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EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR – 09/2007 CINCO PALAVRAS ESSENCIAIS Se indagados a apontar cinco palavras (chave) essenciais do Direito Constitucional e da Constituição, a resposta seria: Poder, Limites, Competências, Direitos e Garantias. Por que Poder? Na definição de JORGE MIRANDA: “a Constituição, em sentido material, é o estatuto do poder político e estatuto da sociedade em face desse mesmo poder”. O PODER, portanto, é o ponto central de irradiação e de formulação do Direito Constitucional e da Constituição. Por que Limites? Em conhecida passagem, disse MONTESQUIEU: “A experiência eterna mostra que todo homem que tem poder é tentado a abusar dele; vai até onde encontra LIMITES. Para que não se possa abusar do poder é preciso que, pelas disposições das coisas, O PODER FREIE O PODER. Uma Constituição pode ser de tal modo, que ninguém será constrangido a fazer coisas que a lei não obriga e a não fazer as que a lei permite”. No mesmo sentido, KELSEN afirmou: “A função política da Constituição é estabelecer LIMITES jurídicos ao exercício do poder”. O poder, na forma de Estado- nação moderno, surgiu no final da Idade Média (século XV), na Europa, como um Estado Absolutista, cuja figura central é o monarca, o rei. Segundo o historiador MICHELET, o Rei diz: “A justiça está em mim; eu posso julgar ou fazer julgar; por quem? não importa; por meu tenente, meu criado, meu porteiro. Te julgo de acordo com minha vontade; amanhã, dentro de dez anos, nunca...” Daí se segue que o ABSOLUTISMO desenvolveu-se a partir da idéia de que o Monarca absoluto é legibus (ab)solutus, vale dizer, não está sujeito nem ao Direito, nem à Lei. Em resumo: o soberano (basileus) tem o poder incondicionado, ilimitado, de criar, modificar e violar o Direito. O Estado Absolutista é o oposto do Estado de Direito (= o Estado que se submete ao Direito) e do ESTADO CONSTITUCIONAL (= o Estado que se submete a uma Constituição). O Estado Constitucional é o Estado com uma Constituição LIMITADORA DO PODER através do império da Lei e do Direito (nomos). Numa feliz expressão: governo das leis e não dos homens. 1 Por que Competências? No dizer de LOURIVAL VILLANOVA, “só o Poder Constituinte Originário não é competência”. O povo concentra em si esse poder supremo (é o seu titular) e o distribui repartindo COMPETÊNCIAS através da Constituição. Nesse sentido, a Constituição se converte num conjunto de poderes instituídos e repartidos, isto é, de competências legais distribuídas entre (i) pessoas políticas, (ii) órgãos e (iii) agentes públicos. Compete à União, aos Estados, aos Municípios... Compete ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal, aos poderes públicos... Compete ao Presidente da República, ao Procurador- Geral da República, ao Presidente do Senado Federal... Por que Direitos? O famoso art. 16 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, estabelecia que: “Toda sociedade, na qual a garantia dos DIREITOS não é assegurada nem a separação dos poderes determinada, não tem Constituição”. Ou seja, sem direitos fundamentais e sem separação de poderes inexiste Constituição. Posto que os direitos integram o núcleo insuprimível da Constituição, torna-se indispensável a sua classificação e ampla teorização pelo Direito Constitucional. Também, para que um poder não se sobreponha ao outro, não se torne absoluto, é necessário a separação, a in(ter)dependência e a harmonização entre eles. Por que Garantias? Em sentido estrito, as GARANTIAS são os instrumentos necessários à efetivação dos direitos fundamentais assegurados na Constituição. De que adianta ter direitos sem garantias de sua concretização? Por esse motivo a Constituição contempla vários “remédios” (instrumentos) constitucionais para a proteção dos direitos por ela instituídos. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR CONSTITUIÇÃO TIPOLOGIAS: (i) Lassalle: Fatores Reais de Poder x Folha de Papel; (ii) Kelsen: Norma das Normas = Pirâmide Normativa; (iii) Schmitt: Decisão Política Fundamental = Constituição e Lei Constitucional; (iv) Meirelles Teixeira: Fato Cultural = elementos históricos, econômicos, espirituais... DEFINIÇÃO: Jorge Miranda: “É o estatuto do poder político e estatuto da sociedade em face desse mesmo poder. É o estatuto do governante e do governado”. 2 ESPÉCIES DE CONSTITUIÇÃO: (i) Garantia; (ii) Dirigente; (iii) Cidadã; (iv) Pactual; (v) Plástica; (vi) Cesarista; (vii) Semântica; (viii) Expansiva; (ix) Institucional; etc. CONSTITUCIONALISMO O QUE FOI: movimento jurídico-político ÉPOCA: fins do século XVIII e início do século XX MOTIVAÇÃO: Iluminismo (cosmovisão: indivíduo, razão, natureza, felicidade e progresso) OBJETIVO: estabelecer regimes constitucionais = governos com PODERES LIMITADOS PELA CONSTITUIÇÃO – GOVERNO DAS LEIS E NÃO DOS HOMENS - CLÁSSICO: liberal/individualista MODERNO: social/intervencionista GLOBAL: integrador/comunitário HOJE: neoconstitucionalismo: adaptação das Constituições à globalização = Constituição Comunitária = Constituição Supranacional. As várias idéias de CONSTITUCIONALISMO podem ser agrupadas da seguinte forma: Constitucionalismo lato sensu: é a idéia, muito difundida, a partir do séc. XVIII, de que em todo Estado é necessária uma CONSTITUIÇÃO para impedir o despotismo; Constitucionalismo stricto sensu: é a idéia de que não só é necessária uma CONSTITUIÇÃO, mas ela deve fundar-se em alguns princípios para impedir o DESPOTISMO e assegurar as LIBERDADES: (i) separação de poderes, (ii) governo representativo, (iii) controle jurisdicional de constitucionalidade das leis etc.; Constitucionalismo strictissimo sensu: é a idéia segundo a qual só é possível lograr o resultado desejado (impedir o despotismo e assegurar as liberdades) se existe um controle jurisdicional de constitucionalidade das leis – MICHEL TROPPER. Por una teoria jurídica del Estado. Madrid: Dykinson, 2001, p. 183. DIREITO CONSTITUCIONAL Na definição de J. J. Gomes Canotilho: É o direito DO Político (expressão normativa das forças políticas), SOBRE o Político (cuida da formação da 3 vontade política e define as regras para a tomada de decisões políticas) e PARA o Político (estabelece medidas e fins do processo político). EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES CONTEÚDO: (a) Material: é aquela que cuida das instituições essenciais, ou seja, da organização do Estado e dos poderes, bem como dos direitos e garantias fundamentais. A Constituição material não tem necessariamente a forma escrita. Todo poder organizado é constituição em sentido material; (b) Formal: é o quadro normativo escrito, a moldura da Constituição, cujas normas, diferentemente das ordinárias, são de alteração dificultada. É um escrito solene, com valia de superlegalidade. FORMA: (a) Escrita: codificada num diploma único e solenemente entregue pelo povo (ou seus representantes) a si mesmo; (b) Não escrita: é a costumeira, resultante dos usos e costumes do povo. ELABORAÇÃO: (a) Dogmática: concebida como um código supremo, segundo uma estrutura modelar: títulos, capítulos, seções etc; (b) Histórica: resultante de sucessivos diplomas jurídicos, políticos e institucionais de um povo, que se preservam no tempo e se projetam no futuro. ORIGEM: (a) Popular: é a votada e promulgada de acordo com as regras democráticas e elaborada com a participação popular direta ou indireta (Assembléia Nacional Constituinte); (b) Outorgada: imposta de forma autocrática e elaborada sem nenhuma participação popular, salvo nos regimes populistas/cesaristas. ESTABILIDADE: (a) Rígida: para ser reformada depende de um procedimento dificultado,além de conter cláusulas pétreas, inalteráveis; (b) Semi-Rígida: combina rigidez e flexibilidade em um só corpo: algumas normas são de alteração dificultada, outras de alteração ordinária; (c) Flexível: é a de alteração facilitada, como qualquer lei ordinária, ou passível de ser modificada por medidas autocráticas. FINALIDADE: (a) Analítica: busca regular amplamente os assuntos públicos e sociais - diploma casuístico, detalhista; (b) Sintética: fixa e exprime somente os valores e decisões políticas fundamentais. 