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DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE LODO E DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO PROCESSO DE GALVANOPLASTIA DE ZINCO ALCALINO CIANÍDRICO. ESTUDO DE CASO EM EMPRESA INSTALADA NO MUNICÍPIO DE PANAMBI/RS. ALMEIDA, Alfeu Jamur Lopes de*. LOPES, Rafael Ferreira**. RESUMO Os resíduos na indústria de galvanoplastia ainda são um grande problema, pois contém alto nível de metal pesado, tais como: Zinco, Cianeto, Ácido, Ferro e Cromo tornando-os totalmente perigosos. O custo para reciclar o lodo galvânico ainda é muito alto e por esse motivo ele é enviado para aterro industrial credenciado, ficando como agente passivo da empresa. Os produtos químicos são altamente perigosos e contaminantes, sendo assim são necessárias licenças de vários órgãos inclusive Polícia Federal e Comando do Exército. O processo de galvanoplastia de Zinco Alcalino Cianídrico é muito simples de ser manuseado pelos colaboradores e de alta resistência como película de revestimento em metais como ferro e aço, sendo aplicado principalmente, no setor agro-indústria e metal-mecânica. O objetivo deste estudo é relacionar a teoria com à prática com a aplicação em uma galvânica. A metodologia utilizada é instrumentada pela coleta de dados através de pesquisa bibliográfica, visita à empresa e análise das licenças ambientais. Palavras-chave: Galvanização. Lodo Galvânico. Efluentes. Meio Ambiente. Licenciamento Ambiental. 1. INTRODUÇÃO O processo de desenvolvimento impõe aos diferentes setores da economia uma revisão de seus princípios a fim de buscarem maior competividade no mercado. A partir deste princípio, a redução de custos associada à preservação ambiental, vem impondo condições para a sobrevivência financeira do empreendimento. Através do processo produtivo da indústria galvânica, o impacto ambiental é caracterizado pelo excessivo consumo de água e de energia, além da geração de emissões atmosféricas, pelos descartes de banhos com grandes quantidades de metais pesados, devem ser repensados para a adequação do novo contexto. * Licenciado em Química – Universidade do Estado do Amazonas (aluno) ** Gestor Ambiental – Faculdades Integradas Simões (orientador) 2 A alternativa de minimização do impacto ambiental voltada ao tratamento dos efluentes líquidos contaminados por metais pesados, bem como à disposição final de resíduos sólidos oriundos deste tratamento não são suficientes na otimização necessária ao mercado competitivo. As indústrias muitas vezes se obrigam a buscar outras alternativas, uma vez que o custo do tratamento de efluentes contaminados é elevado. Vale dizer que o custo do projeto constitui-se de instalações para o tratamento, amortização de equipamentos e profissional técnico responsável para a operação do sistema de tratamento, custo de produtos químicos galvânicos, resíduo sólido classificado como perigoso gerado no tratamento das águas contaminadas, o custo decorrente do desperdício da matéria-prima e dos metais presentes na composição básica dos banhos, o custo com monitoramento de passivos ambientais gerados, além da responsabilização por todo e qualquer dano ambiental decorrente da falta de controle operacional. A região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul se destaca no cenário industrial por abranger o Polo Metalmecânico. Concentrando, assim, empresas de diversos setores e atividades que possuem galvanização em seus processos. Destacam-se as galvanizações: eletrolítica ácida e alcalina, de cromo, entre outras. Neste estudo trataremos apenas da galvanização eletrolítica de zinco alcalina. A maioria das empresas galvânicas no Estado do Rio Grande do Sul são altamente poluidoras, pois dentre suas matérias-primas estão a água, a energia elétrica, produtos químicos. Da manipulação desses ingredientes, surgem os gases tóxicos, lodo contaminado, efluentes, EPIS (luvas, máscaras, protetores auriculares, uniformes, óculos, aventais e botas), embalagens contaminadas. Tudo isso tem um custo financeiro, social e ambiental. Devido à alta agressividade das névoas ácidas ou alcalinas e à alta emissão, devem ser adotados três recursos para prevenir a poluiçao: Eficiente exaustão; O uso de agente tensoativo; O uso de respiradores adequados.(GALVANOPLASTIA,1995, p.18.13) Justifica-se a importância deste estudo para possibiltar uma análise mais aprofundada a respeito da responsabilidade social e ambiental e do custo financeiro para manter uma empresa de galvanização eletrolítica respeitando a legislação vigente. 