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TCC bibliográfico - LETRAS

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO-UEMA 
CAMPUS COLINAS 
CURSO DE LETRAS LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA E 
LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA 
 
 
 
 
 
SUZANA RODRIGUES CHAVES 
 
 
 
 
 
O INTERNETÊS E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: uma reflexão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLINAS-MA 
2021 
 
SUZANA RODRIGUES CHAVES 
 
 
 
 
 
 
O INTERNETÊS E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: uma reflexão 
 
 
Monografia apresentada à Coordenação do 
Curso de Letras da Universidade Estadual do 
Maranhão, Campus Colinas, em cumprimento 
às exigências para obtenção do título de 
Licenciatura em Letras Língua Portuguesa. 
 
Orientadora: Profa. Esp. Laize Oliveira Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLINAS- MA 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Elaborado por Giselle Frazão Tavares - CRB 13/665 
Chaves, Suzana Rodrigues. 
 O internetês e o ensino da língua portuguesa: uma reflexão. / Suzana Rodrigues 
Chaves. – São Luís, 2021. 
 42 f. 
 
 Monografia (Graduação) – Curso de Letras Licenciatura em Língua Portuguesa e 
Literaturas de Língua Portuguesa, Centro de Estudos Superiores de Colinas, 
Universidade Estadual do Maranhão, 2021. 
 
 Orientadora: Profa. Esp. Laize Oliveira Silva 
 
 1. Linguagem da internet. 2.Internetês. 3.Ensino da Língua Portuguesa 
. I.Título. 
 
 
 CDU: 811.134.3:004 
 
 
SUZANA RODRIGUES CHAVES 
 
 
 
 
O INTERNETÊS E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: uma reflexão 
 
 
 
Monografia apresentada à Coordenação do 
Curso de Letras da Universidade Estadual do 
Maranhão, Campus Colinas em cumprimento às 
exigências para obtenção do título de 
Licenciatura em Letras Língua Portuguesa. 
 
 
Aprovado em: / / 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
___________________________________________ 
Profa. Esp. Laize Oliveira Silva (orientadora) 
Esp. Linguística Aplicada - FAEME 
 
____________________________________________ 
Prof. Me. Abilio Neiva Monteiro (avaliador/a) 
Mestre em Letras – UESPI 
 
________________________________________________ 
Prof. Me. Jônata Alisson Ribeiro de Oliveira (avaliador/a) 
Mestre em Letras - UFPI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, o maior orientador 
da minha vida. Ele nunca me abandonou nos 
momentos de necessidade. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente, agradeço a Deus, que me deu força e coragem para vencer 
todos os obstáculos e dificuldades enfrentadas durante o curso e me socorreu 
espiritualmente, dando-me serenidade e forças para continuar. 
A minha família, em especial meus pais (Jocelma e Aldemar) pelo apoio, 
conselhos, esforço investido em minha educação, carinho e incentivo. 
Aos meus irmãos (Jussânia, Elissânia, Erica, Pedro Henrique, Rita Maria e 
Luíza) pelo companheirismo, amor, amizade e atenção dedicadas a mim. 
A professora Laize Oliveira, pelo o incentivo, dedicação e orientação. 
Aos meus colegas de graduação, em especial, a amiga Sâmia Fernandes, pelo 
companheirismo, experiências compartilhadas e pelos momentos difíceis e fáceis 
enfrentados juntos. 
Agradeço à Universidade Estadual do Maranhão, por me proporcionar um 
ambiente criativo e amigável para os estudos. Sou grata a cada membro do corpo 
docente, à direção e a administração dessa instituição de ensino. 
E quero deixar a minha eterna gratidão a todos que ajudaram diretamente ou 
indiretamente com palavras de ânimo e incentivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O tempo altera todas as coisas; não há razão para que a 
língua escape a esta lei universal.” 
Ferdinand de Saussure 
 
RESUMO 
Com o avanço e evolução das novas tecnologias e da internet, uma nova forma de 
comunicação e escrita, começa a ganhar forças, o internetês. Essa linguagem virtual, 
surgida em aplicativos de mensagens e chats online chegou ao ambiente escolar, 
causando mudanças e provocando divergências entre profissionais da educação, que 
acreditam que esse linguajar cibernético influencia na escrita em sala de aula e em 
consequência, prejudicará o ensino da Língua Portuguesa. Sendo assim, este 
trabalho tem como objetivo principal, compreender a linguagem da internet, sua 
evolução e a sua influência no ensino da escrita padronizada. Ademais, para a coleta 
de dados, foi realizada uma pesquisa com alunos do 7º e 8º ano do ensino 
fundamental, na escola municipal Unidade Integrada São Pio X em Colinas-MA, e 
aplicado questionário para os professores da cidade, afim de identificar a opinião dos 
mesmos. Como aportes teóricos, destacam-se os estudos de Bisognin (2009), 
Castells (2003), Galli (2010), Komesu e Tenani (2015), Mascuschi (2005) e Orlandi 
(1996). 
 
Palavras-chave: Linguagem da internet. Internetês. Ensino da Lingua Portuguesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Due to the advancement and evolution of new technologies and the internet, a new 
type of communication and writing, the internetese begins to gain strength. This virtual 
language, that arised in messaging applications and online chats, reached the school 
environment, causing changes and causing disagreements among education 
professionals, who believe that this cyber language influences writing in the classroom 
and, consequently, will harm the teaching of the Portuguese language. Accordingly, 
this work has as main objective, to understand the language of the internet, its 
evolution and its influence in the teaching of standardized writing. Further, for data 
collect, a survey was steered with students from the 7th and 8th grade of elementary 
school, at the municipal school “Unidade Integrada São Pio X” in Colinas-MA, and a 
query was applied to some teachers in the city, in order to identify the opinion of them. 
As theoretical contributions, the studies of Bisognin (2009), Castells (2003), Galli 
(2010), Komesu and Tenani (2015), Mascuschi (2005) and Orlandi (1996) stick out. 
 
Keywords: Language of the internet. Internetese. Portuguese Language Teaching 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTAS DE TABELAS 
 
TABELA 1: Exemplos de abreviações......................................................................25 
TABELA 2: Emoticons..............................................................................................26 
TABELA 3: Emojis....................................................................................................27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTAS DE FIGURAS 
 
Figura 1.................................................................................................................36 
Figura 2.................................................................................................................37 
Figura 3.................................................................................................................37 
Figura 4.................................................................................................................38 
Figura 5.................................................................................................................38 
Figura 6.................................................................................................................39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 
2 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERNET ............................................ 16 
2.1 O surgimento da Internet...............................................................................16 
2.2 Redes sociais ................................................................................................. 19 
2.3 Ambiente Virtual: espaço com características próprias............................. 21 
3 O INTERNETÊS CHEGOU AO AMBIENTE ESCOLAR E CAUSOU MUDANÇAS
 .................................................................................................................................. 23 
3.1 Linguagem da internet ................................................................................... 23 
3.2 Internetês: uma variante linguística ............................................................. 28 
3.3 O internetês na aula de Língua Portuguesa ................................................ 30 
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 34 
5 ANÁLISE E DISCUSSÕES DE DADOS ................................................................ 36 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 40 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41 
 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
As tecnologias evoluem frequentemente. Destarte, com o surgimento da 
internet e sua evolução surgem também novas formas de se comunicar, ou seja, o 
aparecimento de novas palavras ou expressões, visto que isso, facilitou a 
comunicação de forma rápida, ágil e eficaz. Assim, a internet trouxe consigo muitas 
funções e mudanças, sendo a linguagem uma das mais importantes e as novas formas 
de usá-la. 
 
(...) a Internet também criou sua variante da língua. Hoje, milhões de pessoas 
no Brasil utilizam a Internet. Todos os dias, milhares de novos brasileiros se 
conectam a essa enorme rede. Cada vez, mais e mais pessoas estão 
acessando as chamadas salas de bate-papo. Com isso, mais pessoas vão 
aprendendo o “internetês”, o linguajar do internauta (MIGLIO, 2001, p. 3). 
 
