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1ª edição SOCIESC Joinville 2015 GESTÃO AMBIENTAL Ana Carolina de Moraes SOCIESC Sociedade Educacional de Santa Catarina Educação a Distância Rua Albano Schmidt, 3333 – Joinville /SC – 89206-001 Fone: 0800-643-4004 E-mail: ead@sociesc.org.br Site: www.sociesc.org.br/ead Ficha catalográfica (Catalogação na fonte - Biblioteca Marquês da Olinda - UNISOCIESC) Moraes, Ana Carolina de M827 Gestão ambiental. / Ana Carolina de Moraes. - Joinville : SOCIESC, 2015. 128p. Educação a Distância Tupy ISBN: 978-85-5535-010-8 1. Gestão ambiental 2. Educação ambiental I. Autor II. Título. CDD 363.7 Ficha catalográfica elaborada por: Telma Tupy de Godoy - bibliotecária crb 14/777 Após a Revolução Industrial, o desenvolvimento de novas tecnologias e a difusão da rede de informação facilitaram o processo de globalização. O atual conflito entre a globalização e o meio ambiente é comprovado através do desenvolvimento econômico adotado pelos países industrializados que, após a percepção de que o meio ambiente é um bem gratuito, de forma indevida degradou os ecossistemas, fazendo com que a poluição atingisse elevados níveis, ou seja, agindo de forma inconsciente e na contramão do desenvolvimento sustentável. Nas últimas décadas, percebemos as consequências desse modo de vida insustentável: o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, a perda da biodiversidade, principalmente pelo comprometimento da estabilidade ambiental e pela exaustão dos recursos naturais, o que implicou em pesquisas para diminuição dos impactos ambientais. Com a crescente preocupação sobre as questões ambientais, o objetivo desta disciplina é transmitir-lhe habilidades para participar ativamente da problemática ambiental através de uma conduta ética e de uma consciência crítica, participando intensamente da caracterização dos problemas ambientais, na busca de soluções. Lembre-se de que a sua passagem por esta disciplina será também acompanhada pelo Sistema de Ensino UniSociesc, seja por correio, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Entre sempre em contato conosco quando surgir alguma dúvida ou dificuldade. Toda a equipe terá satisfação em atendê-lo(a), pois seu desenvolvimento intelectual e profissional, nesta jornada, é o nosso maior objetivo. Acredite no seu sucesso e bons momentos de estudo! Apresentação Equipe EaD UNISOCIESC Cronograma ........................................................................................... Plano de Estudos ................................................................................. Unidade 01 - Meio Ambiente............................................................... Unidade 02 - Resíduos.......................................................................... Unidade 03 - Poluição............................................................................ Unidade 04 - Legislação e Licenciamento Ambiental....................... Unidade 05 - Educação Ambiental...................................................... Unidade 06 - Gestão Ambiental.......................................................... Referências ............................................................................................ Sumário 05 06 08 22 37 55 80 91 118 5 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Semana Carga horária Unidade 1 Meio Ambiente 2 Resíduos 3 Poluição 4 Legislação e Licenciamento Ambiental 5 Educação Ambiental 6 Gestão Ambiental Agenda Observações Postagem dos Exercícios Unidade 01: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 02: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 03: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 04: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 05: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 06: ____ / ____ / ____ Cronograma de Estudos Acompanhe, no cronograma abaixo, os conteúdos das aulas e atualize as possíveis datas de realização de aprendizagem e avaliações. 6 Gestão Ambiental Bases tecnológicas Valores ambientais: sociedade e natureza, a problemática da civilização industrial, os riscos ecológicos da modernidade, globalização e sustentabilidade. Desenvolvimento sustentável. Estratégias de gestão ambiental. A gestão ambiental frente ao desenvolvimento dos setores produtivos. Objetivo Geral • Conhecer os conceitos de meio ambiente e ferramentas para auxiliar na implantação de um sistema de gestão ambiental nas organizações. Específicos • Conceituar meio ambiente, reconhecer, descrever os problemas ambientais globais e compreender o desenvolvimento sustentável; • Conhecer os tipos de poluição e o modo como afetam o ambiente, avaliar as causas e consequências dos diferentes tipos de poluição; • Compreender a legislação ambiental e a política nacional do meio ambiente; • Entender os princípios básicos do licenciamento ambiental, buscando garantir qualidade ambiental para toda a sociedade brasileira; • Identificar os principais objetivos das organizações para implantação do Sistema de Gestão Ambiental; • Conhecer os conceitos da Norma 14001; • Conhecer os requisitos para implantação de um Sistema de Gestão Ambiental; • Conhecer os principais elementos para efetuar um Plano de Estudos 7 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC • levantamento de aspectos e impactos ambientais; • Conhecer a metodologia para definição de uma Política Ambiental nas organizações. Carga Horária: 80 horas MEIO AMBIENTE Caro(a) estudante! Nesta primeira unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre o meio ambiente e entender as principais questões ambientais. Vamos introduzir conceitos fundamentais que serão necessários ao longo desta disciplina. Descobri- remos, ainda, a importância do meio ambiente e porque, a partir das três últimas décadas, o crescimento mundial da preocupação e os impactos no meio ambiente estão sendo temas tão difundidos. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Conceituar meio ambiente; • Reconhecer e descrever os problemas ambientais globais; • Compreender o desenvolvimento sustentável. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se prefe- rir, assinale-os à medida que for estudando: • Questões Ambientais Globais: ◦ Efeito Estufa; ◦ Destruição da Camada de Ozônio; ◦ Perda da Biodiversidade; ◦ Crescimento populacional; • Desenvolvimento Sustentável. 1 U ni da de 9 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 1 CONTEXTUALIZANDO O MEIO AMBIENTE De acordo com a definição contida na norma NBR ISO 14001:2004, meio ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, se- res humanos e suas inter-relações. No início do século XXI, a sociedade deparou-se com alguns pro- blemas inexistentes para as gerações anteriores. Um deles é a po- luição ambiental. (MANO, 2005) A deteriorização das condições ambientais, que pode alcançar o ar, a água e o solo, chama-se poluição. Este fenômeno nada mais é do que a emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em quantidade superior à capacidade de absorção do meio ambiente. Esse desequilíbrio interfere na vida dos animais e vegetais e nos mecanismos de proteção do planeta. De acordo com Mano (2005, p. 42) “pode-se atribuir a duas causas principais a poluição ambiental: o contínuo aumento da popula- ção e o vertiginoso desenvolvimento industrial”. 2 QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS Os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras na- cionais e são tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isso explica, em parte, porque os países mais desen- volvidos colocam barreiras à importação de produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente. 10 Gestão Ambiental A atividade industrial, principalmente, é responsávelpor expressi- va parcela dos problemas globais que incidem no meio ambiente. 2.1 Efeito Estufa O efeito estufa é um fenômeno natural, benéfico aos seres vivos, no qual alguns gases que compõem a atmosfera funcionam como o vidro de uma estufa, que deixa passar a luz solar para o interior, mas aprisionam grande parte do calor gerado dentro da estufa. Em sua ausência essa temperatura seria de 18ºC abaixo de zero. Na Figura 1, é possível conferir o funcionamento do efeito estufa. Figura 1: Efeito Estufa Fonte: static.publico.clix.pt/fichas/0imagens/efeitoestufa.gif Você pode acompanhar o funcionamento do efeito estufa, dis- ponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ 2001-efeito_estufa-como_ocorre.shtml Porém, o acréscimo excessivo na quantidade de dióxido de car- bono e de outros poluentes da atmosfera pode provocar maior A radiação solar atravessa a atmosfera. A maior parte da radiação é absorvida pela superfície terrestre, causando o aquecimento. Alguma radiação solar é refletida pela Terra e atmosfera, voltando ao espaço Parte da radiação infravermelha (calor) é refletida pela superfície da terra, mas não volta ao espaço, pois é refletida de novo e absorvida pela camada de gases de estufa que envolve o planeta. O efeito é o aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera. 11 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC retenção do calor, que seria irradiado para o espaço, causando aquecimento gradual e progressivo da atmosfera terrestre, oca- sionando o agravamento do efeito estufa. Esse fenômeno pode provocar um aumento da temperatura