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Alunos com Surdez e Surdocegueira

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Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Alunos com Surdez e Surdocegueira 
Autores: Esp. Soraia de Fátima Graczyk 
Revisão Conteúdos: D.ra Maria Tereza Costa / M.e Romário Keiti Pizzatto 
Fugita 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral 
ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe 
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas 
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Soraia de Fátima Graczyk 
 
 
 
 
 
Alunos com Surdez e Surdocegueira 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
GRACZYK, Soraya de Fátima. 
Alunos com Surdez e Surdocegueira / Soraya de Fátima Graczyk. – 
Curitiba, 2016. 
66 p. 
Revisão de Conteúdos: Maria Tereza Costa / Romário Keiti Pizzatto 
Fugita. 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Alunos com Surdez e Surdocegueira – 
Faculdade São Braz (FSB), 2016. 
 ISBN: 978-85-94439-17-8 
 
 
 
4 
 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais, e 
grupos de estudos com alunos e tutores, o que proporciona excelente integração 
entre professores e estudantes. 
 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
Apresentação da disciplina 
 
Nas aulas da disciplina Alunos com surdez e surdocegueira do curso 
de Pós-Graduação em Educação Especial, os temas serão apresentados em 
quatro aulas. 
Na primeira aula serão verificados: como se deu a História da educação 
no Brasil e a história da cultura surda, os conceitos, causas e características dos 
alunos com Deficiência Auditiva (DA) e Surdocegueira, a importância da 
expressão corporal e facial e as habilidades e dificuldades desses alunos. 
Temas como: Legislação Nacional e Estadual, Língua Brasileira de Sinais 
(LIBRAS), Língua Portuguesa como segunda língua, Formação de conceitos, 
Alternativas de ensino e de atendimento e Recursos e equipamentos para 
aprendizagem, serão abordados na segunda aula. 
Na terceira aula serão mostrados: Alternativas de ensino e atendimento, 
Adaptação curricular, Adequação dos critérios avaliativos, Atendimentos 
Educacionais Especializados (AEE) em Salas de Recursos Multifuncionais 
(SRM), Tecnologias Assistivas (TA) e Estimulação Sensorial, onde os alunos 
com DA e Surdocegueria receberão formação adequada. 
Na quarta e última aula serão trabalhados conteúdos como: Ajudas 
técnicas, Materiais e equipamentos, Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT) e Acessibilidade, Orientação e mobilidade e ainda, muito importante, o 
papel da família e do contexto educacional para que o estudante com surdez e 
surdocegueira tenha um desenvolvimento positivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 01 - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E O ALUNO COM SURDEZ E 
SURDOCEGUEIRA 
 
Apresentação da Aula 
 
Nesta aula será verificado um pouco da História da Educação no Brasil e 
quem é o aluno com surdez e surdocegueira, suas características, conceitos, 
causas, habilidades e dificuldades, para que, com essas informações, seja 
possível traçar uma linha de trabalho adequado a esse aluno. 
 
1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
 
A história da Educação no Brasil teve início em 1549, com a chegada dos 
Jesuítas. Eles vieram movidos por um sentimento religioso, onde queriam 
espalhar a fé cristã e, durante mais de 200 anos, foram os únicos educadores do 
Brasil. 
Em 1808, com a vinda da família real para o Brasil, a educação e a cultura 
foram retomadas. Foram criadas instituições culturais e científicas, de ensino 
técnico e de cursos superiores, porém, essa educação era voltada aos interesses 
da Corte Portuguesa. Os cursos tinham como objetivo apenas preencher a 
demanda de formação profissional e D. João VI marginalizou o ensino primário. 
Em 1822, com a Independência do Brasil, as mudanças tiveram início. Em 
1823, na Constituinte, contemplou-se a associação do sufrágio universal e 
educação popular e a criação de universidades no Brasil e, em 1824, o império 
assegura “instrução primária e gratuita a todos os cidadãos”, logo criando as 
escolas de primeiras letras em cidades, vilas e vilarejos. 
As universidades não prosperaram e, em São Paulo e Olinda, surgiram 
os cursos jurídicos. Ainda, em 1834, delegou-se que as províncias é que se 
tornariam responsáveis pela educação primária, o que impedia o Governo 
Central de coordenar o ensino fundamental, ampliando a distância entre as elites 
e camadas populares. 
O setor educacional participa, na década de 20, do movimento de 
renovação, surgindo educadores como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, 
dentre outros, tentando implantar os ideais da Escola Nova e o Manifesto dos 
 
7 
 
Pioneiros, o qual, em 1932, redefine o papel do Estado frente à educação. 
Surgem as primeiras universidades do Brasil, dando início uma trajetória cultural 
e científica. Em 1945, surge a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
que é enviada ao Congresso em 1948, sendo aprovada somente em 1961 (Lei 
nº 4024/61). 
De 1945 até 1964, mudanças significativas surgiram na área da 
educação. Ocorre a fundação da Coordenação do Aperfeiçoamento do Pessoal 
do Ensino Superior (CAPES), instala-se o Conselho Federal de Educação, 
acontecem campanhas de alfabetização de adultos e a expansão do ensino 
primário e superior, bem como o movimento em defesa da escola pública, 
universal e gratuita. 
Em 1971, é aprovada a Lei 5692/71, a qual insere mudanças na estrutura 
do ensino superior e de 1º e 2º graus. A Constituição de 1988 promoveu a 
universalização do ensino fundamental e erradicação do analfabetismo. 
O sistema educacional brasileiro é dividido em Educação Básica e Ensino 
Superior. A Educação Básica, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(LDB - 9.394/96), passou a ser estruturada por etapas e modalidades de ensino, 
englobando a Educação Infantil, o Ensino Fundamental obrigatório de nove anos 
e o Ensino Médio. Os Municípios são responsáveis pela Educação Infantil e 
Ensino Fundamental e os Estados e Distrito Federal, pelo Ensino Fundamental 
e Ensino Médio. O governo federal é responsável por repassar aos Estados, 
Distrito Federal e Muicípios, auxílio financeiro e técnico, além de organizar osistema de educação superior. 
A Educação Infantil, com 5 anos de duração, é oferecida em creches para 
crianças de até 3 anos de idade e pré-escola para crianças de 4 e 5 anos de 
idade. 
O Ensino Fundamental, com duração de 9 anos, é obrigatório e gratuito 
na escola pública. Anos iniciais com 5 anos de duração, de 6 a 10 anos de idade. 
Anos finais com 4 anos de duração, de 11 a 14 anos de idade. 
Três anos é a duração do Ensino Médio, e atende à formação geral dos 
estudantes, podendo prepará-los para o trabalho, com habilitação profissional. 
Ainda existem as modalidades de Educação Especial para estudantes 
com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), Educação de Jovens e 
Adultos (EJA), Ensino Fundamental e Médio para aqueles que não tiveram 
 
8 
 
condições de concluir seus estudos na idade adequada e Educação Profissional 
no nível técnico. A Educação Superior, com cursos em diferentes áreas 
profissionais, e pós-graduação que compreende especialização, mestrado e 
doutorado. 
A Educação Especial Inclusiva oferece o acesso, a participação e a 
aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação nas escolas regulares, 
orientando os sistemas de ensino para promover respostas às NEE, garantindo: 
 Transversalidade da educação especial desde a educação infantil 
até a educação superior; 
 Atendimento Educacional Especializado (AEE); 
 Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; 
 Formação de professores para o AEE e demais profissionais da 
educação para a inclusão escolar; 
 Participação da família e da comunidade; 
 Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e 
equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e 
 Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. 
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a 
integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às 
necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos 
globais de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Nesses casos 
e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação 
especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o 
atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos 
(MEC/SEESP, 2006b). 
Muito deve se melhorar na área educacional no país, investimentos 
financeiros, valorização e formação continuada à professores e trabalhadores da 
educação. Como verificado ao longo da história do Brasil, muitas conquistas 
foram realizadas, com muitas lutas, pesquisas, estudos, o que vem a melhorar, 
cada vez mais, o ensino e o futuro dos alunos. 
 