 
Como mencionado acima, atualmente, a internet desenvolveu a sua própria 
linguagem “o internetês”. As especificidades dessa forma de se comunicar podem ser 
percebidas pela abreviação de palavras, pelas formas que dispensam sinais gráficos, 
usos de bonequinhos (emojis) e utilização de símbolos. Além disso, a informalidade e 
o coloquialismo são características marcantes desse tipo de linguagem. Ainda, 
segundo (MIGLIO, 2001), ao escrever internetês, a atitude do internauta é esquivar-
se das normas orientada pela língua escrita, despreocupando-se das regras 
ortográficas e gramaticais para assim, trocarem entre si uma linguagem mais próxima 
da língua falada. 
De forma geral, sabe-se que a língua muda com o tempo, de acordo seus 
falantes e espaço geográfico. O que podemos chamar de internetês surgiu entre 
grupos de adolescentes na web, como uma variante da língua marcada por 
características da linguagem informal, como gírias e expressões de variantes caipiras. 
Essa variante, aos poucos foi sendo inserida no contexto escolar, o que ocasionou 
divergências entre professores de Língua Portuguesa ainda mais, pela ideia de ela 
ser trabalhada em salas de aulas. Por um lado, existem aqueles que são a favor desse 
dialeto, alegando que é mais um tipo de variante da norma padrão da língua e por 
isso, não há nenhum problema desde que ele seja contextualizado. Entretanto, há 
outros que acreditam que essa reflexão não seria interessante no âmbito escolar, pois 
poderia prejudicar a escrita dos alunos. Nesse sentido, essa pesquisa foca em estudar 
14 
 
a linguagem da internet (o internetês), como uma nova forma de escrita utilizada na 
comunicação virtual. 
Sabendo que, em se tratando do uso da linguagem da internet como sendo 
certo ou não, as opiniões se divergem e geram grandes polêmicas por parte de 
professores, estudiosos e pesquisadores. Uns são a favor e os outros contra, por 
acreditarem que afetará o aprendizado do Português em sala de aula. Nesse 
seguimento, buscou-se reunir dados/informações com o propósito de responder ao 
seguinte problema de pesquisa: O internetês realmente prejudica ou interfere no 
ensino da norma padrão da língua escrita? 
Embora, alguns pesquisadores acreditam que a linguagem das redes sociais é 
um meio capaz de dificultar a aprendizagem da norma culta, outros aceitam com 
naturalidade. Para a linguista (ORLANDI, 1996) esse tipo de linguajar é mais uma 
forma de comunicação. A autora deixa claro, que os jovens estão crescendo nessa 
linguagem e que a intenção é apenas serem ágeis. Nesse víeis, o internetês é um 
fenômeno natural da língua, que está em constante transformação. 
O objetivo geral dessa pesquisa foi compreender a linguagem da internet, a sua 
evolução ao longo do tempo e a influência que esta tem sobre o ensino da Língua 
Portuguesa. Um dos passos para alcançar o objetivo principal é verificar e discutir 
diferentes opiniões de especialistas sobre a temática. E depois, porque uma das 
etapas mais importante é analisar o internetês como uma variante linguística. O 
terceiro dos objetivos da pesquisa é identificar se essa linguagem virtual interfere na 
escrita dos alunos ou atrapalha o ensino da língua escrita. 
O linguajar cibernético é fenômeno interessante e bastante atual. No entanto, 
é um tema bastante polêmico entre os educadores, do qual há muito a se explorar. 
Por isso, é imprescindível compreender e entender esse tipo de comunicação virtual. 
De modo geral, há a necessidade de que os docentes aprendam a trabalhar com esse 
tipo de linguagem em sala de aula, com os devidos cuidados, para que os alunos que 
navegam na internet, não sejam prejudicados na aprendizagem da Língua Portuguesa 
e aprendam a ter senso crítico ao escrever. 
Nesse ponto de vista, este trabalho vem mostrar que a linguagem virtual, é um 
tipo de variante dialetal da escrita oralizada, utilizada pelos adolescentes para se 
comunicarem no ambiente virtual. Entretanto, para os demais contextos, fora desse 
ambiente, a língua padronizada é a que deve predominar e ser empregada. 
15 
 
Para o desenvolvimento do presente trabalho, destacamos que houve, 
primeiramente uma pesquisa bibliográfica baseando-se em livros, artigos, teses, 
dissertações e outros trabalhos acadêmicos. Logo depois, houve uma pesquisa de 
campo, com o intuito de coletar dados e analisar a escrita dos adolescentes do 7º e 
8º ano da escola Unidade Integrada São Pio X, localizada na Rua Duque de Caxias, 
na zona urbana de Colinas-Ma. E ademais, foi aplicado um questionário para alguns 
professores de Língua portuguesa, afim de identificar a opinião dos mesmos sobre o 
internetês e o ensino da Língua Portuguesa. 
Assim sendo, este trabalho de conclusão de curso estrutura-se em quatro 
capítulos, apresentando-se no primeiro a história da internet, considerando sua 
origem, funções e o surgimento das redes sociais. No segundo capítulo trata sobre o 
internetês e o ambiente escolar e além, de analisar a linguagem da internet como uma 
variante linguística. O terceiro capítulo caracteriza a pesquisa de campo e em seguida 
traz a descrição dos procedimentos metodológicos aplicados na coleta de dados para 
a análise. O quarto capítulo, traz uma análise de todos os dados coletados e em 
seguida, estão as considerações finais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTERNET 
 
A Internet é a rede global de computadores que estabelece conexão entre 
pessoas do mundo inteiro e tornou a comunicação mais veloz. As pessoas podem 
acompanhar via internet algum acontecimento em tempo real e em qualquer lugar. 
Dessa forma, ela está se tornando um grande espaço no meio de comunicação em 
qualquer parte do mundo. Nessa perspectiva, este capitulo tem como objetivo 
levantar algumas considerações sobre esse ambiente virtual, abordando como surgiu 
a internet e a chegada ao Brasil, argumenta sobre as redes sociais, considerando 
também as característicasdesse espaço virtual. 
2.1 O surgimento da Internet 
Como é conhecida atualmente, a internet é a rede global de computadores 
interligados, que facilita o acesso a diversas informações sobre qualquer assunto e 
em qualquer parte do mundo. Hoje, ela parece ser indispensável no dia a dia do ser 
humano, porém a web dos dias atuais passou por grandes transformações. A história 
de sua origem e desenvolvimento é algo extraordinário, conquistado pela 
humanidade. Inicialmente, foi chamada de ARPANET, originando-se em 1969, criada 
pela empresa ARPA, Advanced Research and Projecís Agency, "Agencia de 
Pesquisas em Projetos Avançados" em português e que hoje se chama DARPA (The 
Defense Advanced Research Projects Agency) que é um centro de pesquisas nos 
Estados Unidos com o objetivo de manter a superioridade tecnológica estadunidense. 
Os Estados Unidos e a União Soviética vivia o auge da Guerra Fria. O EUA 
temendo ataques soviéticos as bases militares e consequentemente, a destruição da 
rede convencional de comunicação que havia visto que, essa era vulnerável ao ataque 
e as informações armazenadas estariam perdidas. Devido a esse fato, foi criado a 
ARPANET, que era simultaneamente uma espécie de backbone e uma nova rede 
ainda, em fase experimental, onde eram testadas novas aplicações. Este sistema de 
comunicações ligava militares e pesquisadores e era capaz de sobreviver a um ataque 
nuclear (CASTELLS, 2003). 
Inicialmente, a ARPANET ligou somente 4 universidades que permitia aos 
cientistas partilhar de forma remota, informação e recursos. Nos finais dos anos 70, 
ela já tinha se desenvolvido e crescido tanto, ao ponto de seu tipo de protocolo NCP 
17 
 