na superfície da Terra, o chamado Aquecimento Global. O incremento acelerado da temperatura média da Terra vem ocorrendo desde a Revolução Industrial, devido à maior concen- tração de gases na atmosfera (principalmente o CO2 – dióxido de carbono), decorrente das seguintes atividades: • Combustão de petróleo, gás, carvão mineral e vegetal; • Emissão de gases pelas indústrias; • Desmatamento e queimada da cobertura vegetal; • Fermentação de produtos agrícolas. Você pode saber um pouco mais sobre os gases do efeito estufa acessando Nossa Atmosfera e os gases do efeito estufa, dis- ponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/mudancas-climati- cas/proclima/Efeito%20Estufa/9-Gases%20 do%20Efeito%20 Estufa Estima-se que as temperaturas possam variar entre 0,06º C e 0,8º C por década até o ano 2100 e que, em decorrência desse aquecimento, o nível dos mares possa aumentar de 1 cm a 24 cm por década no mesmo período. Um aumento dos níveis dos oceanos, por menor e gradual que seja, provoca prejuízos incalculáveis em todo o mundo, visto que grande parte da população humana vive ao longo da linha lito- rânea. No Brasil, de acordo com dados do IBGE de 2000, o equi- valente a 23,93% da população vive na zona costeira. (SEBRAE, 2004) 12 Gestão Ambiental 2.2 Destruição da Camada de Ozônio Situada na estratosfera, entre 15 e 50 km de altitude, a camada de ozônio tem a capacidade de ‘filtrar’ as radiações ultravioleta solares. Essa camada é vital para a existência da vida porque, ao mesmo tempo em que absorve a radiação ultravioleta de ondas curtas (UV-B e UV-C), que é prejudicial, permite a entrada da radiação ultravioleta de ondas longas (UV-A), de efeito benéfico, sobre a superfície da Terra. Você pode aprender mais sobre o Ozônio, acessando o arti- go Pesquisa sobre efeito estufa numa visão interdisciplinar: Física, Biologia e Química, disponível em: http://wwwp. fc.unesp.br/~lavarda/procie/dez14/angelina/index.htm De acordo com Mano (2005, p. 47), no século XX, em meados da década de 80, confirmou-se que o ozônio estava sendo progressiva- mente destruído, com consequente rarefação da camada. Essa destruição é provocada por produtos químicos liberados na ati- vidade humana, especialmente os que contêm átomos de cloro como os clorofluorcarbonetos (CFCs). Esses gases eram muito empregados em refrigeradores, aparelhos de ar refrigerados e ae- rossol utilizados em vários produtos. Você pode acompanhar o fenômeno da destruição da camada de ozônio, disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fo lha/ciencia/ult306u9287.shtml Os CFCs podem subir à estratosfera sem se modificar. Porém, aci- ma de 12 km de altitude, a radiação ultravioleta emitida pelo Sol rompe a ligação química entre o átomo de carbono e o átomo de cloro, liberando-o sob forma de radical livre, que ataca o ozônio e o destrói, formando oxigênio, como mostra a Figura 2. O enfra- 13 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC quecimento da camada de ozônio favorece a passagem dos raios ultravioletas, que, assim, chegam à superfície da Terra em maior quantidade. Chama-se a atenção para o fato de que, embora o ozônio encon- trado na atmosfera seja de extrema importância para a preserva- ção da vida no planeta, esse mesmo ozônio, se presente próximo à superfície, age como um poluente prejudicial aos seres vivos. Figura 2: Funcionamento da destruição da Camada de Ozônio Fonte: www.ucar.edu/learn/images/o3split2.gif 2.3 Perda da Biodiversidade Pode-se definir biodiversidade como a quantidade de espécies de seres vivos existentes no planeta. A perda da biodiversidade é um fato incontestável e que se agrava dia a dia. A destruição de ecossistemas e a consequente extinção CFC Cloro O3 O2 CIO CIOOxigênio CloroO2 Radiação UV 14 Gestão Ambiental de espécies da flora e da fauna constituem-se em um grave e irre- versível problema global. • A molécula de ozônio O3 é formada por três átomos de oxigênio. • Os clorofluorcarbonetos são compostos químicos estáveis, com vida média de 139 anos. Como são produtos voláteis de baixa densidade, com o tempo, os CFCs chegam à estratosfera. • Denomina-se ecossistema uma comunidade (conjunto) que possui elementos físicos (ar, água, solo, rocha, dentre outros) e elementos vivos (animais e vegetais). Segundo estimativas conservadoras, existem entre 5 e 10 milhões de espécies de organismos no mundo, mas há quem calcule, ain- da, até 30 milhões. Destes, somente 1,7 milhões foram identifica- dos pelo homem. (SEBRAE, 2004) Apenas doze nações abrigam 70% da biodiversidade total do pla- neta e o Brasil está entre os países dotados da chamada megadi- versidade. A conservação da biodiversidade brasileira tem im- portância globalmente, e sua relevância é vital para a economia do país. A extinção de ecossistemas e suas espécies constituintes provocam desequilíbrio na natureza, além de impedir o aproveitamento dos recursos naturais em benefício do homem, na forma de matéria -prima, de alimento e de fármacos para a cura de suas doenças. O desenvolvimento sustentável implica a preservação do meio am- biente em condições de equilíbrio, que dependem, por sua vez, da conservação dos ecossistemas brasileiros. O homem é o principal responsável da perda da biodiversidade. 15 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Algumas atividades humanas como agricultura, atividades ma- rítimas, industrialização, transportes e a urbanização de grandes partes territoriais prejudicam os ecossistemas, de modo que as espécies se encontram cada vez mais ameaçadas, com a conse- quente diminuição da biodiversidade. Exemplo: • Eliminação ou alteração do habitat pelo homem: é o principal fator da diminuição da biodiversidade. A eliminação de vegetação local para construção de casas ou para atividades agropecuárias altera o meio ambiente. • Exploração comercial: ameaça muitas espécies marinhas e algumas terrestres. • Poluição das águas, solo e ar: perturbam os ecossistemas, matam os organismos. 2.4 Crescimento Populacional Há muito tempo, os pesquisadores vêm demonstrando preocupação com o aumento da população no planeta, principalmente pelo com- prometimento de sua estabilidade ambiental e pela exaustão dos seus recursos naturais. Desde o início da era industrial, o número de seres humanos multi- plicou-se, bem como suas respec- tivas atividades, provocando gran- de impacto sobre o meioambiente. 16 Gestão Ambiental A diversidade de vida na Terra diminuiu. Em menos de 200 anos, o planeta perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de flores- tas. Há uma grande quantidade de terras desgastadas pela erosão e o volume de sedimentos nos rios cresceu três vezes nas principais bacias e oito vezes nas bacias menores e mais utilizadas. Os sistemas atmosféricos foram perturbados, gerando ameaça ao padrão climático; a poluição invadiu nosso ar, nossa terra e nossa água e tornou-se uma ameaça crescente à saúde. (ARANHA, 2007) Ainda, segundo o SEBRAE (2004), de acordo com as projeções, seguindo o padrão histórico do crescimento demográfico, a po- pulação mundial poderá passar dos 9 bilhões de habitantes em 2040. Grandes investimentos são necessários para aumentar a produção agrícola e compensar a exaustão dos recursos não- renováveis como, por exemplo, os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão). 3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A partir da segunda metade do século XIX, começamos a perce- ber, em nível planetário, a degradação ambiental e suas catastró- ficas consequências, originando estudos e as primeiras reações no sentido de conseguir fórmulas e métodos de diminuição dos danos ao ambiente. (OLIVEIRA, 2008) Hoje, após o início do século XXI, permanece a inquietação com o futuro em um planeta onde a temperatura está cada ano mais elevada; grande parte da água doce do planeta está poluída; a 17 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC quantidade de alimentos, em muitos países, não supre todas as necessidades de seus habitantes; grande parte dos solos está con- taminada, gerando alimentos com baixa qualidade de consumo; e a atmosfera, em certos pontos, já apresenta tal grau de polui- ção que causa sérios problemas respiratórios, principalmente em crianças e idosos. (MANO, 2005) Diante do cenário, a ONU criou, em 1983, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (conhecida como Comissão Brundtland), presidida por Gro Harlem Brundtland, primeira ministra da Noruega, que tinha os se- guintes objetivos: reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente, e reformular propostas realísticas para abor- dá-las; propor novas formas de cooperação internacional nesse campo, de modo a orientar as políticas e ações no sentido das mudanças necessárias, e dar aos indivíduos, organizações volun- tárias, empresas, institutos e governos maior compreensão desses problemas, incentivando-os a uma atuação mais efetiva. Os trabalhos foram concluídos em 1987, com a apresentação de um diagnóstico dos problemas globais ambientais. A Comissão propôs que o desenvolvimento econômico fosse integrado à ques- tão ambiental, surgindo, assim, uma nova forma denominada de- senvolvimento sustentável, que recebeu a seguinte definição: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às neces- sidades dos presentes, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades”. Quanto