principais produtores, como Egito, Vietnã, a própria Índia e a China baniram exportações (...) (William Waack, 08/04/08). Técnicas de leitura e produção textual 207 Como organizar um artigo opinativo (jornalístico) O artigo opinativo baseia-se na seguinte prática de organização: 1º passo: escrever um artigo opinativo acerca do tema em evidência hoje. Os jornais publicam diversos artigos opinativos sobre os diversos temas da atualidade. 2º passo: constituídos de duas páginas. Essa padronização existe para facilitar a organização estrutural nos espaços ocupados pelos jornais. 3º passo: leia alguns artigos que tratem o tema escolhido e faça anotações. 4º passo: ao finalizar o texto do artigo, você deverá reler e reescrever, analisar as partes do texto até sentir-se seguro sobre a escrita do artigo produzido. 5º passo: desenvolva o texto seguindo está prática de organização de ideias. A impessoalidade do texto Ao trabalhar na construção do texto deve-se usar uma maneira de evitar o caráter subjetivo e pessoal com as seguintes formas: Técnicas de leitura e produção textual 208 IMPORTANTE! Empregar o verbo na primeira e na terceira pessoas do plural, com o objetivo de não realçar a subjetividade da primeira pessoa, de modo explícito. O produtor de texto usa as expressões: Procuramos demonstrar... Nossas conclusões... Procuramos afirmar... Deduzimos... Devemos evitar a presença da subjetividade explícita, conforme as expressões abaixo: Exemplos: Minha conclusão... Esta é a minha opinião... Procurei demonstrar... Texto polifônico O termo polifonia denomina as diversas vozes contidas num texto e apresentam diferentes perspectivas, pontos de vista, concepções ideológicas que constituem um enunciado. Em todo ato enunciativo interagem as chamadas personagens assim discriminadas: Técnicas de leitura e produção textual 209 a) locutor: é aquele que fala - marcas da 1ª pessoa (pronome pessoal eu); b) sujeito falante: é o produtor dos enunciados; c) enunciador: é o que representa (a pessoa que vê – incorporação de outra voz, outra perspectiva). Podemos observar que no texto polifônico os pontos de vista expressos pelos enunciadores podem ou não coincidir com a visão de mundo ou perspectiva do locutor, resultando assim alguns casos de adesão pelos interlocutores / receptores dos enunciados. Vejamos alguns exemplos de textos polifônicos: Exemplo I O amor como fenômeno biológico Amor é uma das palavras mais desgastadas de nossa linguagem. E como fenômeno interpessoal, um dos mais desmoralizados. Abordaremos o tema do amor na ótica fecundos de um dos maiores biólogos contemporâneos, o chileno Humberto Maturana (...). A competição enfatiza Maturana, é antissocial, hoje e outrora, porque implica a negação do outro, a recusa da partilha e do amor. A sociedade moderna neoliberal, especialmente o mercado, se assenta na competição. Por isso é excludente, inumana e faz tantas vítimas. Essa lógica impede que seja portadora de felicidade e de futuro para a humanidade e para a Terra. Como se caracteriza o amor humano? Responde Maturana: ‘o que é especialmente humano no amor não é o amor, mas o que fazemos no amor enquanto humanos...; é a nossa maneira particular de viver juntos como seres sociais na linguagem...; sem amor nós não somos seres sociais’. O amor é um fenômeno cósmico e biológico (...) (BOFF, 2001, p.111). Técnicas de leitura e produção textual 210 Exemplo II Beleza é documento e a cantora Elza Soares, que visitou o Espaço Ela / O Boticário, se disse orgulhosa por ver as delicadezas do Rio nas passarelas: _Estou feliz por ter a cara do Rio e ver tudo que temos de lindo sendo admirado. Nós temos que elevar o Rio e divulgar todas essas maravilhas.” (O Globo, 10/06/06) Exemplo III Um português de sons e pausas José Saramago é um autor cuja escrita enfatiza o idioma que manuseia (...). Segundo José Saramago, as diferenças entre a língua no Brasil e em Portugal são maiores que nossas semelhanças. Não há uma língua portuguesa, há línguas em português. Quando digo isso, não penso em diferenças e semelhanças. Penso num tronco linguístico comum que, de modo variável, segundo as condições sociais, culturais e ideológicas vigentes, se expressa “historicamente”. As línguas mudam o denominado ‘português de Portugal’ não é igual hoje ao que foi no século 17, para não ir mais longe. Ora, se isso é claro no mesmo país, como o não seria em países diferentes? Deixemos, portanto, em paz as semelhanças