(Network Control Protocol), tornar-se insuficiente pra essa troca aberta de pacotes 
entre diferentes redes de internet. Em 1983, nasce o TCP/IP (Transmission Control 
Protocol barra Internet Protocol), um protocolo que foi e ainda é padrão de 
comunicação dos aparelhos, um conjunto de camadas que estabelecem a ligação sem 
precisar reconstruir todas as redes formadas até então (CASTELLS, 2003). 
A Rede Mundial de Computadores foi se difundindo entre as pessoas e 
empresas, e se tornou tão importante, ao ponto de ser indispensável. Atualmente, ela 
está mais acessível àqueles que querem usufruir dos seus benefícios, visto que, antes 
apenas militares e centros de pesquisas tinham o acesso. Assim, por quase duas 
décadas a apenas o ambiente acadêmico e científico tiveram acesso a ARPANET e 
em 1987, ela foi liberada para o uso comercial nos EUA. O que antes era oferecido 
para o centro de pesquisas e atividades militares, hoje em dia, está acessível as 
pessoas, sem nenhuma restrição ao seu uso. Desde o seu advento, a internet a cada 
tempo, está cada vez mais evoluindo e sendo aperfeiçoada, tantos para fins de 
trabalho, quanto para entretenimento como por exemplo, o uso de sala de bate-papos, 
jogos on-line, email entre outros. 
No Brasil, a internet chegou em 1988 por inciativas das Universidades do Rio 
de Janeiro e São Paulo. Logo adiante, foi estabelecida pelo Ministério da Ciência e 
Tecnologia, a Rede Nacional de Pesquisas (RNP) cujo objetivo era a distribuição de 
acesso de internet no país (BORGES, 2007, p.32). E assim, permitiu que os brasileiros 
desfrutassem da novidade. Em 2007, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), o número de brasileiros que usavam a internet, representava 6,3 
milhões de pessoas em todo o país. Em 2012, esse número cresceu para 25, 7 
milhões e chegou a 36,8 milhões em 2014, ou seja, cerca de 54, 9% dos domicílios 
brasileiros utilizavam a rede mundial de computadores. 
Partindo desses dados, percebe-se o evidente crescimento do uso da rede para 
diversos fins, seja no Brasil ou no mundo, fazendo com que a internet se tornasse 
indispensável até os dias atuais, mesmo para pessoas de baixa renda, cujo o poder 
aquisitivo não pode estabelecer o uso continuo da rede, mas isso é uma realidade que 
cresce a cada dia no país. Na pesquisa do IBGE no ano de 2014, cerca de 94,5 dos 
usuários utilizavam a internet em todos os meios, 80,4% usavam via telefone celular 
ou tablet contra 76, 6 em microcomputador. Além disso, houve o uso mais acentuado 
entre os jovens de 15 a 17 anos, representando 81,8%. Sendo 30% dos 94,5 milhões 
estudantes, em torno de 29 milhões, sendo a maioria de escola pública com o 
18 
 
percentual de 74,3% (27,1 milhões). Com base nesses dados, cabe salientar que a 
internet está presente no dia a dia das pessoas e jovens, transformando vários 
aspectos do cotidiano e a maneira de se comunicar. 
Segundo (CORRÊA, 2013), as novas tecnologias de informação estão 
provocando mudanças nas formas de comunicação do homem atual. De fato, a rede 
mundial de computadores se tornou assim, uma extensão no dia a dia e uma nova 
forma de se comunicar e hoje, está praticamente acessível a todos, inclusive na zona 
rural, pois é comum encontrar provedores de internet em alguns municípios no interior 
de estados brasileiros. Até mesmo as escolas, já estão conectadas a esse mundo 
online através de programas do Ministério da Educação (MEC) que visa oferecer 
internet nas escolas do país. 
Alguns fatos que marcaram a web: 
1. 1971- Ray Tomlinson, um engenheiro informático da empresa BBB 
Technologies, envia o primeiro o email de um computador a outro que estava 
ao seu lado, por meio da rede ARPANET; 
2. 1990- É lançado a “world wide web, ou www” por Berners-Lee – a rede mundial 
de computadores –, é um sistema de documentos que circulam informações 
organizadas em hipertextos, interligados e executados na internet. 
3. 1998- É criado o Google por Sergey Brin e Larry Page, um site de busca que 
ainda é utilizado atualmente. 
4. Década de 2000 - É o período de criação e expansão das redes sociais. Em 
2004 é lançado o Orkut e Facebook e em 2007, o Twitter. 
Em suma, a internet chegou para se firmar como umas das tecnologias mais 
usadas diariamente pela população. Atualmente, qualquer atividade pessoal ou 
profissional pode ser executada através de seus recursos e ferramentas. E a 
comunicação não fica para trás, a internet ao longo de sua evolução, transformou 
também a maneira das pessoas se comunicarem e interagirem. Dessa forma, no 
mundo virtual, a escrita ocupa um lugar de destaque. As redes sociais são 
movimentadas por conversas em que predominam mensagens escritas associada a 
recursos como imagens, fotos, vídeos entre outros. Há a mistura desses e outros 
recursos para dinamizar e caracterizar diferentes tipos de redes sociais e textos que 
circulam pela internet. O resultado disso, foi a criação de uma linguagem própria, com 
a intenção de proporcionar uma comunicação simples, rápida, dinâmica e instantânea 
19 
 
em uma conversa on-line, no qual permite a comunicação com várias pessoas em 
tempo real. 
2.2 Redes sociais 
Com a popularização da internet nos anos 90, outro tipo de comunicação e 
interação começa a ganhar forças nos anos 2000: as redes sociais. Uma rede social 
é um site ou aplicativo que serve para interagir através de compartilhamento de 
conteúdo e envio de mensagens. A primeira rede social teve sua origem em 1995 nos 
Estados Unidos e Canadá, chamada Classmates, foi criada por estudantes da 
faculdade com o objetivo de conectá-los. E desde então, novas redes sociais foram 
criadas, como por exemplo, podemos citar o Facebook, criada em 2004 por 
estudantes da Universidade de Harvard como instrumento de comunicação e 
atualmente, segundo dados da Wikipedia, possui mais de 2 bilhões de usuários. 
Contudo, para (RECUERO, 2009), as redes sociais existem desde que o mundo é 
mundo e o homem se comporta como ser sociável. 
 
Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores 
(pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões 
(interações ou laços sociais). Uma rede assim é uma metáfora para observar 
os padrõesde conexão de um grupo social, a partir de conexões 
estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu 
foco estrutural social, onde não é possível isolar os atores sociais e suas 
conexões (RECUERO, 2009, p. 24). 
 
Conforme citado acima, pode-se dizer que segundo a autora as redes sociais 
na internet, são como uma metáfora. Neste contexto, fica claro que se assemelha a 
realidade não-virtual, ou seja, um tipo de comunidade social. O mais importante é 
constatar que na rede social os atores, que no caso, os usuários das redes sociais 
são representações performáticas dos indivíduos. O autor deixa claro que os "atores" 
atuam na rede de maneira a adaptar as estruturas sociais, isso através da interação 
e da constituição de laços sociais. 
Dessa forma, sabe-se que redes sociais são uma estrutura formada para 
conectar as pessoas de acordo com seus interesses e valores, o que pode acontecer 
no ambiente social, bem como, na internet (onde o conceito se tornou mais 
conhecido). Sendo assim, o escritor e especialista em comunidades virtuais, Howard 
Rheingold afirma: 
20 
 
[...] em geral entende-se que comunidade virtual, é uma rede eletrônica 
autodefinida de comunicações interativas e organizadas ao redor de 
interesses ou fins em comum, embora às vezes a comunicação se torne a 
própria meta. (RHEINGOLD, 1996, p. 18). 
 