às recomendações para um efetivo desenvolvimento sus- tentável, podemos dizer que o relatório Brundtland apresentou 18 Gestão Ambiental uma lista geral de medidas que os Estados deveriam tomar, tais como (SANTOS, 2008): • Limitação do crescimento populacional; • Garantia de alimentação a longo prazo; • Preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; • Diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que admitem o uso de fontes energéticas renováveis; • Aumento da produção industrial nos países não industrializados à base de tecnologias ecologicamente adaptadas; • Controle da urbanização selvagem e integração entre campo e cidades menores; • As necessidades básicas devem ser satisfeitas. Atualmente, a programação das comemo- rações globais promovidas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) referente ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado, anualmente, em 5 de junho, incluindo a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), foi sediada no Brasil em 2012. Muitos brasileiros já ouviram falar, mas, infelizmente, muitos não sabem o que significa a Rio +20. A Rio +20 é assim conhecida porque marca os vinte anos de reali- zação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida por Rio 92 ou Eco 92, considerada a maior conferência sobre meio ambiente já realizada, que popula- rizou o conceito de “desenvolvimento sustentável”. Vinte anos após a definição do desenvolvimento sustentável como uma prioridade global, observamos que novos conceitos 19 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC surgiram, tal como a economia verde, que engloba o emprego verde, os produtos verdes, o dinheiro verde, e até mesmo o pro- grama bolsa verde. Inclusive, o tema de 2012 para o Dia Mundial do Meio Ambiente foi “Economia Verde: Ela te inclui?”. O PNUMA define economia verde como “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz, significativamente, riscos ambientais e escassez ecológica. Em outras palavras, uma econo- mia verde pode ser considerada como aquela que produz pouca emissão de carbono, é eficiente em seu uso de recursos e social- mente inclusiva”. É fato que, desde a época da Eco 92, a economia mundial cres- ceu, porém, também é fato a percepção, em nível planetário, da degradação ambiental e das catastróficas consequências: tem- peratura cada ano mais elevada; a escassez da água em termos quantitativos e qualitativos, pois a baixa qualidade da água com- promete seu os diversos usos; a crise alimentar global; a poluição atmosférica e, é claro, a perda da biodiversidade. Consequências que vão na contramão da economia verde. Para evitá-las, muitas empresas estão cada vez mais levando em consideração a ques- tão ambiental, e percebendo que, além de benefícios econômicos, existem também os benefícios estratégicos, pois o mercado está cada vez mais competitivo. O conceito de uma “economia verde” não substitui o desenvolvi- mento sustentável, mas, hoje em dia, existe um crescente reconhe- cimento de que a realização da sustentabilidade baseia-se quase que inteiramente na obtenção do modelo certo de economia. Du- rante décadas de criação de uma nova riqueza, através de um modelo de “economia marrom”, não lidamos de modo substan- cial com a marginalização social e o esgotamento de recursos, e 20 Gestão Ambiental ainda estamos longe de atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio. A sustentabilidade continua sendo um objetivo vital a longo prazo, mas é preciso tornar a economia mais verde para chegarmos lá. Para fazer a transição para uma economia verde, são necessárias algumas condições facilitadoras específicas. Essas condições facilitadoras consistem em um pano de fundo de re- gulamentos nacionais, políticas, subsídios e incentivos, mercado internacional e infraestrutura legal e protocolos comerciais e de apoio. No momento, as condições facilitadoras incentivam e têm um peso grande na predominante economia marrom que, entre outras coisas, depende excessivamente da energia proveniente dos combustíveis fósseis. (PNUMA, 2012) Em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao ana- lisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu 8 Objetivos do Milênio – ODM, que, no Brasil, são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo e devem ser atingidos por todos os países até 2015. Ao longo do tempo, o meio ambiente tem mostrado à humani- dade como preservar as condições propícias à conservação da vida, porém, devido à enorme degradação que o meio ambiente vem sofrendo, vários fenômenos catastróficos estão acontecendo. Devemos maximizar o desenvolvimento sustentável em nosso planeta, reduzindo progressivamente as atividades do homem nocivas à manutenção da vida. Síntese da Unidade 21 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Acesse o site: ead.sociesc.org.br e faça as atividades propostas da unidade! Anotações Importantes: Atividades Propostas RESÍDUOS Caro(a) estudante! Nesta segunda unidade, vamos conhecer os resíduos sóli- dos, líquidos e gasosos responsáveis pela poluição. Além disso, veremos que os três tipos de resíduos podem acar- retar o mesmo tipo de poluição. Ainda nesta unidade, es- clareceremos sobre o lixo eletrônico, para que você faça a sua parte na preservação do meio ambiente. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Conceituar resíduos; • Reconhecer os tipos de resíduos emitidos para o meio ambiente; • Entender a problemática do lixo eletrônico; • Conhecer alguns métodos de conservação dos recursos naturais. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se prefe- rir, assinale-os à medida que for estudando: • Definição de resíduos: • Tipos de resíduos sólidos; • Lixo eletrônico. 2 U ni da de 23 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 1 DEFINIÇÃO E TIPOS DE RESÍDUOS Poluição “é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente que seja prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem- estar da população sujeita aos seus efeitos, causada por agente de qualquer espécie” (MANO, 2005, p.41). A poluição sempre exis- tirá enquanto os resíduos lançados na natureza (Figura 3), forem superiores à capacidade de absorção do meio ambiente, provo- cando-lhe alterações. Figura 3: Resíduos De acordo com o Grupo Serrana Engenharia (2008), resíduo é o resultado do processo de diversas atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e, ainda, da varrição pública. Os resíduos apresentam- se nos estados sólido, gasoso e líquido. Nesta definição, incluí- mos, também, todo o resto dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularida- des tornem inviáveis seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou aqueles líquidos que exijam para isso solu- ções técnicas e economicamente viáveis, de acordo com a melhor tecnologia disponível. 24 Gestão Ambiental 1.1 Resíduos Sólidos De acordo com Mano (2005, p. 99), após a produção ou utilização de qualquer material sólido, tanto em nível urbano quanto indus- trial ou agrícola, sobram resíduos. Especialmente em locais menos desenvolvidos, esses resíduos são descartados aleatoriamente, sendo que apenas em alguns casos, o descarte obedece a um tra- tamento regular tal como nos países avançados. “Os resíduos sólidos são, muitas vezes, chamados de lixo, sen- do considerados pelos geradores como algo inútil, indesejável ou descartável; compõem os restos das atividades humanas”. (MANO, 2005, p.99) De acordo com Bourscheit (2008), em 2007, o país coletou 51,4 milhões de toneladas das 61,5 milhões de toneladas de resíduos urbanos que produziu. Se todo o lixo coletado segue para aterros certificados, dez milhões de toneladas que restaram para fechar a conta acabaram em lixões clandestinos, entupiram vias públicas e emporcalharam águas e matas. A origem de todo esse lixo pode ser domiciliar, comercial, pú- blico, hospitalar, industrial, agrícola, ou, ainda, entulhos origina- dos da construção civil. Grupo Serrana Engenharia (2008), Mano (2005), dentre outros autores, classificam o lixo quanto à presença de umidade, à composição química e à toxicidade. 1.1.1 Origem Após a Revolução Industrial, foi possível verificar uma transfor- mação na origem do lixo que o ser humano produzia, a maior 25 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC parte constituía-se de matéria orgânica, isto é, de restos da alimen- tação e dos dejetos humanos. Atualmente, temos diversos ramos de atividade que dão origem ao lixo, dentre eles destacam-se: • Lixo domiciliar - Orgânico e inorgânico, produzido em todos os lares, em quantidade proporcional ao consumo de alimentos e produtos em geral. As embalagens, em especial, respondem por grande parte deste tipo de lixo. • Lixo comercial - Quando produzido em estabelecimentos comerciais e de serviços, destacam-se os papéis e os plásticos. • Lixo público - Caso seja proveniente dos serviços públicos, tais como limpeza urbana, limpeza de área de feiras livres, dentre outros. • Lixo industrial - São os resíduos produzidos por todo tipo de atividade industrial, das fábricas de roupas e calçados aos frigoríficos, passando pelas indústrias químicas, o que deixa entrever a potencialidade poluente desses dejetos. • Lixo agrícola - Além dos restos das colheitas, aqui se incluem as sobras de fertilizantes e agrotóxicos usados nas plantações, bem como de rações e produtos veterinários utilizados na pecuária. As embalagens desses produtos requerem cuidados especiais para que não prejudiquem o meio ambiente. • Lixo hospitalar - Seringas, agulhas, instrumentos cirúrgicos, aventais, luvas, isto é, todos os materiais empregados nos hospitais podem estar contaminados e requerem cuidados tanto no que se refere à coleta quanto ao armazenamento. • Entulho - Resíduos provenientes da construção civil, tais como pedras, ladrilhos e caixotes. 