 
 
9 
 
Curiosidade 
É possível verificar no poema a seguir o sentimento de 
angústia, muitas vezes presente na comunidade surda: 
 
A QUESTÃO 
Eu não tenho pernas, tenho sentimentos. 
Eu não posso ver e penso o tempo todo, 
Sou surda, e quero me comunicar. 
Porque as pessoas me veem como inútil, sem pensamentos, 
sem voz. 
Quando sou tão capaz, quanto qualquer outro, de refletir 
sobre o nosso mundo. 
(Coralie Severs, 14 anos, Reino Unido). (UNICEF, 2008, p.7) 
(Fonte: https://pt.scribd.com/doc/238777455/Br-Todos-Podemos-
2013#fullscreen) 
 
Esse poema fala de muitas crianças e adultos com deficiência espalhados 
pelo mundo que, infelizmente, muitas vezes não têm acesso à educação de 
qualidade. Suas habilidades são negligenciadas e são excluídas até da sua 
comunidade. 
Fala-se muito em educação como direito de todos, que todo o cidadão 
tem direito a uma educação gratuita e de qualidade, mas nem sempre foram 
incluídas pessoas com NEE. Por longos anos na história do Brasil, essas 
pessoas não tinham direito à educação. Com os surdos a história não foi 
diferente. Eles também enfrentaram muita discriminação, muitas lutas 
aconteceram para que tivessem direito à educação de qualidade. 
Vamos ver como ocorreu esse processo ao longo da história. 
No Brasil, a primeira iniciativa de educação para surdos aconteceu em 
1855, quando D. Pedro II trouxe Ernest Huet, um professor francês surdo que 
utilizava o Alfabeto Manual e Língua de Sinais da França. No entanto, ainda não 
havia escolas especiais. Em 1857, D. Pedro fundou o Instituto Nacional de 
Educação de Surdos-Mudos (INESM), hoje Instituto Nacional de Educação dos 
Surdos (INES), no Rio de Janeiro. 
Sem motivos esclarecidos, em 1862 Huet, então diretor do INESM, 
retorna à França. Somente em 1873 surge a Iconographia dos Signaes dos 
Surdos-Mudos, uma publicação sobre LIBRAS. O autor foi Flausino José da 
Gama, ex-aluno do INESM, separando os sinais por categorias (objetos, 
animais, etc.). 
 
10 
 
Em 1911, o INES segue a tendência mundial do oralismo puro, mas João 
Brasil Silvado Jr. funda, em 24 de maio de 1913, a Associação Brasileira dos 
Surdos-Mudos (ABSM). 
 
Quadros (1997), “define em poucas palavras o que o oralismo 
fez com os surdos além de desconsiderar a sua língua, ela 
simplesmente desconsidera essas questões relacionadas à 
cultura e sociedade surda” (p.23). 
 
A Língua de Sinais foi proibida de ser usada entre 1930 a 1947, pelo Dr. 
Armando Paiva Lacerda, ex-diretor do INES. Só poderia utilizar o alfabeto 
manual e um bloco de papel com lápis para escrever aquilo que quisessem falar, 
mas os surdos não conseguiram se adaptar a essa imposição, e professores e 
inspetores burlam essas ordens. 
Em 1957, fica totalmente proibida a utilização da Língua de Sinais no 
INES. Na década de 50, a Profª Alpia Couto, do Centro Nacional de Educação 
Especial, fazendo com que houvesse um crescimento do método do oralista 
francês, com a realização de projetos na área de Deficiência Auditiva. No 
entanto, o desconhecimento e a falta de convivência com os surdos empobrece 
a Língua de Sinais. A falta de acesso às informações sociais e a Educação 
Especial tornaram-se interesses econômicos. 
Em 1975, chega ao Brasil a Comunicação Total. Em 1977, é criada, no 
Rio de Janeiro, a Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes 
Auditivos (FENEIDA). Em 1980, chega ao Brasil o Bilinguismo e, no ano 
seguinte, iniciam-se as pesquisas sistematizadas sobre a Língua Brasileira de 
Sinais (LIBRAS). 
Saiba Mais 
Em 1982, Lucinda Ferreira Brito inicia um estudo sobre a 
língua de sinais dos índios Urubu-Kaapor, na Amazônia. Por 
meio de seus estudos percebeu que se tratava de uma 
legítima Língua de Sinais dos Surdos, criada pelos índios. 
 
 
 
11 
 
Ainda em 1982, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em 
Ciências Sociais (ANPOCS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico (chamado até 1974 de Conselho Nacional de 
Pesquisas, cuja sigla é CNPq), subsidiaram um projeto, “Levantamento 
Linguístico da Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros (LSCB) e sua 
aplicação na educação” de autoria de L. Brito, a partir daí, vários estudos sobre 
LIBRAS foram realizados, principalmente na Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ) e diversos mestrandos passam a utilizar o tema para estudos e 
dissertações. 
A Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos é criada em 1983 e já em 
1986, o Centro SUVAG (PE) optou pelo bilinguismo. O SUVAG é uma instituição 
filantrópica que há 30 anos trabalha voltada à promoção da saúde auditiva, 
prevenção, diagnóstico e reabilitação da surdez e da fala das pessoas com 
deficiência auditiva, para promover a inclusão social. 
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) 
surgiu sob a direção dos surdos em 1987 e, em 1991, a LIBRAS foi reconhecida 
pelo Governo Mineiro, através da Lei10.397 de 10/01/91. 
A comunidade surda utilizava a abreviação LIBRAS para designar LSCB 
(Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros) e em 1994, Brito também 
passou a utilizar essa abreviação. 
Em 1994, a TV Educativa começou a exibir o programa VEJO VOZES, 
usando LIBRAS. Em 1995, no Rio de Janeiro, os surdos criam o Comitê Pró- 
Oficialização da Língua de Sinais e já em 1996, no INES, em convênio com a 
UFRJ, surgiram pesquisas para a implementação de abordagem educacional 
com Bilinguismo na pré-escola, tendo como coordenadora Eulalia Fernandes. 
 