4 PODER CONSTITUINTE Poder Constituinte Originário: 1º grau: poder de fato / pertence ao povo (i) manifestação direta: revolução/plebiscito/referendo = o povo se apresenta; (ii) manifestação indireta: Assembléia Nacional Constituinte = o povo se representa / poder de criar a constituição: inicial / autônomo / incondicionado. Poder Constituinte Derivado: 2º grau: poder de direito / pertence aos deputados e senadores / poder de reformar a constituição: (i) revisão (ii) emendas (iii) incorporação de tratados internacionais de proteção dos direitos humanos (art. 5º, § 3º) / características: instituído / limitado / condicionado. Poder Constituinte Decorrente: 3º grau: poder de direito / pertence aos deputados estaduais constituintes e deputados estaduais reformadores / poder de criar e reformar as constituições estaduais. Poder Constituinte Municipal: 4º grau: poder de direito / pertence aos vereadores / poder de criar e reformar a lei orgânica dos municípios. Poder Constituinte Difuso: mutação constitucional / poder de direito e de fato / pertence aos juízes, que interpretam/aplicam as normas da C. e ao povo que muda seus usos e costumes, alterando o sentido da C. EFICÁCIA E A PLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: aplicabilidade imediata, direta e integral. Não necessitam de integração infraconstitucional: ex. arts. 5º, § 1º; 21; 230, § 2º. NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: aplicabilidade imediata, mas não integral / podem ser restringidas por leis infraconstitucionais regulamentadoras: ex. arts. 5º, XIII e XV e 170, § único. NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA: aplicabilidade mediata, indireta e reduzida: surtem efeitos não essenciais / dependem de regulamentação infraconstitucional: ex. art. 7º, XI. São variações dessas normas as: Normas de princípio institutivo ( = normas de conteúdo organizativo da Constituição: art. 18, § 3º e 33); Normas de princípio programático ( = normas que definem programas de ação social: art. 205). EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 1 5 O POVO É O TITULAR DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ELE FAZ OU MANDA FAZER A CONSTITUIÇÃO Na democracia, o PODER CONSTITUINTE tem como titular o POVO ou a NAÇÃO. Quem está no poder está em seu nome, como sujeito investido pelo delegante, em porções de competência, definidas pela VONTADE GERAL de maior nível que é a CONSTITUIÇÃO formal. Juridicamente, o POVO autolimita- se por meio da CONSTITUIÇÂO e das leis. A REVOLUÇÃO é uma fonte material, sociológica, pré-constitucional, que vem instaurar CONSTITUIÇÃO ali onde não existia, ou quebrar a existente e substituí- la por nova. LOURIVAL VILANOVA A existência de órgãos não eleitos (vanguarda política) que exercem de jure e de facto o poder, e que atuam interna e externamente em nome do povo (vontade popular ficcionada) através de um mandato tácito. Por exemplo, as leis constitucionais provisórias ditadas pelo poder militar que vigorou em Portugal entre 1974 e 1976 foram legitimadas por uma representação existencial. CARLOS BLANCO DE MORAIS Seguindo essa mesma linha de argumentação, outros exemplos de Constituições Revolucionárias Provisórias podem ser lembrados. No caso do Brasil, o decreto nº 1, de 15/11/1889, que proclamou e decretou provisoriamente como a forma de governo da Nação brasileira a República Federativa e estabeleceu as normas pelas quais se deviam reger os estados da federação. Da “Áustria Alemã”, vale mencionar a resolução de 30/10/1918, sobre as instituições fundamentais do poder do Estado, 6 EXERCÍCIO DIRETO Poder Constituinte Originário REVOLUÇÃO representação existencial o povo se apresenta PLEBISCITO E REFERENDO manifestações diretas da soberania (vontade) popular EXERCÍCIO INDIRETO Poder Constituinte Originário ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE representação eleitoral exclusiva = extraordinária o povo se representa CONGRESSO CONSTITUINTE representação eleitoral ordinária e extraordinária deputados e senadores representam que conferiu todo o poder Legislativo à Assembléia Nacional Provisória e o poder Executivo a um Conselho de Estado. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 2 7 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (= 1º grau) – Preâmbulo da CRFB poder de fato (poder constituinte[supra] não constitucional): cria a Constituição Federal inicial autônomo incondicionado titulares: o povo – constituintes exclusivos – deputados federais e senadores constituintes DERIVADO (= 2º grau) ou PODER REFORMADOR – Arts. 5º, § 3º e 60 da CRFB poder de direito (poder constituinte constitucional): reforma a Constituição Federal: (i) emendas (ii) revisão (iii) incorporação de tratados internacionais sobre direitos humanos instituído * limitado condicionado titulares: deputados federais e senadores com mandato ordinário * LIMITES: (i) temporal (art. 3º, ADCT); (ii) circunstancial (art. 60, § 1º); (iii) formal (art. 60, I, II, III); (iv) procedimental (art. 60, § 2º) e (v) material (art. 60, § 4º = cláusulas pétreas) DECORRENTE (= 3º grau) – Art. 25 da CRFB + art. 11 do ADCT poder de direito (poder constituinte constitucional): cria e reforma as Constituições Estaduais: (i) emendas (ii) revisão instituído limitado condicionado titulares: constituintes estaduais e deputados estaduais MUNICIPAL (= 4º grau) – Art. 29 da CRFB + art. 11, § único do ADCT poder de direito (poder constituinte constitucional): cria e reforma as Leis Orgânicas Municipais: instituído limitado condicionado titulares: vereadores PODER CONSTITUINTE DIFUSO = MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS poder de fato e de direito: interpretação construção judicial variação dos costumes titulares: intérpretes da Constituição, doutrinadores, juízes e o povo Direito e Poder são duas faces da mesma moeda. Uma sociedade bem organizada precisa das duas. Nos lugares onde o Direito é impotente, a sociedade corre o risco de precipitar-se na anarquia; onde o Poder não é controlado, corre o risco oposto, do Despotismo. O modelo ideal do encontro entre Direito e Poder é o Estado Democrático de Direito, isto é, o Estado no qual, através de leis fundamentais, não há poder, do mais alto ao mais baixo, que não esteja submetido a normas, não seja regulado pelo Direito, e no qual, ao mesmo tempo, a legitimidade do sistema de normas como um todo derive em última instância do consenso ativo dos cidadãos. NORBERTO BOBBIO EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR RECEPÇÃO e REPRISTINAÇÃO – VIGÊNCIA, EFICÁCIA, VALIDADE, LEGALIDADE e LEGITIMIDADE – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE = DEFESA DA CONSTITUIÇÃO RECEPÇÃO é o ato pelo qual a nova Constituição acolhe as normas infraconstitucionais com ela compatíveis. No dizer de JOSÉ AFONSO DA SILVA, essas normas recebem um novo “selo” de validade, ou seja, são normas revalidadas pela nova ordem constitucional por não estarem em conflito com ela. Já as normas incompatíveis com a nova Constituição, isto é, não recepcionadas, estarão irremediavelmente revogadas. REPRISTINAÇÃO significa “ressurreição”. Repristinar é o mesmo que ressuscitar uma norma que já havia deixado de existir; significa devolver-lhe vigência retroativamente. Pela lógica da teoria do Poder Constituinte Originário (inicial, autônomoe incondicionado), ao se fazer uma Constituição, a ordem jurídica anterior é “zerada” por inteiro. A nova Constituição é o fundamento monístico da validez e da eficácia do ordenamento jurídico infraconstitucional subsistente, graças ao instituto da Recepção. Por conta dessa característica, não há que se falar em repristinação de normas constitucionais. Toda norma constitucional é norma nova, mesmo que seja reprodução literal de norma constitucional anterior. Contudo, isso não impede de a nova Constituição tratar as situações discrepantes, decorrentes da Constituição que deixou de existir. Para isso existe o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias-ADCT. A REPRISTINAÇÃO, para prestigiar a segurança jurídica, só é admitida excepcionalmente em normas infraconstitucionais, conforme dispõe o art. 2º, § 3º, da LICC: “salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por lei revogadora que tenha perdido a vigência” (repristinação expressa). E aqui é preciso não confundir REPRISTINAÇÃO com efeitos repristinatórios decorrentes da invalidação da norma revogadora (repristinação tácita). Declarada nula uma norma 8 pelo STF, que tenha revogado outra norma, a norma revogada voltará a ter vigência e produzir efeitos (ex tunc), salvo no caso de declaração restringida, conforme disposto no art. 27, da Lei nº 9.868/99. Há controvérsia entre os doutrinadores sobre o significado de VIGÊNCIA, EFICÁCIA, VALIDADE, LEGALIDADE E LEGITIMIDADE. A pré-compreensão dessas palavras em seu sentido normativo é decisiva para um entendimento do sistema de controle de constitucionalidade. VIGÊNCIA: significa “existência” da norma. Uma classificação usual dispõe que ela pode ser: (i) pessoal (a norma se aplica a brasileiros, homens, mulheres, adolescentes, idosos etc); (ii) territorial (o âmbito de abrangência da norma envolve a terra, o mar territorial, o espaço aéreo); (iii) material (a norma dispõe sobre determinados assuntos, matérias, coisas etc); (iv) temporal (o momento em que a norma começa a permitir/obrigar/proibir os seus destinatários [interregno da vacatio legis] até a sua derrogação). EFICÁCIA: significa capacidade de produzir efeitos que são de suas ordens: (i) social (aceitação espontânea e observância real da norma pelos seus destinatários) e (ii) efetividade (cumprimento institucional pelos agentes/aplicação da sanção). LEGALIDADE: significa conformidade com normas superiores. Quando uma lei municipal está em desconformidade com uma lei estadual ou esta com uma lei federal (competência concorrente), temos um problema de ilegalidade (contencioso de legalidade = inconstitucionalidade indireta). O mesmo vale para um decreto em desconformidade com uma lei que ele visa regulamentar. O art. 102, III, d, agora admite o recurso extraordinário quando a decisão recorrida “julgar válida lei local contestada em face de lei federal”, mas nesse caso há um problema de inconstitucionalidade direta, pois se trata de conflito federativo. VALIDADE: significa compatibilidade ou conformidade com a Constituição. Caso uma norma, de qualquer nível, esteja em conflito direto com a Constituição, temos um problema de invalidade (contencioso de constitucionalidade). A ofensa direta à Constituição enseja a inconstitucionalidade da norma incompatível ou desconforme. LEGITIMIDADE: significa conformidade com os princípios universais e superiores de Justiça. A legitimidade da norma pode ser constatada na sua (i) origem (conforme um processo legislativo democrático) e no seu (ii) conteúdo (finalidade justa). EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE = DEFESA DA CONSTITUIÇÃO POR QUE existe o controle de constitucionalidade? Resposta: porque a Constituição (escrita) é uma norma suprema (SUPREMACIA) e rígida (RIGIDEZ). PARA QUE existe o controle de constitucionalidade? 