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SEMIOLOGIA DE GRANDES ANIMAIS Fichas clínicas Adote uma ficha clínica e atente para a sequência, a objetividade e a clareza das suas anotações. Conhecimentos de termos técnicos e dos métodos de exploração clínica são fundamentais. Exceto em casos emergenciais (sangramentos, contusões, asfixia) o exame clínico deverá ser realizado na sequência da ficha clínica adotada. Exame Clínico: é a reunião das informações necessárias para o estabelecimento preciso do diagnóstico do animal. Métodos de Exploração Clínica Direto: sem o uso de equipamentos Indiretos: com o uso de equipamentos Partes do exame clínico: Identificação ou Resenha: é o registro das características do animal e a sua procedência (espécie, raça, sexo, idade, proprietário). Anamnese: é o levantamento do histórico do caso e de outras informações fornecidas pelo proprietário ou tratador. Deve fornecer ao clínico os antecedentes da doença. Queixa, história médica pregressa, condição ambiental e de manejo, histórico do rebanho. Informações sobre: Sistema digestório, Sistema Cardiorrespiratório, Sistema geniturinário, Sistema nervoso, Sistema Locomotor, Pele e anexos. _Qual a queixa principal? _Como e quando começou o problema? _Como evoluiu? Onde se manifestou? _A anormalidade ou a doença coincidiu com alguma alteração da rotina do animal? _O animal já demonstrou problema semelhante em alguma fase da sua vida? _Outros animais ( se for o caso) também apresentam o sintoma? _Foi realizado algum tratamento? Teve alteração no quadro após o tratamento? Exame físico: é a coleta de sinais clínicos por meio dos meios de exploração clínica. Incluíndo o estado geral do animal, funções vitais (FR, FC, T, MR, MC) exame de mucosas, linfonodos, e todos os sistemas do corpo do animal. Geral: observações importantes que já poderão nos fornecer excelentes informações. Especial: avaliação dos diversos sistemas. Exames complementares: Exames laboratoriais (Hematológicos, bioquímicos, microbiológicos) radiográficos, endoscópicos, cirurgias exploratórias, os quais muitas vezes são imprescindíveis para o diagnóstico definitivo. Exame Físico Geral • O exame físico geral permite avaliar e monitorar o estado atual de saúde do paciente; • Muitas vezes a queixa principal não apresenta relação direta como o sistema primariamente comprometido; • Desta forma o exame físico constitui um passo decisivo para a realização do exame físico específico. Inspeção do Animal • Nível de Consciência: alerta; diminuído; aumentado. “Importante levar em consideração o comportamento de cada categoria da espécie e raça.” • Postura e Locomoção: normal; anormal. • Comportamento: avalia a resposta do animal aos estímulos do meio (apático, adequado, excitabilidade aumentada). • Condição física e corporal: obeso; normal; magro; caquético. • Pele e anexos: pelos limpos; eriçados; ecto e endoparasitas. • Forma Abdominal: normal; anormal. • Características Respiratórias: eupneia; taquipnéia; dispneia; secreção nasal. • Outros: apetite; sede; defecação; secreções; micção. Avaliação da desidratação (elasticidade de pele (turgor cutâneo), TPC, enolftalmia, exames laboratoriais). Mucosas Visíveis: oculopalpebral; nasal; vulvar; prepucial; anal. “Sempre avaliar mais que uma”. A Inspeção pode ser direta (olho do observador) ou indireta: Realizada por meio de instrumentos: espéculos, oftalmoscópios, laringoscópio, otoscópio, radiografias, ultra-sonografia, registros gráficos. Palpação Deve ser feita com: • Mão espalmada ou parte ventral dos dedos; • Usando-se o polegar e o indicador; • Com o dorso da mão para temperatura. Palpação direta: com as mãos Palpação indireta: Realizada por meio de instrumentos: bastão, pinça de casco, sonda pescadora. Geralmente com o objetivo de avaliar sensibilidade. Auscultação • Ruídos Respiratórios; • Bulhas Cardíacas (normal ou alterações); • Sopros; • Sons do sistema digestório (descargas ruminais e do ceco). Auscultação Cardíaca Frequência cardíaca e Pulso Taquicardia: aumento da frequência cardíaca Bradicardia: redução da frequência cardíaca Pulso: detectado pela palpação de uma artéria periférica. Geralmente corresponde à frequência cardíaca. (Ex: artéria safena; artéria maxilar externa em bovinos (30 a 60 seg); artéria digital palmar e plantar em equinos). Obs. O desvio acentuado da FC implica uma minuciosa avaliação do sistema circulatório. A frequência cardíaca é um bom indicador da severidade do caso. Se inferior a 40 BPM - dor leve a moderada (obstruções, alterações não estrangulantes) Superior a 120 BPM: mau prognóstico Geralmente acima de 80 BPM sugere lesão estrangulante. Auscultação Respiratória Frequência Respiratória: observada à distância levando-se em consideração os movimentos arco-costais ou com o uso de estetoscópio. Taquipnéia: aumento da frequência respiratória Bradipnéia: redução da frequência respiratória Obs. O desvio acentuado da FR implica uma minuciosa avaliação do sistema respiratório. Termometria Estudo da variação térmica. Para correta aferição da temperatura o animal deve estar adequadamente contido. O termômetro deve se introduzido adequadamente via retal. Cuidado com os erros comuns. Variações normais: ciclo cicardiano, cio, ingestão de alimentos, ingestão de água, esforço físico. • Normometria: valores nos limites normais da espécie; • Hipertermia: temperatura corporal acima do normal; • Hipotermia: temperatura corporal abaixo do normal. Síndrome Febre Elevação da temperatura corporal acima da temperatura máxima normal. Indicativo de doença subjacente. É benéfica na maioria das doenças, pois estimula a formação de anticorpos. Febre é uma síndrome!! Mucosas congestas, secas, aumento da FC, FR, focinho seco, oligúria, depressão, polidipsia. “MUITO IMPORTANTE: temperatura superior a 42,5°C ocorre a perda da função celular e perda da consciência, risco de óbito”. Sistema Linfático É uma via acessória pelos quais os líquidos circulam para o sangue. Linfonodos: São gânglios com função de filtrar possíveis infecções. São muitas vezes palpáveis e nos fornecem orientação sobre o local onde está ocorrendo o processo infeccioso ou inflamatório. Devemos observar: aumento de volume; sensibilidade dolorosa; consistência e aderência. • Linfonodo Mandibular: lateral a faringe; tamanho de avelã a noz; drena a metade inferior da cabeça; se estiver normal não é palpável. • Linfonodo Paratídeo: abaixo da articulação mandibular; drenam parte superior da cabeça. • Linfonodo Retrofaríngeo: caudo dorsal à faringe; não são palpáveis; drenam linfa da parte inferior cabeça. • Linfonodo Cervical: situados mais altos e cranial a articulação do ombro; espessura de um dedo; orelha, pescoço, peito, escápula. Avaliação dos linfonodos internos na espécie bovina 7. Ilíaco interno 8. Isquiático Percussão: Tipos de sons: Timpânico: som grave - quando se percute áreas repletas de ar ou gás e cujo órgão esteja distendido. Ex: órgãos ocos Hipersonoro: é observado em casos de pneumotórax e fase inicial de timpanismo gasoso. Claro: som intermediário - quando a resposta atinge uma área com ar no seu interior. Ex: pulmão Submaciço: sobrepondo uma área compacta. Maciço: som agudo - percussão no limite entre vísceras maciças e ar. Ex: musculatura Percussão direta: com as pontas dos dedos, com a articulação interfalangeana do dedo Médio (dígito digital). Punho fechado (grandes animais). Percussão indireta: Realizada por meio de instrumentos: martelo percussor ou com o martelo e o plexímetro. A finalidade da percussão é a localização topográfica ou avaliação da alteração do som Olfação Método de exploração clínica que se baseia na exploração pelo olfato do clínico, empregado no exame das transpirações cutâneas,do ar expirado e das excreções. É de menor interesse que os outros meios já citados, porém, em