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AVISO: Este roteiro não deve ser utilizado como única fonte de material para estudos, utilize os livros recomendados na disciplina. AULA 02 – CICLO CELULAR E DIVISÃO CELULAR (MITOSE E MEIOSE) PARTE 01 – Ciclo Celular e sua importância para as células e os organismos Imagine-se como uma célula da camada basal da epiderme da sua pele (figura ao lado), onde você auxilia seu organismo formando (conjuntamente com outras células deste tecido) uma barreira física contra possíveis invasões de agentes infecciosos. Aqui, é importante ressaltarmos que a pele é (assim como a maioria dos outros tecidos e órgãos do seu organismo) um Tecido do tipo Somático, ou seja, não está diretamente envolvido com a formação de gametas (Óvulos ou Espermatozoides). Já o tecido presente nas Gônadas (Ovário e Testículos) que participam diretamente da produção dos gametas, denominamos como Tecido Germinativo. No momento em que você (a célula) realiza suas atividades corriqueiras (ou repouso) você se encontra em uma das Fases do Ciclo de vida de uma célula, também conhecido como Ciclo Celular. Por sua vez, este Ciclo Celular é um conjunto de fases que compreende desde o momento em que a célula realiza suas atividades ou mesmo está em repouso (G0), assim como as fases necessárias para se preparar (G1, S e G2) e realizar a Divisão Celular (M). Assim, para que o tecido (pele) permaneça funcional, você e suas colegas deverão em algum momento se dividir para reconstituir ou mesmo repor partes do epitélio da pele. Quando isto é necessário, você receberá um sinal de que precisará realizar a divisão. Desta forma, você sairá da Fase G0 (de repouso) e entrará na primeira fase de preparação para a divisão celular, conhecida como Fase G1. FASE G1 Na G1, será necessário que você aumente seu volume, visto que ao final de todo o processo você se dividirá em duas células filhas, e além disso produza os componentes (RNAs, Proteínas e etc) necessários e importantíssimos para a próxima fase, a Fase S. FASE S Sabendo que as suas duas células filhas deverão ser idênticas a você, ou seja, ter exatamente a mesma quantidade de material genético, você deverá duplicar seu material genético (o DNA, que neste momento está no formato de Cromatina). Mas não basta simplesmente dobrar o material genético, na verdade é necessário que você produza duas réplicas (moléculas de DNA idênticas, com as mesmas sequências de bases) de cada molécula de DNA, e é por esta razão, que na Fase S (ou Fase de Síntese de DNA) é realizado o processo de Replicação do DNA. Cada molécula inicial de DNA agora foi transformada em duas réplicas, as quais permanecem unidas entre si para que posteriormente (durante a Fase M) formem as Cromátides-Irmãs dos Cromossomos. Após todo o DNA ser replicado, a célula poderá prosseguir para a próxima fase, conhecida como Fase G2. FASE G2 Durante a fase G2, você já tem seu DNA replicado, porém é necessário se preparar para a próxima fase do Ciclo Celular (Fase M), sintetizando RNAs e Proteínas, além de duplicar os Centríolos. Estes são importantes pois produzem os Microtúbulos (Pequenos filamentos em formato de tubos formados por proteínas chamadas de Tubulinas), os quais constroem as Fibras do Fuso Mitótico. Estes tubos minúsculos, ou seja, os microtúbulos são responsáveis pela ligação entre os centríolos e os cromossomos (a ligação do microtúbulo com o cromossomo ocorre em uma estrutura especializada do cromossomo presente em seu Centrômero conhecida como Cinetócoro) durante a divisão celular, e assim permite sua movimentação e organização, garantindo assim a correta separação do material genético para as células filhas. Importante também é lembrar que as Fases descritas até o momento (G0, G1, S e G2) fazem parte da Intérfase, ocasião que compreende o período entre duas Divisões Celulares sucessivas. Falaremos da próxima fase, a Fase M, mais adiante neste roteiro (Parte 3). Antes, discutiremos a importância do controle do Ciclo Celular. PARTE 2 – CONTROLE DO CICLO CELULAR Durante todo o período em que a célula passa no Ciclo Celular se preparando e efetivamente se dividindo, as diferentes fases são monitoradas para garantir que tudo ocorra da maneira correta. Um exemplo deste monitoramento são os Pontos de Verificação. Estes são momentos (nas diferentes Fases) em que a célula verifica se tudo está correto para que esta possa progredir para a próxima fase do ciclo. Por