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WBA0185_v2.0 Deficiência auditiva e AEE O surdo e a surdez: conceitos e políticas públicas O Conceito de surdez Bloco 1 Gleidis Roberta Guerra Dados estatísticos A surdez é muito mais comum do que se pensa. 3 em cada mil crianças nascidas vivas apresentam algum grau de perda auditiva. Em crianças prematuras, estima-se que a taxa seja de 6 para mil crianças. No Brasil e de acordo com o Censo 2010, havia cerca de 9 milhões de surdos, sendo mais 2 milhões com surdez severa ou profunda. As causas da surdez são várias, mas ainda prevalecem aquelas que poderiam ser prevenidas com um bom acompanhamento pré-natal e com vacinação. Caminho do som Figura 1 - Caminho do som Fonte: https://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/2_qualidade_vida_humana/orelha/ 02_ORELHA_MEDIA.htm. Acesso em: 20 abr. 2021. Tipos de perda auditiva Perda condutiva – ocorre na orelha externa e média e é reversível. Perda neurossensorial – ocorre na orelha interna e é irreversível. Perda mista – ocorre quando a pessoa apresenta, simultaneamente, as duas perdas anteriores. Graus de perda auditiva Figura 2 – Audiograma de sons familiares Fonte: http://portalotorrinolaringologia.com.br/ SURDEZ-graus.php. Acesso em: 26 jul. 2021. • Audição normal – 0 a 25 dB. • Perda leve – 26 a 40 dB. • Perda moderada – 41 a 55 dB. • Perda moderadamente severa – 56 a 70 dB. • Perda severa – 71 a 90 dB. • Perda profunda – acima de 91 dB. Audição normal e perda auditiva Figura 3 – Audiograma comum Figura 4 – Audiograma típico de uma pessoa com perda auditiva relacionada à idade (presbiacusia) Fonte: https://resoundbrasil.wordpress.com/2016/ 05/12/como-descobrir-o-grau-da-minha- perda-auditiva/. Acesso em: 26 jul. 2021. Fonte: https://resoundbrasil.wordpress.com/2016/ 05/12/como-descobrir-o-grau-da-minha- perda-auditiva/. Acesso em: 26 jul. 2021. https://resoundbrasil.wordpress.com/2016/05/12/como-descobrir-o-grau-da-minha-perda-auditiva/ https://resoundbrasil.wordpress.com/2016/05/12/como-descobrir-o-grau-da-minha-perda-auditiva/ Aparelhos auditivos Tipos: retrococlear, intracanal e microcanal. Funcionamento: receptor, amplificador e microfone. Alimentação: bateria própria para aparelhos. Fonte: http://portalotorrinolaringologia.com.br/SURDEZ--aasi.php. Acesso em: 26 jul. 2021. Figura 5 – Aparelhos auditivos http://portalotorrinolaringologia.com.br/SURDEZ--aasi.php Implante coclear O implante coclear (IC) é um dispositivo eletrônico colocado na cóclea, que por meio de pequenos eletrodos estimula o nervo auditivo que leva os sinais elétricos para o cérebro. Possui uma tecnologia complexa e é muito utilizado, atualmente, para restauração das funções auditivas de paciente com surdez do tipo neurossensorial, de grau severo a profunda, e que, portanto, não tem resposta auditiva satisfatória com o uso do aparelho convencional. Implante coclear Os aparelhos são compostos por dois componentes, um externo e outro interno. O interno é o componente que será implantado. Ele possui os eletrodos que serão implantados e a antena de recepção. Unidade Externa: essa unidade deve receber o som do ambiente, o codifica e envia para a unidade interna. Unidade Interna: a função dessa unidade está relacionada à recepção dos sinal que a unidade externa emite, e transforma esses sinais em impulso elétrico, que será transmitido por meio dos eletrodos para o interior da cóclea. O surdo e a surdez: conceitos e políticas públicas História da educação do surdo e correntes comunicativas Bloco 2 Gleidis Roberta Guerra Antiguidade ao século XVII Antiguidade: Não tinham direito a vida. Eram exterminados por serem considerados um peso para a sociedade. Cristianismo – ideia de caridade: Eram asilados, mas só tinham direito à higiene e alimentação. Século XVI: Famílias ricas contratavam tutores para ensinar seus filhos surdos a falar, para terem direitos de cidadão. Século XVIII e XIX Primeiras escolas para surdos na Europa no século XVIII. França – Charles L’epée com a sinalização metódica. Alemanha – Heinecke com o método oral. Inglaterra – Thomas Braidwood com a escrita e o alfabeto digital. Brasil e Estados Unidos no século XIX. No Brasil, a Língua Francesa de Sinais foi trazida por um professor, Huet, para o Imperial Instituto dos Surdos Mudos. Congresso de Milão - 1880 Polêmica: o que é melhor para o surdo, fala ou sinais? Estavam presentes no Congresso 255 delegados de países com escolas para surdos. Os professores surdos não puderam participar do congresso. Por 160 votos a 4, decidiu-se que nem o método francês (sinalização