26 Gestão Ambiental 1.1.2 Composição química e presença de umidade nos resíduos sólidos A classificação do lixo quanto à composição química considera apenas a diferença entre o lixo composto por materiais orgâni- cos e o lixo composto por materiais inorgânicos. O lixo orgânico é aquele formado principalmente por restos de comida e outros materiais biodegradáveis. Já o lixo inorgânico é formado por me- tais, vidros, borracha, plásticos e outros materiais cuja decompo- sição por processos naturais envolve elevados períodos de tempo. Quanto à presença de umidade, o lixo é separado em seco e úmido, onde, respectivamente, encontram-se aparentemente sem umidade e visivelmente molhados. (EDUCAREDE, 2010; MANO, 2005) 1.1.3 Toxicidade dos resíduos sólidos Classificação aos riscos potenciais para o meio ambiente, onde, de acordo com a Norma ABNT NBR 10004:2004, os resíduos são classificados em: Resíduos classe I – Perigosos Aqueles que apresentam periculosidade, podendo apresentar ris- co à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doen- ças ou acentuando seus índices e/ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Partici- pam, também, da classe I aqueles que apresentam uma das se- guintes características: inflamabilidade, corrosividade, reativida- de, toxicidade ou patogenicidade. 27 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Resíduos classe II - Não perigosos Resíduos classe II A - Não inertes - Podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Não apresentam perigo ao homem ou ao meio ambiente, porém não são inertes. Exemplos: a maioria dos resíduos domés- ticos, sucatas de materiais ferrosos e não ferrosos; embalagens de plástico, dentre outros. Resíduos classe II B – Inertes- Não contêm nenhum constituin- te solubilizável em concentração superior ao padrão de potabili- dade das águas. Exemplos: entulhos de demolições como pedra, areia, concreto e outros resíduos como o vidro. 1.2 Produção do Lixo e Destino Impróprio A natureza trabalha em ciclos, por isso, “nada se perde, tudo se transforma”. Animais, excrementos, folhas e todo tipo de mate- rial orgânico morto se decompõem com a ação de milhões de mi- crorganismos decompositores, como bactérias, fungos, vermes e outros disponibilizando os nutrientes que vão alimentar outras formas de vida. Até o início do século passado, o lixo gerado – restos de comida, ex- crementos de animais e outros materiais orgânicos – reintegrava-se aos ciclos naturais e servia como adubo para a agricultura. Com a industrialização e a concentração da população nas grandes ci- dades, o lixo foi se tornando um problema. A sociedade moder- na rompeu os ciclos da natureza: por um lado, extraímos mais e mais matérias-primas, por outro, fazemos crescer montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural, trans- formando-se em novas matérias-primas, pode tornar-se uma pe- rigosa fonte de contaminação para o meio ambiente ou de doen- ças. (Consumers International/ MMA/ MEC/IDEC, 2005) 28 Gestão Ambiental Segundo Bourscheit (2008), a construção e a demolição civis pro- duzem 73 mil toneladas diárias de entulhos. Para o lixo urbano, as regiões que mais contribuem são o Sudeste, o Sul e o Nordes- te, seguidas por Centro-Oeste e Norte. Dentre as 87 milhões de toneladas de lixo industrial geradas anualmente, pelo menos 3,7 milhões têm substâncias perigosas. Sem destino correto, estes re- síduos trazem problemas. Em São Paulo, único estado brasilei- ro com um cadastro público de locais contaminados, já são 2.272 áreas afeta- das. O estado gera 13 mil toneladas de resíduos diariamente, sem contar os industriais; sendo que deste total, 6,5 mil toneladas são da construção civil. Devido à poluição de seus mananciais, a região metropolitana de São Paulo já apresenta sérios problemas para garantir água em quantidade e qualidade adequada para seus 19 milhões de habi- tantes. Mananciais são as fontes, superficiais ou subterrâneas, utiliza- das para abastecimento humano e manutenção de atividades econômicas. As áreas de mananciais compreendem as porções do território percorridas e drenadas pelos cursos d´água, desde as nascentes até os rios e represas. Um exemplo é a Represa Billings, uma das principais reservas de água da metrópole, ao lado de Guarapiranga, em cujo entorno há aproximadamente 40 favelas. Hospitais, clínicas e outros es- tabelecimentos de saúde brasileiros descartam mil toneladas por dia. No entanto, pouco mais de três em cada dez quilos são trata- dos antes de chegar a aterros e lixões. 29 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Represa Billings Ocupação irregular, na região do Braço do Cocaia, da Represa Billings O aumento na geração de resíduos sólidos tem várias consequên- cias negativas: custos cada vez mais altos para coleta e tratamen- to do lixo; dificuldade para encontrar áreas disponíveis para sua disposição final; grande desperdício de matérias-primas. Por isso, os resíduos deveriam ser integrados como matérias-primas nos ciclos produtivos ou na natureza. Outras consequências do enorme volume de lixo gerado pelas sociedades modernas, quan- do o lixo é depositado em locais inadequados ou a coleta é defi- citária, são: • Contaminação do solo, ar e água; • Proliferação de vetores transmissores de doenças tal como mostra o próximo quadro; • Entupimento de redes de drenagem urbana; • Enchentes; • Degradação do ambiente e depreciação imobiliária. 30 Gestão Ambiental O lixo e as doenças Vetores Formas de Transmissão Enfermidades Rato e pulga Mordida, urina, fezes e picada. Leptospirose; Peste bu- bônica; Tifo murino. Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva. Febre tifóide; Cólera; Amebíase; Giardíase; Ascaridíase. Mosquito Picada. Malária; Febre amarela; Dengue; Leishmaniose. Barata Asas, patas, corpo e fezes. Febre tifóide; Cólera; Giardíase. Gado e porco Ingestão de carne contami- nada. Teníase; Cisticercose. Cão e gato Urina e fezes. Toxoplasmose. Fonte: Manual de Saneamento 1999 apud Consumers International/ MMA/ MEC/IDEC, 2005. Recentemente, começamos a perceber que, assim como não pode- mos deixar o lixo acumular dentro de nossas casas, é preciso con- ter a geração de resíduos e dar um tratamento adequado ao lixo do nosso planeta. Para isso, será preciso conter o consumo desenfreado, que gera cada vez mais lixo, e investir em tecnolo- gias que permitam diminuir a geração de resíduos, além da reutilização e da reci- clagem dos materiais em desuso. Precisamos, ainda, reformular nossa concepção a respeito do lixo. Não podemos mais encarar todo lixo como “resto inútil”, mas, sim como algo que pode ser transformado em nova matéria-pri- ma para retornar ao ciclo produtivo. (Consumers International/ MMA/ MEC/IDEC, 2005) 31 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 1.3 Resíduos Líquidos De acordo com Langanke (2008), resíduos líquidos são aqueles materiais não aproveitados que se encontram no estado líquido. Um dos principais tipos de resíduos líquidos é o proveniente da lixiviação dos materiais encontrados nos lixões e aterros sanitá- rios, conhecido como chorume. A água, proveniente do próprio lixo ou da chuva, entra em contato com os diversos materiais do lixo e inicia-se um processo de reações químicas em cadeia. Ao fim desse processo, várias substâncias tóxicas são formadas e po- dem se infiltrar no solo, contaminando o lençol freático, fonte de água de uma população próxima. Os resíduos líquidos, também chamados lixiviados, variam de lo- cal para local e dependem de diversos fatores, tais como: • Teor em água dos resíduos; • Isolamento dos sistemas de drenagem; • Clima (temperatura, pluviosidade, evaporação); • Permeabilidade do substrato geológico; • Grau de compactação dos resíduos; • Tempo dos resíduos. Os resíduos líquidos têm elevada concentração de matéria orgâni- ca, de azoto e de materiais tóxicos, por isso, deve ser feito o recolhi- mento e o tratamento, de modo a impedir a sua infiltração no solo. Devido à grande distância em que, normalmente, os aterros sa- nitários se encontram, torna-se, muitas vezes, inviável o acesso a esse tipo de destino final. A prática mais generalizada é o enter- ramento de resíduos em terrenos adjacentes, muitas vezes sem preparação, em solos inadequados perto de espécies faunísticas e florística de elevada fragilidade, o que dá origem a focos de po- luição e de contaminação localizados. Uma forma de minimizar 32 Gestão Ambiental esses efeitos é selecionar cuidadosamente o local (tipo de solo, cobertura vegetal, regime hidrológico), sua impermeabilização e seu recobrimento sistemático com terra. (GRUPO SERRANA EN- GENHARIA, 2008) 1.4 Resíduos Gasosos Os principais poluentes da atmosfera são aqueles emitidos em maiores quantidades e por grande variedade ou número de fon- te que se apresentam sistematicamente em áreas urbanas poluídas, em concen- trações próximas do limiar de efeitos perceptíveis sobre os vários receptores (MAZZER, 2008). São eles os principais poluentes da atmosfera: • Material particulado; • Óxidos de enxofre; • Óxidos de nitrogênio; • Monóxido de carbono. Vamos tomar como exemplo um aterro sanitário, que é um reator biológico em evolução e produz resíduos gasosos. Os resíduos resultam de reações químicas feitas pelas bactérias: fermentação aeróbia (com utilização de oxigênio) e anaeróbia (sem oxigênio). Entre os principais produtos, encontram-se o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4). As bactérias utilizam, especialmente, o lixo proveniente de fontes orgânicas como substrato para suas reações. (LANGANKE, 2009) Fermentação é o processo de transformação de uma substância em outra, produzida a partir de microrganismos,tais como bacté- rias e fungos, chamados, nestes casos, de fermentos. O objetivo da fermentação é quebrar a substância em compostos mais simples. 