Nos últimos anos, com a revolução informacional tecnológica o termo rede 
social ficou caracterizado como a relação e interação entre indivíduos no ambiente 
virtual conforme citado acima. Com a ajuda e o surgimento da internet, as relações 
interpessoais passaram a ter um mais novo espaço, se tornaram também virtuais. 
Conforme afirma Recuero (2009, p. 83) "Rede social é gente, é interação, é troca 
social, é um grupo de pessoas, compreendido através de estrutura, a estrutura da 
rede social". 
Pode se afirmar, que a redes sociais tem grande importância no cenário da 
comunicação, pois permitem uma maior interatividade entre povos distintos. E 
ademais, no que diz respeito a linguagem, por exemplo, houve mudanças, surgindo 
novas formas de se comunicar e a cada dia aumenta mais e mais em números, os 
usuários. Para Recuero, "Nunca se conheceu e interagiu com tantas pessoas 
diferentes, nunca tivemos tantos amigos quanto em nossos perfis nos sites de rede 
social" (RECUERO, 2009, p. 83). 
 
Usar as redes sociais se tornou mais simples, porque para estar dentro delas 
em Smartfones, uma pessoa gasta muito pouco dinheiro, ou seja, é muito 
barato usar o WhatsApp, do que fazer uma ligação via telefone (NEVES, 
2015, p. 54). 
 
De fato, as redes as redes sociais se tornaram muito popular em todas as 
idades e um grande meio comunicacional e interativo. E um dos motivos para esse 
resultado, é fato delas serem formas de comunicação muito baratas, como por 
exemplo, o custo da rede de internet na atualidade, é bem mais barato do que da rede 
de telefonia. Por isso tantas pessoas dão prioridade ao Facebook e Whatsapp ao invés 
de uma ligação telefônica. 
Assim sendo, as redes sociais têm unido pessoas, rompendo barreiras e limites 
geográficos. Uma vez que, os usuários conseguem se comunicar com menos custo, 
conforme explicado acima, e com mais facilidade e por esse motivo, há cada vez mais 
usuários em massa. Ademais, a comunicação se dá com qualquer pessoa ao redor 
do mundo, tornando assim a comunicação mais rápida e dinâmica. E essa rapidez, 
faz com que a linguagem seja também adaptada para o contexto comunicacional. 
 
21 
 
2.3 Ambiente Virtual: espaço com características próprias 
Os internautas ao interagirem na rede mundial de computadores, se apropriam 
de diversas formas, para que haja a comunicação de maneira dinâmica, ou seja, eles 
não utilizam apenas a escrita. Tem além de conversas via áudios, as chamadas de 
vídeo, que é uma ferramenta comunicacional muito utilizada na web, em que os 
usuários se expressam cara a cara virtualmente, olhando em suas respectivas faces, 
como diz Silva (1996, p.16), “Esses ambientes de inovação virtual ganha talento 
próprio e técnica, e seu conteúdo supera os limites – já que os participantes podem 
levá-lo até onde quiserem”. 
A internet possibilitou que os seus usuários se comunicassem de diversas 
formas: individual, em grupo, de maneira instantânea ou simultânea. E para que haja 
essas interações, existem os locais na web onde concentram-se as conversas, como 
redes sociais, blogs, sites dinamicamente organizados com a inclusão de imagens, 
sons e textos verbais. 
No espaço virtual, linguagens interagem, imagens dizem por si só, sem precisar 
de textos explicativo direcionado ao receptor. O entendimento se dá apenas 
visualmente. E para quem quer evitar escrever textos, pode ser utilizado a função de 
envio de áudio, que é gravação de voz assim, evitando escrever a mensagem. 
Contudo, as possiblidades de uso desses recursos não se limitam aos que 
foram apontados acima, na internet sempre há novidades e recursos para deixar uma 
conversa mais dinâmica e cativante. Com interações e conversações em tempo real, 
a web ampliou e evoluiu a comunicação em sociedade. A internet inclusive modificou 
a nossa relação com o tempo, hoje tudo é feito com uma rapidez. Se no passado, uma 
carta demorava dias ou meses para chegar, hoje uma correspondência virtual demora 
alguns segundo apenas para chegar ao destinatário. As informações e notícias que 
eram publicadas em jornais de um dia para outro, hoje se espalham rapidamente 
minutos depois do acontecido, com filmagens, gravações e fotos. 
Na internet existem diferentes formas interessantes de interagir, podendo ser 
via mensagens de voz e textos, ligações, chamadas de vídeos e envio de arquivo 
como músicas, vídeos, fotos ou imagens, rompendo distâncias entre a sociedade e 
tornando a comunicação mais completa e ágil. Em virtude disso, milhares de pessoas 
estão cada vez mais conectadas na rede e aderindo ao uso dos recursos disponíveis, 
fazendo uso do chamado internetês, linguagem que tem características próprias. 
22 
 
No internetês, com a intenção de escrever rapidamente e tornar dinâmica a 
conversa, surgem alguns mecanismos, como escrita usando abreviações, troca de 
letras por aproximação entre fonemas, uso de números e imagens com a intenção de 
passar a mensagem rapidamente, esses atos é um subversão a ideia de escrever 
certo, sendo assim, pontos de partida para estudar a língua em funcionamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
3 O INTERNETÊS CHEGOU AO AMBIENTE ESCOLAR E CAUSOU MUDANÇAS 
A linguagem virtual atualmente, têm sido cada vez mais utilizada por 
adolescentes e jovens, devido a facilidade ao acesso às redes de internet e aos meios 
de comunicação digital como celulares, tablet, ipad, notebook ou computador. Em 
consequência disso, as chamadas salas de bate-papos ou chat online têm atraído um 
grande número de usuários. No entanto, esse linguajar chegou a ambiente 
inadequado ao seu contexto, como é o caso da escola e assim, aos poucos estar 
invadindo as aulas de Língua Portuguesa. Contudo, embora tenha os docentes em 
defesa dessa forma de linguagem, tem também uma aceitação negativa e isso tem 
sido motivo de preocupação por parte de linguistas e educadores. 
Nesse sentido, a grande preocupação dos educadores é que essa forma de 
comunicação escrita virtual, possa tomar de conta das aulas de português e produção 
textual e assim, dificultar a aprendizagem da língua escrita padronizada. E assim, esse 
capitulo, descreve sobre a linguagem da internet e traz algumas reflexões sobre o uso 
da mesma no contexto escolar. 
3.1 Linguagem da internet 
O espaço virtual abriga um público diversificado, que traz consigo diferentes 
culturas, como aponta Mascuschi (2005, p. 31), “[...] a internet não é um ambiente 
virtual homogêneo” logo, infere-se, que ela pode possibilitar uma diversidade no que 
sediz respeito, aos processos comunicativos, o que faz com que esse ambiente gere 
uma nova forma de emprego da língua, dando origem a linguagem própria dele. 
Partindo desse pressuposto, Galli (2010, p. 150), afirma que “[...] o 
desenvolvimento e a utilização da Internet acabaram produzindo, entre seus usuários, 
uma linguagem própria, repleta de termos típicos”, ou seja, cada internauta conectado, 
de alguma forma, acaba compreendendo todo o funcionamento da rede e os seus 
recursos disponíveis. Umas das principais características da linguagem da internet é 
desobediência as regras da norma padrão da língua, tal fato gera discussão e divide 
opiniões sobre o internetês no ambiente escolar. No entanto, para os defensores 
dessa linguagem, ela é apenas, mais tipo de variação da linguagem padronizada no 
espaço digital e é uma forma de “entender o mundo e as coisas de forma interativa” 
(GALLI, 2010, p. 147), visto que o intuito dos interlocutores é a comunicação de 
maneira rápida e interativa. 
24 
 
Denominada de internetês, a linguagem digital é um neologismo derivado da 
palavra internet e o sufixo: ês (internet+ês). É um dialeto utilizado pelos internautas, 
principalmente pelos adolescentes para facilitar, dinamizar e aumentar a velocidade 
da comunicação. Teve sua origem nos anos 90 e era utilizado exclusivamente para o 
IRC (Internet Relay Chat), um protocolo de comunicação, usado para bate-papos e 
troca de arquivos. Adiante, com o lançamento de aparelhos celulares que possuíam a 
função de envio e recebimento de sms ou torpedo, o uso de forúm de internet, blog, 
email, redes sociais etc., essa linguagem passou a ser adotada pelos jovens. 
O uso dessa forma de expressão digital tem aumentado ao longo do tempo, 
conquistando o público principalmente, os mais jovens que passam muito tempo na 
frente do computador/celular em chat, blogs e outros comunicadores instantâneos 
(KOMESU e TENANI, 2015, p. 15). Esse fenômeno, como foi citado anteriormente, 
além da fuga as normas gramaticais da língua, caracteriza-se com uso de linguagem 
verbal e não verbal, formal e informal, além de ser uma comunicação mais espontânea 
semelhante a uma conversa face a face, o que proporciona uma maior interação entre 
os usuários. E também, apresentam algumas particularidades como, abreviações das 
palavras, combinações de imagens, sons e textos, eliminação ou acréscimos de 
vogais/consoantes e o uso de letras em caixa alta, com a finalidade de simular o 
aumento no tom de voz. 
 