3 E qual a sua importância na geração de riquezas e trabalho, pelo fato de ser uma atividade com grande potencial para severos impactos ambientais. Por se tratar de atividades cujos processos se baseiam totalmente em reações químicas dirigidas, o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 – Consolidação das Leis do Trabalho – em seu artigo 335, prevê a obrigatoriedade da admissão de químico habilitado e registrado. (GALVANOTÉCNICA, 2000, p 8). Este artigo tem por objetivo observar a geração de lodo e dos resíduos sólidos no processo de galvanoplastia de Zinco Alcalino Cianídrico na Empresa Galvanotécnica Anduri Ltda, visando propor sua minimização. Bem como, identificar medidas de mitigação dos resíduos sólidos no processo de galvanoplastia de Zinco Alcalino Cianídrico, e por fim análisar os diversos processos de galvanoplastias através de referências bibliográficas. 2. O MEIO AMBIENTE A Terra está passando por um acelerado processo de aquecimento global. Esses gases impedem a dissipação do calor, atuando como um cobertor em escala planetária. O principal responsável pelo incremento do efeito estufa é o CO2 (dióxido de carbono) produzido na queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural). Também houve aumento da emissão de óxidos de nitrogênio. Além disso, o desflorestamento reduz a capacidade de retirar o dióxido de carbono do ar. Esses fatores causam um gradativo aumento da temperatura média da Terra, o que favorece o fenômeno do aquecimento global. Entre outros problemas associados enumeram-se a desertificação, as secas, as inundações e a destruição de ecossistemas. Observam-se mudanças na distribuição mundial das precipitações: há regiões em que está chovendo mais; outras, ao contrário, sofrem com a estiagem. Entre outros efeitos, o fenômeno gera uma redistribuição da fauna e da flora, além da modificação dos ecossistemas e das atividades humanas. De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utlilizada como razão para postergar medidas eficientes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS, 2008) Estima-se que a temperatura média global aumentou 0,6°C entre o final 4 do século XIX e o ano 2000. A produção de resíduos representa um problema desde que o homem abandonou a vida nômade e tornou-se sedentário. Diariamente, milhões de toneladas de lixo são lançadas no ambiente, colocando em risco o equilíbrio da natureza e a qualidade de vida do homem. A prática de depositar resíduos ao ar livre, isto é, lançá-los em cursos d’água, descartá-los em terrenos baldios, bem como usar o fogo para eliminar restos inaproveitáveis, teve início nas civilizações antigas, em que o método de lidar com resíduos consistiam em depositar bem longe os restos da atividade humana. Essa solução vigorou por longo tempo, até ficar evidente que o crescimento da população e do consumo levou a humanidade a uma enorme produção de resíduos, que causam poluição quando são depositados deforma inadequada no ambiente. Entende-se que o meio ambiente é composto por um espaço e um sistema de relações de forças dos meios físico, biótico e antrópico, que se desenvolvem por meio de trocas de enrgia e matéria, cujas relações podem desencadear reações, modificando sua dinâmica. O componente cultural decorrente da organização e das ações humanas faz parte do meio ambiente e participa desta dinamica, que quando alterado pela instalação ou modificação de determinada atividade pode acelerar ou retardar processos existentes ou até mesmo eliminar ou criar novos processos ambientais locais. (LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO, 2008). 2.1 A QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL Na década de 70 a ONU, iniciou uma série de atividades visando discutir, entender e propor soluções às questões ambientais. Em junho de 1992, no Brasil a cidade do Rio de Janeiro, sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como “Cúpula da Terra” ou ECO-92 que se constituiu de um dos maiores eventos organizados pela ONU e rendeu uma série de tratados e acordos de grande importância, tais como: a Convenção do Clima, a Convenção da Biodiversidade, Agenda 21, bem como, a Rio +20. 