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Prescrição de Produtos de Higiene Oral e Aplicação Profissional de Fluoretos Manual com Perguntas e Respostas Maria Luiza de Moraes Oliveira Cassiano Kuchenbecker Rösing Jaime Aparecido Cury 2022 22-108501 CDD-617.6 NLM-WU-100 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Oliveira, Maria Luiza de Moraes Prescrição de produtos de higiene oral e aplicação profissional de fluoretos [livro eletrônico] : manual com perguntas e respostas / Maria Luiza de Moraes Oliveira, Cassiano Kuchenbecker Rösing, Jaime Aparecido Cury. -- Belo Horizonte, MG : Ed. da Autora, 2022. PDF. ISBN 978-65-00-43704-1 1. Flúor 2. Odontologia 3. Saúde bucal I. Rösing, Cassiano Kuchenbecker. II. Cury, Jaime Aparecido. III. Título. Índices para catálogo sistemático: 1. Saúde bucal : Odontologia 617.6 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 SOBRE OS AUTORES Manual com Perguntas e Respostas4 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S > Graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais > Mestrado em Dentística pela Universidade de Iowa, EUA > Especialização em Saúde Coletiva e em Dentística pela Universidade de Iowa, EUA > Professora Assistente de Dentística da Universidade Federal de Minas Gerais > Clínica Particular no Grupo Odontológico Mangabeiras (BH) MARIA LUIZA DE MORAES OLIVEIRA > Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul > Mestrado em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho > Doutorado em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho > Estágio pós-doutoral no Departamento de Periodontia da Universidade de Oslo > Professor Titular de Periodontia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul CASSIANO KUCHENBECKER RÖSING > Graduação em Odontologia pela Universidade Estadual de Campinas > Mestrado em Ciências (Bioquímica) pela Universidade Federal do Paraná > Doutor em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade de São Paulo > Pós-doutorado pela Universidade de Rochester, EUA > Professor Titular de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP - Unicamp) JAIME APARECIDO CURY “A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO, EMBORA HAJA TANTO DESENCONTRO PELA VIDA.” Vinícius de Moraes Manual com Perguntas e Respostas6 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Somos professores de três universidades públicas diferentes, em áreas de atuação complementares, unidos por vínculos de respeito, confiança e comprometimento com a evidência científica na promoção da saúde. Nossa intenção é fornecer subsídios que ajudem acadêmicos e profissionais na condução de um protocolo preventivo pautado pelo conhecimento. Pensamos em uma publicação acessível, com um formato que permitisse fácil leitura, trazendo respostas para as perguntas que surgem no dia a dia do clínico. Citaremos, aqui, nomes comerciais de produtos, para facilitar a identificação, mas não há, nessa publicação, nenhuma interferência das empresas. Acreditamos nelas como parceiras na Odontologia: ESTE FOI UM TRABALHO FEITO EM PARCERIA. desenvolvendo produtos de qualidade, investindo na pesquisa brasileira, dando suporte ao cirurgião dentista que atua na clínica (principalmente, com informação). Os dados/nomes comerciais foram colocados ao longo do texto e nas tabelas (atualizados em março/22), mas devem ser revistos constantemente, já que novos produtos surgem e são retirados do mercado com frequência. Esperamos que este livro seja útil. E que caminhemos todos juntos, na construção de uma Odontologia ética, de qualidade e que alcance o maior número de pessoas. Grande abraço, Maria Luiza, Cassiano e Jaime Manual com Perguntas e Respostas7 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A TODOS aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a elaboração do trabalho e que, como nós, acreditam que esse conhecimento, imprescindível à prática de qualquer especialidade da Odontologia, não pode ser privilégio de alguns. AGRADECIMENTOS Manual com Perguntas e Respostas8 SUMÁRIO I - INTRODUÇÃO 16 II - PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE ORAL 18 Parte 1 - Escovas dentais e outros recursos para controle mecânico do biofilme 23 1.1 - Escovas para higiene bucal 26 1.2 - Limpeza interproximal 47 1.3 - Outros recursos 55 Parte 2 - Dentifrícios 66 2.1 - Aspectos básicos 67 2.2 - Dentifrícios fluoretados 80 2.3 - Dentifrícios antigengivite 115 2.4 - Dentifrícios dessensibilizantes 121 2.5 - Dentifrícios antitártaro 127 2.6 - Dentifrícios “clareadores” 129 2.7 - Especificidades na indicação 133 2.8 - Tabela de produtos 144 Parte 3 - Enxaguatórios Bucais 165 3.1 - Aspectos básicos 166 3.2 - Enxaguatórios anticárie (fluoretados) 174 3.3 - Enxaguatórios contendo antimicrobianos 179 3.4 - Outras soluções para bochechos 194 III - APLICAÇÃO PROFISSIONAL DE FLUORETOS 208 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas9 ÍNDICE DE PERGUNTAS II - PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE ORAL 18 Como fazer a prescrição dos produtos de higiene oral no consultório? 19 PARTE 1 - Escovas dentais e outros recursos para controle mecânico do biofilme 23 O que são biofilmes? 24 1.1 - Escovas para higiene bucal 26 Como são definidas as escovas para higiene bucal? 26 Como são classificadas as escovas para higiene bucal? 27 Como escolher o melhor tipo de escova para o paciente? 28 Quando devem ser indicadas as escovas elétricas? 38 Qual a melhor técnica de escovação? 40 Qual é o tempo necessário para a escovação dos dentes? 41 Quantas escovações devem ser feitas no dia? 41 Qual a periodicidade de troca da escova dental? 42 Como armazenar e manter limpa a escova? 43 Qual a influência da escova no desgaste dentário? 44 Quando deve ser iniciada a higienização da boca dos bebês? 46 1.2 - Limpeza interproximal 47 Qual o melhor recurso para limpeza interproximal? 47 Palitos podem ser utilizados para a limpeza da região interproximal? 53 A limpeza interproximal deve ser feita antes ou depois da escovação? 54 1.3 - Outros recursos 55 Qual a indicação dos limpadores de língua? 55 Há benefícios na utilização dos aparelhos para irrigação oral? 57 O uso de gomas de mascar sem açúcar (e não ácidas) reduz o biofilme ou traz benefícios para o controle de doenças? 58 Há alimentos que podem “substituir” a escovação? 60 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas10 PARTE 2 - Dentifrícios 66 2.1 - Aspectos básicos 67 O que são dentifrícios e quais as suas funções? 67 Qual a composição básica dos dentifrícios? 68 Como são regulamentados os dentifrícios no Brasil? 70 Qual a influência da viscosidade no efeito dos dentifrícios? 71 Molhar a escova após a colocação do dentifrício diminui o seu efeito? 72 Para minimizar a possibilidade de desgaste dentário, não seria melhor utilizar dentifrícios sem abrasivos? 72 O que temos que saber sobre a abrasividade (RDA) de dentifrícios? 73 Como saber a abrasividade e o RDA de um dentifrício? 74 Por que não tornar obrigatória a divulgação dos valores de RDA nas embalagens dos dentifrícios? 75 Qual a importância de conhecermos os tipos de detergentes presentes nos dentifrícios? 75 Qual a importânciados flavorizantes nos dentifrícios? 76 Qual o significado das cores que aparecem nos tubos? 77 Há algum problema relacionado à presença da sacarina nos dentifrícios (sobretudo infantis)? 78 Existe algum outro aditivo que possa substituir o fluoreto nos dentifrícios? 78 Qual o melhor dentifrício para utilização por quem não recebeu uma prescrição individualizada? 79 Dentifrícios com o mesmo nome têm a mesma composição em qualquer país? 79 2.2 - Dentifrícios fluoretados 80 Qual a concentração de fluoreto necessária para o efeito anticárie dos dentifrícios? 80 Qual o mecanismo de ação do fluoreto dos dentifrícios na cárie dentária? 81 Qual a importância da escovação feita à noite, antes de dormir? 84 Como deve ser feito o enxágue do resíduo de dentifrício, após a escovação? 84 Quais são os sais de fluoreto presentes nos dentifrícios comercializados no Brasil? Há diferença entre eles? 85 Em pacientes com lesões de mancha branca, a indicação do dentifrício com MFP seria menos adequada, se pensarmos na possibilidade de remineralização? 88 Qual a influência dos dentifrícios na incidência de fluorose dentária? 89 Caso o paciente apresente sinais clínicos de fluorose dentária, deve ser evitado o uso do dentifrício fluoretado? 90 Crianças devem utilizar um dentifrício sem fluoreto ou com menor concentração, para diminuir o risco de fluorose? 91 Qual a diferença entre o dentifrício infantil e o anticárie “familiar”? 93 Por que em alguns dentifrícios infantis importados, a descrição dos ingredientes especifica 2200 ppm NaF na composição? 95 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas11 Quem faz uma remoção cuidadosa do biofilme ou escova os dentes todas as vezes que come um doce pode abrir mão do uso do dentifrício fluoretado? 96 Se eu restringir o consumo de açúcar, posso utilizar um dentifrício sem flúor? 98 Como lidar com o paciente que não quer seguir a prescrição do dentifrício fluoretado? 99 Há alguma indicação para dentifrícios sem fluoreto na composição? 99 Qual a quantidade de dentifrício que deve ser colocada na escova? 100 Existe diferença entre a ação do dentifrício fluoretado na cárie e na erosão? 102 As escovações devem ser feitas imediatamente após as refeições? 106 É recomendado escovar os dentes antes ou depois do café da manhã? 107 Quais as indicações dos dentifrícios com 5000 ppm F? 108 Quantas vezes ao dia devem ser utilizados os dentifrícios com 5000 ppm F? 109 Todos os pacientes ortodônticos devem receber a prescrição de um dentifrício com 5000 ppm F? 110 Dentifrícios veganos ou naturais podem conter fluoreto? 111 Qual a função do xilitol nos dentifrícios? 112 Qual a indicação dos dentifrícios com adição de CPP-ACP (fosfopeptídeo de caseína - fosfato de cálcio amorfo)? 112 Qual a função da arginina 1,5% nos dentifrícios fluoretados? 114 O pH ácido favorece o efeito anticárie ou antierosivo dos dentifrícios fluoretados? 114 2.3 - Dentifrícios antigengivite 115 Quais os melhores dentifrícios para pacientes com inflamação gengival? 115 Quais as indicações dos dentifrícios contendo clorexidina? 117 Dentifrícios herbais ou fitoterápicos têm benefício antigengivite? 118 Há benefícios na adição de vitaminas aos dentifrícios? 119 Dentifrícios contendo antimicrobianos têm efeito na halitose? 119 Pacientes em tratamento com aparelhos ortodônticos fixos podem se beneficiar do uso de dentifrícios com efeito antigengivite? 120 2.4 - Dentifrícios dessensibilizantes 121 Por que os dentifrícios dessensibilizantes não devem ser utilizados indiscriminadamente, sem avaliação do profissional? 121 Como funcionam os dentifrícios dessensibilizantes? 122 Existem princípios ativos melhores na redução da hipersensibilidade? 123 Por quanto tempo devem ser utilizados os dentifrícios dessensibilizantes? 125 Dentifrícios dessensibilizantes podem afetar a qualidade dos procedimentos adesivos das restaurações? 126 Dentifrícios dessensibilizantes causam menor desgaste do que os dentifrícios convencionais? 126 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas12 2.5 - Dentifrícios antitártaro 127 Como funcionam os dentifrícios antitártaro? 127 Os dentifrícios antitártaro têm menor efeito anticárie? 128 2.6 - Dentifrícios “clareadores” 129 Dentifrícios “clareadores” ou com carvão realmente funcionam para clareamento ou trazem benefícios? 129 Dentifrícios “clareadores” são úteis para o controle de pigmentação, durante o uso dos enxaguatórios contendo clorexidina? 131 Dentifrícios clareadores são indicados para pacientes fumantes? 132 Qual o dentifrício ideal para remoção da pigmentação escura causada por bactérias cromogênicas? 132 2.7 - Especificidades na indicação 133 Como funcionam os dentifrícios recomendados para pacientes com xerostomia? 133 Como escolher um dentifrício para pacientes com aftas frequentes, mucosite ou ardência bucal? 134 Como lidar com os casos de alergia ou reação de contato aos dentifrícios? 135 Existem restrições ao uso de dentifrícios por pacientes celíacos? 136 Existem dentifrícios específicos para uso durante a gravidez? 136 Qual o dentifrício indicado para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI)? 137 Quais são os cuidados na prescrição de dentifrícios para pacientes que passaram por um tratamento restaurador com materiais estéticos? 139 Pacientes em tratamento ortodôntico com alinhadores têm maior risco de desenvolvimento de doenças bucais? 141 Dentifrícios podem ser usados para higienização das próteses removíveis? 142 Quais os cuidados que devemos ter na escolha dos dentifrícios para pacientes em tratamento homeopático? 143 2.8 - Tabela de produtos 144 Como elaborar uma tabela de dentifrícios que possa ser consultada no momento da prescrição? 144 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas13 PARTE 3 - Enxaguatórios Bucais 165 3.1 - Aspectos básicos 166 O que são enxaguatórios e quais as suas funções? 166 Como é feita a regulação desses produtos? 167 Enxaguatórios bucais são recomendados para todas as pessoas, como um passo adicional na higienização? 167 Existe algum enxaguatório capaz de substituir a escovação? 168 Qual a idade mínima para utilização de enxaguatórios? 169 Quais os problemas relacionados ao uso indiscriminado dos enxaguatórios? 170 Por que há álcool em vários produtos? 171 O pH dos enxaguatórios é importante? 172 Quantas vezes ao dia devem ser usados os enxaguatórios? 173 3.2 - Enxaguatórios anticárie (fluoretados) 174 Quais são os enxaguatórios anticárie? 174 Qual o mecanismo de ação do fluoreto, nos enxaguatórios, para controle da cárie e da erosão? 175 Todas as pessoas devem utilizar enxaguatórios contendo fluoreto? 176 Como devem ser usados os enxaguatórios contendo fluoreto? 177 Há indicação de enxaguatórios após o clareamento? 178 3.3 - Enxaguatórios contendo antimicrobianos 179 Quais são os princípios ativos antimicrobianos utilizados em enxaguatórios que apresentam as melhores evidências de efeito clínico na redução do biofilme e da inflamação gengival? 179 Quais as vantagens dos enxaguatórios contendo clorexidina? 181 Quais as indicações dos enxaguatórios contendo clorexidina? 181 Quais os efeitos adversos dos enxaguatórios contendo clorexidina? 182 Como usar os enxaguatórios contendo clorexidina? 183 Como fazer a higienização de pacientes acamados, sem capacidade de expectoração, usando a clorexidina? 184 Quais são os óleos essenciais presentes na formulação do Listerine™ e como eles agem? 185 Quais as indicações dos enxaguatórios contendo óleos essenciais (Listerine)™? 186 Quaisos efeitos adversos relacionados ao uso do Listerine™? 187 Como utilizar o Listerine™?` 187 Quais as indicações dos enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio (CPC)? 189 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas14 Quais os efeitos adversos relacionados ao uso dos enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio? 190 Como são utilizados os enxaguatórios contendo CPC? 190 Enxaguatórios com triclosan são eficazes no controle da inflamação gengival? 191 Qual o benefício do uso de enxaguatório bucal na halitose? 191 Enxaguatórios bucais devem ser usados antes dos procedimentos odontológicos? 193 3.4 - Outras soluções para bochechos 194 Qual o mecanismo de ação dos enxaguatórios para controle da sensibilidade dentinária? 194 Há vantagens na utilização de enxaguantes fitoterápicos para o controle da inflamação gengival? 195 Qual a indicação dos enxaguatórios contendo peróxido de hidrogênio? 196 Existe alguma indicação para o uso de diluições de bicarbonato de sódio? 196 Bochechos com água ozonizada trazem benefícios no controle da inflamação gengival? 197 Como montar uma tabela de produtos para consulta no momento da prescrição? 197 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Manual com Perguntas e Respostas15 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S III - APLICAÇÃO PROFISSIONAL DE FLUORETOS 208 Qual o objetivo da aplicação profissional de fluoretos (APF)? 209 Quem deve receber a APF? 210 A APF deve ser evitada em pacientes com fluorose? 211 Qual o mecanismo de ação do fluoreto, nos meios profissionais de aplicação, para controle da cárie? 212 A APF pode prevenir a erosão do esmalte? 214 Produtos para APF são eficazes na redução da hipersensibilidade dentinária? 216 Quais os tipos de produtos existentes para a APF? 217 Qual a influência da concentração de fluoreto nos produtos? 220 Produtos acidulados são superiores aos de pH neutro? 220 Vernizes fluoretados, com concentração de 22.600 ppm F- (NaF 5%) são superiores aos géis acidulados com 12.300 ppm F-? 222 A profilaxia profissional é necessária, antes da APF? 225 Em pacientes com lesões de mancha branca ativas, a aplicação dos produtos fluoretados deve ser feita apenas sobre as lesões? 226 Qual o tempo recomendado para a aplicação dos produtos? 226 Por quanto tempo deve-se evitar lavar a boca após a APF? 227 Qual a periodicidade recomendada para a APF? 228 A APF é indicada para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI)? 229 Quais os riscos da APF? 230 Pastas profiláticas contendo fluoreto podem substituir a APF? 233 Posso substituir a APF por aplicação de pastas contendo CPP-ACP? 234 O que são produtos com diamino fluoreto de prata (DFP)? 234 Quais as indicações do DFP? 235 Quais as desvantagens e contra-indicações da aplicação do DFP? 236 Qual a periodicidade da aplicação do DFP? 236 Todos os produtos com DFP são equivalentes? 237 Qual a técnica de aplicação do DFP? 238 I INTRODUÇÃO Manual com Perguntas e Respostas17 A Odontologia Preventiva é o alicerce para todo o cuidado odontológico que vise a promoção da saúde. Sem a interferência nas causas das doenças e sem um protocolo de manutenção adequado, qualquer tratamento estará fadado ao insucesso. A orientação individualizada é um dos grandes objetivos das consultas em consultório e é um dos maiores desafios do clínico, por envolver mudanças comportamentais. Não pode ser contrária às orientações de saúde coletiva, pois ambas devem ser embasadas pela melhor evidência científica disponível. Cada conduta, independentemente da esfera de atuação do profissional, deve sempre ser pautada pelos Princípios da Bioética: beneficência (maximizar benefício e minimizar riscos), não maleficência (não causar prejuízo à saúde) e justiça (tratar cada um de maneira correta e distribuir os recursos disponíveis de forma a alcançar o maior número de pessoas). Também no âmbito da bioética, não se pode deixar de lado o princípio do respeito à autonomia do paciente. A Odontologia baseada em evidências é composta de uma tríade: a melhor evidência disponível, a experiência do profissional e as crenças ou preferências do paciente. Há muita ciência por trás dos produtos de higiene oral e dos procedimentos preventivos clínicos. Mas é fundamental que o profissional esteja capacitado para fazer escolhas a partir do diagnóstico e para atuar como referência, tanto para o paciente, quanto para os demais profissionais de saúde. Reunimos, aqui, as respostas para uma série de perguntas e dúvidas comuns durante a prática odontológica, com o intuito de auxiliar o dentista na condução do processo preventivo e de tratamento daqueles que o procuram. A aplicação da ciência no dia a dia do consultório combina os esforços de pesquisadores e clínicos, na busca da Odontologia de qualidade. Dentifrícios e enxaguatórios fazem parte de um arsenal de produtos que podem e devem ser prescritos pelo dentista. As aplicações profissionais de fluoretos são modalidades de procedimentos acessíveis, complementares para o controle de doenças. Não existe especialidade odontológica que não necessite desse tipo de conteúdo. Ele é fundamental para a compreensão das medidas adotadas na saúde coletiva e para o cuidado do cliente que busca um atendimento individualizado. É obrigação de todo profissional da Odontologia conhecer o embasamento científico e fazer o uso racional desses recursos preventivo-terapêuticos. Desejamos que esta seja uma leitura leve, agradável, mas extremamente enriquecedora. Nosso objetivo maior continua sendo, através de qualquer meio de divulgação, espalhar um conhecimento que valorize a prática de quem se dedica a promover saúde através da Odontologia. P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S II PRESCRIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE ORAL Manual com Perguntas e Respostas19 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Acolhimento e educação são pilares da promoção da saúde e o acompanhamento preventivo é um processo, não uma consulta. A prescrição de produtos de higiene oral deve ser feita e reavaliada periodicamente, já que as condições da cavidade bucal são dinâmicas, os objetivos vão sendo modificados, as empresas lançam, alteram e retiram produtos do mercado frequentemente. O primeiro passo para uma orientação individualizada é o diagnóstico. Não apenas das condições de saúde sistêmica e clínicas da cavidade bucal, mas, também, avaliando as características do paciente, o estilo de vida, a motivação para o autocuidado, o perfil sócio-econômico. Quanto mais simples o protocolo de higienização recomendado, maior a probabilidade de ser executado. E quanto mais direcionada e fracionada em pequenas mudanças for a instrução, maior a chance de haver a incorporação do novo hábito. A recomendação de qualquer produto deve estar baseada na melhor evidência científica disponível da sua eficácia. A razão pela qual preconizamos a especificação das marcas e dos nomes comerciais no bloco receituário, é para que não haja dúvidas no momento da compra. Nem o paciente e nem o atendente da farmácia/ supermercado conseguem identificar um dentifrício pela descrição da composição. Mostrar as embalagens (permitindo que o paciente fotografe) ou entregar amostras (se disponíveis) pode facilitar o reconhecimento nas gôndolas. Como fazer a prescrição dos produtos de higiene oralno consultório? Manual com Perguntas e Respostas20 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Caso seja feita a prescrição do princípio ativo do enxaguatório, sem especificação de marca ou produto (‘solução de digluconato de clorexidina a 0,12%’, ou ‘solução de fluoreto de sódio a 0,05%’, por exemplo), é importante colocar as características desejadas da formulação (com ou sem álcool, etc.). Apenas os medicamentos que são deglutidos (comprimidos, soluções orais, etc.) são de uso interno. Todas as outras formas farmacêuticas (como as soluções para bochecho) são de uso externo ou tópico. Devem constar na receita, também, as informações sobre o modo de usar (quantidade de dentifrício/enxaguatório, duração de cada escovação/bochecho, necessidade ou não de enxágue, número de vezes por dia/horário) e os cuidados necessários (não deglutir, por exemplo). As explicações sobre os benefícios esperados e os efeitos adversos possíveis ajudam o paciente a compreender a importância dos produtos de higiene oral no cuidado odontológico. Informações práticas, como a necessidade de verificação do prazo de validade, a frequência de substituição das escovas e a maneira de armazená-las fazem parte da orientação. É imprescindível, além disso, escrever o tempo de manutenção do protocolo indicado e a data de retorno ao consultório. A formação de um vínculo com o profissional (que deve se dedicar ao momento educativo das consultas), a percepção do papel do dentista como referência na avaliação/escolha dos produtos (evitando as trocas por influência de propagandas, por exemplo), a facilidade de aquisição daquilo que foi prescrito (e viabilidade do custo) são aspectos fundamentais na adesão do paciente ao esquema proposto. Manual com Perguntas e Respostas21 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Abaixo, uma sugestão de formato para a prescrição de produtos de higiene oral (fazer no bloco receituário, com nome do paciente, data, assinatura/carimbo profissional no final). Sempre que possível, mais de uma opção comercial deve ser colocada para cada tipo de produto indicado. Escova Dental Marcas/modelos (opções) Fazer a escovação por __ minutos, __x/d (sendo uma delas à noite, antes de dormir). Trocar a escova a cada __ meses. Higienizar a escova com __ após o uso, guardando-a __. Fio dental Marcas/modelos ou considerar preferência Utilizar todos os dias, __ (momento do dia, definido de acordo com a preferência do paciente). Escova Interdental (se indicada) Marcas/modelos e tamanho Usar __x/d, como demonstrado. Trocar a escova/ refil a cada __ dias. Limpador/escova de língua (se indicado) Marca/modelo Utilizar para a higienização da língua, __ (momento do dia), com movimentos __. Trocar a cada __. Dentifrício Marca / Nome comercial Utilizar quantidade correspondente a __, em todas as escovações, __ enxágue. Uso continuado por __ meses (ou até o próximo retorno). Manter o produto fora do alcance de crianças. Enxaguante bucal (quando indicado) Marca/Nome comercial Utilizar __ ml do produto puro, para bochechos de __ segundos, __x/d, __(horário).Cuspir bem e não enxaguar a boca . Tempo de uso: __ dias/meses.Manter o produto fora do alcance de crianças. Manual com Perguntas e Respostas22 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Aparelho de Irrigação Oral (quando indicado) Marcas/modelos Usar __x/d, posicionando a ponta de frente e sem encostar nos dentes/gengiva. Mover o jato ao longo da gengiva, limpando as regiões entre os dentes. Utilizar uma pressão da água que seja confortável. Substituidor de saliva (quando indicado) Marca /Nome comercial Borrifar 2 vezes, diretamente no interior da boca, __ x/d ou quando considerar necessário (ou aplicar o equivalente a __ na boca, espalhando com a língua). Não enxaguar a boca depois de usar. Data de retorno ao consultório: Manual com Perguntas e Respostas23 PARTE 1 Escovas dentais e outros recursos para controle mecânico do biofilme Manual com Perguntas e Respostas24 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S As bactérias salivares aderem naturalmente às superfícies dentárias, onde se acumulam na forma de comunidades organizadas, chamadas atualmente de biofilmes dentais (ou, simplificadamente, biofilmes). Placa dental bacteriana (ou, simplificadamente, placa) nada mais é que um tipo de biofilme no qual bactérias salivares estão aderidas às superfícies duras dos dentes, coronária ou radicular, supra ou subgengivalmente. O acúmulo de biofilmes nas superfícies dentárias é o fator necessário para o desequilíbrio de saúde-doença dos tecidos dentais duros e moles. Cárie e doença periodontal diferem quanto aos fatores estressores determinantes destas doenças, respectivamente, exposição a açúcar ou o processo inflamatório. Os açúcares da dieta, particularmente a alta frequência de consumo de sacarose, são responsáveis pela disbiose da relação entre as bactérias bucais e os tecidos duros dentários. A ruptura do equilíbrio (DISBIOSE) entre os tecidos moles é mais complexa, porque envolve a resposta imunológica do hospedeiro com relação ao processo inflamatório. O que são biofilmes? Manual com Perguntas e Respostas25 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Diagrama da relação entre acúmulo de biofilme e o desenvolvimento de cárie ou doença periodontal, enfatizando os fatores estressantes associados, açúcar e inflamação gengival, respectivamente. Assim, é primário que o controle regular do acúmulo de biofilme pelo indivíduo é essencial para a manutenção do equilíbrio na cavidade bucal, já que a formação de biofilme sobre as superfícies dentárias é um fenômeno inevitável. Como motivar o paciente é o desafio de todo profissional da Odontologia, havendo, para tal, um arsenal de produtos de higiene bucal, com espectro amplo químico-mecânico. Manual com Perguntas e Respostas26 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Escovas para higiene bucal são instrumentos mecânicos (que podem possuir componentes movidos a energia), utilizados para limpeza de dentes, gengiva, língua, aparelhos ortodônticos e próteses removíveis. São compostas pela cabeça (parte ativa, onde estão fixadas as cerdas) e pelo cabo (para empunhadura). As cerdas podem ser naturais ou sintéticas, sendo os seus conjuntos chamados de tufos. As escovas são isentas de registro, mas sua comercialização depende de comunicação prévia à ANVISA (que tem requisitos técnicos para regularização desses produtos). 1.1 - ESCOVAS PARA HIGIENE BUCAL Como são definidas as escovas para higiene bucal? Manual com Perguntas e Respostas27 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Segundo a Resolução no 142 da ANVISA , de 17 de março de 2017, as escovas são classificadas de acordo com: > finalidade de uso - manual ou elétrica, unitufo, interdental, pós-cirúrgica, ortodôntica, para dentadura e especial para higiene da língua; > faixa etária - adulto ou infantil; > rigidez das cerdas - extramacia, macia, média, dura. Essas informações devem constar na embalagem do produto (assim como a indicação deque o tipo de escova deve ser orientado pelo dentista). As escovas infantis têm comprimento mínimo total de 10 cm e largura máxima da cabeça de 1,2 cm. As de adulto têm comprimento mínimo total de 15 cm e largura máxima da cabeça de 1,6 cm. A textura dos tufos é definida pela medida da rigidez, segundo norma ISO 22254 e 80% das pontas das cerdas devem ter acabamento aceitável (arredondadas, polidas, plumadas ou planas). Como são classificadas as escovas para higiene bucal? Manual com Perguntas e Respostas28 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A escova dental é o principal recurso para a desorganização e remoção do biofilme. O dentifrício não é imprescindível para atingir esse objetivo, apesar de ser fundamental para a redução de pigmentação (na película adquirida), como veículo para componentes terapêuticos, para motivação e aumento do tempo de escovação. A redução do biofilme após uma escovação é, em média, de 40% e, portanto, menor do que o desejado para o controle de doenças bucais. A motivação para o autocuidado (que inclui a compreensão da sua importância) e o aprendizado da técnica de higienização são, portanto, aspectos prioritários em qualquer processo educativo que vise a saúde. A escova de dente mais próxima às que usamos hoje surgiu na China, no final do século 15, sendo feita com pêlos de porco amarrados em varetas de bambu. Uma escova era usada por todas as pessoas da família. Atualmente, há muitos modelos de escovas, atendendo às demandas dos profissionais e dos leigos, com variações em tamanho, formato, tipos de cerdas, disposição das mesmas, com cores ou personagens atrativos. Além da qualidade, aspectos como custo e facilidade de compra devem ser levados em consideração no momento da indicação. Exemplos de escovas dentais manuais (adulto) encontradas no mercado brasileiro: › Bianco - Clean Action (cerdas macias), Delicate (cerdas ultramacias), Colorcare (2516 cerdas extramacias) › Bitufo - Class Soft (cerdas macias) ou Sensitive (cerdas ultramacias) › Colgate - Slim Soft Ultra Compacta, Advanced e Black (cerdas macias com pontas afiladas) / 360o. (cerdas macias e cerdas de borracha) e 360o. Sensitive Pró Alívio (cerdas extramacias e cerdas de borracha) / Periogard (cerdas ultramacias com pontas microfinas) / Ultra Soft (5500 cerdas ultramacias) / Gengiva Therapy (cerdas macias com alta densidade) / Essencial, Extra e Premier Clean / Procuidado / Classic / Tripla Ação / Twister / Whitening › Condor - Ultramacia / Plus (cerdas macias) › Curaprox - CS 5460 Ultra Soft / CS 3960 Super Soft / CS 1560 Soft / ATA 4060 / CS 12460 Velvet Ultra Soft › DentalClean - Fine Tip (pontas ultrafinas) / Dual (cerdas macias e borrachas circulares) / Intelligent / Metallic Plus / Perfect / Magic / Basic / OK › Edel White - Pro Gums Ultra Soft / Flosser Brush (cerdas ultramacias) / Whitening › Elmex - Elmex Ultra Soft / Elmex (cerdas macias) / Elmex Sensitive (cerdas extramacias) › Kess - Extra Macia / Macia / Média / Pro 10K / Pro Extra Macia 6580 / TDB Basic / Extreme › Kin - (extra suave, suave, média) / Gengivas (cerdas macias e afiladas) › Needs - Oral Care (cerdas macias) / Ultrafina (cerdas macias de pontas ultrafinas) / Sensitive 6240 (cerdas ul-tramacias) › Oral B - Indicator (cerdas macias ou extramacias) / Ultrafino / Expert Gengiva Sensi (cerdas ultramacias), Expert Gengiva Limpeza (cerdas macias), Expert Gengiva Alcance (cerdas ultrafinas) / Purification (cerdas extramacias) / Advanced , Advanced Compact e Pro-Saúde (cerdas macias e cerdas emborrachadas) /Gengiva Detox e Whitening Therapy Purification (cerdas ultrafinas) / Clean Classic, 123, Complete › Sensodyne - Multiproteção, True White, Rápido Alívio, Sensibilidade e Gengivas (cerdas macias) / Gentle, Repair and Protect, Limpeza Profunda (cerdas extramacias) › Tepe - Supreme (cerdas macias) / Select (cerdas médias, macias ou extramacias) / Nova (cerdas médias, ma-cias ou extramacias) / Good, Good Compact (cerdas macias) / Gentle Care (extramacias) Como escolher o melhor tipo de escova para o paciente? Manual com Perguntas e Respostas29 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas dentais infantis encontradas no mercado brasileiro: › Bitufo - Cocoricó 1o. Dentinho (até 2 anos) / Cocoricó Grandinhos (2 a 5 anos) › Colgate - My First Colgate (0 a 2) / Dr. Dentuço (2+ ) / Tandy ( 5+) / Smiles (6+) › Condor - Infantil / Júnior › Curaprox - Baby CK 4260 (cerdas ultramacias) / Curakid 5500 (até 6 anos) e CS Smart (a partir de 6 / 7 anos) › Edel White - Flosser Brush Kids › Kess - Dentinho (6 meses a 2 anos) / Pro Kids (2 a 7 anos) / Júnior / Pocket (“teens”) / Steps (1, 2, 3) › Kin - Infantil / Júnior › Needs - Infantil (acima de 3 anos) › Oral B Stages (4 a 24 meses / 2 a 4 anos / 5 a 7 anos) › Tepe - Select Kid (a partir de 4 anos; cerdas médias, macias ou extramacias) / Select Mini e Good Mini (0 a 3 anos; cerdas extramacias) Quanto ao cabo da escova, o comprimento proporcional à mão do usuário favorece o posicionamento e a execução dos movimentos. O aumento do diâmetro e o apoio não deslizante para polegar/indicador são úteis para pacientes com dificuldade na empunhadura ou motora (como idosos e crianças). Manual com Perguntas e Respostas30 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Cabeças menores (chamadas de compactas) facilitam o acesso e o posicionamento correto da escova dental em relação às superfícies e à margem gengival. Quanto aos tipos de cerdas, a maior parte das escovas são de material sintético (nylon). Apesar de alguns estudos mostrarem que a utilização de escovas médias ou duras favorece a remoção do biofilme, os pacientes devem sempre utilizar uma escova de cerdas macias (ou extramacias) na higienização. Isso porque, pela menor rigidez, elas geram menos trauma, abrasão gengival e recessão. A firmeza das cerdas depende do seu material, diâmetro e comprimento, do número de cerdas por tufo, do número de tufos. Cerdas macias têm, normalmente, diâmetro inferior a 0,2 mm. Alguns exemplos de escovas com cabeças compactas: › Bianco Delicare / Colorcare › Curaprox ATA › Colgate - Periogard / Slim Soft Ultracompacta / 360o. / Procuidado › Edel White - Flosser Brush › Elmex - Elmex Sensitive › Kess - Extreme › Oral B - Expert Gengiva (Sensi, Limpeza ou Alcance) / Purification › Sensodyne › Tepe - Good Compact / Select Compact Manual com Perguntas e Respostas31 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Pacientes com fenótipo gengival fino, com qualquer tipo de irritação tecidual ou mucosite devem utilizar escovas ultramacias. Escovas ultramacias podem ser um pouco menos efetivas na remoção do biofilme (dependendo do diâmetro e do número de cerdas/tufos). Por isso, apesar de serem associadas a menor trauma gengival, não são escovas indicadas para todos os pacientes. Existem ainda escovas específicas para utilização no período pós-cirúrgico. No que se refere ao formato das pontas, tanto as cerdas macias de pontas arredondadas quanto as de pontas cônicas são seguras. Exemplos de escovas pós-cirúrgicas: › Curaprox: CS Surgical (12.000 cerdas de 0,06 mm de diâmetro) › Kin - Pós-cirúrgica › Needs - Pós Cirúrgica › Tepe - Special Care (12.000 cerdas de 0,06 mm de diâmetro) / Special Care Baby Compacta (7.000 cerdas com 0,06 mm de diâmetro) Manual com Perguntas e Respostas32 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A LE A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A técnica de escovação bem realizada possibilita a remoção do biofilme com as escovas de formatos tradicionais, mas determinados aspectos podem ser observados, no momento da recomendação individualizada. Talvez o principal deles seja a possibilidade de acesso às regiões mais difíceis de serem alcançadas (como terceiros molares, dentes com giroversão). Nesses casos, escovas com cabeças compactas, de formato mais ovalado ou triangular são convenientes. Alguns trabalhos têm demonstrado redução de biofilme um pouco diferente, dependendo do tipo de escova. Uma escova macia com cerdas de extremidades afiladas, por exemplo, proporcionou, em um estudo clínico, maior alcance na área interproximal e de fissuras oclusais do que uma escova multifilamentada. Embora não se possa afirmar que haja relevância clínica na diferença, dados assim podem ser levados em consideração em alguns perfis de pacientes (nesse caso, que não tenham incorporado ainda o hábito de usar o fio dental).29 Manual com Perguntas e Respostas33 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas multifilamentadas ultramacias: › Curaprox - Ultra Soft (5460 cerdas) / Velvet Ultra Soft (12460 cerdas) › Colgate Ultra Soft (+ de 5000 cerdas) › Condor - Ultramacia (5400 cerdas) › Elmex Ultra Soft (+ de 5.500 cerdas) › Kess - Pro 10K (10.000 cerdas) / Pro (6580 cerdas) › Needs - Sensitive (6240 cerdas) › Oral B Expert Gengiva Sensi (9000 cerdas) › Tepe - Gentle Care (5400 cerdas) Escovas multifilamentadas com cerdas ultramacias são opções muito boas, mas não há evidência de superioridade, em relação às convencionais, no controle do biofilme. O único cuidado é com o acesso (algumas possuem cabeça um pouco maior), em determinados tipos de arcada ou posicionamento dentário (dentes apinhados ou terceiros molares, por exemplo). Manual com Perguntas e Respostas34 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Algumas escovas específicas estão disponíveis, mas é importante lembrar que quanto maior o número de passos no protocolo, mais difícil é a colaboração pela maioria dos pacientes. Escovas “unitufo”, por exemplo, são bastante eficazes na remoção do biofilme em regiões de difícil acesso (em volta de brackets ortodônticos ou dentes apinhados, por exemplo) ou na higienização de molares permanentes em erupção. Nessa última situação, há a alternativa de ensinar o responsável pela criança a utilizar a escova comum no sentido transversal do dente (vestíbulo-lingual), para complementar a escovação, o que reduz consideravelmente o biofilme na superfície oclusal. Exemplos de escovas unitufo: › Bitufo - Bi-Tufo (dois tufos) / Intertufo ( unitufo + interdental) › Curaprox - CS 1006 Unitufo (6mm de comprimento) e CS 1009 Unitufo (9 mm de comprimento) / CS 708 Implant Ortho (para proteses sobre implante e aparelhos ortodônticos fixos) › DentalClean › Edel White › Needs - Intertufo › Kess › Tepe - Compact Tuft / Implant Care e Universal Care (para próteses sobre implantes) Manual com Perguntas e Respostas35 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em relação às escovas ortodônticas, uma revisão sistemática com meta-análise não demonstrou efeito superior na redução da inflamação gengival em relação às escovas convencionais, embora haja justificativa na recomendação baseada no controle do biofilme.17 Escovas para a limpeza das próteses removíveis estão disponíveis e, normalmente, possuem a cabeça com cerdas dos dois lados: um com formato triangular (para limpeza das áreas côncavas) e outro, retangular. Exemplos de escovas ortodônticas: › Bitufo - Class Orto › Colgate - Orthodontic / Orthogard › Curaprox - CS Ortho 5460 Ultra Soft / CS 708 Implant Ortho › DentalClean Ortodôntica › Edel White - Pro Ortho › Kess - Ortho › Kin Ortodôntica › Needs Ortodôntica › Oral B Expert Orthodontic › Tepe - Implant Orthodontic (extra slim head) Manual com Perguntas e Respostas36 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de marcas com escovas para próteses: › Bitufo › Condor › Curaprox (BDC152) › Dental Clean (Prótese Plus) › Dentil › Kess (Denture) › Kin (Oro Prótese) › Needs › Tepe (Denture) Não há vantagens na incorporação dos mecanismos iônicos às escovas manuais. Quanto às escovas automáticas em forma de U (abrangendo as arcadas), vendidas através das redes sociais, um estudo clínico realizado com uma delas mostrou, não apenas que a remoção do biofilme foi inferior às manuais, mas que foi equivalente ao grupo que não fez nenhum tipo de higienização.22 Devido à preocupação com o lixo gerado pelo descarte anual de bilhões de escovas, foram lançadas as ecológicas, feitas com cabo de bambu biodegradável. As cerdas são de um tipo de nylon que pode ser reciclado (desde que os tufos sejam removidos pelos consumidores, para possibilitar a compostagem). Deve haver cuidado na escolha, pois algumas dessas escovas têm cerdas mais rígidas e tamanho maior de cabeça. Apesar do impacto positivo na emissão de carbono, continua havendo, com as escovas de bambu, impacto negativo no índice que mede a saúde dos envolvidos na cadeia de produção. Escovas manuais com cabos reutilizáveis e cabeças substituíveis seriam mais promissoras. Na verdade, a melhor alternativa do ponto de vista ambiental é a coleta das escovas, para que o plástico seja reciclado em outros produtos. Manual com Perguntas e Respostas37 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas ecológicas : › Boni - Natural (cabo de bambu, cerdas macias) › Colgate - Bamboo (cabo de bambu, cerdas macias); embalagem reciclável. › Ekological - Cabo de bambu (cerdas de PBT macias); embalagem de papel. › Tepe - Linha Good (cabo feito a partir da cana-de-açúcar e cerdas macias feitas a base de óleo de ma- mona) › The Humble Co. - Humble Brush (cabo de bambu e cerdas de nylon-6); vegano, natural e biodegradável Manual com Perguntas e Respostas38 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A remoção do biofilme com a escova elétrica mostrou-se, em vários estudos, cerca de 20% melhor do que com a escovação manual (superioridade de até 11% na redução na gengivite), com impacto significativo na saúde bucal a longo prazo. 47, 27 Seu uso é particularmente recomendado para pacientes que não tenham uma higienização satisfatória com as escovas manuais. Isso pode acontecer por deficiência motora (portadores de doença de Parkinson ou artrite reumatóide, por exemplo), técnica inadequada, força excessiva ou dificuldade de acesso a determinadas regiões. Suas desvantagens estão relacionadas ao custo, inacessível a grande parte da população e ao impacto ambiental (considerado bem maior do que de todos os outros tipos de escovas). Embora uma revisão sistemática tenha concluído que a escova elétrica é mais efetiva para a remoção do biofilme em crianças6, é importante que, se ela for recomendada, a escovação manual seja mantida em algum momento do dia, para que haja o aprendizado da técnica e o treinamento. As escovas elétricas de boa qualidade, com cerdas macias (ou extramacias), não causam danos aos dentes, restaurações ou tecidos moles da boca. Quando devemser indicadas as escovas elétricas? Manual com Perguntas e Respostas39 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Existem mais estudos realizados com as escovas rotatórias/oscilatórias, mas as escovas de movimento lateral e sônicas apresentam, também, bons resultados. Ainda que, em alguns trabalhos, haja uma pequena superioridade das rotatórias/oscilatórias em relação às demais, a importância clínica dessa diferença é duvidosa. A orientação de não ligar a escova até que ela esteja dentro da boca evita que o dentifrício seja “expulso” no primeiro movimento. É importante, também, mostrar ao paciente que a posição da escova deve ser continuamente modificada, de maneira que haja contato com todas as superfícies dos dentes. Escovas recarregáveis são superiores às versões a pilha. Dispositivos como sensores de pressão e marcadores de tempo são desejáveis. Exemplos de escovas elétricas recarregáveis encontradas no mercado brasileiro: › Curaprox Hydrosonic Pro - 22.000 a 42.000 vibrações por minuto; cabeça oval; com temporizador. › Edel White Sônica Hidrodinâmica - 31.000 a 42.000 movimentos por minuto; com temporizador. › Oral B - Genius X e Genius 8000 ( +8.800 oscilações/rotações por minuto e +45.000 pulsações por minuto) / Pro 2000 (+8.800 oscilações/rotações e 45.000 pulsações por minuto); cabeça redonda; com temporizador e sensor de pressão. › Philips Colgate SonicPro - 10 e 30 (31.000 movimentos por minuto) / 50 , 70 e Kids (62.000 movimentos por minuto); cabeça oval; com temporizador e sensor de pressão › Waterpik - Escova Sônica com 31.000 vibrações por minuto (acoplada ao aparelho de irrigação oral); com temporizador Manual com Perguntas e Respostas40 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A realização da higienização de forma adequada depende, não apenas da destreza manual e do aprendizado, mas também da motivação (e da sua manutenção ao longo do tempo). Há várias técnicas de escovação descritas na literatura. Embora uma revisão sistemática tenha apontado a técnica de Bass (e Bass modificada) como superior às demais na redução do biofilme e da gengivite3, não há uma única técnica recomendada para todas as pessoas. Talvez a melhor maneira de orientar o paciente no consultório seja aperfeiçoando ou corrigindo a escovação que ele já está habituado a fazer. É importante ter em mente que modificar hábitos (sobretudo no adulto) é bastante difícil. Um programa individualizado, que leve em consideração as necessidades e dificuldades do paciente, favorecerá a adesão a longo prazo. Além disso, é muito importante que ele compreenda a situação atual e o por quê da necessidade da modificação sugerida. As opções mais comumente utilizadas pelas pessoas são: › técnica de Fones (movimentos circulares, realizados nas superfícies vestibulares e linguais dos dentes), muito apropriada para crianças; › técnica de Bass (movimentos vibratórios curtos no sentido ântero-posterior, com a escova posicionada em um ângulo de 45o., próximo à margem gengival/diretamente no sulco) ou Bass modificada (finalização dos movimentos de vibração com movimento de “rolar” a escova no sentido incisal/oclusal. › técnica de Stillman (movimentos de vibração com a escova posicionada a 45o. sobre a gengiva, seguidos de varredura no sentido incisal/oclusal; A técnica de Bass Modificada normalmente é realizada após orientação profissional, principalmente em pacientes que passaram por tratamento periodontal. Nas superfícies oclusais, os movimentos são de vai e vem (“esfregar”). Esse tipo de movimento é realizado por alguns pacientes nas superfícies vestibulares e linguais (sobretudo crianças ou aqueles que não receberam nenhum tipo de instrução), mas tem sido associado a maior ocorrência de alterações gengivais. Como já mencionado, a complementação da escovação da superfície oclusal do primeiro molar em erupção, por um adulto, no sentido transversal (com a cabeça da escova posicionada no sentido vestíbulo-lingual) promove melhor remoção do biofilme. A técnica de escovação (e a pressão exercida) não deve traumatizar os tecidos, principalmente os moles, o que geraria possível recessão gengival. Esse aspecto deve ser sempre enfatizado na orientação. Um outro fator importante é a frequência de escovação que, se excessiva, tem sido associada a maior incidência de recessões gengivais e lesões cervicais não cariosas. A duração da escovação deve ser suficiente para que seja efetiva. Em suma, a melhor técnica de escovação é aquela que o indivíduo consegue realizar, removendo a maior quantidade de biofilme, sem traumatismo. Qual a melhor técnica de escovação? Manual com Perguntas e Respostas41 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Grande parte das pessoas escovam os dentes por 30 segundos a 1 minuto. Um estudo mostrou que a redução do biofilme foi de, aproximadamente, 27% após 1 minuto e de 41% após 2 minutos.38. O tempo de 2 minutos de escovação é recomendado, não apenas para remoção do biofilme adequadamente, atingindo todas as superfícies dentárias, mas, também, para favorecer a disponibilização e retenção do fluoreto/demais ingredientes ativos na cavidade bucal. Para controle de inflamação gengival e cárie, as pessoas devem ser orientadas a fazer, pelo menos, duas escovações por dia, com o dentifrício fluoretado. Estudos demonstram que, para fins de inflamação gengival, uma vez ao dia seria suficiente. Entretanto, é importante lembrar que a escovação, além de objetivar a remoção do biofilme, é uma forma de aplicação tópica diária de fluoreto. Para fins de controle da cárie, o fluoreto deveria ser disponibilizado pelo menos 2 vezes ao dia, o que é o suporte dessa recomendação. A escovação apenas uma vez ao dia compromete o efeito anticárie do dentifrício fluoretado (até 50% menor), sobretudo em crianças em fase de erupção de dentes ou em pacientes geriátricos com exposição radicular. Poderá haver benefício se o paciente fizer 3 escovações, principalmente se houver risco aumentado de desenvolvimento de lesões de cárie ou doença periodontal. Qual é o tempo necessário para a escovação dos dentes? Quantas escovações devem ser feitas no dia? Manual com Perguntas e Respostas42 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A recomendação usual (que deve constar, inclusive, na embalagem dos produtos) é de troca da escova a cada 3 meses, pelo menos. Entretanto, dependendo da qualidade das cerdas (escovas extramacias tendem a sofrer maior alteração) e da força ou técnica empregadas, o desgaste das escovas pode variar bastante entre as pessoas . Por isso, vale a pena pedir ao paciente que traga a sua, na consulta, para avaliação. Uma forma objetiva de orientar é para que seja verificada a alteração da posição das cerdas externas, trocando a escova quando elas ultrapassarem a direção da base (o que, segundo alguns estudos, levaria à redução na capacidade de remoção do biofilme). Qual a periodicidade de troca da escova dental? Manual com Perguntas e Respostas43 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Após cada uso, a escova deve ser bem lavada (para remover restos do dentifrício e outros resíduos) e o excesso de umidade, eliminado (batendo o cabo/cabeça na beirada da pia, por exemplo). A escova deve ser, então, armazenada em pé (com a cabeça para cima), sem capa de proteção, para não criar um ambiente apropriado à proliferaçãomicrobiana e permitir a completa secagem. Ela deve ficar separada de outras escovas e distante do vaso sanitário. A desinfecção das cerdas pode ser realizada, periodicamente, em situações de pacientes em ambiente hospitalar, imunossuprimidos ou com quadros infecciosos. A recomendação mais frequente é que seja feita a imersão em um antisséptico contendo clorexidina a 0,12%, por 15 minutos, enxaguando depois em água corrente. Uma maneira simples e de custo acessível (para uso em creches, por exemplo) é a utilização do vinagre branco. Como armazenar e manter limpa a escova? Manual com Perguntas e Respostas44 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Como já explicado anteriormente, a recomendação de escovas com cerdas macias ou extramacias é relacionada, primeiramente, à saúde gengival. Escovas duras podem favorecer o desenvolvimento de lesões não cariosas, sobretudo se associadas a dentifrícios de maior abrasividade. Em relação ao desgaste, a escova parece agir modulando o efeito dos abrasivos dos dentifrícios. Em um estudo populacional (transversal), com adolescentes de 15 a 19 anos, foi encontrada uma associacão muito fraca (apesar de significativa) entre a rigidez das cerdas e o desgaste dental erosivo (menor desgaste com o uso de escovas extramacias)25 Curiosamente, um estudo in vitro mostrou aumento do desgaste provocado pela escovação com dentifrício mais abrasivo, após desafio erosivo, quando foram utilizadas escovas macias, em relação às médias. Uma possível explicação dada pelos autores foi que, pela flexão maior das cerdas, houve aumento do contato dos abrasivos com as superfícies.1 Qual a influência da escova no desgaste dentário? Manual com Perguntas e Respostas45 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em um outro estudo laboratorial, duas escovas ultramacias tiveram resultados estatisticamente diferentes no desgaste erosivo-abrasivo do esmalte, apesar dessa diferença ter sido considerada de importância clínica discutível. Aquela com maior número de cerdas (mais de 5.000 cerdas) gerou perda superficial maior, possivelmente por reter maior quantidade de dentifrício.40 Quando dentifrícios de baixa abrasividade são utilizados, não parece haver diferença no desgaste causado por diferentes tipos de escovas, mesmo na superfície radicular.42 Força excessiva na escovação aumenta o desgaste, razão pela qual escovas elétricas com sensores de pressão têm sido recomendadas para indivíduos que tendem a fazer uma escovação muito vigorosa. Quando maiores forças são aplicadas na escovação com dentifrício, escovas mais macias geram menor desgaste.10 Além da indicação de escovas com cerdas macias ou extramacias, a escolha correta dos dentifrícios, a educação do paciente quanto a técnica/frequência de escovação e o controle dos desafios ácidos na cavidade bucal são estratégias extremamente importantes. Manual com Perguntas e Respostas46 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Quando o bebê ainda não tem dentes e está com aleitamento materno exclusivo, é muito pouco provável que haja algum benefício na limpeza da cavidade oral. Na verdade, há indícios de que a limpeza favoreça a colonização por Candida spp.36 O leite materno depositado nas mucosas, rico em anticorpos, oferece uma proteção natural. Além disso, pela interação da mucosa com a microbiota, são desencadeados processos imunológicos importantes para o equilíbrio da cavidade oral dos bebês. A própria saliva promoverá a limpeza da boca nessa fase. Quando o primeiro dente irrompe, aí, sim, a escovação deverá ser feita (com pequena quantidade de dentifrício fluoretado). Quando deve ser iniciada a higienização da boca dos bebês? Manual com Perguntas e Respostas47 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A limpeza interproximal é um aspecto importante no autocuidado, pois essa região, que se apresenta com maior incidência de inflamação gengival, não é acessível à escova dental. O grande problema relacionado a esse tópico é a não utilização de nenhum tipo de recurso para remoção do biofilme proximal, rotineiramente, pelos pacientes (apenas 10 a 30% o fazem). O primeiro objetivo e talvez o mais desafiador é a formação do hábito. Por isso, a preferência deve ser levada em consideração, para facilitar a cooperação. Uma outra dificuldade é que, para atingir o benefício, a técnica, independentemente do tipo de instrumento, tem que ser realizada de maneira adequada, o que exige empenho (tanto do profissional-educador quanto do usuário). 1.2 - LIMPEZA INTERPROXIMAL Qual o melhor recurso para limpeza interproximal? Manual com Perguntas e Respostas48 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S É importante esclarecer aos pacientes que o sangramento não é um motivo para suspender a limpeza interproximal, mas, sim, um sinal da sua necessidade. É difícil afirmar a superioridade clínica, em todos os perfis de pacientes, de um único tipo de recurso para limpeza interproximal. Aspectos como o tamanho do espaço interdental, a destreza manual e a motivação para o uso devem ser levados em consideração, no momento da escolha. Embora o uso do fio dental seja considerado importante no protocolo de higienização, não há dados conclusivos sobre a magnitude do seu efeito na inflamação gengival, nem do impacto na redução da incidência de lesões de cárie (o que não significa que não haja efeito). No que se refere à inflamação gengival, a limitação do efeito do fio dental está provavelmente relacionada à maneira não tão adequada com a qual o mesmo é utilizado. Em relação a cárie, a limitação do seu efeito isolado está relacionada ao processo de desenvolvimento da doença, que depende mais de carboidratos fermentáveis e disponibilidade de fluoreto do que do controle do biofilme propriamente dito. Vale a pena lembrar que as pessoas usam o fio dental quando a desmineralização já ocorreu (após os desafios cariogênicos, pela exposição a açúcares da dieta) e a remoção mecânica do biofilme pelo fio não reverterá essa perda de mineral. Manual com Perguntas e Respostas49 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Os fios e fitas dentais são feitos de nylon, polipropileno, politetrafluoretileno (PTFE) ou outro material apropriado, recobertos ou não por ingredientes para facilitar o deslizamento e flavorizantes. Não existe evidência de que um tipo de fio seja melhor do que o outro na redução da gengivite. Exemplos de fios e fitas dentais: › Bianco - Fio Dental Delicare › Colgate - Fio Dental Encerado / Fio Dental Menta / Fita Dental Colgate Total › Condor - Fio Dental Infantil / Menta › Dental Clean - Fio Dental Menta / Fita Dental Menta / Fita Floss Premium / Fio Dental Infantil › Edel White - Fio Dental Encerado / Fio Dental Expand / Easy Tape Encerada › Kess - Fio e fita › Oral B - 3D White Floss, Essential Floss, Fio Pró Saúde, Satin Floss, Satin Tape › Elmex - Fio Dental com fluoreto de Amina › J&J - Fio Dental Essencial Menta / Expansion Plus › Hillo - Fio e Fita Dental / Fio Dental Extrafino / Fita Dental Menta › Needs - Fio Dental Menta › Sanifill - Fio Dental Clássico / Fio Dental Menta / Fio Dental Extrafino Manual com Perguntas e Respostas50 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IGIE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Fios encerados podem ter um bom atrito com a superfície proximal, favorecendo a remoção de depósitos. Já os fios bem deslizantes (como os de Teflon) facilitam a passagem por contatos apertados entre dentes. O fio dental com haste é um bom recurso para crianças/adolescentes adquirirem o hábito ou para pessoas com dificuldade no uso do fio comum. A adição de sabores serve para incentivar o uso. Todos esses aspectos podem influenciar na escolha, não pela superioridade, mas pensando em melhorar a adesão ao objetivo proposto. Exemplos de fios com haste: › Gum - Kids Flosser / Original Flosser / Multiple Action Flosser / Dual Technique › Kess - Fio dental Individual › Oral B - 3D White com Haste / Expert › Tepe - Mini Flosser Passa-fios e fios específicos para uso em aparelhos ortodônticos e próteses fixas estão disponíveis, mas exigem treinamento do paciente. Manual com Perguntas e Respostas51 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de fios especiais: › Edel White SuperSoft Floss › Gum - Orthodontic Floss › Oral B - Superfloss Exemplos de marcas de passa-fios: › Bitufo, Dental Clean, Gum, Hillo, Kess, Needs, Power Line Embora o uso de um fio dental não encerado impregnado com clorexidina 2% tenha sido superior na redução do biofilme interproximal supragengival ao fio não encerado tradicional, não houve superioridade em relação aos índices de sangramento.21 Em relação ao fluoreto, apesar da possibilidade da aplicação direta na região proximal com fios impregnados, não há evidência de efeito clínico adicional no controle de cárie em indivíduos utilizando dentifrício fluoretado. Além disso, pode haver uma grande variação na liberação dos aditivos entre diferentes produtos comerciais.34 As escovas interdentais são os melhores recursos para reduzir o biofilme proximal (30% a mais do que somente escovação) e a inflamação, desde que haja espaço suficiente para a sua utilização de forma atraumática (por isso os diferentes diâmetros e formatos).13 Em concavidades das superfícies dos dentes com perda de inserção, é indiscutível a sua superioridade em relação aos demais dispositivos, sendo capaz de remover, também, o biofilme localizado abaixo da margem gengival. A facilidade de uso dessas escovas é um fator muito importante, sobretudo para o perfil de pacientes portadores de doença periodontal destrutiva. A prescrição do formato (cilíndrico ou cônico), do tamanho adequado e a demonstração da maneira correta de usar são fundamentais para o efeito desejado, sem trauma tecidual. Manual com Perguntas e Respostas52 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de escovas interdentais: › Bitufo Interclean - Cônica (2,5 a 4 mm / 3 a 6,2mm ) e Cilíndrica (2mm / 3mm / 4mm) › Colgate Total - cilíndrica (2 mm) › Curaprox - CPS Prime 06 / 07 / 08 / 09 / 011 (com diâmetro de limpeza de 2,2 mm / 2,5 mm / 3,2 mm / 4 mm / 5 mm, espaço de acesso entre 0,6 e 1,1 mm) › CPS Soft & Implant 505 / 507 / 508 / 512 / 516 (com diâmetro de limpeza de 5,5 mm / 7,5 mm / 4,5 - 8,5 mm / 12 mm / 16 mm, com espaço de acesso maior que 2 mm) - haste com revestimento plástico › DentalClean - Cônicas e cilíndricas › Edel White - EasyFlex , cilíndricas (em 6 diferentes tamanhos, com diâmetro de limpeza de 1,7 mm / 2 mm / 2,4 mm / 3 mm / 4 mm / 5 mm, espaço de acesso entre 0,42 mm e 0,8 mm); haste coberta › Gum - Proxabrush cônica e cilíndrica › Kess - Cilíndrica (Extrafina 3mm / Grossa 8 mm ) e Cônica (3 a 7 mm) › Kin - Mini 1,1 mm / Micro 0,9 mm/ Supermicro 0,7 mm/ Ultramicro 0,6 mm / Cônica 1,3 mm › Needs - 3 mm › Oral B - Expert cônica (2-3 mm / 3-4 mm) › Tepe - Macias e Extramacias, cilíndricas (espaço de acesso 0,4 / 0,45 / 0,5 / 0,6 / 0,7 / 0,8 / 1,1 / 1,3 ) - arame central revestido de plástico Para higienização das regiões com próteses sobre implantes, a recomendação é que sejam utilizadas as escovas interdentais, especialmente aquelas com hastes centrais recobertas por plástico, para evitar ranhuras na superfície (apesar de haver controvérsia sobre essa informação). Devido aos relatos, na literatura, de peri-implantite desencadeada pela presença de remanescentes de fio dental, é importante orientar cuidadosamente o paciente, caso esse seja o seu recurso de preferência.44 Manual com Perguntas e Respostas53 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No mercado brasileiro, os palitos disponíveis em supermercados têm objetivos muito mais relacionados à remoção de restos alimentares do que controle do biofilme. São facilmente encontrados e de custo acessível. Palitos triangulares, de madeira apropriada estão comercialmente disponíveis à população de outros países, mas, no Brasil, só no mercado de produtos odontológicos. Apesar de existirem dúvidas sobre a magnitude do efeito, tanto os palitos de secção transversal triangular quanto os arredondados parecem ser capazes de reduzir o biofilme e os sinais de inflamação na região proximal.48 Se for esse o recurso que o paciente conseguirá usar, a técnica deve ser bem orientada, pois, se a utilização não for cuidadosa, existe risco de traumatizar a papila gengival, sobretudo em espaços menores. Além disso, o ângulo para inserção na região posterior é difícil, assim como o acesso às áreas côncavas das raízes ou mais próximas à face lingual (o que pode favorecer a permanência de biofilme residual). Estão disponíveis, atualmente, palitos especiais de borracha, com formato semelhante ao das escovas interdentais. Palitos podem ser utilizados para a limpeza da região interproximal? Exemplos de palitos especiais: › Edel White- Pick Sticks › Gum - Soft Picks › Oral B - Pick Interdental Expert › Tepe - Easypick Manual com Perguntas e Respostas54 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A utilização do fio dental, antes ou depois da escovação, não afeta o índice de placa, segundo uma revisão sistemática.35 Apesar de haver um estudo mostrando maior retenção de fluoreto no biofilme residual quando o fio foi usado antes19, essa informação carece de suporte científico, sobretudo no que diz respeito ao impacto dessa diferença na redução de cárie. Mais importante do que a sequência é a formação do hábito de limpeza interproximal, uma vez ao dia, que poucas pessoas têm estabelecido. A limpeza interproximal deve ser feita antes ou depois da escovação? Manual com Perguntas e Respostas55 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A remoção da “saburra” lingual, rica em microorganismos, células descamadas e resíduos de alimentos, é considerada um passo importante na higienização e contribui para a prevenção/tratamento da halitose de origem bucal. 1.3 - OUTROS RECURSOS Qual a indicação dos limpadores de língua? Manual com Perguntas e Respostas56 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Para isso, podem ser utilizados os limpadores de língua, as escovas especiais para língua ou as escovas dentais de cerdas macias (ou extramacias) Em vários estudos, os limpadores de língua se mostraram superiores às escovas dentais na redução dos compostos sulfurosos voláteis (CSV), sendo, também, menos associados à sensação de enjôo24Um estudo clínico recente, no qual não foram encontradas diferenças significativas entre eles (tanto na remoção dos depósitos quanto na diminuição dos compostos voláteis) ressaltou a importância da orientação quanto à técnica de limpeza da língua (“varrer” cuidadosamente, da região posterior para a frente), para qualquer instrumento indicado.4 Exemplos de limpadores e escovas para língua existentes no mercado: › Limpadores - Curaprox CTC (com lâmina simples ou dupla), Edel White, Tepe Good › Escovas - Bitufo Hálito Puro, Dental Clean, Tung Manual com Perguntas e Respostas57 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Há benefícios na utilização dos aparelhos para irrigação oral? A recomendação de utilizar aparelhos com jatos de água (tipo Waterpik), associado à escovação, pode ser feita para alguns pacientes (com próteses sobre implante e do tipo protocolo ou com pouca destreza manual, por exemplo). Apesar de não haver evidência de benefícios na redução do biofilme, vários trabalhos demonstram melhora nos parâmetros de inflamação gengival (mas menor do que com escovas interproximais). Esses aparelhos podem ser utilizados, também, para irrigação com enxaguatórios contendo antimicrobianos (clorexidina, por exemplo). Em relação à bacteremia gerada por esses jatos, não há diferença da ocasionada pela escovação e uso do fio dental. Exemplos comerciais de aparelhos para irrigação oral encontrados no mercado brasileiro: › Edel White - Flosserpik › Oraljet › Philips/Sonicare › Waterpik Manual com Perguntas e Respostas58 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O uso de gomas de mascar sem açúcar (e não ácidas) reduz o biofilme ou traz benefícios para o controle de doenças? A saliva é uma solução supersaturada de cálcio e fosfato em relação aos dentes, o que evita a dissolução dos mesmos e favorece a reparação de minerais perdidos. O grau de saturação e a consequente propriedade remineralizante da saliva aumentam quando o fluxo salivar é estimulado, havendo, também, maior concentração de bicarbonato (e elevação do pH). A mastigação dos chicletes sem açúcar provoca, nos primeiros 5-10 min, um aumento de até 10 vezes do fluxo salivar, devido ao estímulo químico dos agentes flavorizantes e adoçantes da goma. O fluxo salivar é mantido ativado, da ordem de 3-4 vezes, pela estimulação mecânica dos botões gustativos, pela pressão da mastigação da goma-base. Como consequência, há um favorecimento da eliminação do açúcar, neutralização de ácidos produzidos e redução dos compostos voláteis responsáveis pelo mau hálito (por até 3 horas). A saliva estimulada atua, também, na reparação da estrutura dental que sofreu desmineralização. Em pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico, o uso de gomas de mascar sem açúcar, após a refeição, pode ajudar na redução da acidez na boca e no esôfago. Manual com Perguntas e Respostas59 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Gomas de mascar não são capazes de remover o biofilme das superfícies com maior risco de manifestação de doença (margem gengival e regiões proximais, por exemplo). Podem até promover uma pequena redução no índice de placa, quando associado à escovação, mas não há redução de inflamação gengival. Apesar de ser uma hipótese plausível, não se pode afirmar que o uso de gomas de mascar sem açúcar seja uma maneira eficaz para reduzir o desenvolvimento de lesões de cárie. A recomendação do uso pode ser feita de maneira individualizada (pacientes de alto risco, que não consigam fazer a escovação após o almoço, por exemplo), nunca para crianças abaixo de 5 anos, pela possibilidade de engasgar, sendo também contraindicado para pacientes com disfunções temporomandibulares. Quanto aos efeitos do uso de gomas de mascar após o consumo de alimentos ácidos ou um episódio de vômito, por exemplo, o benefício esperado de potencialização da remineralização pode ser perdido pela remoção mecânica da superfície amolecida, durante a mastigação. Manual com Perguntas e Respostas60 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Por mais que existam “crenças” populares (sobre a maçã, por exemplo), nenhum alimento é capaz de substituir a escovação dos dentes, por mais que favoreça a remoção de restos de alimentos, reduza o biofilme em algumas superfícies (mas não nas interproximais ou nas áreas próximas à margem gengival) ou estimule a produção de saliva. Existem alguns alimentos que podem auxiliar, através do aumento da saturação da saliva em cálcio (como os queijos), fluoreto (como chá feito com as folhas da Camellia sinensis), ou do aumento do pH do biofilme (peixe tambaqui, por exemplo). Há alimentos que podem “substituir” a escovação? Manual com Perguntas e Respostas61 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Embora o leite tenha propriedades anticariogênicas (pela composição proteica), ele tem lactose, um carboidrato cariogênico para dentina. Porcentagem de perda de dureza de superfície da dentina, de acordo com os tratamentos. Adaptado de Botelho JN, Nome CM, Giacaman RA, Cury, JA. Effect of bovine milk fat-removal on S.mutans biofilm composition and root dentine demineralization (ORCA 2019) Manual com Perguntas e Respostas62 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S 1. BIZHANG M, RIEMER K, ARNOLD WH, DOMIN J, ZIMMER S. Influence of bristle stiffness of manual toothbrushes on eroded and sound human dentin - an in vitro study. Plos One, 2016, 11(4): e0153250. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada no 142, de 17 de março de 2017, publicada no Diário Oficial da União em 20 de março de 2017. 3. CHANDRASHEKAR JANAKIRAM C, TAHA F, JOE J. The efficacy of plaque control by various toothbrushing techniques - a systematic review and meta-analysis. J Clin Diagn Res, 2018, 12(11), 1-6. doi: 10.7860/JCDR/2018/32186.12204. 4. CHOI HN, CHO YS, KOO JW. The effect of mechanical tongue cleaning on oral malodor and tongue coating. Int J Environ Res Public Health, 2022, 19(1), 108. doi: 10.3390/ijerph19010108. 5. CURY JA, TENUTA LMA, TABCHOURY CPM. Saliva, goma de mascar e saúde bucal. In: Centenário da APCD. São Paulo, ed.1, Ed. Napoleão, 9: 179-90. 2011. 6. DAVIDOVICH E, SHAFIR S, SHAY B, ZINI A. Plaque removal by a powered toothbrush versus a manual toothbrush in children: a systematic review and meta-analysis. Pediatric Dent, 2020, 42(4): 280-287. 7. DEACON SA, GLENNY A-M, DEERY C, ROBINSON PG, HEANUE M, WALMSLEY AD, SHAW WC. 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Manual com Perguntas e Respostas66 PARTE 2 Dentifrícios Manual com Perguntas e Respostas67 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios (do latim dens = dente e fricare = friccionar) são formulações usadas na escova para higienizar os dentes. E há, por trás deles, muita ciência! São produzidos na forma de creme/pasta ou gel dental, tendo propriedade tixotrópica que permite a retenção da forma, ao ser colocado sobre a escova, e a dispersão, quando levado à cavidade bucal. Eles foram inicialmente utilizados pela sua função cosmética (limpeza, remoção de manchas e produzir no consumidor a sensação de hálito fresco), assumindo, posteriormente, importante função como veículo para agentes terapêuticos (sendo o fluoreto o mais importante deles, pelo efeito anticárie, de grande impacto em saúde coletiva). 2.1 - ASPECTOS BÁSICOS O que são dentifrícios e quais as suas funções? Manual com Perguntas e Respostas68 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A composição dos dentifrícios evoluiu muito, ao longo do tempo. Existem registros históricos da limpeza de dentes feita com misturas de flores/ pimenta/sal, pedra pomes pulverizada, cinzas de cascos de animais, carvão vegetal, entre outros. A primeira pasta de dentes, em uma versão mais parecida com as que utilizamos hoje, foi criada por um dentista americano, em 1892, mas a adição de fluoreto aos produtos só aconteceu a partir de 1914. Atualmente, os dentifrícios são formulados com vários ingredientes (cada um com uma função), que devem ser compatíveis entre si, tanto para garantir a propriedade cosmética, quanto para assegurar o efeito preventivo-terapêutico desejado (se estiverem em concentração adequada): › Abrasivos (20 a 50%) - Representam uma parte importante da composição, responsável pelo controle da pigmentação extrínseca de dentes e restaurações. São exemplos a sílica, o carbonato de cálcio (CaCO3), o fosfato de cálcio diidratado (CaH2PO4.2H2O). Quando o dentifrício contém cálcio no abrasivo, ele só pode ser formulado com monofluorfosfato de sódio (MFP=Na2FPO3) e não com fluoreto de sódio (NaF), fluoreto estanhoso (SnF2) ou fluoreto de amina (F-Am). › Umectantes (20 a 40%) - Evitam o ressecamento do produto dentro da embalagem. Exemplos: sorbitol, polietileno glicol/PEG, glicerina. › Água (qsp / quantidade suficiente para 100%). › Espessantes e Aglutinantes (1 a 2%) - Evitam a separação dos componentes e melhoram a consistência do produto. Exemplos: goma xantana, carboximetilcelulose, carragenina. › Detergentes (até 3%) - Responsáveis pela formação de espuma e dispersão do produto pela cavidade oral. Exemplos: lauril sulfato de sódio, cocoamidopropil betaína, lauril sarcosinato de sódio. › Flavorizantes / Aromatizantes (1 a 2%) - Conferem sabor e aroma agradáveis. Exemplos: mentol e cinnamal. Qual a composição básica dos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas69 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S › Conservantes (até 0,5%) - Evitam o crescimento microbiano durante o armazenamento. Exemplos: parabeno, benzoato. › Adoçantes - Sacarina, sorbitol, xilitol, etc. › Corantes - Os mesmos aprovados para serem usados em produtos alimentícios. › Agentes terapêuticos (geralmente < 1%) - Responsáveis pelos importantes efeitos anticárie, antiplaca/antigengivite, antitártaro, dessensibilizantes, antierosivos. › Os agentes terapêuticos são denominados ingredientes ativos de uma formulação e os demais, ingredientes inativos. Manual com Perguntas e Respostas70 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No Brasil, os dentifrícios são regulamentados pela ANVISA, em resoluções que tratam dos produtos de higiene pessoal. Dentifrícios com flúor ou com ação antiplaca, antitártaro, dessensibilizante e clareadores químicos são classificados como Produtos de Grau 2. Os demais são considerados produtos com propriedades elementares (Grau 1), cuja comprovação não é inicialmente necessária. (Resolução no. 07 de 10 de fevereiro de 2015). A concentração total de flúor nos dentifrícios não pode ser superior a 0,15% F- (1500 ppm F-) para que estejam nas prateleiras e sejam vendidos livremente, sem necessidade de prescrição. (Resolução no. 530 de 04 de agosto de 2021). É importante lembrar que apenas o fluoreto quimicamente solúvel tem eficácia anticárie (efeito local) ou contribui para o risco de fluorose dental (efeito sistêmico, pela ingestão e absorção no trato gastrointestinal). Infelizmente, ainda não há nenhuma exigência de que o fabricante comprove a concentração mínima de fluoreto solúvel (ativo), na data de fabricação ou durante a validade do produto e, portanto, nenhuma garantia de que o dentifrício que está sendo usado seja realmente eficaz no controle da cárie. Na embalagem dos dentifrícios, deve constar, além da marca e nome comercial, informações sobre composição (e a concentração de fluoreto, se houver, em ppm), modo de usar, advertências, prazo de validade (do produto em si), fabricante (com endereço), país de origem e número do lote. Como são regulamentados os dentifrícios no Brasil? Manual com Perguntas e Respostas71 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A viscosidade ideal dos dentifrícios evita a saída exagerada do conteúdo do tubo, a penetração do produto entre as cerdas e a separação dos ingredientes. Ao mesmo tempo, possibilita a dispersão e disponibilização dos componentes ativos na cavidade bucal durante a escovação. Umectantes, aglutinantes e abrasivos interferem na viscosidade do produto. O aumento da viscosidade pode ser responsável pela diminuição da velocidade de liberação dos componentes e comprometimento do efeito terapêutico. A avaliação da quantidade de fluoreto que um dentifrício biodisponibiliza durante a escovação, por exemplo, pode funcionar como um pré teste do potencial anticárie (dentifrícios liberando menos fluoreto teriam potencial anticárie reduzido). Um outro aspecto importante é que haja, durante o uso, a reação imediata dos princípios ativos com seus locais de ação, para maximizar o seu efeito. Qual a influência da viscosidade no efeito dos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas72 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F ISS IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios são formulações bem estudadas, havendo neles componentes importantes do ponto de vista farmacotécnico, que impedem, por exemplo, que o produto escorra na escova, mas permitem que se espalhe na boca. Molhar rapidamente a escova, como é feito por algumas pessoas (ainda que não seja o usualmente recomendado), não tem impacto significativo no efeito terapêutico do produto, pois a mudança na concentração dos ingredientes ativos é desprezível. O que pode acontecer é uma aumento na formação de espuma na escovação, a qual pode ser incômoda para determinados pacientes, como crianças e gestantes. Dentifrícios, para que tenham função cosmética, precisam conter um sistema abrasivo, responsável pelo controle de manchas/pigmentação. Abrasivos podem contribuir para o desgaste dos dentes (principalmente dentina) e materiais restauradores, dependendo de uma série de outros fatores relacionados à escovação (força, frequência), condições do meio bucal (pH, saliva), características do produto (fluoreto, detergentes), estilo de vida/dieta do indivíduo, condições sistêmicas (DRGE, uso de medicações). Estudos em que foram testados produtos sem abrasivos (ou com quantidade muito pequena) mostraram enorme taxa de desistência dos participantes, descontentes com a menor capacidade de limpeza do dentifrício e o “amarelamento” dos dentes. Molhar a escova após a colocação do dentifrício diminui o seu efeito? Para minimizar a possibilidade de desgaste dentário, não seria melhor utilizar dentifrícios sem abrasivos? Manual com Perguntas e Respostas73 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O esmalte hígido tem um índice de dureza superior à maioria dos abrasivos utilizados nos dentifrícios (uma exceção seria, por exemplo, alumina). Já o esmalte submetido a desafio ácido e a dentina são susceptíveis a desgaste significativo por produtos de maior abrasividade. O grau de abrasividade dos dentifrícios é laboratorialmente estimado pelo seu RDA - Relative/Radioactive Dentin Abrasivity (índice de desgaste da dentina), criado na década de 1970, para garantir segurança no uso continuado. Aplicando a mesma força e direção, com condições laboratoriais controladas, uma pasta mais abrasiva produzirá maior desgaste das superfícies. Entretanto, diferentemente, por exemplo, do efeito da concentração do fluoreto no controle da cárie, não há estudos clínicos que tragam evidência da relação direta entre RDA e desgaste dos dentes. Mesmo em estudos in vitro, produtos com diferentes valores de RDA podem gerar o mesmo grau de desgaste, dependendo de outros fatores (como desafios ácidos prévios). Valores de RDA não devem ser usados para ranquear dentifrícios, mas, sim, considerá- los adequados se dentro de uma faixa preconizada. A American Dental Association considera que um dentifrício com RDA até 25O é seguro, enquanto o FDA considera que o máximo deva ser 200. Arbitrariamente, produtos com RDA maior que 150 têm sido definidos como de alta abrasividade por pesquisadores. O que temos que saber sobre a abrasividade (RDA) de dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas74 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Com o aumento da expectativa de vida, da utilização de materiais restauradores estéticos e da incidência de lesões não cariosas/hipersensibilidade dentinária, tem havido uma preocupação dos profissionais em prescrever dentifrícios fluoretados com valores de RDA bem inferiores àqueles anteriormente preconizados. A grande dificuldade é não haver, na literatura, um limite máximo definido para a utilização por esses perfis de pacientes. Essa abordagem é, portanto, ainda carente de evidências. Considerando que a maior parte dos dentifrícios anticárie simples e dessensibilizantes têm RDA até 100 (aproximadamente), talvez essa possa ser uma referência clínica para um limite (aproximado) de segurança, até que estudos tragam respostas mais definitivas. A classificação quanto à abrasividade (ou o RDA dos dentifrícios) pode ser obtida através de estudos ou de informações fornecidas pelo fabricante. Não há obrigatoriedade na divulgação dos valores de RDA para os profissionais (nem em outros países). Entretanto, seria importante que as empresas disponibilizassem, voluntariamente, o RDA (ou a classificação da abrasividade como baixa, média, alta) de seus produtos, como um dos fatores a serem considerados no momento da prescrição. Por outro lado, há chance dessa informação gerar confusão e má interpretação. Como saber a abrasividade e o RDA de um dentifrício? Valores de RDA de alguns dentifrícios comercializados no Brasil: › Clinpro 5000 - 68 › Close Up Liquifresh – 86 › Colgate Anticárie – 70 a 136 › Colgate Luminous White - 175 a 200 › Colgate Sensitive Pro Alívio - 81 a 125 › Colgate Smiles - 77 › Crest Kids – 80 a 95 › Curaprox Be You - 50 › Curaprox Enzycal 950 - 30 › Curaprox Enzycal 1450 - 60 › Dentifrício Periogard - 60 › Diamond Glow Swiss Smile - 20 › Edel White Antiplaca + Branqueador - 80 › Edel White Care Forte - 60 › Elmex Anticárie – 77 › Elmex Sensitive - 30 › Glister - 110 › Kin Hidrat – 60 a 75 › MI Paste One – 64 › Opalescence Whitening Sensitive – 90 › Oral B Gengiva Detox Deep Clean - 180 › Oral B Gengiva Detox Gentle Whitening - 200 › Oral B Pró Gengiva Original – 158 › Oral B Pró Saúde 100% - 102 › Oral B Sensitive Whitening Therapy – 100 › Orthogard - 80 › Parodontax com flúor – 56 › Regenerate - 125 › Sensodyne Pró Esmalte - 37 › Sensodyne Rápido Alívio – 70 › Sensodyne Sensibilidade e Gengivas – 120 › Sensodyne Repair and Protect - 103 › The Humble Co. - 60 a 70 Manual com Perguntas e Respostas75 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exigir a divulgação do valor do RDA nas embalagens pode trazer problemas, pois pouquíssimos são os laboratórios que fazem o teste de abrasividade e fornecem o valor de RDA dos dentifrícios para as empresas, nenhum deles no Brasil (nem os países que têm, como Estados Unidos, fazem essa exigência). Assim, firmas que produzem dentifrícios fluoretados de custo acessível àqueles mais vulneráveis à cárie, comprados e distribuídos pelo SUS e pelos programas de saúde coletiva, não teriam como atender a essa obrigatoriedade, o que poderia impactar na atenção à saúde de uma grande parte da população. É importante ressaltar que, como explicado nas perguntas anteriores, o RDA foi concebido como um valor relativo, não para ser considerado um número absoluto ou usado para comparar dentifrícios. Os detergentes são importantes para dispersão dos dentifrícios na cavidade oral e podem ajudar a solubilizar os depósitos sobre os dentes, durante a escovação. Facilitam, também, a remoção de gorduras. Entretanto, em alguns pacientes, podem gerar alguma reação adversa na mucosa. Lauril sulfato de sódio (LSS) é um detergente aniônico universal, seguro e, assim, tem sido usado na maioria dos dentifrícios (adultos ou infantis). Há, no mercado, pastas sem nenhum detergente (ou com substitutos), cujos benefícios da prescrição, após avaliação específica, podem ser considerados. É importante explicar ao paciente a razão da escolha desses produtos e a característica de menor (ou nenhuma) formação de espuma na boca, no momento da escovação. Algumas indicações: › para reduzir a frequência, duração e sintomatologia dolorosa de lesões de aftas; › para evitar irritação/descamação da mucosa em pacientes com xerostomia causada pelo uso de medicamentos, radioterapia, Síndrome Sjögren ou com sensibilidade a esse componente; › em pacientes comsíndrome de ardência bucal; › durante tratamento oncológico (quimioterapia). Por que não tornar obrigatória a divulgação dos valores de RDA nas embalagens dos dentifrícios? Qual a importância de conhecermos os tipos de detergentes presentes nos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas76 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de produtos sem detergentes ou com detergentes alternativos ao LSS: › Biotene: CAPB › BioXtra: Isoceteh-20 › Cariax Gingival Kin: CAPB › Colgate Sensitive Pró Alívio Imediato Gengivas: CAPB › Curaprox Be You: Cocamidopropil betaína (CAPB) › Curaprox Enzycal 1450 ou 950: Steareth-20 › Edel White Care Forte: CAPB e Lauril sarcosinato de sódio › Edel White Stop Sensitive: Lauril sarcosinato de sódio › Elmex Anticárie: sem detergente › Kin Forte Gengivas - CAPB › Kin Hydrat: CAPB › Kin B5: CAPB › Malvatrikids F / Jr. - Lauril sarcosinato de sódio › MI Paste One: Lauril sarcosinato de sódio › Oncare Gel Dental - CAPB › Parodontax Flúor - CAPB › Sensikin: CAPB › Sensodyne Extra Fresh Branqueador: CAPB e cocoil metil taurato de sódio › Sensodyne Original / Pró-Esmalte / True White / Ultra Proteção : CAPB › Sensodyne Rápido Alívio: Cocoil metil taurato de sódio › Sensodyne Repair and Protect - CAPB e Cocoil metil taurato de sódio › The Humble Co. Natural - Lauril glicosídeo › Xerolacer: CAPB Os agentes de sabor são importantes na composição dos dentifrícios, para mascarar o gosto de alguns ingredientes e tornar o uso agradável, podendo contribuir para o aumento da frequência e do tempo de escovação. Entretanto, quando em excesso, em formulações inadequadas (em que os óleos se “desprendam” da massa) ou em pessoas com mucosas mais sensíveis (por exemplo, com redução do fluxo salivar), causam irritações/descamações. Algumas vezes, eles não estão especificados nas embalagens, que trazem apenas “sabor” (combinações de óleos essenciais como hortelã, hortelã-pimenta, menta, limoneno) e, além disso, não sabemos a quantidade em cada produto. Dentifrícios contendo óleo de canela/cinnamal tendem a ser mais irritantes. Os dentifrícios naturais (e alguns veganos ou infantis) não têm flavorizantes artificiais e a escolha desses produtos é uma questão de preferência. Qual a importância dos flavorizantes nos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas77 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Qual o significado das cores que aparecem nos tubos? As marcas coloridas nos tubos dos dentifrícios não têm nenhuma relação com a composição dos produtos. As informações veiculadas na internet, com significados das cores (verde para produtos naturais, vermelho para ingredientes naturais e químicos, azul para ingredientes naturais e medicinais ou preto para apenas químicos) são falsas! As marcas coloridas são importantes para que os sensores do maquinário robótico de fabricação detectem onde o tubo deve ser cortado e colado. Apenas isso. Manual com Perguntas e Respostas78 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A sacarina é usada em concentração muito pequena e foi considerada segura para inclusão nas formulações de adultos ou crianças (pela FDA, World Health Organization, EFSA na Europa). Portanto, a escolha de produtos com outros tipos de adoçantes é uma questão de preferência. Não há, até o momento, com base em evidência científica de estudos clínicos, nenhuma substância que tenha a eficácia clínica anticárie do fluoreto, embora existam no mercado dentifrícios com xilitol, nanohidroxiapatita, tricálcio fosfato, lactoperoxidase, entre outros. Alguns fabricantes têm adicionado essas substâncias aos dentifrícios fluoretados, com o objetivo de melhorar seu efeito anticárie ou antierosivo, mas não há evidência robusta de superioridade de nenhum desses produtos em relação aos dentifrícios convencionais, com concentração adequada de fluoreto. Há algum problema relacionado à presença da sacarina nos dentifrícios (sobretudo infantis)? Existe algum outro aditivo que possa substituir o fluoreto nos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas79 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A recomendação universal, para quem não recebeu uma prescrição feita pelo dentista, é de usar um dentifrício anticárie simples (pelo menos 1000 ppm F), sem adição de outros componentes ativos (dessensibilizantes, antimicrobianos). Estes outros componentes têm indicações específicas e devem ser prescritos de acordo com as mesmas. São produtos que têm, normalmente, abrasividade adequada à utilização continuada e não trazem o risco de mascaramento de sintomas e sinais que exijam diagnóstico e orientação profissional (como a hipersensibilidade dentinária, em pacientes com consumo frequente/excessivo de alimentos e bebidas ácidas). Não necessariamente. Dentifrícios, apesar de terem o mesmo nome (no idioma correspondente) podem ter composições diferentes, dependendo dos países em que são comercializados. Por isso, ao prescrever um produto para um paciente que more no exterior, é importante verificar a formulação. Nos sites das empresas, essa informação é facilmente obtida. Qual o melhor dentifrício para utilização por quem não recebeu uma prescrição individualizada? Dentifrícios com o mesmo nome têm a mesma composição em qualquer país? Exemplos de dentifrícios com o mesmo nome e diferentes formulações em outros países: › Colgate Total 12 › NaF 1450 ppm F + Citrato de Zinco 1,5% + Óxido de Zinco 0,5% - Brasil, França, Portugal, Canadá, Peru › SnF2 1100 ppm F - Estados Unidos › Sensodyne Repair and Protect › NaF 1430 ppm F + Novamin 5% - Brasil, Canadá, França, Portugal, Peru › SnF2 1100 ppm F - Estados Unidos › Sensodyne Rápido Alívio › NaF 1040 ppm F + Acetato de Estrôncio 8% - Brasil, Portugal › SnF2 1100 ppm F - Canadá, França › SnF2 + NaF 1430 ppmF - Portugal, Peru › Parodontax Flúor › NaF (1400 ppm F) c/ bicarbonato e ratânia/ equinácea/camomila/sálvia/mirra - Brasil › SnF2 (1100 ppm F) - Estados Unidos Manual com Perguntas e Respostas80 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A evidência científica disponível deixa claro que o efeito anticárie do fluoreto nos dentifrícios é função da concentração. Esta deve ser de, pelo menos, 1000 ppm F-, para que haja o benefício esperado, com mínimo efeito adverso (fluorose dentária em um grau que não impacte na qualidade de vida), desde que o produto seja utilizado na frequência recomendada e para escovar os dentes! Como dito anteriormente, apenas o fluoreto solúvel é eficaz no controle de cárie. Nos dentifrícios formulados com monofluorfosfato de sódio e abrasivos contendo cálcio, de grande importância pelo custo de fabricação reduzido (acessível à parte da população mais vulnerável à doença), parte do fluoreto total pode estar em forma insolúvel, o que comprometeria a qualidade do produto. Por isso, é tão importante haja mudança na legislação e exigência de, pelo menos, 1000 ppm F- em forma BIOdisponível. Ao longo do texto, serão abordadas as diferenças entre os sais fluoretados presentes nos dentifrícios. O dentifrício fluoretado foi incluído pela OMS na lista de medicamentos essenciais ao controle de doenças de alta prevalência/importância e que devem ser priorizados pelos governos para disponibilização no sistema de saúde e distribuição com custo acessível (com a qualidadenecessária). 2.2 - DENTIFRÍCIOS FLUORETADOS Qual a concentração de fluoreto necessária para o efeito anticárie dos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas81 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Na concentração em que é usado nos dentifrícios (1000 a 1500 ppm), o mecanismo de ação do fluoreto no controle da cárie baseia-se no seu efeito físico-químico, reduzindo a desmineralização e potencializando a remineralização pela saliva das superfícies dentárias hígidas. Nas lesões iniciais, visíveis (mancha branca) ou não (estágio subclínico), o dentifrício fluoretado atua ajudando a saliva a remineralizar o esmalte-dentina desmineralizados. Assim, o tempo para progressão das lesões é bastante aumentado. Isso caracteriza o dentifrício como um agente com potenciais preventivo e terapêutico, sendo que, esse segundo não é frequentemente identificado pela população, que o considera basicamente preventivo. Após a escovação, a concentração de fluoreto na cavidade bucal se mantém aumentada por cerca de 40 minutos. Nas superfícies dentárias em que houve a remoção completa do biofilme, o fluoreto ajudará a saliva na remineralização das lesões de cárie. Nas superficies hígidas ou com lesões de cárie não perfeitamente Cárie é uma doença crônica, não contagiosa e não erradicável. As lesões se desenvolvem nas superfícies dentárias onde biofilmes se formam (processo natural de organização das bactérias presentes na boca) e se acumulam sob exposição frequente a açúcares da dieta, particularmente a sacarose. A escovação é capaz de controlar a gengivite, mas seu efeito no controle de cárie é limitado, razão pela qual é associada ao uso do dentifrício fluoretado. Ele é um meio racional de usar o fluoreto, pois há aplicação frequente, ao mesmo tempo em que é feita a desorganização do biofilme. Qual o mecanismo de ação do fluoreto dos dentifrícios na cárie dentária? Manual com Perguntas e Respostas82 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S limpas pela escovação, o fluoreto difundir-se-á e ficará retido nos remanescentes de biofilme residual. Quando houver o consumo de açúcar e queda de pH (<5,5 >4,5), o fluoreto presente reduzirá a desmineralização dental, pois ao mesmo tempo em que há dissolução de minerais tipo hidroxiapatita (HA), uma certa quantidade de cálcio e fosfato dissolvidos voltam para o esmalte na forma de fluorapatita (FA). Assim, o resultado líquido pela presença de fluoreto no fluido do biofilme será uma diminuição da perda mineral. Quando o pH retorna a níveis superiores a 5,5 o fluoreto age novamente acelerando a propriedade salivar de remineralização dos minerais perdidos. Como consequência, tanto a iniciação de cárie nas superficies hígidas, como a progressão das lesões naquelas já cariadas, será reduzida. Os eventos de desmineralização e remineralização ocorrem várias vezes, todos os dias. O desenvolvimento das lesões de cárie acontecerá quando os eventos de desmineralização superarem os de remineralização (pelo consumo frequente de açúcar). Se a remineralização for preponderante, pela troca mineral a estrutura dentária sofrerá a maturação pós eruptiva. O efeito do fluoreto de dentifrício na erosão é muito limitado, pois ele não age durante a desmineralização do esmalte/dentina, uma vez que o pH cai abaixo de 4,5 e as superfícies dentárias não têm a “proteção” de cálcio e fosfato do fluido do biofilme. A ação do fluoreto do dentifrício na erosão é a de a ativar a saliva na reposição dos minerais perdidos pelo ataque ácido, isto é, acelerar a remineralização. Manual com Perguntas e Respostas83 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S * Mecanismo de ação do fluoreto do dentifrício no controle de cárie Manual com Perguntas e Respostas84 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Esse momento de higienização antecede o período do sono, durante o qual há redução circadiana do fluxo salivar e até ressecamento bucal, havendo, portanto, diminuição das propriedades protetoras da saliva. Por outro lado, se a higiene bucal for feita antes de dormir, haverá aumento da retenção do fluoreto e demais componentes ativos dos produtos de higiene usados. A escovação com dentifrício fluoretado realizada à noite melhora em 30% a ação do fluoreto, se comparada à escovação de manhã. O efeito do fluoreto nos dentifrícios parece ser maior ativando a remineralização do esmalte e da dentina pela saliva, do que evitando a desmineralização. A escovação noturna é, portanto, extremamente importante para ajudar a saliva a reparar as pequenas perdas minerais ocorridas ao longo do dia. A retenção dos componentes ativos dos dentifrícios na cavidade oral, em forma biodisponível e por tempo suficiente, é importante para o seu efeito terapêutico. Uma das maneiras de favorecer a ação dos produtos é não enxaguando abundantemente a boca, após a escovação. Isso pode ser importante importante em relação aos componentes antimicrobianos, cuja concentração inibitória mínima (menor concentração do antimicrobiano capaz de inibir o desenvolvimento de microorganismos) impacta no efeito esperado. Em relação ao fluoreto, esse comportamento pode aumentar seus níveis na cavidade bucal e seu benefício anticárie.58 A concentração aumentada de fluoreto na saliva pode ser importante para a remineralização de lesões, nas áreas em que houve remoção do biofilme. Nas superficies com biofilme residual, onde já houve difusão do fluoreto, o que não foi fixado sairá a favor do gradiente (do meio mais concentrado para o meio menos concentrado), independentemente do enxágue. A recomendação de apenas cuspir bastante ao final da escovação (ou utilizar uma quantidade bem pequena de água) pode ser dada individualmente e se aplica a adultos ou crianças, pois desde que o excesso seja expelido, não há aumento na dose ingerida de fluoreto.91 Qual a importância da escovação feita à noite, antes de dormir? Como deve ser feito o enxágue do resíduo de dentifrício, após a escovação? Manual com Perguntas e Respostas85 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No Brasil, há, no presente, produtos com fluoreto de sódio (NaF), monofluorfosfato de sódio (Na2FPO3), fluoreto de amina (F-Am) e fluoreto de estanho (SnF2), todos clinicamente equivalentes no controle da cárie. Dentifrícios com NaF, F-Am e SnF2 liberam o íon fluoreto quando em contato com a água. Eles normalmente contêm sílica como abrasivo e não podem ser formulados com abrasivos contendo cálcio. Isso, porque a reação do íon F- com o cálcio, dentro do tubo, gera compostos insolúveis (não BIOdisponíveis e, portanto, inativos). Como no Na2FPO3 o íon F - está covalentemente ligado ao fosfato, há necessidade da ação das fosfatases, presentes nos remanescentes do biofilme, para a liberação do F-. Esse sal pode e deve ser usado em produtos com abrasivos contendo cálcio, o que possibilita a redução do custo de fabricação e utilização dos dentifrícios pela parcela da população mais susceptível à cárie. Entretanto, durante o armazenamento dos produtos com Na2FPO3, parte do fluoreto total poderá se tornar inativo dentro do tubo (pela hidrólise espontânea do íon FPO3 2-, liberação do íon F- e reação com o Ca++) . Por não conter íon F livre, o MFP não tem efeito na erosão ou no tratamento de lesões precoces de cárie (mancha branca). O SnF2 é de difícil manipulação, devido à instabilidade químicadesse sal em meio aquoso. É o único sal fluoretado que reduz a inflamação gengival, pelo efeito antimicrobiano do estanho na redução de biofilme supragengival. Apresenta resultados promissores na redução do desgaste erosivo, desde que não haja aumento na abrasividade do produto (para conter uma possível pigmentação). Quais são os sais de fluoreto presentes nos dentifrícios comercializados no Brasil? Há diferença entre eles? Manual com Perguntas e Respostas86 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de dentifrícios com NaF comercializados no Brasil (e concentração declarada de fluoreto total): › Bitufo Infantil com flúor / Boni Kids com flúor / Colgate Smiles / Colgate Kids / Condor Infantil (Bambinos 3) / Crest Kids / Dental Clean Infantil com flúor / Dentil Kids / Hello Kitty / Malvatrikids F / Oral B Kids / Oral B Stages / Sorriso Kids / Tandy - 1100 ppm › CloseUp Liquifresh / Poder Antibac / Proteção 360o - 1450 ppm › Colgate Natural Extracts - 1100 ppm › Colgate Zero Hortelã / Menta / Kids - 1100 ppm › Colgate Total 12 (Todos)- 1450 ppm › Curaprox Enzycal 950 - 950 ppm › Curaprox Enzycal 1450 - 1450 ppm › Dentalclean Gel Regenerador + Sensitive - 1450 ppm › Edel White Care Forte - 1450 ppm › Edel White Stop Sensitive - 1430 ppm › Edel White Whitening - 1450 ppm › Glister Amway - 950 ppm › Gum gel infantil - 990 ppm › Kin B5 - 1450 ppm › Kin Forte Gengivas / Gingival Complex - 1000 ppm › Kin Hidrat - 1450 ppm › Malvatrikids Jr. - 1450 ppm › MI Paste One - 1100 › Opalescente Sensitive / Whitening - 1100 ppm › Oral B 1, 2 e 3 - 1100 ppm › Oral B Pró Saúde 100% - 1450 ppm › Oral B Sensitive Whit. Therapy - 1450 ppm › Parodontax Flúor - 1400 ppm › Sensikin - 1450 ppm › Sensodyne Original / Limpeza Profunda / Pró Esmalte / Repair and Protect / Extra Fresh Branqueador / True White - 1426 ppm › Sensodyne Rápido Alívio - 1040 ppm › Sensodyne Ultra Proteção - 1450 ppm › Sorriso Fresh Gel Dental / Tropical Mix - 1100 › The Humble Co. Natural - 1450 ppm › Clinpro 5000 - 5000 ppm (sob prescrição) › Orthogard - 5000 ppm (sob prescrição) Manual com Perguntas e Respostas87 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de dentifrícios com MFP comercializados no Brasil (e concentração declarada de fluoreto total). A maior parte dos produtos contendo Na2FPO3 são formulados com carbonato de cálcio como abrasivo (as exceções, de natureza mercadológica e não química, foram especificadas na lista): › Bianco O2 / - 1500 ppm › Bianco Pró Clinical / Protefresh - 1450 ppm › BioXtra - 1500 ppm (com sílica) › Close Up Proteção Bioativa / Triple / Anticárie - 1450 ppm › Colgate Anticárie (Máxima Proteção)- 1450 ppm › Colgate Anticárie mais Neutraçúcar - 1450 ppm › Colgate Sensitive / Multiproteção - 1450 ppm › Colgate Sensitive Pró-Alívio Imediato- 1450 ppm › Colgate Tripla Ação - 1450 ppm › Creme Dental Contente - 1500 ppm › Curaprox Be You - 950 ppm (com sílica) › Dentalclean Sensitive Plus - 1500 ppm › Dentil Kids Zoo - 1000 ppm (com sílica) › Dora a Aventureira - 900 ppm › Elmex Sensitive - 1450 ppm › Gel dental Bianco Protefresh - 1450 ppm › Oncare Gel Dental - 1320 ppm › Oral B 4 em 1 - 1450 ppm › Oral B Escudo Antiaçúcar / Escudo Protetor Anticáries - 1450 ppm › Oral B Extra Fresh / 4 em 1 - 1450 ppm › Periogard - 1450 ppm › Prevent - 1200 ppm (com sílica) › Regenerate - 1450 ppm › Sorriso Dentes Brancos / Tripla Limpeza Completa - 1450 ppm › Tom’s of Maine Orange Mango - 1070 ppm › Trá Lá Lá - 1179 ppm › Ultra Action - 1200 ppm Dentifrício com fluoreto de amina comercializado