Nessa nova forma de comunicação, os internautas utilizam uma gama 
enorme de recursos da própria linguagem escrita, obtendo um resultado 
bastante satisfatório e comunicativo. Além disso, eles, nas conversações em 
tempo real, não dispõem de tempo para fazer um planejamento prévio de seu 
discurso. Assim, a troca de mensagens tem de ser rápida, sem perda de 
tempo, fazendo com que eles tenham que criar abreviações, símbolos e 
sinais que tornem mais rápida a comunicação (FRUET, WINCH, et al., 2009, 
p. 104). 
 
Como evidencia as autoras, na linguagem cibernética os internautas utilizam 
uma diversidade de recursos e formas para tornar a comunicação virtual mais 
satisfatória e com uma aparência de uma conversa oral, tendo em vista a rapidez e a 
simplificação de alguns termos. Vale ressaltar, que o internetês surgiu devido aos 
avanços tecnológicos da internet/informática e isso fez com que os seus usuários 
criassem uma nova linguagem com base na nossa língua padrão. 
Como já foi dito anteriormente, o propósito da linguagem da internet é facilitar 
a digitação, proporcionando a agilidade com a simplificação das expressões e termos. 
E para esse fim, é necessário a utilização desses recursos linguísticos. 
25 
 
Observemos na tabela abaixo, alguns exemplos desses recursos que mostram 
a língua em uso nas redes sociais. 
 
Tabela 1 – Exemplos de abreviações 
Exemplos de abreviações 
Vc Você 
Mb Meu bem 
Bj Beijo 
Tbm Também 
Kd Cadê 
Pq Porque 
Add Adicionar 
Agr Agora 
Ctz Certeza 
Vdd Verdade 
Blz Beleza 
Hj Hoje 
Cmg Comigo 
Obg Obrigado 
Gnt Gente 
Mt Muito 
Td Tudo 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) 
 
Essas abreviações no exemplo acima, são as grafias usadas para representar 
certas palavras, nelas pode-se perceber a preferência pelo uso das consoantes e a 
eliminação de algumas vogais na maioria dos termos. Segundo as autoras Komesu e 
Tenani (2015, p. 35) essas são os tipos de abreviaturas, encontradas com frequência 
nas conversas em chats on-line “as abreviaturas formadas essencialmente pela 
omissão de, ao menos, uma vogal que ocupa o núcleo de uma das sílabas que 
compõem o vocábulo abreviado”. Essa é uma característica primordial do internetês 
em abreviações, que pode ser considerada uma linguagem que procura “extrair o 
essencial de cada palavra, descartar o supérfluo e, inevitavelmente, ceder à tentação 
26 
 
dos apelos fonéticos” (FRUET, WINCH, et al., 2009, p. 103). Isso resulta em uma 
economia nas expressões linguísticas empregadas na rede e assim, permitindo a 
rapidez na digitação. 
Além de omitir certas letras, outra característica da língua virtual é o uso de 
termos que de certo modo, indicam um tipo de onomatopeia, tal como o “hahaha” e o 
“kkkkkk” utilizado para produzir efeitos de risos ou sorrisos próximo da realidade, como 
se estivessem conversando pessoalmente, diante da pessoa. E para obter um som 
mais agudo em uma determinada palavra, é comum acrescentar a letra “h” em uma 
palavra monossílaba como, por exemplo as palavras “bah”, “eh” e “tah”, e lembrando 
que a letra “h” nesse contexto, substitui o acento grave. Ademais, outra forma de 
dinamizar as conversas no meio digital é o uso dos emoticons, que são formados 
através da junção de caracteres que formam um desenho, indicando significados 
compreensíveis ao interlocutor que não vê a imagem apenas com letras e símbolos. 
Observemos os exemplos: 
 
Tabela 2 - Emoticons 
Emoticons Significado 
:-) (-: :) =) :o) Sorriso 
:- D Muito feliz (ou sorrindo muito) 
<3 Coração 
:-( (:-( :-c :-< :-(((( :-t :-/ Triste ou indiferente 
:-[ : -I Sem expressão ou entediado 
:-O :- @ Gritando 
8-] 8-) B-) De óculos 
:-J :- p Mostrando a língua 
@->- Rosa 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) 
 
Ao longo do tempo, com o processo evolutivo das tecnologias, esses recursos, 
chamados de caracteres perderam espaço para as imagens prontas chamadas de 
emojis, um tipo de desenho ou bonequinhos que transmitem uma ideia completa, ou 
seja, explicitando o que querem representar. Esses emojis, tem como finalidade 
expressar determinadas palavras e sentimentos e assim, o internauta não necessita 
escrever frases ou palavras, apenas com símbolos, o usuário pode transmitir uma a 
27 
 
ideia ou sentimento. Por exemplo, se no meio de um diálogo um dos interlocutores 
envia um emoji, que expressa visualmente uma pessoa triste ou chorando ( ), o 
receptor entenderá que o interlocutor se encontra num estado de tristeza e choro. 
Existem inúmeros símbolos de emojis para simplificar conversas nos ambientes 
virtuais. 
Tabela 3 - Emojis 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021) 
 
Como podemos perceber na tabela acima, os emojis são símbolos que 
representam uma ideia, palavra ou expressão dentre outras e têm a intenção de tornar 
o diálogo, semelhante a uma situação concreta, como se as pessoas tivessem em um 
mesmo ambiente, olhando uma para a outra. 
 
Em uma comunicação real, vários recursos não verbais são utilizados 
consciente e inconscientemente para auxiliar na transmissão da mensagem. 
A gesticulação, o tom de voz, o olhar, a expressão facial, linguagem corporal, 
entre outros, são fundamentais para uma melhor compreensão da 
mensagem. Em uma comunicação à distância, porém, esses elementos são 
perdidos, sendo necessária assim uma ferramenta para suprir essa função. 
Devido a suas característicasjá vistas anteriormente, os emojis e emoticons 
passaram a ser utilizados para desempenhar esse papel, servindo como 
suporte de comunicação para as mensagens (LIMA, 2016, p. 29). 
 