(Fonte: http://www.notisurdo.com.br/tecnohist.html) 
 
12 
 
Uma grande conquista aconteceu em 1998, em que a empresa de 
telefonia do Rio de Janeiro Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro 
(TELERJ), em parceria com a FENEIS, inauguraram a Central de Atendimento 
ao Surdo, através do número 1402, com o auxílio do Telefone para Surdo (TS, 
ilustrado na figura acima) – a pessoa com Deficiência Auditivo (DA) podia 
comunicar-se com um ouvinte no telefone tradicional. 
1999 foi o ano em que começaram as instalações de telessalas com o 
telecurso 2000 legendado, o que proporcionou uma grande opção de 
aprendizagem e aperfeiçoamento para os sujeitos surdos. Programas televisivos 
como: Programa do Jô, Fantástico, Bom dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal da Globo, 
inspirados pelo Jornal Nacional, colocaram em funcionamento o Closed Caption, 
ou legenda oculta, inserindo assim, o surdo como sujeito, com direito a manter-
se informado, desenvolvendo a inclusão social. 
Os telefones celulares para surdos surgiram em 2000, com opção de 
SMS, através da TELERJ. Mais uma vez o Estado do Rio de Janeiro despontou 
como pioneiro no atendimento ao surdo e facilitação de comunicação. 
Em 2002, é promulgada a Lei 10.436, reconhecendo LIBRAS como língua 
oficial das comunidades surdas do Brasil e, em 2005, o decreto 5626, de 22 de 
dezembro, vem regulamentar essa Lei. 
Os Exames de Certificação Tradutor Intérprete de LIBRAS - Polibras 
Instrutor de LIBRAS e o Curso de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura EaD, 
surgiram em 2006, e, em 2010, o Curso Superior de Letras-LIBRAS Bacharelado 
e Licenciatura presencial na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
Nesse ano também foi promulgada a Lei 12.319 em 01 de setembro, que 
regulamentava o exercício de Tradutor e Intérprete da LIBRAS. 
Hoje se vê a pessoa surda em escolas de educação especial, bem como 
em escolas regulares, onde estão inseridos por meio da educação inclusiva. 
Essas pessoas estão tendo a oportunidade de participar ativamente da 
sociedade, com acesso ao saber, às informações e à vivência da cultura, pois a 
escola, a igreja, a televisão, os eventos sociais e outros equipamentos adotaram 
intérprete de LIBRAS para que os sujeitos surdos possam exercer o seu direito 
à participação na comunidade onde estão inseridos. 
 
 
 
13 
 
1.1. Deficiência Auditiva 
 
Deficiência Auditiva é o nome que se dá para indicar perda ou 
diminuição da capacidade de escutar. Segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), uma pessoa é surda quando não percebe os sons, nem mesmo 
com a ajuda de amplificadores. A Conferência Executiva da Escola Americana 
para os Surdos desenvolveu em 1974 uma definição aceita majoritariamente 
com uma orientação educativa (WINZER, 1993). Com base nessa definição: 
 Deficiência Auditiva: termo genérico que indica uma incapacidade 
que pode ter um nível de intensidade de médio a profundo. Inclui os termos surdo 
e limitado do ouvido. 
 Limitado de ouvido: pessoa que, geralmente, com uso de auxílio 
auditivo tem bastante audição residual para ser capaz de processar informação 
linguística pela audição. 
 Surdo: indivíduo cuja incapacidade auditiva impossibilita o 
processamento da informação pela audição. 
O deficiente auditivo é classificado como surdo, quando sua audição não 
é funcional na vida comum e hipoacústico aquele cuja audição, ainda que 
deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. É perceptível o termo 
hipoacústico, que é relativo à hipoacusia, ou seja, que percebe o som de maneira 
atenuada, conforme conceito a seguir. 
É possível classificar a pessoa com déficit auditivo em duas categorias: 
 Hipoacústicos: Àqueles com audição deficiente, mas que, com a 
ajuda de uma prótese, podem apresentar comunicação com componentes 
auditivos. 
 Surdos profundos: Àqueles que tem perda auditiva total. A 
informação não chega até através de componente auditivo, e sim pelo visual. 
Em geral, quando a perda auditiva é parcial é chamada de hipoacusia e 
quando é total é definida como surdez. A hipoacusia pode ser leve, moderada 
ou severa, em função do grau de decibéis que o sujeito é capaz de perceber. 
 
 
 
14 
 
Importante 
Segundo a Secretaria de Educação Especial (MEC,1997) 
existem dois tipos de problemas auditivos, o primeiro afeta o 
ouvido externo ou médio e provoca dificuldades auditivas 
condutivas, normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo 
envolve o ouvido interno ou nervo auditivo e chama-se surdez 
neurossenssorial. A surdez neurossenssorial pode se 
manifestar em qualquer idade, desde o pré-natal até a idade 
avançada. 
 
Existe também, a surdez central, onde a alteração pode se localizar 
desde o tronco cerebral até as regiões subcorticais e córtex cerebral. 
A perda auditiva mista ocorre quando acontece uma combinação de 
perda auditiva condutiva e perda auditiva neurossenssorial numa mesma pessoa 
Hoje se considera que uma perda auditiva total é rara, uma vez que 
parece existir um grau de audição residual, por isso o termo Deficiência Auditiva. 
 
1.2. Causas da Surdez 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016). 
Pré-
Natal
Hereditárias: Transmitida geneticamente de geração em 
geração.
Doenças adquiridas pela mãe na gravidez: rubéola, 
toxoplasmose, citomegalovírus.
Exposição da mãe à drogas ototóxicas: medicamentos que 
prejudicam a formação do aparelho auditivo.
Uso de Drogas: ingestão de álcool e drogas na gestação.
Peri-
Natal
Traumatismos obstétricos: uso inadequado 
de fórceps, partos muito rápidos ou 
demorados.
Anóxia: falta de oxigenação cerebral.
Infecção hospitalar.
Pós-
Natal
Doenças infecciosas : meningite, caxumba, sarampo, sífilis.
Uso de medicamentos: ototóxicos, antibióticos.Otites: 
infecções da orelha média ou externa.
Pair ou pairo: perda auditiva por ruído ocupacional.
Trauma acústico: pancadas, estouro de bombas, ou tiro, 
traumatismo craniano.
 
15 
 
No Brasil, segundo Decreto 3298, de 20 de dezembro de 1999, em seu 
artigo 4º, ficou estabelecido que a surdez varia em graus e níveis, na seguinte 
forma: 
DE 25 a 40 decibéis (dB) Surdez Leve 
DE 41 a 55 dB Surdez Moderada 
DE 56 a 70 dB Surdez Acentuada 
DE 71 a 90 dB Surdez Severa 
Acima de 91 dB Surdez Profunda 
Anacusia Perda Total da Audição 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016). 
 
Surdez Leve 
 
Permite ouvir os sons, desde que sejam um pouco mais intensos. A 
pessoa apresenta dificuldades na emissão dos fonemas das palavras, 
problemas de articulação ou dificuldade de leitura e escrita. 
 
Surdez Moderada 
 
Se faz necessário uma voz com certa intensidade para que o sujeito a 
perceba. Neste caso é frequente o atraso da linguagem. 
 
Surdez Acentuada 
 
A criança não escuta sons importantes do dia a dia (televisão, campainha) 
e necessita de uma voz com certa intensidade, para que seja percebida. Há 
atraso na linguagem e alterações articulatórias, havendo, muitas vezes, 
problemas linguísticos. Presença de dificuldade de discriminação auditiva em 
ambientes com muitos ruídos. Necessidade de apoio visual para entendero que 
foi dito e dificuldade de falar ao telefone, pois confunde fonemas parecidos (gato, 
pato). 
 
 
 
16 
 
Surdez Severa 
 
Identifica ruídos familiares, percebe, mas não entende a voz humana, não 
distingue fonemas da fala, necessita de leitura labial. Escuta sons fortes, mas a 
voz humana somente com amplificação. 
 
Surdez Profunda 
 
É privado de perceber e identificar a voz humana. Não consegue 
naturalmente a linguagem, não adquire a fala como instrumento de 
comunicação, não tem “feedback” auditivo. Somente são audíveis sons graves 
que produzam vibração (avião, trovão). 
 
Anacusia 
 
É a perda total da audição, a falta ou ausência de audição. Difere da 
surdez por não haver resíduos auditivos. 
 