2.2 GESTÃO AMBIENTAL O processo de gestão ambiental inicia-se quando se promovem 5 adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, gerando dessa forma o ambiente urbano nas suas mais diversas variedades de conformação e escala. Nesse aspecto, o homem é o grande agente transformador do ambiente natural e vem, pelo menos há doze milênios, promovendo essas adaptações nas mais variadas localizações climáticas, geograficas e topográficas. O ambiente urbano é, portanto, o resultado de algomerações localizadas em ambientes naturais transformados, e que para sua sobreviência e desenvolvimento necessitam dos resultados do ambiente natural. Conforme Philippi Jr, indaga: Ora se a realidade de hoje é tipicamente urbana, e a perpectiva de alterá-la a por de se viver maciçamente no campo é quase nula, como viver, então, nesses ambientes urbanos? Como continuar a promover adaptações no ambiente natural, gerando, consequentemente, novos ambientes urbanos, sem esgotar os recursos naturais disponíveis? (Curso de Gestão Ambiental – 2004 p.4) Nesse sentido, tem-se que uma primeira forma de abordagem organizada é uma Gestão Ambiental consciente. A tomada de consciência e o ato de conhecer todas as questões que envolvem estes emaranhados de variáveis que compoem a realidade das cidades é a parte da solução do problema. 2.3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL O Licenciamento Ambiental é um Instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, que foi estabelecida pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, lei esta que estipula a obrigação do empreendedor em buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais do planejamento de seu empreendimento e instalação até a sua efetiva operação. A principal função desse instrumento é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. A exigência do licenciamento se deu com a edição da Lei 6.938/81, em seu artigo 9º, inciso IV, introduzindo-o como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente e, no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, tem-se a Lei Estadual 7.488/81. Com referência legal do licenciamento ambiental por excelência, é a http://www.licenciamentoambiental.eng.br/category/licenciamento-ambiental/ 6 Resolução 237/97 CONAMA, a partir da qual edições normativas surgiram para adequar o procedimento às mais diversas situações de interesse à proteção ambiental. Segundo TRENNEPOHL e TRENNEPOHL (2007, p.14), orienta: A resolução CONAMA n° 237/97 utiliza vários critérios ao mesmo tempo. No art. 4º, diz que é competência do Ibama o licenciamento de empreendimentos e atividades localizados no mar territorial ou na plataforma continental (critério geográfico). Depois, estabelece, ainda como competência do órgão federal, o licenciamento de atividades cujos impactos ambientais diretos ultrapasem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados (critério da abrangência do impacto), em unidades de conservação do domínio da União (critério da dominialidade) e, por fim, atividades que envolvam energia nuclear ou empreendimentos militares (critério da especifidade ou segurança nacional). O mérito de trazer à tona tal questão por intermédio desta Resolução é fazer com que os Municípios se integrem e se comprometam efetivamente com o SISNAMA e passem a controlar atividades potencialmente poluidoras, que antes não havia condições de fazê-lo. Ainda, por intermédio do cumprimento desta Resolução, os Municípios precisam se capacitar, criar os seus órgãos ambientais e os respectivos Conselhos do Meio Ambiente, fazendo com que o planejamento da cidade passe a comtemplar o olhar e as exigências do meio ambiente, com vistas à construção de uma sociedade sustentável. As cidades com mais de 20 000 habitantes, a teor do que dispõe o art. 182, § 1º da Constituição Federal, devem elaborar seu Plano Diretor, instrumento básico e fundamental para ordenação das cidades. O Plano Diretor estabelece regras tanto para o meio urbano quanto para o meio rural, à medida em que planeja o território municipal. O planejamento ambiental deve estar contemplado no Plano Diretor, não somente como área específica, mas refletindo uma efetiva política de proteção ambiental. Uma efetiva política de preservação ambiental precisa contar com um bom Plano Diretor que contenha limitações ao direito de propriedade, e de exploração comercial do espaço, contemplando a função ambiental tanto dos imóveis individualmente, quanto das regiões da cidade. Como acontece para a instalação de galvanoplastias, primeiramente é encaminhado à FEPAM (Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio grande do Sul) projeto para análise e aprovação. 