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Direito Penal - Peça

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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 6ª VARA CRIMINAL DA CAPITAL DE XXX/UF 
  
PROCESSO nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
	
  
Caio, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de sua advogada que está subscreve, conforme procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO,
com fundamento nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, nos autos do processo em epígrafe, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
1 - DOS FATOS 
No final da tarde de 25 de fevereiro de 2023, consta na denúncia que o acusado Caio teria se apropriado da quantia de R$4.000,00 (quatro mil reais), provindos do trabalho realizado por José em sua barbearia, após ter rompido um obstáculo para acessar o local. Segundo o relato inicial, Caio teria esperado discretamente que José fechasse sua barbearia antes de adentrá-la, enquanto José se dirigia para sua residência.
 
Consta também nos registros que o acusado deixou um bilhete no estabelecimento, admitindo ter levado o dinheiro, e sua autoria foi confirmada pelas gravações das câmeras de vigilância do estabelecimento. No dia seguinte, ao descobrir que seu estabelecimento comercial havia sido arrombado e com o bilhete em mãos, José procurou a Delegacia de Polícia e registrou um Boletim de Ocorrência. Isso resultou na abertura de um Inquérito Policial, e após a realização das devidas diligências, a ocorrência foi confirmada. 
Em decorrência dos fatos acima narrados, o Ministério Público denunciou Caio nos termos do artigo 155, §4º, inciso I, do Código Penal, que trata do furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Entretanto, é importante salientar que o entendimento apresentado na denúncia não deve prevalecer, como será demonstrado a seguir, no decorrer da análise dos fatos. 
2 - DOS DIREITOS 
 
2.1 DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA 
A conduta imputada ao acusado não condiz com os elementos essenciais do tipo penal previsto no art. 155 do Código Penal, visto que Caio não estava subtraindo "coisa alheia móvel”, mas sim, estava reavendo valores que, segundo a nota promissória anexa, constavam como dívida por empréstimo por ele feito a José, configurando-se, assim, em inexistência do delito de furto, o que enseja a atipicidade da conduta, nos termos do art. 397, III, do Código de Processo Penal. 
endo o valor objeto da subtração devido a este requerido, afasta-se 
a caracterização do delito de furto, diante da ausência da elementar do tipo penal do 
artigo 155 do Código Penal, por não estar o réu subtraindo “coisa alheia” móvel, e sim, 
de valor que lhe pertencia. 
Portanto, de rigor a atipicidade do crime de furto qualificado pelo 
rompimento de obstáculo. 
endo o valor objeto da subtração devido a este requerido, afasta-se 
a caracterização do delito de furto, diante da ausência da elementar do tipo penal do 
artigo 155 do Código Penal, por não estar o réu subtraindo “coisa alheia” móvel, e sim, 
de valor que lhe pertencia. 
Portanto, de rigor a atipicidade do crime de furto qualificado pelo 
rompimento de obstáculo. 
2.2 DA CAPITULAÇÃO JURÍDICA (ADEQUAÇÃO DO FATO DELITUOSO À DESCRIÇÃO LEGAL) 
Neste caso, se faz necessária a desclassificação do delito de furto qualificado, para: exercício arbitrário das próprias razões. 
  
A denúncia atribui o enquadramento legal do delito como sendo o previsto no art. 155, §4º, inciso I, do Código Penal, mas a conduta alegada se adequa ao "exercício arbitrário das próprias razões.", uma vez que, a intenção do acusado era de apenas cobrar uma dívida, e não de praticar o crime de furto, em seu entendimento, buscando reaver valor do qual tinha direito, portanto:
        Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
        Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
        Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
2.3 DA REJEIÇÃO DA DENÚNCIA 
Com a apreciação dos pontos supracitados, a rejeição da denúncia se faz necessária, visto que o crime previsto no art. 345 do Código Penal é de ação penal privada, conforme parágrafo único do referido artigo. 
Sendo assim, o Ministério Público é parte ilegítima para propositura da ação penal (art. 100, §2º do CP), caracterizando a falta de condição da ação (art. 395, II do CPP).
Portanto, necessário se faz que este magistrado reavalie a decisão de recebimento da denúncia, devendo rejeitá-la de plano.
necessário se faz que este magistrado reavalie a decisão de 
recebimento da denúncia, devendo rejeitá-la de plano.
necessário se faz que este magistrado reavalie a decisão de 
recebimento da denúncia, devendo rejeitá-la de plano.
necessário se faz que este magistrado reavalie a decisão de 
recebimento da denúncia, devendo rejeitá-la de plano.
necessário se faz que este magistrado reavalie a decisão de 
recebimento da denúncia, devendo rejeitá-la de plano.
2.4 DA DECADÊNCIA 
 
Além disso, é imprescindível observar que, tratando-se de crime de ação penal privada, o oferecimento da Queixa-Crime tem prazo decadencial de 6 (seis) meses a contar do conhecimento da autoria, como versa o artigo 103 do Código Penal, bem como, o artigo 107, inciso IV do mesmo código, versa sobre a extinção da punibilidade nos casos de decadência.
Tratando neste caso de exercício arbitrário das próprias razões, o oferecimento da Queixa-crime tem prazo decadencial de 6 (seis) meses a contar do conhecimento da autoria. 
Tendo ocorrida a ação no dia 25 de fevereiro de 2023, e a autoria sendo prontamente esclarecida no dia seguinte, quando o próprio Caio confessou a prática por meio de um bilhete (vide anexo) deixado no local, bem como sua ação foi registrada pelas câmeras de vigilância da barbearia. 
Portanto, não poderia a Queixa-Crime ser oferecida após o dia 25 de agosto de 2023, sendo incontestável a extinção da punibilidade de Caio em razão da decadência.
3. DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência: 
  
1. A absolvição sumária do acusado Caio, com base na atipicidade do crime de furto, nos termos do art. 397, III do CPP; 
2. A rejeição da denúncia com base no artigo 395, inciso II do CPP, por ilegitimidade por parte do MP. 
3. O reconhecimento da extinção de punibilidade pela ocorrência da decadência do direito de queixa com relação ao crime de exercício arbitrário das próprias razões, com base no artigo 397, inciso IV do CPP; 
4. A juntada aos autos da nota promissória que comprova a dívida, bem como outros documentos para esclarecimento dos fatos; 
5. A inclusão no rol de testemunhas dos Srs. Paulo e Juventino, que presenciaram as cobranças de Caio.
ROL DE TESTEMUNHAS:  
 
PAULO, [nacionalidade], [estado civil], [profissão], portadora do CIRG sob o n° xxxxxxx, e inscrita no CPF/MF sob o n° xxxxxxxxxx, residente e domiciliada na [endereço completo]. 
 
JUVENTINO, [nacionalidade], [estado civil], [profissão], portadora do CIRG sob o n° xxxxxxx, e inscrita no CPF/MF sob o n° xxxxxxxxxx, residente e domiciliada na [endereço completo]. 
4. DO ENCERRAMENTO 
Nestes termos, pugna pela total procedência deste requerimento e, por conseguinte, pela absolvição de Caio, com base na atipicidade da conduta, na rejeição da denúncia, e na extinção da punibilidade pela decadência. 
  
Local, 18 de setembro de 2023.  
Advogada 
OAB

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