 Portanto, na afirmação da autora, podemos perceber que em uma conversa 
real, os falantes usam diversos recursos para melhor compreensão da mensagem. 
Emojis Significado 
 
Sorrindo muito 
 
Apaixonado (ou encantado) 
 
Sono 
 
Delicia 
 
Pensando 
 
Grávida 
 
Coração partido 
28 
 
Com o surgimento desse novo meio de comunicação, para que o diálogo não se 
tornasse algo fragmentado ou desinteressante e fosse vista como uma conversa real, 
houve a necessidade de criar elementos substituintes da dinamicidade de uma 
conversa oral, como os emoticons e emojis e outros recursos já mencionados, que 
possuem um papel essencial no meio virtual e exercem a função que antes só era 
possível em uma conversa face a face. 
3.2 Internetês: uma variante linguística 
Conforme o tempo passa e o espaço se modifica, a língua e o desenvolvimento 
de novas formas de comunicação vão se transformando, inovando e continuarão 
presentes ao homem e isso faz com que ele seja diferente dentre os seres vivos. O 
internetês é uma linguagem, considerada uma variante da Língua Portuguesa, surgida 
no meio digital devidos aos avanços tecnológicos. 
Para TARALLO (2000) variantes linguísticas, são as diversas formas de se falar 
algo em um contexto e com o mesmo valor de verdade, havendo entendimento. Nesse 
sentido, as variações linguísticas agrupam todas as variantes da língua que foram 
criadas pelos homens e também, as que são reinventadas cotidianamente. O 
internetês é um fenômeno atual, sobretudo entre os jovens e para entendermos o que 
acontece com a língua nas mãos desses jovens no ambiente virtual, vamos agora 
percorrer um pouco da Sociolinguística. Essa subárea da Linguística: 
 
[...] estuda a língua em uso no seio das comunidades de fala, voltando a 
atenção para um tipo de investigação que correlaciona aspectos linguísticos 
e sociais. Esta ciência se faz presente num espaço interdisciplinar, na 
fronteira entre língua e sociedade, focalizando precipuamente os empregos 
linguísticos concretos, em especial os de caráter heterogêneo (MOLLICA e 
BRAGA, 2003, p. 9). 
 
Se o sistema linguístico serve a uma comunidade heterogênea e plural, ele 
deve ser também heterogêneo e plural para conseguir cumprir as suas funções. 
Heterogêneo nesse contexto, significa terem as línguas um dinamismo inerente, com 
variações e mudanças. A variação ocorre em todas as línguas e pressupõe a 
existência de formas linguísticas alternativas. Como exemplo, Mollica (2003, p.11) 
informa que a concordância verbal é uma variável linguística podendo ser realizada 
por duas variantes: a marca de concordância do verbo ou a ausência dessa marca. 
29 
 
O linguagem da internet, muitas vezes reproduzida por símbolos, apresenta 
características da fala coloquial, é um tipo de comunicação imediata com o 
interlocutor, com aspectos da oralidade, a mensagem é mais importante do que a 
forma e por isso foge as regras da norma gramatical, usam-se de gírias, neologismos, 
ditado populares, abreviações etc. É uma linguagem dotada de espontaneidade e 
contextualizada a um momento virtual, o que a torna mais próxima da fala do que da 
escrita. A linguagem oral no contexto da internet é mais enfática, possibilitando maior 
pessoalidade e consequentemente, facilitando a interação. A língua pode apresentar 
inúmeras variações, assim, membro de um mesmo grupo ou comunidade realizarão 
a comunicação, tal qual, um internauta entende o que outro quer dizer. 
Por se fazer o uso constante da linguagem para efetivar a comunicação do meio 
que está inserido, o homem convive com um contexto de diversidades linguísticas que 
podem ocorrer por regiões geográficas ou diatópica (local onde é desenvolvida), 
histórica ou diacrônica (ocorre com o desenvolvimento da história), variação social ou 
diastrática (grupos ou classe sociais envolvidos), e variação situacional ou diafásica ( 
ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações formais ou informais). Nesse 
sentido, a linguagem da internet ocorre entre um grupo de pessoas, ou seja, os jovens 
internautas. Ainda nessa linha de pensamento, o professor e linguista Bisognin 
afirma: 
Pelo o que aparentemente se pode observar na linguagem dos jovens, há 
apenas variações típicas da faixa etária ou características de usuários de 
Internet, sendo o mesmo código utilizado em todo o país. Seria, portando, 
variação diastrática a que caracteriza o internetês. (BISOGNIN, 2009, p. 35-
36). 
 
Conforme o autor afirma acima, a linguagem da internet é considerada uma 
variante diastrática, por se tratar de uma linguagem pertencente a um determinado 
grupo ou classe de pessoas envolvidas. É o tipo de variante que surge, através da 
convivência entre os grupos sociais, no caso, os jovens internautas, convivem de 
forma virtualmente e com o uso das tecnologias. 
Ainda segundo o autor, (BISOGNIN, 2009, p. 148) “O internetês é um dialeto 
diastrático, uma variação diastrática ou sociocultural, um socioleto, usado por grupos 
de falantes em diferentes locais, não se atendo a um limite físico-geográfico.” 
Portanto, podemos considerar o internetês como uma variante ou dialeto usado por 
jovens na rede mundial de computadores, que não deixa de ser um espaço restrito e 
que está inserido numa comunidade maior de usuários de mesma língua. 
30 
 
3.3 O internetês na aula de Língua Portuguesa 
 
O surgimento e a evolução das novas tecnologias influenciaram de forma 
significativa a linguagem, seja de ela de forma escrita ou oral, revolucionando as novas 
formas de comunicação surgindo assim, outros termos e expressões que melhoraram 
e agilizaram a comunicação. Conforme afirma Xavier (2011), o internetês já está 
presente no cotidiano escolar e tem sido algo discutido entre profissionais da 
educação, principalmente entre os professores de Língua Portuguesa. 
As características citadas em relação ao internetês, geram inquietações nos 
profissionais da educação e isso faz com que desconsiderem qualquer possiblidade 
de uso dessa linguagem pelos alunos no ambiente escolar. Ainda segundo Xavier 
(2011) muitos a consideram como “uma ameaça ao bom português”, então é 
pensando nessa e outras visões, que este trabalho, faz algumas reflexões sobre essa 
linguagem virtual no ensino da Língua Portuguesa. Essa prática letrada, “o internetês, 
é considerada heterogênea, pois é formada por diferentes recursos linguísticos, 
discursivos e comunicativos assim como outras práticas letradas que estão na base 
de outras interações sociais” (KOMESU e TENANI, 2015, p.8). Contudo, é perceptível 
que tudo que é novidade faz com que as pessoas fiquem receosas e isso ocorre 
divergências de ideias. 
Sendo uns a favor e outros contras, os professores que veem essa linguagem 
de maneira positiva acreditam que esse dialeto pode ser um recurso produtivo nas 
aulas de Língua Portuguesa, 
 
Com as devidas ressalvas e cuidado coma adequação linguística, o 
internetês pode ser considerado como uma evolução em nosso sistema 
linguístico e não deve ser visto como uma ameaça. Não podemos associar 
mudança na língua com degeneração, declínio ou decadência; mas sim como 
um processo natural resultante de uma série de fatores sociais (FRUET, 
WINCH, et al., 2009, p. 108). 
 
Partindo dessa concepção, de que o internetês é um fenômeno que mostra a 
heterogeneidade da língua e não uma prática destruidora do Português, é que surge 
a ideia de refletir e explorar nessa linguagem, aquilo que é importante para 
proporcionar aulas mais dinâmicas, ricas e interativas, pois dessa forma, estaríamos 
nos apropriando da realidade vivida pelo aluno. Cabe evidenciar que o professor de 
Língua Portuguesa deve ter o domínio de diferentes linguagens existentes para que 
assim, possa tratarde maneira proveitosa o internetês para que não haja mal-
31 
 
entendido no uso da linguagem e suas variantes por parte dos alunos, e que fique 
claro para eles, como e onde deverá ser utilizada os diferentes tipos de linguagens, 
em especial o internetês. Como aponta Silva, 
 
[..] há necessidade de que os docentes tomem consciência e aprendam a 
trabalhar com esta realidade, com devidos cuidados, para que os alunos, 
ainda que navegando na rede, não sejam prejudicados na aprendizagem da 
língua materna e aprendam a ter senso crítico ao escrever (SILVA, 2014, p. 
98). 
 