2.4 GESTÃO AMBIENTAL NAS INDÚSTRIAS 7 As sociedades desenvolvidas precisam da indústria para produzir energia e utensílios que possam manter um determinado estilo de vida. As atividades abragem processamento de alimentos, mineração, produção da industria química, de papel e celulose e a manufatura de bens de consumo, como a televisão entre outros. Por sua vez, a indústria necessita de matériaprima, como o ferro a água e a madeira, para a produção desses bens. Em todos esses processos existem a produção de lixo, o qual pode ser inofensivo ou tóxico. O lixo gerado pelas atividades agricolas e industriais é conhecido resíduo, onde os seus geradores são obrigados a cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final dos mesmos, sendo essa responsabilidade para sempre. Conforme o citado acima, o resíduo industrial varia de acordo com a indústria, assim sendo, as industrias metalurgicas, de alimentos e químicas produzem um tipo de lixo diferente, o que requer um tratamento de especial. O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente, por estarem inclusos produtos químicos (cianureto, pesticidas e solventes), bem como, alguns metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. Certos resíduos perigosos são jogados no meio ambiente, por não saberem ao certo como tratá-los, então espera-se que o ambiente absorva as substancias tóxicas. Mas essa não é uma solução segura para o problema, pois muitos metais e produtos químicos não são naturais, nem biodegradáveis. Assim sendo, quanto mais se enterram, despejam residúos mais ciclos naturais são ameaçados,e o ambiente se torna poluído. Em 1998, no Brasil, foi promulgada a Lei dos Crimes Ambientiais, que estabeleceu pesadas sanções para os responsáveis pela disposição inadequada de resíduos, o que foi amplamente explicada na Nova Lei dos Resíduos Sólidos promulgada em 2010, Lei 12305/10 – Política Nacional de Resíduos Sólidos, conforme abaixo: Art. 14. Os geradores dos resíduos sólidos industriais, [...], desta Lei, deverão elaborar e dar publicidade aos seus Planos de Atuação para os Resíduos Sólidos, com base nos seguintes requisitos mínimos: [...] XVI - procedimentos e meios pelos quais divulgarão aos consumidores os cuidados que devem ser adotados no manejo dos resíduos sólidos reversos de sua responsabilidade, incluindo os 8 resíduos sólidos especiais ou diferenciados [...] (Seção II – Da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos). 2.5 PROCESSOS DE GALVANIZAÇÃO O processo de tratamento de superfície, em particular, a galvanoplastia, consiste na depositação de uma fina camada metálica sobre uma superfície, geralmente metálica, por meios químicos ou eletrolíticos, a partir de solução diluída do sal do metal correspondente, a fim de conferir um efeito de maior proteção superficial e decorativa. Cabe salentar que galvanoplastia é um ramo da industria metal- mecânica onde se realiza o tratamento de superficies metálicas ou plásticas, sendo assim considerada uma das mais tóxicas entre os mais diversos tipos de industrias devido à presença de metais pesados e seu efeito cumulativo, que pode causar alterações em órgãos do sistema cardiovascular. Para o material estar pronto para receber o revestimento eletrolítico, deve estar limpo, isento de graxa gorduras, óxidos, restos de tintas e outras impurezas quaisquer, e não deverá ter falhas, nem apresentar poros ou lacunas, sendo estes últimos os mais perigososos, pois, nestas lacunas se acumulam sujeitas, por exemplo, resíduos de massa politriz, ou de outra espécie qualquer, o que impede a depositação da camada de revestimento (PUGAS, 2004, p.4). Conforme AMARAL, 2001, o processo de galvanoplastia consiste em uma sequencia de banhos que envolvem três etapas: O pré-tratamento – etapa resposavel por retirar as impefeições e materiais aderidos da superfície das peças. Podendo ser realizada através do processo mecânico (jateamento, esmerilhamento, polimento, processo manual) e pelo processo químico (desengraxamento, decapagem, neutralização). O revestimento – segunda etapa do processo galvânico e refere- se à disposição eletrolítica, também chamada de deposição metálica. Este processo se dá pela aderência do metal que se desprende do ânodo atravessando o banho, a qual se chama eletrólitico, pela ação da eletricidade. Neste processo são usados vários tipos de metais, sendo os mais utiizados o zinco, a prata, o ouro, o cobre e o alumínio. 