no Brasil (e concentração declarada de fluoreto total): › Elmex Anticárie: 1400 ppm Exemplos de dentifrícios com Fluoreto de Estanho comercializados no Brasil (e concentração declarada de fluoreto total): › Oral B Gengiva Detox - SnF2 (1100 ppm F) › Oral B Pró-Gengiva Original - SnF2 (1100 ppm F) + NaF (350 ppm F) › Sensodyne Sensibilidade e Gengivas - SnF2 (1100 ppm F) + NaF (350 ppm F) Manual com Perguntas e Respostas88 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em pacientes com lesões de mancha branca, a indicação do dentifrício com MFP seria menos adequada, se pensarmos na possibilidade de remineralização? O monofluorfosfato de sódio não é um íon remineralizante, sendo necessária sua hidrólise pelas fosfatases para que haja liberação do íon F-. Isso acontece no biofilme, pois não há tempo suficiente, durante a escovação, para ação das enzimas presentes na saliva. Se o paciente apresentar-se com lesões de mancha branca ativas, dentifrícios com fluoreto de sódio, fluoreto de amina, fluoreto de estanho podem ser preferíveis, pelo efeito direto do íon F- na remineralização. É importante lembrar que a melhora da higienização e redução do consumo de açúcar são imprescindíveis para controle da doença. Manual com Perguntas e Respostas89 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Qual a influência dos dentifrícios na incidência de fluorose dentária? A ingestão crônica de fluoreto pode levar a uma alteração nos estágios finais de mineralização do esmalte (inibição da reabsorção de proteínas da matriz), com consequente aumento na porosidade, manifestada como opacidade (simétrica e acometendo dentes formados na mesma época) e denominada fluorose dentária. O limite de ingestão de fluoreto usado como referência para que o grau de fluorose não ultrapasse o clinicamente aceitável é de 0,07 mg/Kg/dia, sendo o tempo de duração da ingestão (na fase de formação dos dentes) mais importante do que picos de doses maiores. Com base na dose a que crianças são submetidas (dose de ingestão) pelo uso de dentifrício fluoretado, seria esperada prevalência de fluorose de até 28%, mas, em países onde a água não é fluoretada ou sal fluoretado não é usado, a fluorose encontrada não é clinicamente detectável. Estima-se que o risco de fluorose pela ingestão de água fluoretada é duas vezes maior do que pelo dentifrício. Quanto à toxicidade aguda, considerando-se a dose potencialmente tóxica de 5 mg F/Kg, uma criança de 20 Kg teria que ingerir 90g (1 tubo) de dentifrício contendo 1100 ppm F para atingí-la. Manual com Perguntas e Respostas90 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Caso o paciente apresente sinais clínicos de fluorose dentária, deve ser evitado o uso do dentifrício fluoretado? Ao contrário! O esmalte fluorótico é menos resistente ao desenvolvimento de lesões de cárie que o esmalte hígido. O uso do dentifrício fluoretado faz com que essa diferença (e a susceptibilidade) seja diminuída e compensada. Deve ser ressaltado que: › fluorose dentária acontece no período de formação do dente; o efeito é sistêmico; logo, após a formação e erupção, o contato com fluoreto não impacta na fluorose já existente; › cárie afeta mais a qualidade de vida que fluorose, seja no Brasil ou em países desenvolvidos (como Australia e Estados Unidos), cuja população já convive com fluorose devido à ingestão de água fluoretada e, ao mesmo tempo, escovação dos dentes com dentifrício fluoretado. Manual com Perguntas e Respostas91 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Criançasdevem utilizar um dentifrício sem fluoreto ou com menor concentração, para diminuir o risco de fluorose? A partir da erupção dos primeiros dentes, a escovação deve ser realizada pelos pais, com uma quantidade bem pequena do dentifrício fluoretado, com concentração de 1000 a 1100 ppm F-. Dentifrícios com concentração menor de fluoreto não têm o mesmo efeito na redução do desenvolvimento de lesões cariosas, sobretudo se houver consumo aumentado de sacarose, podendo ser insuficientes para controlar o processo de cárie. Além disso, não há evidência de que haja redução do risco de fluorose com a utilização desses produtos. É importante lembrar, também, que o esmalte decíduo é menos resistente à cárie e apresenta maior velocidade de progressão das lesões que o esmalte permanente. Essa diferença, entretanto, pode ser compensada pelo uso do dentifrício fluoretado. Dentifrícios sem fluoreto não são considerados produtos anticárie, porque a evidência científica de estudos clínicos controlados não comprova sua eficácia, embora haja diminuição da gengivite com a escovação supervisionada. Manual com Perguntas e Respostas92 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Para saber o impacto de um dentifrício com 1100 ppm F- no risco de fluorose, podemos fazer o seguinte cálculo: › dose diária de referência para fluorose clinicamente aceitável - 0,07 mg F/Kg/d › ingestão do correspondente a um “grão de arroz” (0,1g) do dentifrício = 0,11 mg de fluoreto solúvel › 2 escovações realizadas no dia = 0,22 mg de fluoreto solúvel › peso aproximado de uma criança de 1 ano - 10 Kg -> 0,022 mg/kg/d (ou seja, em um dia, a criança de 1 ano terá ingerido 31% da dose diária de referência para fluorose clinicamente aceitável, pelo uso do dentifrício fluoretado). Educação não se posterga e não há justificativa para a prescrição de dentifrícios diferentes de acordo com a faixa etária da criança (a não ser estratégia de marketing, para garantir fidelidade a determinada marca). Usar dentifrício fluoretado desde que irrompa o primeiro dente é uma oportunidade para ensinar os filhos a usarem quantidade adequada e cuspirem após as escovações. Optar por um dentifrício não fluoretado na primeira infância, por preocupação com a fluorose nos dentes permanentes anteriores, em detrimento do processo educativo de usar corretamente um fluoretado, pode trazer, como consequência, fluorose nos caninos e pré-molares, quando as crianças, após os 5 anos, passarem a usar um dentifrício fluoretado sem supervisão dos cuidadores. Manual com Perguntas e Respostas93 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A maior parte dos produtos infantis tem os mesmos componentes (inclusive detergentes, adoçantes) e abrasividade de um dentifricio convencional - simplesmente anticárie (sem aditivos antimicrobianos ou dessensibilizantes), mas com sabor e personagens atraentes para o público-alvo. Eles são, normalmente, formulados com NaF/sílica, na concentração de 1000 a 1100 ppm de F. Os familiares (populares, que podem ser usados por toda a família, pais e filhos) são aqueles formulados com MFP/carbonato de cálcio que, apesar de conterem 1450 ppm de fluoreto total, podem ter a concentração de fluoreto solúvel bem próxima aos dentifrícios com 1100 ppm (pela hidrólise espontânea do MFP e reação do F- com o cálcio do abrasivo, dentro do tubo). Qual a diferença entre o dentifrício infantil e o anticárie “familiar”? Manual com Perguntas e Respostas94 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Por outro lado, dentifrícios formulados com NaF e sílica, em concentração próxima a 1500 ppm F-, se ingeridos por crianças, trarão risco de fluorose 30% maior do que os infantis com 1100 ppm F-, pois todo o F- estará solúvel. É importante lembrar que a dose estimada de risco a fluorose dentária deve ser baseada na concentração de fluoreto solúvel no dentifrício e não na concentração de fluoreto total. Ao contrário do que se imagina, uma revisão sistemática concluiu que o sabor dos dentifrícios infantis não parece estar associado a maior ingestão por crianças.114 Crianças devem aprender com os pais, desde cedo, a usar uma quantidade pequena de dentifrício e cuspir o excesso do produto (assim que for capaz). Dentifrícios são veículos para substâncias terapêuticas, exigindo supervisão de um adulto no momento da utilização. Exemplos de dentifrícios infantis fluoretados (1100 ppm F-) disponíveis no Brasil: › Bitufo Infantil com flúor › Boni Kids com flúor › Condor Infantil (Bambinos 3) › Colgate Kids / Smiles › Colgate Zero 2 a 6 anos › Dental Clean Infantil › Dentil Kids › Hello Kitty › Malvatrikids F › Oral B Kids / Stages › Sorriso Kids › Tandy Manual com Perguntas e Respostas95 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Quando, no rótulo, há a descrição da concentração do sal fluoretado temos que fazer a conversão para a concentração de fluoreto. No fluoreto de sódio há 45% F, , no monofluorfosfato de sódio há 14% F- , no fluoreto estanhoso há 24% F- e no fluoreto de amina há 7,6% F-. Portanto, 2200 ppm de NaF correspondem a 990 ppm de F- (efeito anticárie semelhante aos produtos com 1000 ppm F-). Na descrição da composição dos produtos comprados em outros países, a concentração do sal fluoretado pode estar em porcentagem. Por exemplo, 0,245 % NaF (ou seja, 0,11 % F-, correspondendo a, aproximadamente, 1100 ppm F-) Por que em alguns dentifrícios infantis importados, a descrição dos ingredientes especifica 2200 ppm NaF na composição? Manual com Perguntas e Respostas96 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Teoricamente, se houver remoção completa do biofilme das superfícies dentárias, sim. Entretanto, na prática, há presença de biofilme residual, sobretudo nas superfícies mais susceptíveis à cárie, como as oclusais de dentes em erupção e as interproximais. A remoção do biofilme em uma única escovação é, normalmente, inferior a 40% . Além disso, é difícil escovar os dentes após cada consumo de alimentos contendo açúcar ou outros carboidratos capazes de diminuir o pH abaixo do crítico para dentina (como o amido solúvel, bastante usado na indústria alimentícia). A produção de ácidos é rápida! A queda do pH a níveis críticos para desmineralização do esmalte acontece após cerca de 2 minutos da ingestão da sacarose e para a dentina, após 45 segundos. Quando as pessoas escovam os dentes, já se passaram 30 a 40 minutos da exposição do biofilme ao açúcar e o pH já voltou ao normal. Hipoteticamente, para evitar a desmineralização, os dentes deveriam ser escovados antes de comer o doce… Portanto, o efeito principal do fluoreto, após esse tempo, será de ativar a reposição pela saliva dos minerais perdidos! Quem faz uma remoção cuidadosa do biofilme ou escova os dentes todas as vezes que come um doce pode abrir mão do uso do dentifrício fluoretado? Manual com Perguntas e Respostas97 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em relação ao controle de cárie radicular, é importante lembrar que, havendo a ingestão de sacarose, ocorre mudança na estrutura do biofilme, que se torna mais cariogênico. Assim, o pH do mesmo pode se manter abaixo do nível crítico para a dentina, mesmo nos momentos em que o açúcar não esteja sendoingerido. O controle mecânico do biofilme, por si só, tem efeito limitado no controle da cárie, que demanda, além da disciplina no consumo de açúcar, a presença constante do fluoreto, disponível especialmente nos dentifrícios. Não se deve esquecer, também, que o fluoreto do dentifrício tem um efeito limitado, porém muito importante nos processos envolvendo ácidos de origem não bacteriana (lesões não cariosas). Manual com Perguntas e Respostas98 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Na ausência do fluoreto, frequências inferiores a 3 consumos de sacarose por dia (presente em pães, granola, iogurtes, biscoitos, sucos, molhos) são suficientes para o desenvolvimento de lesões de cárie em esmalte. Não é uma tarefa fácil abolir a sacarose da dieta (sobretudo das crianças) e nem todos os outros carboidratos que possam ser moderadamente cariogênicos para dentina/ raízes expostas. É importante lembrar que açúcar não está disponível somente em sua forma conhecida, mas está escondido em muitos produtos, alguns dos quais a população imagina serem isentos do mesmo (como ketchup, mostarda, ervilha em conserva, dentre outros). Por isso, é recomendado o uso de dentifrícios com a concentração adequada de fluoreto, mesmo que haja consumo consciente da sacarose. Além disso, o dentifrício fluoretado tem papel importante na redução (20 a 30%) do desgaste dentário por ácidos de origem endógena e exógena, cada vez mais presentes na cavidade bucal, pelo estilo de vida atual. Esse efeito ocorre, principalmente, por ativar a deposição de minerais pela saliva. A redução da frequência de consumo de açúcar e alimentos ácidos é fundamental, mas o dentifrício fluoretado continua sendo importante para o equilíbrio na cavidade bucal. Se eu restringir o consumo de açúcar, posso utilizar um dentifrício sem flúor? Manual com Perguntas e Respostas99 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Nossa função, enquanto dentistas, é passar a informação de qualidade e baseada na melhor evidência científica disponível. A decisão final é sempre do paciente, desde que ele assuma os riscos! Uma pergunta que fica é: se ele não confia na prescrição de dentifrício que o profissional faz, será que ele realmente confia na sua capacidade de condução do processo preventivo e definição da estratégia de tratamento para alcançar o equilíbrio bucal? Dentifrícios sem flúor podem ser prescritos para pacientes que tenham perdido todos os dentes, com próteses sobre implantes (tipo protocolo ou overdenture). Se houver qualquer dente presente, ele se torna prioritário na escolha e o dentifrício fluoretado deve ser prescrito. Na concentração em que é utilizado no dentifrício, o risco de corrosão/alteração da superfície dos implantes pelo fluoreto (e impacto na saúde peri-implantar) é pequeno. Devem ser evitados, entretanto, os produtos mais abrasivos (que comprometem a camada de óxidos, favorecendo a corrosão) ou de pH ácido (prejudiciais, mesmo que a concentração de F- seja baixa). Vale a pena lembrar que pacientes com próteses parciais removíveis, além da história pregressa de doenças que levaram à perda de dentes (importante fator de risco), apresentam um aumento na contagem de microorganismos cariogênicos após a instalação da prótese. Como lidar com o paciente que não quer seguir a prescrição do dentifrício fluoretado? Há alguma indicação para dentifrícios sem fluoreto na composição? Manual com Perguntas e Respostas100 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Crianças devem aprender com os pais, desde cedo, a usar uma quantidade pequena de dentifrício e cuspir o excesso do produto (assim que forem capazes). Dentifrícios são veículos para substâncias terapêuticas, exigindo supervisão de um adulto no momento da utilização. A quantidade sugerida para crianças, para minimizar o risco de ingestão, é “um grão de arroz” (0,1g) desde a erupção dos primeiros dentes até os 3 anos, e o correspondente ao tamanho de uma ervilha (0,3g) a partir daí. Qual a quantidade de dentifrício que deve ser colocada na escova? Manual com Perguntas e Respostas101 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O profissional deve, além de explicar, demonstrar a quantidade de dentifrício que deve ser colocada na escova (ou mostrar uma imagem), para que fique claro, para quem cuida da criança, que não será utilizada a quantidade de produto que normalmente é vista nas propagandas. É fundamental que a família compreenda a sua responsabilidade na transmissão e incorporação dos hábitos de higiene oral (assim como dietéticos) na rotina da criança. Para adultos, não há preocupação quanto à ingestão, mas basta o correspondente a 1 cm de produto (1 a 1,5g) na escova. Manual com Perguntas e Respostas102 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Existe diferença entre a ação do dentifrício fluoretado na cárie e na erosão? Cárie e erosão são processos crônicos e progressivos de perda de minerais pelos dentes, por efeito de ácidos. A primeira, indiretamente pelo açúcar; a segunda, pelos ácidos da dieta ou estomacal, por exemplo. Apesar do uso do dentifrício fluoretado pela maioria das pessoas, e diferentemente do sucesso populacional alcançado na redução dos índices de cárie, a prevalência de lesões não cariosas tem aumentado. Entende-se, hoje, que o desenvolvimento destas lesões ocorre por combinações de fatores (ácidos de origem não bacteriana, abrasão, atrição, tensão), sendo a determinação de uma causa única potencialmente incorreta e insuficiente para o seu controle. Quando há predomínio do desafio erosivo, o efeito do fluoreto é limitado a estágios muito precoces do processo. Diferentemente da cárie, em que os íons permanecem no biofilme, possibilitando remineralização quando houver elevação do pH, na erosão (em que não há biofilme envolvido e as quedas de pH são extremas) eles são imediatamente removidos pela saliva, havendo perda estrutural em camadas e permanecendo uma superfície “amolecida” (dificilmente reparada e com chance de sofrer desgaste). A concentração de fluoreto no meio teria que ser muito alta (situação irreal clinicamente), para que houvesse supersaturação em relação à fluorapatita, quando o pH é menor que 4,5. Manual com Perguntas e Respostas103 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Não há um pH crítico definido na erosão. O pH crítico na boca é aquele em que a saliva está saturada em cálcio e fosfato, protegendo as estruturas dentárias da dissolução. Em relação à cárie, baseado na solubilidade inata da hidroxiapatita e na concentração média dos minerais encontrados no biofilme, o pH crítico para o esmalte é aproximadamente 5,5. Na erosão, a dissolução ocorre na ausência de biofilme, com contato direto do ácido (dieta, estômago) com a estrutura dentária. O conceito de pH crítico é importante durante o tempo de retenção do ácido na boca (e durante o qual o pH da saliva fica alterado). Entretanto, o parâmetro não é mais o pH 5,5. Uma solução pode ter altas concentrações de cálcio e fosfato, e a estrutura dentária não será dissolvida em pH inferior a 5,5. É o exemplo de alguns iogurtes, com pH inferior a 4. Alguns tipos de alimentos (suco de laranja ou limão, por exemplo) têm potencial erosivo maior porque mantêm o pHsalivar alterado por muito tempo (alta acidez titulável) e contêm ácido cítrico, com propriedade quelante (o citrato se une ao cálcio, aumentando a desmineralização). Tempo (s) que a saliva demorou para restabelecer o pH bucal após o uso de Coca-Cola ou suco de laranja, em comparação com solução de açúcar. Manual com Perguntas e Respostas104 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S É importante lembrar que a maneira como acontece o contato do ácido com a cavidade bucal tem influência no desgaste. Consumir o limão nas refeições principais (como tempero para salada), quando há aumento expressivo do fluxo salivar (chegando o pH a 7,8), junto com outros alimentos (ricos em cálcio e oleosos por exemplo) ou beber um suco cítrico através do canudo e sem bochechar são estratégias que podem reduzir os danos às superfícies dentárias. O consumo frequente de balas super ácidas (ou com sabores de frutas cítricas) é um problema para controle de cárie (se com açúcar) e erosão. Algumas balas duras (mantidas na boca até dissolverem) têm potencial erosivo semelhante ao dos refrigerantes. Manual com Perguntas e Respostas105 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Lesões de cárie e erosão dentária não ocorrem em uma mesma superfície, ao mesmo tempo. Um outro aspecto que diferencia os processos é que, enquanto na cárie o efeito da escovação é benéfico (remoção do biofilme dental), na erosão pode ser prejudicial (remoção da superfície amolecida). Dentifrícios contendo NaF, F-Am e SnF2 reduzem o desgaste, pelo efeito do íon fluoreto, ajudando a saliva na reparação do esmalte amolecido pelo ácido. Eles, entretanto, não impedem a dissolução. Para haver formação suficiente de depósitos (do tipo CaF2), capazes de proteger a superfície dental da ação do ácido, são necessários produtos fluoretados de maior concentração, preferencialmente de pH ácido, não associados a abrasivos (géis e vernizes, por exemplo), aplicados frequentemente sobre a superfície limpa. É importante lembrar, também, que depósitos do tipo CaF2 são instáveis na presença de ácido. O SnF2 tem um efeito superior, porque, ao mesmo tempo, torna a superfície mais resistente a um futuro desafio ácido (pela ação de precipitados de fluorfosfato de estanho na superfície dentária). Seria esperado que os dentifrícios com SnF2 comercializados no Brasil tivessem um melhor efeito antierosivo que o demais fluoretados encontrados no mercado, mas eles não diferem pelos estudos in vitro/ in situ. Talvez isso possa ser consequência da maior abrasividade. Um dentifrício comercializado na Europa, combinando F-Am/NaF/SnCl2 , com baixa abrasividade, tem apresentado bons resultados. O MFP, embora seja eficaz contra cárie, não tem efeito na erosão, pois o íon MFP precisa ser hidrolisado para liberar o íon F-, o que só ocorre no biofilme (erosão não é processo biofilme-dependente, ocorrendo nas superfícies dentárias onde bactérias não se acumulam). A adição da quitosana (um polissacarídeo) aos dentifrícios parece reduzir o desgaste erosivo, por formar um filme protetor, diminuir o contato do ácido com a superfície dentária e ter um efeito lubrificante (reduzindo a ação das partículas abrasivas). Os dentifrícios fluoretados contendo CPP-ACP, hidroxiapatita, Novamin™ não parecem ser superiores aos dentifrícios fluoretados convencionais na redução do desgaste. Isso pode ser devido à instabilidade dos componentes e dos depósitos formados na presença dos ácidos, sobretudo em situações em que haja desafios sucessivos (como em episódios noturnos de refluxo gastroesofágico). Manual com Perguntas e Respostas106 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A recomendação de fazer a escovação logo após as refeições favorece a formação do hábito e da rotina de higienização. Em crianças pequenas, se a escovação for feita até 15 minutos após a ingestão dos alimentos, há diminuição em 30 a 40% da absorção do fluoreto (ingerido) no trato gastrointestinal (reduzindo o risco de fluorose dentária). Sabemos que a maior parte das pessoas não escova os dentes todas as vezes que ingere algum tipo de alimento. Além disso, como já explicado, a queda de pH no biofilme (com a consequente dissolução mineral dos dentes) acontece rapidamente. Quando finalizamos uma refeição e fazemos a higienização, o papel do fluoreto é o de ativar a remineralização pela saliva. Em relação ao desgaste dentário erosivo, não há razão para adiar a escovação, depois das refeições principais regulares (normais), mesmo que durante as mesmas seja consumida uma bebida ácida. Durante as refeições, há substancial aumento do fluxo salivar e da concentração de bicarbonato (tampão). O pH da saliva chega a 7,8 e sua capacidade remineralizante aumenta, ajudando a proteger as estruturas dos dentes. Esta situação é diferente de ingerir um produto ácido isoladamente. Quanto à escovação imediatamente após o contato de ácidos com os dentes fora das refeições principais (como o “shot” de limão durante o jejum), alguns estudos sugerem cautela. Até que tenhamos resultados conclusivos, é razoável esperar um tempo para possibilitar alguma deposição de minerais, ainda que parcial (mas que seria impedida se houvesse abrasão imediata da superfície amolecida). Essa recomendação é válida, também, após episódios de vômito ou refluxo. Uma sugestão, nesse momento, é o enxágue da cavidade bucal com solução fluoretada (preferencialmente contendo estanho). As escovações devem ser feitas imediatamente após as refeições? Manual com Perguntas e Respostas107 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Como já foi dito, para controle de inflamação gengival e cárie, a recomendação universal é que sejam feitas, pelo menos, duas escovações por dia, com dentifrício fluoretado (sendo uma delas à noite). A maior parte das pessoas têm o hábito cultural de escovar os dentes após as refeições, talvez para não haver alteração do paladar (se escovar antes com dentifrício) e, principalmente, para remover restos de alimentos da boca e ter um hálito mais agradável. As adequações na rotina de higienização serão realizadas pelo profissional, após avaliação individual, levando em consideração o estilo de vida e o risco de desenvolvimento de lesões cariosas ou desgaste por ácidos de origem não bacteriana. Embora a escovação com dentifrício, ao acordar, reduza o mau hálito matinal, isso também acontecerá após a primeira refeição. Hipoteticamente, com relação à cárie, a remoção do biofilme deveria ser feita antes da ingestão dos carboidratos fermentáveis, para tentar evitar a desmineralização dental. Entretanto, se na escovação for utilizado o dentifrício fluoretado, o resultado final (se feita antes ou depois) é o mesmo, porque o fluoreto é potente ativador da remineralização dental. Em crianças pequenas, a escovação com dentifrício fluoretado deve ser feita após as refeições (até 15 minutos), porque isso reduzirá a absorção do fluoreto no estômago, se houver ingestão. Em relação ao desgaste dentário erosivo, havendo alguma situação específica, o profissional pode conversar com o paciente sobre a possibilidade de alterar a rotina da escovação. Assim, se o café da manhã se restringir a um suco cítrico (suco verde com limão, por exemplo), pode ser sugerida a escovação antes (lembrando de todos os cuidados já discutidos em relação à erosão). Não porque o dentifrício seja capaz de formar uma “barreira” contra o ácido (a quantidade de “CaF2” formada sobre o dente não é suficiente, pelaconcentração de fluoreto nos produtos), mas, principalmente, para evitar a ação da escova sobre a superfície “amolecida”. É recomendado escovar os dentes antes ou depois do café da manhã? Manual com Perguntas e Respostas108 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Há evidência de que para controle de cárie em superfícies radiculares seja necessária concentração maior de F- no dentifrício (5000 ppm). O pH crítico para dentina (em torno de 6,5) pode ser atingido, não apenas após o consumo de sacarose, mas, também, de outros tipos de carboidratos da dieta, como lactose do leite e amido de vegetais (não cariogênicos para o esmalte). Além disso, após a exposição ao açúcar, o pH permanece abaixo do crítico para dentina por um tempo 4 vezes maior do que para o esmalte, o que faz com que a progressão das lesões seja mais rápida. Um dado importante de estudos epidemiológicos é que o percentual de biofilme visível tende a aumentar com a idade, assim como o uso de medicamentos que podem causar xerostomia. A recomendação dos dentifrícios com 5000 ppm F é uma estratégia efetiva e de fácil incorporação para o controle de cárie em pacientes geriátricos. Esses produtos podem ser úteis, também, em pacientes com risco elevado de desenvolvimento de lesões de cárie. São exemplos os pacientes que passaram por radioterapia na região de cabeça/pescoço (pelos efeitos da radiação nas glândulas salivares e nas estruturas dos dentes), portadores da Síndrome de Sjögren (doença auto-imune que afeta as glândulas salivares), em tratamento ortodôntico com aparelho fixo (se o autocuidado estiver comprometido), usuários de drogas ilícitas ou de vários medicamentos. Quais as indicações dos dentifrícios com 5000 ppm F? Manual com Perguntas e Respostas109 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Não são produtos de venda livre em supermercados, necessitando de prescrição profissional. Não podem ser usados por crianças abaixo de 8 anos, pelo risco de desenvolvimento de fluorose clinicamente comprometedora em termos de bem estar social, e nem por idosos acamados/dependentes, por provocar desconforto gastrointestinal, caso toda a quantidade colocada na escova seja engolida. Dentifrícios com 5000 ppm F disponíveis no Brasil: › Clinpro 5000 (NaF 1,1%) › Orthogard (NaF 1,1%) A recomendação dos fabricantes é para que esses produtos sejam utilizados uma vez ao dia, preferencialmente à noite, para uma escovação de cerca de 2 minutos, apenas cuspindo todo excesso em seguida (sem enxágue). Em vários estudos clínicos, esses produtos foram prescritos e utilizados com segurança, duas vezes ao dia, para o controle de cárie. Portanto, essa frequência de uso poderá ser uma opção, se o profissional considerar necessário. Quantas vezes ao dia devem ser utilizados os dentifrícios com 5000 ppm F? Manual com Perguntas e Respostas110 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Todos os pacientes ortodônticos devem receber a prescrição de um dentifrício com 5000 ppm F? Aparelhos ortodônticos fixos podem promover a retenção do biofilme e dificultar a higienização efetiva pelo paciente, aumentando significativamente o risco de desenvolvimento de lesões de cárie.99 Na fase de ortodontia, alguns fatores estão relacionados à incidência de lesões de mancha branca: tempo longo de tratamento, padrão de higienização ruim/consumo excessivo de açúcar antes do início (ou existência de lesões de cárie), piora visível da higienização durante o processo. Portanto, é fundamental que a cavidade bucal esteja em equilíbrio antes da instalação do aparelho e que o profissional esteja atento durante as consultas (que são frequentes com o ortodontista), fazendo a detecção das áreas com estagnação de biofilme, instruindo sobre higienização de maneira objetiva (direcionada) e reforçando a importância da disciplina em relação ao açúcar. O dentifrício com 5000 ppm de fluoreto pode ser um recurso importante durante o tratamento ortodôntico. É importante compreender, entretanto, que ele não será mais efetivo que o dentifrício anticárie convencional no controle de outros problemas como, por exemplo, inflamação gengival e alterações de hálito resultantes da deficiência do autocuidado. Manual com Perguntas e Respostas111 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios veganos ou naturais podem conter fluoreto? Dentifrícios veganos e naturais podem e devem conter fluoreto. Além do fluoreto ser encontrado naturalmente na água, em vegetais, nenhuma outra substância será capaz de assegurar o benefício anticárie do produto. Dentifícios veganos são aqueles sem testes ou ingredientes de origem animal. Para serem classificados como dentifrícios naturais, as formulações devem apresentar 95% dos componentes de origem natural, sem substâncias como lauril sulfato de sódio / PEG / quaternário de amônio, além de serem veganos. Dentifrícios naturais são veganos, mas nem todo dentifrício vegano é natural. Exemplos de dentifrícios fluoretados veganos e naturais: › Veganos - Boni Kids com flúor, Colgate Zero, Curaprox Be you, Contente, Edel White, Ultra Action › Naturais (e veganos) - The Humble Co. Natural (tubo reciclável, vendido no Brasil), Colgate Smile for Good (im-portado), Theory. (importado). Manual com Perguntas e Respostas112 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Qual a função do xilitol nos dentifrícios? Qual a indicação dos dentifrícios com adição de CPP-ACP (fosfopeptídeo de caseína - fosfato de cálcio amorfo)? O xilitol é uma adoçante natural encontrado em pequenas quantidades em frutas e vegetais. Não é cariogênico e tem o sabor semelhante ao açúcar, com 40% menos calorias. Xilitol não é anticariogênico, não há evidência científica de qualidade que demonstre benefício anticárie associado à presença do xilitol nos dentifrícios, talvez pela sua baixa substantividade. Mesmo quando utilizado em maior concentração, nas gomas de mascar, várias vezes ao dia, os efeitos benéficos estão mais relacionados à estimulação da salivação. O CPP-ACP (‘Recaldent™`) é um composto em que cálcio e fosfato estão estabilizados pelo peptídeo, em forma solúvel, evitando a precipitação espontânea. Seu uso, associado ao fluoreto, visaria otimizar a remineralização e reduzir a desmineralização, através da liberação de íons cálcio e fosfato no meio (mantendo-o supersaturado). O uso de produtos com CPP-ACP tem sido sugerido para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (funcionando, também, para redução da sensibilidade), com alta atividade de cárie e para melhorar a estética das lesões de mancha branca após o tratamento ortodôntico (que pode acontecer, tanto pela diminuição da profundidade, quanto pelo endurecimento/desgaste da superfície). Em relação à erosão, a maior parte dos estudos são laboratoriais, e os achados de estudos in situ, conflitantes. Dentifrícios contendo CPP-ACP podem ser prescritos individualmente, mas é importante deixar claro que o CPP-ACP não substitui o fluoreto. Assim, podem ser prescritos produtos com os dois componentes ou, se houver apenas o CPP-ACP, o uso deve ser complementar à escovação com dentifrício fluoretado (aplicado 1x/d, por 3 minutos). Manual com Perguntas e Respostas113 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F LU O R E T O S Dentifrícios com CPP-ACP não podem ser usados por indivíduos alérgicos à proteína do leite (não confundir com intolerância à lactose), já que o peptídeo tem a estrutura da caseína. Manual com Perguntas e Respostas114 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Qual a função da arginina 1,5% nos dentifrícios fluoretados? O pH ácido favorece o efeito anticárie ou antierosivo dos dentifrícios fluoretados? A arginina é um aminoácido que tem sido acrescentado a alguns dentifrícios, pelo seu potencial de, ao ser metabolizada pelas bactérias arginolíticas (produzindo amônia), elevar o pH do biofilme, reduzindo a presença de bactérias acidogênicas/acidúricas e favorecendo a remineralização. Vários trabalhos que avaliaram o efeito anticárie do dentifrício fluoretado (MFP/ carbonato de cálcio) com adição de arginina (1,5%) confirmaram haver um potencial benefício em relação aos dentifrícios fluoretados convencionais, mas as revisões sistemáticas ainda recomendam mais estudos clínicos e de longa duração, antes que se possa fazer qualquer generalização sobre a vantagem da indicação (principalmente quando pensamos em programas de saúde coletiva, onde há impacto do custo maior do produto). Como explicado anteriormente, o mecanismo de ação do fluoreto nos dentifrícios está baseado, principalmente, no seu efeito físico-químico (presente no meio, reduz a desmineralização e ativa a remineralização). Não há evidência, em estudos clínicos, de benefício da diminuição do pH do produto, como há para os géis de aplicação profissional, cujo mecanismo de ação é relacionado à reatividade do fluoreto com a superfície dentária. Na verdade, o pH dos dentifrícios é associado às características da formulação e estabilidade dos componentes. Alguns trabalhos sugerem um efeito corrosivo de produtos fluoretados de pH ácido nos implantes. São necessários estudos que avaliem se os dentifrícios de pH ácido contribuem para a degradação de materiais, como resinas compostas e ionômero de vidro. Até que tenhamos respostas, essa possibilidade pode ser considerada em pacientes com muitas restaurações. Manual com Perguntas e Respostas115 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Sendo o acúmulo de biofilme fator que desencadeia a gengivite (e periodontite, dependendo da resposta imunológica do indivíduo, condições sistêmicas, entre outros fatores), a remoção mecânica do mesmo é fundamental para o controle de doenças periodontais. Para ser classificado como antigengivite, o dentifrício tem que ser significativamente melhor no controle de biofilme e inflamação gengival do que o dentifrício anticárie simples, em estudos clínicos bem conduzidos. Nem toda redução de biofilme será suficiente para causar impacto na redução de inflamação (por exemplo, aquela promovida por alguns produtos com fitoterápicos) e nem todo agente antimicrobiano com efeito in vitro terá impacto na saúde bucal quando adicionado aos dentifrícios (por exemplo, cloreto de cetilpiridínio/CPC). Alguns princípios ativos (digluconato de clorexidina, por exemplo) são mais facilmente manipulados em enxaguantes, pela possível inativação por outros componentes dos dentifrícios. O triclosan é um agente antimicrobiano de largo espectro, capaz também de inibir a síntese de prostaglandinas. Como não tem adequada substantividade na boca, é associado a copolímeros (para aumentar o tempo de retenção) ou a sais de zinco (para ação sinérgica). As melhores evidências de impacto clínico na redução do biofilme e inflamação gengival são da formulação contendo triclosan e gantrez (antigo Colgate Total 12), mas a empresa detentora da patente decidiu, espontaneamente, descontinuar a venda do produto. A venda de sabonetes contendo triclosan foi proibida em supermercados, nos Estados Unidos e na Europa, por não haver evidência de superioridade em relação aos sabonetes sem o antimicrobiano e pela preocupação com a sua concentração nas fontes de água. Entretanto, a utilização do triclosan em dentifrícios é ainda permitida. As evidências comparativas entre diferentes dentifrícios com propriedades antigengivite não apontam para um padrão-ouro entre os comercializados no Brasil, na atualidade. 