exemplo, na Fase G1 encontramos um ponto de verificação onde a célula analisa se o ambiente é favorável para que ela se divida. Neste caso, o ambiente favorável significa que a célula tem os nutrientes necessários para a divisão por exemplo. Já na Fase S, a célula verificará se o DNA tem danos (por exemplo mutações), caso encontre danos, a Fase S durará mais tempo até que os mecanismos de Reparo de Dano no DNA consigam corrigir o erro. Se não for possível corrigi-lo, a célula pode ativar a Apoptose (morte celular programada). Na Fase G2 é necessário verificar se todo o material genético foi devidamente replicado. Caso não o tenha sido, a célula pode optar pela Apoptose. Enquanto isso na Fase M, verifica-se se todos os Cromossomos estão devidamente conectados às fibras do fuso (Microtúbulos), pois somente assim haverá a correta distribuição de material genético para as células filhas. Ciclinas e Cdks A passagem de uma Fase para a outra do Ciclo Celular ocorre devido a ação de dois tipos de proteínas que atuam conjuntamente (formando um Complexo), as Ciclinas e as Quinases dependentes das Ciclinas, ou simplesmente, Cdks. Existem diferentes Ciclinas para as diferentes fases do Ciclo Celular. Por exemplo, temos as: G1-ciclinas, G1/S-ciclinas, S-ciclinas e as M-ciclinas. As quais serão combinadas a algumas Cdks, e esta combinação (forma um complexo chamado de Ciclina-Cdks) possui a capacidade de ativar outras proteínas pela transferência de grupos Fosfato (P) para elas. Por sua vez, estas proteínas ativadas acabam iniciando os processos de uma nova fase do ciclo celular. Assim, dependendo de quais ciclinas estão formando o complexo Ciclina-Cdk, as diferentes fases do ciclo celular são ativadas. Por exemplo: quando a G1-ciclina está ligada a Cdk2, forma o complexo G1-Cdk2 que permite a passagem da fase G1 para a fase S no ciclo celular. Apesar da passagem de uma fase para a outra ser necessária, existem momentos onde a célula precisa atrasar este acontecimento para que a célula consiga corrigir algum erro em seus processos. Um exemplo disso é a atuação de uma proteína conhecida como P53. Esta proteína (extremamente importante para a célula) identifica erros no DNA durante a fase G1, neste momento a P53 estimula a produção da proteína P21 (uma Inibidora de Cdk, ou Cki) que se liga ao complexo G1-Cdk2 e inibe sua ação. Desta forma, a célula evita a passagem da fase G1 para a fase S até que o erro no DNA seja corrigido. Pontos de Verificação É de extrema importância que a célula verifique seus processos e que em caso de erro possa corrigi-los ou mesmo (em situações críticas) ativar a Apoptose. Isso garante o controle do Ciclo Celular, ou seja, que a célula saiba quando e o quanto ela tem que se dividir. Caso este controle seja perdido, devido ao acúmulo de erros no DNA (mutações), esta célula poderá repetir o ciclo celular incontáveis vezes (de maneira descontrolada) e acabar formando agrupamentos de células (sem função, pois enquanto estão se dividindo suas funções estão suspensas) nos tecidos conhecidos como Tumores. Por sua vez, caso algumas células deste Tumor consigam invadir (através dos vasos sanguíneos) e colonizar outros tecidos, desenvolve-se assim, um Câncer. PARTE 3 – FASE M (Células Somáticas – MITOSE) As células que não estão diretamente envolvidas com a produção dos seus gametas (Espermatozoides ou Óvulos) fazem parte dos Tecidos Somáticos (Exemplo: Células musculares, neurônios,epiteliais do seu intestino e etc.). Para que estes tecidos cresçam, ou mesmo sejam recuperados, é necessário que suas células se dividam e formem células-filhas idênticas a célula-mãe. Isto significa que a quantidade de material genético nas células-mãe será a mesma nas células-filhas. Este tipo de divisão celular é conhecido como Mitose e ocorre durante a Fase M do Ciclo Celular. Para facilitar o entendimento dos acontecimentos durante a Mitose, a mesma é subdividida em fases. Entre estas temos: Prófase, (Prometáfase), Metáfase, Anáfase, Telófase e Citocinese. A descrição de cada uma destas fases é apresentada abaixo: PRÓFASE (1, 2 e 3*) / PROMETÁFASE (3) No início da Prófase da Mitose (figura 1) a célula já possui seu material genético duplicado (durante a Fase S) na forma de Cromatina (Formato menos condensado contendo DNA mais proteínas Histonas). Este formato de Cromatina não é o ideal para a correta separação do material genético para as células filhas. Assim, a célula inicia