e as diferenças porque elas são, umas e outras, sinal de vida. As línguas mortas são as que não mudam (...) (Revista Língua Portuguesa. Ano I. nº. 3, 2005, p. 16). Técnicas de leitura e produção textual 211 Como vimos nos exemplos I, II e III há várias vozes na organização discursiva, tal procedimento é chamado de polifonia. O texto publicitário Ao começarmos um texto devemos levar em consideração às características de seu receptor, tendo como base o seu repertório linguístico e social. Alguns textos publicitários por meio do caráter persuasivo visam envolver o leitor / receptor / ouvinte e procura convencê-los de seu ponto de vista, sua opinião sobre um fato, ou ideia (produto). É nesse processo que se fundamenta o caráter persuasivo através da função conativa ou apelativa da linguagem. Características do texto publicitário escrito: Quase sempre constituídopor imagem e texto. Linguagem persuasiva, direta e clara. Nível de linguagem de acordo com o público que se pretende atingir, geralmente a variedade culta informal da língua. Verbos geralmente no modo imperativo ou no presente do indicativo. Uso de recursos como figuras de linguagem, ambiguidade, jogos de palavras, provérbios, etc., como forma de conseguir atrair a atenção do público. Estrutura variável, mas geralmente composta de: título: que chama a atenção sobre o produto; texto: que amplia o argumento do título; assinatura: logotipo ou marca do anunciante. Técnicas de leitura e produção textual 212 Vejam os alguns exemplos de textos publicitários: Exemplo I Exemplo II Técnicas de leitura e produção textual 213 Exemplo III Dia dos Namorados Procedimentos para produção textual Ao fazer a leitura de dois ou três textos em prosa, em verso, em notícia de jornais, charges, etc., você deverá observar as ideias centrais, associando os conteúdos e observando os pontos de convergências dos textos. Vejamos. Texto I: Técnicas de leitura e produção textual 214 Texto II: Poema brasileiro No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade. No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade (GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950-1980). p. 221) Técnicas de leitura e produção textual 215 Os textos I e II abordam o mesmo tema. O primeiro é um texto não-verbal e o segundo e um texto verbal. Trata-se de uma crítica: a problemática da fome, a desnutrição e a mortalidade infantil. Ainda sugerimos um tema para ser pensado: TEMA: A fome, segundo a ONU, tem sido a causa de mortalidade no mundo. Trabalhando a regência verbal e nominal Regência é a relação entre o verbo de uma sentença e seus complementos. Vejamos a regência de alguns verbos nas sentenças: Aspirar Escreve-se com a preposição a quando significar: almejar, desejar, pretender, ambicionar. Exemplo: Paulo aspira a um cargo de chefia. Escreve-se com artigo o verbo aspirar no sentido de sorver, atrair o ar aos pulmões. Exemplo: Aspiramos o ar puro das montanhas. Técnicas de leitura e produção textual 216 Assistir Escreve-se com o artigo a no sentido de prestar atendimento. Exemplo: O enfermeiro assistiu a paciente. O enfermeiro assistiu o paciente. Escreve-se com a preposição a no sentido de espectador. Exemplo: O jovem assistiu ao filme. O jovem assistiu ao jogo. A Regência Nominal estuda as relações de dependência estabelecidas entre os nomes e os seus complementos. O termo que completa um nome é, por isso, denominado de complemento nominal. A complementação de um nome é sempre intermediada por uma preposição. Alguns nomes chegam a aceitar mais de uma preposição. Vejamos agora, a regência de alguns verbos e nomes: Técnicas de leitura e produção textual 217 Aborrecer-se com Acabar-, com Acomodar- a Acusar de Afastar de Agradecer a Alertar-, de, sobre, contra Amigo de Atribuir a Avaliar em Ceder a Comprovar com Comunicar a Confiar em, a Convencer-se de Converter em, a Convocar a, para Crê em, a (tr. Direto) Começar a, por Comparar a, com Declarar-se contra Dedicar a Depender de Desagradável a Descender de Desconfiar de Considerar como Constar de Divertir-se com Devoto a / de Contemporâneo a, de Diferente de Aflito com, por Apto a, para Negligente em Ojeriza a, por, contra Doente de Duvidar de Ensinar a Entender de Entendido em Gostar de Graduar-se em Inconstante em Inquietar-se de, com Inserir em Insinuar em Lembrar-se de Obedecer a Obrigar a Passível de Pegar de, em Perdoar a Perguntar a, por Persuadir de Presto a, para Prevalecer sobre Qualificar-se Reclamar contra Recorrer a Recusar a Render-se a Solto de subordinar a Verter de, para, em Seguro de, em Suspeito de, a Vizinho a, de, com Necessário a Preferível a Prestes a, para Residente em Relacionado com Técnicas de leitura e produção textual 218 DICA Consulte o dicionário de regência, quando tiver dúvidas ao redigir seus textos. É HORA DE SE AVALIAR! Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco. Nesta unidade estudamos e refletimos sobre o caráter do texto de opinião, do texto polifônico, do texto publicitário, a impessoalidade do texto e a regência verbal e nominal. Assim, finalizamos nossos estudos. Esperamos que esta disciplina tenha contribuído para o seu desempenho e competência na produção da leitura e da escrita. Sucesso! Técnicas de leitura e produção textual 219 Exercícios da unidade 6 1- Levando-se em consideração as características do repertório linguístico do interlocutor ou leitor, o texto publicitário tem como característica predominante: a) a função denotativa da linguagem. b) a função conativa da linguagem. c) a função social da linguagem. d) a concepção histórica da linguagem. e) o repertório linguístico do emissor. 2- Levando-se em consideração as características do repertório linguístico do interlocutor ou leitor, o texto opinativo tem como objetivo: a) informar. b) persuadir. c) sensibilizar d) descrever. e) narrar um fato. 3- Assinale a alternativa em que ocorre ERRO de regência verbal. a) Deverá obedecer às normas previstas no regulamento da escola. b) Chegando à casa paterna, sentiu-se muito bem. c) Assistiu os jogos da copa, aspirando a vitória por que ansiavam. d) Os jogadores tudo fizeram para conseguir a vitória por que ansiavam. e) Indo ao jogo, não se esqueça de levar sua bandeira. Técnicas de leitura e produção textual 220 4- A construção da impessoalização do texto tem como objetivo não realçar a subjetividade. Marque a opção CORRETA que indica uma possibilidade para se obter a imparcialidade de um texto. a) Empregar o verbo somente na terceira pessoa do plural. b) Empregar o verbo somente na primeira do plural. c) Empregar o verbo na segunda e na terceira pessoa do plural. d) Empregar o verbo na primeira e na terceira pessoa do singular. e) Empregar o verbo na primeira e na terceira pessoa do plural. 5- Leia os textos I, II, III, IV e V, e a seguir classifique-os quanto às características básicas dos tipos textuais: Texto I: Ontem, depois do jogo, fomos à praça daquela pequena cidade para festejar. Cantamos, dançamos e brincamos até o sol raiar. Texto II: “O céu era verde sobre o gramado, a água era dourada sob as pontes, outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados”. Carlos Drummond de Andrade Texto III: “Há muita gente que ganha acima de 1 dólar por dia e continua muito pobre, porque não tem escola para os filhos, sistema de saúde, água potável ou esgoto no barraco.” (Cristóvão Buarque. In: ISTOÉ, junho de 2002) Texto IV: “Novas ruínas de uma suposta cidade inca foram encontradas por pesquisadores ingleses a 50 quilômetros de Machu Pichu, no Peru”. (Revista ISTOÉ) Técnicas de leitura e produção textual 221 Texto V: “Olha o passarinho...”. “Fotografe as férias, a viagem inesquecível... Mas veja antes como garantir imagens mais bonitas”. Nova Escola, dezembro de 2002. a) sequência narrativa, descritiva, argumentativa, informativa e instrucional.b) sequência descritiva, narrativa, argumentativa, informativa e instrucional. c) sequência descritiva, argumentativa, informativa, narrativa e instrucional. d) sequência narrativa, argumentativa, descritiva, instrucional e informativa. e) sequência narrativa, informativa, descritiva, instrucional e argumentativa. 6- Ao utilizar em salas de aula histórias em quadrinhos, pinturas, charges, desenhos e outros recursos visuais aliados à escrita, o professor tem por objetivo trabalhar as linguagens: a) linguagem verbal e não verbal. b) linguagem popular e linguagem formal c) linguagem denotativa e linguagem conotativa. d) linguagem técnica e linguagem coloquial e) linguagem oral e linguagem verbal. 