metódica) e nem o misto deveriam ser utilizados. Só os EUA votaram contra. Início do oralismo – primeira corrente comunicativa. Correntes comunicativas - oralismo 1880 a 1970: • Linguagem oral como a única forma de integrar o surdo ao mundo ouvinte. • LS como símbolo de repressão física e psicológica. • Aquisição de outros conteúdos só poderiam acontecer depois da oralização. • Surdez como patologia - déficit biológico. Oralismo Surdo como concepção da patologia. Olhava-se apenas as características negativas. Transformava a educação em terapêutica. Objetivo curricular girava em torno de “dar o que falta”: audição e fala. Comunicação total A comunicação total é uma filosofia que busca a comunicação efetiva do surdo, por meio de qualquer forma de linguagem. Dessa maneira, a criança deve ser estimulada em todos os aspectos: fala, sinais, expressão facial e corporal, estimulação auditiva etc. Na década de 1660, os estudos de Willian Stokoe comprovam que a ASL é uma língua completa, que possui todos os elementos que a língua oral possui. Durante o período em que essa corrente comunicativa dominou na educação do surdo, as aulas eram ministradas utilizando fala e sinal simultaneamente. Bilinguismo Proposta educacional bilíngue: exposição da criança surda, o mais cedo possível, à LIBRAS, por intermédio de monitores surdos, professores de LIBRAS (L1) e ao português escrito (L2). É uma mudança filosófica de postura política, cultural, social e educacional. Mudança na forma de entender o surdo e sua especificidade. O direito de ser educado na sua própria língua. Surdo ou deficiente auditivo? A legislação adota as duas nomenclaturas. Visão clínica Deficiente Auditivo • Ouve a voz com ou sem o uso de aparelho. • Perdas leve e moderada. Visão clínica Surdo • Não ouve a voz mesmo com aparelho. • Perdas severa e profunda. Visão socioantropológica • Sempre surdo. • É um povo, com sua língua e sua cultura. • Independemente do grau da perda. O surdo e a surdez: conceitos e políticas públicas Políticas públicas Bloco 3 Gleidis Roberta Guerra Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) Marco inicial da educação inclusiva no mundo. Princípios: • Toda criança tem direito à educação e à oportunidade de atingir e manter o nível de aprendizagem. • As escolas devem acomodar todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. • Todas as crianças devem aprender juntas, independentemente de suas características. • As crianças devem receber todo suporte extra requerido para sua educação efetiva. Legislação específica Reconhece Libras como língua da comunidade surda brasileira. A torna obrigatória nos cursos que formam professores e optativa em outros cursos. Lei nº 10.436/200 2 Regulamenta a lei nº 10.436/2002. Dá outras providências. Decreto nº 5.626/2005 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) Objetiva o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais. E deve garantir as condições para que isso ocorra a partir de algunsaspectos que veremos a seguir. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). Garante • Transversalidade da Educação Especial. • Atendimento educacional especializado. • Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino. • Formação de professores para a educação inclusiva. • Participação da família e da comunidade. • Acessibilidade física nas comunicações e informações. • Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. Atendimento Educacional Especializado (AEE) O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Entre suas atividades são disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e os códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva. Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei nº 13.146/2015 É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania. O documento tem o objetivo de reunir todos os direitos já conquistados pelas pessoas com deficiência, dando uma maior visibilidade e facilitando o conhecimento por todos da sociedade. Capítulo IV – Do direito à educação Art. 27. “A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.” (BRASIL, 2015, art. 27, grifo nosso) Art. 28 “Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I. Sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida. II. Aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena.” (BRASIL, 2015, art. 28, grifo nosso) Art. 28 III. “Projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; IV. Oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas”. (BRASIL, 2015, art. 28, grifo nosso) Política Nacional de Educação Especial (2020) Flexibilidade