Nesse sentido, ideia é que a linguagem virtual seja utilizada para fins didáticos, 
com a intenção de ampliar a competência dos alunos que estão imersos ao mundo 
tecnológico e que precisam compreender os diferentes modos de dizer considerando 
os interlocutores e contextos. O internetês não está somente nas redes sociais, ele 
circula, a questão está em como ele é visto na escola. Deste modo, Komesu e Tenani 
afirmam: 
Defendemos, assim, que o internetês não fique apenas na internet, mas que 
seja objeto de estudo que permita ao professor e ao aluno refletir sobre 
práticas orais/faladas e letradas/escritas diversas, particularmente, aquelas 
relacionadas ao chamado mundo digital. Se o aluno tem contato direto ou 
indireto, dentro e fora da instituição escolar, com essas práticas diversas, por 
que não pensar sua produtividade de forma sistematizada, orientada pelo 
professor e pela escola? Aluno, professor, instituição, sociedade, de forma 
geral, só tem a ganhar em termos de conhecimentos de língua e de relação 
com o outro, por meio do estudo analítico de diferentes textos, incluídos 
aqueles que são de interesse do próprio aluno (KOMESU e TENANI, 2015, 
p. 25-26). 
 
Conforme a opinião exposta acima, as autoras deixam claro, que seria 
importante que o professor, aluno, instituição de ensino como um todo, venham refletir 
sobre o uso dessa linguagem, como objeto de estudo já que os alunos estão incluídos 
nessa realidade, direto ou indiretamente. Que ao invés de abolir esse linguajar, é 
necessário usá-la como recurso metodológico e que os docentes saibam conduzir da 
melhor forma possível essa linguagem virtual afim, de proporcionar melhor 
produtividade e conhecimentos e assim, tornar as aulas interativas fugindo um pouco 
do tradicionalismo. 
Ao lado dos profissionais da educação que concordam com o internetês na sala 
de aula, estão aqueles que discordam e que são contra o uso desses novos gêneros 
no ensino. Silva (2014, p.99) declara que “Há estudiosos que acreditam que essa 
invasão pode prejudicar o desempenho dos estudantes e contribuir para o 
empobrecimento da língua” ou seja, o internetês provoca divergências entre os 
docentes. Como afirma o autor, há estudiosos que consideram essa linguagem como 
32 
 
prejudicial no ensino da Língua Portuguesa e pode interferir ou influenciar no 
aprendizado da mesma. O que provavelmente provoca esse pensamento contrário, é 
o fato de os alunos usarem de maneira demasiada a linguagem virtual em detrimento 
a escrita padrão. Nas palavras do autor, “Não é raro encontrarmos, nas produções 
textuais realizadas por alunos em salas de aulas, interferências causadas por vícios 
de escrita comum nas redes sociais” (SILVA, 2014 p. 45-46) 
Nessa mesma perspectiva, a professora e especialista em português Wilma 
Ramos afirma: 
Os jovens criaram uma linguagem paralela que mata o padrão da língua 
portuguesa com abreviatura que nunca existiram. Parecem que não há limites 
para tantos erros de ortografia, regência e concordância. A preocupação que 
nós temos é que essa linguagem motivada pela pressa, que é inimiga da 
perfeição, se transforme numa realidade. O uso do internetês pode prejudicar 
o futuro profissional e a vida acadêmica (RAMOS, 2013, S.P). 
 
Para a autora, os jovens criaram uma linguagem que “mata o Português 
padrão”, em outras palavras, prejudica o ensino da língua padronizada e pode 
acarretar prejuízos não somente na vida escolar, como também no futuro, ou seja, na 
vida profissional e acadêmica do aluno. 
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Brito (2013, p. 34) evidencia em 
seu trabalho: 
[...] pesquisadores consideram que o internetês afetaria negativamente o 
ensino do Português. Essa segunda visão fundamenta-se na ideia de que a 
aprendizagem do código escrito é condicionada a memória visual e a 
existência de grafias diferentes provocaria a dúvida nos escreventes mais 
jovens e consequentes “vícios” ortográficos. Além disso, [...] em virtude do 
uso constante desse tipo de grafia em sites, redes sociais e bate-papos, os 
adolescentes empregam o internetês nas produções textuais escritas no 
âmbito escolar (BRITO, 2013 p. 34). 
 
O autor informa a possibilidade do aluno, durante o aprendizado, ao relacionar 
a língua padronizada e a linguagem da internet, poderá se confundir quanto ao uso 
das escritas e consequentemente, usar as duas formas, por exemplo, em um 
momento que necessita a exigência da língua padrão no ambiente escolar. Todavia, 
é necessário ter em mente que o aluno convive em sociedade e com esses recursos 
tecnológicos, e tudo que acontece nele está ligado direta ou indiretamente à escola. 
Além disso, isso poderá acontecer sendo também, uma oportunidade para 
conscientizar e explicar a questão do contexto da linguagem da internet. 
A linguagem virtual faz parte da realidade de muitos estudantes, que vivem 
conectados e em consequência disso, levam esse tipo de linguagem para o contexto 
escolar, dessa forma, para que não ocorra divergências nas mentes desses alunos 
33 
 
sobre o uso de diferentes linguagens. É necessário que os professores trabalhem as 
variações existentes, considerando a realidade desses estudantes, ajudando-os a 
aprimorar os conhecimentos, através daquilo que já conhecem e gostam, tornando o 
aprendizado mais produtivo. Essa concepção, estar de acordo com o que defendem 
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa, como podemos 
ver no trecho: 
O estudo da variação cumpre papel fundamental na formação da consciência 
linguística e no desenvolvimento da competência discursiva do aluno, 
devendo estar sistematicamente presentes nas atividades de Língua 
Portuguesa (BRASIL, 1997, p.82). 
 
Como foi bem salientado acima, os PCN propõem que sejam trabalhados na 
aula de Língua Portuguesa, as variações linguísticas nas atividades porque possibilita 
que os alunos tenham conhecimento e a consciência em sobre a língua em uso e não 
fique confuso, sobre o que é certo ou errado, ao invés disso, ele terá a consciência de 
que a língua pode variar e precisamos saber usá-la em diferentes contextos. 
O debate até aqui teve como intuito apresentar elementos teóricos ou opiniões 
de especialistas para fundamentar a nossa argumentação sobre o internetês e o 
ensino da Língua Portuguesa. O capítulo seguinte mostramos o percurso 
metodológico que seguimos para coletar dados para a análise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 Esta pesquisa incluíram os aspectos quantitativo e qualitativo, para que se 
possa identificar se o internetês interfere na língua escrita, em consequência, 
prejudicando o ensino da Língua Portuguesa na escola. Dessa forma, tratando-se de 
uma pesquisa de campo, aquela que visa coletar dados em campo e analisá-los. 
A pesquisa de campo é caracterizada por investigações que, somadas às 
pesquisas bibliográficas e/ou documentais, se realiza coleta de dados junto 
às pessoas, ou grupos de pessoas, com o recurso de diferentes tipos de 
pesquisa (TUMELERO, 2018 S.P). 
 
Considerando que a pesquisa campo, visa investigar algo somado as 
pesquisas bibliográficas, este trabalho além de pesquisas em livros, artigos, teses e 
etc, visou aplicar questionários para alunos e professores e analisar textos coletados 
dos alunos de uma escola pública municipal. 
Dessa forma, para a coletade dados foi selecionada as turmas de 7º e 8º ano 
do ensino fundamental, da escola Unidade Integrada São Pio X, na Rua Duque de 
Caxias, centro, Colinas-Ma, essa seleção aconteceu a partir de minha experiência de 
estágio obrigatório, realizado na referida escola. Durante o estágio, procurei observar 
se os alunos utilizavam o internetês em sala de aula. Nesse sentido, a proposta da 
pesquisa é verificar se eles utilizam o internetês no ambiente escolar, ou seja, se esta 
linguagem virtual interfere ou influencia na escrita dos mesmos. Ademais, para os 
professores foram aplicado o questionário com perguntas fechada para complementar 
a pesquisa. 
Partindo da ideia, de que as tecnologias estão presente na vida cotidiana dos 
alunos e que eles têm contato com as redes sociais e demais aplicativos ou sites na 
internet no dia a dia, o internetês se faz presente em seu meio. Dessa forma, para 
coletar dados da pesquisa, foi realizada uma aula em ambas as turmas. 
A aula foi iniciada com um diálogo com os seguintes questionamentos: Vocês 
têm acesso a internet? Sabem o que é linguagem? E linguagem formal e informal? 
Vocês sabem o que é internetês? Após os questionamentos, eles se manifestaram de 
diferentes maneiras, cerca de um ou dois alunos de cada sala, falaram que não tinham 
acesso à internet e todos disseram que não sabiam o que o era o internetês, embora 
utilizassem a linguagem virtual. Logo adiante, expliquei a eles sobre o conteúdo e o 
processo do questionário, que constituía em responder perguntas sobre a linguagem 
da internet e logo após, eles iriam produzir um texto com base em suas respostas e 
35 
 