7- Assinale a única alternativa onde não se vê uma característica de texto publicitário escrito: a) quase sempre constituído por imagem e texto. b) linguagem persuasiva c) linguagem direta e clara. d) apresenta os elementos básicos da narrativa: fatos, pessoas, tempo e espaço. e) verbos geralmente no modo imperativo ou presente do indicativo. Técnicas de leitura e produção textual 222 8- Assinale a alternativa correta com relação à regência verbal: a) Antes prefiro aspirar uma posição honesta que ficar aqui. b) Prefiro aspirar uma posição honesta que ficar aqui. c) Prefiro aspirar a uma posição honesta que ficar aqui. d) Prefiro antes aspirar a uma posição honesta que ficar aqui. e) Prefiro aspirar a uma posição honesta a ficar aqui. 9- Faça a delimitação do tema e apresente três argumentos defendidos pelo autor do texto abaixo. A velhice (Antonio Cândido – escritor português) A velhice é uma idade sagrada. Foi venerada em todos os tempos. Na antiguidade teve obséquio e cultos oficiais. Pode apreciar-se o grau de cada civilização histórica pelo respeito e pelo carinho dispensados a estes seres, de energia quebrada e de esperança desfeita, que trazem no olhos tristes o reflexo cada vez maior da morte que se aproxima. A velhice é a quadra sem prazer de toda a vida humana. A infância sabe só que vive, e ri; a mocidade tem o sonho que embala, e canta; a idade adulta conta com o futuro, ambiciona e trabalha; a velhice é um sonambulismo trêmulo e quase sempre atormentado, de que só se acorda na agonia extrema... para morrer. Por que anda tão alegre e alvoroçada a infância, e a velhice por que anda tão melancólica e abatida? Perguntava Chateaubriand, e respondia: é porque a infância ignora tudo, e porque a velhice sabe tudo!(HILDEBRANDO, 1992, p.43). Técnicas de leitura e produção textual 223 _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 10-Para que você possa treinar um pouco, citaremos aqui dois temas polêmicos. Sua tarefa é encontrar aspectos favoráveis e aspectos contrários a cada proposição dada. 1 – O alto índice de criminalidade, em nossos dias, deve-se basicamente às péssimas condições de vida de uma parcela considerável da população das grandes metrópoles. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 2 – Muitas pessoas acreditam que a televisão deixa de desempenhar um papel educativo na difusão da arte e da cultura nacionais. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Técnicas de leitura e produção textual 224 Técnicas de leitura e produção textual 225 Considerações Finais Caro aluno, Chegamos ao final da disciplina Técnicas de leitura e produção textual. O conteúdo que agora concluímos, algumas apropriações teóricas que fizemos do conceito de leitura e escrita tiveram seu eixo centrado no trabalho de grandes mestres e pensadores da educação. Não há dúvidas de que estamos vivendo muitas mudanças no campo da leitura; é visível e crescente hoje a sua difusão em todos os setores do país. Hoje, muito se incentiva, se publica, se divulga a importância do ato de ler. Mas algumas indagações talvez se façam pertinentes: Será que essa mudança estaria realmente indo à direção certa? Será que estamos realmente formando leitores críticos do mundo, pessoas que escrevem e reescrevem a história? Pessoas que participam efetivamente da construção de um país mais justo, igualitário e democrático? Se algumas das ideias e propostas aqui apresentadas parecerem difíceis de alcançar, vale a pena lembrar do pensamento do nosso querido poeta Mário Quintana que diz: Se as coisas são inatingíveis... Ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A mágica presença das estrelas! Técnicas de leitura e produção textual 226 Ao longo das seis unidades estudadas vimos que as atividades de leitura não podem visar apenas ao conhecimento linguístico, mas devem também resgatar a leitura como prática social. A escola, portanto, permanece sendo um espaço privilegiado de formação de leitores, mas não o único. Várias ações podem e devem ampliar as possibilidades de leitura envolvendo diferentes áreas de conhecimento e linguagens. Nesse sentido nos ensina Mariza Lajolo (1998): Lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode encerrar-se nela. Do mundo da leitura para a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estreitos limites da escola. A Universo EAD e a equipe de Língua Portuguesa o parabeniza por ter concluído com sucesso seus estudos, aumentando sua bagagem com conhecimentos, habilidades e competências que irão, certamente, beneficiá-lo por toda a sua vida acadêmica. Mas, lembre-se sempre de que a aprendizagem não para por aqui. Mantenha o hábito da leitura, atualize-se sempre, adquira o desejo da pesquisa e não se esqueça de praticar o que foi aprendido: esse é o grande segredo. Desejamos que