2.3 - DENTIFRÍCIOS ANTIGENGIVITE Quais os melhores dentifrícios para pacientes com inflamação gengival? Manual com Perguntas e Respostas116 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dos dentifrícios disponíveis no mercado, aqueles formulados com fluoreto estanhoso têm boas evidências de efeito antiplaca e antigengivite (cerca de 25% de redução de inflamação, em estudos clínicos). Isso se deve ao efeito antimicrobiano do estanho, de amplo espectro, reduzindo o volume/virulência e inibindo o metabolismo bacteriano. Para que haja efeito clínico, as formulações devem ser capazes de manter o estanho em forma biodisponível, durante o armazenamento e até o final da validade. Isso pode ser feito através de composições não aquosas ou com adição de outros aditivos (gluconato de sódio, por exemplo), com pH ácido. Alguns produtos com estanho contêm, também, ingredientes para possibilitar o controle de uma possível pigmentação (hexametafosfato de sódio ou tripolifosfatos, por exemplo). Esses são os dentifrícios aceitos pela American Dental Association, atualmente, como antigengivite. Produtos de higiene oral contendo sais de zinco têm efeito antimicrobiano reconhecido, pela interferência no metabolismo bacteriano, reduzindo sua taxa de proliferação. O efeito dos dentifrícios com, aproximadamente, 2% de sais de zinco (concentração máxima de 1% como zinco) e suas combinações na redução do biofilme e da gengivite é um pouco menos evidente na literatura do que o dos produtos contendo fluoreto estanhoso (aproximadamente 18% de diminuição nos índices de inflamação, em estudos clínicos), sendo melhor verificados com o uso prolongado. Exemplos comerciais de dentifrícios fluoretados com efeito antigengivite, contendo SnF2 (0,454%): › Oral B Detox › Oral B Pró-Gengiva Original › Sensodyne Sensibilidade e Gengivas Exemplos comerciais de dentifrícios fluoretados com efeito antigengivite, contendo sais de zinco: › Colgate Total 12 - Citrato de Zn 1,5% + Óxido de Zn 0,5% › Periogard - Citrato de Zinco 2% › Prevent - Citrato de Zinco 2% Manual com Perguntas e Respostas117 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Quais as indicações dos dentifrícios contendo clorexidina? A manipulação de dentifrícios contendo clorexidina é difícil, pois vários componentes podem inativá-la (detergentes aniônicos, monofluorfosfato de sódio e sacarina em maior concentração). Um outro aspecto a ser considerado é o potencial da clorexidina para causar mais efeitos adversos (pigmentação, formação de cálculo, alteração do paladar) do que os outros antimicrobianos que podem ser adicionados aos dentifrícios antigengivite. Caso seja necessário o uso da clorexidina, a maneira mais comumente utilizada é como enxaguatório, duas vezes ao dia, pelo tempo determinado pelo profissional. Uma exceção seria a utilização continuada dos dentifrícios contendo NaF e clorexidina, em algumas pessoas com deficiência, se houver dificuldade ou comprometimento na higienização. A adição da clorexidina nos dentifrícios fluoretados não parece trazer vantagens na redução de lesões de cárie. Exemplos de dentifrícios fluoretados contendo clorexidina: › Cariax Gingival Kin - NaF (1000 ppm F- ) e CHX (0,12%) › Kin Forte Gengivas - NaF (1000 ppm F-) e CHX (0,05%).Manual com Perguntas e Respostas118 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios herbais ou fitoterápicos têm benefício antigengivite? Sendo o Brasil um país com grande diversidade na flora, nada mais adequado do que pesquisar aditivos fitoterápicos que possam, quando adicionados aos dentifrícios fluoretados, conferir a eles propriedades antigengivite. Uma revisão sistemática concluiu não haver evidência de qualidade que possa descartar a possibilidade ou comprovar benefício de dentifrícios herbais.74 Muitos estudos são feitos em laboratório, com extratos concentrados, que não chegam a ser testados clinicamente. Outras vezes, componentes como calêndula, gengibre, aloe vera, cúrcuma são adicionados em quantidades muito pequenas, mais como estratégia de marketing dos produtos. O dentifrício contendo NaF, bicarbonato de sódio, camomila, equinácia, sálvia, ratânia e mirra (Parodontax Flúor) apresenta resultados contraditórios na literatura, mas a maioria dos estudos clínicos com o produto não demonstrou benefício em relação aos dentifrícios anticárie na redução da inflamação gengival. É muito importante atentar para a presença de fluoreto na formulação, para que, um eventual benefício de outros aditivos, não deixe o efeito anticárie descoberto. A adição de extrato de própolis aos dentifrícios fluoretados tem apresentado, em alguns trabalhos, resultados promissores na redução da inflamação gengival. Entretanto, como há uma grande variação nas propriedades dos diferentes tipos de própolis (dependendo da região em que é produzido, da flora e das abelhas), mais estudos são necessários para determinar, não apenas o tipo mais adequado, mas, também, a concentração necessária no produto para que haja benefício clínico. Manual com Perguntas e Respostas119 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Há benefícios na adição de vitaminas aos dentifrícios? Dentifrícios contendo antimicrobianos têm efeito na halitose? Não há nenhuma evidência de benefício na adição de vitaminas aos dentifrícios, para controle de doenças. Na verdade, a maior parte das vitaminas (C, E e K, por exemplo) não têm estabilidade quando adicionadas aos produtos, principalmente após armazenamento. Isso explica os valores encontrados de vitaminas, muito inferiores aos declarados por fabricantes, em vários dentifrícios analisados em estudos. As causas bucais são responsáveis pela grande maioria dos casos de halitose (depósitos na língua, doenças periodontais, etc). Como os microorganismos estão envolvidos na produção dos compostos sulfurosos voláteis (a partir de substratos orgânicos), substâncias antimicrobianas que reduzam a formação do biofilme (fluoreto estanhoso, por exemplo) terão impacto positivo nas alterações do hálito. Os sais de zinco têm efeito na halitose, tanto pela redução microbiana, como através da sua capacidade de neutralizar os gases exalados. É necessário fazer uma avaliação cuidadosa do paciente, para identificar possíveis alterações sistêmicas (como diabetes) ou uso de medicações (como lítio) que possam alterar o hálito. Todos os pacientes devem receber a profilaxia profissional e a orientação cuidadosa sobre o protocolo de higienização (incluindo limpeza interproximal e da língua), sobre hábitos dietéticos (hidratação, evitar jejum prolongado, atenção ao consumo de alimentos como alho/cebola, etc). Manual com Perguntas e Respostas120 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Pacientes em tratamento com aparelhos ortodônticos fixos podem se beneficiar do uso de dentifrícios com efeito antigengivite? Sem dúvida, essa é uma das grandes indicações dos dentifrícios dessa categoria, pois a estagnação do biofilme (que aumenta com o número e complexidade de dispositivos instalados) impacta no desenvolvimento da inflamação e no crescimento gengival. O uso de alinhadores, por sua vez, não parece afetar os parâmetros microbiológicos ou periodontais, mesmo após alguns meses de tratamento. Manual com Perguntas e Respostas121 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A hipersensibilidade dentinária é caracterizada por uma dor rápida e aguda, provocada por diferentes tipos de estímulos. É uma alteração frequente (cerca de 33% de prevalência média), positivamente correlacionada à presença de lesões cervicais não cariosas, recessões gengivais e influenciada por diversos fatores como, por exemplo, a doença do refluxo gastroesofágico e consumo excessivo de substâncias ácidas.68 Antes da prescrição desses produtos, é fundamental que a causa da hipersensibilidade dentinária seja identificada e tratada (ou controlada), pois dentifrícios dessensibilizantes apenas atuam no sintoma. Se usados de maneira indiscriminada, há risco de evolução do processo, sem percepção pelo paciente. Além disso, se prescritos antes da intervenção nos fatores etiológicos ou da abordagem em consultório, a avaliação do resultado será dificultada. 2.4 - DENTIFRÍCIOS DESSENSIBILIZANTES Por que os dentifrícios dessensibilizantes não devem ser utilizados indiscriminadamente, sem avaliação do profissional? Manual com Perguntas e Respostas122 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Existem dois mecanismos de ação pelos quais um dentifrício pode reduzir a sensibilidade. Dentifrícios dessensibilizantes com ação NEURAL agem na despolarização das fibras nervosas, bloqueando a transmissão do impulso nervoso até os centros da dor. São produtos que contêm sais de potássio (citrato de potássio ou nitrato de potássio 5%) na composição e podem precisar de alguns dias de uso para o efeito clínico (em média, 2 a 4 semanas). Isso se deve à necessidade de difusão e concentração do potássio nos túbulos dentinários, diminuindo a excitabilidade nervosa. Seu efeito é interrompido quando o produto deixa de ser usado. Dentifrícios dessensibilizantes de ação OBLITERADORA formam compostos “isolantes”(ação mecânica) sobre a superfície e vedam túbulos dentinários abertos. Têm, normalmente, início de ação mais rápido. O grande desafio desses produtos é a resistência dos depósitos aos desafios mecânico-químicos (sobretudo ácidos) na cavidade bucal. Como os dentifrícios são continuamente reaplicados nas escovações, essa dificuldade pode ser clinicamente compensada. São exemplos de componentes que promovem oclusão tubular: fosfosilicato de cálcio e sódio (Novamin™), arginina (8%) com carbonato de cálcio, acetato de estrôncio, fluoreto estanhoso, nanohidroxiapatita, tricálcio fosfato, silicato de cálcio/fosfato de sódio. Como funcionam os dentifrícios dessensibilizantes? Exemplos comerciais de dentifrícios dessensibilizantes com ação neural › Colgate Sensitive Multiproteção › Dentalclean Sensitive Plus › Opalescence Whitening Sensitive › Oral B Sensitive Whitening Therapy › Sensikin › Sensodyne Original / Sensodyne Limpeza Profunda / Sensodyne Pró Esmalte / Sensodyne True White / Sensodyne Extra Fresh Branqueador / Ultra Proteção Exemplos comerciais de dentifrícios com ação mecânica (obliteradora): › Colgate Sensitive Pró Alívio Imediato - Arginina 8% (c/ carbonato de cálcio) › Edel White Stop Sensitive - Fluorfosfosilicato de cálcio › Elmex Sensitive - Arginina 8% (c/ carbonato de cálcio e TCP) › Gel Dental Bianco Pró Clinical / Protefresh - TCP (c/ carbonato de cálcio) › Oral B Gengiva Detox & Sensi (Sensitive Care) - Fluoreto estanhoso 0,454%› Regenerate (silicato de cálcio e fosfato de sódio) › Sensodyne Rápido Alívio - Acetato de Estrôncio 8% › Sensodyne Repair and Protect - Fosfosilicato de cálcio e sódio - Novamin 5% › Sensodyne Sensibilidade e Gengivas - Fluoreto Estanhoso 0,454% Manual com Perguntas e Respostas123 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Diferentes tipos de aditivos ou combinações podem ser utilizados nos dentifrícios dessensibilizantes e, em sua maioria, têm evidência de superioridade na redução da sensibilidade, em relação ao dentifrício fluoretado convencional. Alguns, apresentam melhores resultados quando determinados tipos de estímulos são aplicados ou em relação à resistência dos depósitos formados a desafios abrasivos/erosivos. Uma meta-análise realizada em 2020 avaliou os diferentes princípios ativos adicionados aos dentifrícios dessensibilizantes, de acordo com os estímulos utilizados nos estudos clínicos randomizados (táteis, jato de ar ou frio). Com moderado a alto nível de evidência, o fosfosilicato de cálcio e sódio foi considerado efetivo em relação aos três tipos de estímulos; o fluoreto de estanho foi efetivo para estímulos com jato de ar e tátil; os sais de potássio reduziram a sensibilidade provocada por estímulo tátil (e por jato de ar, se combinado à hidroxiapatita) e a arginina, pelo jato de ar; o estrôncio teve efeito benéfico em relação ao estímulo tátil.85 Os depósitos formados com a utilização dos dentifrícios contendo fosfosilicato de cálcio e sódio (Novamin™ 5%) ou fluoreto estanhoso parecem resistir melhor aos desafios ácidos. O diagnóstico é fundamental para a escolha do princípio ativo. A sensibilidade durante o clareamento com moldeiras e após o tratamento periodontal, por exemplo, são quadros diferentes. Na primeira, são mais indicados os produtos com ação neural, pois os dentifrícios obliteradores não conseguem impedir/reduzir a difusão do peróxido de hidrogênio e estimulação direta das fibras nervosas (mesmo que os depósitos formados resistam à sua ação oxidativa). Isso pode ser explicado pelo baixo peso molecular e penetração polidirecional do peróxido através da estrutura dentária e dos espaços entre os compostos depositados. Esse tipo de sensibilidade, quando ocorre, tende a diminuir depois de 24 /48 horas da finalização do procedimento clareador. Produtos com nitrato de potássio estão em alguns ‘kits’ de clareamento, em géis ou dentifrícios, como forma de auxiliar no controle da sensibilidade (associados à “blindagem” da dentina exposta ou trincas/áreas vulneráveis no esmalte, previamente ao procedimento). A ação do potássio depende do tempo de aplicação, da concentração e da viscosidade do produto (que, se aumentada, pode dificultar a difusão). No clareamento em consultório, em que produtos com maior concentração de peróxido são utilizados, os dentifrícios não parecem ser capazes de reduzir a sensibilidade. Não há comprometimento do resultado do clareamento pela utilização de dentifrícios dessensibilizantes. Existem princípios ativos melhores na redução da hipersensibilidade? Manual com Perguntas e Respostas124 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A sensibilidade que ocorre após a fase inicial do tratamento periodontal (procedimentos de raspagem) tende a ser maior logo nos primeiros dias, diminuindo gradativamente a seguir. Os dentifrícios obliteradores de ação imediata são, portanto, bem indicados. O ideal é que possuam, também, efeito antiplaca e antigengivite. Os produtos com fluoreto de estanho combinam a dessensibilização após curto tempo (pela deposição de compostos metálicos insolúveis) com a ação antimicrobiana do estanho. Dentifrícios obliteradores com 8% arginina/carbonato de cálcio associados aos sais de zinco são, também, opções apropriadas. Produtos contendo fosfosilicato de cálcio e sódio (Novamin™) mostram resultados de dessensibilização rápida e consistentes na literatura. As formulações existentes no mercado não contêm lauril sulfato de sódio e, portanto, podem ser opções menos irritantes para a mucosa, em alguns perfis de pacientes (já descritos anteriormente). Manual com Perguntas e Respostas125 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Já outros, com sensibilidade associada ao consumo esporádico de alimentos ácidos ou à doença do refluxo gastroesofágico ainda em tratamento, podem se beneficiar do uso prolongado, como uma forma de manutenção dos procedimentos de dessensibilização realizados no consultório. Caso o profissional opte por prescrever um dentifrício contendo um sal de potássio durante o clareamento, o uso deverá ser iniciado 15 dias antes e mantido durante todo o processo, uma vez que o efeito dos sais de potássio é mais demorado e se perde com a suspensão do uso. A determinação do tempo de uso desses produtos dependerá do diagnóstico do profissional. Assim, pacientes com sensibilidade após um procedimento odontológico (profilaxia, por exemplo), podem utilizar esse tipo de dentifrício por um período de 2 a 4 semanas, para acelerar a redução do sintoma (que, nessas situações, naturalmente desaparece após alguns dias). Em casos assim, é importante escolher um produto com princípio ativo obliterador, de efeito rápido (como, por exemplo, a associação arginina/ carbonato de cálcio). Por quanto tempo devem ser utilizados os dentifrícios dessensibilizantes? Manual com Perguntas e Respostas126 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O uso prévio de dentifrícios dessensibilizantes não compromete a adesão (sistemas que utilizem ácido fosfórico ou autocondicionantes) e a longevidade das restaurações. Dentifrícios dessensibilizantes normalmente apresentam níveis de abrasividade compatíveis com a segurança de uso prolongado sobre a dentina. Podem, entretanto, promover desgaste semelhante a outros dentifrícios anticárie mais simples, dependendo da composição e RDA dos produtos. Dentifrícios dessensibilizantes podem afetar a qualidade dos procedimentos adesivos das restaurações? Dentifrícios dessensibilizantes causam menor desgaste do que os dentifrícios convencionais? Manual com Perguntas e Respostas127 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No cálculo dental são encontrados componentes de origem salivar, microbiana, do sangue e da dieta, incorporados durante a calcificação ou pelas porosidades. Na boca, o biofilme espesso é um bom substrato para formação do cálculo dental, pela concentração de cálcio e fosfato, pela presença de cristais e minerais nas bactérias mortas, pela degradação (por proteases) dos inibidores salivares da cristalização (estaterina, histatina, entre outros). A formação maior de cálculo supragengival nas superfícies linguais dos dentes anteriores inferiores e vestibulares de molares superiores acontece pelo maior fluxo de saliva (presença dos ductos das glândulas salivares maiores), que favorece a supersaturação do meio em cálcio e fosfato, a diminuição da concentração de açúcar após a ingestão e a difusão do ácido formado no biofilme (mantendo o pH acima do crítico por mais tempo). 2.5 - DENTIFRÍCIOS ANTITÁRTARO Como funcionam os dentifrícios antitártaro? Manual com Perguntas e Respostas128 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O pirofosfato é adicionado à maioriados dentifrícios antitártaro, sendo efetivo na redução da formação do cálculo dental, na concentração em que é utilizado nos produtos. Ele age bloqueando os sítios disponíveis para crescimento dos cristais e comprometendo a maturação dos mesmos. Outros componentes adicionados aos dentifrícios, como os sais de zinco, podem, também, reduzir essa formação. O aumento da abrasividade do dentifrício pode ter alguma influência, pela remoção mecânica do biofilme em estágios iniciais de calcificação. Isso acontece em algumas fórmulas de dentifrícios “clareadores”, com RDA alto e presença de pirofosfatos. Ressalta-se, entretanto, que os dentifrícios antitártaro não removem cálculo dental e, sim, agem inibindo, quimicamente, a sua cristalização. Por isso, ser classificado como antitártaro não significa ser mais abrasivo. Exemplos de dentifrícios antitártaro disponíveis no mercado brasileiro: › Colgate Total 12 (citrato de zinco 1,5 % + óxido de zinco 0,5%) › Edel White Whitening + Anti-Plaque (pirofosfato de tetrapotássio 2,4%) › Kin Branqueador (pirofosfato de sódio 3,3%) › Oral B Pró Gengiva Original (hexametafosfato de sódio) › Periogard (citrato de zinco 2%) › Prevent (citrato de zinco 2%) Não há interferência dos componentes antitártaro dos dentifrícios no efeito do fluoreto. Portanto, são produtos cujo benefício de reduzir a formação do cálculo dental se soma ao benefício de controle de cárie. Os dentifrícios antitártaro têm menor efeito anticárie? Manual com Perguntas e Respostas129 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios clareadores visam uma demanda de mercado. É função de todos os dentifrícios o controle da pigmentação extrínseca (por isso, eles contêm abrasivos). Qualquer ação “clareadora” proposta pelos dentifrícios seria limitada à superfície, pelo pequeno tempo de contato. A maioria dos produtos que prometem branqueamento apresentam RDA mais alto (indesejado em pacientes com restaurações estéticas, exposição dentinária ou com risco de lesões não cariosas) ou presença de aditivos antitártaro (pirofosfatos, polifosfatos). Podem conter, também, maior concentração de detergentes e flavorizantes, sendo, portanto, formulações potencialmente mais irritantes para a mucosa. Um outro efeito adverso relatado por alguns pacientes é o aumento da hipersensibilidade dentinária após o uso de determinados produtos. 2.6 - DENTIFRÍCIOS CLAREADORES Dentifrícios “clareadores” ou com carvão realmente funcionam para clareamento ou trazem benefícios? Manual com Perguntas e Respostas130 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em estudos laboratoriais, nota-se uma remoção maior de pigmentos, logo no início da utilização de alguns dentifrícios clareadores para escovação dos corpos de prova. Esse efeito está relacionado à maior abrasividade, pois quando eles são aplicados sem a escovação (apenas imersão), não há nenhuma superioridade em relação aos dentifrícios anticárie convencionais. A prescrição do uso esporádico ou por poucos dias dos dentifrícios com alto RDA não tem consistência, uma vez que esse tipo de protocolo não substitui a necessidade da consulta de manutenção preventiva com profilaxia profissional. Quanto ao carvão ativado, não há nenhum benefício na sua adição aos produtos. Com relação às ressalvas: muitas formulações não contêm fluoreto; há relatos de acúmulo de partículas de carvão em bolsas periodontais (alterando a aparência dos tecidos); alguns produtos (sobretudo em pó) são mais abrasivos; foram encontrados, em algumas formulações componentes indesejáveis (como naftaleno); pode haver pigmentação de restaurações estéticas; alguns fabricantes recomendam duas escovações consecutivas (a segunda com o dentifrício fluoretado); o dentifrício escuro pode dificultar a percepção de um sinal importante da inflamação, que é o sangramento durante a escovação. Manual com Perguntas e Respostas131 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S É importante lembrar que dentifrícios são produtos de uso continuado e por longo tempo. Portanto, estudos de curta duração avaliando efeitos indesejados dos dentifrícios clareadores ou com carvão ativado em tecidos moles, dentes e restaurações devem ser interpretados com cautela. Se pensássemos apenas em abrasividade, poderíamos dizer que sim. Entretanto, se analisarmos as principais indicações para o uso da clorexidina, concluiremos que estaremos substituindo um dentifrício com princípios ativos terapêuticos, por produtos sem benefício no controle de doenças (além da ação anticárie, se o flúor estiver presente na composição). Por exemplo, ao indicar um dentifrício “clareador” durante a fase inicial do tratamento periodontal (profilaxia e raspagem), estaremos abrindo mão dos benefícios da utilização de um dos produtos anticárie/antigengivite já descritos anteriormente. Mas e se usássemos um dentifrício “clareador” contendo antimicrobianos? A questão é: vale à pena prescrever produtos de característica mais irritante (com maior concentração de pirofosfatos, detergentes ou peróxidos), em uma fase em que queremos menor trauma e melhor cicatrização tecidual? Dentifrícios “clareadores” são úteis para o controle de pigmentação, durante o uso dos enxaguatórios contendo clorexidina? Exemplos de dentifrícios “clareadores” disponíveis no mercado brasileiro: › Close Up Extra Whitening (com carbonato de cálcio, sílica e perlita) › Close Up White Now (com Blue Covarine) › Colgate Luminous White Advanced Expert (com peróxido de hidrogênio 2% e pirofosfatos de cálcio, te- trassódico e dissódico) › Colgate Luminous White Lovers (com peróxido de hidrogênio 1% e pirofosfatos de cálcio, tetrassódico e dissódico) › Kin Branqueador (pirofosfato de sódio e bicarbonato de sódio) › Oral B 3 D White (com sílica, mica e pirofosfatos) › Parodontax Whitening (com sílica) › Sorriso Extreme White (com sílica e pirofosfatos) Manual com Perguntas e Respostas132 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A cigarro é responsável pelo aumento de manchas em dentes/restaurações e pela maior formação de cálculo dental. Entretanto, pensando nos riscos de desenvolvimento de doenças relacionadas ao tabagismo, encontramos bem definida a associação entre uso do cigarro e desenvolvimento de Doença do Refluxo Gastroesofágico. Queremos que pacientes com risco aumentado de desgaste dentário por ácido endógeno utilizem dentifrícios com alta abrasividade? É nossa função educar o paciente sobre os malefícios do cigarro e a necessidade das consultas de manutenção preventiva odontológica. Nesse contato periódico com o profissional, serão removidos todos os depósitos e a pigmentação formada sobre os dentes, além de ser feito o exame criterioso das estruturas da cavidade oral (para detecção precoce de alterações que possam trazer, inclusive, risco de morte ao paciente). A prescrição do dentifrício deve ser feita de acordo com os fatores de risco presentes (cárie, inflamação, sensibilidade), dentro de um nível de abrasividade adequado ao controle da pigmentação, mas considerado seguro para as superfícies sobre as quais o produto será utilizado. As bactérias cromogênicas estão envolvidas na deposição de pigmentos extrínsecos, que podem ter coloração que varia do alaranjado/esverdeado (normalmente associadas a uma higienização pior) ao amarronzado/escurecido (muitas vezes presente em pacientes com higienização satisfatória), em crianças ou adultos. Prevotella melaninogênica e Actinomyces estão presentesnos biofilmes relacionados à pigmentação negra, os quais apresentam, na sua estrutura, compostos férricos insolúveis e maior concentração de cálcio e fosfato. Não há uma indicação específica de dentifrício para controle desse tipo de pigmentação, que dificilmente é removida pela escovação (sendo necessários procedimentos de profilaxia profissional). Dentifrícios clareadores são indicados para pacientes fumantes? Qual o dentifrício ideal para remoção da pigmentação escura causada por bactérias cromogênicas? Manual com Perguntas e Respostas133 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A saliva é imprescindível para manutenção do equilíbrio bucal. Ela é responsável, por exemplo, por eliminar os ácidos produzidos no biofilme (além de neutralizá-los), por evitar a dissolução dos dentes e repor minerais perdidos (por ser uma solução supersaturada em cálcio e fosfato). A xerostomia (sensação de boca seca) pode ser causada pelo uso de medicamentos (como antidepressivos, ansiolíticos, anti-hipertensivos, anti-histamínicos, antineoplásicos), por doenças sistêmicas (Síndrome de Sjögren, Lupus Eritematoso, Diabetes, por exemplo), pela radioterapia na região de cabeça/pescoço, pela desidratação ou mesmo por quadros emocionais. Além da sensação de secura na boca e na garganta, os pacientes podem se queixar de ardor, necessidade de beber líquidos constantemente e dificuldade de engolir. Não há nenhum dentifrício que apresente efeito clínico de aumentar o fluxo de saliva (exceto durante a escovação, pela ação dos flavorizantes) ou que possa repor componentes salivares por tempo significativo. Além da presença do fluoreto em concentração adequada, a característica principal dos dentifrícios recomendados para pacientes com xerostomia é a ausência de componentes que possam gerar irritação na mucosa, que se torna mais sensível. Os principais são os detergentes (sobretudo o aniônico lauril sulfato de sódio - LSS), os flavorizantes (sobretudo óleo de canela e menta), os pirofosfatos e o estanho. A recomendação da ingestão frequente de água e do uso de géis/sprays específicos para lubrificação intra-oral ajudam no alívio do desconforto causado pelo ressecamento. Alguns dentifrícios recomendados para pacientes com xerostomia contêm traços de leite e proteína do ovo, o que deve ser considerado em caso de alergia. 