Fonte: Elaborado pelo DI (2016) 
 
 
 
Incapacidade de receber e 
expressar mensagens 
recebidas a partir de sons.
CARACTERÍSTICAS 
PRINCIPAIS
• Dificuldade de adaptação ao 
ambiente, gerando ansiedade 
e impaciência.
CARACTERÍSTICA 
SOCIAIS
• Problemas de equilíbrio que 
dificultam o desenvolvimento 
motor e capacidade motora.
CARACTERÍSTICAS 
MOTORAS
 
17 
 
Importante 
Importante destacar que o Decreto 3298, de 20 de dezembro de 
1999, foi alterado pelo Decreto nº 5.296/2004, por meio do qual 
a deficiência auditiva passa a ter a seguinte redação: 
Deficiência Auditiva é perda bilateral, parcial ou total, de 
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma 
nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz. 
 
1.3. SURDOCEGUEIRA 
 
Quando uma pessoa apresenta perda total ou parcial dos sentidos da 
audição e visão, simultaneamente, ela é designada com o termo surdo-cego. 
Conforme Lagati (1995): 
 
(...) a surdo-cegueira é uma condição que apresenta outras 
dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O 
termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da 
surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma 
condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo 
(LAGATI, 1995, p. 306). 
 
A surdocegueira acontece em diversos graus dos sentidos de audição e 
visão. Isso quer dizer que o surdocego pode ouvir e ver em pequenos níveis. 
Com base nos estudos de McInnes (1999), a fim de classificar alguém de 
surdocego é preciso que esse indivíduo não tenha suficiente visão para 
compensar a perda auditiva, ou vice-versa, que não possua audição suficiente 
para compensar a falta de visão. 
Quando há essas duas deficiências, o sujeito fica impossibilitado do uso 
de sentido da distância, o que vem lhe trazer extrema dificuldade na conquista 
das habilidades educacionais, vocacionais, lazer e social. 
Ví deo 
O filme, Helen Keller e o Milagre de Anne Sullivan (The Miracle 
Worker - 2000), baseado na vida real de Helen Keller, conta a 
história de Anne Sullivan, uma professora que lutava para 
ajudar uma menina surdocega a adaptar-se ao mundo que a 
rodeava. Trailer disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=6cnSvKqcQmo 
 
18 
 
 
1.3.1 Causas da Surdocegueira 
 
As causas da surdocegueira podem ser variadas, no quadro abaixo é 
possível verificar uma lista com algumas das possibilidades: 
Origem genética e 
causas pré-natais 
Síndrome de Usher; Associação Charge; 
Síndrome de Down; Hidrocefalia; Microcefalia; 
Rubéola materna; Toxoplasmose; Uso de álcool e 
drogas pela mãe; Herpes; Sífilis, entre outras. 
Causas perinatais 
Prematuridade; Anóxia; Medicação ototóxica; 
Icterícia. 
Causas pós-natais 
Asfixia; Meningite; Encefalite; Derrame 
cerebral; Trauma craniano; Otite média crônica; 
Sarampo; Caxumba; Diabetes, etc. 
 
1.3.2. CARACTERÍSTICAS 
 
Os surdocegos apresentam característica específicas, que variam de 
acordo com o tipo e grau da deficiência. Os mais comuns são: 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016). 
SURDOCEGO 
CARACTERÍSTICAS
MOVIMENTOS 
ESTERIOTIPADOS 
DE MÃOS E 
DEDOS.
CHOCA-SE COM 
AS PESSOAS.
BALANCEIO E 
ISOLAMENTO
TEM NO OLFATO 
SUA MELHOR 
INFORMAÇÃO 
DESINTERESSE 
POR BRINQUEDOS 
E OBJETOS E 
AINDA, FORMAS 
CONVENCIONAIS 
DE 
COMUNICAÇÃO
DEFESA TÁTIL 
REJEITAM A 
APROXIMAÇÃO 
FÍSICA
INDIFERENÇA A 
SONS
ATRAÇÃO POR 
LOCAIS COM 
CLARIDADE 
INTENSA.
CONTRAÇÃO DE 
PÁLPEBRAS PARA 
ENXERGAR 
MELHOR.
DIFICULDADE DE 
LOCOMOÇÃO, 
PARTICIPAÇÃO DE 
CONVERSAS OU 
JOGOS GRUPAIS
 
19 
 
McInnes (1999) considera a surdocegueira uma deficiência única e a 
divide em quatro categorias: indivíduos cegos que se tornaram surdos; 
indivíduos surdos e se tornaram cegos; indivíduos que se tornaram surdo cegos; 
indivíduos que não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, 
habilidades comunicativas ou cognitivas nem conceitos para poder construir e 
compreender o mundo. 
Os estímulos ambientais chegam até o ser humano pelos principais 
órgãos dos sentidos: audição, tato, paladar, olfato, visão e cinestésico. Por eles 
é possível sentir a temperatura da comida, o vento quente ou frio, sons e cores 
que fazem parte da paisagem e cada canal sente essas percepções de maneira 
diferente. A informação que chega ao cérebro é dividida por canal, dessa forma: 
 
Estímulo recebido (%) Sentido utilizado 
75% VISÃO 
13% AUDIÇÃO 
6% TATO/CINESTÉSICO 
3% OLFATO 
3% PALADAR 
Fonte: Elaborado pelo DI (2016). 
 
Tomando por base os dados da tabela acima, é percebido que tem acesso 
somente a 12% de todo o estímulo disponível no ambiente. Soares e Vieira 
(2004), afirma que essa privação leva o indivíduo ao isolamento. 
As principais características da pessoa com Surdocegueira são: 
 Indivíduo privado de 88% dos estímulos ambientais, isolado, sem 
contato com o mundo externo; 
 Indivíduo que necessita de estimulação constante de seus 
remanescentes; 
 Indivíduo que necessita de comunicação alternativa; 
 Indivíduo que necessita, principalmente, do pré-linguístico, de 
rotina organizada e de incentivo à independência; 
 O pós-linguístico possui a facilidade de carregar consigo suas 
memórias visual e auditiva (lembranças do que já ouviu ou enxergou e falou). 
 
20 
 
A surdocegueira também pode ser classificada em: 
 
Surdocego Pré-linguístico: é aquele que nasce ou adquire a 
surdocegueira antes da aquisição de uma língua (Português ou LIBRAS). Não 
consegue ter uma imagem real do mundo ao seu redor, não entende que faz 
parte dele. Sem intervenção o seu mundo se resume a seu corpo. 
Surdocego Pós-Linguístico: essas pessoas ficaram surdocegas após a 
aquisição de uma língua, (oral ou sinalizada), devendo-se manter a língua 
utilizada para comunicação. Se faz necessário, também, ver se ficou algum 
resíduo visual ou auditivo, pois assim, pode-se definir um sistema de 
comunicação a se utilizar a partir do que está presente. 
A surdocegueira pode ser classificada de acordo com a quantidade/nível 
de perdas visuais e auditivas. 
 
Tipo de perda 
visual 
Tipo de perda 
auditiva 
Classificação da 
surdocegueira 
Parcial Leve Leve 
Parcial Profunda Moderada 
Total Leve Moderada 
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016). 
 
1.4. CONHECENDO O ALUNO COM SURDEZ E SURDOCEGUERIA 
 
Quando o professor recebe em sua classe, um aluno que apresenta uma 
deficiência, muitas vezes surge uma insegurança e alguns questionamentos. 
“Como é esse aluno? ”; “Como poderei me comunicar com ele? ”; “Como ele irá 
interagir com os colegas? ”; “Como será a aquisição dos conteúdos por parte 
dele? ”; “O que ele consegue fazer? ” 
Muitos mais questionamentos surgirão para responder a todas essas 
questões e, mais ainda, para poder conhecer esse aluno e desenvolver um 
trabalhoque venha a alcançar os objetivos. O professor deverá receber um 
portfólio de avaliação desse aluno, que lhe dará subsídios para desenvolver uma 
metodologia e selecionar os recursos de trabalho com esse aluno. 
 