você tenha muito sucesso e esperamos ter contribuído significativamente para a sua formação intelectual. Sucesso! Técnicas de leitura e produção textual 227 Conhecendo as autoras Ms. Maria Nazareth de Souza Leciona Laboratório de produção textual, na Universo, no curso de Letras, campus São Gonçalo, há vários anos e tem vasta experiência nas Oficinas literárias e Oficina de redação criativa. Ministra cursos para capacitação de professores da redeparticular e pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro. Coautora dos livros: Laços. Editora Cromos: Rio de Janeiro, 1997. Exercícios de Liberdade: Produção Textual. Editora Ao Livro Técnico: Rio de Janeiro, 1994. Maria Luzia Paiva de Andrade Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense e professora adjunta da Universidade Salgado de Oliveira desde 2002, onde atua nos cursos de Letras e Pedagogia em disciplinas na área de Língua, Linguagem e Linguística. Compõe a equipe de Educação a Distância da Universo (Universo Virtual) desde 2005 como professora-tutora e plantonista de Língua Portuguesa I e II. Autora do conteúdo das disciplinas Aspectos Fonológicos da Linguagem, Aspectos Fonéticos da Língua, Estudos da Linguagem II, Filologia da Língua Portuguesa, Estilística e Prática Social da Leitura e Produção Textual do Curso de Letras on-line/ 100% - Universo Virtual. Leciona, ainda, na rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro, tendo atuado também como Coordenadora Pedagógica dos Ensinos Médio e Fundamental. Sua área de pesquisa relaciona-se à Variação e Mudança Linguística com foco na aquisição de conhecimentos que possam contribuir para a compreensão, a utilização e a sistematização do processo de aprendizagem da Língua Portuguesa. Possui trabalho publicado nesta área em I Caderno de Português no Brasil. Niterói: UFF, 1997. Técnicas de leitura e produção textual 228 Referências ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. 12º ed. São Paulo: Editora Ática, 2006. Curso prático de redação contendo exemplos de jornais e revistas e aplicação gramatical. ALMEIDA, Manuel Antonio de. Memórias de um Sargento de Milícias. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1963. Obra prima de suma importância para os estudos da literatura brasileira. AQUINIO, Renato. Interpretação de Textos – Teoria e 800 questões comentadas. Série Provas e concursos. Rio de Janeiro: Impetus. 2003. Trata-se de um material de aprimoramento da Língua Portuguesa, tendo como auxílio ao aluno, exercícios de compreensão e interpretação de textos de diversos autores. AZEREDO, Carlos de. Ensino de Português: fundamentos, percursos, objetos. Rio de Janeiro: Zahar – Jorge Zahar Editor, 2007. Obra teórico-prática muito agradável que, por meio de explicações e exercícios, leva o leitor a se tornar mais reflexivo em relação às informações que lhe são repassadas. AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 25° ed. São Paulo: Editora Ática, 1992. Obra prima que retrata o cotidiano miserável de uma habitação coletiva no final do século passado, de forma crítica e analítica. ANCHIETA, Neide da Costa & SOUZA, Maria Nazareth de. Exercício de Liberdade – Produção Textual. Rio de Janeiro: Editora Ao Livro Técnico, 1994. O livro contém exercícios de produção textual de modo prazeroso, e as autoras sempre estimulam a leitura e a escrita. Técnicas de leitura e produção textual 229 BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. Os Parâmetros Curriculares Nacionais servem de estímulo e apoio à reflexão sobre a prática diária do professor, o planejamento das aulas e o desenvolvimento do currículo de sua escola, contribuindo ainda para a atualização profissional dos professores dos ensinos fundamental e médio. Eles foram feitos para auxiliar o professor na execução de seu trabalho, pois buscam dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização, e evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999. Esse livro visa levar o estudante ao domínio da Língua Portuguesa e contém vários exercícios práticos indispensáveis ao aprofundamento de questões gramaticais e suas adequações à língua. BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Ética do humano – compaixão pela terra. 7° ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. Obra que procura detalhar o cuidado com a Terra, com a sociedade sustentável, com o corpo, com o espírito e com a morte. De forma a inspirar valores e atitudes fundamentais para a humanidade. CHACON, Beatriz Escorcio. Veios do Corpo. Rio de Janeiro: Editora Ltda, 2002. Coletânea de poemas contendo versos breves e repertório de imagens de agradável leitura. CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção. A escritura do Texto. 2° ed. Rio de Janeiro: Moderna, 2002. Curso prático de redação muito agradável que, por meio de explicações e exercícios, leva o leitor a desenvolver sua escritura textual. Técnicas de leitura e produção textual 230 CEREJA, William Roberto. Texto e Interação: uma produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000. DRAEGE, Marly. Ética – Função da Escola? Rio de Janeiro: Zen, 2004. Obra que detalha a função ética da escola, de forma sustentável, clara e objetiva. Drummond, Carlos. In: Contos Plausíveis. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1991. Esse livro contém minicontos agradáveis aos leitores e apresenta uma irreverência temática. FAGUNDES, Lygia. In: Para gostar de ler. 3° ed. vol. 9. São Paulo: Editora Ática, 1988. Obra prima de suma importância para o desenvolvimento e o aprimoramento da leitura dos alunos. FARACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. Prática de texto para estudantes universitários. 10° ed. Petrópolis: Vozes, 2002. Curso prático de ensino de redação que desenvolve a capacidade de leitura e de escrita de forma ampliada e reflexiva. FERREIRA, Antonio José; PEIXOTO, Dinah Terra; OLIVEIRA, Maria Helena Barros de. SOUZA; Maria Nazareth. Laços Poesia. Clube de Literatura. Rio de Janeiro: Cromos, 1998. O livro contempla os poemas inéditos de quatro professores inspirados: no tempo, na natureza, no amor, enfim, na vida. Saboreie a magia das poesias neste livro. GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 26° ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. Obra clássica indispensável para todos que desejam se aprofundar nas questões da escrita em língua portuguesa. Técnicas de leitura e produção textual 231 GARCEZ, Lucília H. do CARMO. Técnica de redação. O que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes. 2008. O livro contém material prático para o desenvolvimento de técnicas de redação, trazendo resultados positivos e propondo métodos muitas vezes inovadores, sempre com sólido embasamento teórico. GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 4° ed. São Paulo: Scipione, 1999. Esse livro contém material de estudo e prática de redação que estimulam o aprimoramento de técnicas de redação, que ajudam o aluno a melhorar seu desempenho linguístico. GERALDI, João Wanderley (org.); O texto na sala de aula. 4° ed. Rio de Janeiro: Editora Ática. 2006. Obra teórico-prática que leva o leitor a refletir sobre sua postura em sala de aula apresentando vários elementos dinâmicos de manifestações textuais, com o objetivo de motivar os alunos. GULLAR, Ferreira. Toda poesia: 1950-1980. 10°ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira Círculo do Livro, 1983. Coletânea de poemas críticos e com intenso vigor poético. HILDEBRANDO A. de André. Curso de Redação. 4°ed. revista e ampliada, vol.2. São Paulo: Moderna, 1992. Excelente material de Língua Portuguesa que pretende promover uma reflexão em que o ato de escrever ganhe um sentido transformador para quem escreve. KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. 9° ed. Campinas: Pontes, 2002. A autora parte do pressuposto que o ensino da leitura é fundamental para solucionar problemas relacionados ao aproveitamento escolar insuficiente: “ao fracasso na formação de leitores pode-se atribuir o fracasso geral do aluno na escola”. O livro pretende, portanto, contribuir para um ensino de leituraque forme de fato leitores – bons leitores de diferentes gêneros textuais. Técnicas de leitura e produção textual 232 KOCH, Ingedore Villaça & TRAVAGLIA, Luiz CARLOS. A coerência textual. São Paulo:Contexto, 2001. Curso prático que possibilita aos estudantes, em geral, uma visão necessária e básica sobre a coerência textual e sua aplicabilidade linguística. KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo:Contexto, 1999. Curso prático que possibilita aos estudantes, em geral, uma visão necessária e básica sobre a coesão textual e sua aplicabilidade linguística. ___________________ Introdução à Linguística Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004. Curso prático de linguística textual e sua aplicabilidade em diversos exemplos e exercícios. INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. São Paulo: Scipione, 1998. Curso de redação, com muitos textos para leitura e exercícios, podendo ser utilizado como manual de curso ou como roteiro individual de trabalho. LAJOLO, Marisa (consultora). Descobrindo a Literatura. Série saber mais. Rio de Janeiro: Editora Ática, 2003. Obra que possibilita ao leitor uma visão agradável da literatura em diversas manifestações e linguagens artísticas. _______________________. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Fundação da UNESP, 1998. Esse é um livro necessário para professores do ensino fundamental e médio, para educadores, editores e escritores, historiadores e bibliotecários. Trata-se de uma reflexão abrangente e aguda sobre a leitura na escola, com tudo quanto essa atividade implica dentro da realidade cultural brasileira. “Do mundo da leitura para a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estreitos limites da escola”. A autora aposta nisso. Técnicas de leitura e produção textual 233 LOPES, Harry Vieira et alli. Língua Portuguesa – Projeto escola e cidadania para todos. Ensino médio. São Paulo: Editora do Brasil.2009 Trata-se de uma obra de Língua Portuguesa contendo vários exercícios e diversas atividades para o dia a dia do ensino de Língua Portuguesa. MACEDO, Joaquim Manoel de. A moreninha. Literatura Brasileira. Ciranda Cultural, 2004. Trata-se de um romance do Romantismo, contendo cor local do Rio de Janeiro, ilha de Paquetá. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M. A. (org) Gêneros textuais e ensino. 2ºed.Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. Trata-se de uma obra que pretende analisar os diversos gêneros textuais com diversos exemplos e exercícios. MASIP, Vicente. Interpretação de textos: Curso Integrado de Lógica e Linguística. São Paulo: E.P.U., 2001. O trabalho desenvolvido neste livro pretende tornar acessíveis os princípios que regem o pensamento humano e relacioná-los com a linguagem. Não se trata, portanto, de um posicionamento teórico, nem de uma nova doutrina no vasto campo da análise textual, mas de uma ferramenta a serviço dos profissionais da linguagem, oportunizando conhecer e estudar os rudimentos da Lógica. MATENCIO, Maria de Lourdes Meirelles. Leitura e produção de textos e a escola. São Paulo: Mercado de Letras, 2000. Essa obra é “uma reflexão sistemática sobre o ensino de língua materna, escrita por uma professora, que utiliza sua vivência na sala de aula para refletir sobre os significados as contradições e inconsistências do ensino e aprendizagem da língua materna. Tal reflexão é um excelente exemplo do processo de realimentação, mediante prática, da formação continuada do professor.” Técnicas de leitura e produção textual 234 MORICONI, Ítalo. Organização, introdução e referências bibliográficas. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. Este livro reúne vários contos consagrados de autores brasileiros, apresentando uma tapeçaria de histórias. PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto – Leitura e Redação. 15°ed. Rio de Janeiro: Editora Ática, 1999. Obra teórico-prática indispensável aos leitores que pretendem desenvolver e aprimorar cada vez mais suas redações. PEÇANHA, Neusa. Vindima. Rio de Janeiro: Editoração Editora Ltda, 2001. Conjunto de poemas líricos pertinentes à Literatura infanto-juvenil, infantis e poemas premiados em concursos literários em todo o país. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 1981. RIBEIRO, Manuel P. Gramática Aplicada da Língua Portuguesa – Uma comunicação interativa. 17° ed. Rio de Janeiro:Metáfora, 2007. Trata-se de uma gramática aplicada, com o objetivo de compreender a descrição da língua portuguesa, acomodada ao uso da norma culta. SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Editora Brasiliense, 1996. Trata-se de uma obra muito importante que leva o leitor a analisar as práticas e a tradições dos povos nos levando a refletir sobre o meio cultural ao qual pertencemos. SOARES, Magda Becker& CAMPOS, Edson Nascimento. Técnica de Redação. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978. Curso prático de redação, partindo de textos diversos e sistematizando técnicas e procedimentos, estimulando, assim, o desenvolvimento e a criatividade dos alunos. SOARES, Magda. Linguagem e Escola. 