para os sistemas educacionais. Cabe à família juntamente com a escola e a equipe multidisciplinar a decisão. Possibilidade de oferecer escolas especiais, classes especiais, escolas e classes bilíngues. Foco na singularidade das pessoas e não no grupo como um todo.. Implementação Definição de critérios de identificação, acolhimento e acompanhamento dos educandos que não se beneficiam das escolas regulares inclusivas, de modo a proporcionar o atendimento educacional mais adequado, em ambiente o menos restritivo possível. Centros de atendimento à pessoa com deficiência. Centro de capacitação profissional à pessoa com deficiência. Classes e escolas especiais. Escolas polo para atendimento AEE. Teoria em Prática Bloco 4 Gleidis Roberta Guerra Reflita sobre a seguinte situação Como professor de uma escola regular, você recebe uma família que tem uma criança com surdez profunda, de 5 anos de idade, diagnosticada aos 4 anos de idade e com uso de Implante Coclear, e ainda possui muitas dúvidas em relação ao desenvolvimento social, cognitivo e escolar do seu filho. Então, a família lhe pede para explicar um pouco sobre a diferença entre o desenvolvimento da oralidade e do aprendizado da Libras para a criança surda, na verdade, questionando se deve ou não deixá-lo desenvolver a Língua de Sinais, visto que ouviu falar que a criança que aprende sinais fica preguiçosa para falar, e que os sinais não são suficientes para dar o aporte necessário para seu pensamento. De que maneira explicaria para essa família as diferenças entre o aprendizado da oralidade e da Libras para uma criança surda, e como justificaria a importância de que aprendesse os sinais o mais precocemente possível? Norte para a resolução... • É importante a família saber que apesar do Implante Coclear realizado, isso não é garantia que a criança vá desenvolver a oralidade e, mesmo que desenvolva, precisará de muitos anos em terapia fonoaudiológica para que isso ocorra. • Sem uma língua de base para comunicação e aporte para o desenvolvimento do pensamento, a criança terá dificuldade nas aprendizagens escolares, pois não terá uma língua para mediar o conhecimento. • A Língua de Sinais é uma língua completa, que a criança surda aprende naturalmente. Dessa maneira, deve-se aprender primeiro a Libras como L1, para depois desenvolver a língua portuguesa escrita e, se possível, a oralidade como L2. Dica do(a) Professor(a) Bloco 5 Gleidis Roberta Guerra Dica do(a) Professor(a) Assista ao documentário Som e Fúria, que trata de famílias surdas e as diferentes maneiras de entenderem a surdez e o uso do Implante Coclear. Lançado no ano 2000, quando se começava a falar de bilinguismo no Brasil, tendo como diretor Josh Aronson e indicado para o Oscar de melhor documentário de Longa Metragem. Referências BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 26 jul. 2021. BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Brasília, DF: Presidência da República, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 26 jul. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. Referências BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Brasília, DF: IBGE, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/mec-lanca-documento- sobre-implementacao-da-pnee-1/pnee-2020.pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. UNESCO. Organização das Nações Unidas. Declaração de Salamanca. Salamanca: Unesco, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. Bons estudos! Deficiência auditiva e AEE O surdo e a surdez: conceitos e políticas públicas Dados estatísticos Caminho do som Tipos de perda auditiva Graus de perda auditiva Audição normal e perda auditiva Aparelhos auditivos Implante coclear Implante coclear O surdo e a surdez: conceitos e políticas públicas Antiguidade ao século XVII Século XVIII e XIX Congresso de Milão - 1880 Correntes comunicativas- oralismo Oralismo Comunicação total Bilinguismo Surdo ou deficiente auditivo? O surdo e a surdez: conceitos e políticas públicas Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) Legislação específica Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). Garante Atendimento Educacional Especializado (AEE) Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei nº 13.146/2015 Capítulo IV – Do direito à educação Art. 28 Art. 28 Política Nacional de Educação Especial (2020) Implementação Teoria em Prática Reflita sobre a seguinte situação Norte para a resolução... Dica do(a) Professor(a) Dica do(a) Professor(a) Referências Referências Bons estudos!
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