certos casos, pode ser de grande ajuda no encaminhamento do diagnóstico. Sintoma: é todo fenômeno anormal pelo qual a doença se revela ( sentida pelo paciente). Ex: dor, náusea, dormência Sinal clínico: É uma alteração objetiva que pode ser notada pelos métodos exploratórios. Ex: sopro cardíaco leva o clínico a pensar em uma insuficiência cardíaca, edema, cianose, claudicação. Síndrome: é o conjunto de sintomas que se repetem de maneira simultânea em várias enfermidades e que podem não caracterizar nenhuma delas. Ex: Febre (gastroenterite, febre aftosa, pneumonia). Diagnóstico: é a identificação e constatação da doença. Prognóstico: é a estimativa da evolução da enfermidade. Sequelas, incapacitações, morte. Pode ser bom, reservado ou desfavorável. SEMIOLOGIA DO SISTEMA LOCOMOTOR DE GRANDES ANIMAIS EQUINOS Os membros dos equinos formam um conjunto perfeitamente harmônico, com participação ativa de cada componente. O esqueleto se constitui no arcabouço de todo o organismo do cavalo, sendo o alicerce para o sistema de alavanca que as articulações exercem. Os músculos atuam como transmissores da cinética do movimento aos tendões, possibilitando a movimentação de todas as estruturas que formam e mantêm a estabilidade da articulação. São duas as principais funções corporais do OSSO: a primeira, a formação do esqueleto, que atua como suporte mecânico, protegendo os órgãos vitais, atribuindo formato aos tecidos moles, possibilitando o movimento dos músculos e a locomoção dos equinos; a segunda função dos ossos no organismo está relacionada com a importância na homeostase do cálcio. As ARTICULAÇÕES realizam a união de um ou mais ossos; os músculos esqueléticos se inserem por meio de seus tendões nos ossos, os quais atuam como alavancas em movimento. Essa união pode ser (1) móvel, (2) pouco móvel ou (3) imóvel. Os TENDÕES e os LIGAMENTOS localizados na região distal dos membros dos equinos têm notória importância anatômica, funcional, clínica e patológica. Os MÚSCULOS atuam ativamente na locomoção, no movimento dos membros, na postura e na estabilidade articular. EXAME PARA DIAGNÓSTICO DE CLAUDICAÇÃO Claudicação é o sinal clínico de um distúrbio estrutural ou funcional que se manifesta em um ou mais membros, geralmente durante a locomoção. A claudicação na espécie equina é um assunto de grande importância, tanto do ponto de vista médico como financeiro. Em equinos atletas, as enfermidades osteo muscula res são a principal causa de diminuição de desempenho e de interrupção precoce da carreira, resultando em perdas econômicas significativas na criação. As principais causas de enfermidades ortopédicas que levam à claudicação são trauma, excesso de exercício, anomalia congênita ou adquirida, infecção, distúrbio metabólico, alteração circulatória ou nervosa ou, ainda, a combinação dessas. IDENTIFICAÇÃO E ANAMNESE A identificação do animal é realizada ao verificar as características ou a aparência externa, utilizando aspectos como raça, idade, sexo, nome do proprietário e procedência. Inicialmente, deve-se, em poucas palavras, registrar a queixa principal que levou o proprietário a procurar o hospital ou o veterinário. Quando o proprietário perceber que o animal estava claudicando? Qual foi a duração dos sinais clínicos? A claudicação teve aparecimento súbito ou gradativo? Qual foi a causa da claudicação? O animal melhorou ou piorou desde o início da claudicação? O animal claudica mais durante o período de trabalho? Saber se o proprietário notou aumento de volume ou alteração na postura do animal. Se o animal foi casqueado ou ferrado recentemente. O animal tropeça frequentemente? O animal passou por algum tratamento? Por quanto tempo? Melhorou ou pirou após esse tratamento? EXAME FÍSICO O exame físico do paciente compreende inspeção, palpação e manipulação dos membros em repouso e em movimento, além da utilização de alguns instrumentos que facilitem o exame. Os principais objetivos do exame do aparelho locomotor são: determinar qual o membro claudicante, localizar a lesão no membro e diagnosticar a enfermidade. Inicialmente, realiza-se inspeção panorâmica do equino em estação, seguida de inspeção localizada dos segmentos corporais, fixando-se a atenção em áreas restritas. Nessa fase, é possível observar assimetrias de conformação e aprumos, deformações, aumentos de volume, atrofias musculares, soluções de continuidade, cicatrizes ou posturas anormais, visualizadas de frente, de ambos os lados e de trás. Para verificar a simetria, o membro deve ser inspecionado e comparado ao contralateral. Nos membros anteriores, aquele com menor casco, talão alto e atrofia da musculatura externa é geralmente o membro claudicante. O casco é menor em virtude da alteração crônica no aprumo; e a atrofia muscular decorre da diminuição funcional do membro. Nos membros posteriores, a atrofia do glúteo médio e/ou músculo grácil indica o desuso do membro. Na sequência, o equino será examinado em movimento, uma vez que algumas enfermidades exibem seus sinais clínicos apenas nesse estado. O examinador deve ser capaz de observar todos os membros em conjunto, inicialmente, e então cada um individualmente, para facilitar o diagnóstico de claudicação (Figura 12.22). O principal objetivo durante o exercício é identificar o membro ou membros envolvidos e o grau de claudicação, além de uma possível incoordenação do animal em movimento. Geralmente, nas claudicações de apoio do membro anterior, o animal eleva a cabeça quando apoia o membro lesado no solo, na tentativa de aliviar o peso aplicado sobre ele na fase de apoio e, em seguida, abaixa a cabeça quando apoia o membro normal. Já nas claudicações do membro posterior, a garupa do lado afetado se eleva ao apoio do membro lesado e desce ao apoio do membro são. Em casos de claudicação bilateral, quando a movimentação da cabeça é mínima, o equino compensa a dor reduzindo a fase de sustentação para ambos os membros, produzindo assim um andar geralmente arrastando a pinça do casco. GRAU DE CLAUDICAÇÃO TESTES DE FLEXÃO Os testes de flexão podem auxiliar na identificação do membro e/ou do local afetado. Nessa fase do exame, devem ser realizados movimentos passivos de flexão, a fim de exacerbar um foco de dor. Na maioria dos testes, a flexão é feita por 30 a 60s. A força (pressão) e o tempo da flexão devem ser os mesmos em todas as articulações, para não distorcer a interpretação dos resultados. Os movimentos de extensão, adução e abdução também são utilizados. Após a flexão das articulações, o cavalo é submetido ao trote ou até mesmo ao passo. EXAME POR INSPEÇÃO E PALPAÇÃO ESPECÍFICAS O animal deve ser colocado em estação e deve ter os membros palpados, iniciando pela porção distal, avaliando: massa muscular, assimetria, tumefações, ferimentos e outros, de preferência com o animal relaxado. Além disso, deve-se avaliar a temperatura das articulações ao toque. CASCO: o casco deve ser inspecionado para assimetria, conformação, altura do talão, espaço entre os talões, anéis de crescimento, rachaduras do estojo córneo e drenagem de exsudato da região coronária. Realiza-se ainda, a pressão e a percussão aplicadas na sola e na parede do casco pela pinça de casco. QUARTELA: A amplitude do pulso das artérias digitais palmares e plantares laterais e mediais na quartela pode ser palpada principalmente em inflamações podais, como laminite. Deve-se rea li zar uma pressão leve, adequada, comparando-se sempre com o pulso contralateral. À inspeção e à palpação podem ser observados aumentos de volume, seguidos de aumentos discretos de temperatura e sensibilidade nas superfícies. BOLETO: A inspeção do boleto deve ser realizada visando detectar aumento de volume nas regiões dorsal e palmardessa estrutura. A palpação dessa articulação auxilia na avaliação do grau de dor, da