14° ed. Rio de Janeiro: Editora Ática, 1996. Este livro aponta a importância da compreensão das relações entre linguagem, escola e sociedade para a fundamentação de uma prática de ensino da língua materna. Técnicas de leitura e produção textual 235 SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura e de escrita. Porto Alegre: Artmed, 1998. Este livro contribui para o desempenho docente, pois seu propósito é ajudar professores e outros profissionais da educação na difícil tarefa de promover nos alunos a utilização de estratégias que lhes permitam interpretar e compreender textos escritos de maneira autônoma. Isabel Solé consegue, ao longo do livro, conduzir às conclusões que servirão de embasamentos sólidos para as aulas de leitura: aprender a ler significa aprender a encontrar sentido e interesse na leitura, ser ativo ante um texto, ter objetivos para leitura e interrogar-se sobre a própria compreensão. TERRA, Ernani & NICOLA, José. Português de olho no mundo do trabalho: volume único São Paulo: Scipione, 2004. TUFANO, Douglas. Estudos de Redação. 2° ed. São Paulo: Moderna, 1985. Curso rápido de redação e revisão gramatical de fácil compreensão e utilização. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. 1º SELES – 1º Seminário sobre Leitura e Escrita. Tema: Avaliação da Redação no Vestibular. Proac/Coseac. Niterói, Rio de Janeiro, 2006. Obra de pesquisa desenvolvida por professores atuantes em diversas instituições, com o objetivo de demonstrar aos demais professores as principais questões de natureza temática, linguísticas e textuais. VICENTE, Jorge. Português. Dúvidas, textos e 1800 questões. 2º ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2003. Ótimo curso para atingir o domínio de uma língua, contendo vários exercícios práticos indispensáveis a todos que querem se aprofundar nas questões em língua portuguesa. Revista Entre Livros, Ano I. Nº. 3. Editora Duetto. Material de apoio para atualização de temas diversos. Revista Uma. Nº. 9. Nº. 90. Editora Símbolo. Material de apoio para levantamento de temas variados. Técnicas de leitura e produção textual 236 Revista Veja. Edição 2048. Ano 41 – Nº. 7. Editora Abril. Material de apoio para analisar questões atuais e de pesquisa. Revista Saúde. Nº 294. Editora Abril . Material de apoio para atualização de temas diversos. Revista Língua Portuguesa. Ano I. Nº. 3. Editora Segmento, 2005. Material de apoio para pesquisa e atualização de temas diversos. Técnicas de leiturae produção textual 237 nexos A Técnicas de leitura e produção textual 238 Gabaritos Unidade 1 1-d 2-a 3-a 4-c 5-b 6-e 7-d 8-c 9- Uma das possibilidades da reescritura do texto abaixo: “A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela uma ave. Olhou-a passou a mão embaixo das asas dela, apalpou-a o peito, alisou as coxas da galinácea, depois tornou a colocá-la na banca e disse para o vendedor “Não presta!”. Aí o vendedor olhou para ela e disse:” Também, madame, num exame assim nem a senhora passava”. 10- O texto de Millôr Fernandes contém um tom de humor, é coerente porque há uma unidade de sentido e há coesão entre as sentenças. Unidade 2 1-b 2-e 3-d 4-c 5-d 6-d 7-e 8-a Técnicas de leitura e produção textual 239 9- Deram meia volta, rumaram por uma saída qualquer, o passo mole e sem pressa, no silêncio da noite. Alguma haveria de plantão... Rua deserta. Dois ou três quarteirões mais além, um guarda... 10- a) Algumas pessoas reclamaram: _ Não há mais sorvete na festa. b) O diretor perguntou: _ Alguém trará novas doações para a campanha do orfanato? c) O pai pediu aos filhos: _ Entrem, pois havia um tumulto na rua. d) O aluno disse: - Gostaria de estudar na Universo. Unidade 3 1-b 2-d 3-b 4-c 5-b 6-b 7-d 8-e 9- A critério do aluno 10- A critério do aluno Técnicas de leitura e produção textual 240 Unidade 4 1-e 2-c 3-b 4-e 5-c 6-e 7-e 8-c 9- a) Trata-se de um pronome indefinido variável; concorda com o substantivo poemas. Pode ser substituído por muitos. b) Tenho escrito muitos poemas. (ou vários poemas) c) Sugestão: Estudamos bastante para o concurso. Nesse caso bastante é advérbio, modifica o verbo estudar. Pode ser substituído por muito. 10- a) quartos e salas amplas. (ou amplos) b) cantores e bailarinas famosas (ou famosos) c) carros e joias caras (ou caros) Unidade 5 1-b 2-c 3-b 4-d 5-c 6-a 7-a 8-e Técnicas de leitura e produção textual 241 9- A critério do aluno 10-1 – mais 2 – más – mas 3 – mais – 4 – mas – más 5 – mais Unidade 6 1-b 2-b 3-c 4-e 5-a 6-a 7-d 8-e 9- Resposta pessoal. 10- 1- Resposta pessoal. 2- Resposta pessoal.