9 Resposta: para assegurar a HIERARQUIA das normas jurídicas, preservar competências e garantir os direitos humanos fundamentais. Em suma, para defender a Constituição. QUEM ameaça a Constituição? Resposta: quem tem competência (agindo ou se omitindo) para legislar e editar atos normativos. COMO se realiza o controle de constitucionalidade? Resposta: verificando a existência de vício FORMAL e/ou de vício MATERIAL nas leis e atos normativos oriundos do poder público. O vício FORMAL é vício de INICIATIVA (competência) na apresentação do Projeto-de-Lei (art. 61, § 1º) e/ou vício na TRAMITAÇÃO do Projeto-de-Lei (art. 65 e segs.). A inconstitucionalidade formal ocorre sempre durante o processo legislativo e pode ser constatada preventivamente (durante a tramitação do PL) ou declarada judicialmente (após a norma já ter entrado no ordenamento jurídico). A inconstitucionalidade formal é sempre TOTAL (é da NORMA). O vício MATERIAL é vício de CONTEÚDO, ou seja, o Projeto-de-Lei, no todo ou em parte, contém dispositivos que contrariam normas (regras e princípios) da Constituição. A inconstitucionalidade material pode ser constatada preventivamente (durante a tramitação do PL) ou declarada judicialmente (após a norma já ter entrado no ordenamento). A inconstitucionalidade material ou é TOTAL ou PARCIAL, (é da NORMA ou na NORMA). COMO se processa o controle de constitucionalidade? Resposta: o controle pode ser (a) POLÍTICO ou (b) JUDICIAL. O controle POLÍTICO é preponderantemente PREVENTIVO, pois evita a entrada de norma inconstitucional no ordenamento jurídico. O controle PREVENTIVO ocorre sempre durante o processo legislativo e é feito pela Comissão de Constituição e Justiça – CCJ (art. 58) ou mediante o VETO do chefe do Poder Executivo (art. 66, §1º). Existem, no entanto, quatro hipóteses excepcionais de controle POLÍTICO REPRESSIVO: 1ª) quando Medida Provisória não é convertida em lei, por ser inconstitucional (art. 62, §5º); 2ª) quando o Poder Legislativo susta os atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (art. 84, IV + 49, V); 3ª) quando o Poder Legislativo susta os atos do Poder Executivo que exorbitem os limites da delegação legislativa (art. 68, §§ + 49, V); 4ª) no caso do Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, X). O controle JUDICIAL é preponderantemente REPRESSIVO e ocorre quando a norma inconstitucional passou incólume pelo controle preventivo e entrou no ordenamento jurídico. Há uma hipótese excepcional de controle JUDICIAL PREVENTIVO: durante o Processo Legislativo o parlamentar (e somente ele) pode impetrar Mandado de Segurança contra ato abusivo do presidente da Mesa que insista na tramitação de PL manifestamente inconstitucional. O controle JUDICIAL REPRESSIVO pode ser feito por dois caminhos: (a) pela via DIFUSA e (b) pela via CONCENTRADA. A via DIFUSA (também denominada via de defesa/via de exceção ou controle in concreto/indireto/incidental/subjetivo/com partes), possibilita a argüição de inconstitucionalidade da norma jurídica em qualquer ação ou processo, por qualquer das partes, inclusive pelo juiz, e perante qualquer juízo ou tribunal. A via CONCENTRADA (também denominada de via de ação/via principal ou controle in 10 abstrato/direto/em tese/objetivo/sem partes) é aquela das ações diretamente propostas no STF (ou nos TJs), que tem competência originária para julgá-las. QUAIS são as ações que efetivam o controle de constitucionalidade pela via CONCENTRADA? Resposta: 1) Ação Direta de Inconstitucionalidade-ADIn: (a) Genérica: inconstitucionalidade positiva = incompatibilidade vertical = agir contra a Constituição (problema de validade); (b) Omissão: inconstitucionalidade negativa = nãoagir como manda a Constituição (problema de eficácia) e (c) Interventiva: finalidade jurídico-política = defesa dos princípios sensíveis = sistema federativo; 2) Ação Declaratória de Constitucionalidade-ADC e 3) Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental-ADPF. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE = DEFESA DA CONSTITUIÇÃO QUAIS são os efeitos da declaração de inconstitucionalidade pela via DIFUSA? Resposta: pela via DIFUSA (características: caso concreto/lide; iniciativa do interessado/interesse subjetivo; abrange lei/ato federal, estadual, distrital e municipal; a argüição de inconstitucionalidade não é objeto central da lide, mas incidente do julgamento principal; o foro é ordinário; o julgamento está sujeito a cláusula de reserva do plenário: art. 97), a declaração de inconstitucionalidade (a) suspende a EFICÁCIA da norma impugnada; (b) gera efeitos inter partes (entre as partes) e ex tunc (retroativos). O Senado Federal, no entanto, tem competência discricionária para suspender a executoriedade (a eficácia), no todo ou em parte, da norma prévia e definitivamente declarada inconstitucional pelo STF. Nesse caso, os efeitos da declaração de inconstitucionalidade pela via DIFUSA passam a ser (c) erga omnes (gerais/para todos) e ex nunc (pro futuro). Editada a Resolução (art. 52, X), o Senado Federal não poderá voltar atrás. No controle pela via DIFUSA, quando da interposição do Recurso Extraordinário (art. 102, III), o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros (art. 102, § 3º). QUAIS são os efeitos da declaração de inconstitucionalidade pela via CONCENTRADA? Resposta: depende do tipo de ação. Os efeitos da ADIn, ADC e ADPF são (em parte) distintos entre si, conforme abaixo. Na ADIn GENÉRICA (características: a mais comum das ações diretas em defesa da Constituição), a declaração (que pode ser total ou parcial) de inconstitucionalidade: (a) retira a VALIDADE (total ou parcial) da norma (federal, estadual ou distrital) impugnada (a norma é nula ab initio, com efeitos ablativos = supressivos); (b) gera efeitos erga omnes (gerais/para todos), ex tunc (retroativos) e repristinatórios (ressuscita norma eventualmente revogada); (c) faz coisa julgada material (impede discutir-se, noutra ação, o que se decidiu); (d) tem efeito vinculante (mandamental) em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (art. 102, § 2º); (e) a decisão é irrecorrível (não cabe ação rescisória). Na medida cautelar os efeitos podem ser: erga omnes, ex nunc ou ex tunc, a juízo do relator ou do plenário. Vide Lei nº 9.868/99. 11 Na ADIn por OMISSÃO (características: combate a mora legislatoris e é dirigida a um poder público omisso, que reluta em tornar efetiva a Constituição, em face de suas normas de eficácia limitada), a declaração de omissão (total ou parcial) inconstitucional: (a) tem efeito vinculante (mandamental) em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da administração pública; (b) o órgão administrativo tem prazo de 30 dias para suprir a omissão; (c) dá ciência, mas não obriga ao Poder Legislativo; (d) gera efeitos erga omnes (gerais/para todos) e ex tunc (retroativos). Não cabe medida cautelar se a omissão for do Poder Legislativo, pois um poder não pode constranger outro poder em sua função típica, consoante o princípio da independência e harmonia entre os poderes (art. 2º). Na ADIn por OMISSÃO, como não há norma a ser defendida, fica dispensada a oitiva do Advogado-Geral da União (art. 103, § 3º). Na ADIn Interventiva (características: pressupõe o desrespeito normativo pelo Estado-membro dos princípios constitucionais sensíveis, cf. art. 34, VII), a declaração de inconstitucionalidade de lei/ato normativo estadual: (a) soluciona conflito entre a União e os Estados-membros (finalidade política); (b) viabiliza a intervenção federal (ato jurídico-político extremo no sistema federativo) no Estado-membro, mediante decreto do Presidente da República. A representAÇÃO INTERVENTIVA é atribuição discricionária do Procurador-Geral da República (arts. 36, III e 129, IV) e competência originária do Supremo Tribunal Federal (art. 36, III). Na ADC (características: pressupõe a existência de comprovada controvérsia judicial sobre a constitucionalidade de lei/ato normativo federal; paralisa os debates decorrentes das interpretações conflitantes; sustenta a validade da lei/ato federal; ação introduzida pela EC nº 3/93), a declaração de constitucionalidade: (a) afasta a insegurança jurídica; (b) evita o controle difuso; (c) soluciona rapidamente as pendências judiciais; (d) tem efeito vinculante (mandamental) e imediato em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da administração pública direta e indireta, federal, estadual, distrital e municipal; (e) é irrecorrível (não cabe ação rescisória); (f) dá ciência ao Poder Legislativo; (f) gera efeitos erga omnes (gerais/para todos) e ex tunc (retroativos). A cautelar tem validade de 180 dias, cf. art. 21, § único, da Lei nº 9.868/99. Na ADPF (características: descumprimento, pelo poder público, que edita ato normativo (lei/ato) desconforme com preceito fundamental; relevante controvérsia sobre ato normativo federal, estadual, distrital e municipal [há polêmica se pode abranger lei municipal]; abrange normas anteriores à Constituição em vigor [há controvérsia]; tem função residual ou subsidiária, pois só é admitida na ausência de outro meio eficaz para sanar o descumprimento; busca evitar [fim preventivo] ou reparar [fim repressivo] lesão a preceito fundamental; foi introduzida pela EC nº 3/93); a declaração: (a) fixa as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental; (b) garante a segurança jurídica e excepcional interesse social; (c) gera efeitos erga omnes (gerais/para todos) e ex tunc (retroativos); (d) tem efeito vinculante (mandamental) relativamente aos demais órgãos do Poder Público; (e) é irrecorrível (não cabe ação rescisória). A cautelar suspende os efeitos das decisões judiciais, salvo se decorrentes de coisa julgada material. Vide Lei nº 9.882/99. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE = DEFESA DA CONSTITUIÇÃO QUEM são os legitimados a efetivar o controle de constitucionalidade? 12 Resposta: depende do tipo de ação e da via escolhida. Pela via DIFUSA a legitimidade é ampla. Pela via CONCENTRADA a legitimidade é expressa, e no caso da ADIn interventiva, exclusiva do PGRepública. QUEM são os legitimados pela via DIFUSA? Resposta: os legitimados podem ser o autor (ação civil, trabalhista, eleitoral), o réu (contestação, reconvenção, exceção), terceiros: assistentes/litisconsortes/opoentes, o Ministério Público, e até mesmo o próprio juiz da causa. A legitimação, portanto, é ampla. O incidente de inconstitucionalidade pode ser levantado tanto no processo de conhecimento (rito ordinário e sumaríssimo), em ação constitutiva, declaratória ou condenatória, no processo de execução (sobretudo nos embargos) e mesmo no processo cautelar; pode também ser levantado no mandado de segurança, hábeas corpus, hábeas data, ação civil pública e na ação popular. QUEM são os legitimados pela via CONCENTRADA? Resposta: no caso das ADIns (genérica e por omissão), da ADC e da ADPF, os legitimados são respectivamente: (a) legitimados UNIVERSAIS (i) o Presidente da República, (ii) a Mesa do Senado Federal, (iii) a Mesa da Câmara dos Deputados, (iv) o Procurador-Geralda República; (v) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, (vi) partido político com representação no Congresso Nacional; (b) legitimados ESPECIAIS (vii) a Mesa da Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, (viii) o Governador do Estado ou do Distrito Federal e (ix) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Os legitimados ESPECIAIS, ao propor as ações diretas, devem demonstrar PERTINÊNCIA TEMÁTICA, vale dizer, relação de pertinência entre o interesse específico do legitimado e o objeto da ação. PECULIARIDADES sobre o controle de constitucionalidade no Brasil: obter dictum são comentários laterais [a latere] que não influem na decisão e não vinculam para fora do processo. ratio decidendi é o fundamento da ação e por isso vincula outros julgamentos. uma perspectiva ampliada do corpus da Constituição permite uma verificação de constitucionalidade mais alargada denominada “bloco de constitucionalidade em sentido amplo”. o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do STF (art. 103, § 1º). o STF pode, pela via DIFUSA (incidentalmente) declarar a inconstitucionalidade de lei/ato normativo federal, estadual, distrital ou municipal, em qualquer feito de sua competência (originária ou recursal ordinária e extraordinária). na ADIn genérica não há lide nem partes (salvo em sentido formal), pois inexiste interesse subjetivo, mas somente interesse em tese na declaração de inconstitucionalidade. somente atos normativos do Poder Público estão sujeitos ao controle de constitucionalidade, posto que normas de natureza privada, quando violam a Constituição, são atos ilícitos (problema de ilegalidade). existe a possibilidade de controle concreto de constitucionalidade de decreto autônomo, mas não de decreto regulamentar. Não se admite ADIns contra regulamentos e atos sem densidade normativa (ilegalidade). 13 inexiste prazo para a propositura da ADIn, pois o vício é imprescritível, e uma vez proposta é insuscetível de desistência (princípio da indisponibilidade de instância). o controle judicial de Medidas Provisórias pode ocorrer em três níveis: (i) controle dos pressupostos da habilitação (relevância e urgência); (ii) controle da matéria veiculada (se não é reservada a outras espécies normativas); (iii) controle de conteúdo (se atende às regras e princípios da Constituição). no Brasil não é possível o controle de constitucionalidade de normas constitucionais originárias (feitas pelo Poder Constituinte Originário), mas é possível o controle de normas derivadas (revisão e emendas, feitas pelo Poder Constituinte Reformador) e de normas das constituições estaduais. tanto o poder do juiz de negar aplicação à lei inconstitucional, quanto a faculdade assegurada ao indivíduo de negar observância à lei inconstitucional demonstram que o constituinte pressupôs a nulidade da lei inconstitucional. tendo em vista o caráter ambivalente ou dúplice das ADIns, as regras aplicáveis a elas são, na sua essência, extensíveis às ADCs.* Vide obras de Clèmerson Merlin Clève e Gilmar Ferreira Mendes. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 3 14 O controle de constitucionalidade decorre SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO RIGIDEZ DA CONSTITUIÇÃO O controle de constitucionalidade garanteHierarquia das normas compatibilidade vertical Direitos Humanos Funda mentai A INCONSTITUCIONALIDADE pode ser tipos de inconstitucionalidade FORMAL MATERIAL vício de forma vício: ▪ competência/iniciativa subjetiva: art. 61, § 1º vício: ▪ elaboração/tramitação objetiva: art. 65 e segs. inconstitucionalidade total vício de conteúdo conflito de lei ou ato normativo x regras e princípios da Constituição inconstitucionalidade total ou parcial Momento do Controle O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE pode ser POLÍTICO Legislativo + Executivo Preventivo = a priori durante o processo legislativo JUDICIAL Juízes + Tribunais Repressivo ou Sucessivo a posteriori a norma está em vigor CCJ – Comissão de Constituição e Justiça VETO – Chefe do Executivo: art. 66, § 1º Obs. Este esquema vale para projetos e leis ordinárias e complementares que obedecem a uma tramitação padrão. Há espécies normativas que não vão à sanção, portanto não têm controle político preventivo. Atos normativos que ingressam diretamente no ordenamento jurídico, a regra é o controle judicial repressivo. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 4 15 EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE (IN) CONSTITUCIONALIDADE VIA DIFUSA ou ABERTA art. 102, III, “b” e “c” via de defesa via de exceção in concreto indireto incidental subjetivo com partes VIA CONCENTRADA via de ação via principal in abstrato direto em tese objetivo sem partes em qualquer ação/processo art. 97: declaração de inconstitucionalidade pela maioria absoluta do Tribunal ou (da totalidade) do Órgão Especial (cláusula de reserva de Plenário) art. 102, III: recurso extraordinário (repercussão geral = sempre que o RE impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal I. ADIn 1. Genérica: art. 102, I, a 2. Omissão: art. 103, § 2º 3. Interventiva: arts. 34, VII; 36, III e 129, IV. II. ADC ou ADECON art. 102, I, a III. ADPF art. 102, § 1º EXCEÇÕES Controle Político Repressivo veto (decreto) legislativo arts. 84, IV e 68, caput, §§ + 49, V art. 62, § 5º - Medida Provisória não convertida em lei EXCEÇÕES Controle Judicial Preventivo Mandado de Segurança impetrado por parlamentar contra ato do presidente da mesa que conduz projeto manifestamente inconstitucional Ex: PEC abolindo cláusulas pétreas Mandado de Injunção instrumento de controle (defesa de direito subjetivo) de inconstitucionalidade por omissão. arts. 5º, LXXI; 102, I, q; 105, I, h; 121, § 4º, V Resolução do Senado Federal art. 52, X Presença: 8 ministros do STF Manifestação de pelo menos 6. O STF firmou orientação que torna imprescindível a comprovação liminar, pelo autor da ADC, da ocorrência, em proporções relevantes, de dissídio judicial, cuja existência – precisamente em torno do antagonismo interpretativo que dele resulta – faça instaurar, ante a elevada incidência de decisões que consagram teses conflitantes, verdadeiro estado de insegurança jurídica, capaz de gerar um cenário de perplexidade social e de provocar a grave incerteza quanto à validade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal – Ministro CELSO DE MELLO – DJU de 12-8-1999. [...] A ausência de lei (vacuum juris), que constitui o necessário instrumento normativo de integração, não pode ser suprida por outro ato estatal qualquer, especialmente um provimento de caráter jurisdicional, ainda que emanado desta Corte. O reconhecimento dessa possibilidade implicaria transformar o STF, no plano do controle concentrado de constitucionalidade, em legislador positivo, condição que ele próprio se tem recusado a exercer. O STF, ao exercer em abstrato a tutela jurisdicional do direito objetivo positivado na Constituição da República, atua como verdadeiro legislador negativo, pois a declaração de inconstitucionalidade em tese encerra, em se tratando de atos (e não de omissões) inconstitucionais, um juízo de exclusão, que