33 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 2 LIXO ELETRÔNICO Lixo é todo e qualquer material que sobra da atividade humana tais como resíduos, sujeira, restos. Todos nós sabemos e temos ouvido falar sobre a problemática do lixo, sua destinação e o que acarreta ao meio ambiente. De acordo com Carroll (2008), os seres humanos sempre foram muito eficientes na produção e no acúmulo de lixo. Os arqueó- logos do futuro vão notar que, nas últimas décadas do século 20, um novo e nocivo tipo de resíduo passou a acumular-se por todos os lados: os detritos de aparelhos eletrônicos, o lixo da era digital. O lixo eletrônico deriva dos componentes e periféricos de com- putadores, monitores e televisores, que contenham tubos de raio catódicos; e lâmpadas de mercúrio e componentes de equipamentos eletroeletrônicos de uso pessoal, que contenham metais pesados ou outras substâncias tóxicas (VIANA, 2008). Nos Estados Unidos, estima-se que mais de 70% dos computado- res e monitores descartados, e bem mais de 80% dos televisores acaba em aterros, com possibilidade de vazamento de chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio, berílio e outras substâncias tóxicas. Além dessas substâncias, o lixo eletrônico contém quantias signi- ficativas de prata, ouro e outros metais valiosos que são eficientes condutores de eletricidade. (CARROLL, 2008) De acordo com Norton (2005), um fato curioso é que há 15 ou 20 anos, a indústria de computadores orgulhava-se de sua lim- peza. Seus processos de produção eram con- siderados seriamente limpos e os próprios 34 Gestão Ambiental computadores eram vistos como um meio eficiente de poupar recursos valiosos, especialmente papéis. Uma das maiores revo- luções computacionais era o escritório sem papel, no qual os da- dos seriam armazenados eletronicamente. Ao contrário do que se pensava, hoje, infelizmente muitos escritórios usam mais papel como consequência da informatização. Conforme Norton (2005), entre os fabricantes de hardware, a uti- lização de CFCs na produção de chips é alvo de análises detalha- das. Já estudamos os problemas relacionados aos CFCs. Atual- mente, os fabricantes o utilizam para a limpeza dos chips durante a fabricação. Felizmente, estão sendo encontradas novas alterna- tivas para o destino dos CFCs. Outras duas fontes de preocupação são o uso de metais pesados em pilhas e baterias e ainda o desperdício de energia. Segundo Norton (2005), computadores ficam ligados 24 horas por dia, sen- do que tal atitude se justifica pelo fato de que muitos funcionários usam modems para acessar seus sistemas à noite para proteger os dados. Existem casos em que o computador é deixado ligado todos os dias, pois a máquina sente o impacto do “liga e desliga”. Vale ressaltar que existem, é claro, empresas que se preocupam com o uso racional de energia. Em Santa Catarina, os fabricantes, importadores e empresas que vendem produtos eletrônicos passaram a ser responsáveis pela destinação final ambientalmente adequada dos produtos e seus componentes em 2008, quando o então governador Luiz Henri- que da Silveira sancionou a lei que regulamenta o gerenciamento e destinação de lixo tecnológico. A lei estabelece que as empresas são responsáveis por apresentar um projeto de coleta e destinação final dos produtos que fabrica. A fiscalização é responsabilidade dos órgãos ambientais como, por exemplo, da Fundação Estadual 35 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC do Meio Ambiente (Fatma). FAÇA A SUA PARTE! Norton (2005) indica alguns passos na direção da informá- tica ambientalmente correta. Acompanhe! • Recicle todo papel. Mantenha uma caixa no seu escritório para jogar especialmente papel branco usado. Utilize rascunhos e economize papel. • Sempre que possível, edite seus documentos na tela ao invés de imprimi-los. • Desligue seu computador e a impressora quando não for usá-los por mais de algumas horas, mas não o desligue toda vez que sair do escritório. Os computadores usam uma quantidade desproporcional de energia durante a inicialização. • Se você utilizar uma impressora a laser, recicle os cartuchos de toner ou de tinta. O problema do acúmulo de lixo surgiu quando o homem se fixou em um determinado local. A preocupação com a eliminação dos resíduos produzidos implicou na destinação deste para locais afastados das aglomerações humanas. O Brasil produziu, somen- te em 2007, 61,5 milhões de toneladas de resíduos urbanos, por isso, devemos saber gerenciar os resíduos, e, sobretudo, sermos conscientes da importância de não gerá-los e da importância de dar a destinação adequada, evitando impactos maiores no meio ambiente. Síntese da Unidade 36 Gestão Ambiental ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Acesse o site: ead.sociesc.org.br e faça as atividades propostas da unidade! Anotações Importantes: Atividades Propostas POLUIÇÃO Caro(a) estudante! Aprendemos sobre algumas questões ambientais globais e também sobre os resíduos, responsáveis por toda po- luição existente. Agora, vamos entender o que é poluição e diferenciar seus tipos. A compreensão desta unidade é muito importante, pois, diariamente, estamos expostos a algum tipo de poluição, sem nem mesmo sabermos que ela existe. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Conhecer os tipos de poluição e o modo como afetam o ambiente; • Avaliar as causas e consequências dos diferentes tipos de poluição; • Compreender a importância da adequação das atividades humanas ao ambiente, visando o desenvolvimento sustentável. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se prefe- rir, assinale-os à medida que for estudando: • Introdução; • Tipos de poluição; • Poluição e o tipo de resíduo. 3 U ni da de 38 Gestão Ambiental 1 INTRODUÇÃO De acordo com Silva (2010), a partir da Revolução Industrial, as sociedades humanas pautadas no desenvolvimento científico e no capital, adotaram um modelo de desenvolvimento baseado no aumento crescente da produção e, consequentemente, do consu- mo. O crescimento das cidades, em face do aumento populacional, proporciona o aumento das catástrofes ambientais, desencadean- do problemas de suma importância, principalmente no que diz respeito à produção de resíduos orgânicos e inorgânicos, revelan- do a problemática do lixo e seu alto impacto sobre o meio ambiente. Além disso, várias espécies de animais desapareceram e outras tantas estão ameaçadas de extinção. Dessa forma, atualmente, as consequências do crescimento populacional já estão sendo sen- tidas pela humanidade e, sobretudo, pela natureza. A retirada de matéria-prima do meio ambiente desencadeou uma grave cri- se ecológica promovida por conta do crescimento da população mundial (GEWEHR, 2010). Hoje, a sociedade depara-se com al- gunsproblemas inexistentes para as gerações anteriores, um de- les é a poluição ambiental, tema que estudaremos a seguir. 2 TIPOS DE POLUIÇÃO De acordo com Mano (2005, p. 41), polui- ção é toda alteração das propriedades na- turais do meio ambiente que seja prejudi- cial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população sujeita aos seus efeitos, causada por agente de qualquer espécie. 39 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Podemos dividir os principais tipos de poluição em: poluição do solo, do ar, da água, acústica, luminosa, radioativa e visual. Po- rém, dificilmente os tipos de poluição ocorrem de forma isolada, geralmente, sim, há relações de interdependência entre os vários tipos de poluição. A disposição inadequada de lixo em terrenos baldios pode cau- sar, simultaneamente, a poluição do solo e da água, através do líquido gerado pelo resíduo que circula pelas camadas do solo, podendo atingir o lençol freático; do ar por conta da queima e dos gases gerados; e do visual pelo aspecto desagradável dos resíduos. Assim, torna-se importante conhecer as diversas formas de polui- ção, o modo como ocorrem, seus fatores e processos, para fazer o devido planejamento ambiental, prevenindo e minimizando os impactos das atividades humanas no meio ambiente. 