9 Por último a passivação azul brilhante – esta etapa tem por finalidade da um acabamento à peça, tipo espelho. É muito utilizado para fabricação de peças com utilização em fins decorativos. Após passar por todas essas etapas as peças ocorrem em tanques, providos de duas barras laterais (barra anódica) de cobre onde são posicionados os eletrodos positivos (anodos solúveis ou insolúveis), que se oxidam durante as reações. O processo de galvanoplastia utiliza produtos químicos de natureza tóxica e corrosiva, pois há desprendimento de gases dos banhos alcalinos, dos tanques de ácidos e dos cromatos. Através do processo camadas metálicas finas são depositadas sobre superfícies de peças metálicas, por meios químicos ou eletrolíticos, a partir de soluções aquosas que contêm metais. Diferentes resíduos são gerados no processo. Como mostra a figura abaixo, a montagem de um banho de galvanoplastia de zinco alcalino é composta de: Cianeto de Sódio, Soda Cáustica, Óxido de Zinco e água. Na montagem dos decapantes é usado Ácido Muriático e água (solução aquosa de Ácido clorídrico (HCl) e água). Na montagem dos cromatos utiliza-se, dependendo, às vezes cromatizantes hexavalentes, no caso mais tóxico, e o trivalente, o de menor agressividade ao meio ambiente, e água. Peça metálica bruta água emissões gasosas processos químicos resíduos sólidos efluentes líquidos energia Peça metálica banhada perda de energia insumos Entre os banhos de zinco alcalino, ácidos e cromatos há tanques de lavagens das peças, pois um banho não pode entrar no outro, para não haver contaminação dos banhos. Vale lembrar que a lavagem é no processo de eletroposição a certeza de qualidade, ou seja, ela atua na diluição ou diminuição da quantidade de sais arrastados pelas peças de um banho a outro, os quais influenciam negativamente na eletroposição. Com a diminuição e controle do arraste é ENTRADAS SAÍDAS Esquema básico do processo de galvanoplastia. Fonte:O AUTOR 10 possível diminuir o consumo de agua utilizado no processo de lavagem. (PONTE,2000, p.20). As aplicações do aço galvânico vão desde proteger o substrato contra a corrosão, através da melhora das propriedades físicas e mecânicas do mesmo, como por exemplo, resistência à abrasão e condutividade elétrica, bem como, proporciona e mantem o aspecto decorativo, altera dimensões originais de determinadas peças e ainda recupera peças que sofreram desgaste. O constante aumento do uso do aço zincado por imersão a quente tem sido intensificado, devido ao benefício da proteção dado a chapa pela camada de zinco. Esses revestimentos zincados oferecem uma triplice proteção ao metal-base, bem como as seguintes vantagens: um revestimento aderente e tenaz; quando ocorrer algum dano no recolhimento, de modo a deixar a superfície do aço exposta, não surge a corrosão, pois as partes descobertas ficam protegidas pelo zinco; quando a exposição à ação da atmosfera é prolongada, a ponto de eliminar a película protetora e camada externa rica em zinco, as camadas intermediárias de zinco – ferro continuam dando proteção. A excelente resistência à corrosão do zinco, quando exposto a ambientes naturais como atmosfera e aguas naturais é a razão de sua vasta utilização. O zinco é o metal mais utilizado em condições de exposição atmosférica, usado tando em forma de chapas como em peças fundidas, mas sua aplicação mais importante é como revestimento e proteção contra a corrosão de estruturas de aço, sendo este tipo de aplicação responsável pela utilização de aproximadamente 50% de todo o zinco produzido no mundo. E por fim, a galvanização a fogo, confirma ao longo do tempo que é uma solução vantajosa também pelo lado econômico, pois se eliminam manutenções intermediárias, necessárias em outros processos. São várias situações em que essas caracteristicas são altamente desejáveis, as estruturas complexas, localizadas em areas de difícil acesso são casos típicos. Os setores elétricos de telecomunicações, onde é grande a utilização, principalmente em torres e postes metálicos. 2.6 RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS 11 O crescimento industrial acelerado dos paises desenvolvidos levou ao surgimento de graves problemas ambientais. Apartir disso, o setor industrial preocupou-se apenas em melhorar certos aspectos produtivos que se traduziram no imediato rendimento econômico. Atualmente, tem ficado clara a idéia de que não se pode continuar acreditando que o ser humano interdependencia do meio em que está inserido. [...] O objetivo final de todas as medidas que estãosendo tomadas no setor industrial é o de atingir o denominado “desenvolvimento sustentável” reconhecendo que a continuidade das atividades humanas e o desenvolvimento econômico e social dependem da qualidade e da proteção adequada do meio natural. [...] (RESÍDUOS SÓLIDOS – Resíduos Sólidos Industriais – FUNIBER, p.2). As diretrizes a serem seguidas no gerenciamento ambiental dos resíduos sólidos industriais gerados por uma determinada atividade industrial fundamenta-se, inicialmente, na classificação dos mesmos. 