existência de líquidos, fibroses ou tecidos calcificados no interior das cavidades sinoviais, do grau de espessamento da cápsula ar ticular e da bainha do tendão. O boleto é flexionado por 1 min e então o animal é submetido ao trote, com resultado positivo caso claudique. III METACARPO: Por sua superficialidade, a inspeção e a palpação dos planos anatômicos que integram essa região são de fácil exploração visual e sensitiva. A palpação é realizada inicialmente com o membro em apoio e posteriormente com o membro semi flexionado e elevado, REGIÃO DA ARTICULAÇÃO DO CARPO: Com a flexão do carpo, realiza-se mais facilmente a palpação da articulação do carpo e estruturas ósseas relacionadas. ARTICULAÇÕES UMERORRADIOULNAR E ESCAPULOUMERAL TARSO (JARRETE) ARTICULAÇÃO FEMOROTIBIOPATELAR REGIÕES COXAL E LOMBAR: observação da simetria das 1013 tuberosidades coxal, isquiá tica e sacral em cada lado do animal. Os movimentos de flexão, extensão e abdução, associados à auscultação com estetoscópio, podem auxiliar na detecção de crepitação. Identificação de pulso das artérias ilíacas, palpado por via retal. EXAMES COMPLEMENTARES Radiografias, ultrassonografias, artrocentese e avaliação do líquido sinovial, biópsias, artroscopia, termografia, cintilografia, bloqueios anestésicos intra-articulares. CAUSAS COMUNS DE COMPROMETIMENTO LOCOMOTOR FRATURA: Geralmente tem histórico de trauma, dor, crepitação, aumento de volume; Fraturas espontâneas suspeitar de envolvimento metabólico (desbalanço nutricional, neoplasia) TENDINITE: Comum em equinos de esporte por conta das constantes exigências ARTRITE: Dor, aumento de volume e temperatura local LAMINITE: atinge o sistema locomotor de equinos. Na pata afetada com laminite ocorre uma isquemia (diminui o suprimento de sangue) no interior do casco, as lâminas ficam inflamadas e podem necrosar, gerando muita dor. Em casos mais sérios o animal pode perder o estojo córneo. MIOSITE POR ESFORÇO BOVINOS Preliminarmente, as claudicações na espécie bovina devem ser definidas como um distúrbio do padrão biomecânico de locomoção em um ou mais membros, causado frequentemente pela ocorrência de dor. Frequentemente, a ocorrência de processos dolorosos em um membro induz movimentos compensatórios discretos nos outros membros e cabeça, durante o andamento, manifestada durante a progressão ou quando o animal permanece em posição quadrupedal; esses movimentos compensatórios podem auxiliar na localização da lesão. A utilização de bretes e de troncos para o exame do aparelho locomotor apresenta-se como uma ótima alternativa de contenção, pois possibilita a inspeção e a palpação sem a necessidade imediata de sedação ou anestesia. Recomendam-se os modelos de bretes destinados ao casqueamento de bovinos em posição quadrupedal ou em decúbito lateral. SEMIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO Aparelho ou sistema digestório é o nome dado ao conjunto de órgãos responsáveis pela captação, digestão e absorção de substâncias nutritivas. É constituído de um tubo digestivo (boca, esôfago, estômago – pré-estômagos e abomaso, em animais ruminantes –, alças intestinais, reto e ânus) e de órgãos anexos (glândulas salivares, pâncreas, fígado e vesícula biliar). A maior cavidade corporal é a abdominal, intermediária entre a torácica e a pélvica, separada anteriormente pelo diafragma e, em sentido caudal, pelas estruturas que constituem a pelve. F. Feitosa explica que, “há diferença semiológica no significado dos termos fome e apetite, pois são duas sensações diferentes: o apetite é desejo do alimento e a fome por sua vez é a desagradável sensação de vazio no estômago, a necessidade do alimento. Alterações do Apetite Polifagia: aumento da ingestão de alimentos acima do normal. Ex: Diarréias, amamentação, dietas pobres. Anorexia: diminuição da ingestão de alimentos abaixo do normal. Ex: Lesões de mucosa, dentes, febres, dor. Normorexia: Apetite normal. Parorexia: Ingestão de substâncias estranhas à alimentação normal da espécie. Disfagia: É a dificuldade durante o ato de deglutição. Normodipsia: ingestão normal de água. Polidipsia: aumento da ingestão de água. Hipodipsia: diminuição da ingestão de água. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE O paciente é identificado por suas características externas, utilizando-se aspectos como idade (forte correlação com o desenvolvimento anatomofuncional do sistema digestório em bovinos), sexo, cor, raça, espécie (o deslocamento abomasal e a reticulite traumática são comumente encontrados em vacas de leite), procedência, dentre outros. ANAMNESE Devem ser considerados três aspectos fundamentais com relação aos transtornos digestivos: (1) o animal; (2) o ambiente; e (3) a alimentação. O animal: A primeira pergunta deve ser ‘’ Qual a queixa principal? ‘’. Deve-se perguntar se o animal apresentou o mesmo problema anteriormente, se foi feita alguma medicação e qual foi a resposta obtida após a sua realização. O tempo de evolução do processo patológico é bastante. De maneira geral, os transtornos fermentativos aparecem e se desenvolvem de modo rápido e assustador (acidose, timpanismo espumoso), ao passo que alguns distúrbios motores e de origem parasitária apresentam quadro mais longo e de intensidade branda. A disfunção digestiva é primária ou secundária a outra enfermidade? O problema digestivo é brando, moderado ou grave? O animal foi vermifugado recentemente? Já foi tratato? Qual o medicamento? Por quanto tempo foi administrado? O ambiente: Os animais são criados em regime extensivo de pastagem ou são confinados? Esse questionamento é importante, pois os animais podem apresentar problemas digestivos por diferentes causas, tais como: Suplementação inadequada de concentrados Fornecimento de alimentos mofados ou estragados Ingestão de sal mineral molhado ou úmido Ingestão de plantas tóxicas, água ou pasto contaminados por herbicidas e/ou outros produtos tóxicos. A alimentação: 0ual o tipo de alimentação? 0ual a relação volumoso e concentrado? Houve mudança no tratamento alimentar? Se sim, há quanto tempo? 0ual a quantidade que o animal se alimenta? 0ual a frequência que o animal se alimenta? Deve-se verificar a existência de novos trabalhadores na propriedade e a sua participação no manejo dos animais. A quantidade e a consistência das fezes também devem ser lembradas e proveem a evidência da quantidade e do tipo de material recentemente consumido. AVALIAÇÃO FÍSICA GERAL O exame físico geral deve incluir, sobretudo, o sistema circulatório (frequência cardíaca, qualidade do pulso arterial, pulso venoso patológico e tempo de preenchimento capilar), visto que a avaliação desse sistema fornece dados consistentes sobre o estado geral do animal. A desidratação (acentuada e rápida costuma ser visto nos casos de acidose rumenal) do animal pode ser evidente ao avaliar-se a elasticidade da sua pele ou pela retração do globo ocular na órbita. Frequência respitatória também deve ser avaliada Na maioria dos casos de problemas digestivos, a temperatura corporal fica dentro dos limites de normalidade. Durante a aferição da temperatura, deve-se observar a cauda e a porção distal dos membros pélvicos, a fim de verificar se há fezes, sangue e/ou muco. Fezes enegrecidas por sangue (melena) indicam hemorragia na porção proximal ou anterior do sistema digestório. Quando as fezes estão recobertas ou entremeadas com sangue (hematoquezia), sugerem perda de sangue na porção distal ou final do sistema digestório, tais como intestino grosso e reto, A coloração de mucosas também é um item importante, visto que vasos episclerais injetados ou ingurgitados, caracterizados por vasos distendidos e vermelho-escuros, podem sugerir condições gastrintestinais septicêmicas. Verifica-se palidez quandohá distúrbio hemorrágico do sistema digestório, ocasionado