consiste em remover, do ordenamento positivo, a manifestação estatal inválida e desconforme ao modelo 16 erga omnes inter partes ex tunc ex nunc ADIn genérica ADIn omissão ADIn interventiva ADC ADPF VIA difusa VIA concentrada retira a validade suspende a eficácia (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) (+) na cautelar no art. 27* na cautelar no art.27* na cautelar no art. 11* (+) Art. 52, XCRFB (+) (+) Art. 52, X CRFB * Art. 27 da Lei nº 9.868/99 – Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros (8 ministros), restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado (declaração inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade). * Art. 11 da Lei nº 9.882/99 – idem (supra). Trata-se de eficácia prospectiva e diferida dos efeitos da declaração. ** Efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, municipal e distrital. A súmula vinculante não tem efeito erga omnes. Lei nº 9.868/99: art. 10 – salvo no período de recesso, a medida cautelar na ADIn será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros (6 ministros) do Tribunal (presentes, no mínimo, 8 Ministros); art. 21 – o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros (6 ministros), poderá deferir pedido de medida cautelar na ADC. Lei nº 9.882/99: art. 5º - o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na ADPF; § 1º - em caso de extrema urgência ou perigo de grave lesão, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno (11 ministros). Art. 102, § 2º - As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ADIns, ADCs [ADPFs], produzirão eficácia contra todos (erga omnes) e efeitos vinculantes relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário [do Poder Legis. na função atípica] e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. jurídico-normativo consubstanciado na Carta Política [...]. A suspensão liminar de eficácia de atos normativos, questionados em sede de controle concentrado, não se revela compatível com a natureza e a finalidade da ADIn por omissão, eis que, nesta, a única conseqüência político-jurídica possível traduz-se na mera comunicação formal, ao órgão estatal inadimplente, de que está em mora constitucional. Ministro CELSO DE MELLO – RTJ 161/739. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 5 17 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Guardião da CRFB [art. 102, I, “a”] Guardião da CFB VIA DIFUSA Qualquer Lide Qualquer das Partes na Lide Juiz Singular Tribunal de Justiça Poderá suscitar o controle incidental de constitucionalidade de qualquer Lei ou Ato normativo Federal-Estadual-Municipal-Distrital em conflito com a CRFB Superior Tribunal de Justiça Recurso Extraordinário VIA CONCENTRADA ADIn declarar a inconstitucionalidade por ação ou omissão (i) Ação Genérica: contra ou Lei* ou Ato normativo Federal, Estadual e Distrital (ii) Omissão: declarar a omissão ou manda fazer a Lei* ou Ato normativo Federal, Estadual e Distrital (iii) Interventiva: assegurar princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII) * Lei em sentido amplo: Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Delegada, Lei Ordinária e Medida Provisória [decreto legislativo, resoluções etc.] ADC ou ADECON declarar a constitucionalidade de Lei ou Ato normativo Federal em face das decisões divergentes dos Tribunais ADPF argüir a inconstitucionalidade de Lei ou Ato normativo Federal, Estadual, Municipal e Distrital, por serem incompatíveis com preceitos fundamentais. * cabe ADPF contra normas anteriores à Constituição em vigor [matéria controvertida] EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 6 18 A CONSTITUIÇÃO [em sentido material] É O ESTATUTO estatuto do poder político (do governante) e o estatuto da sociedade em face desse mesmo poder (do governado) Preâmbulo e Título I ESTATUTO DO PODER POLÍTICO harmonia e independência entre os poderes = controles recíprocos ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO Esferas: Pública (Estado) Privada (indivíduo) Coletiva (sociedade) ESTATUTO DA SOCIEDADE proteção contra o Governo e proteção pelo Governo liberdade segurança bem-estar igualdade desenvolvimento justiça Da Organização do Estado Título III Da Organização do Poder Título IV Da Defesa do Estado Título V REPÚBLICA FEDERATIVA União Estados-membros Distrito Federal Municípios LEGISLATIVO Congresso Câmara e Senado Processo Legislativo Fiscalização Estado Defesa Estado Sítio Tributação Orçamento Título VI DIREITOS positivos e negativos GARANTIAS limites ao poder DIREITOS - DEVERES Título II Individuais e Coletivos Sociais eTrabalhistas Nacionalidade Políticos Direito Petição Hábeas Corpus Títulos II e VIII TRIBUNAL JUSTIÇA Guardião da Constituição Estadual [125, § 2º da CF e 74, VI e 90 da CESP] VIA CONCENTRADA ADIn declarar a inconstitucionalidade por (i) ação ou (ii) omissão em face da Constituição Estadual (i) Ação Genérica: contra Lei* ou Ato normativo Estadual e Municipal (ii) Omissão: ausência de Lei* ou Ato normativo Estadual e Municipal (iii) Interventiva: assegurar os princípios constitucionais sensíveis * Lei em sentido amplo: Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Ordinária e Medida Provisória, se existir na Constituição Estadual VIA DIFUSA Qualquer Lide Qualquer das Partes na Lide Perante o Juiz singular Poderá suscitar o controle incidental [incidenter tantum] de constitucionalidade de qualquer Lei ou Ato normativo Estadual e Municipal em conflito com a Constituição Estadual APELAÇÃO EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE NACIONALIDADE – DIREITOS POLÍTICOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS [arts. 1º ao 4º] são os princípios que servem de fundamento, de alicerce à Constituição. São os princípios básicos, essenciais, necessários, sem os quais inexiste a Constituição. Estão arrolados (não taxativamente) no Título I (arts. 1º ao 4º) da CRFB. São eles: 19 INTERVENÇÃO Administração pública SERVIDORES PÚBLICOS Regiões EXECUTIVO Presidência da República JUDICIÁRIO Tribunais Ordem Econômica Financeira Título VII Funções essenciais à Justiça ORDEM SOCIAL Título VIII Seguridade/Saúde Previdência Assistência Social Educação/Cultura Ciência/Tecnologia Comunicação Social Meio Ambiente Família/Índios Hábeas Data Mandado de Segurança Mandado de Injunção Ação Popular Ação Civil Pública O PODER é autoridade e é serviço. O PODER – repartido juridicamente por órgãos e agentes do Estado – toma a configuração de um CONJUNTO DE COMPETÊNCIAS ou poderes constituídos. Jorge Miranda CONSTITUIÇÃO - 1988 ESTATUTO ADMINISTRATIVOESTATUTO POLÍTICO-SOCIAL REPÚBLICA FEDERATIVA PRESIDENCIALISTA ESTADO DEMOCRÁTICO Legislativo - Executivo - Judiciário DIREITOS E GARANTIAS REPARTIÇÃO – DISTRIBUIÇÃO COMPETÊNCIAS União-Estados-DF-Muncípios ÓRGÃOS PÚBLICOS AGENTES PÚBLICOS RENDAS divisão espacial do poder PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS da República Federativa do Brasil (art. 1º), formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, e constitui-se em Estado Democrático de Direito: FUNDAMENTOS GERAIS: (i) soberania (nacional) ; (ii) cidadania; (iii) dignidade da pessoa humana (meta-regra); (iv) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (v) pluralismo político; SOBERANIA POLÍTICA: (§ único) todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente; INDEPENDÊNCIA E HARMONIA ENTRE OS PODERES (art. 2º) Legislativo, Executivo e Judiciário. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS da República Federativa do Brasil: (i) construir um sociedade livre, justa e solidária; (ii) garantir o desenvolvimento nacional; (iii) erradicar a pobreza e a marginalização (exclusão social) e reduzir as desigualdades sociaise regionais; (iv) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. PRINCÍPIOS DE REGÊNCIA da República Federativa do Brasil nas suas RELAÇÕES INTERNACIONAIS: (i) independência nacional (soberania); (ii) prevalência dos direitos humanos (regra supra-positiva); (iii) autodeterminação dos povos; (iv) não- intervenção (nos assuntos internos dos Estados); (v) igualdade entre os Estados; (vi) defesa da paz; (vii) solução pacífica dos conflitos (entre Estados); (viii) repúdio ao terrorismo e ao racismo; (ix) cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; (x) concessão de asilo político (aos refugiados e acusados de crimes de opinião ou dissidência política). DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS são vigas mestras da Constituição. Os direitos são declarados ou instituídos (expressos ou implícitos) e as garantias são instrumentos (remédios) assecuratórios desses direitos. Os direitos (e deveres) podem ser: (i) individuais e coletivos: art. 5º; (ii) sociais: arts. 6º a 11, e 193 a 232; (iii) de nacionalidade: arts. 12 e 13; (iv) políticos: arts. 14 a 16; e (v) partidários: art. 17. HISTÓRIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS tem como principais documentos: (i) Magna Carta Libertatum = Carta do João Sem Terra (1215); (ii) Habeas-Corpus Act da Inglaterra (1679); (iii) Bill of Rights Inglês (1689); (iv) Declaração de Independência Americana (1776); (v) Constituição da Filadélfia (1787) + 10 primeiras Emendas (1791) – Bill of Rights dos EUA; (vi) Declaração [francesa] dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789); (vii) Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU (1948). EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS é a aceitação desses direitos e sua capacidade de produzir efeitos: (i) eficácia vertical (em relação aos poderes públicos = direitos frente ao Estado: de abstenção diante das liberdades [non facere] e de ação normativa e fática estatal [facere]: efetivação de direitos econômicos, sociais, ambientais, etc); (ii) eficácia horizontal (nas relações entre particulares) = capacidade de conformar as relações privadas = condicionar a autonomia privada. 