para complementar, pedi-lhes que iniciassem explicando a importância da internet. É 
importante ressaltar, que foi realizada a pesquisa com 15 alunos do 7º ano e 16 do 8º 
ano no turno matutino. E a escola possui cerca de 200 alunos nesse turno, das séries 
de 6º ao 9º ano. 
Por conseguinte, foi aplicado o questionário com os docentes de Língua 
portuguesa de diferentes escolas, que consistiam em perguntas fechadas sobre a 
linguagem virtual em sala de aula, com intuito de identificar a visão dos professores. 
Devido a pandemia, foi usado a plataforma Googles Forms. No total, 18 professores 
responderam à pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
5 ANÁLISE E DISCUSSÕES DE DADOS 
 
 O trabalho aqui desenvolvido, tem como objetivo identificar se o internetês 
interfere ou influencia na escrita dos estudantes, visto que alguns profissionais de 
educação são contra esse linguajar, com a ideia de que esse tipo de linguagem 
prejudica o ensino da Língua Portuguesa. Para isso, foi desenvolvida inicialmente, 
uma atividade em sala de aula, na escola Unidade Integrada São Pio X, com os alunos 
do 7º e 8º do ensino fundamental. Como resultado, infere-se que eles compreendem 
que no ambiente escolar, não deve ser utilizado a linguagem da internet, embora 
alguns afirmaram que já utilizou alguma vez, por causa de estarem acostumado a 
utilizar de forma demasiada às redes sociais. 
Conforme as respostas do questionário, dos 31 alunos das duas turmas, 24 
responderam que o internetês não interferem em sua escrita no ambiente escolar, 
enquanto 7 alunos, falaram que o internetês interfere inclusive, já usaram sem 
perceber devido já estarem acostumados aos chats online. Ademais, é importante 
destacar que dentre os alunos, apenas dois responderam que não utilizam nenhum 
tipo de rede social. Dessa forma, constata-se que as redes sociais fazem parte do 
cotidiano ou do dia a dia, da maior parte dos estudantes. 
Após responderem o questionário, foi produzido os textos baseados nas 
respostas e no título “A importância da internet”. Desses escritos feitos pelos 
estudantes, constatamos uma simplicidade na linguagem, os erros ortográficos como 
podemos observar na figura abaixo: 
Figura 1 
Fonte: Texto produzido pela aluna Helana, 7º ano. 
37 
 
Figura 2 
 
Fonte: Texto produzido pelo aluno Luís Felipe, 7º ano 
 
Ao lermos, podemos perceber alguns erros ortográficos em algumas palavras 
como “existise” ao invés de existisse, falta de concordância entre pessoa/verbo. Além 
disso, tem palavras escritas da mesma forma na qual, é falada (linguagem coloquial) 
como por exemplo, a silaba tá (estar) que inclusive, é também utilizada na linguagem 
virtual. Nota-se também, a junção do artigo formando outra palavra (agente) e 
identifica- se, a falta de coerência entre as ideias. 
Vejamos os próximos textos abaixo: 
Figura 3 
Fonte: Texto produzido pela a aluna Layne, 7º ano 
38 
 
Figura 4 
 
Fonte: Texto produzido pela a aluna Antônia Lara, 8º ano 
 
Visualizando os textos dos alunos, percebe-se que os erros ortográficos e 
gramaticais se repetem em ambos os textos e também, a falta de pontuação, bem 
como, incoerência entre as ideias. Nesse sentido, embora os alunos afirmarem que o 
internetês não interfere em suas escritas, eles possuem dificuldade em produzir um 
texto formal respeitando as regras gramaticais. Veja: 
Figura 5 
 
Fonte: Texto produzido pelo o aluno Wesly, 7º ano 
 
 
 
39 
 
Figura 6 
Fonte: texto produzido pela a aluna Suellen, 8º ano 
 
Observando essas produções dos estudantes, infere-se afirmar que as 
abreviações usadas no internetês, não estão presente nos textos produzidos em sala 
de aula, exceto quando citam em exemplos. No entanto, ressalta-se que no momento 
de produzir textos em sala de aula, como foi mencionado anteriormente, faltou 
coerência nas ideias, houve ortografia incorreta das palavras, falta de concordância 
verbal e nominal. Os textos que mais apresentaram erros gramaticais e ortográficos 
segundo a norma culta da língua padronizada, foram dos estudantes do 7º ano. 
Por conseguinte, aplicou-se o questionário com os professores de Língua 
Portuguesa do ensino médio e fundamental da rede pública de ensino. Como 
resultado, cabe evidenciar que segundo a opinião dos mesmos, o internetês influência 
na escrita dos alunos em sala de aula. Dos 18 entrevistados, 13 responderam que o 
internetês interfere nas produções textuais em sala de aula e assim, prejudicando o 
ensino da Língua Portuguesa, no entanto, isso acontece se o aluno utilizar em excesso 
a linguagem virtual. Ademais, dentre os 18 docentes 15 afirmaram que já 
presenciaram, algum estudante utilizando a escrita virtual em produções de textos. 
 
 
 
 
40 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O intuito de realizar este trabalho, foi colocar em debate o internetês e o ensino 
da Língua Portuguesa. O internetês está presente na vida de um modo geral, no 
cotidiano das pessoas, em especial, dos jovens e não se pode negar a existência 
dessa linguagem virtual e nem trata-la como um mal, afinal a língua está em constante 
mudança e isso é natural, o que não se deve é invalidar a necessidade do uso da 
língua padronizada. 
Como se analisou, os alunos entendem que a linguagem da internet deve ficar 
limitada ao ambiente virtual, e que na escola deve-se usar e é predominante a norma 
padrão. No entanto, notou-se que os alunos por passarem muito tempo nesse tipo de 
ambiente, tendo contato de maneira excessiva com essa nova forma de escrita e ter 
menos contato com textos na linguagem padrão e demais gêneros textuais, estes 
usuários/estudantes estão tendo dificuldades para produzirem seus textos no contexto 
escolar. Esse é um problema crescente, porque esses alunos não têm o habito de 
leitura para além da escola. 
Nesse sentido, os professores devem usar a criatividade, se aliando ao uso 
desses novos gêneros digitais de maneira inteligente, estimulando a pratica de leituras 
e escritas de seus alunos, inclusive, o letramento digital deveria utilizar as ferramentas 
de comunicação da internet como apoio metodológico. E além disso, é ideal que o 
vocabulário formal seja incentivado nas salas de aulas, afinal haverá determinado 
contexto em que o aluno precisará utilizá-lo.E importante também, que os professores 
orientem seus alunos acerca da linguagem do internetês, ensinando-os ou alertá-los 
sobre a diferença de linguagem da internet e linguagem tradicional, ressaltando que 
cabe a nós usuários, fazer as devidas adequações no que se refere ao uso de cada 
linguagem e sua intenção comunicativa. 
Nessa perspectiva, em relação as variações linguísticas, temos como papel, 
sendo professores de Língua Portuguesa conscientizar os alunos, de como deve ser 
utilizado as diferentes linguagens e fazer com que conheçam as diferentes variações 
existentes na Língua Portuguesa, afim de que sejam capazes de identificar em que 
contexto utilizar, como e com quem. 
 
 
41 
 
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