2.1 Poluição Atmosférica Denomina-se poluição do ar ou atmosférica a presença de conta- minantes no ar, em concentrações que impeçam a sua dispersão normal e que interfiram direta ou indiretamente na saúde, segu- rança ou conforto do homem ou no pleno uso e gozo de suas propriedades. (FEMA, 2008) O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias poluentes, presentes no ar. De acordo com a Compa- nhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB, 2008), a variedade das substâncias poluentes que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, sendo que alguns desses poluentes servem como indicadores de qualidade do ar, foram adotados uni- versalmente e escolhidos em razão da frequência de ocorrência e 40 Gestão Ambiental de seus efeitos adversos. Elencamos alguns exemplos: Material Particulado (MP): sob essa denominação geral, encon- tra-se um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. Dióxido de Enxofre (SO2): Resulta, principalmente, da queima de combustíveis que contém enxofre, como óleo diesel, óleo com- bustível industrial e gasolina. É um dos principais formadores da chuva ácida, responsável pelas principais consequências da poluição do ar. As queimas de carvão ou de petróleo liberam resíduos gasosos, como óxidos de nitrogênio e de enxofre. A reação dessas substâncias com a água forma o ácido nítrico e o ácido sulfúrico, presentes nas precipitações de chuva ácida, como mostra a Figura 4. Figura 4: Chuva Ácida Fonte: Adaptado de http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ meio-ambiente-chuva-acida/imagens/chuva-acida5.jpg Chuva ácida (ácido sulfúrico e nítrico diluídos) Nuvem (vapor de água) Dióxido de nitrogênio Dióxido de enxofre NO + H O HNO + NO2 2 2 3 SO + H O H SO2 2 2 4 2NO + O 2NO 2 2 2SO + O 2SO2 2 4 NO NO 41 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Você deve saber que a chuva ácida ocasiona vários prejuízos e efei- tos, como sérios problemas à saúde humana, corrosão de materiais usados nas construções (Figura 5), acidificação dos lagos, perden- do toda a sua vida, bem como vários prejuízos à agricultura. Trata-se do acúmulo demasiado de óxido de nitrogênio (NO) e dióxidos de carbono (CO2) e enxofre (SO2) na atmosfera que, ao reagirem, formam gotículas de chuva e partículas de aerossóis. De acordo com Cabral (2008), a chuva ácida não necessariamente ocorre no local poluidor, pois tais poluentes aos serem lançados na atmosfera são levados pelos ventos, podendo provocar a rea- ção em regiões distantes. O pH (potencial hidrogeniônico) refere-se a uma medida que indica se uma solução líquida é ácida (pH < 7), neutra (pH = 7), ou básica/alcalina (pH > 7). A água na forma pura apresenta pH 7, enquanto ao contatar agentes poluidores reage modificando seu pH para 5,6 e até menos que isso, o que provoca reações e deixa consequências. Figura 5: Corrosão de monumentos causados pela Chuva Ácida Fonte: static.hsw.com.br/gif/acid-rain-4.jpg Monóxido de Carbono (CO): é um gás incolor e inodoro que re- sulta da queima incompleta de combustíveis de origem orgânica (combustíveis fósseis, entre outros). Em geral, é encontrado em 42 Gestão Ambiental maiores concentrações nas cidades, emitido, principalmente, por veículos automotores. Altas concentrações de CO são encontra- das em áreas de intensa circulação de veículos. Hidrocarbonetos (HC): são gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Todo hidrocarboneto é um composto orgânico que possui apenas carbono e hidrogênio na sua estrutura, como por exemplo, o metano (CH4). Óxido de Nitrogênio (NO) e Dióxido de Nitrogênio (NO2): são formados durante processos de combustão. Em grandes cidades, os veículos, geralmente, são os principais responsáveis pela emissão dos óxidos de nitrogênio que contribuem para a chuva ácida. Dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2): é um produto de reação em diferentes processos, tais como, a combustão do carvão e dos hidrocarbonetos, a fermentação dos líquidos e a respiração dos seres humanos e dos animais. É um dos gases que natural- mente contribui para o efeito estufa normal do planeta, mas, ago- ra, devido ao seu aumento na atmosfera, pode intensificar esse efeito, levando a um maior aquecimento do planeta. A concentração de poluentes está fortemente relacionada às con- dições meteorológicas. Alguns dos parâmetros que favorecem al- tos índices de poluição são: alta porcentagem de calmaria, ventos fracos e inversões térmicas (Figura 6), e a baixa altitude. Inversão Térmica é um fenômeno natural que pode acontecer em qualquer parte do planeta, no entanto, ocorre com maior frequência nos centros urbano-industriais, principalmente, nos dias frios durante o inverno. 43 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Figura 6: Inversão Térmica Fonte: Adaptado de http://www.ens.ufsc.br De acordo com a Figura 6, podemos ter condições normais e con- dições de inversão térmica: • Condições Normais: o Sol aquece a superfície terrestre, que libera calor. O ar quente sobe, junto com os poluentes. Com o aumento da altitude, o ar poluído se resfria e sobe para as camadas ainda mais frias. Os poluentes se dispersam com os ventos em altitudes elevadas. • Inversão Térmica: no inverno, o aquecimento da superfície terrestre é menos intenso. Uma camada de ar quente fica acima da camada mais próxima do solo, que fica mais fria nessa estação. Os poluentes não conseguem se dispersar e concentram-se em baixas altitudes. Assim como a chuva ácida, a destruição da camada de ozônio e o aquecimento global, a inversão térmica também é uma consequência da poluição atmosférica; 2.2 Poluição Aquática De acordo com a Cetesb (2008), a crescente expansão demográfica ar quente ar frio ar mais frio ar frio ar frio ar quente (camada de inversão) 44 Gestão Ambiental e industrial observada nas últimas décadas trouxe como conse- quência o comprometimento das águas dos rios, lagos e reser- vatórios. A falta de recursos financeiros nos países em desenvol- vimento tem agravado esse problema pela impossibilidade da aplicação de medidas corretivas para reverter a situação. A po- luição aquática é uma das mais preocupantes formas de poluição, tanto pela sua importância para a sobrevivência do homem como também pelas diversas formas como pode ocorrer. A poluição da água se dá com adição de esgotos, despejos industriais ou ou- tro material perigoso ou poluente às águas, em concentrações ou quantidades que resultem em degradação mensurável da quali- dadeda água. (FEMA, 2008) A poluição das águas pode ser gerada por efluentes domésticos (po- luentes orgânicos biodegradáveis, nutrientes e bactérias); efluentes industriais (poluentes orgânicos e inorgânicos, dependendo da atividade industrial); e ainda por carga difusa urbana e agrícola (poluentes advindos da drenagem dessas áreas: fertilizantes, de- fensivos agrícolas, fezes de animais e material em suspensão). O organograma abaixo apresenta as principais formas de polui- ção dos cursos de água (COSTA, 2005): • A poluição sedimentar ocorre com o acúmulo de partículas como o solo arrastado pelo processo erosivo, por exemplo. • A poluição biológica é causada pela presença de microrganismos patogênicos, devido à deposição imprópria de esgotos diretamente nos cursos da água. • A poluição térmica reduz o oxigênio disponível para que os peixes e outros organismos possam respirar e ocorre quando grandes volumes de líquido aquecido, geralmente originados de processos industriais, são depositados nos rios e lagos. 45 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC • A poluição causada por despejo de substâncias é bem caracterizada quando ocorrem acidentes com grandes navios que derramam petróleo ou outras substâncias tóxicas nos rios, lagos e oceanos. 2.3 Poluição do Solo De acordo com a Cetesb (2008), o solo atua frequentemente como um “filtro”, tendo a capacidade de depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No entanto, essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do solo, devido ao efeito cumulativo da deposição de poluentes atmosféricos, à aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e à disposição de resíduos sólidos industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos. Existem dois tipos de poluição do solo, como mostramos no quadro a seguir. POLUIÇÃO NATURAL Não associada à atividade humana POLUIÇÃO ARTIFICIAL De origem antrópica Erosão. Urbanização e ocupação do solo. Desastres naturais como inundações, terremotos, maremotos, vendavais, entre outros. Atividades agropastoris, ligadas à agricultura e pecuária. Atividades vulcânicas. Atividades extrativas: mineração. Áreas com elementos inorgânicos (principalmente metais) ou com irra- diação natural. Armazenamento de produtos e resí- duos, principalmente perigosos. Reservas de água Produção Qualidade Poluição Sedimentar Biológica Térmica Despejo de substâncias 46 Gestão Ambiental -------- Acidentes no transporte de cargas: derrame ou vazamento de produtos ou resíduos perigosos. -------- Lançamento de águas residuais, como esgotos sanitários e efluentes industriais. -------- Disposição de resíduos sólidos de di- versas origens. Fonte: BRINGHENTI, 2008 A liberação descontrolada de poluentes para o ambiente e sua consequente acumulação no solo e nos sedimentos sofreu uma mudança drástica, explicada pelo uso intensivo dos recursos na- turais e dos resíduos gerados pelo aumento das atividades urba- nas, industriais e agrícolas. (CETESB, 2008) 2.4 Poluição Sonora A poluição sonora é uma perturbação provocada pela emissão de sons e ruídos em níveis que prejudicam a saúde e as ativida- des humanas, podendo, inclusive, causar danos à integridade do meio ambiente e do homem. A poluição sonora se dá através do ruído, que é o som indeseja- do. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite tolerável ao ouvido humano é de 65 decibéis (dB). Acima disso, nosso organismo sofre estresse, aumentando, assim, o risco de doenças. Os ruídos acima de 85 decibéis (dB) aumentam o risco do comprometimento auditivo. De acordo com Rocha (2008), as consequências sobre a saúde são variáveis e podem ter diferentes níveis de gravidade, dentre as con- sequências, citam-se a irritabilidade, insônia, depressão e problemas de audição, que podem ir até a surdez passageira ou definitiva. 47 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC As fontes de poluição sonora são diversas, podemos classificá-las em fonte mecânica pontual, como exemplo, máquinas e usinas; fontes mecânicas móveis, provocada pela circulação dos carros, caminhões, helicópteros, ferrovias, rodovias e aeroportos; e ainda manifestações e eventos públicos como festas, fogos de artifícios, e locais públicos com grande frequência. 2.5 Poluição Visual De acordo com Ribeiro (2008), poluição visual é a degradação da qualidade ambiental resultante da atividade que, direta e indire- tamente, afeta as condições estéticas do meio ambiente urbano ou rural. A poluição visual pode ser definida como a proliferação indiscriminada de outdoors, cartazes, neon, letreiros e formas di- versas de propaganda e outros fatores que causem prejuízos à paisagem urbana local. Esse tipo de poluição degrada os centros urbanos pela falta de harmonia de anún- cios, logotipos e propagandas que con- correm pela atenção do espectador, cau- sando prejuízo a todos. (CRISPIM, 2008) 2.6 Poluição Luminosa De acordo com Silvestre (2008), a poluição luminosa pode ser de- finida como qualquer efeito adverso causado ao meio ambiente pela luz artificial excessiva ou mal direcionada. Essa luz, emitida para o espaço, reflete-se nas nuvens, em gotículas de água e nas poeiras em suspensão, criando nas camadas atmos- féricas um sério obstáculo à observação das estrelas, que prejudica ou mesmo impossibilita totalmente o trabalho dos astrônomos. 48 Gestão Ambiental Para saber mais sobre a poluição luminosa e ainda sobre astro- nomia, no site do astrônomo Roberto Silvestre, acesse: www.silvestre.eng.br/astronomia/polumin/ 2.7 Poluição Radioativa Em 06 de agosto de 1945, Hiroshima e o mundo conheciam o po- der da bomba atômica com o final da Segunda Guerra Mundial. Surgiu, desse modo, mais uma forma de poluição criada pelo ho- mem, a poluição radioativa, configurada pelo aumento dos ní- veis naturais de radiação por meio da utilização de substâncias radioativas naturais ou artificiais. Segundo Mano (2005, p. 78), as usinas nucleares não liberam para a atmosfera poluentes químicos, fumaças ou cinzas de grande im- pacto ambiental. Entretanto, são gerados rejeitos radioativos de baixa, média ou alta atividade, tais como combustível irradiado ou rejeitos de reprocessamento. A presença de usinas nucleares causa forte impacto psicológico negativo na população das redondezas. De acordo com Ponzetto (2002, p. 44), existem muitos efeitos nocivos que a radiação pode causar no ser humano, dentre eles destaca-se a interrupção do desenvolvimento das células, que dá origem a alguns tipos de câncer. 3 POLUIÇÃO E TIPO DE RESÍDUO Quando falamos em poluição das águas, devem ser consideradas não só as águas superficiais como também as subterrâneas. Uma das principais fontes de poluição das águas são os resíduos urba- 49 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC nos, tanto os industriais quanto os rurais, despejados voluntária ou involuntariamente (CAMPOS, 2008). Os poluentes mais co- muns das águas (Figura 7) são os fertilizantes agrícolas, esgotos domésticos e industriais, compostos orgânicos sintéticos, plásti- cos, petróleo e metais pesados, entre os quais se encontram tanto resíduos sólidos, quanto líquidos. Figura 7: Poluição das águas por diferentes tipos de resíduos Fonte: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/ 2003/poluentes/agua.ppt A contaminação dos solos dá-se, principalmente, por resíduos só- lidos e líquidos, águas contaminadas, efluentes sólidos e líquidos, efluentes provenientes de atividades agrícolas, dentre outros. Assim, pode-se dizer que a contaminação do solo ocorrerá sem- pre que houver adição de compostos ao solo, modificando suas características naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos, chamados poluição. (CAMPOS, 2008) Dificilmente, os tipos de poluição ocorrem de forma isolada, 50 Gestão Ambiental geralmente ocorrem em conjunto com várias relações de inter- dependência, sendo que um mesmo resíduo pode interferir na qualidade de dois meios poluídos.Tomando como exemplo a poluição da água e do solo e ilustrando o metal pesado como resíduo, sabemos que, no solo, os metais pe- sados tendem a ligar-se fortemente às argilas e outras partículas, concentrando-se e acumulando-se nas camadas superiores. No entanto, se esses elementos se tornarem mais móveis, podem ser “lavados”, acumulando-se nas águas subterrâneas. Neste caso, a qualidade das águas subterrâneas, que muitas vezes podem ser utilizadas no abastecimento doméstico, industrial, dentre outros, pode ser comprometida. De acordo com Costa (2008), os metais pesados são elementos de grande toxicidade para o homem, pois poluem os ecossistemas e entram na cadeia alimentar, tendo sua concentração aumentada, à medida que avançam os níveis tróficos, causando malefícios à saúde humana, como mostra o quadro abaixo. Metal pesado Origem Malefícios à saúde Cádmio Usado na galvanização de outros metais para evitar corrosão, algumas peças de motores, baterias de cád- mio, níquel, foguetes, mís- seis e aviões. A fumaça desse minério pode causar envenenamento e mor- te. A partir da contaminação, a provável consequência é febre alta, queimação na garganta, tosse, náuseas, dentre outros. Cobre (Cu) Cádmio (Cd) Chumbo (Pb) Manganês (Mn) Mercúrio (Hg) Níquel (Ni) Zinco (Zn) Acúmulo em solos Plantas Água Subterrânea Cadeia Alimentar Homem 51 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Chumbo Usado em cátodos de bate- ria, na construção, em tintas e vernizes, latas, pesticidas e inseticidas. Pode provocar lesões nos rins e no fígado, de modo que al- guns compostos de chumbo podem provocar câncer. Mercúrio Usado na fabricação de termômetros, barômetros, bombas de vácuo, extração de ouro, dentre outros. O envenenamento provoca inchaço das glândulas saliva- res e pode resultar em queda dos dentes e úlceras na boca e na gengiva. Níquel Usado em ligas com o aço na produção de máquinas, automóveis e componentes elétricos. Baterias, acumu- ladores e na fabricação de moedas. Agente cancerígeno, poden- do atingir os pulmões, a ca- vidade nasal, os ossos e o estômago. A exposição pro- longada pode causar até a morte. Zinco Usado na fabricação de ba- terias, pilhas, liga de latão, bronze e galvanização. Causa irritações digestivas, provocando náuseas, vômito e tontura. Fonte: PONZETTO, 2002 Kraemer (2008) relata que a indústria é responsável por grande quantidade de resíduos – sobras de carvão mineral, refugos da indústria metalúrgica, resíduos químicos, gás e fumaça lançados pelas chaminés das fábricas. O resíduo industrial é um dos maio- res responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele estão incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. De forma incorreta, os resíduos sólidos são amontoados e enter- rados; os líquidos são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente e, consequentemen- te, dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragédias. Para minimizar a disposição incorreta de resí- duos industriais, a NR 25 dispõe normas para resíduos gasosos, líquidos e sólidos. 52 Gestão Ambiental As Normas Regulamentadoras, também conhecidas por NRs, regulamentam, fornecem parâmetros e instruções sobre Saúde e Segurança do Trabalho. São de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da admi- nistração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. NR 25 - Resíduos Industriais (125.000-0) 25.1. Resíduos gasosos. 25.1.1. Os resíduos gasosos deverão ser eliminados dos locais de trabalho através de métodos, equipamentos ou medidas adequadas, sendo proibido o lançamento ou a liberação nos ambientes de trabalho de quaisquer contaminantes gasosos sob a forma de matéria ou energia, direta ou indiretamente, de for- ma a serem ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora - NR 15. (125.001-9 / I4) 25.1.2. As medidas, métodos, equipamentos ou dispositivos de controle do lançamento ou liberação dos contaminantes gaso- sos deverão ser submetidos ao exame e à aprovação dos órgãos competentes do Ministério do Trabalho, que, a seu critério ex- clusivo, tomará e analisará amostras do ar dos locais de traba- lho para fins de atendimento a estas Normas. (125.002-7/ I3) 25.1.3. Os métodos e procedimentos de análise dos contaminan- tes gasosos estão fixados na Norma Regulamentadora - NR 15. 25.1.4. Na eventualidade de utilização de métodos de controle que retirem os contaminantes gasosos dos ambientes de traba- lho e os lancem na atmosfera externa, ficam as emissões resul- 53 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC tantes sujeitas às legislações competentes nos níveis federal, estadual e municipal. 