por úlceras abomasais (gástricas em equinos), parasitismo (coccidiose, haemonchus), dentre outras. EXAME FÍSICO ESPECÍFICO A avaliação do sistema digestório deve ser sempre iniciada pelo exame da cavidade bucal Na boca, operam-se três funções de extrema importância para a digestão: (1) apreensão; (2) mastigação; e (3) insalivação dos alimentos. A inspeção externa possibilitará observar se a boca está ou não adequadamente fechada, se existem lesões aparentes (tais como fístulas, feridas e edemas), bem como assimetria dos lábios ou da rima labial, fechamento da cavidade bucal, sialorreia, acúmulo de alimentos fibrosos, odor desagradável (halitose) na olfação da cavidade bucal. Invariavelmente, nos processos dolorosos que acometem a língua e os lábios, o emagrecimento progressivo é facilmente perceptível. Observar se há alteração de postura da cabeça à deglutição, Feita a inspeção externa, deve-se abrir a cavidade bucal para observar língua, bochechas, arcadas dentárias, gengivas e palato, na tentativa de constatar a existência de congestão, corpos estranhos, vesículas, úlceras e/ou de outras lesões aparentes. Durante a abertura, deve-se notar a resistência oferecida pelos maxilares ao procedimento. Para observação da faringe, muitas vezes, é necessária a utilização de um abaixador de língua em virtude do tórus lingual (em ruminantes). A faringe pode ser palpada externa e internamente (com a colocação de um abre-boca), observando a existência de aumento de sensibilidade e de corpos estranhos na região de orofaringe. Para a observação do esôfago realiza-se a inspeção externa do esôfago do lado esquerdo do animal. A palpação do esôfago pode ser feita. Fígado: A avaliação do fígado deve ter como base principalmente dados da anamnese, inspeção de mucosas aparentes, palpação e percussão da região hepática e realização de exames complementares (p. ex., provas de função hepática e biopsia). Alças intestinais: Por inspeção para avaliar aumentos de volume. Palpação da parede abdominal para identificar possíveis dores ao toque. Contudo, a palpação retal é bem mais elucidativa e oferece dados importantes, tais como quantidade e grau de umidade do material fecal, estreitamento, sensibilidade, torções etc. Exames complementares Ao término do exame físico específico, o examinador pode desejar realizar um diagnóstico diferencial ou confirmar a sua suspeita diagnóstica por meio de exames complementares, como: Paracentese abdominal (coleta e a avaliação do líquido peritoneal), laparotomia exploratória (abertura da parede abdominal e exploração), exame do líquido ruminal (o método ideal de coleta é feito por meio da passagem de uma sonda apropriada por via nasoesofágica ou oroesofágica, mas também pode ser coletado através de fístula e é feita avaliação de cor, consistência, odor, sedimentação e flutuação, pH e população microbiológica e outros), detector de metais, exame de fezes, provas de avaliação hepática, radiologia, ultrassonografia, exames de sangue, endoscopia e laparoscopia RUMINANTES Atualmente, os ruminantes domésticos têm sido alimentados com rações concentradas, tendo à disposição cada vez menos alimentos fibrosos de alta qualidade. Em decorrência dessa intensificação dos processos de produção, as enfermidades digestivas se tornaram mais frequentes e bem mais conhecidas. Fluxo do alimento pós-consumo: Boca – Esôfago - Rúmen (separação de partículas) – Boca (mastigação) – Esôfago – Rúmen (fermentação) – Retículo – Omaso – Abomaso (percurso do capim). Ração não volta a ser remastigada, pois alimentos com partículas pequenas permanecem na face ventral do rúmen e é fermentada. A ruminação inicia-se 30 a 90 min após a alimentação e demora entre 10 e 60 min por vez; cerca de 7 h são despendidas/dia com isso. Desenvolvimento dos pré-estomagos Ao nascer, o bezerro já apresenta os quatro compartimentos gástricos, contudo, o compartimento ruminorreticular é pouco desenvolvido nessa fase, ocupando cerca de 30% do volume total dos reservatórios, ao passo que omaso e abomaso ficam com os 70% restantes. Nessa etapa da vida a sua alimentação se assemelha à de um animal monogástrico, já que por conta do sulco reticular o leite passa quase que diretamente para o abomaso, impedindo que aconteça sua degradação microbiana. Posteriormente esse sulco é fechado por ato reflexo estimulado pela percepção do ato de mamar do animal. Em um animal adulto, essas proporções são invertidas, com o rúmen e o retículo perfazendo mais de 80%. O desenvolvimento do rúmen, desde a fase de neonato até o seu pleno desenvolvimento, depende, quase exclusivamente, de quão cedo o animal manterá o seu primeiro contato com alimentos fibrosos (+/- na segunda semana de vida). Os ruminantes alimentados exclusivamente com leite por um longo período podem apresentar menor desenvolvimento dos pré-estômagos, caracterizado por: (1) capacidade física do rúmen diminuída; (2) paredes ruminais finas; e (3) mucosa e papilas ruminais com reduzido poder de absorção. Principais funções dos reservatórios gástricos Rúmen: fermentação microbiana e maceração Retículo: separação dos alimentos Omaso: absorção de água, minerais e maceração dos alimentos Abomaso: digestão química Exame do abdômen Rúmen: Em geral, o flanco esquerdo apresenta-se moderadamente tenso, um pouco mais distendido que o flanco do lado oposto. A palpação da parede abdominal esquerda deve ser realizada da fossa paralombar dorsal esquerda em sentido à prega lateral (prega do flanco) e pode ser superficial, profunda e retal. É importante lembrar que a auscultação do rúmen fornece informações sobre a atividade do rúmen e também dos outros reservatórios gástricos, tanto da sua frequência quanto da sua intensidade e se assemelha ao som de uma trovoada. A ausculta deve ser realizada por 2 minutos (2 a 3 contrações serão observadas). A cada 5 min os bovinos apresentam de 7 a 10 movimentos ruminais; os ovinos, de 7 a 14; e os caprinos, de 6 a 12. A ausência de som normal percebida na ausculta por 5 min é caracterizada como atonia ruminal. O som normal é subtimpânico, se o som se apresentar timpânico há quantidade de gás aumentada, se estiver maciço há quantidade aumentada de alimento e se estiver metálico é característico de peritonite ou deslocamento de abomaso. A combinação da percussão com a auscultação (percussão auscultatória), utilizando-se os dedos ou o cabo do martelo, é de grande valia para identificar acúmulo excessivo de gás dentro do compartimento ruminal ou em áreas vizinhas ao rúmen. Percussão do rúmen tem som subtimpânico. Retículo: está localizado na região medial (retro-esternal) - 5º ao 7º EIC ventral. É feita apenas a inspeção de posições do animal que sugerem que este órgão está comprometido. É praticamente inacessível. A reticulite traumática aguda compreende a inflamação do retículo por algum objeto perfurante. Para identificar essa alteração, faz-se o teste de rampa ou de barra, a manifestação de desconforto é confirmação do diagnóstico. Pode ocorrer também a reticúlo-peritonite traumática. Omaso: está localizado sob o gradil costal, praticamente inacessível aos métodos usuais por conta da sua localização. Abomaso: O abomaso em ovinos e caprinos é relativamente maior e mais longo que o de bovinos. O exame do abomaso Visa, principalmente, observar possíveis alterações no seu posicionamento dentro da cavidade. A palpação externa (ventralmente lateralizado para a direita) é eficiente apenas em pequenos ruminantes e em bezerros. Em bovinos adultos, realiza-se a sucussão ou o baloteamento (auscultação + palpação). A percussão é realizada e o som normal do abomaso é submaciço em virtude da existência de líquido e gases no seu interior. Intestinos: Ocupam 2/3 caudais do abdome direito; IntestinoDelgado porção ventral; Intestino Grosso porção