20 FASES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS são as diferentes eras dos direitos humanos. São elas: (i) direitos de 1ª Geração (civis e políticos): cidadania política = direitos de defesa contra o Estado: non facere do Estado (fortalecimento do Legislativo e do Judiciário); (ii) direitos de 2ª Geração (econômicos e sociais): cidadania material = igualdade econômica: facere e dare (atuação positiva e intervencionista do Estado); (iii) direitos de 3ª Geração: cidadania pós-material = direitos difusos (atuação do Estado e da Sociedade Civil, ex. art. 225); (iv) direitos de 4ª Geração: informática, biodireito, direito espacial etc. (atuação da sociedade, do Estado e das Nações/organizações internacionais). Na classificação de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, são três as eras dos direitos humanos: (i) LIBERDADE – ou de 1ª Geração: direitos subjetivos; (ii) IGUALDADE – ou de 2ª Geração: direitos objetivos; e (iii) FRATERNIDADE – ou de 3ª Geração: concretização dos direitos subjetivos e objetivos. São características dos direitos fundamentais: (i) imanência (ou contingência ?); (ii) inalienabilidade; (iii) imprescritibilidade; e (iv) irrenunciabilidade. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE NACIONALIDADE – DIREITOS POLÍTICOS PRINCÍPIOS CONFORMADORES DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS PRINCÍPIO DA IGUALDADE ou ISONOMIA significa que todos são iguais (a) NA lei = igualdade abstrata (legislação); (b) PERANTE a lei = proibição de tratamento seletivo (aplicação isonômica). REGRA GERAL: aos iguais tratamento igual, aos desiguais tratamento desigual. DISCRIMINAÇÃO POSITIVA e AÇÕES AFIRMATIVAS: são meios para alcançar a igualdade de fato (ex. cotas para deficientes, art. 37, VIII). A Constituição registra uma infinidade de variações do PRINCÍPIO DA IGUALDADE: (i) igualdade política: 1 cidadão = a 1 voto (one man one vote); (ii) igualdade econômica: justiça social (equality of oportunity); (iii) igualdade entre sexos (art. 5º, I); (iv) igualdade tributária (art. 150, II) etc. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (# < Princípio da juridicidade) comporta duas variações básicas: (i) IMPÉRIO DA LEI = submissão (respeito) à lei: art. 5º, II; (ii) RESERVA LEGAL = nos termos da lei: art. 5º, XXXIX. A Constituição reza: (a) a lei disporá = reserva absoluta; (b) na forma da lei = reserva relativa; (c) matéria reservada a lei complementar ou ordinária = reserva quanto à espécie normativa. Diferença entre os destinatários: (i) poder público: só faz o que a lei autoriza = limites à atuação governativa (art. 37, caput); (ii) particular: só não faz o que a lei proíbe = autonomia da vontade (art. 5º, II). DIREITOS INDIVIDUAIS [art. 5º] são invioláveis e assegurados aos brasileiros e estrangeiros: 21 (a) direito à vida; (b) à liberdade; (c) à igualdade; (d) à segurança; e (e) à propriedade, nos seguintes termos: [caput] o direto à vida implica a proibição da eutanásia, do aborto (exceção: aborto legal) e da pena de morte (exceção: em caso de guerra). [VI] liberdade de: (i) consciência (status libertatis) e de (ii) crença (direito de crer e não crer); de (iii) culto (direito de ter templos e celebrar liturgias). [VIII] escusa ( = desculpa) de consciência é um direito (liberdade de crença religiosa, convicção filosófica ou política), mas não pode ser invocado para eximir- se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei (vide art. 143). [X] são invioláveis o direito: (i) a intimidade (= espaço impenetrável da pessoa = foro íntimo), (ii) a vida privada (privacidade = ocultar ao público), (iii) a honra e a (iv) imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. [XI e 139, V] a casa (= domicílio + escritório, oficina, edícula, garagem etc) é asilo inviolável, nela só podendo entrar, sem consentimento do morador: (3x4) (a) durante a noite, nos casos de: (i) desastre, (ii) prestar socorro e (iii) flagrante delito; (b) durante o dia, nos casos de: (i) desastre, (ii) prestar socorro, (iii) flagrante delito e (iv) ordem judicial. [XII; 58, § 3º; 136, § 1º e 139, III] inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados, e das comunicações telefônicas (nenhum desses direitos é absoluto, e não podem ser invocados para proteger atos ilícitos), salvo por ordem judicial e na forma da lei. [XVI; restrições ao direito de reunião: 136, § 1º, a e 139, IV] requisitos do direito de reunião: (i) reunião pacífica; (ii) sem armas; (iii) locais abertos ao público; (iv) independente de autorização; (v) prévio aviso à autoridade; (vi) finalidade lícita; (vii) tempo definido. [XXXI] critérios para a sucessão de bens de estrangeiros situados no País: (i) jus patriae: o de cujus era domiciliado no Brasil, por isso aplica-se a lei brasileira, salvo se a lei de seu País de origem for mais favorável ao cônjuge supérstite ou a seus descendentes; (ii) fórum rei sitae: o de cujus era domiciliado no exterior, neste caso aplica-se a lei estrangeira, salvo se a lei brasileira for mais favorável ao cônjuge supérstite ou a seus descendentes. [XXXVI] nem a lei prejudicará (i) direito adquirido; (ii) ato jurídico perfeito (o ato já consumado segundo a lei ao tempo em que se efetuou: art. 6º, § 1º, LICC) e (iii) coisa julgada (a) formal: quando não mais se pode discutir NO processo que se decidiu; (b) material: impede de discutir-se, NOUTRO processo, o que se decidiu. [XXXVIII] é reconhecida ainstituição (tribunal) do júri, ficando assegurados: (a) plenitude de defesa; (b) sigilo das votações; (c) soberania dos veredictos; (d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida (salvo quando o acusado tiver prerrogativa de foro). EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR 22 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE NACIONALIDADE – DIREITOS POLÍTICOS [XXXV] INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO = direito público subjetivo, genérico, abstrato e incondicionado. Princípio do direito de ação: tutela jurisdicional adequada. RESERVA DE JURISDIÇÃO é o princípio constitucional pelo qual, em determinadas situações, é imprescindível a ordem judicial para fazer ou deixar de fazer alguma coisa, sem configurar um ilícito. [XXXVII e LIII] JUIZ NATURAL = proibição de tribunais de exceção. Este princípio aplica-se indistintamente ao processo civil, penal e administrativo. Vide art. 109, § 5º (exceção ?). [XLV] PESSOALIDADE – INCONSTRANGIBILIDADE – INTRANSMISSIBILIDADE DA PENA = nenhuma pena passará da pessoa do condenado. [XLVI] INDIVIDUALIZAÇAO DA PENA = juízo individual (antecedentes, conduta, personalidade do agente, circunstâncias, conseqüências do crime – art. 59, CP) da culpabilidade do agente. Penas: entre as seguintes: (a) privação ou restrição da liberdade; (b) perda de bens; (c) multa; (d) prestação social alternativa; (e) suspensão ou interdição de direitos. [XLVII] PROIBIÇÃO DA PENA = não haverá penas: (a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; (b) caráter perpétuo; (c) trabalhos forçados; (d) banimento; (e) cruéis. [XLIX] DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA = é assegurado ao preso o respeito à integridade física e moral. [LI e LII] NÃO-EXTRADIÇÃO (passiva = Brasil é o Estado requerido) para brasileiro nato. O brasileiro nato está sujeito à extradição ativa, isto é, quando o Brasil é o Estado solicitante. DIREITO DE ASILO para estrangeiros acusados de crime político + crime comum a este conexo e de opinião. [LIII e LIV] DEVIDO PROCESSO LEGAL (due process of law) = (i) previa citação; (ii) juiz imparcial; (iii) testemunhas e reperguntas; (iv) contraditório (audiatur et altera pars); (v) defesa técnica; (vi) igualdade entre as partes; (vii) exclusão de provas ilícitas; (viii) não auto-incriminação (nemo tenetur se detegere); (ix) publicidade. [LVII] PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA = até prova em contrário: (i) juris tantum (presunção legal que prevalece até prova em contrário; (ii) juris et de jure (estabelecida por lei como verdade = não admitindo prova em contrário); e (iii) in dubio pro reo (instrumento processual assecuratório da presunção constitucional). [LXI] LIBERDADE (status libertatis) ninguém será preso senão em: (i) flagrante delito ou (ii) por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definido em lei. ESPÉCIES DE PRISÕES: (i) PENAIS = decorrentes de infração penal, após o trânsito em julgado de sentença condenatória; (ii) PROCESSUAIS = (a) temporárias (Lei nº 6.850/89); (b) em flagrante delito (arts. 301 a 310, do CPP); (c) pronúncia (arts. 282 e408, § 1º, do CPP) e (d) resultante de sentença condenatória recorrível (art. 393, I, do CPP); (iii) ADMINISTRATIVAS: Súmula 280 do STJ 23 entendeu que os incisos LXI e LXVII, do art. 5º da Constituição Federal, revogaram esse tipo de prisão; (iv) CIVIS: (a) inadimplemento voluntário e inescusável de dívida de alimentos e (b) depositário infiel; (v) DISCIPLINAR = nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar. EXCLUSÃO DE ESTRANGEIROS do território nacional: (i) DEPORTAÇÃO = estrangeiro que entra irregularmente no Brasil ou cuja entrada tenha se tornado irregular: (a) fim do prazo de permanência e (b) turista exercendo atividade remunerada; (ii) EXPULSÃO = estrangeiro condenado por um ou mais crimes previstos no art. 68, da Lei nº 6.815/80 (crimes contra a segurança nacional, a economia popular, moralidade, saúde pública) ou por conduta nociva à convivência e interesses nacionais. Requisitos: (a) inquérito no Ministério da Justiça e (b) Presidente da República decide sobre conveniência e oportunidade. Não cabe expulsão: (a) se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira; (b) se o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro (casamento superior a de 5 anos); (c) se o estrangeiro tiver filho brasileiro; (iii) EXTRADIÇÃO = agente comete delito em seu país e refugia-se em outro, onde é capturado: (a) NÃO- EXTRADIÇÃO = brasileiro nato (entre outras hipóteses) e (b) EXTRADIÇÃO DE BRASILEIRO NATURALIZADO: (1) crime praticado antes da naturalização e (2) envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE NACIONALIDADE – DIREITOS POLÍTICOS GARANTIAS FUNDAMENTAIS são os instrumentos, entre eles os chamados “remédios” constitucionais, para a efetivação dos direitos fundamentais. DIREITO DE PETIÇÃO [art. 5º, XXXIV, a] = direito político de invocar a atenção dos poderes públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder: (i) queixa às autoridades constituídas; (ii) manifestação de espírito público e da liberdade de opinião; (iii) direito de participação política na vida comunitária, que não se confunde com o direito de ação. Origem: bill of rights da Inglaterra (1689). Titularidade (legitimidade): qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira. HABEAS CORPUS [art. 5º, LXVIII] = ação constitucional penal (gratuita) para (i) evitar (HC preventivo) ou (ii) cessar (HC repressivo ou liberatório) violência ou coação na liberdade de ir e vir, por ilegalidade ou abuso de poder. Origem: habeas corpus act da Inglaterra (1679); Código de Processo Criminal brasileiro (1832); Constituição brasileira de 1891; arts. 647 a 667 do CPP. Titularidade (legitimidade): (a) ativa: qualquer do povo = pessoa física (jurídica ?), nacional ou estrangeira; (b) passiva: autoridade pública ou particular. MANDADO DE SEGURANÇA [art. 5º, LXIX] = ação constitucional civil para proteger direito líquido e certo (fato certo = demonstrado a priori), não amparado por HC ou HD (tem natureza subsidiária), (i) por ato ilegal ou abusivo de autoridade ou agente público. O prazo é de 120 dias (decadencial), cf. art. 18, da Lei nº 1.533/51. Origem: 24 Constituição brasileira de 1934 – criação do direito pátrio. Titularidade (legitimidade): (a) ativa: pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira (= impetrante); (b) passiva: quem irá suportar o ônus (impetrado) e a autoridade coatora (informante = agente da administração direta e indireta, inclusive concessionárias). MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO [art. 5º, LXX] = ação constitucional civil para assegurar (direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade ou agente público) aos partidos políticos, sindicatos, entidades de classe ou associações (legalmente constituídas e existentes há mais de um ano) a defesa dos interesses (direitos coletivos) dos seus representados. Origem: Constituição brasileira de 1988. Titularidade (legitimidade): (a) ativa: partidos políticos, entidades de classe ou associações coletivas (= impetrante); (b) passiva: autoridades ou agentes públicos (impetrado). MANDADO DE INJUNÇÃO [art. 5º, LXXI] = ação constitucional civil para viabilizar (efetivar) o exercício dos (i) direitos, liberdade e prerrogativas constitucionais e dos (ii) direitos inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania(=defesa de direito subjetivo) diante da omissão normativa (vacum juris). Só se refere à omissão normativa de norma constitucional de eficácia limitada e restrita (princípio da efetividade da Constituição). Origem: Constituição brasileira de 1988. Titularidade (legitimidade): (a) ativa: qualquer pessoa física ou jurídica (= mandado de injunção coletivo); (b) passiva: pessoas (órgãos) públicas com competência normativa (Congresso Nacional, Presidente da República, STF, etc.). Efeitos: declara inviabilizados direitos pela demora do Poder Legislativo ou do órgão normativo em legislar: (i) posição não concretista (majoritária): o julgador não pode obrigar o legislador a legislar (independência e harmonia entre os poderes = chek and balance = freios e contrapesos); (ii) posição concretista (minoritária): o julgador fixa um prazo para o legislador elaborar a norma, prosseguindo a omissão ele concretiza a solução (sentença individual). EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE NACIONALIDADE – DIREITOS POLÍTICOS HABEAS DATA [art. 5º, LXXII] = ação constitucional civil (sumária e gratuita) destinada a: (i) assegurar o conhecimento de informações relativas a pessoa do impetrante, constante de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; (ii) retificar dados obsoletos ou discriminatórios. Origem: Constituição 25 MANDADO DE INJUNÇÃO tutela direito subjetivo (controle concreto) viabiliza o exercício de direitos e liberdades declara direitos (efeitos inter partes) competência concentrada em tribunais superiores legitimados: qualquer pessoa física ou jurídica ADIn por OMISSÃO tutela direito objetivo (controle abstrato) torna efetiva norma constitucional (> abrangência) declara a omissão (efeitos erga omnes) competência concentrada no STF e nos TJs DIFERENÇAS brasileira de 1988 (vide Lei nº 9.507/97). Titularidade (legitimidade): (a) ativa: qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira (impetrante); (b) passiva: entidades estatais ou privadas (impetrado). AÇÃO POPULAR [art. 5º, LXXIII] = ação constitucional civil (exercício da soberania popular) que visa anular: (i) ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; (ii) ato lesivo à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Titularidade: (a) ativa: (autor) somente cidadãos (eleitores = titulares de direitos políticos: brasileiros natos e naturalizados e portugueses equiparados); (b) passiva (réu) administração pública direta, indireta, fundacional, seus servidores e demais beneficiários do ato lesivo. Efeitos: descontitutivo e condenatório. Salvo comprovada má-fé, o autor da ação ficará isento do pagamento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. LIMINAR = medida que precede o objetivo da ação principal. Requisitos: (i) periculum in mora (perigo na demora) = probabilidade de dano imediato e irreparável; (ii) fumus boni iuris (fumaça do bom direito) plausibilidade jurídica da ação. Presentes os requisitos o juiz fica obrigado a concedê-la. Efeitos: imediatos e imperativos para não colocar em risco direito líquido e certo. Não cabe liminar: (i) mandado de injunção e (ii) ADIn por omissão. DIREITOS COLETIVOS E SOCIAIS [arts. 5º, 6º até 11, e 193 até 230] = são direitos da coletividade e da sociedade: (i) liberdade de reunião; (ii) representação de filiados; (iii) receber informação de interesse coletivo; (iv) direitos do trabalhador: de greve, de sindicalização; (v) seguridade social: saúde, previdência e assistência social; (vi) moradia; (vii) educação; (viii) cultura; (ix) desporto; (x) ciência e tecnologia; (xi) comunicação social; (xii) meio ambiente; (xiii) família: criança, adolescente, idoso. DIREITOS DE NACIONALIDADE = são os direitos (atribuição estatal) inerentes aos brasileiros. 26 NACIONALIDADE ORIGINÁRIA (primária) (brasileiro nato) (i) ius solis ( I , a) (ii) ius sanguinis + função ( I, b) (iii) ius sanguinis + registro em repartição competente ou + residência + opção ( I, c) NACIONALIDADE ADQUIRIDA (secundária) (brasileiro naturalizado) (i) na forma da lei: estatuto estrangeiro ( II, a) (ii) para estrangeiros de língua portuguesa: 1 ano de residência + idoneidade moral ( II, a) (iii) extraordinária: 15 anos de residência no país, sem condenação penal + requerimento ( II, b) (I) CANCELAMENTO NATURALIZAÇÃO * só atinge brasileiros naturalizados requisito: sentença judicial transitada em julgado em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (II) AQUISIÇÃO DE OUTRA NACIONALIDADE (renúncia à nacionalidade brasileira) naturalização voluntária * alcança brasileiros natos e naturalizados EXCEÇÕES (Art. 12, § 4º, II, alíneas a e b): (i) nacionalidade outorgada por lei estrangeira (ii) imposição de naturalização para: permanência no exterior exercício dos direitos civis. NACIONALIDADE PERDA Art. 12, § 4º, I e II AQUISIÇÃO Art. 12, I e II. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ESQUEMA EXPLICATIVO – 7 EXCLUSÃO DE ESTRANGEIRO DO TERRITÓRIO NACIONAL 27 Art. 12, § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição: (i) extradição só de brasileiros naturalizados (art. 5º, LI); (ii) cargos públicos privativos de brasileiros natos (art. 12, § 3º); (iii) funções públicas privativas de brasileiros natos (art. 89, VII) e (iv) propriedade de empresa jornalística, e de radiodifusão sonora e de sons e imagens (art. 222). DEPORTAÇÃO Estrangeiro que entra irregularmente no Brasil; ou Estrangeiro cuja entrada tenha se tornado irregular por dois motivos: (i) fim do prazo (visto) de permanência; (ii) turista exercendo atividade remunerada. EXPULSÃO Estrangeiro condenado por um ou mais crimes previstos no art. 68, da Lei 6.815/80: crimes contra a segurança nacional, a economia popular, moralidade, saúde pública, Estrangeiro cuja conduta seja nociva à convivência e interesses nacionais. Requisito: inquérito no Ministério da Justiça. Presidente República decide sobre conveniência e oportunidade. Não cabe expulsão: (i) Se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira; (ii) Se o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro (casamento superior a 5 anos); (iii) Se o estrangeiro tiver filho brasileiro. * Em princípio, o estrangeiro expulso não pode retornar ao Brasil. EXTRADIÇÃO Estrangeiro (agente) comete delito em seu país e refugia-se em outro, onde é capturado. Extradição passiva: BRASIL = Estado requerido Extradição ativa: BRASIL = Estado requerente * Na extradição ativa o brasileiro nato pode ser extraditado do estrangeiro. Hipóteses de extradição de brasileiro naturalizado – art. 5º, LI: (i) se o crime for praticado antes naturalização (ii) se houver envolvimento com o tráfico ilícito de entorpecentes (neste caso a qualquer tempo) Hipóteses de não extradição: (i) se o extraditando for brasileiro nato (extradição passiva) (ii) se o estrangeiro for acusado de crime político + crime comum conexo ou delito de opinião (art. 5º, LII); (iii) se o fato não for crime no Brasil ou no Estado requerente; (iv) se a Justiça brasileira for competente, segundo as leis brasileiras, para julgar o crime imputado ao extraditando; (v) se a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão = ou < 1 ano; (vi) se o estrangeiro já estiver respondendo a processo ou já tiver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; (vii) se estiver extinta a punibilidade pela prescrição,segundo a lei brasileira ou do Estado requerente; (viii) se o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou juízo de exceção (ou incorrer em penas proibidas no Brasil). Matéria disciplinada: a) Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) b) Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal c) Constituição Federal (art. 5°, LI e LII) d) Tratados sujeita ao controle judicial do STF, art. 102, I, “g”. EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DIREITOS SOCIAIS – DIREITOS DE NACIONALIDADE – DIREITOS POLÍTICOS DOS DIREITOS POLÍTICOS [arts. 14 a 16] = são os direitos de cidadania política = direito de votar e de ser votado. SOBERANIA POPULAR: (i) plebiscito (consulta prévia para aprovar ou denegar sobre matéria [ato legislativo ou administrativo] a ser discutida pelo Congresso Nacional = competência exclusiva, cf. art. 49, XV); (ii) referendo (consulta posterior sobre ato legislativo ou administrativo para ratificá-lo ou rejeitá-lo); (iii) iniciativa [legislativa] popular, cf. art. 61, § 2º; (iv) ação popular. Vide Lei nº 9.709/98. SUFRÁGIO UNIVERSAL = direito de votar. VOTO (direto, secreto e igual) = exercício do sufrágio. ESCRUTÍNIO = forma de votar: (i) voto público ou secreto; (ii) direto ou indireto e (iii) obrigatório ou facultativo. INALISTÁVEIS: (i) os estrangeiros; (ii) os conscritos, durante o serviço militar obrigatório. 28 Se o pedido de extradição for baseado em: Tratado de extradição, ele é irrecusável, salvo as hipóteses de não- extradição. Reciprocidade, ele pode ser recusado (é facultativo) por ausência de tratado. ELEGIBILIDADE (requisitos): (i) nacionalidade brasileira (ou portuguesa); (ii) pleno exercício dos direitos políticos; (iii) alistamento eleitoral; (iv) domicílio eleitoral na circunscrição; (v) filiação partidária; (vi) idade mínima: (a) Presidente, Vice-Presidente e Senador = 35 anos; (b) Governador, Vice-Governador do Estado e do Distrito Federal = 30 anos; (c) Deputados, Prefeitos, Vice-Prefeitos e Juiz de Paz (vide art. 30, ADCT) = 21 anos; (d) vereadores = 18 anos. INELEGIBILIDADE: (i) absoluta: (a) os inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e (b) os analfabetos; (ii) relativa: (a) o cônjuge e os parentes (inelegibilidade reflexa) até segundo grau do Presidente da República, Governadores (Estados, Distrito Federal e Territórios) e Prefeitos; (b) outros casos definidos em lei complementar; (c) o militar em serviço ativo, por estar proibido de filiar-se a partido político (art. 142, § 3º, V); (d) aqueles que ainda não completaram 35 anos e atingiram a cidadania plena (direito de ser votado para todos os cargos políticos). SISTEMAS ELEITORAIS: (i) majoritários absoluto: 50% + 1 voto – votos brancos e nulos; (ii) majoritário relativo: aquele que tiver mais votos; (iii) proporcional: quociente eleitoral + quociente partidário + sobras (art. 109, Código Eleitoral). PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS [art. 15] = a regra geral é a vedação da cassação dos direitos políticos. PERDA (é definitiva): (i) cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (inciso I); (ii) aquisição de outra nacionalidade (art. 12, § 4º, II); (iii) recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (há divergência doutrinária), nos termos do art. 5º, VIII (inciso IV). SUSPENÇÃO (temporária): (i) incapacidade civil absoluta = interditos (inciso II) e C. Civil arts. 1767 a 1783; (ii) condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (inciso III) = o preso não pode votar nem ser votado; (iii) improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º (inciso V). PARTIDOS POLÍTICOS [art. 17] = a regra geral é a total liberdade para a criação, fusão, incorporação de partidos políticos (fundamentos da República = pluralismo político). REQUISITOS: (i) ter caráter nacional; (ii) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; (iii) prestação de contas à Justiça Eleitoral; (iv) funcionamento parlamentar de acordo com a lei; (v) os estatutos dos partidos políticos devem estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidária; (vi) os partidos políticos após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, devem registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. DIREITOS: os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso ao rádio e à televisão, na forma da lei. VEDAÇÃO: é proibida a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. 29 EXAME DE ORDEM – REVISÃO – DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. AGUIAR ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA: União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios ESTADO FEDERATIVO: criação americana (1787); adotado pela Constituição Republicana 1891. FEDERALISMO BRASILEIRO - características: (i) território único (ii) União representa o país (iii) nacionalidade singular = inexiste nacionalidade estaduais ou regionais (iv) tribunais com jurisdição nacional (STF,STJ, TST) União pode intervir nos Estados-membros e estes nos Municípios (v) a Constituição é a norma suprema e o sistema federativo é cláusula pétrea. TITULARES DE COMPETÊNCIAS: (i) entes federativos (ii) órgãos públicos (iii) agentes políticos. “Só o Poder Constituinte Originário não é titular de competências” – Lourival Vilanova. COMPETÊNCIAS FEDERATIVAS [arts. 21 a 30] – Quadro Geral: (i) quanto à forma: (a) expressa ou (b) implícita; (ii) quanto ao exercício: (a) exclusiva e enumerada [indelegável] ou (b) privativa [delegável ou sem delegação]; (iii) quanto à matéria: (a) legislativa ou (b) material = administrativa ou de execução; (iv) quanto à classificação da Constituição, podem ser: EXPRESSAS [art. 22]: são competências (i) MATERIAIS = ADMINISTRATIVAS = DE EXECUÇÃO, enumeradas e exclusivas (indelegáveis - art. 21, e incisos) e (ii) LEGISLATIVAS privativas (delegáveis - art. 22, incisos e § único). As competências IMPLÍCITAS são deduzidas de conformidade com o princípio da preponderância do interesse: nacional (União), regional (Estados) e local (Municípios). COMUNS [art. 23]: são competências MATERIAIS = ADMINISTRATIVAS = DE EXECUÇÃO, simultâneas dos entes federativos (coincidência entre os interesses geral, regional e local). Ex. proteger o meio ambiente (art. 23, VI); CONCORRENTES [art. 24]: são competências exclusivamente LEGISLATIVAS: a União estabelece normas gerais (objeto partilhável/condomínio legislativo = competência não cumulativa - art. 24, § 1º), cabendo aos entes federativos (sobretudo aos Estados e DF) particularizá-las: (i) competência suplementar (no sentido de adicionar, complementar = competência de complementação - art. 24, § 2º) no que couber; na ausência de normas gerais os Estados/DF/Municípios exercem (ii) competência plena (no sentido de suprir inexistência de lei federal geral = competência de colmatação - art. 24, § 3º); superveniência de norma federal suspende a eficácia das demais normas em sentido contrário (art. 24, § 4º). Só cabe suplementação a nível municipal quando for assunto de interesse local (art. 30, II). 30 RESERVADAS [art. 25]: são competências LEGISLATIVAS remanescentes (sobretudo dos Estados, mas também do DF e dos Municípios), não vedadas pela Constituição (art. 25, § 1º). INTERVENÇÃO [arts. 34 e 35]: (da União nos Estados-Membros e no Distrito Federal e do Estado-membro nos seus municípios): o princípio que rege o sistema federativo é o da não-intervenção, podendo ocorrer a intervenção da União nos Estados-membros: (i)
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