2.7 - ESPECIFICIDADES NA INDICAÇÃO Como funcionam os dentifrícios recomendados para pacientes com xerostomia? Exemplos de dentifrícios comumente indicados para pacientes com xerostomia: › BioXtra › Curaprox Enzycal 1450 › Oncare › Xerolacer Exemplos de “substituidores de saliva” em gel/spray: BioXtra, Kin Hidrat, Oncare, Oral Balance Biotène, Xerolacer Manual com Perguntas e Respostas134 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A escolha de dentifrícios fluoretados sem detergentes (ou com detergentes alternativos ao lauril sulfato de sódio/LSS) e sem outros componentes irritantes deve ser considerada. Os quadros de mucosite oral são frequentes em pacientes em tratamento oncológico (dependendo do protocolo de quimioterapia/radioterapia e da resposta individual), sendo caracterizados por eritema e ulcerações na cavidade oral. Mecanismos imunológicos podem estar envolvidos nos quadros de aftas recorrentes, mas outros fatores parecem ter papel importante, como deficiências nutricionais (vitamina B, ferro, ácido fólico), traumas locais, sensibilidade a alguns alimentos ou substâncias. A utilização de dentifrícios sem o LSS pode diminuir a frequência, a duração e a sintomatologia dolorosa em pacientes com essas lesões. Como já mencionado, os flavorizantes (principalmente derivados da canela e menta) e o estanho podem estar relacionados a irritações ou alergia. Dentifrícios com grande quantidade de pirofosfatos (componente antitártaro) também têm sido associados a reações de contato, não apenas pela ação direta, mas por modificações feitas em algumas formulações (como o aumento na concentração de flavorizantes para mascarar o sabor amargo ou de detergentes para favorecer a solubilização no produto). Indivíduos que fazem tratamento para acne, com o uso de isotretoína ou acitretina oral, podem apresentar lesões ou rachaduras nos lábios e na mucosa oral (assim como xerostomia). É importante, além da prescrição dos produtos menos irritantes, recomendar o uso de hidratantes labiais. Como escolher um dentifrício para pacientes com aftas frequentes, mucosite ou ardência bucal? Manual com Perguntas e Respostas135 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Há relatos de casos de alergia (normalmente queilite angular, acompanhada ou não de dermatite perioral) ou reação de contato irritativa (ardência, descamação, vesículas, úlceras, áreas eritematosas ou hiperceratóticas nas mucosas) com o uso de determinados dentifrícios. Podem estar relacionados à presença do estanho, aos flavorizantes, aos detergentes aniônicos sulfatados e a maiores concentrações de pirofosfato/hexametafosfato. Esses quadros podem aparecer logo no início do uso do produto ou após algum tempo. Caso ocorra, a suspensão e troca por outro tipo de dentifrício são suficientes para resolução do quadro, em alguns dias. Em casos muito específicos, é possível solicitar a manipulação do produto em farmácias, sem os componentes relacionados às reações. Essa opção, entretanto, dificulta a aquisição pelo paciente, sendo a qualidade do dentifrício dependente dos ingredientes e da confiabilidade do processo. É importante informar ao paciente (e outros profissionais de saúde) que o fluoreto não está relacionado a esses tipos de reações. Se estivesse, nem água fluoretada o paciente poderia ingerir… Como lidar com os casos de alergia ou reação de contato aos dentifrícios? Manual com Perguntas e Respostas136 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A maioria dos dentifrícios não contêm glúten na composição (Colgate, Oral B, Sensodyne, Edel White, Curaprox, Tandy) e pode ser utilizada por pacientes com doença celíaca. Vale a pena lembrar que essa doença pode ter manifestações orais (estomatite aftosa recorrente, queilite angular, glossite atrófica, xerostomia). A mulher que está gestante necessita de acompanhamento pelo dentista e da prescrição de um dentifrício com efeito no controle de cárie. As modificações hormonais e, consequentemente, maior susceptibilidade a inflamação gengival devem ser consideradas. A recomendação de produtos com aditivos específicos (antigengivite, dessensibilizantes) poderá ser feita pelo dentista, após avaliação cuidadosa das condições presentes e da história de doenças na cavidade oral, do risco de inflamação (que pode ou não estar aumentado), do relato de aumento de refluxo gastroesofágico. Havendo a intolerância a algum sabor, esse poderá ser um fator importante na seleção do dentifrício. A adequação da rotina de higienização será sugerida, se houver queixa de enjoos em determinados momentos do dia ou episódios de vômitos. A gravidez, se mantidos hábitos e alimentação saudáveis, consulta profissional periódica, deve ser uma fase vivida com saúde e tranquilidade. Não são os produtos específicos, mas, sim, a valorização do autocuidado na gestação e no período pós- parto, que possibilitam a manutenção do equilíbrio da cavidade oral. Existem restrições ao uso de dentifrícios por pacientes celíacos? Existem dentifrícios específicos para uso durante a gravidez? Manual com Perguntas e Respostas137 P R E S C R IÇ Ã O D EP R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S HMI é um defeito de desenvolvimento do esmalte, que acomete pelo menos um dos primeiros molares permanentes, podendo acometer também os incisivos. É uma alteração qualitativa e, portanto, o esmalte tem espessura normal, mas com maior porosidade e menor dureza, o que o torna mais propenso a fraturas e lesões de cárie (as lesões se desenvolvem rapidamente após a quebra pós-eruptiva, sobretudo nos molares). O esmalte se apresenta com manchas opacas (brancas, creme, amarelas, acastanhadas) e assimétricas (dentes homólogos, formados na mesma época, não são afetados da mesma maneira, diferentemente da fluorose dentária). Pela porosidade das áreas afetadas e possibilidade de inflamação pulpar subclínica (penetração bacteriana), sintomatologia de hipersensibilidade pode existir em mais de 30% dos molares com HMI100, sobretudo imediatamente após a erupção. Não há, na literatura, consenso sobre uma recomendação específica de dentifrício para esses pacientes, baseada em evidência de estudos clínicos controlados (além do dentifrício fluoretado). Não se sabe se a deficiência na mineralização que ocorre durante a formação do tecido pode ser compensada pelo uso de produtos no período pós- eruptivo, principalmente nas áreas mais profundas da lesão. Apesar dos produtos contendo CPP-ACP serem efetivos in vitro para aumentar a mineralização das regiões com porosidade, há necessidade de estudos clínicos que comprovem as vantagens da indicação. A prescrição para uso diário pode ser feita individualmente (aplicação local do produto após escovação com o dentifrício fluoretado ou utilização do dentifrício contendo CPP-ACP e fluoreto). Qual o dentifrício indicado para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI)? Manual com Perguntas e Respostas138 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Com a intenção de aumentar a proteção contra o desenvolvimento de lesões de cárie, alguns autores sugerem a prescrição de dentifrícios com concentração de fluoreto próxima a 1500 ppm (NaF ou F-Am) ou a aplicação, nos dentes afetados, de um dentifrício com 5000 ppm F com escova unitufo (sempre por um adulto). Havendo hipersensibilidade, os dentifrícios dessensibilizantes podem ser prescritos, normalmente associados a procedimentos realizados em consultório: aplicação de verniz fluoretado, protocolo de dessensibilização associativo (neural e obliterador), infiltração resinosa, selamento ou restauração. Há, na literatura, alguns estudos e relatos demonstrando benefício da utilização dos dentifrícios fluoretados contendo arginina 8%/carbonato de cálcio, Novamin™ 5%, CPP-ACP 10% ou sais de potássio na redução dos sintomas. O desgaste do esmalte afetado pela hipomineralização, pela escovação com dentifrícios, parece ser maior do que nos dentes hígidos, sobretudo em áreas com coloração amarronzada. Por isso, recomenda-se o cuidado de não prescrever dentifrícios com alta abrasividade. Em casos de hipoplasia do esmalte, que, diferentemente da HMI, são defeitos quantitativos, com redução da espessura (fissuras, fóssulas ou grandes áreas, com bordas arredondadas e bem limitadas), há, também, maior risco de desenvolvimento de lesões de cárie (assim como hipersensibilidade, em alguns casos). Portanto, a prescrição de dentifrícios com concentração apropriada de fluoretos e, se necessário, com propriedades dessensibilizantes deve ser feita. Pacientes com defeitos de desenvolvimento do esmalte necessitam da orientação quanto à higienização, mas, principalmente, acompanhamento frequente pelo profissional. Manual com Perguntas e Respostas139 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Em pacientes com restaurações estéticas, determinados cuidados devem ser tomados na prescrição de um dentifrício. Em primeiro lugar, é imprescindível o uso de um produto com concentração adequada de fluoreto (entre 1000 e 1500 ppm) . Além da história passada de cárie ser um fator de risco importante (se o tratamento tiver sido realizado por esse motivo), margens de restaurações são regiões que podem favorecer a estagnação do biofilme e, consequentemente, o desenvolvimento de novas lesões. Caso haja necessidade, dentifrícios com maior concentração de flúor (5000 ppm) podem ser prescritos, uma vez que o aumento da concentração não traz nenhum tipo de dano aos materiais restauradores estéticos. Produtos com alta abrasividade podem alterar a superfície dos materiais, causando aumento da rugosidade/ desgaste ou comprometendo o polimento/brilho. Materiais cerâmicos resistem melhor aos desafios abrasivos do que as resinas compostas, que, por sua vez, são mais resistentes que os materiais ionoméricos. Como já foi mencionado, dentifrícios com carvão são capazes de interferir na cor das restaurações de resina ou das interfaces (além de, muitas vezes, serem mais abrasivos). Quais são os cuidados na prescrição de dentifrícios para pacientes que passaram por um tratamento restaurador com materiais estéticos? Manual com Perguntas e Respostas140 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Há necessidade de estudos que avaliem o impacto dos dentifrícios com pH ácido (como aqueles que contêm SnF2 ou Am-F) nos materiais restauradores estéticos. Até que tenhamos uma resposta, essa possibilidade pode ser considerada nos pacientes que passaram por tratamentos extensos (principalmente com resinas compostas ou ionômero de vidro). Em relação aos pacientes com implantes na boca, dentifrícios com pH ácido favorecem a corrosão do material e devem ser evitados. A recomendação geral é que sejam prescritos dentifrícios fluoretados, com limite de abrasividade dos dentifrícios anticárie simples (RDA em torno de 100), e, preferencialmente, que não tenham pH ácido. Esses produtos têm se mostrado seguros para utilização continuada, em estudos laboratoriais, sobre os diferentes tipos de materiais restauradores. Pacientes sem dentes, com próteses sobre implantes, podem receber prescrição de dentifrícios sem flúor. Se houver algum dente na cavidade bucal, o dentifrício fluoretado é imprescindível. Manual com Perguntas e Respostas141 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A utilização de alinhadores tem sido associada a um menor tempo de tratamento, melhor controle do biofilme, ao desenvolvimento de menor numero de lesões de cárie e à melhor condição periodontal ao final do tratamento, quando comparado a aparelhos ortodônticos fixos.76,88, 89, 103 Em diferentes estudos, cerca de 1,2 a 2,9% dos pacientes com alinhadores e 25 a 58% dos pacientes em uso de aparelhos fixos desenvolveram lesões de mancha branca.57,99 Quando o tratamento é feito com alinhadores, os pacientes devem ser orientados sobre a importância da higienização cuidadosa da boca, antes da colocação dos aparelhos (que também devem estar limpos). Isso, porque haverá menor proteção pela saliva, já que seu contato com os dentes e sua ação constante é dificultada ou impedida. Um outro aspecto a ser lembrado é a não ingestão de bebidas ácidas (água saborizada com limão, por exemplo) ou contendo açúcar, com os alinhadores em posição. Pacientes em tratamento ortodôntico com alinhadores têm maior risco de desenvolvimento de doenças bucais? Manual com Perguntas e Respostas142 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N AL D E F L U O R E T O S A melhor forma de higienizar as próteses removíveis (parciais ou totais) é através da associação dos métodos mecânico (escovação com sabão líquido neutro, por exemplo) e químico (imersão em soluções específicas ou uso de pastilhas efervescentes), de acordo com a recomendação do fabricante. Existem dentifrícios próprios para escovação de próteses, formulados com baixa abrasividade para que não haja danos ao material (aumento da rugosidade, principalmente nas regiões que ficarão em contato com mucosas, ou desgaste), mas eles não são facilmente encontrados no Brasil. Dentifrícios podem ser usados para higienização das próteses removíveis? Manual com Perguntas e Respostas143 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Se o tratamento homeopático for feito com glóbulos de sacarose, dissolvidos na cavidade bucal várias vezes ao dia, é importante um cuidado redobrado com a higienização, sendo o uso do dentifrício fluoretado imprescindível. A recomendação de médicos homeopatas é que os glóbulos sejam ingeridos 10 minutos antes ou meia hora após a escovação. Além disso, alguns solicitam a utilização de dentifrícios sem menta, cânfora ou hortelã na composição Quais os cuidados que devemos ter na escolha dos dentifrícios para pacientes em tratamento homeopático? Exemplos de dentifrícios fluoretados sem menta, cânfora ou hortelã na composição (que podem ser utilizados durante o tratamento homeopático/com Biofao): › Condor Bambinos 3 › Dentalclean Infantil com flúor › Elmex Homeopathy Mentholfrei (europeu) › Profresh gel dental Menta Free › Tom’s of Maine Silly Strawberry/Orange Mango (americano) Manual com Perguntas e Respostas144 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Alguns dados devem fazer parte da tabela: › o tipo de sal fluoretado e a concentração de fluoreto total declarada pelo fabricante › outros componentes ativos (dessensibilizantes, antigengivite) › tipo de detergente (ou ausência) › outras informações que possam ser úteis (abrasividade/RDA, pH ácido, advertências dos fabricantes sobre possíveis reações alérgicas ao produto, etc). É fundamental que cada profissional elabore a sua tabela, com os produtos que mais prescreve, facilmente encontrados na região em que trabalha, condizentes com o perfil de pacientes que atende. Muitos dados estão disponíveis nas embalagens. Outros, são obtidos através de estudos ou fornecidos pelo fabricante (RDA, por exemplo). O importante é saber interpretar cada um deles e atualizar constantemente a tabela, pois há mudanças frequentes nas formulações e nos nomes comerciais. 2.8 - TABELA DE PRODUTOS Como elaborar uma tabela de dentifrícios que possa ser consultada no momento da prescrição? Manual com Perguntas e Respostas145 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Nome Comercial Princípios Ativos Detergente Outras informações Anticárie (sal de F / concentração F- em ppm Outros Dentifrícios Anticárie Biotène NaF - 1150 CAPB Importado BioXtra MFP - 1500 Isoceteh-20 *Com traços de proteína do leite e clara do ovo Sem mentol Abrasivo: sílica Bitufo Infantil c/ flúor NaF - 1100 LSS (lauril sulfato de sódio) Sem corantes Com extrato de flores de Chamomila recutita / Calendula officinalis L e extrato de folhas de Melissa officinalis Boni Kids flúor NaF - 1100 LSS Vegano Close-up Liquifresh NaF - 1450 LSS RDA 86 Close Up Poder Antibac / Proteção 360o NaF - 1450 LSS Com sulfato de zinco (%?) Close Up Proteção Bioativa MFP - 1450 LSS Close Up Triple MFP - 1450 LSS Colgate Anticárie MFP - 1450 LSS RDA 70 a 136 Colgate Anticárie + Neutraçúcar MFP - 1450 Arginina 1,5% LSS Manual com Perguntas e Respostas146 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Colgate Natural Extracts Citrus e Eucalipto / Coco e Gengibre NaF - 1100 LSS Com óleos cítricos e de folha de eucalipto / extrato de coco e óleo de gengibre Tubo reciclável Colgate Natural Extracts Cúrcuma e Hortelã NaF - 1450 LSS / CAPB Com citrato de zinco (%?), cúrcuma e hortelã Tubo reciclável Colgate Smiles (Kids) NaF - 1100 LSS RDA 77 Colgate Tripla Ação MFP - 1450 LSS Colgate Zero (= Zero Kids) NaF - 1100 LSS Vegano, c/ tubo reciclável Sem corantes, adoçantes, conservantes ou aromas artificiais Condor Kids Bambinos 3 NaF - 1100 LSS Compatível com tratamento homeopático/ Biofao (sem menta) Contente MFP - 1500 LSS Vegano Crest Cavity Protection NaF - 1100 LSS RDA 108 Crest Kids NaF - 1100 LSS RDA 80 a 95 Crest Complete Scope NaF - 1100 LSS Com pirofosfato dissódico e CPC Curaprox Be You MFP - 950 CAPB RDA 50 Com Nano HAP Abrasivo: sílica Vegano Manual com Perguntas e Respostas147 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Curaprox Enzycal 950 / 1450 NaF - 950 / 1450 Steareth-20 RDA 30 / 60 * Contém traços de leite Sem óleos essenciais Com glicose oxidase + lactoperoxidase Dentalclean Gel Regenerador + Sensitive NaF - 1450 LSS Com triclosan (%?) Dentalclean Infantil com flúor (Peppa Pig/Batman) NaF - 1100 LSS Compatível c/ tx homeopático/ Biofao (sem menta) Com xilitol Dentil Kids NaF - 1100 LSS Diamond Glow Swiss Smile MFP - 980 CAPB RDA 20 Com hidroxiapatita e pó de diamante Edel White Care Forte NaF - 1450 CAPB e Lauril Sarcosinato de Sódio RDA 60 Vegano Com lactato de cálcio, lactato de alumínio, bicarbonato de sódio, bisabolol, acetato de tocoferol Elmex Anticárie F-Am - 1400 Sem RDA 77 pH ácido Elmex Erosion Protection / Professional Enamel Protection F-Am - 700 + NaF - 700 SnCl2 (3500 ppm Sn) + Quitosana (0,5%) CAPB RDA 30? pH ácido Importado Elmex Homeopathy (Europa) F-Am - 1250 Sem RDA 77 pH ácido Compatível c/ tx homeopático Manual com Perguntas e Respostas148 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Fisher Price Gel Dental Infantil com Flúor NaF - 1100 LSS Glister Amway NaF - 950 LSS RDA 110 Gum Gel Infantil Lion King / Paw Patrol NaF - 990 / 1000 LSS Hello Kitty NaF - 1100 LSS Kin Fresh NaF - 1450 CAPB RDA 60 a 75 Com pantenol, CPC, Aloe Vera Kin Hidrat NaF - 1450 CAPB RDA 60 a 75 Com pantenol, vitamina E, xilitol (10%) Kin B5 NaF - 1450 CAPB RDA 60 a 75 Com CPC, vitamina B3, pró-vitamina B5, citrato de zinco (0,5g) Malvatrikids F NaF - 1100 Lauril Sarcosinato de Sódio Com extrato de malva e xilitol Malvatrikids Jr. NaF - 1450 Lauril Sarcosinato de Sódio Com extrato de Malva e xilitol N&W Cosmetic (New Dental Care) NaF + MFP - 1500 Lauril glicosídio e LSS RDA 50 Com ácido hialurônico, extrato de chá verde, salicilato de dimetilsilanodiol, pirofosfato. Vegano Oncare Gel Dental MFP - 1320 CAPB Com extrato de Chamomila recutita e melaleuca, xilitol Oral B Escudo Antiaçúcar / Anti Cáries MFP - 1450 LSS Manual com Perguntas e Respostas149 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Oral B Extra Fresh / 4 em 1 MFP - 1450 LSS Oral B Kids NaF - 1100 LSS Com cinamaldeído Oral B Stages NaF - 1100 LSS Oral B Pró Saúde 100% NaF - 1450 LSS RDA 102 Parodontax Flúor NaF- 1400 CAPB RDA 56 Com bicarbonato de sódio (67,26%), tintura de ratânia/ equinácea/ mirra/ camomila, sálvia Profresh NaF - 1450 LSS Com triclosan (% ?) Compatível com tratamento homeopático/ BioFAO (sem menta) Smile for Good Colgate NaF - 1450 Lauril glicosídio / Cocoil glutamato di- sódio Vegano e Natural Importado Sorriso Dentes Brancos MFP - 1450 LSS Sorriso Fresh Gel Dental NaF - 1100 LSS Sorriso Kids NaF - 1100 LSS Sorriso Tripla Limpeza Completa MFP - 1450 LSS Sorriso Tropical Mix NaF - 1100 LSS Tandy NaF - 1100 LSS Com cinamaldeído Manual com Perguntas e Respostas150 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S The Humble Co. Natural NaF - 1450 Lauril glicosídeo RDA 60 a 70 Vegano e natural Tubo reciclável Theory. Oral B NaF - 1100 CAPB Vegano e natural Importado Tom´s of Maine Orange Mango / Silly Strawberry MFP - 1070 LSS RDA 57 Compatível com tratamento homeopático/ Biofao (importado) Abrasivo: sílica Trá Lá Lá Kids MFP - 1100 LSS Ultra Action MFP - 1200 LSS Vegano Xerolacer (nova fórmula) MFP + NaF 1400 CAPB Enoxolona, vitamina E e pantenol Abrasivo: sílica Clinpro 5000 NaF - 5000 LSS RDA 68 Com TCP Orthogard NaF - 5000 LSS RDA 80 Dentifrícios Anticárie + Dessensibilizantes (ação Neural) Colgate Sensitive MFP - 1450 Citrato de Potássio (5,04%) LSS Colgate Sensitive Multiproteção MFP - 1450 5% Citrato de Potássio (5%) + Citrato de Zinco (2%) LSS Dentalclean Sensitive Plus MFP - 1500 Citrato de Potássio (5,5%) LSS Com triclosan (%?) Manual com Perguntas e Respostas151 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S MI Paste One NaF - 1100 5% Nitrato de Potássio/KNO3 + 10% CPP- ACP Lauril Sarcosinato de Sódio RDA 64 Neural e obliterador *Não pode ser usado por ALÉRGICOS à proteína do leite Opalescence Sensitive (Whitening) NaF - 1100 KNO3 5% LSS RDA 90 Oral B Sensitive (Whit Therapy) NaF - 1450 KNO3 5% LSS RDA 100 Sensikin NaF - 1450 KNO3 5% CAPB RDA 60 a 75 Com vitamina E e pró- vitamina B5 Sensodyne Extra Fresh Branqueador NaF - 1426 KNO3 5% CAPB / Cocoil metil taurato de sódio Com Alumina 1,25% Sensodyne Limpeza Profunda NaF - 1426 KNO3 5% LSS / CAPB Sensodyne Original NaF - 1426 KNO3 5% CAPB RDA 70 a 97 Com óleo da folha de canela- chinesa Sensodyne Pró Esmalte NaF - 1426 KNO3 5% CAPB RDA 37 Sensodyne True White NaF - 1426 KNO3 5% CAPB RDA 13 Tripolifosfato de sódio Sensodyne Ultra Proteção NaF - 1450 KNO3 5% + Citrato de Zinco 1% CAPB Com cinamaldeído Manual com Perguntas e Respostas152 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios Anticárie + Dessensibilizantes (ação Obliteradora) Colgate Sensitive Pró Alívio Imediato Original / Repara Esmalte MFP - 1450 Arginina 8% (c/ carbonato de cálcio) LSS RDA 81 a 125 Colgate Sensitive Pró Alívio Imediato Gengivas MFP - 1450 Arginina 8% (c/ carbonato de cálcio) + Óxido Zn 1% + Citrato Zn 0,5% CAPB Colgate Sensitive Pró Alívio Imediato Branqueador MFP - 1450 Arginina 8% (c/ carbonato de cálcio) LSS Edel White Stop Sensitive NaF - 1430 ppm Fluor- fosfosilicato de cálcio Lauril Sarcosinato de Sódio Vegano Elmex Sensitive MFP - 1450 Arginina 8% + TCP (c/ carbonato de cálcio) LSS RDA 30 Gel Dental Bianco Pró Clinical / Protefresh MFP - 1450 TCP 3% LSS Gel Dental Bianco O2 MFP - 1500 TCP 3% LSS / CAPB Com peróxido de Hidrogênio (%?) MI Paste One NaF - 1100 10% CPP/ACP (+ nitrato de potássio 5%) Lauril Sarcosinato de Sódio RDA 64 Obliterador e neural *Não pode ser usado por ALÉRGICOS à proteína do leite Oral B Gengiva Detox & Sensi (Sensitive Care) SnF2 - 1100 LSS / CAPB Com citrato de zinco e cloreto de estanho pH ácido Com cinamaldeído Manual com Perguntas e Respostas153 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Regenerate MFP 1450 Silicato de cálcio e fosfato de sódio LSS RDA 125 Sensodyne Rápido Alívio NaF - 1040 Acetato de Estrôncio 8% Cocoil metil taurato de sódio RDA 70 Sensodyne Repair and Protect NaF - 1426 Fosfosilicato de cálcio e sódio – Novamin 5% (c/ sílica) CAPB / Cocoil metil taurato de sódio RDA 103 Sensodyne Sensibilidade e Gengivas SnF2 1100 + NaF 350 LSS / CAPB RDA 120 Dentifrícios Anticárie + Antiplaca / Antigengivite Cariax Gingival Kin NaF - 1000 CHX 0,12% CAPB Colgate Sensitive Multiproteção MFP - 1450 Citrato de zinco (2%) + Citrato de Potássio (5%) LSS Colgate Total 12 (Clean Mint / Gengiva Reforçada / Antitártaro / Professional Hálito Saudável NaF - 1450 Citrato de zinco (1,5%) + Óxido Zn (0,5%) LSS / CAPB Com arginina 1,5% e pirofosfato tetrassódico (%?) Kin Forte Gengivas NaF - 1000 CHX (0,05%) + Citrato de Zinco CAPB RDA 60 a 75 Com CPC (0,05%), complexo de pantenol de alantoína, xilitol Manual com Perguntas e Respostas154 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Oral B Pró- Gengiva Original SnF2 1100 + NaF 350 LSS RDA 158 Com hexameta- fosfato de sódio, lactato de zinco e cloreto de estanho. Com cinamaldeído pH ácido Oral B Gengiva Detox (Deep Clean) SnF2 - 1100 LSS RDA 180 Com citrato de zinco e cloreto de estanho pH ácido Com cinamaldeído Oral B Gengiva Detox & Sensi (Sensitive Care) SnF2 - 1100 LSS / CAPB Com citrato de zinco e cloreto de estanho pH ácido Com cinamaldeído Sensodyne Sensibilidade e Gengivas SnF2 1100 + NaF 350 LSS / CAPB RDA 120 Com trifosfato pentassódico Periogard MFP - 1450 Citrato de zinco (2%) LSS RDA 60 Perioxidin UD MFP - 1400 Triclosan + Citrato de zinco (será substituído por formulação sem triclosan e com cloreto de zinco 0,6%) Sodium C14-16 olefin sulfonate/ Lauril Sarcosinato de Sódio Com enoxolona Abrasivo: sílica Prevent MFP - 1200 Citrato de zinco (2%) LSS Abrasivo: Sílica Com cinamaldeído Manual com Perguntas e Respostas155 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Dentifrícios Anticárie + “Clareadores” / com carvão ativado Black is White Curaprox MFP - 950 CAPB RDA 70 Com nano HA, carbono, glicose oxidase, lactoperoxidase Close Up Extra Whitening MFP - 1450 LSS Com carbonato de cálcio, sílica hidratada e perlita Close Up White Attraction NaF - 1450 LSS Com sílica, mica, pó de carvão Close Up White Now NaF - 1450 LSS Com corante Blue Covarine e mica Colgate Luminous White Instant NaF - 1100 LSS / CAPB RDA 175 a 200 Com sílica, tripolifosfato de pentassódio, pirofosfato de tetrapotássio, mica Colgate Luminous White Advanced Expert MFP - 1000 H2O2 2% LSS Com sílica, pirofosfato de cálcio, pirofosfato tetrassódico, pirofosfato dissódico Colgate Luminous White “Lovers” Café / Vinho MFP - 1000 H2O2 1% LSS Com sílica, pirofosfato de cálcio, pirofosfato tetrassódico, pirofosfato dissódico Colgate Luminous White Carvão Ativado NaF - 1450 LSS / CAPB Com sílica, pirofosfato tetrassódico, pó de carvão Manual com Perguntas e Respostas156 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Colgate Luminous White Brilliant NaF - 1450 LSS/ CAPB Com sílica, pirofosfato tetrassódico Colgate Natural Extracts Carvão Ativado e Menta NaF - 1100 LSS / CAPB Com pó de carvão Dental Clean Gel Dental Whitening Max NaF - 1450 LSS Com sílica, pirofosfato tetrassódico Edel White Whitening + Anti-plaque NaF - 1450 CAPB e Lauril sarcosinato de sódio RDA 80 Com pirofosfato de tetrapotássio (2,4%) e fosfato trissódico Vegano Kin Branqueador NaF - 1000 Lauril sarcosinato de sódio RDA 87 Com pirofosfato de sódio (3,3%) e bicarbonato de Sódio (15%) Oral B 3D White NaF - 1100 LSS Com sílica, mica, pirofosfato dissódico Oral B 3D White com Carvão NaF - 1100 LSS Com sílica, pirofosfato dissódico, pó de carvão, mica Oral B Bicarbonato e Carvão NaF - 1450 LSS Com sílica, bicarbonato de sódio, pó de carvão, mica e pirofosfato Oral B Gengiva Detox Gentle Whitening SnF2 - 1100 LSS RDA 200 Com citrato de zinco Manual com Perguntas e Respostas157 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Parodontax Whitening NaF - 1400 CAPB Com bicarbonato de sódio (61,86%) e sílica Com tintura de ratânia/ equinácea/ mirra/ camomila, sálvia Sorriso Extreme White Brilho 5 Estrelas NaF - 1450 LSS / CAPB Com sílica, pirofosfato tetrassódico e mica Sorriso Extreme White 4D NaF - 1450 LSS / CAPB Com sílica, pirofosfato tetrassódico Sorriso Carvão Ativado NaF - 1450 LSS Com sílica, pó de carvão vegetal ativado Exemplos de dentifrícios sem flúor (sem benefício anticárie): › Bitufo Gel Cocoricó sem flúor - com extrato de flores de Chamomila recutita/Calendula officinalis L, extrato de folhas de Melissa officinalis, xilitol, sacarina, LSS; sem corantes › Bianco Carbon - com tricálcio fosfato, lactato de zinco, xilitol, LSS; RDA 57 › Boni Natural - com menta & melaleuca / hortelã e cúrcuma, xilitol, lauril sarcosinato de sódio › Colgate Zero Bebês - sem corantes, adoçantes, conservantes ou aromas artificiais; com LSS; vegano, tubo reciclável › Condor Kids 0 a 2 (Bambinos 1) - LSS › Curaprox Enzycal Zero - sem LSS (com Steareth-20) ou óleos essenciais; com glicose oxidase / lactoperoxidase; RDA 30; contém derivado lácteo › Gel Dentalclean Extreme Ice - com triclosan, LSS, xilitol › Gel Dental N&W Implants / Soft Tissue- Com ácido hialurônico, extrato de chá verde, salicilato de dimetilsilanodiol, pirofosfato tetrassódico, lauril glicosídeo e LSS; vegano; RDA 100 (Implants) / 120 (Soft Tissue). › Edel White Osmotonic - com bicarbonato de sódio, xilitol, extratos naturais de equinácea/sálvia, CAPB, lauril sarcosinato de sódio › Edel White Sel de Vie - com sal alpino, sálvia, equinácea, bicarbonato de sódio, xilitol; CAPB; RDA 60 › Malvatrikids Baby - com xilitol, extrato de malva, lauril sarcosinato de sódio › Parodontax Original - com bicarbonato de sódio, extrato de ratânia/ equinácea/ mirra/camomila/sálvia, CAPB › Restore (Jeunesse) - com nanohidroxiapatita, bicarbonato de sódio, melaleuca, xilitol › Weleda - infantil, ratânia ou calêndula; RDA 15 a 45 Manual com Perguntas e Respostas158 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de dentifrícios sem flúor (sem benefício anticárie), contendo clorexidina: › Kin Gingival Complex - Clorexidina 0,12%; com CPC (0,05%), complexo de alantoína pantenol, CAPB › Perioxidin Lacer - Clorexidina 0,12%; vitamina E, Pantenol; CAPB Exemplos de dentifrícios com concentração de fluoreto inferior à recomendada para eficácia anticárie: › Condor Kids 2 a 5 anos (Bambinos 2) - NaF 500 ppm F- ; LSS › Edel White Infantil: NaF 680 ppm F-; decyl glucoside; RDA 50 Esse é apenas um exemplo de tabela. É importante a atualização dos dados, sempre que houver mudanças na formulação ou nas linhas de produtos. Manual com Perguntas e Respostas159 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S 49. ALMEIDA LF, MARÍN LM, MARTÍNEZ-MIER EA, CURY JA. Fluoride dentifrice overcomes the lower resistance of fluorotic enamel to demineralization. Caries Res, 2019, 53(5): 567-75. doi: 10.1159/000499668. 50. AMARAL SM, MIRANDA AMM, SANTOS NETTO JN, PIRES FR. Contact stomatitis to toothpaste: importance of differential diagnosis. Rev Bras Odont, 2019, 76: e1375. doi: 10.18363/rbo.v76.2019.e1375. 51. BERG C, UNOSSON E, ENGQVIST H, XIA W. Comparative study of technologies for tubule occlusion and treatment of dents hypersensitivity. J Function Bom, 2021, 12, 27. doi: 10.3390/jfb12020027. 52. BIDOLI F, CASTRO EF, AZEVEDO VLB, PRICE RB, NIMA G, ANDRADE OS, GIANNINI M. 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Podem fazer parte da composição diferentes substâncias, com propriedades emulsificantes/surfactantes (como lauril sulfato de sódio, PEG-40), conservantes (como metilparabeno e benzoato de sódio), adoçantes (como sacarina e xilitol), flavorizantes e corantes (da indústria alimentícia). 3.1 - ASPECTOS BÁSICOS O que são enxaguatórios e quais as suas funções? Manual com Perguntas e Respostas167 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Assim como os dentifrícios, os enxaguatórios são regulamentados pela ANVISA, através das resoluções que tratam dos produtos de higiene pessoal (Resolução da Diretoria Colegiada no. 07, de 10 de fevereiro de 2015). Se na formulação não houver fluoreto ou substâncias antimicrobianas, são considerados produtos com propriedades básicas, sem necessidade de comprovação inicial ou requerimento de informações detalhadas sobre modo ou restrições de uso. Havendo adição desses princípios ativos, passam a ser classificados como produtos de grau 2 e tornam-se necessárias as comprovações de segurança e eficácia, assim como informações mais específicas sobre a formulação. A concentração máxima de fluoreto total permitida nos enxaguatórios é a mesma permitida nos dentifrícios (0,15%), de acordo com a resolução da ANVISA no. 530, de 04 de agosto de 2021 As embalagens devem conter marca e nome comercial, informações sobre composição (e a concentração de fluoreto e demais princípios ativos, se houver), modo de usar, advertências, prazo de validade, fabricante (endereço), país de origem e número do lote. Como é feita a regulação desses produtos? Não. Enxaguatórios bucais têm indicações específicas e devem ser prescritos pelo profissional, após a avaliação do paciente e verificação dos benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso desses produtos. Enxaguatórios bucais são recomendados para todas as pessoas, como um passo adicional na higienização? Manual com Perguntas e Respostas168 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Não. Os enxaguatórios não substituem a higienização com escova, dentifrício e fio dental (ou outro recurso para limpeza interproximal). Aqueles contendo antimicrobianos não “matam” biofilme já formado, mas agem na sua formação, sendo necessáriaa desorganização regular prévia do mesmo. É importante lembrar que, em situações específicas, quando a escovação é totalmente impossível e o indivíduo consegue bochechar, isso poderá ser realizado, tanto em nível temporário como permanente. Por exemplo, em situações em que haja imobilização intermaxilar ou em indivíduos com deficiências. Existe algum enxaguatório capaz de substituir a escovação? Manual com Perguntas e Respostas169 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S É preciso que a criança saiba fazer o bochecho e cuspir todo o excesso de produto. Portanto, os enxaguatórios não são indicados antes dos 7 anos, sobretudo se houver fluoreto na composição, pelo risco de ingestão. Em termos de toxicidade aguda, para uma criança de 20 Kg, a dose potencialmente tóxica (5 mg F/Kg) de enxaguatório contendo NaF 0,05% corresponde a 445 ml do produto. Por não serem indicados para crianças abaixo de 7 anos, não estão associados a aumento no risco de fluorose dental. Qual a idade mínima para utilização de enxaguatórios? Manual com Perguntas e Respostas170 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Existem algumas questões que devem ser consideradas: › Toxicidade aguda - Refere-se à ingestão de grande quantidade, de uma só vez. Pode provocar, desde alterações gastrointestinais até morte, se o enxaguante for fluoretado ou com álcool. › Toxicidade crônica - Relacionada à ingestão frequente de pequenas quantidades. Um exemplo é a fluorose dentária, com produtos fluoretados (se utilizados por crianças abaixo de 7 anos). › Efeitos adversos inerentes ao princípio ativo . A pigmentação e alteração de paladar causadas pelo uso da clorexidina, por exemplo. › Efeitos adversos de componentes inativos da formulação - Detergentes (aumento de incidência de aftas, em alguns pacientes), álcool (irritação local e deterioração de alguns materiais restauradores). › Possíveis reações alérgicas - Mais frequentemente relacionadas aos flavorizantes. › Alguns estudos têm alertado contra o uso de antimicrobianos por pessoas sem nenhum desequilíbrio na cavidade bucal, gerando alterações como a redução de bactérias produtoras de nitrito (importante para a saúde cardiovascular) e no pH salivar.122 Essas informações são controversas e devem ser interpretadas com cautela. Quais os problemas relacionados ao uso indiscriminado dos enxaguatórios? Manual com Perguntas e Respostas171 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O álcool é usado como solvente para outros componentes ou como conservante. Algumas análises da literatura e revisões sistemáticas têm mostrado que não há suficiente evidência para afirmar que enxaguatórios alcoólicos representem um fator de risco independente para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço; entretanto, elas alertam que esse fator pode se tornar significativo, se houver outros fatores de risco associados ou se for de utilização frequente/continuada.121, 123, 160 Não há evidência de que o álcool em enxaguatórios cause ressecamento bucal, mas seu uso pode causar irritações na mucosa de pacientes com hiposalivação (ou com maior sensibilidade dos tecidos). Por que há álcool em vários produtos? Manual com Perguntas e Respostas172 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Bochechos alcoólicos são absolutamente contraindicados para crianças (pela possibilidade de ingestão e exposição do paladar ao álcool) ou para pacientes com histórico de alcoolismo. Devem ser evitados, também, em pacientes que tenham passado por tratamento com restaurações em resinas compostas, ionômero de vidro e cimentadas com materiais resinosos, pela capacidade de solubilização e deterioração da matriz dos materiais. Exemplos de conteúdo alcoólico em alguns enxaguatórios: › Listerine (21,6%) › Cepacol (12 a 18%) › Noplak (4%) › Periodefense e Periogard (11,6%) › Plax (4 a 9% Grande parte dos enxaguatórios tem pH ácido. Isso deve ser considerado no momento da prescrição, sobretudo se o tempo de uso for prolongado. O pH mais baixo dos enxaguatórios fluoretados favorece a formação de depósitos do tipo “CaF2“ na superfície dental in vitro. 161, 162 Entretanto, são necessários mais estudos para comprovar benefício clínico no efeito preventivo e terapêutico. O pH dos enxaguatórios é importante? Valores de pH de alguns enxaguantes bucais: › Cepacol - 7,3 › Cepacol Jr. - 7,1 › Colgate Total 12 - 4,6 › Curaprox Protect - 5,6 › Curaprox Regenerate - 6,8 › Elmex Anticárie - 4,3 › Elmex Erosion Protection/Professional Enamel Protection - 4,5 › Fluido Bucal Blue M - 6,2 › Halicare - 6,9 › Listerine - pH 4,1 › Listerine Anticárie Zero Álcool - 4,28 › Listerine Cuidado Total Zero - 4,36 › Malvatrikids - 6,6 › Noplak Max - 5,8 › Oral B Complete - 5,5 › Oral B Pró Saúde - 5 › Orthogard - 4,45 › Periodefense - 5,3 › Periogard - 5,5 › Peróxido de Hidrogênio Blue M - 4 › Plax Fresh Mint - 5,22 › Plax Ice - 5,28 › Plax Kids - 5,27 › Plax Soft Mint - 5,24 › Safe Smile - 3,5 › Sensodyne - 6,6 Obs.: retirado de Valdivia-Tapia et al., 2021 e medição própria Manual com Perguntas e Respostas173 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Produtos não fluoretados, com pH ácido e com alta acidez titulável (mais dificilmente neutralizados pela saliva) são potencialmente erosivos para as estruturas dentárias (e podem contribuir para a degradação de materiais restauradores estéticos). Produtos de pH ácido ou contendo lauril sulfato de sódio, não devem ser usados antes de escovar os dentes, pois podem, respectivamente, favorecer o desgaste do esmalte e reduzir o efeito anticárie do fluoreto. Capacidade dos produtos de manterem o pH baixo- Valdivia-Tapia AC, Cury JA. Informação pessoal A posologia e modo de usar dos enxaguatórios são determinados pelas características dos componentes ativos, sobretudo a substantividade (capacidade de agir por tempo prolongado). Por isso, na prescrição feita pelo profissional, devem estar explicados todos os aspectos relacionados à utilização correta do produto selecionado. Quantas vezes ao dia devem ser usados os enxaguatórios? Manual com Perguntas e Respostas174 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S São aqueles que contêm fluoreto em concentração adequada para uso diário (225 ppm F / normalmente NaF 0,05%) ou semanal (900 ppm F / NaF 0,2%). Produtos de uso semanal são úteis em programas de saúde coletiva, mas podem, também, ser prescritos individualmente. Alguns produtos com concentração de F menor do que a preconizada são encontrados no mercado, com a recomendação de uso 2x/d; não há, entretanto, evidência clínica de equivalência no efeito anticárie. 