dorsal. Palpação Retal em Bovinos Complementa o exame dos reservatórios gástricos. Palpação de órgãos da cavidade pélvica e abdominal através da parede do reto. Exames complementares Paracentese Avaliação do Líquido ruminal; Punção de abomaso; Exame de Fezes; Laparotomia ou Laparo-ruminotomia EQUINOS O equino é um herbívoro de ceco funcional e, para que o processo digestório ocorra adequadamente, um grande volume de líquido é movimentado no interior das alças, sendo secretado e absorvido, e qualquer alteração nesse ciclo provoca desequilíbrios hídricos e eletrolíticos rapidamente. Aspectos anatômicos: volume do estômago 8 - 15L/ incapacidade de vomitar /prolongamento do palato mole/ mesentério longo/ flexuras/ mucosa retal/ ceco funcional. A digestão do equino é dividida em pré e pós-cecal. Na pré-cecal há grande atuação de sucos digestivos produzidos pelo próprio cavalo com quebra de alimento em partículas nutritivas em um tamanho adequado à sua absorção, sendo rapidamente absorvidos. Na digestão pós-cecal, há atuação dos microrganismos da flora microbiana, que habita o intestino grosso e é responsável pela digestão de fibras longas da alimentação natural do cavalo, disponibilizando os nutrientes para que o cavalo possa absorvê-los. Considerações para contenção, identificação e anamnese do caso Estabilizar o animal Muitas vezes o quadro é uma urgência/emergência Medicamentos Sondagem nasogástrica Exame físico especial (digestório) Cavidade oral, Faringe e Esôfago (preensão dos alimentos, mastigação, deglutição) (inspeção, palpação, olfação) Cavidade abdominal (inspeção, palpação externa Percussão, Auscultação abdominal, palpação interna, sondagem nasogástrica e palpação retal). Dentes: Cavalos dispõem de 24 dentes decíduos (temporários), os quais podem ser representados pela fórmula: 2 [I 3⁄3 C 0⁄0 P 3⁄3 ] = 24. A fórmula para a dentição permanente em equinos adultos é: 2 [I 3⁄3 C 1⁄1 P3 ou 4⁄3 M 3⁄3 ] = 40 ou 42. sendo I = incisivos, C = caninos, P = pré-molares, M=molares. Na égua, os caninos costumam ser muito pequenos ou não irrompem, reduzindo assim o número de dentes para 36 ou 38. Cada dente é constituído de corpo, coroa e raiz. https://www.youtube.com/watch?v=kCYI7Pxr9Ss Exame do abdômen: Sinais de dor abdominal Retenção de mecônio Úlceras gástricas Hérnias Umbilicais Ruptura de bexiga Na inspeção deve-se verificar modificação do formato, distensões e contrações (peritonite) – inspecionar lateralmente, por trás e pela frente. O Estômago e o intestino delgado apresentam pouca alteração. O Ceco alterado formará distensão do lado direito, enquanto o cólon, do lado esquerdo – encarceramento no ligamento nefroesplênico. https://www.youtube.com/watch?v=kCYI7Pxr9Ss *Dorsal (gases) ventral (líquido ou ingesta) A palpação da parede abdominal é importante nos casos em que há suspeita de peritonite e nesses casos o animal pode apresentar contratura da musculatura abdominal e responderem com dor. É importante para perceber sensibilidade, consistência, grau de distensão. A percussão do abdômen irá indicar a existência de gases ou líquidos dentro das alças ou na cavidade peritoneal. É necessário percutir alternadamente os dois lados do animal. (Macicez – ingesta, líquido; Timpânico – gás). A ausculta deve ser efetuada cuidadosamente nos quatro quadrantes abdominais (no mínimo, 30s em cada um desses pontos): -ventral direito e esquerdo; -dorsal direito (válvula íleo cecal e ceco cólica) → Motilidade Cecal: 2 – 4 mov / minuto -dorsal esquerdo; -dorsoventralmente, em pelo menos três pontos de ausculta, avaliando intensidade e frequência (tipo e quantidade de comida/ tempo decorrido da última alimentação). Nos timpanismos intestinais, um ruído metálico ressonante é auscultado por toda a cavidade abdominal. Obstruções iniciais – aumento de motilidade Cólicas espasmódicas – aumento da motilidade, som ás vezes audível sem o estetoscópio Peritonites, inflamações (duodeno jejunite proximal) – diminuição ou ausência de ruídos (ileo adinâmico). Boca → esôfago → rúmen → esôfago →boca (mastigação) → esôfago →rúmen (fermentação) →reticulo → omaso →abomaso → intestino → ambiente. Anatomia: Lado Esquerdo Flanco: Cólon menor Cranial a região do flanco: Intestino delgado Ventral: Cólon maior esquerdo. Lado Direito Flanco dorsal e ventral: Ceco Cranial a região do flanco indo até a linha limite das costelas: Cólon maior direito Exame retal Ceco: Ligeiramente palpável caudalmente á direita do abdômen, a base do ceco pode ser palpada e geralmente é mole de com fluido e gás. Baço: a sua borda caudal pode ser palpada esquerda Rim esquerdo: Dorsal e medial ao baço. Tentar localizar o ligamento nefro esplênico Partes do Cólon maior: especialmente flexura pélvica pode ser palpada caudal e ventralmente ao abdômen com o seu conteúdo de ingesta. Sondagem naso-gástrica É utilizada para diagnóstico de distensões gástricas; evitar ruptura de estômago; aplicação de medicamentos (óleo mineral, sementes de linhaça, umidificador); avaliar o fluido: quantidade, pH, presença de sangue, medicamentos previamente utilizados *O refluxo contínuo pode significar obstrução intestinal. Exames complementares HEMOGRAMA E PPT VG e PPT: elevados: desidratação Redução de PPT pode indicar perda de líquido para o lúmem ou espaço peritoneal Leucograma: Leucocitose ou Leucopenia. BIOQUÍMICOS Importante para o estabelecimento de fluidoterapias Atividade enzimática: pouco significado Uréia e creatinina: função renal e estado de hidratação ( Azotemia pré-renal evolução para Insuficiência renal aguda) Lactato: Acidose respitatória / alcalose metabólica ANÁLISE DE LÍQUIDO PERITONEAL (ABDOMINOCENTESE) ULTRA SONOGRAFIA/ ENDOSCOPIA/ RADIOGRAFIAS/ LAPAROSCOPIA SEMIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório é constituído anatomicamente por Narinas, coanas, seios paranasais, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e alvéolos. O ar inalado, entra pelas duas narinas, é aquecido e umidificado pelas coanas e seios paranasais, vai à laringe e daí à traqueia, que o conduz para os pulmões. É capaz de desenvolver varias funções no organismo do animal. A principal delas, é a hematose, onde há a oxigenação sanguínea e liberação do gás carbônica. Além disso, participa do equilíbrio ácido-base, filtragem de êmbolos, metabolismo de substâncias como serotonina, prostaglandinas, leucotrienos e glicocorticoides e a fonação. Exame do sistema respiratório É de grande importância o diagnóstico precoce de uma afecção para a instituição de tratamento e da prevenção de novos episódios da doença. Uma das primeiras finalidades do exame clínico é saber se a manifestação clínica ocorre realmente no sistema respiratório ou se é reflexo de patologias que ocorrem em outros sistemas. Como por exemplo, problemas cardíacos podem exigir mecanismos de compensação respiratória para compensar a dificuldade de oxigenação sanguínea causada pela desordem circulatória. Outra grande finalidade do exame, é a localização da patologia dentro do sistema respiratório, ou seja, se está localizado nas vias aéreas anteriores ou posteriores, através de métodos semióticos. Anamnese Na anamnese, são realizadas perguntas no intuito de conseguir informações que deem suporte ao clínico no estabelecimento do diagnóstico. Enfocando o sistema respiratório, é importante que se extraia se o problema é individual ou coletivo. Doenças em um indivíduo pode afetar somente a ele, ou pode dar indício de acometimento do rebanho. Também é importante observar se o inicio do processo foi em surto ou ao longo do tempo, pois o tempo e a evolução do caso, podem está ligados com a patogenicidade e gravidade do caso. Tratamentos anteriores também devem ser explorados paraeventuais modificações no curso do tratamento. Normalmente afecções do sistema respiratório podem ser