21 
 
Esse portfólio é elaborado com o auxílio de vários profissionais, sendo 
feita uma avalição audiológica com o fonoaudiólogo, para detectar qual o grau 
da perda auditiva, ou se há algum resíduo auditivo, para posterior uso de prótese. 
O professor também receberá a informação de como esse aluno se 
comunica, que modalidade e tipo de estrutura utiliza para a comunicação. Essas 
informações serão repassadas por um especialista que analisará aspectos 
comunicativos e linguísticos. 
Um psicólogo poderá aplicar testes específicos para avaliar as 
capacidades cognitivas (inteligência) do sujeito, pois às vezes a DA ou a 
Surdocegueria vem acompanhada de dificuldades intelectuais. Por isso é 
necessário saber quais são essas deficiências e que áreas cognitivas 
apresentam maior dificuldade, para que se desenvolva um trabalho adequado. 
Esse profissional também pode oferecer informações sobre a personalidade do 
indivíduo. 
Com relação a crianças já escolarizadas, se faz necessário uma avaliação 
curricular para que o professor saiba em que nível de desenvolvimento o aluno 
está e que estratégias de aprendizagem necessita, para que a escola apresente 
uma proposta que venha ao encontro de suas expectativas e potencialidades. 
Dessa forma serão esclarecidas as aptidões e habilidades presentes, bem como 
quais são as dificuldades e que materiais esse aluno utiliza para a sua 
aprendizagem. 
Uma questão muito importante é com relação à família, pois essa é peça 
chave para o desenvolvimento desse sujeito. A família é que deverá incentivar, 
acreditar no potencial desse aluno e fazer um trabalho em parceria com a escola. 
Só assim o resultado será positivo. É preciso conversar com essa família para 
saber quais são as suas expectativas e dúvidas com relação à criança e os laços 
afetivos que há entre os membros da família. 
Para se conhecer um aluno Surdocego ou surdo, além do apoio dos 
profissionais acima citados, precisa-se criar um vínculo e desenvolver um clima 
de confiança, para que esse aluno se sinta à vontade para demonstrar seus 
conhecimentos, seus anseios e, principalmente, permita o contato físico, tão 
importante para o desenvolvimento da aprendizagem. 
A partir das informações trazidas pelos diferentes profissionais que 
avaliaram o aluno com DA ou Surdocegueira, conhecimentos sobre 
 
22 
 
características, causas, observação em sala de aula, conversas com a família e 
o trabalho no dia a dia, o professor, aos poucos, irá descobrir quem é esse aluno, 
como ele aprende, como se comunica, como interage com as pessoas. A partir 
desse conhecimento, aquelas questões iniciais que tanto preocupavam o 
professor, aos poucos serão respondidas e o trabalho com esse aluno se tornará 
normal, como com qualquer outro aluno, apenas com recursos diferenciados. 
 
1.5. IDENTIFICAÇÃO DE HABILIDADES, DIFICULDADES E 
NECESSIDADES DOS ALUNOS COM DA E SURDOCEGUEIRA 
 
A partir da decisão de se tornar professor, o profissional deve ter a 
consciência de que vai se deparar com alunos com diferentes potencialidades, 
habilidades e necessidades e ainda, com a Educação Inclusiva, em que essas 
diferenças são muito mais acentuadas. Mesmo assim esses alunos têm direito 
de receber a escolarização, para o seu pleno desenvolvimento. 
Todo aluno, indiferentemente de condição social, física, cognitiva e 
psicológica, apresenta habilidades. Cabe ao professor ter a sensibilidade e o 
conhecimento necessários para dar, a esse aluno, a oportunidade para que o 
mesmo demonstre essas habilidades e potencialidades. 
Com alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), necessita-
se muito mais de apoios para descobrir essas habilidades, como já visto 
anteriormente, de médicos, fonoaudiólogos e outros profissionais responsáveis 
pela avaliação desses sujeitos. 
Por meio das avaliações desses vários profissionais envolvidos, o 
professor receberá um portfólio, o qual deverá ser analisado. Por meio desse 
portfólio o professor poderá ter uma noção das habilidades desse aluno nas 
áreas da psicomotricidade, comunicação, socialização, leitura, escrita e 
matemática, bem como sobre a visão, a audição e tudo o que o mesmo já sabe, 
já aprendeu. Em sala de aula o professor deve, também, propor situações e 
atividades que possibilitarão o conhecimento das habilidades desse aluno. 
Essas avaliações devem ter, como objetivo principal, mostrar ao professor 
as habilidades que esse indivíduo possui, para que possa, a partir daí, delinear 
sua linha de trabalho, recursos, metodologias, estratégias, etc., para o 
 
23 
 
aprimoramento dessas habilidades e ainda, aproveitá-las para compensar áreas 
em que esse aluno apresenta dificuldades. 
A classificação da deficiência dos alunos é um fator importante para que 
o professor identifique as habilidades e também as dificuldades presentes pois, 
conforme o grau de comprometimento, serão determinadas as ações a serem 
realizadas e os recursos necessários. 
O professor deve sempre ter expectativas positivas em relação a esse 
aluno, assim como explorar o potencial de expressão de ideias e de emoções. 
Deve ter em mente que assim como os alunos sem NEE apresentam diferentes 
habilidades, os alunos com DA e Surdocegueira não são diferentes. Cada um 
apresenta habilidades específicas que devem ser conhecidas e exploradas em 
sala de aula. O trabalho, muitas vezes individual por parte do professor, bem 
direcionado, com estratégias que atinjam o aluno, vai demonstrar todos esses 
aspectos e, a partir daí essas habilidades devem ser aprimoradas e aproveitadas 
para novas aprendizagens. 
Com relação às dificuldades de alunos surdos, a questão é a 
comunicação, o que vem a prejudicar o relacionamento com colegas, que muitas 
vezes os excluem e até praticam o Bullying. Com relação aos professores, esses 
muitas vezes esquecem que esse aluno não ouve e acabam explicando os 
conteúdos andando pela sala e/ou ficando de costas, o que dificulta a leitura 
labial e a observação facial por parte do DA. Também existem os professores 
que resistem em mudar sua prática pedagógica de anos. Devido a essas 
dificuldades no relacionamento, muitas vezes os alunos com DA se isolam, o 
que pode causar problemas emocionais, de aprendizagem e de autoestima. 
Ainda falando da dificuldade de comunicação, a compreensão dos 
conteúdos é muito difícil. Muitos professores não se preocupam em adotar 
metodologias, técnicas e recursos que supram essa falha na comunicação, ou 
ainda, que compensem e façam com que esses alunos compreendam o que está 
sendo explicado. Muitos professores não estão preparados para trabalhar com 
alunos com NEE. 
Alunos que possuem perda leve ou moderada de audição apresentam 
dificuldades com os ruídos em sala de aula, conversas paralelas entre colegas, 
o que prejudica a audição e concentração durante as aulas. 
 