2.7 GERENCIAMENTO E MINIMIZAÇÃO DOS RESÍDUOS Segundo MILLER JR, “reduzir o consumo e reprojetar os produtos são as melhores formas de diminuir a produção de resíduos e promover a sustentabilidade”. Sendo assim faz-se necessário utilizar medidas de minimização dos resíduos sólidos em todos os ambientes produtivos. O mesmo autor cita seis maneiras de reduzir a utilização de recursos, os resíduos e a poluição. O que MILLER chama de “os seis passos para a sustentabilidade”: a) Consumir menos; b) reprojetar processos de fabricação e produtos para que utilizem menos materias e energia; c) reprojetar processos de fabricação para que produzam menos resíduos e menos poluição; d) desenvolver produtos fáceis de reparar, reutilizar, remanufaturar, compostar ou reciclar; e) projetar os produtos para durarem mais; e f) eliminar ou reduzir o uso de embalagens. Considerando que os efluentes e os resíduos sólidos são compostos de produtos químicos, água e energia, uma diminuição na geração de efluentes representaria uma economia destes insumos na indústria galvânica, os quais 12 beneficiaria, também, a diminuição do lodo galvânico e consequentemente o envio para aterros industriais. As medidas de minimização seriam: diminuição do arraste do banho; substituição de processos ou componentes problemáticos; lavagens adequadas das peças; utilização de menor distância entre tanques, além da substituição do processo Zinco Alcalino com Cianeto para Zinco Alcalino sem Cianeto. O processo sem Cianeto, além de ser menos perigoso e tóxico ao ser humano, substituiria um produto altamente contaminante do solo e águas. 2.8 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA GALVANOTÉCNICA O lodo galvânico apresenta em média 60 a 75% de água após passar pelo filtro prensa e em sua composição encontramos: hidróxidos, óxidos hidratados e sais dos metais como: zinco, cobre, ferro. Além do Cianeto e Óxido. A remoção da maior parte da água pode ser efetuada passando pelo filtro prensa ou promovendo a evaporação num leito de secagem projetado para esse fim. Após seco, o lodo deverá ser armazendo em lugar próprio para não contaminar o solo e os lençóis freáticos. O lodo galvânico deverá ser encaminhado para aterro industrial credenciado por órgãos ambientais. Cabe ressaltar que o lodo galvânico é considerado carga perigosa e deve acompanhar documentação de envio como Nota Fiscal, romaneio de transporte e certificado do aterro industrial que vai receber o lodo. Além do lodo galvânico, a manutenção do processo gera outros resíduos sólidos contaminados como: respiradores, purificadores de ar filtrante para partículas, protetor auditivo de silicone, avental de proteção, luvas e botas de PVC ou borracha, óculos, lâmpadas fluorescentes e pilhas. Todos esses resíduos deverão ser encaminhados para aterro industrial ou reciclagem após descontaminados. 2.9 METODOLOGIA Este artigo está baseado na observação da geração de lodo e dos 13 resíduos sólidos no processo de galvanoplastia de Zinco Alcalino Cianídrico na em uma Empresa Galvanotécnica, visando propor sua minimização, através de orientações buscadas nas referências, em livros e demais artigos que tratam do assunto. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da complexidade, das dificuldades e dos perigos encontrados na galvanoplastia, esta constitui-se numa atividade bastante popularizada. Só no Rio Grande do Sul existe mais de uma centena, inclui-se aqui as de revestimento em plástico, metal e semi-jóias. Desde as de fundo de quintal até às empresas de médio porte. A maioria localiza-se na grande Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, no 1º Polo Metal-Mecânico do Estado, aí encontram-se as maiores indústrias de consumo desse serviço. A Galvanotécnica observada está localizada na Região Noroeste do Estado é uma empresa de pequeno porte, mas seus serviços atendem empresas de grande porte do setor da agroindústria da região. Seus serviços são diferenciados, pois as peças que galvanizam chegam a medir mais de 3 m de comprimento e 150 kg. Nesse contexto a empresa necessita de um sistema de tratamento de efluentes que funcione, pois gera em média 10m³ de efluente líquido /dia. Através do gerenciamento adequado dos resíduos gerados, busca-se cumprir as