percebidas pelo acompanhamento de tosse, espirro, corrimento nasal, fadiga ao exercício, respiração rápida e superficial, dificuldade respiratória e ruídos adventícios. A tosse poderá estar exarcerbada principalmente durante a alimentação, o que poderá ter relação com o tupo de alimento utilizado, o que muitas vezes poderá ser pulverulento. Também está relacionada durante os exercícios devido à inflamações traqueobrônquicas. O corrimento nasal, fica mais evidente quando o animal abaixa a cabeça para comer devido a facilitação da drenagem pela gravidade. Inspeção A inspeção é o método semiológico em que se faz a observação do animal como um todo, e nesse caso, particularmente, do sistema respiratório. Deve-se observar o animal, preferencialmente sem tocá-lo e sem excitá-lo, pois isso poderá provocar modificações na frequência respiratória e até no tipo de respiração. Em um animal de grande porte, o examinador deve olhá-lo obliquamente, colocando-se de preferência na parte posterior ou na dianteira do animal, de maneira que possa observar o ponto de transição costoabdominal. Oscilações fisiológicas da frequência respiratória (FR). Quanto menor a idade do animal, maior será a FR, que diminui com o avançar da idade. Animais de grande porte e animais obesos apresentam FR menores que os de pequeno porte e magros. Oscilações patológicas da frequência respiratória. Caracterizadas por: • Taquipnéia: é o aumento da FR. Ocorre em situações de febre, dor ou diminuição da oxigenação sanguínea. • Bradipnéia: é a diminuição da FR. Pode ocorrer nas depressões do sistema nervoso central ou próximo à morte do animal. • Apnéia: é a ausência total de respiração. *Eupineia: respiração normal. A classificação da dispneia pode ser de grande auxílio na localização do processo respiratório. O ritmo respiratório normal é constituído por inspiração, pequena pausa, expiração, pausa maior e, em seguida, nova inspiração. As durações da expiração e da inspiração são muito semelhantes. Dispneia Inspiratória: caracteriza-se por uma fase inspiratória prolongada e trabalhosa, com atividade intercostal exagerada. -Obstrutiva (extratorácica): Pode ocorre obstrução das vias aéreas superiores, da cavidade nasal, laringe ou traqueia cervical. -Restritiva (intratorácica): decorre de problemas no parênquima pulmonar (como fibrose); na pleura (efusão/massa/pneumotórax) ou relacionada a respiração rápida e superficial. Dispneia Expiratória: caracteriza-se por fase expiratória prolongada e trabalhosa, com esforço abdominal exagerado. -Obstrutiva (intratorácica): Decorre de obstrução da traqueia torácica, dos brônquios ou dos bronquíolos Dispineia Mista: pode está relacionada a anormalidades no parênquima pulmonar: edema, pneumonia ou neoplasia/metástase. Padrão da respiração: costoabdominal ou toracoabdominal. -Torácico (afecção abdominal) -Abdominal (afecção torácica) A Inspeção nasal é de grande importância no exame do sistema respiratório. Deve-se observar alterações do espelho nasal. Na fossa nasal, deve-se verificar modificações na coloração e umidade da mucosa e procurar lesões como úlceras, erosões, pólipos, tumores e corpos estranhos, que podem ser vistos na inspeção direta da cavidade nasal. A mucosa nasal sadia é de cor rósea, úmida e não tem lesões visíveis. No exame das narinas deve-se atentar para o odor da respiração e para o fluxo do ar exalado. O odor pútrido da respiração está relacionado a lesões nas quais há destruição tecidual, tais como na laringite necrótica, em abscessos pulmonares ou na pneumonia por aspiração. Fluxo de ar desigual nas narinas implica em diminuição de calibre de uma delas, que pode ser encontrado em obstruções por corpos estranhos, tumores ou quaisquer outros problemas que provoquem estenoses no lúmen da narina com menor fluxo de ar. Da mesma maneira é importante sentir, com as costas das mãos, a temperatura do ar exalado. O aumento da temperatura, no fluxo de ar saído de uma das narinas, é indicativo de processo inflamatório na cavidade nasal correspondente. Palpação, percussão e auscultação Palpação e percussão da cavidade nasal e seios paranasais O pescoço deve ser palpado em busca de evidência de massas ou doença adjacente que possa envolver a traqueia. Na maioria dos animais, a traqueia pode ser palpada desde a laringe até a entrada do tórax. Em alguns animais mais obesos ou com musculatura mais desenvolvida, pode ser mais difícil esse reconhecimento. Normalmente, a traqueia é uma estrutura que não colaba e nenhuma borda evidente deve ser palpada. Observar a existência de reflexo da tosse (crise +) ao palpar os anéis traqueais. Os animais que apresentam receptores de tosse ativados podem tossir em resposta à palpação traqueal, sem que isso caracterize uma afecção específica. A indução da tosse pode ser útil para que o proprietário reafirme sua queixa clínica, diferenciando-a de outro sinal clínico (engasgo, ânsia de vômito, espirro reverso). *Equinos não vomitam. Tórax -Palpação (mão espalmada e dedos apoiados). O tórax deve ser palpado para detectar ferimentos, fraturas de costelas e dor torácica. Algumas feridas penetrantes podem ser mascaradas pela pelagem. As lesões devem ser criteriosamente examinadas e avaliadas quanto à extensão do envolvimento. Enfisema de subcutâneo pode ser caracterizado pela palpação de uma tumefação móvel e crepitante no tecido subcutâneo (semelhante a bolhas). Normalmente, é um processo indolor, que pode estar associado a traumatismos no trato respiratório. -Percussão com martelo e plexímetro em grandes animais nas áreas intercostais. Aplicam-se dois golpes seguidos, rápidos e firmes, retirando-se instantaneamente para não abafar o som. A percussão deve ser feita de maneira sistemática, começando na face crânio-dorsal do tórax e movendo-se no sentido dorsal para ventral dentro de cada espaço intercostal. A percussão também é um procedimento comparativo entre os dois hemitórax. Quando existe desequilíbrio na relação normal ar:tecidos, a percussão resulta em sons diferentes. Havendo > quantidade de ar em relação à quantidade de tecido, a percussão produz som mais ressonante e com duração maior do que o normal. O som produzido nessas condições é chamado de hipersonoro; quando o som é exageradamente ressonante, é chamado de timpânico. Se a relação ar:tecidos está reduzida, o som produzido à percussão do tórax é curto e seco, como se a percussão estivesse sendo realizada sobre um órgão sólido, como o fígado. O som assim produzido é chamado de submaciço ou maciço, dependendo do grau de ressonância. Sons percutidos: maciço, submaciço, claro, timpânico (tórax). Ex: área de macicez ventral – efusão; hérnia diafragmática. -Auscultação (muito importante!) Posicionamento e ambiente de repouso Direta e indireta (estetoscópio) Deve-se auscultar toda a área pulmonar (craniocaudal / dorsoventral) Os ruídos respiratórios podem ser mais audíveis em animais magros. Além disso, maior audibilidade de ruídos respiratórios normais sobre o campo pulmonar é decorrente, com mais frequência, da hiperventilação (por aumentar a velocidade de fluxo respiratório). Exercício físico, febre, temperatura ambiental elevada e ansiedade são algumas causas de hiperventilação. Da mesma maneira, a velocidade de fluxo do ar pode estar aumentada em algumas doenças pulmonares, causando aumento de intensidade dos sons normais. A diminuição na audibilidade dos ruídos respiratórios sobre o tórax (sons abafados) é comum em animais obesos. Alguns processos pulmonares exsudativos, efusão pleural e hérnia diafragmática proporcionam quadro semelhante. É importante considerar que, alguns animais normais em repouso podem apresentar ruídos respiratórios quase inaudíveis. Sons auscultados: Laringotraqueal: éprovocado pela vibração da laringe e da traqueia, sendo ouvido sobre a região da