24 
 
A LIBRAS é a primeira língua aprendida pelo surdo, quando ele adquire a 
surdez antes da sua alfabetização. Sendo assim, a dificuldade de aprendizagem 
se torna grande, pois nas escolas a língua ensinada como primeira língua é o 
Português. O ideal seria que para cada sala de aula que possui alunos com DA, 
fosse designado um intérprete para acompanhar em sala de aula. Só assim 
esses alunos conseguiriam acompanhar, adequadamente, o processo de 
escolarização. 
A questão da adaptação curricular e didática também se apresenta como 
uma dificuldade. Nem sempre são feitas as adequações curriculares quandoo 
aluno com DA chega ao ensino regular, e ele fica perdido, sem conseguir 
trabalhar bem os conteúdos aplicados pela professora, bem como no que se 
refere à utilização de materiais adaptados ou ainda, aqueles que são 
desenvolvidos para alunos com surdez. Muitas vezes a escola não os possui ou, 
quando existem, o professor não sabe como utilizar. 
Alunos com DA muitas vezes necessitam de aparelhos amplificadores. 
Podem apresentar dificuldades no uso, na adaptação e na eliminação de ruídos, 
o que requer ajustes e os professores, muitas vezes, não sabem como manipular 
esses aparelhos. 
Os alunos com surdocegueira apresentam dificuldades parecidas com as 
dos alunos DA, porém, devido a cegueira, as dificuldades são maiores ainda, as 
quais já começam em relação ao corpo, que é a realidade mais imediata. Se o 
desenvolvimento de esquema corporal não for bom, esses alunos apresentarão 
dificuldade em perceber-se e perceber o mundo exterior, através do equilíbrio, 
postura, articulação, coordenação motora e visomotora. Esse aluno precisa 
perceber e reconhecer o externo, aquilo que não faz parte de seu corpo, mas do 
seu contexto físico. 
Seu sistema de comunicação é muito comprometido, sendo essa uma 
grande dificuldade. Sem comunicação não há aprendizagem, a qual se processa 
pela comunicação. Para que isso aconteça o Surdocego desenvolve uma 
comunicação alternativa por meio das mãos e dos objetos. Daí a necessidade 
da presença de profissionais preparados para esse trabalho e nem sempre se 
tem nas escolas esses profissionais, tornando-se essa, mais uma dificuldade 
para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno com surdocegueira. 
 
25 
 
As barreiras físicas também representam enormes dificuldades para esse 
aluno. As escolas não estão preparadas, arquitetonicamente, para receber 
alunos com necessidades especiais. Se faz necessário adaptações físicas, 
estruturais e de locomoção para esses alunos. No caso do Surdocego, desde a 
sala de aula deve ter fácil acesso, sem modificações na organização do 
mobiliário, para que esse aluno consiga, depois de um tempo de adaptação, 
locomover-se sozinho, sem problemas. 
A criança com surdocegueira apresenta dificuldade de antecipação do 
que vai ocorrer a sua volta, promovendo instabilidade e insegurança. 
Movimentar-se de um lugar para outro, ou ainda, levar um alimento à boca, pode 
lhe causar grande medo, pois não sabe o que é ou o que vai acontecer. Pode 
apresentar dificuldades em elaborar, conscientemente, os segmentos corporais 
em si e na relação com os objetos, insegurança, limitações de movimentos, 
atraso no desenvolvimento afetivo e motor. 
Segundo Spenassato (2009), a maioria das escolas não apresenta um 
quadro de inclusão de alunos com NEE, dentre esses, os alunos com surdez. 
Ainda há carência de salas apropriadas, de materiais, de recursos visuais, de 
metodologias e, principalmente, de professores especializados ou intérpretes, 
entre outros. Com base nisso, é possível perceber algumas dificuldades que 
esses alunos enfrentam e, também aqueles com surdocegueira. Essas 
dificuldades incluem: ambientes adequados, organizados de forma a favorecer 
a locomoção; materiais e práticas pedagógicas que superem as deficiências 
presentes e que permitam que o conhecimento chegue até estes alunos de forma 
integral; a comunicação alternativa enquanto fator primordial. O professor ou 
intérprete, necessário em sala de aula, deve estabelecer uma forma de 
comunicar-se com esse aluno, pois só através da comunicação acontecerá a 
inclusão e a aprendizagem. 
O desenvolvimento sensorial é de fundamental importância, pois na falta 
de um dos sentidos, outro deve desenvolver-se de forma a compensar essa falta 
ou falha. O aluno com NEE fará a utilização de outros sentidos para 
reconhecimento de pessoas e objetos e para a assimilação da aprendizagem. 
A flexibilização e adaptação curricular também se fazem necessárias para 
o desenvolvimento dos conteúdos para esses alunos, assim como a exploração 
de várias metodologias e materiais, aos quais cada aluno irá adequar-se. 
 
26 
 
A necessidade de interrelacionamento entre os alunos é uma necessidade 
para que o aluno com NEE sinta-se acolhido, parte integrante de um grupo. É 
importante que seus colegas estejam desprovidos de preconceitos para recebê-
lo e para que possam se relacionar adequadamente com ele, fazendo com que 
se sinta bem no grupo, podendo desenvolver-se de forma plena. 
Acima de tudo, o aluno surdo ou surdocego necessita de que o professor 
esteja aberto e disposto a conhecê-lo e descobrir suas potencialidades e 
habilidades, sem prender-se à deficiência. O professor precisa extrapolar e não 
se amarrar a teorias, acreditar e inspirar esse aluno a desenvolver suas 
capacidades de forma a ter condições de receber uma educação de qualidade, 
que venha ao encontro de suas expectativas, preparando-o para atuar como 
cidadão. 
 
1.6. EXPRESSÃO CORPORAL E FACIAL 
 
Estudos comprovam que a eficácia da boa comunicação está relacionada 
com algumas habilidades, como: a expressão da fala (14%), entonação das 
palavras (34%) e expressão facial (56%). A expressão não-verbal é muito 
importante para os surdos. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Nesse livro, Deficiências sensoriais e 
incapacidades físicas (2008), Michael Farrel 
sugere estratégias de apoio e intervenções 
para o trabalho com alunos com deficiências, 
bem como coloca as definições das mesmas, 
dentro do contexto legal, um bom livro para 
aumentar os conhecimentos e melhorar a 
prática pedagógica. 
 
 
 
 
 
27 
 
Ví deo 
Nesse vídeo de Alexandre Elias Libras, Expressões Faciais em 
Libras, é possível ter uma pequena experiência da importância 
da expressão facial para que surdos compreendam o que está 
sendo falado. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=2LC7EX4Qdws 
 
A comunicação não verbal está ligada à linguagem corporal e esses 
gestos, geralmente, são culturais, correspondendo a um senso coletivo de 
significados. 
A comunicação corporal é um fator importante e decisivo, quando os 
sinais transmitem mensagem demonstrando congruência entre a informação 
sinalizada e sua linguagem corporal, proporcionando informações sobre caráter, 
emoções e reações. Por meio da linguagem corporal o ser humano demonstra 
seu estado de ânimo; quando ele duvida de algo: levanta a sobrancelha; para se 
proteger: cruza os braços. Pode-se dizer que as expressões faciais e corporais 
se complementam na formação do significado daquilo que se comunica. 
Quadros e Pimenta (2006) explicam que existem dois tipos de expressões 
faciais: as afetivas e as gramaticais (lexicais e sentenciais). As afetivas são 
ligadas à sentimentos/ emoções. 
 
Fonte: BRECÁLIO (2012) 
 
28 
 
Expressões faciais gramaticais: relacionadas a algumas estruturas 
gramaticais, tanto em nível morfológico quanto na sintaxe, envolvendo 
movimentos de cabeça (afirmativo, negativo), direção do olhar, elevação das 
sobrancelhas, elevação ou abaixamento da cabeça, piscar olhos, testa franzida, 
movimentos de lábios. 
 