3.2 - ENXAGUATÓRIOS ANTICÁRIE (FLUORETADOS) Quais são os enxaguatórios anticárie? Manual com Perguntas e Respostas175 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Após o uso do produto, há tanto o aumento da retenção do fluoreto na saliva e no biofilme residual (mecanismo similar ao fluoreto nos dentifrícios), quanto a formação de produtos de reação (tipo “CaF2”) com o esmalte e a dentina limpos. O fluoreto presente no meio exercerá seu efeito,reduzindo a desmineralização e ativando a remineralização das estruturas dentárias pela saliva. Como a cavidade bucal não é lavada após a utilização dos enxaguatórios, há um aumento na retenção do fluoreto, que permanece em concentração acima dos níveis basais por mais de 1 hora. Por não haver abrasão da superfície, como na escovação, enxaguatórios parecem ser um meio de usar fluoreto bastante útil em pacientes com risco a erosão. A formação dos depósitos do tipo CaF2 é maior na dentina do que no esmalte e maior nos tecidos desmineralizados (mais porosos) do que no esmalte ou dentina hígidos. Quanto maior a concentração de fluoreto nos produtos, mais é favorecida a formação do “CaF2”. Esses depósitos funcionarão como um reservatório (liberando cálcio e fluoreto no meio) e como proteção contra os ácidos de origem não bacteriana (principalmente se associado ao estanho, que forma uma camada de depósitos mais resistentes e também pode ser incorporado à superfície dentária, diminuindo a desmineralização por desafios posteriores). A adição de xilitol ou tricálcio fosfato nos enxaguatórios fluoretados não traz nenhum benefício clínico na redução do desenvolvimento das lesões. Qual o mecanismo de ação do fluoreto, nos enxaguatórios, para controle da cárie e da erosão? Manual com Perguntas e Respostas176 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Pacientes que façam uma boa higiene bucal com dentifrício fluoretado e consumam açúcar e alimentos ácidos de maneira consciente, provavelmente não terão necessidade de utilizar um enxaguatório contendo fluoreto. É importante lembrar que o efeito adicional desses produtos na redução de cárie, em quem já usa o dentifrício com flúor, é muito pequeno (aproximadamente 7%), o que confirma a necessidade da prescrição individualizada.139 São indicados para pacientes que precisam da exposição adicional ao fluoreto para controle de cárie (por exemplo, em uso de aparelho ortodôntico fixo) ou erosão (por exemplo, pacientes com Doença do Refluxo Gastroesofágico, lembrando que, nesse caso, seriam mais indicados, como já mencionado, os produtos contendo a combinação de fluoreto e estanho). Caso haja necessidade de prescrever enxaguatórios fluoretados para pacientes com implantes na boca, são recomendados aqueles de pH neutro, com concentração aproximada de 226 ppm F-. Tanto os produtos de pH ácido (mesmo que a concentração de F- seja pequena), quanto aqueles com concentrações elevadas (ainda que de pH neutro), têm maior potencial para causar a corrosão da superfície dos implantes. Todas as pessoas devem utilizar enxaguatórios contendo fluoreto? Manual com Perguntas e Respostas177 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Utilizar 10ml (crianças) a 20 ml (adultos) do produto puro, para bochechos de 1 minuto; não engolir e não lavar a boca após o uso; usar preferencialmente antes de dormir (maior retenção do fluoreto pela redução do fluxo salivar durante o sono). Uma outra maneira sugerida é utilizar a solução fluoretada (NaF 0,05%) para enxaguar a boca após a escovação, no lugar da água.159 Em pacientes com risco de desgaste por ácidos de origem não bacteriana, os trabalhos que mostram benefício dos enxaguatórios contendo fluoreto (maior, se associado ao estanho), têm como protocolo o uso 2 vezes ao dia. Em caso de episódios de vômito, por exemplo, soluções fluoretadas podem ser utilizadas para enxaguar a boca em seguida. Existem produtos mais simples no mercado (apenas com o fluoreto como princípio ativo) e outros que associam fluoretos com outros componentes ativos (por exemplo, antimicrobianos para controle do biofilme). Há a possibilidade de manipulação em farmácias, caso o paciente apresente alguma restrição a corantes ou flavorizantes: ‘solução aquosa de fluoreto de sódio a 0,05% - sem álcool e sem flavorizantes/corantes’ Como devem ser usados os enxaguatórios contendo fluoreto? Manual com Perguntas e Respostas178 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de enxaguatórios contendo fluoreto: › Bianco Advanced Repair – NaF (220 a 230 ppm F-) › Edel White – NaF (250 ppm F-) › Elmex Dental Rinse – AmF + NaF (250 ppm F-) › Malvatrikids –NaF (226 ppm F-) › Orthogard – NaF (180 ppm F-) › BioXtra - NaF (1500 ppm F-) › Xerolacer - NaF + MFP (1400 ppm F-) Exemplo de enxaguatório contendo fluoreto e estanho: › Elmex Erosion / Professional Enamel Protection (disponível na Europa): F-Am (125 ppm F-) + NaF (375 ppm F-) + SnCl2 (800 ppm Sn) Exemplos de enxaguatórios contendo fluoreto e antimicrobiano: › Cariax Gingival Kin - NaF (226 ppm F-) + CHX (0,12%) › Cepacol Flúor e Cepacol Júnior – NaF (226 ppm F-) + CPC (0,05%) › Colgate Total 12 – NaF (226 ppm F-) + CPC (0,075%) + Lactato de Zinco 0,24% › Curaprox Perioplus Balance – NaF (226 ppm F-) + CHX 0,05% + CPC › Halitherapy – NaF (225 ppm F-) + CPC + Dióxido de cloro › Kin B5 - NaF (226 ppm F-) + CPC (0,05%) + Lactato de zinco › Listerine Anticárie - NaF (220 ppm F-) + óleos essenciais › Listerine Cuidado Total – (220 ppm F-) + óleos essenciais + cloreto Zn › Noplak Max – NaF (225 ppm F-) + CHX (0,12%) + CPC › Oral B Complete – NaF (226 ppm F-) + CPC 0,05% › Plax e Plax Kids – NaF (226 ppm F-) + CPC (0,075%) O uso de enxaguatórios não traz benefícios, durante ou após o clareamento. Alguns produtos podem alterar a superfície dos dentes (pelo pH ácido, por exemplo), se usados durante o processo. Há indicação de enxaguatórios após o clareamento? Manual com Perguntas e Respostas179 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S As substâncias antimicrobianas são adjuvantes no controle mecânico do biofilme, não tendo efeito em biofilmes já formados (agem reduzindo a formação do supragengival). A orientação do paciente sobre a técnica de escovação e limpeza interproximal é mandatória, assim como a remoção dos depósitos subgengivais pelo cirurgião dentista. Os antissépticos incorporados são coadjuvantes e não, substitutivos da higienização mecânica. 3.3 - ENXAGUATÓRIOS CONTENDO ANTIMICROBIANOS Quais são os princípios ativos antimicrobianos utilizados em enxaguatórios que apresentam as melhores evidências de efeito clínico na redução do biofilme e da inflamação gengival? Manual com Perguntas e Respostas180 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Enxaguatórios contendo digluconato de clorexidina (0,2% ou 0,12%) apresentam evidência de alta qualidade comprovando significativa redução do biofilme (33%) e da inflamação gengival (26%), sendo a referência para avaliação de outros produtos. Apesar da menor capacidade de controlar o biofilme (eficácia clínica moderada), os produtos que contêm combinação de óleos essenciais (Listerine) demonstram ação antigengivite satisfatória (24%), chegando a ser semelhante à clorexidina em alguns estudos, possivelmente devido à sua ação antiinflamatória. O cloreto de cetilpiridínio (CPC), um composto quaternário de amônia, tem alta capacidade antibacteriana in vitro, mas, por ser facilmente inativado na cavidade oral e por não se manter ativo por tempo suficiente, apresenta menor eficácia clínica do que a clorexidina e os óleos essenciais. Estudos recentes, entretanto, demonstram um aumento de eficácia do cloreto de cetilpiridínio quando adicionado a um sal com zinco (por exemplo, o lactato de zinco). Produtos contendo zinco atuam, também, reduzindoa formação do cálculo dental. Em situações em que seja indicado o uso por tempo prolongado, os enxaguatórios com óleos essenciais ou CPC (associado ao zinco) são mais utilizados, por gerarem menos efeitos adversos do que a clorexidina. Figura: Indice de placa (biofilme) dental (PI), de acordo com o enxaguatório usado 2x/dia, em estudo experimental, por voluntários que durante 4 dias interromperam a escovação dos dentes. Manual com Perguntas e Respostas181 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A clorexidina é um antimicrobiano com amplo espectro de ação (bactérias Gram +, Gram - , fungos, vírus envelopados), já bastante testada. É bactericida em altas concentrações e bacteriostática em baixas concentrações. É uma molécula dicatiônica. Liga-se aos sítios negativos da boca, com adsorção de cerca de 30% e tempo de liberação em forma ativa prolongada (até 12 horas). Une- se às proteínas salivares (diminuindo a formação da película adquirida) e à membrana celular microbiana (levando ao aumento de permeabilidade e ruptura). Possui baixíssima toxicidade, não havendo evidência de resistência microbiana com o uso de enxaguatórios com clorexidina. Apesar de ser considerado o antimicrobiano mais eficaz em enxaguatórios, eles são normalmente utilizados em situações que não exijam uso prolongado, por causa dos efeitos adversos: › Pós-operatórios cirúrgicos, onde haja comprometimento da higienização › Antes e depois de exodontias (exceto nas primeiras 24h), para prevenção da alveolite seca › Durante o tratamento periodontal, como adjuvante do controle mecânico do biofilme › Antes dos procedimentos odontológicos, para redução microbiana nos aerossóis › Em pacientes hospitalizados, com ventilação mecânica, para reduzir a incidência de pneumonia › Para diminuição da intensidade de mucosites por quimioterapia/radioterapia › No tratamento da halitose bucal (para redução das bactérias associadas à alteração, especialmente no dorso da língua). › Em situações em que haja comprometimento motor O uso da clorexidina associada à raspagem parece resultar em pequena diferença na profundidade de sondagem, em relação à raspagem sem o antimicrobiano. Antes de fazer a prescrição, o profissional deve considerar o ganho adicional e a possibilidade de efeitos adversos.127 Quais as vantagens dos enxaguatórios contendo clorexidina? Quais as indicações dos enxaguatórios contendo clorexidina? Manual com Perguntas e Respostas182 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Colutórios contendo clorexidina não são efetivos em situações em que haja periodontite e têm limitado efeito anticárie (devendo ser usados em associação ao fluoreto). Se houver comprometimento do controle mecânico do biofilme, a clorexidina não é capaz de impedir o desenvolvimento da gengivite, mas pode diminuir a sua severidade. Pode ser utilizada nas concentrações de 0,12% ou 0,2%, sem evidência de superioridade clínica entre elas, mas com redução de efeitos colaterais na menor concentração. Pode ocorrer a pigmentação dos dentes, alteração do paladar, sensação de dormência ou irritação nos tecidos moles, sensação de boca seca e aumento da formação do cálculo dental. Quais os efeitos adversos dos enxaguatórios contendo clorexidina? Manual com Perguntas e Respostas183 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Utilizar 10 ml (0,2%) a 15 ml (0,12%) do produto puro, para bochechos de 60 segundos, 2x / d (sendo uma delas, preferencialmente, antes de dormir). Cuspir todo o excesso e não lavar a boca após a utilização. Normalmente, o tempo de uso varia de 1 a 4 semanas e depende de orientação profissional. Pode ter seu efeito reduzido pelo monofluorfosfato de sódio (mas não pelo NaF), lauril sulfato de sódio, altas concentrações de sacarina; por isso, é preconizado o enxague vigoroso/abundante com água, entre a escovação com dentifrício contendo esses aditivos e o bochecho com a clorexidina (ou um intervalo de tempo). Como atua na fase de formação do biofilme, é recomendado que a profilaxia profissional preceda a prescrição. Há a possibilidade de manipulação em farmácias, caso o paciente apresente alguma restrição a corantes ou flavorizantes, por exemplo: ‘solução aquosa de digluconato de clorexidina a 0,12% (ou 0,2%) - sem álcool, sem flavorizantes/corantes’. Como usar os enxaguatórios contendo clorexidina? Manual com Perguntas e Respostas184 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de enxaguatórios contendo clorexidina: › Clinexidin: CHX 0,12%; sem álcool › Curaprox Perio Plus Balance: CHX 0,05% + CPC + NaF 0,05%; sem álcool › Curaprox Perio Plus Forte: CHX 0,2%; sem álcool › Curaprox Perio Plus Protect: CHX 0,12%; sem álcool › Curaprox Perio Plus Regenerate: CHX 0,09%; sem álcool › Kin Forte Gengivas: CHX 0,05% + CPC 0,05% + lactato de zinco; sem álcool › Kin Gingival Complex: CHX 0,12% + CPC 0,05%; sem álcool › Noplak: CHX 0,12%; sem álcool › Noplak Max: CHX 0,12% + CPC + NaF (225 ppm); sem álcool › Periodefense Oral B: CHX 0,12%; com álcool › Periogard: CHX 0,12%; com e sem álcool › Periogard uso diário: CHX 0,06%; sem álcool › Perio Stop Edel White: CHX 0,12% + CPC 0,05%; sem álcool › Perio Therapy Bitufo: CHX 0,12%; sem álcool › Periotrat - CHX 0,12%; com e sem álcool › Perioxidin - CHX 0,12%; sem álcool Obs.: Há formulações de clorexidina em gel (Bitufo Gel MaxiControl CHX 0,12%; Clinexidin Gel CHX 0,12%; PerioKin CHX 0,2%; Periokin Hyaluronic CHX 0,2% c/ ácido hialurônico 1%; Perioxidin Gel CHX 0,2%) A higienização da cavidade oral de pacientes acamados, com risco de bronco- aspiração (estágios avançados da doença de Parkinson, por exemplo), deve ser realizada de maneira fácil e segura, pelos cuidadores. Além de evitar as alterações das condições bucais, o controle do biofilme/redução da carga microbiana são importantes para prevenir as infecções respiratórias. Nesses momentos, é possível, também, detectar, a presença de lesões ou focos infecciosos. Primeiramente, é realizada a limpeza da região perioral e parte externa dos lábios. Depois, passa-se ao interior da cavidade oral. Antes da aplicação, com gaze (e sem excessos), da solução aquosa de digluconato de clorexidina a 0,12% (ou 0,2%), em dentes e tecidos moles, deve ser feita a limpeza com gaze umedecida em água, em movimentos ântero-posteriores e sem empregar força. Como fazer a higienização de pacientes acamados, sem capacidade de expectoração, usando a clorexidina? Manual com Perguntas e Respostas185 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Os Óleos Essenciais são usados há muitos anos na Odontologia. Atuam através da desorganização da membrana celular e inativação de algumas enzimas bacterianas, com amplo espectro de ação. A formulação com maior evidência em estudos clínicos é a do Listerine Original ou Listerine Cool Mint: Eucaliptol (0,092%), Thymol (0,064%), Methyl Salicilato (0,060%), Menthol (0,042%). O alto conteúdo alcoólico (26% na fórmula Original e 21,5% no Cool Mint) é explicado pela necessidade de solubilização dos óleos essenciais. Recentemente, a empresa tirou o álcool de alguns produtos da linha Listerine, utilizando lauril sulfato de sódio e propilenoglicol para formar uma emulsão com os óleos essenciais. Um estudo clínico de 6 meses, apoiado pela J&J, demonstrou resultados semelhantes entre as formulaçõescom e sem álcool; entretanto, nos Estados Unidos, a única formulação aceita como ‘Antisséptico’ pela American Dental Association, até o momento, é a alcoólica (as demais são classificadas como ‘Enxaguantes Bucais’). Quais são os óleos essenciais presentes na formulação do Listerine™ e como eles agem? Manual com Perguntas e Respostas186 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Enxaguatórios contendo a combinação de óleos essenciais do Listerine Original/Cool Mint, em concentrações adequadas, têm indicação: › Como adjuvante no controle mecânico do biofilme (na prevenção e durante o tratamento da inflamação gengival); › Durante a fase de manutenção de pacientes, após tratamento periodontal. › Pelo efeito antimicrobiano, tem efeito clínico na redução da halitose. › Antes de procedimentos odontológicos (por exemplo, de dentística e prótese), para redução da carga microbiana no aerossol. Quais as indicações dos enxaguatórios contendo óleos essenciais (Listerine)™? Manual com Perguntas e Respostas187 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Podem ocorrer alteração no paladar e sensação de ardência bucal Pelo pH ácido (4,1), apresenta potencial erosivo (se o uso for prolongado). A formulação alcoólica apresenta maior potencial de irritação para mucosa, pode acelerar a degradação de restaurações (em resina composta, ionômero de vidro ou cimentadas com materiais resinosos/ionoméricos), sendo contraindicada para crianças ou pacientes com histórico de alcoolismo. →Fazer bochechos por 30 segundos, com 20 ml do produto puro, 2x/d, após a escovação. Cuspir todo o excesso e não lavar a boca após o uso. O tempo de utilização é determinado pelo profissional, de acordo com o diagnóstico e a necessidade do paciente. Quais os efeitos adversos relacionados ao uso do Listerine™? Como utilizar o Listerine™?` Manual com Perguntas e Respostas188 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Exemplos de enxaguatórios contendo combinações de óleos essenciais: › Listerine Listerine Cool Mint e Original - Eucaliptol (0,092%), Thymol (0,064%), Methyl Salicilato (0,060%), Menthol (0,042%); 21,6% e 26% de álcool, respectivamente; formulações com maior evidên-cia clínica. › Listerine Cool Mint Zero - mesma concentração de óleos essenciais das fórmulas originais; sem álcool e com lauril sulfato de sódio/propilenoglicol. Outros produtos da linha (diferem na composição): › Listerine Anticárie Zero Álcool - óleos essenciais + NaF (220 ppm F-); com lauril sulfato de sódio › Listerine Antitártaro: óleos essenciais + cloreto Zn; com álcool › Listerine Antitártaro Zero Álcool: óleos essenciais + cloreto de Zn › Listerine Cuidado Total - óleos essenciais + NaF (220 ppm F-) + cloreto Zn; com álcool › Listerine Cuidado Total Zero Álcool - óleos essenciais + NaF (100 ppm F-) + cloreto Zn; com lauril sulfato de sódio. › Listerine Whitening Extreme: peróxido de hidrogênio 2,5% + NaF (100 ppm F-); sem a combinação de óleos essenciais; com álcool Manual com Perguntas e Respostas189 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O CPC é um composto quaternário de amônio, catiônico, com amplo espectro de ação. Atua aumentando a permeabilidade celular. Tem ótimos resultados em estudos laboratoriais e retenção inicial na boca maior do que a clorexidina. Entretanto, por ser liberado de maneira mais rápida (até 5 horas) e por ser inativado facilmente na cavidade oral, tem reduzida substantividade e não apresenta resultados clínicos tão bons na redução do biofilme (17%) e da inflamação gengival (13%), quando usado 2 vezes ao dia. Para aumentar a biodisponibilidade e ação antimicrobiana do CPC nos colutórios, algumas empresas aumentaram sua concentração (0,07%) e acrescentaram os sais de zinco nas formulações, estratégia que vem mostrando melhores resultados clínicos na redução da gengivite e, também, no manejo da halitose. Têm indicação: › Como adjuvante no controle do biofilme; › Durante a fase de manutenção do tratamento periodontal; › Pela ação antimicrobiana e por atração química com os íons enxofre (zinco), reduz a halitose; › Antes de procedimentos odontológicos (por exemplo, de dentística e prótese), para redução da carga microbiana no aerossol. Quais as indicações dos enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio (CPC)? Manual com Perguntas e Respostas190 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Pode haver pigmentação de dentes e restaurações (maior com o uso prolongado) e sensação de ardência em pacientes com mucosa mais sensível. Quais os efeitos adversos relacionados ao uso dos enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio? →Utilizar 15 a 20 ml do produto puro, para bochechos de 30 segundos a 1 minuto, 2x/d. Não engolir e não lavar a boca após o uso. Se o enxaguatório com CPC for usado logo após a escovação, deve-se bochechar com água antes, para lavar bem o resíduo do dentifrício. Como são utilizados os enxaguatórios contendo CPC? Exemplos comerciais de enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio: › Cepacol: CPC 0,05% › Cepacol Flúor e Cepacol Júnior: CPC 0,05% + NaF 0,05% › Oral B Complete: NaF 0,05% + CPC 0,05% › Oral B Pró Saúde: CPC 0,07%; sem álcool › Plax: NaF 0,075% + CPC 0,075% › Plax Kids: NaF 0,05% + CPC 0,05% Exemplos comerciais de enxaguatórios contendo cloreto de cetilpiridínio + zinco: › Colgate Total 12: NaF 0,05% + CPC 0,075% + Lactato Zn 0,24%; sem álcool › Kin B5: NaF 0,05% + CPC 0,05% + Lactato de Zn; sem álcool › Oral B Pró Saúde Noite: CPC 0,07% + Lactato Zn; sem flúor e sem álcool Manual com Perguntas e Respostas191 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Os enxaguatórios formulados com triclosan (um antimicrobiano de amplo espectro e com atividade anti-inflamatória) são menos eficazes, clinicamente, na redução do biofilme/inflamação gengival do que os produtos formulados com clorexidina, óleos essenciais ou cloreto de cetilpiridínio. Isso ocorre, possivelmente, pela sua característica aniônica e menor tempo de ação na boca (menor substantividade). Enxaguatórios com triclosan são eficazes no controle da inflamação gengival? O tratamento da halitose é guiado pelo diagnóstico e pelos fatores etiológicos detectados. Grande parte dos casos de halitose bucal são causados pela ação dos microorganismos bucais sobre substratos orgânicos (proteínas, células esfoliadas, sangue, etc.), produzindo compostos sulfurosos voláteis (CSV) que são exalados (como sulfeto de hidrogênio, metilmercaptana e dimetil sulfeto). A redução dos biofilmes bacterianos das diversas áreas da boca é fundamental no tratamento, tanto por meios profissionais (profilaxia, raspagem), quanto pelo autocuidado (escovação, limpeza interproximal e da língua). O uso de limpadores mecânicos para língua (“raspadores”) tem impacto na diminuição dos níveis de CSV. Qual o benefício do uso de enxaguatório bucal na halitose? Manual com Perguntas e Respostas192 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Enxaguatórios contendo antimicrobianos (clorexidina, óleos essenciais e cloreto de cetilpiridínio) atuam na redução da halitose, pela redução dos microorganismosresponsáveis pela produção de CSV. O efeito é temporário, dependendo da substantividade do princípio ativo. Tabela: Concentração de compostos sulfurados voláteis (VSC) do ar bucal de voluntários (% de redução, antes e depois), após ficarem 4 dias sem escovar os dentes, mas bochechando 2x/dia os podutos listados. Em vários estudos, o digluconato de clorexidina (0,12% a 0,2%) gerou a maior diminuição nos níveis de CSV, por várias horas, mas seus efeitos indesejáveis são uma limitação para o uso prolongado. Os sais de zinco (lactato de zinco e cloreto de zinco) têm sido adicionados a outros componentes antimicrobianos (como cloreto de cetipiridínio) pelo seu efeito adicional direto na neutralização dos CSV (e seus precursores). Produtos combinando CPC e zinco são uma opção frequentemente utilizada nos protocolos de prevenção/ tratamento da halitose. Formulações associando clorexidina em menor concentração (0,05%), CPC (0,05%) e lactato de zinco (0,14%) têm demonstrado efeito semelhante à CHX 0,2% na redução de CSV, com menores efeitos adversos (mas ainda presentes). Manual com Perguntas e Respostas193 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O uso de enxaguatórios bucais pelo paciente, antes do atendimento odontológico, tem sido preconizado há alguns anos, com o objetivo de reduzir o número de microorganismos no aerossol. Uma característica importante do agente antimicrobiano utilizado, além da eficácia, é o seu efeito residual (durante o tempo do procedimento). Os produtos mais frequentemente recomendados, são aqueles contendo clorexidina. Podem ser usados, também, em procedimentos não cirúrgicos (de dentística ou prótese, por exemplo), colutórios com cloreto de cetilpiridínio ou óleos essenciais. No início da pandemia de COVID-19, foi preconizado o bochecho com peróxido de hidrogênio a 1% ou 1,5% (pela sua ação virucida em superfícies), antes dos atendimentos. Análises posteriores questionaram o fato de que, mesmo que se consiga reduzir a carga viral na saliva, haverá rápida recontaminação, pela presença de vírus nas glândulas salivares, secreções respiratórias, gengiva, língua (falta de substantividade do peróxido de hidrogênio). Um estudo recentemente publicado, entretanto, demonstrou importante redução da carga viral, 15 minutos e 45 minutos após o bochecho com clorexidina (0,12%), peróxido de hidrogênio (1%) ou iodo-povidine (0,5%), não havendo diferença significativa entre eles.126 Há dados mostrando, também, o efeito do CPC (0,07%). Enxaguatórios bucais devem ser usados antes dos procedimentos odontológicos? Manual com Perguntas e Respostas194 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Os princípios ativos utilizados nos enxaguatórios dessensibilizantes são os mesmos dos dentifrícios equivalentes. Podem agir através do mecanismo neural (impedindo a condução dos estímulos pelas fibras nervosas) ou obliterador (mecânico, com a formação de depósitos sobre a dentina). Eles promovem redução da sensibilidade, em pacientes que não estejam usando dentifrícios dessensibilizantes. Entretanto, a ação dos dentifrícios com os mesmos princípios ativos parece melhor do que a dos enxaguatórios, pelo efeito mecânico da escovação na obliteração dos túbulos. Quando recomendamos um dentifrício contendo o princípio ativo dessensibilizante apropriado, evitamos acrescentar um passo extra na higienização, facilitando a colaboração e reduzindo a possibilidade de efeitos adversos. A indicação clínica desses produtos é bastante reduzida. A exceção seria, por exemplo, quando é necessária a prescrição de um dentifrício de outra categoria. 3.4 - OUTRAS SOLUÇÕES PARA BOCHECHOS Qual o mecanismo de ação dos enxaguatórios para controle da sensibilidade dentinária? Exemplos comerciais de enxaguatórios contendo aditivos dessensibilizantes: › Colgate Sensitive Pró Alívio – NaF (226 ppm F-) + Arginina 0,8% › Sensikin - NaF (226 ppm F-) + Nitrato de Potássio (5%) › Sensodyne – NaF (217 ppm F-) + Nitrato de Potássio (3%) Obs.: produto dessensibilizante em gel, para aplicação local, está à venda nas drogarias (Sensikin Gel - KNO3 10% + NaF 1000 ppm F) Manual com Perguntas e Respostas195 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Sendo a flora brasileira extremamente rica, a utilização de infusões ou misturas de partes das plantas, para bochechos e gargarejos, é um costume popular antigo. Revisões sistemáticas analisando o uso de bochechos a base de ervas (como extrato de Calendula officinalis, Camellia sinensis/chá verde, Azadirachta indica/Neem, Curcuma longa, por exemplo), em concentração adequada, mostrou ser esse um campo promissor de estudo. É importante que sejam identificados os princípios ativos (ou combinações) realmente eficazes e que se determine a concentração necessária/frequência de uso para que haja efeito clínico. Faltam evidências de qualidade que suportem a prescrição, em lugar dos produtos anteriormente descritos para o controle do biofilme e da inflamação gengival. Um outro campo de estudo também importante, é a utilização de fitoterápicos acessíveis à população (como, por exemplo, Chamomilla Recutita ou própolis), para controle de mucosite nos pacientes oncológicos. Quanto à prática de “oil pulling” (bochechar óleo de coco ou de gergelim, por 10 a 15 minutos, em jejum, cuspindo em seguida) muito utilizada na medicina Ayurvédica, uma revisão sistemática de estudos clínicos randomizados apontou a possibilidade de benefício na redução da inflamação gengival, mas enfatizou a necessidade de mais estudos clínicos, uma vez que os estudos encontrados foram de curta duração.133 Há vantagens na utilização de enxaguantes fitoterápicos para o controle da inflamação gengival? Manual com Perguntas e Respostas196 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O peróxido de hidrogênio tem atividade antimicrobiana em laboratório, mas, pela sua baixíssima substantividade não apresenta benefícios clínicos na redução da inflamação gengival. Apesar de terem efeito clareador (após muitos dias de uso) e reduzirem CSV, enxaguatórios bucais contendo peróxido de hidrogênio têm pH ácido (3,5 a 4) e grande potencial para causar irritação em mucosas, sendo contraindicados para uso continuado ou indiscriminado pelo paciente. A diluição de uma colher de chá de bicarbonato em um copo de água tem sido utilizada por leigos, há muito tempo. O bicarbonato de sódio tem pH básico e baixíssima substantividade. Há pouquíssimas indicações clínicas para o uso. Tem sido prescrito por oncologistas, para aliviar e reduzir a manifestação de mucosites relacionadas a alguns tratamentos (bochechos e gargarejos, várias vezes ao dia). O uso logo após episódios de vômitos (gestantes/pacientes bulímicos) pode ser feito, com o objetivo de ajudar na neutralização dos ácidos e reduzir o seu tempo de ação na boca (entretanto, não há ativação da deposição mineral, como com o uso de enxaguatórios com fluoreto). Qual a indicação dos enxaguatórios contendo peróxido de hidrogênio? Existe alguma indicação para o uso de diluições de bicarbonato de sódio? Exemplo comercial de enxaguante bucal com peróxido de hidrogênio: › Peróxido de Hidrogênio Blue M (1%) Manual com Perguntas e Respostas197 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A ozonioterapia faz parte das práticas integrativas/complementares e requer um protocolo adequado de ozonização,para que haja possibilidade de qualquer aplicação terapêutica. Isso, porque a molécula do ozônio é muito instável, decompondo-se espontaneamente em oxigênio. Em relação à utilização da água ozonizada, em forma de bochecho (uma vez ao dia), um estudo clínico recente não encontrou diferença na formação do biofilme supra/ subgengival ou inflamação gengival, quando comparada à água destilada.145 Algumas informações importantes para a prescrição do produto devem fazer parte da tabela: › Nome comercial › Princípios ativos › Presença ou não de álcool › Outras informações (pH do produto, presença de lauril sulfato de sódio, por exemplo). Assim como mencionado em relação aos dentifrícios, é importante que o profissional faça a sua tabela, colocando nela os produtos que considera mais adequados ou que são acessíveis aos pacientes que atende. Bochechos com água ozonizada trazem benefícios no controle da inflamação gengival? Como montar uma tabela de produtos para consulta no momento da prescrição? Manual com Perguntas e Respostas198 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Nome Comercial Princípios Ativos Álcool Outras informações Anticárie (sal fluoretado e concentração F- em ppm) Antigengivite (princípio ativo e concentração em %) Enxaguatórios Anticárie (fluoretados, sem antimicrobianos) Bianco Advanced Repair NaF - 226 Sem * TCP 1% Com LSS Edel White NaF - 250 Sem Vegano Elmex Dental Rinse AmF / NaF - 250 Sem pH 4,3 Kin Fresh NaF - 226 Sem Será retirado do mercado brasileiro Malvatrikids NaF - 225 Sem pH 6,6 N&W Cosmetic (New Dental Care) NaF + MFP - 247,5 Sem pH 7-8,5 Com ácido hialurônico, extrato de chá verde, extrato de Tea Tree, salicilato de dimetilsilanodiol, pirofosfato. Vegano Orthogard NaF - 180 Sem pH 4,45 Xerolacer (nova formulação) NaF + MFP - 1400 Sem Com vitamina E, enoxolona e pantenol BioXtra MFP - 1500 Sem Com lactoferina, lisozima, lactoperoxidase Elmex Erosion Protection / Professional Enamel Protection F-Am + NaF - 500 Sem * Com SnCl2 (800 ppm Sn) - vendido na Europa Manual com Perguntas e Respostas199 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Enxaguatórios Anticárie contendo aditivos dessensibilizantes Bianco Pro Clinical NaF - 226 Sem * TCP 3% (componente ativo dessensibilizante) Com LSS Colgate Sensitive Pró Alívio NaF - 226 Sem * Arginina 0,8% (componente ativo dessensibilizante) Sensi Kin NaF - 226 Sem * Nitrato de potássio 5% (componente ativo dessensibilizante) Sensodyne NaF - 217 Sem *Nitrato de Potássio 3% (componente ativo dessensibilizante) pH 6,6 Enxaguatórios Anticárie e Antigengivite (fluoretados e com antimicrobianos) Cariax Gingival Kin NaF -226 CHX (0,12%) Sem Cepacol Flúor / Júnior NaF - 226 CPC (0,05%) Com pH 7,1 Close-Up 360o. NaF - 226 CPC (%?) Sem Colgate Natural Extracts NaF - 225 CPC (%?) Sem Com óleo de casca de limão e menta, extrato de folha de Camellia sinensis / Carvão Colgate Total 12 NaF - 225 CPC (0,075%) + Lactato de Zinco (0,24%) Sem pH 4,6 Colgate Total 12 Antitártaro NaF - 225 CPC (0,075%) + Lactato de Zinco (0,24%) Sem pH 4,6 Condor Infantil com Flúor NaF 225 ppm Triclosan (%?) Sem Contente NaF - 226 CPC (%?) Sem Vegano Manual com Perguntas e Respostas200 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Curaprox Perio Plus Balance NaF - 226 CHX (0,05%) + CPC Sem Dentalclean Diamond Blue / Green NaF - 225 Triclosan (%?) Com Dentalclean Diamond Purple Zero NaF - 225 Triclosan (%?) Sem Dentalclean Infantil (Peppa Pig) NaF - 225 Triclosan (%?) Sem Compatível com tratamento homeopático/ Biofao (sem menta) Dentil com Flúor Zero NaF - 226 CPC (%?) Sem Halitherapy NaF - 225 CPC (%?) Sem * Dióxido de Cloro Kin B5 NaF - 225 CPC (0,05%) + Lactato de Zinco Sem Com Pro- vitamina B5 Vitamina E Listerine Anticárie Zero NaF - 220 Óleos Essenciais (%?) Sem Com LSS pH 4,28 Listerine Cuidado Total NaF - 220 Óleos Essenciais (%?) / Cloreto de Zinco (0,09%) Com Com cinnamal Listerine Cuidado Total Zero NaF - 100 Óleos Essenciais (%?) / Cloreto de Zinco (0,09%) Sem Com LSS pH 4,36 Noplak Max NaF - 225 CHX (0,12%) + CPC Sem pH 5,8 Oral B Complete NaF - 226 CPC (0,053%) Sem pH 5,5 Plax NaF - 225 CPC (0,075%) Sem pH 5,24 Plax Kids NaF - 225 CPC (0,05%) Sem pH 5,27 Sanifill NaF - 226 Triclosan (0,03%) Sem Com pirofosfato Sanifill Kids NaF - 226 Triclosan (0,03%) Sem Com LSS Manual com Perguntas e Respostas201 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Perioxidin UD 225 Triclosan + cloreto de zinco (será substituído por formulação sem triclosan, com cloreto de zinco 0,1%) Sem Com vitamina E e xilitol Ultra Action NaF - 226 CPC (%?) Com e Sem Vegano Ultra Action Kids MFP - 226 CPC (%?) Sem Vegano Enxaguatórios Antigengivite (com antimicrobiano) e sem flúor Cepacol CPC (0,05%) Com pH 7,3 Clinexidin Dental Clean CHX (0,12%) Sem Curaprox Perio Plus Forte CHX (0,2%) + CPC Sem Curaprox Perio Plus Protect CHX (0,12%) + CPC Sem pH 5,6 Curaprox Perio Plus Regenerate CHX (0,09%) + CPC Sem Com ácido hialurônico pH 6,8 Halicare CPC (%?) Sem * Dióxido de Cloro Hillo Triclosan (%?) Sem Kin Forte Gengivas CHX (0,05%) + CPC (0,05%) + Lactato de Zinco Sem Com complexo de alantoína panthenol Kin Gingival Complex CHX (0,12%) + CPC (0,05%) Sem Com complexo de alantoína panthenol Listerine Antitártaro Óleos Essenciais (%?) + Cloreto de Zinco (%?) Com Listerine Antitártaro Zero Óleos Essenciais (%?) / Cloreto de Zinco (%?) Sem Com lauramidopropil- betaína Manual com Perguntas e Respostas202 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Listerine Cool Mint Eucaliptol (0,092%) + Timol (0,064 %) + Salicilato de Metila (0,06%) + Mentol (0 ,042%) Com pH 4,1 Listerine Cool Mint Zero Eucaliptol (0,092%) + Timol (0,064 %) + Salicilato de Metila (0,06%) + Mentol (0 ,042%) Sem Com LSS Listerine Original Eucaliptol (0,092%) + Timol (0,064 %) + Salicilato de Metila (0,06%) + Mentol (0,042%) Com (26%) pH 4,1 Noplak CHX (0,12%) Sem Oral B Pró Saúde / 100% CPC (0,07%) Sem Com cinnamal pH 5 Oral B Pró Saúde / 100% Noite CPC (0,07%) + Lactato de zinco (%?) Sem Com cinnamal Periodefense CHX (0,12%) Com pH 5,3 Periodent CHX (0,12%) Com / Sem Periogard CHX (0,12%) Com / Sem pH 5,5 Periogard Uso Diário CHX (0,06%) + CPC Sem Perio Stop CHX (0,12%) + CPC (0,05%) Sem Perio Therapy CHX (0,12%) Sem Periotrat CHX (0,12%) Com / Sem Perioxidin CHX (0,12%) Sem Riohex Gard CHX (0,12%) Sem Enxaguatórios contendo Peróxido de Hidrogênio Peróxido de Hidrogênio Blue M Sem * H2O2 (1%) pH 4 Peroxyl Colgate Sem * H2O2 (1,5%) Safe Smile FGM Sem * H2O2 (1,5%) pH 3,5 Manual com Perguntas e Respostas203 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Esse é apenas um exemplo de tabela. É importante a atualização dos dados, sempre que houver mudanças na formulação ou nas linhas de produtos. Enxaguatórios “Clareadores” Colgate Luminous White / Carvão NaF - 225 CPC (%?) Sem * Pirofosfato tetrapotássico, pirofosfato tetrasódico, citrato de zinco / Pó de carvão Listerine Whitening Extreme NaF - 100 Com * Peróxido deHidrogênio 2,5% Enxaguatórios sem fluoreto e sem antimicrobianos Blue M Enxaguante Bucal Sem Com perborato de sódio (%?) Com LSS Blue M Enxaguante bucal / Fluido Bucal Sem Com perborato de sódio (%?) Sem LSS, aromatizantes ou corantes Boni Natural Sem Com óleo essencial de menta/ melaleuca e extrato de calêndula Sem parabenos, corantes/ aromatizantes artificiais Vegano Natural Sem Com extratos orgânicos de café/ cacau/ guaraná ou limão/gengibre Vegano N&W Implants / Soft Tissue (New Dental Care) Sem pH 7-8,5 Com ácido hialurônico, extrato de chá verde, extrato de Tea Tree, salicilato de dimetilsilanodiol, pirofosfato tetrassódico. Vegano Manual com Perguntas e Respostas204 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S 121. 