traqueia cervical. Traqueobrônquico: é produzido pela passagem do ar na porção final da traqueia e grandes brônquios, é ouvido no terço anterior do tórax. Broncobronquiolar: é produzido pela vibração das paredes de brônquios menores e bronquíolos. É ouvido na inspiração, nos dois terços posteriores do tórax. SONS ANORMAIS: Crepitações- sons de curta duração, não musicais, descontínuos em sua ocorrência. -Grosseiras – são altas, de curta duração, semelhante a bolhas (bolhas de ar através de secreções nas grandes vias respiratórias) -Finas – são de curta duração e menos intensos (esfregar cabelos) Sibilos– são sons musicais contínuos de assobio. Ar flui por vias aéreas estreitadas (paralisia de laringe; colapso de traqueia). Roce pleural– pleura parietal e visceral estão inflamadas e se roçam, formando um som * Ronco (secreção viscosa na laringe e traqueia). É um som alto e grosseiro que resulta de quantidade excessiva de palato mole ou massas na região faríngea. É mais comumente observado em raças caninas braquicefálicas com prolongamento de palato mole e em animais mais obesos. Em gatos, é um achado mais raro, muitas vezes associado a pólipos na região retrofaríngea, que podem ser causas de sinais vestibulares em felinos (desequilíbrio,queda, nistagmo, cabeça pendente). ** Ruídos acessórios (tremor, TGI, ronronar dos felinos) O ronronar em gatos pode atrapalhar a auscultação por obscurecer os sons respiratórios. Tal processo é resultante da ativação dos músculos laríngeos intrínsecos. Algumas vezes, um estímulo desagradável leve (como o odor de álcool) pode fazer com que o gato pare de ronronar. Exames Complementares Rinoscopia: exame das fossas nasais, feito pelas narinas ou pela faringe, com auxílio de um espelho introduzido atrás do véu do palato. Broncoscopia: técnica de diagnóstico por imagem utilizada na avaliação das vias respiratórias. Permite avaliar algumas anormalidades, como: colapso de traqueia, estenoses, massas, lacerações, torções de lobos pulmonares, hemorragias, inflamações, colapso brônquico, corpos estranhos e parasitas. Para sua realização, é necessário que o paciente seja anestesiado. Radiografia/ Ultrassonografia e tomografia Toracocentese: realizada mantendo-se o animal em uma postura menos estressante (normalmente em decúbito lateral ou esternal). É realizada no 7º ou 8º espaço intercostal, sendo o local submetido à tricotomia prévia e preparado assepticamente. Normalmente, a aspiração de qualquer lado do tórax drena adequadamente o lado contralateral. Contudo, em alguns casos de piotórax ou quilotórax podem ocorrer efusões unilaterais. Lavado traqueobrônquico/ broncoalveolar: fornece importante material destinado à citologia, cultura ou outras técnicas especiais, contribuindo para a avaliação diagnóstica de pacientes com doença em vias respiratórias menores, alvéolos ou interstício pulmonar. Hemogasometria: a mensuração das pressões parciais de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue arterial, podendo fornecer informações sobre a função pulmonar. Entretanto, é importante considerar que, por causa de potentes mecanismos que visam compensar alguns estados patológicos, o comprometimento respiratório deve estar acentuadamente afetado para que determinadas anormalidades sejam mensuradas. Biopsia pulmonar e Necropsia SEMIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO Ocorrendo a suspeita de uma disfunção neurológica, durante a realização do exame físico geral do paciente, uma avaliação minuciosa de sistema nervoso deve ser realizada. OBJETIVOS DO EXAME NEUROLÓGICO Este animal apresenta anormalidades neurológicas? Em caso afirmativo, qual é o local mais provável? Quais são os diagnósticos diferenciais mais prováveis para lesões neste local? Associar as informações relativas à identificação do animal (idade, espécie), evolução dos sinais clínicos e informações epidemiológicas. Qual é o prognóstico? O tratamento é possível e viável economicamente? Como prevenir a ocorrência desta enfermidade em outros animais do rebanho? Entretanto, o exame é dificultado pelo escasso acesso para avaliação direta, quando comparado a outros sistemas. Além disso, é difícil a utilização de meios exploratórios de rotina. Em grandes animais existe uma limitação da utilização de vários tipos de teste comumente utilizados na avaliação de cães e gatos. Como proceder se o animal apresenta anormalidades neurológicas? Localizar o problema: se sistêmico, ósteomuscular ou nervoso. Ex: Um decúbito lateral com grande apatia compreende uma lesão em sistema nervoso central ou uma anemia ou desidratação severa? Ex: Salivação ou disfagia, corresponde a um sinal de encefalite ou devido a um corpo estranho na faringe ou esôfago? Ex: Uma cegueira é resultado de encefalopatias de diferentes origens ou de um deslocamento de retina ou de uma severa catarata? Quanto grave é a lesão? Prognóstico? Tratamento é viável? Custo? Localizar dentro do sistema qual a área afetada! CENTRAL →Encéfalo e Medula PERIFÉRICO →Pares de nervos craniais e Nervos espinhais Exame neurológico Identificação do Animal Anamnese (Início, curso) Exame físico (Inspeção, teste de reflexos) Exames complementares (hemograma, coleta de líquor, mielografias, radiografias, tomografias). ANAMNESE Quanto maior for o conhecimento das enfermidades que acometem os animais, melhor será a anamnese realizada. Inicio dos sinais clínicos Evolução Principais anormalidades observadas Alimentação Vacinação Tratamentos realizados Doenças anteriores Número de animais acometidos Ambiente e manejo dos animais Número de mortes “Todas as enfermidades do sistema nervoso devem ser consideradas como problema de rebanho”. Início –Curso –Localização dos sinais neurológicos Início: LENTO OU RÁPIDO? Curso: ESTÁVEL OU PROGRESSIVO? Local: FOCAL OU DIFUSO? Processos patológicos (Início –Curso –Localização) Traumático: edema, derrame (R) (E) (F) Infeccioso: (R) (E) (D) Abscesso paravertebral (F) Tóxicos: (R) (E) (D) Degenerativos: (L) (P) (D) Doença do neurônio motor ( F) Neoplásico: (L) (P) (F) Quando há metástase (D) Arco reflexo: é uma resposta básica à realização de um estímulo. Por meio da avaliação dos reflexos parte do exame neurológico é efetuado. Estímulo → Neurônio sensitivo → Encéfalo ou medula → Neurônio motor → Músculo/Víscera. -Reflexo palpebral – toca o canto medial dos olhos -Reflexo de ameaça – aproxima a mão aos olhos do animal -Sensibilidade facial – toque na face, palpação - Tração da língua - colocar a língua para fora -Assimetria de face -Mastigação, apreensão, deglutição. Avaliação de funções encefálicas Alterações encefálicas → Comportamento (estado mental) →Posicionamento da cabeça →Integridade na função dos nervos cranianos * Geralmente, quando alterações encefálicas estão presentes, ao menos dois destes itens apresentam anormalidades. A função encefálica é a primeira a ser avaliada, sendo o comportamento e o estado mental os primeiros aspectos a serem observados. Preferencialmente avaliados juntamente a uma pessoa familiarizada com o animal. Variações do comportamento →Apático, agressivo, assustado, sonolência, excitado, alterações dos hábitos (comer, dormir, andar, urinar, etc.), vocalizações. →Andar em círculos Postura →Posturas anormais de cabeça. Opstótono: é um termo utilizado para designar a posição de extensão caudal da cabeça e pescoço devido a um espasmo muscular e geralmente é decorrente de lesões cerebelares ou cerebrais. Inclinação da cabeça Integridade na função dos nervos cranianos Dentre os 12 pares de nervos cranianos alguns se destacam pelas excelentes informações fornecidas que indicam comprometimento encefálico. Olfação, visão, movimentação de orelhas, pálpebras, lábios, simetriae tônus da musculatura facial, apreensão e mastigação de alimentos, movimentação de língua e deglutição. Se