sua divisão compactando seu DNA no formato de Cromossomos. E esta compactação ocorre ao longo de toda a Prófase (figura 2). Enquanto isso, os Centríolos vão sendo deslocados para posições opostas na célula (Polos Opostos) e o Envoltório Nuclear é desfeito, para permitir que os Microtúbulo se liguem aos cromossomos (figura 3*). Alguns Autores descrevem estes últimos acontecimentos como fazendo parte da Prometáfase. METÁFASE (4) Durante esta fase, os cromossomos são encaminhados e orientados (pelos microtúbulos) no meio da célula, ou seja, na conhecida Placa Metafásica ou Equatorial (figura 4). Perceba que cada cromossomo tem um Cinetócoro ligado a um microtúbulo de um lado oposto da célula. Esta organização dos cromossomos é crucial para que o material genético seja dividido igualmente para as células-filhas de maneira igual na próxima fase. É importante lembrar também que é nesta fase que os cromossomos apresentam o maior grau de compactação. ANÁFASE (5) Neste momento, a célula possui 46 cromossomos duplicados (com duas cromátides irmãs cada), os microtúbulos que estão ligados a estes cromossomos reduzem seu tamanho, e isto causa a Separação das Cromátides Irmãs (figura 5). Devemos lembrar que cada microtúbulo está conectado (em cada cromossomo) ao cinetócoro de um polo diferente da célula, por esta razão, uma cromátide irmã vai para o polo da esquerda, enquanto a outra vai para o polo da direita. Isto ocorre com os 46 cromossomos humanos que temos nas células diploides dos tecidos somáticos. TELÓFASE (6) Após a separação das cromátides irmãs, elas são encaminhas às extremidades esquerda (metade das cromátides irmãs, ou seja, 46 filamentos de DNA) e direita (a outra metade, ou seja, os outros 46 filamentos de DNA) da célula. A Telófase corresponde ao momento que as cromátides irmãs chegam aos polos opostos da célula (extremidades esquerda e direita). Neste momento, o Envoltório Nuclear é refeito em cada um dos polos e as cromátides irmãs são descondensadas para reassumir sua forma de Cromatina (figura 5). CITOCINESE (7) Para finalizar a divisão das duas células-filhas, é necessário dividir também o citoplasma. Isso é realizado através de um Anel Contrátil (composto por proteínas: Actina e Miosina) que estrangula o citoplasma e o divide, formando assim as duas células-filhas (figura 7). Isto encerra a Mitose, as células-filhas agora podem realizar suas funções ou em caso de necessidade, seguir para um novo ciclo celular e uma nova divisão. PARTE 4 – FASE M (Células Germinativas – MEIOSE) Em Tecidos Germinativos (aqueles destinados a produzirem os gametas) a divisão celular ocorre de uma forma especial através da Meiose. Isso porque os gametas (espermatozoides e óvulos), são células haploides (ex. humanos n=23) e devem conter a metade do material genético de uma célula diploide. Isto ocorre, pois, ao unir os dois gametas haploides (ex. humanos n=23 + n=23), durante a fecundação formamos um zigoto diploide (ex. humanos 2n=46). Isto garante que a cada nova geração, o número cromossômico da espécie seja mantido e não aumente. Assim, para produzirmos gametas, a Meiose realiza duas divisões celulares diferentes: a Meiose I e a Meiose II. Durante a Meiose I vemos alguns dos importantes processos, como por exemplo o Pareamento dos Cromossomos Homólogos e a Recombinação (Prófase I), além da redução do número cromossômico (por isso também é conhecida como Reducional) das células-filhas através da Separação dos Cromossomos Homólogos (Anáfase I). Já na Meiose II (uma divisão que conhecemos como Equacional, visto que o número cromossômico não é reduzido novamente) ocorre a Separação das Cromátides Irmãs (Anáfase II), para que ao fim da divisão tenhamos células haploides. MEIOSE I PRÓFASE I A primeira fase da Meiose I é subdividida em subfases para melhor compreensão. Sendo assim, temos as fases: Leptóteno, Zigóteno, Paquíteno, Diplóteno e Diacinese. Durante o Leptóteno, ocorrem o aumento no volume do núcleo, e o início da condensação do material genético (ainda no formato de cromatina ou cromossomos interfásicos). Ao progredir para a próxima fase (Zigóteno) os cromossomos homólogos (ainda em condensação) se aproximam, formando o que chamamos de Pareamento dos Cromossomos Homólogos (figura 1) (cada par de cromossomos pareados se apresenta como Bivalentes). Agora que os cromossomos homólogos estão muito próximos, os membros dos pares de cromossomos podem trocar seguimentos entre suas