Fonte: BRECÁLIO (2012) 
É preciso adequar a expressão corporal ao ambiente e à mensagem 
transmitida, pois os sinais de LIBRAS são formados a partir de parâmetros, de 
combinação de movimentos de mãos, num determinado lugar, podendo ser parte 
do corpo ou espaço. Se não forem respeitados esses movimentos é possível 
prejudicar a comunicação, causando confusão ou erros de comunicação. 
Importante 
As expressões faciais/corporais são de fundamental 
importância para o entendimento real do sinal, sendo que a 
entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial.Para que haja um bom desenvolvimento do aluno com DA, deve-se ter 
claro os sinais e as expressões que se deve utilizar no momento em que ocorre 
a explicação de um conteúdo ou uma conversa com esse aluno, pois é por meio 
desses sinais e expressões, que ele se comunica. Cabe ao professor ir em busca 
de um curso de LIBRAS, para que tenha maior condição didática para trabalhar 
e desenvolver seu aluno com DA. 
 
 
29 
 
Resumo da Aula 
 
Nesta aula conheceu-se um pouco sobre o aluno Surdo e Surdocego e a 
definição e as causas das condições de surdez, deficiência auditiva e 
surdocegueira, bem como a história da educação desses alunos e, ainda, como 
utilizar de expressões para a comunicação com esses indivíduos. 
Atividade de Aprendizagem 
Numa condição de aluno com perda auditiva parcial bilateral, 
cite 3 atitudes que farão a inclusão desse aluno na sala de aula 
envolvendo: aspectos físicos da sala, relacionamento com 
colegas e atitude do professor no momento da explicação dos 
conteúdos. 
 
AULA 02 - ESTRATÉGIAS, METODOLOGIAS E ALTERNATIVAS PARA O 
ATENDIMENTO DOS ALUNOS SURDOS E SURDOCEGOS, LEGISLAÇÃO 
 
Apresentação da Aula 
 
Nesta aula será estudado um pouco sobre a legislação referente às 
pessoas com surdez e surdocegueira, LIBRAS, como acontece a aprendizagem 
da Língua Portuguesa, a formação de conceitos e ainda, quais recursos e 
equipamentos o professor poderá se utilizar para desenvolver o aprendizado 
desses alunos. 
 
2. Estratégias, Metodologias e Alternativas para o Atendimento dos 
Alunos Surdos e Surdocegos, Legislação 
 
2.1. Legislação Nacional e Estadual 
 
Existem algumas leis, decretos e artigos que dão aparato legal às pessoas 
com necessidades especiais, como: 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. 
 
30 
 
 A Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, 
de 1975. 
 A Promulgação Interamericana para a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, de 2001. 
 As Normas Uniformes das Nações Unidas para a Participação e 
Igualdade das Pessoas com Deficiência, de 1993. 
 
Os surdocegos consideram muito as Normas Uniformes, uma vez que 
essas norteiam, com clareza e profundidade, as necessidades das pessoas com 
deficiência. Porém, nenhuma delas é tão específica quanto a Declaração de 
Salamanca para a pessoa com surdocegueira, pois em seu artigo 21 aborda 
sobre as Políticas Educacionais para Surdos e Surdocegos. 
Com relação ao Brasil se destacam as Diretrizes Nacionais para a 
Educação Especial na Educação Básica onde, em alguns de seus artigos, há o 
destaque para a Surdocegueira. No artigo 8º destaca a flexibilidade temporal do 
ano letivo, onde alunos com qualquer deficiência podem concluir em tempo maior 
a série/etapa escolar. 
Nessa mesma lei, no Artigo 10º, destaca a atenção individualizada para 
alunos com NEE, tanto nas atividades escolares quanto de vida autônoma, as 
adequações curriculares e o atendimento em escolas especiais, quando 
necessário. No seu Artigo 12º o destaque aponta para a acessibilidade de 
conteúdos, com utilização de linguagens e códigos aplicáveis como Braille e 
LIBRAS, dando-lhes funcionalidade acadêmica. Destaca também o uso do 
alfabeto digital, da língua de sinais adaptada, do Braille táctil e das escritas na 
mão, amparando legalmente o surdocego. 
Entre outras específicas para as pessoas com surdez, é possível verificar: 
 
 
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002 
 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte 
Lei: 
 
31 
 
Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de 
Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, 
em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um 
sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias 
de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira 
de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das 
comunidades surdas do Brasil. 
Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de 
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de 
deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do 
Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de 
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua 
Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - 
PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua 
portuguesa. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm 
 
 
 
LEI Nº 12.319, DE 1º DE SETEMBRO DE 2010 
 
Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte 
Lei: 
Art. 1º Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira 
de Sinais - LIBRAS. 
Art. 2º O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de 
maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da 
Língua Portuguesa. 
[...] 
Art. 4º A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível 
médio, deve ser realizada por meio de: 
I - Cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; 
II - Cursos de extensão universitária; e 
III - Cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e 
instituições credenciadas por Secretarias de Educação. 
Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada por organizações da 
sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das 
instituições referidas no inciso III. 
[...] 
Art. 6º São atribuições do tradutor e intérprete, no exercício de suas competências: 
I - Efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos, surdos-
cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa; 
 
32 
 
II - Interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades didático-
pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis fundamental, médio e 
superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares; 
III - Atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos concursos públicos; 
IV - Atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim das instituições de ensino e 
repartições públicas; e 
V - Prestar seus serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais. 
Art. 7º O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos valores éticos a 
ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em especial: 
I - Pela honestidade e discrição, protegendo o direito de sigilo da informação recebida;II - Pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo ou orientação 
sexual ou gênero; 
III - Pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir; 
IV - Pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa do exercício 
profissional; 
V - Pela solidariedade e consciência de que o direito de expressão é um direito social, 
independentemente da condição social e econômica daqueles que dele necessitem; 
VI - Pelo conhecimento das especificidades da comunidade surda.. 
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2010/lei-12319-1-setembro-2010-
608253-veto-129310-pl.html 
 
Há também a lei Nº 11.796, de 29 de outubro de 2008, que institui o dia 
26 de setembro de cada ano como o Dia Nacional dos Surdos. 
Com relação à Legislação Estadual, a lei 18.419, de 7 de janeiro de 2015, 
estabelece o Estatuto da Pessoa com Deficiência do Estado do Paraná, onde 
institui orientações normativas que vêm assegurar, promover e proteger direitos 
iguais de todo o ser humano e às pessoas com deficiência, para que aconteça a 
inclusão social e cidadania, com participação efetiva do sujeito na sociedade. 
Nessa lei é possível ver todas as condições para que aluno com 
deficiência se desenvolva, através de apoio de professor intérprete, materiais 
adequados para a aplicação dos conteúdos, dentre outros aspectos. 
Na lei Nº 12.095/98, do Estado do Paraná, vê-se destacada a 
surdocegueira, com relação ao direito do Professor Intérprete e o perfil do 
mesmo. Basicamente no Paraná as Leis para surdocegueira são as mesmas 
aplicadas à área da surdez, com poucos diferenciais, assim como segue-se a 
legislação Nacional em todos os casos. 
Legislação no Estado de São Paulo vêm recebendo proposta para 
regulamentar o ensino oferecido ao deficientes auditivos. 
 
 
33 
 
 
PROJETO DE LEI Nº 948 DE 2014 
 
Dispõe sobre a criação de Central de Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais-Libras, no Estado de São Paulo. 
 