responsabilidades inerentes, aperfeiçoando todas as etapas do manejo. Destacando que a segregação correta dos resíduos permite que os mesmos sejam manejados de forma segura. Como é um ramo que demanda utilização de água, recomenda-se que seja feito um estudo para a efetivação de programas de minimização do uso deste bem que, em consequência, diminuirá a geração de efluentes líquidos, fato que também contribuirá para diminuir os custos da produção. O estudo de reutilização dos banhos poderia levar ainda a maiores economias. Observou-se também que há funcionários que não sabem os problemas que sua atividade pode causar à saúde e ao meio ambiente. Faz-se necessário promover a conscientização de todos os envolvidos, adequando uniformemente às normas institucionais. Sobretudo por se tratar de uma empresa que reconhece o perigo que sua atividade oferece para o meio ambiente, e também 14 da importância do adequado gerenciameneo de seus resíduos e efluentes. A Empresa está com toda a documentação ambiental em dia e segue as normas de lançamento do efluente líquido no corpo receptor 20%, os outros 80% são reutilizado no processo galvânico. O mais preocupante é o lodo, pois este vai para aterro industrial. Existem estudos para a transformação do lodo em tijolos, mas por enquanto nenhuma empresa lançou o produto. Há também a possibilidade da incineração, mas o custo é muito alto para a empresa. A preocupação com o meio ambiente e com uma produção mais limpa tem levado vários empresários a repensar, reutilizar, reciclar e reorganizar suas empresas para que todos possam viver em harmonia, gerando trabalho, renda e impostos. Sendo assim, fica claro que cada vez mais a comunidade em geral deve discutir alternativas que melhorem as condições do uso de um bem comum e tão importante para a sobrevivência e manutenção da vida no Planeta Terra, que é a Biota. Cabe aos órgãos públicos e fiscalizadores orientar e disseminar uma cultura que valorize as pequenas atitudes de mudança cultural de cada ser humano. Desde o cuidado na separação dos resíduos orgânicos e dos recicláveis até o consumo consciente de água e energia. A natureza tem demonstrado que está sofrendo com tanta exploração indiscriminada através de enchentes, terremotos, furacões. O que será mais que ela precisará fazer para que mudemos nossas atitudes? A empresa analizada está caminhando para um processo de produção mais limpa respeitando o meio ambiente. Isso é um fator positivo, pois a legislação está limitando o uso de produtos químicos de alto teor poluidor. A curto prazo o empreendimento que manter o Cianeto de Sódio como matéria- prima não subsistirá como aconteceu na Europa. Nesse continente há mais de dez anos não se utiliza e comercializa Cianeto de Sódio e a galvanoplastia é sem Cianídricos. O que acontecerá brevemente também em nosso país. REFERÊNCIAS 15 AMARAL, Cristina V. Aplicação do Protocolo de Avaliação deResíduos Solidificados aos Lodos de Galvanoplastia Incorporados em Matrizes de Cimento Portland. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, 2001. DECLARAÇÃO DOS PRINCÍPIOS. Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Divisão do Meio Ambiente. Disponível em :<http//www.mma.gov.br>. Acesso em: 23 de março 2009. FUNIBER, Gestão de Resíduos Sólidos Industriais. Florianópolis, 2006. LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO. Departamento de Gestão Ambiental – SEMASA – Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André. Disponível em: <http://www.semasa.sp.gov.br/Documentos/ASSEMAE/Trab_52.pdf. MILLER, G. Tyler. Ciência ambiental. -- São Paulo: Thomson Learnig, 2007. PHILIPPI JR, Arlindo, et all. Curso de Gestão Ambiental – Barueri,SP: Manole, 2004. POLITICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS. BRASIL. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acessado em 15 out 13. PONTE, H. A. Tratamento de Efluentes Líquidos de Galvanoplastia. - - Paraná: Departamento de Engenharia Química, 2000. PUGAS, M. S. Íons de Metais Pesados Ni, Cu e Cr em Área Impactadas por Resíduos de Gavanoplastia na Região Metropolitana de São Paulo. - - São Paulo, 2007. Site www.panambi.rs.gov.br . Acessado em 18 Jul 13. TRENNEPHOL, Curt; TRENNEPHOL, Terence. Licenciamento ambiental. – Rio de Janeiro: Impetus, 2007. http://www.panambi.rs.gov.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.305-2010?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.305-2010?OpenDocument 2. O MEIO AMBIENTE 2.2 GESTÃO AMBIENTAL
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