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Manual com Perguntas e Respostas206 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S 145. NICOLINI AC, ROTTA IDS, LANGA GPJ. et al. Efficacy of ozonated water mouthwash on early plaque formation and gingival inflammation: a randomized controlled crossover clinical trial. Clin Oral Invest, 2021, 25: 1337–1344. doi: 10.1007/s00784- 020-03441-y. 146. NOGUTI J, DE OLIVEIRA F, PERES RC, RENNO ACM, RIBEIRO DA. The role of fluoride on the process of titanium corrosion in oral cavity. Biometals, 2012, 25: 859–862. doi: 10.1007/s10534-012-9570-6 147. ORTEGA KL, RECH BO, FRANCO JB, SILVA PHB. COVID-19: Qual a efetividade do bochecho pré-procedimento? Rev Assoc Paul Cir Dent, 2020, 74(1), 74-5. 148. PARKAR SM, SHAH K, DARIEE N, SHARMA A. Efficacy of ozonated water and chlorhexidine mouth rinse against plaque and gingivitis: A randomized clinical trial. J Clin Sci, 2017, 14(2):81-85. doi: 10.4103/2468-6859.204702. 149. 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Oral hygiene care for critically ill patients to prevent ventilator- associated pneumonia. Cochrane Database Syst Rev, 2020. Manual com Perguntas e Respostas208 III APLICAÇÃO PROFISSIONAL DE FLUORETOS Manual com Perguntas e Respostas209 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Partindo do princípio que o fluoreto não impede a ocorrência de cárie em superficies hígidas e, isoladamente, não trata (repara) lesões de perdas de minerais já existentes, mas sim, interfere fisico-quimicamente na redução da progressão das lesões (cariosas ou não cariosas), além da educação do paciente quanto à higienização, é primordial que ele compreenda a necessidade da mudança do estilo de vida quanto ao controle do açúcar e ácidos de origem não bacteriana na cavidade bucal. A aplicação profissional visa a formação de reservatórios de fluoreto nas superfícies dentais hígidas ou cariadas, que serão liberados aos poucos, para interferir nos processos de desmineralização/remineralização de progressão das lesões de cárie. Os produtos formados podem, também, atuar na proteção da superfície contra desafios erosivos, mas esse efeito é melhor observado quando sais específicos de fluoreto são usados (por exemplo, SnF2). Enquanto para a utilização de dentifrício fluoretado há consenso na recomendação universal (forte evidência), para a APF há dúvidas quanto a sua utilidade em alguns perfis de pacientes. Quanto maior a colaboração do paciente no controle dos fatores etiológicos das doenças, menos indicados e menores serão os benefícios da APF. Qual o objetivo da aplicação profissional de fluoretos (APF)? Manual com Perguntas e Respostas210 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Sendo um meio auxiliar, complementar ao uso de dentifrícios e água fluoretada, sendo utilizado para compensar a dificuldade do paciente de controlar as causas da cárie (ou erosão), a APF deve fazer parte de uma estratégia preventiva/terapêutica definida pelo profissional, a partir da atividade (ou risco) da doença, sempre associada à orientação. Quando o paciente já utiliza o dentifrício fluoretado e é comprometido com o autocuidado, o benefício clínico da APF é pequeno ou irrelevante. O efeito é mais provável em pacientes com atividade de cárie, fatores que possam impactar no equilíbrio da cavidade bucal (como radioterapia de cabeça e pescoço, por exemplo) ou história recente de lesões. Enquanto para controle de cárie em esmalte o uso do dentifrício fluoretado pode ser suficiente para a maioria das pessoas, para o controle de cárie radicular a APF periódica pode trazer benefício adicional. A relação custo/benefício será favorecida pela indicação e atenção individualizadas do procedimento, uma vez que há dados mostrando que sua recomendação indiscriminada traz resultados pouco relevantes.172 São exemplos de indicações: pacientes com lesões de cárie ativas, em ortodontia fixa, molares permanentes em erupção, dentes com hipomineralização, pacientes geriátricos (com risco de cárie em superfícies radiculares), com hiposalivação. Quem deve receber a APF? Manual com Perguntas e Respostas211 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Uma outra utilização clínica (principalmente dos vernizes fluoretados) é para a redução da hipersensibilidade dentinária (mais pelo efeito mecânico do que químico), mas os resultados podem ser menos duradouros do que com outros tipos de produtos profissionais de ação obliteradora, como os que contêm glutaraldeído ou os selantes ionoméricos. A fluorose é a marca da ingestão crônica de fluoreto que ocorreu no passado. O esmalte fluorótico, por ser mais “poroso”, é mais susceptível à desmineralização e, portanto, será bastante beneficiado pelos diferentes meios de uso do fluoreto, seja o dentifrício fluoretado ou a APF. Como já foi dito, o que vai determinar a indicação da APF é o risco que o paciente apresenta de desenvolver lesõesde cárie (ou a atividade de cárie) ou perdas causadas por desafios erosivos. A APF deve ser evitada em pacientes com fluorose? Manual com Perguntas e Respostas212 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O fluoreto em altas concentrações, sobretudo em pH ácido, reage quimicamente com os minerais dos dentes, formando depósitos do tipo fluoreto de cálcio (“CaF2”), que são reservatórios de fluoreto (fracamente ligado). A maior parte dos produtos para aplicação profissional têm concentrações de F- que variam de 9000 a 54.500 ppm. Há benefícios para todas as superfícies. Na dentina, como há maior concentração de carbonato (mais solúvel) e os minerais são menos organizados, a formação é sempre maior do que no esmalte. Quanto maior a área, maior a formação dos depósitos do tipo “CaF2”, o que explica a maior formação em esmalte/dentina cariados do que nas superfícies hígidas. Qual o mecanismo de ação do fluoreto, nos meios profissionais de aplicação, para controle da cárie? Manual com Perguntas e Respostas213 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Esses depósitos (vistos em microscopia eletrônica como glóbulos) não são permanentes. Eles são dissolvidos lentamente pela própria saliva, principalmente em momentos de queda de pH, funcionando como reserva de fluoreto para interferir com cárie dentária (reduzindo a desmineralização e ativando a remineralização). Manual com Perguntas e Respostas214 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A aplicação de fluoretos em alta concentração tem efeito antierosivo, pela formação da camada de depósitos do tipo “CaF2”, que pode proteger a estrutura dentária do contato com os ácidos (escudo químico). Isso é demonstrado em estudos laboratoriais. Esse efeito, entretanto, não é permanente. Há dissolução de grande parte dos depósitos formados, nos primeiros 7 dias após a aplicação, uma vez que a saliva é subsaturada em relação ao “CaF2”. A APF pode prevenir a erosão do esmalte? Manual com Perguntas e Respostas215 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Clinicamente, dependendo da origem/frequência do ácido, essa proteção pode ser inviável, pois como os depósitos serão dissolvidos, a reaplicação teria que ser feita com grande frequência. Basta imaginar que um paciente com Doença do Refluxo Gastroesofágico pode ter vários episódios diários de contato dos dentes com conteúdo do estômago (pH em torno de 2). Manual com Perguntas e Respostas216 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A hipersensibilidade dentinária se caracteriza por uma dor rápida, provocada por diferentes estímulos que atingem a dentina exposta (diretamente ou através de trincas no esmalte/cemento). Essa dentina, nos dentes sensíveis, apresenta-se com maior número de túbulos abertos (e de maior diâmetro), possibilitando grande movimentação de fluidos. Após a APF, pela formação dos depósitos do tipo “CaF2” na superfície e no interior dos túbulos, há diminuição da sensibilidade. É importante ressaltar, entretanto, que a superfície não fica totalmente coberta por uma película protetora de “CaF2” e que em 24-48h, grande parte é dissolvida pela saliva. Os vernizes fluoretados têm sido os produtos mais utilizados para essa finalidade, uma vez que, antes mesmo da reação do fluoreto com a superfície, já ocorre cobertura e obliteração dos túbulos pelo verniz. A duração do efeito dependerá da identificação e controle dos fatores etiológicos. Nos casos em que a sensibilidade é causada, por exemplo, por um procedimento de raspagem, o efeito rápido de dessensibilização é o mais importante, já que, por um processo natural, ocorre uma redução da dor ao longo dos dias. Por outro lado, se a sensibilidade é uma consequência da ingestão excessiva de alimentos ácidos, o benefício é perdido em pouco tempo, pela solubilização mais rápida do “CaF2”. Produtos para APF são eficazes na redução da hipersensibilidade dentinária? Manual com Perguntas e Respostas217 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A aplicação profissional pode ser feita através de géis, espumas, soluções ou vernizes fluoretados. Há forte evidência da eficácia anticárie do gel acidulado e do verniz. Como os demais tipos são capazes de formar “CaF2”, é esperado que haja benefício semelhante. Quais os tipos de produtos existentes para a APF? Manual com Perguntas e Respostas218 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Nos produtos em gel ou espuma, o fluoreto está em forma iônica, reagindo rapidamente com a superfície dos dentes (sendo a reatividade aumentada se o pH do produto for baixo). Eles podem ser aplicados através de cotonetes, pincéis, moldeiras ou escovas. O risco de ingestão diminui com a utilização da espuma em relação ao gel, já que ela possui maior volume (com menor peso) e menor quantidade é necessária na aplicação. Manual com Perguntas e Respostas219 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Os vernizes fluoretados têm, na composição, uma resina (colofônio), um solvente (álcool) e o fluoreto de sódio. Quando são aplicados, há evaporação do solvente e o produto fica aderido. No caso do verniz, parte do fluoreto está inicialmente insolúvel, sendo disponibilizado lentamente, ao longo de várias horas, para reagir com a superfície do dente sobre a qual está aderido. Assim, esse é um meio apropriado de aplicação em crianças abaixo de 6 anos, pelo menor risco de toxicidade aguda (além de ser mais fácil o controle da quantidade de produto). Não há nenhuma evidência de benefício da adição de tricálcio fosfato ou de fluoreto de cálcio aos vernizes fluoretados. O cálcio que irá participar da reação com o fluoreto é proveniente da superfície do dente e não, do produto. Os tipos de produtos para APF, com concentrações recomendadas, são: › Gel/espuma com flúor fosfato acidulado (2,7% NaF = 1,23% F- ou 12.300 ppm F-); pH 3 a 4,5 › Gel/espuma com fluoreto de sódio em pH neutro (2% NaF = 0,9% F- ou 9000 ppm F-) › Verniz com fluoreto de sódio (5% NaF = 2,26% F- ou 22.500 ppm F-); pH neutro › Diamino fluoreto de prata (38% AgF (NH3)2 = 45.200 ppm F - ); pH alcalino Manual com Perguntas e Respostas220 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Produtos acidulados são superiores aos de pH neutro? Quanto maior a concentração de fluoreto solúvel no produto, maior reação e formação de “CaF2” na superfície dos dentes. Entretanto, é possível que a quantidade de “CaF2” formada por produtos menos concentrados seja suficiente para o efeito desejado. O pH ácido dos produtos (gel ou espuma) favorece a reatividade, pois disponibiliza mais cálcio da superfície dentária para reagir com o fluoreto, aumentando a formação dos depósitos do tipo “CaF2”. Qual a influência da concentração de fluoreto nos produtos? Manual com Perguntas e Respostas221 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L ICA Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Produtos com pH ácido, entretanto, podem causar degradação da superfície e aumento da rugosidade das resinas compostas, cerâmicas e ionômeros de vidro, favorecendo a adesão bacteriana, comprometendo suas propriedades e longevidade clínica. São, portanto, contraindicados para pacientes que passaram por tratamento restaurador com esses materiais, principalmente se houver a necessidade de aplicações frequentes para manter cárie sob controle ou aumentar a proteção contra ácidos de origem não bacteriana.183→ Em relação aos pacientes com implantes na boca, mesmo os produtos para aplicação profissional com pH neutro podem causar corrosão, se aplicados na superfície do implante, pela alta concentração de F- (com possibilidade de impacto negativo na saúde peri-implantar, ainda que a relevância clínica dessa informação seja questionável). Aspecto da superfície do Ionômero de vidro após a aplicação do gel de fluorfosfato acidulado, por 4 minutos. Manual com Perguntas e Respostas222 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Nos produtos em gel (ou espuma), todo o fluoreto está disponível para a reação imediata com a superfície do dente. Há, nos vernizes fluoretados, maior concentração de fluoreto total, mas a maior parte do fluoreto de sódio está insolúvel na matriz. O fluoreto não reage imediatamente com as superfícies dos dentes, sendo necessário maior tempo de contato (12 a 24 horas) para formar a mesma quantidade de “CaF2” que 1-4 min de aplicação do F-gel. A retenção do verniz por menor tempo (4 h) compromete a formação dos depósitos de fluoreto de cálcio, reduzindo o efeito do produto.167 Vernizes fluoretados, com concentração de 22.600 ppm F- (NaF 5%) são superiores aos géis acidulados com 12.300 ppm F-? Manual com Perguntas e Respostas223 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A orientação de não escovar os dentes nas horas seguintes à aplicação do verniz é, portanto, muito importante. Vernizes fluoretados disponíveis no mercado brasileiro, com concentração de fluoreto declarada pelos fabricantes e encontrada em estudos: Vernizes Fluoretados Concentração de fluoreto declarada pelo fabricante Concentração de fluoreto encontrada por Souza et al. 2019 Bifluorid 12 Voco 6% NaF + 6% CaF2 = 56.300 ppm F- 43.929 ppm F- sem agitar e 40.960,2 após agitação (mistura com espátula) Biophat Biodinâmica 6% NaF + 6% CaF2 = 56.300 ppm F- 22.528,2 ppm F- Clinpro White Varnish 3M 5% NaF = 22.500 ppm F- (+ TCP) 22.815,2 ppm F- Duofluorid XII FGM 6% NaF + 6% CaF2 = 56.300 ppm F- 21.726,5 ppm F sem agitar e 50.910,8 após mistura Manual com Perguntas e Respostas224 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Duraphat Colgate 5% NaF = 22.500 ppm F- 21.965,2 ppm F- Enamelast Ultradent 5% NaF = 22.500 ppm F- Fluorniz SS White 5% NaF = 22500 ppm F- 8.171,7 ppm F- sem agitar e 13.363,9 após mistura Fluor Protector Ivoclar 0,1% F- = 1000 ppm F- MI Varnish GC 5% NaF = 22500 ppm F- (+ 2% CPP-ACP) Profluorid Varnish Voco 5% NaF = 22.500 ppm F- 23.071 ppm F- Exemplos de produtos para APF em gel e espuma disponíveis no mercado brasileiro: Flúor em Gel (acidulado 12.300 ppm F- ou neutro 9.000 ppm F-) Biodinâmica DFL LysFluor Maquira SS White Flúor em Espuma (acidulado 12.300 ppm F- ou neutro 9.000 ppm F-) Fluor Care FGM Manual com Perguntas e Respostas225 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Embora alguns estudos clínicos demonstrem efeito anticárie dos produtos de aplicação profissional, mesmo sem a remoção prévia do biofilme dental, quando compreendemos que a ação depende da reação química do fluoreto com a superfície dentária, fica clara a importância da profilaxia antes. Caso a aplicação seja feita sobre o biofilme existente, haverá prejuízo na formação de produtos no dente e o que for formado dentro do biofilme será perdido na primeira escovação bem feita pelo paciente. A superfície limpa e seca dos dentes será capaz de reter os vernizes fluoretados por mais tempo, contribuindo para maior tempo de reação e evitando que fragmentos se soltem e sejam ingeridos. Além disso, a profilaxia propicia as condições para o exame e o diagnóstico profissional! A profilaxia profissional é necessária, antes da APF? Manual com Perguntas e Respostas226 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A APF é um meio não invasivo de tratar as lesões de cárie, visíveis ou não. No paciente com maior risco ou com atividade de cárie, a aplicação dos produtos deve ser feita nas superfícies que o profissional considerar susceptíveis (por exemplo, regiões interproximais, oclusais de dentes em erupção, terço gengival de superfícies com brackets ortodônticos). Se ela for feita apenas sobre as lesões visíveis, deixaremos de beneficiar as áreas que ainda não atingiram um grau de perda mineral que possibilite a visualização. Por outro lado, a não aplicação nas superfícies que não são susceptíveis à cárie, sobretudo em crianças, é recomendada para diminuir o potencial de ingestão (toxicidade aguda). Se o consumo de açúcar e a higienização forem melhorados (o que é imprescindível para o controle da doença), as lesões de mancha branca podem até desaparecer clinicamente, pela remineralização e pelo desgaste da superfície. Caso a profundidade da lesão seja grande e a recuperação mineral ocorra apenas na superfície, haverá permanência do aspecto esbranquiçado, mas, agora, com a superfície brilhante (lesão inativa). Géis, espumas e vernizes fluoretados devem ser aplicados por 1 minuto. Embora, em alguns estudos laboratoriais, a aplicação por maior tempo possa promover a formação de mais depósitos do tipo “CaF2”, não há evidência de que a aplicação por 4 minutos traga maior benefício, clinicamente. Como na prática do dentista o tempo dos procedimentos é significativo (sobretudo na Odontopediatria), não faz sentido aumentá-lo sem necessidade. Em relação ao verniz, o tempo de permanência em contato com a superfície, após o procedimento, é extremamente importante. Em pacientes com lesões de mancha branca ativas, a aplicação dos produtos fluoretados deve ser feita apenas sobre as lesões? Qual o tempo recomendado para a aplicação dos produtos? Manual com Perguntas e Respostas227 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Nos produtos em gel ou espuma, a reação do fluoreto com a superfície dos dentes é rápida (maior no primeiro minuto). Os depósitos do tipo CaF2 formados serão lentamente dissolvidos pela própria ação da saliva, subsaturada em relação à superfície. Beber água ou comer, após a consulta, não reduzirá a eficácia da aplicação dos produtos fluoretados. Dose de reforço com nova aplicação deve, sim, ser considerada, analisando a necessidade de cada paciente. Em relação aos vernizes, como já explicado, o importante é que ele não seja removido pela escovação no dia da aplicação (para permitir a dissolução do NaF, à medida que a saliva se difunde pela matriz do verniz, e reação do F- com os minerais da superfície).167 Por quanto tempo deve-se evitar lavar a boca após a APF? Manual com Perguntas e Respostas228 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A ÇÃ O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No consultório, o diagnóstico guiará o protocolo e a periodicidade da aplicação, dependendo do risco de desenvolvimento de lesões de cárie ou desgaste erosivo. A APF pode não somar efeito no controle de cárie em esmalte, se o paciente já usar, regularmente, dentifrício fluoretado. Entretanto, a utilização dos produtos com alta concentração de fluoretos pode ter papel importante no protocolo preventivo para controle de cárie radicular, dessensibilização dentinária, desgaste erosivo, sempre associado à educação do paciente sobre a necessidade de intervenção nos fatores etiológicos. A maioria dos protocolos preconiza duas aplicações por ano, mas essa informação deve ser tratada de forma personalizada. Em relação à cárie, não há evidência de que a aplicação trimestral traga maior benefício para pacientes de alto risco que a semestral, como também não há evidência de que o protocolo de aplicação intensiva (1 vez por semana, durante 4 semanas) seja mais eficaz. Sabendo que os depósitos do tipo “CaF2” formados podem levar semanas para a completa dissolução e que acontecem já após a primeira aplicação, os resultados da diminuição do intervalo são justificados se forem uma estratégia preventiva, incluindo reavaliação, educação e reforço da motivação do paciente para o autocuidado. Aplicações frequentes são parte do tratamento da atividade de cárie, de acordo com características clinicas individuais. Naqueles pacientes com maior exposição da cavidade oral a ácidos de origem não bacteriana, a aplicação de produtos com alta concentração de fluoretos pode ser realizada com maior frequência, mas não há, na literatura, uma recomendação específica de periodicidade para redução do desgaste. Cada profissional deve estabelecer o protocolo mais adequado e viável para seu paciente ou o grupo/comunidade com o qual trabalha, de acordo com a avaliação de risco. Qual a periodicidade recomendada para a APF? Manual com Perguntas e Respostas229 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Na HMI, o esmalte se apresenta com mais poros, maior concentração de carbonato, e, portanto, mais propenso a fraturas e lesões de cárie. A APF é importante para favorecer a mineralização (“endurecimento”) da estrutura e melhorar a resistência à desmineralização. A aplicação dos vernizes fluoretados tem sido recomendada nos protocolos de acompanhamento desses pacientes. Havendo envolvimento de dentina, o sal de fluoreto mais indicado seria o diamino fluoreto de prata. A APF é indicada para pacientes com Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI)? Manual com Perguntas e Respostas230 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O risco da APF é de toxicidade aguda, pela ingestão de um volume de produto maior do que o recomendado, pois os produtos usados têm alta concentração de fluoretos (de 9.000 a 54.500 ppm F). Isso acontece mais facilmente com os géis (sobretudo se usados em moldeiras), sendo náusea, vômito e dor abdominal as manifestações mais comuns, poucos minutos depois da aplicação. Podem ocorrer, também, diarreia, dor de cabeça e hipersalivação. Como esses produtos não são de aplicação frequente, não estão relacionados à ingestão crônica de fluoreto e a risco de fluorose. Quais os riscos da APF? Manual com Perguntas e Respostas231 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A aplicação cuidadosa minimiza a possibilidade de ingestão: utilização de quantidade apropriada, manutenção do paciente em posição vertical, sucção durante todo o procedimento, remoção do excesso ao final (com gaze, sugando todo o resíduo ou incentivando o paciente a cuspir bastante). As espumas, que têm maior volume e menor densidade de fluoreto, além de facilitarem a utilização de uma quantidade menor, são eliminadas mais facilmente do que os géis. Isso pode, clinicamente, diminuir o risco de ingestão. Figura. Quantidade (mg) de espuma e gel fluoretado usados na aplicação profissional de fluoreto e dose (mg F/kg) que uma criança de 20 kg seria submetida se todo o produto fosse deglutido, enfatizando quanto essa seria menor que a dose provavelmente tóxica de fluoreto DPT = 5,0 mg F/kg). Manual com Perguntas e Respostas232 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S No caso do verniz, apesar da alta concentração, a liberação do F- ocorre ao longo de muitas horas. O risco de ingestão de um grande volume de uma vez é diminuído, mas pode haver a ingestão de maior quantidade ao longo do tempo. Por isso, ele deve ser aplicado apenas nas áreas susceptíveis (e não em toda a boca). Havendo a ingestão acidental (mas menor do que 5 mg/kg), como o fluoreto é rapidamente absorvido no estômago (atingindo a corrente sanguínea), recomenda- se tomar 5 ml de hidróxido de alumínio em gel (Pepsamar, por exemplo) ou leite, imediatamente, e manter observação por 1 hora. O antiácido reduz em cerca de 60% a absorção gastrointestinal do fluoreto (sem interferir na sua reatividade com o esmalte). Se o volume ingerido for > 5mg/Kg, recomenda-se provocar o vômito (até 30 minutos após a ingestão), tomar hidróxido de alumínio em gel (ou leite) e procurar atendimento em hospital. A dose provavelmente tóxica de ingestão de fluoreto (5 mg F/Kg), para uma criança de 20 Kg, corresponde a 1 colher de chá de verniz fluoretado com NaF 5% (4,4g) e uma colher de sobremesa de gel de FFA 1,23% (8g). Como a espuma tem maior volume (e menor peso), a ingestão teria que ser mais de duas vezes a dose do gel para atingir a dose provavelmente tóxica. Quanto a outros componentes das formulações, há relatos de alergia à colofônia (resina) dos vernizes fluoretados, manifestada como dermatite de contato. Manual com Perguntas e Respostas233 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Não. As pastas profiláticas não são consideradas métodos de aplicação profissional de fluoretos. Pastas profiláticas contendo fluoreto podem substituir a APF? Manual com Perguntas e Respostas234 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S Produtos com CPP-ACP 10% não devem ser utilizados como substitutos da APF em pacientes com risco de cárie ou erosão. São produtos que contêm fluoreto e prata, em proporção de 24-29% de prata e 5-6% de fluoreto. A prata tem um mecanismo de ação ainda não totalmente compreendido (antibacteriano? na matriz do colágeno?) e o fluoreto atua fisico-quimicamente na lesão de cárie, remineralizando a superfície amolecida (grande formação de “CaF2” na dentina desmineralizada). A presença de amônia na composição visa diminuir o potencial oxidativo do DFP, mantendo a sua concentração constante no produto. A concentração recomendada de DFP nos produtos é 38% (44.800 ppm F e 253.870 ppm Ag). O pH alcalino (em torno de 10) é necessário para a estabilização. Como esse pH alto não é favorável à reação do fluoreto com a superfície, a concentração é aumentada. Produtos com concentrações menores de DFP não apresentam a mesma efetividade. Posso substituir a APF por aplicação de pastas contendo CPP-ACP? O que são produtos com diamino fluoreto de prata (DFP)? Manual com Perguntas e Respostas235 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F ISS IO N A L D E F L U O R E T O S Assim como o dentifrício fluoretado, o diamino fluoreto de prata foi incluído pela OMS na lista de medicamentos essenciais (importantes para controle de doenças de alta prevalência e que devem ser priorizados pelos governos para disponibilização no sistema de saúde). É um tratamento não invasivo, de baixo custo e fácil execução. O produto é aplicado em sítios específicos dos dentes em que sua utilização é indicada. É principalmente recomendado para a paralisação das lesões de cárie em dentina, sendo preconizado, também, como agente dessensibilizante. São indicados para: › pessoas com dificuldade de acesso ou de realização de tratamento odontológico (crianças, idosos, pessoas com deficiências); › pacientes apresentando lesões de cárie após radioterapia de cabeça/pescoço ou com xerostomia; › lesões localizadas nas regiões em que procedimentos restauradores sejam complicados (como áreas de furca); › dentes com hipomineralização, em áreas com lesões de cárie ou grande hipersensibilidade. Uma revisão sistemática com meta-análise demonstrou evidência de que a aplicação do DFP é efetiva para paralisar e prevenir lesões de cárie radiculares nos pacientes geriátricos.175 Estudos laboratoriais demonstram, também, que a aplicação do DFP pode reduzir o desgaste erosivo-abrasivo das superfícies.168 A sua utilização nas lesões de cárie em dentes decíduos pode contribuir para a prevenção de novas lesões em toda a dentição (comparada ao verniz fluoretado ou ausência de intervenção).181 Os resultados são obtidos desde a primeira aplicação, sendo a reaplicação recomendada para melhor efeito (periodicamente). Quais as indicações do DFP? Manual com Perguntas e Respostas236 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A principal desvantagem é que esses produtos deixam a superfície escurecida permanentemente (comprometimento estético). A aplicação do DFP não prejudica a posterior adesão dos materiais restauradores à estrutura dentária. A utilização do DFP é contra-indicada nos pacientes alérgicos à prata, com estomatite/descamações/ulcerações ou com sintomas/sinais de pulpite irreversível. A dose máxima recomendada, em 1 sessão de aplicação do DFP 38%, é de 1 gota (25 µL)/10Kg. O protocolo mais comumente preconizado para a paralisação das lesões é aquele em que é feita a reaplicação semestral do DFP. A aplicação única resulta em perda de efeito ao longo do tempo (não apenas na paralisação de lesões existentes, mas, também, na prevenção de novas lesões). Quais as desvantagens e contra-indicações da aplicação do DFP? Qual a periodicidade da aplicação do DFP? Manual com Perguntas e Respostas237 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S A preparação das formulações não é simples, pois como não existe o sal ‘diamino fluoreto de prata’, os compostos têm que ser manipulados quimicamente. Por isso, são muito importantes os estudos que demonstrem a concentração de fluoreto solúvel, o pH dos produtos e o controle de qualidade pelas empresas. Alguns produtos comercializados no Brasil têm concentração de DFP bem inferior ao recomendado em estudos, além de alguns problemas relativos à formulação (pH, biodisponibilidade do F-). Existem opções com aditivos para redução da pigmentação (iodeto de potássio, por exemplo). São necessários os trabalhos clínicos que assegurem que, ao fazer a despigmentação da superfície, não haja perda de componentes importantes para a paralisação das lesões em dentina. Produtos com Diamino Fluoreto de Prata, com concentração de fluoreto e pH (declarados pelos fabricantes e encontrados em estudos: (anexo 41). Obs.: Concentração de F- encontrada no Riva Star (Patel et al, 2021) - 36.457 ppm Todos os produtos com DFP são equivalentes? Produtos com Diamino Fluoreto de Prata Concentração de F- e pH declarados pelo fabricante Concentração de F- e pH encontrados por Soares - Yoshikawa et al., 2020 Advantage Arrest (americano) - 38,3 a 43,2 % DFP 45.283 a 51.013 ppm F- pH 10 57.249 ppm F- pH 10 Ancárie 12% - 12% DFP 14.100 ppm F- pH 8,5 a 9 4.814 ppm F- pH 6 Ancárie 30% - 30% DFP 35.400 ppm F- pH 8,5 a 9 5.726 ppm F- pH 4,5 Cariestop 12% - 12% DFP 14.170 ppm F- pH 8,5 10.144 ppm F- pH 8 Cariestop 30% - 30% DFP 35.430 ppm F- pH 8,5 11.858 ppm F- pH 8 Riva Star - 38% DFP (com Iodeto de Potássio) 44.800 ppm F- Saforide (japonês) - 38% DFP 45.283 ppm F- pH 10 53.490 ppm F- pH 10 Manual com Perguntas e Respostas238 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S O procedimento pode ser realizado com isolamento relativo do campo operatório (algodão, gaze, sugador), sendo recomendada a proteção dos lábios e mucosas com vaselina. Pode ser colocada, também, uma barreira gengival fotopolimerizável ao redor do dente que será tratado. O produto é aplicado de forma ativa (com microbrush), diretamente na área afetada, que deve estar limpa (pedra pomes/água) e seca. Depois de 1 a 3 minutos (dependendo da recomendação do fabricante), o excesso é removido (com papel absorvente, gaze ou rolo de algosão) e a superfície pode ser lavada. Qual a técnica de aplicação do DFP? Manual com Perguntas e Respostas239 P R E S C R IÇ Ã O D E P R O D U T O S D E H IG IE N E O R A L E A P L IC A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L D E F L U O R E T O S 167. AGNOL MAD, BATTISTON C, TENUTA LMA, CURY JA. Fluoride formed on enamel by fluoride varnish or gel application: a randomized controlled clinical trial. Caries Res, 2021, early view. doi: 10.1159/000521454. 168. AINOOSAH SE, LEVON J, ECKERT GJ, HARA AT, LIPPERT F. . Effect of silver diamine fluoride on the prevention of erosive tooth wear in vitro. 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