estas funções estão integras, dificilmente teremos envolvimento encefálico. A maioria dos nervos cranianos parte do tronco encefálico, sendo assim, o comprometimento dessa estrutura acarretará em comprometimento de vários nervos. A assimetria da face pode está associada a uma lesão de nervo periférico. No entanto é necessário realizar os teste para descobrir a origem. I Par – Nervo olfatório II Par – Nervo óptico (importante) Teste acuidade visual Teste de ameaça Teste do reflexo pupilar III Par – Nervo óculo motor Teste pupilar Ptose palpebral IV Par – Nervo Troclear Posições anormais do globo ocular V Par – Nervo Trigêmeo Teste por meio do oferecimento de alimentos (dificuldade de apreensão) Teste de sensibilidade da face VI Par – Nervo abducente Presença de estrabismo VII Par – Nervo Facial (frequentemente afetado) Teste por meio de avaliação da movimentação da orelha, tocar as pálpebras, anormalidade da movimentação das narinas e dos lábios. Redução da secreção lacrimal (ceratite). VIII Par – Nervo Vestíbulo coclear (Importante) Inclinação da cabeça e Nistágmo IX Par – Nervo Glossofarígeo Avaliar mastigação e deglutição XII Par – Nervo Hipoglosso Teste de tração da língua e movimentação voluntária. XI Par – Nervo acessório Avaliar musculatura do pescoço (pouco significante o teste de eletromiografia) XII Par – Nervo Hipoglosso Teste de tração da língua e movimentação voluntária. Propriocepção: Capacidade de percepção do posicionamento dos membros. Essa percepção depende do correto funcionamento de ambos os sistemas (central e periférico). Déficit em membro pélvico Deslocamento lateral dos membros Manobras e avaliações para avaliação da locomoção e postura Postura Simetria de pescoço e tronco Andar em linha reta Trotar em linha reta Afastar Andar em círculos abertos Andar em círculos fechados Descer e subir rampas Ultrapassar pequenos obstáculos durante a locomoção Andar com pescoço estendido ou flexionado Palpação do pescoço e coluna dorsal Sensibilidade do pescoço Reflexo músculo cutâneo Deslocamento dos membros torácicos Inspeção atrofias musculares Deslocamento de garupa com o animal parado e em movimento Avaliação de tônus anal, movimentação de cauda Palpação retal. Avaliação da marcha: Colocar o animal para andar a passo, puxando a cauda lateralmente. A marcha perfeita depende da integridade de todos os membros, e consequentemente, do funcionamento tanto do SNC quando do SNP. Sinais que evidenciam padrão anormal de locomoção Ataxia – incoordenação, aumento do deslocamento lateral torácico e/ou pélvico. Paresia – fraqueza muscular, tropeço, tremores musculares. Espasticidade – redução da flexão articular. Hipermetria – aumento da flexão articular. Avaliação dos reflexos espinhais Arco reflexo Reflexo retardado ou ausente: NMI Reflexo exacerbado: NMS O animal sente o estímulo, processa e responde. A avaliação desses reflexos irá avaliar a integridade do arco reflexo. -Reflexo músculo cutâneo (reação de sensibilidade ao toque da pele) -Reflexo patelar (mais comum em pequenos animais, mas pode ser realizado em grandes animais quando em decúbito lateral) -Reflexo da cauda -Reflexo anal -Testes de tendões são utilizados com maior frequência em pequenos animais. Não se justifica colocar um grande animal em decúbito para avaliá-los -Centros medulares: micção, defecação e ereção. *Toda a extensão da medula deve ser inspecionada e palpada em busca de sensibilidade dolorosa. Exame neurológico e localização da lesão O animal apresenta dificuldades locomotoras ou incoordenação? -Realizar avaliação ósteo muscular -Iniciar o exame detalhado da medula Divisão morfo-funcional → Síndrome da cauda equina: existe comprometimento de movimentação de cauda, tônus anal, incontinência urinária. Análise dos Nervos Periféricos -Deve-se avaliar a sensibilidade a dor superficial e profunda dos membros. Após o exame detalhado da medula se apenas um membro pélvico está acometido: -fala a favor de lesão periférica do membro afetado → lesão do Nervo ciático. Se apenas um membro torácico está acometido e membros pélvicos normais: -lesão de nervo periférico do membro afetado; Nervo Braquial. -lesão de nervos periférico do membro afetado; Nervo radial. Prognóstico é desfavorável, considerando: Deficiência de Propriocepção Perda da capacidade motora voluntária Ausência da sensibilidade superficial Ausência da sensibilidade a profunda Exames complementares Hemograma Análise do líquor Radiografia (mielografia) Ressonância magnética e tomografia CONTENÇÃO DE GRANDES ANIMAIS EQUINOS -Antes de abortar os equinos, deve-se observar o comportamento do animal. Atentando-se para o posicionamento das orelhas. O veterinário ou o ajudante deve se aproximar posicionando-se à esquerda desse animal (em virtude da colocação de equipamentos ser realizada deste lado). -Deve se aproximar do animal lentamente com corda ou cabresto. Uma vez permitida a aproximação, deve-se fazer a abordagem manual, acariciando o animal, e assim passando o braço ao redor de seu pescoço com uma corda. *Quando estiver num local pequeno e fechado (baia) nunca fechar a porta, para eventuais emergências. *Nunca amarrar o animal pelo pescoço, pois em queda acidental ou uma tentativa de fuga poderá resultar em óbito por asfixia. Contenção de Potros: Deve-se contê-lo na posição quadrupedal. -posicionando-se ao seu lado, passando uma mão em volta da musculatura peitoral e outra por trás da coxa ou na base da cauda (suspendendo-a). 1-Tronco de Contenção: a superfície não deve ser escorregadia e o local de exame deve ser alto para evitar traumas cranioencefálicos. O proprietário ou o condutor do animal, deve entrar juntamente com o animal dentro do tronco, e em determinado momento deve se fechar o tronco, com uma barra na parte frontal e uma porta na parte traseira. 2-Cachimbo ou Pito: utilizado em animais não cooperativos, pois sua passagem no lábio inferior ou superior, com posterior torção, induzirá a uma dor considerável, o que obrigará o animal a se manter quieto. Como colocar: -segure o cabo do cachimbo com a mão que possua maior firmeza e agilidade -coloque os dedos da mão oposta a laçada e segure o lábio superior, elevando-o discretamente. -deslize a laçada por entre os seus dedos, envolvendo o máximo que puder o lábio -aperte a laçada rapidamente -fique atento para possíveis reações do animal 3-Torção de Orelha: para uma contenção rápida *cuidar para não causar dano à cartilagem aural, o que causará uma alteração irreversível do seu posicionamento (orelha caída). 4-Mão ou Pé-de-amigo: tira-se um dos membros do solo, tirando-lhe o apoio. *geralmente os animais não permitem a elevação de um dos membros posteriores por muito tempo. Derrubamento de Equinos Geralmente utiliza-se cordas. -Método dos Travões -Método Antigo -Método Nacional BOVINOS A maioria dos procedimentos de exame físico podem ser realizados com o animal em posição quadrupedal, desde que se faça uma boa contenção da cabeça e limite os movimentos dos membros e do corpo. *fêmeas de bovinos deve-se fazer a aproximação pelo lado direito, por onde são normalmente ordenhadas. 1-Tronco de Contenção: é diferente em relação ao dos equinos. Pois pode se fixar a cabeça do bovino e limitar sua ação. 2-Formiga: pode ser feita com o dedo médio e o polegar ou com um instrumento de ferro. Onde se introduz os dedos ou o instrumento no nariz do animal, e pressiona-se o septo nasal, exercendo uma pressão considerável. Normalmente utilizado em animais não cooperativos.Derrubamento: -Deve-se tomar cuidado na derrubada de bovinos para evitar traumas aos chifres, costelas, ossatura pélvica e/ou abortos. -O animal deve ser lentamente derrubado em local macio, segurando-se sua cabeça com cuidado. -Método de Rueff -Método Italiano
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