25.2. Resíduos líquidos e sólidos. 25.2.1. Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e e/ou retirados dos limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores. (125.003-5 / I4) 25.2.2. O lançamento ou disposição dos resíduos sólidos e lí- quidos de que trata esta norma nos recursos naturais - água e solo - sujeitar-se-á às legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e municipal. 25.2.3. Os resíduos sólidos e líquidos de alta toxicidade, peri- culosidade, os de alto risco biológico e os resíduos radioativos deverão ser dispostos com o conhecimento, a aquiescência e o auxílio de entidades especializadas/públicas ou vinculadas e no campo de sua competência. Uma das consequências do aumento populacional é a poluição, que se dá quando os resíduos lançados pelo homem na natureza são superiores à capacidade de absorção do meio ambiente, pro- vocando-lhe alterações. A poluição está relacionada, então, com os processos de industrialização e a consequente urbanização da humanidade. Síntese da Unidade 54 Gestão Ambiental ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Acesse o site: ead.sociesc.org.br e faça as atividades propostas da unidade! Anotações Importantes: Atividades Propostas LEGISLAÇÃO E LICENCIAMENTO AMBIENTAL Caro(a) estudante! Nesta quarta unidade, vamos introduzir a legislação am- biental que traduz um sistema de princípios e normas ju- rídicas capazes de disciplinar as relações do homem com o meio que o envolve, com o objetivo de conservar a natu- reza, a manutenção dos equilíbrios ecológicos, o combate às diversas formas de poluição em busca do desenvolvi- mento sustentado. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Compreender a legislação ambiental e a política nacional do meio ambiente; • Entender os princípios básicos do licenciamento ambiental, buscandogarantir qualidade ambiental para toda a sociedade brasileira. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se prefe- rir, assinale-os à medida que for estudando: • Contextualizando licenciamento ambiental; • As 17 leis ambientais mais importantes; • Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA; • Licenciamento ambiental; • Órgãos licenciadores; • Processo de licenciamento ambiental. 4 U ni da de 56 Gestão Ambiental 1 CONTEXTUALIZANDO A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Legislação Ambiental é o conjunto de normas jurídicas que se destinam a disciplinar a atividade humana, para torná-la compa- tível com a proteção do meio ambiente. No Brasil, as leis voltadas para a conservação ambiental começaram a ser votadas a partir de 1981, com a lei que criou a Política Nacional do Meio Ambien- te. Posteriormente, novas leis foram promulgadas, formando um sistema bastante completo de proteção ambiental. Para atingir seus objetivos de preservação, a legislação ambiental brasileira criou direitos e deveres para o cidadão, instrumentos de conservação do meio ambiente, nor- mas de uso dos diversos ecossistemas, normas para disciplinar atividades re- lacionadas à ecologia e ainda diversos tipos de unidades de conservação. Para entendermos melhor esta unidade, devemos conhecer o or- denamento jurídico, sabendo que Constituição Federal (CF) é a maior norma do país, limitando os poderes e organizando o Es- tado. No Brasil, a atual Constituição Federal foi promulgada em 1988 e, além do já mencionado, prevê direitos e garantias fun- damentais. A Constituição Federal pode sofrer alterações e, para tanto, faz uso das emendas constitucionais. Pela hierarquia, na sequência, vem as leis complementares* (que acrescentam ou explicam conteúdos da constituição), leis ordiná- rias e as medidas provisórias. Uma medida provisória é uma nor- ma jurídica editada em caso de relevância e urgência, pelo Presi- dente da República, com força de lei, devendo ser submetida de imediato ao Congresso Nacional. 57 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Lei complementar é um tipo de Lei que possui a finalidade de complementação das normas expressamente previstas na Constituição Federal, podendo ser aprovada somente se obti- ver aprovação da maioria absoluta dos membros de cada Casa do Congresso Nacional (acima de 50 % dos votos). Uma lei ordinária denomina-se apenas “lei”, fazendo-se necessária a inclusão do adjetivo “ordinária” para diferenciá-la de lei com- plementar e de lei delegada, pois reside na mesma escala hie- rárquica que as outras leis comuns. Temos, ainda, os decretos (ato administrativo emanado do Poder Executivo, para regulamentar a lei propriamente dita), as normas complementares com suas portarias e resoluções e as normas in- dividuais como contratos e sentenças. Vale lembrar que as nor- mas ditam padrões a serem adotados. A base legal para as leis ambientais está na Constituição Federal, Título VII, Capítulo VI, artigo 225, que convoca todos a comparti- lhar ações para o bem comum: Capítulo VI – MEIO AMBIENTE Artigo 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologica- mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à cole- tividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Diante desta convocação, as políticas nacionais, estaduais e mu- nicipais foram traçadas e regulamentadas nos seus diferentes aspectos e a participação de todos os segmentos para dar conta desse desafio caminha de forma lenta, mas progressiva. 58 Gestão Ambiental 2 LEIS AMBIENTAIS MAIS IMPORTANTES O quadro a seguir mostra as 17 principais leis que disciplinam as relações do homem com o meio ambiente. 1 Lei 7.347 de 24/07/1985 Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, e ao patrimônio artístico ou turístico. A ação pode ser requeri- da pelo Ministério Público, a pedido de qualquer pessoa, ou por uma entidade constituída há, pelo menos, um ano. 2 Lei 7.802 de 11/07/1989 Lei dos Agrotóxicos Regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotó- xicos até sua comercialização, aplicação, controle, fiscali- zação e também o destino da embalagem. Impõe a obri- gatoriedade do receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor. Também exige registro dos produtos nos Ministérios da Agricultura e da Saúde e no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Qualquer entidade pode pedir o cancelamento desse registro, encaminhando provas de que um produto causa grave prejuízo à saúde humana, meio ambiente e animais. A indústria tem direi- to de se defender. O descumprimento da lei pode render multas e reclusão, inclusive, para os empresários. 3 Lei 6.902 de 27/04/1981 Área de Proteção Ambiental Criou a figuras das “Estações Ecológicas”, áreas repre- sentativas de ecossistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem sofrer alterações para fins científicos. Criou, também, a “Áreas de Proteção Ambiental” (APA) que permanecem como propriedades privadas, com a intervenção do poder público que limita as atividades econômicas para fins de proteção ambiental. Ambas podem ser criadas pela União, Estado ou Município. 4 Lei 6.453 de 17/10/1977 Lei de Atividades Nucleares Dispõe sobre responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades nucleares. Entre outros, determina que quando houver um acidente nuclear, a instituição autorizada a operar a instalação nuclear tem a responsabilidade civil pelo dano, independentemente da existência de culpa. Se 59 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC for provada a culpa da vítima, a instituição apenas será exonerada de indenizar os danos ambientais. Em caso de acidente nuclear não relacionado a qualquer operador, os danos serão suportados pela União. A lei classifica como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar, ou exportar material sem autorização legal, extrair e comer- cializar ilegalmente minério nuclear, transmitir informa- ções sigilosas neste setor, ou deixar de seguir normas de segurança relativas à instalação nuclear. 5 Lei 9.605 de 12/02/1998 Crimes Ambientais Reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e - no caso de penas de prisão de até 4 anos - é possível aplicar penas alternativas. A lei criminaliza os atos de pichar edificações urbanas, fabricar ou soltar balões (pelo risco de provocar incêndios), maltratar as plantas de ornamentação (prisão de até um ano), dificul- tar o acesso às praias, ou realizar um desmatamento sem autorização prévia. Saiba mais no site do IBAMA, disponível em: www.ibama.gov.br 6 Lei 8.974 de 05/01/1995 Engenharia Genética Regulamentada pelo Decreto 1752, de 20/12/ 1995, a lei estabelece normas para aplicação da engenharia genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos geneticamente modificados (OGM), até sua comercialização, consumo e liberação no meio ambiente. Define engenharia genética como a atividade de mani- pulação em material genético que contém informações determinantes de caracteres hereditários de seres vivos. A autorização e fiscalização do funcionamento de ativi- dades na área, e da entrada de qualquer produto gene- ticamente modificado no país, é de responsabilidade de vários ministérios: do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, da Saúde, da Reforma Agrária. 60 Gestão Ambiental 7 Lei 7.805 de 18/07/1989 Exploração Mineral Regulamenta a atividade garimpeira.
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