cromátides-irmãs, isto ocorre durante o Paquíteno e é conhecido como Recombinação Genética (ou Crossing-over). A Recombinação (figura2) é uma importante fonte de diversidade genética, visto que a partir dela, os gametas (resultantes da meiose) apresentarão combinações diferentes de alelos. Perceba que estes eventos de Pareamento e Recombinação apenas ocorrem durante a Meiose e não na Mitose. Na fase seguinte, a Diplóteno, os cromossomos pareados se distanciam, entretanto, ainda mantendo-se unidos pelas regiões onde aconteceram as Recombinações. Estas regiões específicas recebem o nome de Quiasmas. E finalizando a Prófase I temos a Diacinese, fase onde os cromossomos continuam a se condensar, o Envoltório Nuclear se desfaz, os Centríolos são encaminhados para os polos opostos da célula (formando o Fuso com seus microtúbulos) e os pares de cromossomos homólogos permanecem unidos pelos seus quiasmas e ligados aos microtúbulos (figura 3). METÁFASE I Durante esta fase, os pares de cromossomos homólogos (que estão unidos) são encaminhados para o centro da célula formando o que chamamos de Placa Metafásica (ou Equatorial) (figura 4). Isto permite uma organização do material genético. Lembrando que nesta fase os cromossomos alcançam o maior nível de compactação (ou seja, de condensação) e que cada membro do par de cromossomos está conectado a microtúbulos de polos diferentes. Ou seja, um cromossomo ligado ao polo esquerdo e o outro cromossomo ligado ao lado direito. ANÁFASE I Com a organização dos cromossomos realizada na fase anterior, agora os membros de cada par de cromossomos homólogos podem ser separados. Sendo assim, nesta fase os microtúbulos ligados aos cinetócoros dos cromossomos reduzem seus tamanhos, tracionando os cromossomos e forçando a Separação dos Cromossomos Homólogos (figura 5) para os polos opostos da célula. TELÓFASE I Quando os cromossomos chegam nas extremidades (polos opostos) da célula, inicia-se a descompactação destes (em ambos os polos) e dois novos envoltórios nucleares são formados, um em cada polo, envolvendo o material genético (figura 6). CITOCINESE (OU INTERCINESE) Divisão do citoplasma através do anel contrátil para formar as duas células distintas (figura 6). É importante notar que as duas células-filhas resultantes da Meiose I possuem metade donúmero cromossômico da célula-mãe (do início da divisão). Por esta razão, a Meiose I é uma divisão Reducional (ou seja, com redução do número cromossômico pela metade). Por exemplo, se pensarmos na formação dos gametas humanos, nesta fase da Meiose as células possuem 23 cromossomos duplicados (ou seja, com as duas cromátides-irmãs ainda unidas). MEIOSE II Na segunda divisão da Meiose (conhecida como Meiose II) dividimos 2 células com 23 cromossomos duplicados (com duas cromátides-irmãs por cromossomo) em 4 células com 23 cromossomos simples (resultado da Separação das Cromátides-Irmãs). Assim, partiremos para as fases da Meiose II a seguir. PRÓFASE II Seguindo para a próxima divisão, a Meiose II, todos os acontecimentos aqui ocorrerão em ambas as células. Em sua primeira fase (Prófase II), a célula necessita novamente ir condensando o material genético (para formar os cromossomos), desfazer o envoltório nuclear, aqui ainda, duplica-se o Centríolo e os encaminha para os polos opostos da célula. Os cromossomos são conectados às fibras do fuso (microtúbulos) (figura 7). METÁFASE II Os cromossomos são direcionados para o centro da célula na Placa Metafásica (ou Equatorial) (figura 8). É importante lembrar que a cromátide esquerda de um cromossomo está ligada ao microtúbulo do polo esquerdo, enquanto a cromátide direita conecta-se ao polo direito. ANÁFASE II Neste momento ocorre a Separação das Cromátides-Irmãs pelo tracionamento dos microtúbulos das extremidades opostas da célula (figura 9). TELÓFASE II Ao chegarem aos polos, as antigas cromátides-irmãs irão ser descondensadas para reestruturar a cromatina e dois envoltórios nucleares são refeitos (um em cada polo) (figura 10). CITOCINESE Divisão dos citoplasmas através da ação do anel contrátil (figura 11). Ao fim da Meiose, temos a formação de quatro células haploides. Assim, em nosso exemplo em humanos iniciamos a Meiose com 1 célula diploide (2n=46) e a finalizamos com 4 células haploides (n=23). Agora estas células podem se diferenciar nos gametas (Óvulos em mulheres e Espermatozoides em Homens).
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