 A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECRETA: 
Art. 1º O Governo do Estado de São Paulo criará unidades de Central de Intérpretes de Libras 
– destinado aos surdos e surdocegos, para atender à comunidade com essas modalidades 
de deficiência, facilitando na comunicação com os mais diversos segmentos e nos serviços 
públicos estaduais, minimizando a dificuldade em obter informações e tirar dúvidas sobre os 
serviços oferecidos, entre outras demandas. 
Art. 2º A prestação desse serviço público proporcionará o oferecimento de profissionais 
qualificados, intérpretes e guias-intérpretes, além de equipamentos próprios para entender e 
interpretar Libras, que é uma linguagem específica para surdos e surdocegos. 
Art. 3º As unidades deverão ser implantadas nos serviços públicos estaduais, priorizando 
unidades de Saúde, Poupatempo, Centro de Integração da Cidadania (CIC), Acessa São 
Paulo, Restaurante Bom Prato, Metrô e em outras políticas públicas que aglomeram grande 
número de público. 
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e o Poder Executivo regulamentará 
a mesma, no prazo de 60 (sessenta) dias. 
JUSTIFICATIVA - A acessibilidade na comunicação é um direito da pessoa com deficiência auditiva e 
conjunta: auditiva e cegueira, e também deve ser prioridade do Poder Público. O presente Projeto de Lei 
visa facilitar a vida daquelas pessoas com essas deficiências que necessitam se comunicar e serem 
entendidos, priorizando o serviço público estadual, nas suas diversas modalidades de atendimento, 
aumentando gradativamente o número de centros de acordo com o orçamento estadual. 
O centro possibilitará uma melhor qualidade de vida ao surdo e surdocego no Estado de São Paulo, 
promovendo um alcance social e a adequada inclusão, garantindo mais esse direito ao cidadão, 
prevalecendo uma sociedade mais justa e igualitária de oportunidades. 
Trata-se de um Projeto de grande avanço para o alcance da plena cidadania, no qual as unidades 
públicas que adotarem esse procedimento ampliando seus serviços demonstrarão respeito e 
consideração pelo segmento. 
[...] 
Disponível em: 
http://www.al.sp.gov.br/spl/2014/08/Propositura/1218058_50172072_Propositura.doc 
 
2.2. Formação de Conceitos 
 
O termo conceito vem do Latim: concéptus (ação de conter, ato de 
receber, germinação, fruto, feto, pensamento) ...”Representação mental de um 
objeto abstrato ou concreto, onde o pensamento identifica, descreve e classifica, 
diferentes elementos” (HOUAISS, 2010). 
Noção abstrata contida nas palavras de uma língua para designar, de 
modo generalizado e, de certa forma, substantiva, as propriedades e 
características de uma classe de seres, objetos, etc. 
 
34 
 
Para Vygotsky (2001), os conceitos cotidianos são empíricos e são 
construídos a partir da relação da criança com pessoas mais experientes, tanto 
adultos quanto outras crianças. Através dessa observação, experimentando e 
agindo sobre os fatos do dia a dia, a criança vai se apropriando do senso comum. 
Quando a criança chega na escola, vai construir conhecimentos sobre o mundo 
terá contato com outro tipo de conhecimento, aquele sistematizado, 
denominado, conhecimento científico. 
Quando se pensa na educação dos alunos com surdez, não é possível 
pensar apenas na linguística, mas sim numa educação formadora de conceitos 
e conhecimentos que vão muito além da linguística. Somente o uso de LIBRAS 
não resolve todos os problemas de aprendizagem desses alunos. A 
aprendizagem, nesse caso, vai muito além. Outras disciplinas e conteúdos 
utilizam-se de LIBRAS para a aplicação, mas não assegura pleno 
desenvolvimento de leitura e escrita e de outros conteúdos do currículo. 
É a mediação do professor em sala de aula que possibilita ao aluno a 
aquisição de conceitos. O professor deve fazer a articulação dos conceitos 
cotidianos com os científicos. Rego (1999) demonstra a diferença do 
conhecimento cotidiano com o científico, com o exemplo da palavra “GATO”. O 
conceito cotidiano toma as características do animal, a partir do contato do 
sujeito com ele. Na escola o conceito ganha outras definições, como por 
exemplo: mamífero, vertebrado, ser vivo, características que partem da palavra 
GATO, onde esse conceito toma maior abrangência e complexidade. 
Segundo Vygotsky (2001), a formação de conceitos inicia-se na primeira 
infância e, somente na adolescência, as funções intelectuais se tornam 
plenamente desenvolvidas. Facci (2004, p. 213), fala que isso acontece porque 
 
[...] as próprias exigências do meio social impostas aos adolescentes, 
as suas necessidades, os motivos de suas atividades, tudo os incita e 
os obriga a dar um passo decisivo no seu pensamento. As exigências 
vitais são fatores que nutrem e orientam o processo de 
desenvolvimento intelectual e a formação de conceitos é uma forma 
superior de atividade intelectual. 
 
Portanto, cabe ao professor proporcionar um ensino que promova a 
articulação entre os conhecimentos da realidade da criança com aquele científico 
que a escola deve promover. Dessa forma a criança irá estabelecer 
generalizações partindo do concreto para o conceitual. No caso da criança surda, 
 
35 
 
isso irá acontecer através da língua de sinais, sendo que o professor é quem 
buscará os caminhos alternativos para que essas crianças recebam a mesma 
educação, conforme aquelas sem NEE dessa natureza. 
O trabalho com alunos surdos é desigual ao dos ouvintes, porque o 
ouvinte tem a Língua Portuguesa como língua materna e quando chega na 
escola, já traz conhecimentos adquiridos por meio da língua oral. A criança surda 
recebe por via oral, apenas fragmentos de informações e é na escola que irá 
buscar até mesmo os conhecimentoscotidianos. Essa criança poderá levar 
muitos anos para adquirir a língua oral. 
No caso de surdez adquirida, a criança já teve experiência de fala e torna-
se mais fácil a sua manutenção. No entanto, quando a surdez é congênita, esse 
processo se torna muito longo. 
Saiba Mais 
Sacks (1990) ressalta a importância da língua de sinais para 
que o surdo alcance as funções complexas do pensamento 
como: raciocínio, memória, imaginação, atenção e 
percepção, não fique restrito quanto ao alcance dos seus 
pensamentos e dependente de material concreto para 
entender conceitos elementares. 
 
O surdocego não adquire uma imagem real do mundo em que vive, pois 
apresenta dificuldades de aprendizagem com as pessoas de sua convivência. 
Não consegue, nem mesmo, saber o que tem ao seu redor. Para que supere 
esse isolamento, o mesmo deve receber um atendimento individualizado, onde 
será estimulado para a comunicação. Nesse caso, serão desenvolvidas 
diferentes formas de comunicação para que os ensinamentos sejam repassados 
e esse aluno consiga formar conceitos. Caso isso não ocorra, o mundo dessa 
criança surdocega se resume somente ao seu próprio corpo, ficando assim, a 
formação de conceitos prejudicada. 
O processo de aprendizagem nesses sujeitos irá ocorrer por meio de 
toques, do tato e dos sentidos remanescentes, por repetição e estimulação 
orientada e a aprendizagem se dará de forma espontânea. É no espaço escolar 
que a apropriação, por parte da criança, dos conhecimentos acumulados e 
 
36 
 
sistematizados historicamente pela humanidade, acontecerá, e a partir desses 
conhecimentos, os conceitos científicos vão sendo formulados. 
Quando se desenvolve uma forma de linguagem, de comunicação com o 
surdocego, inicia-se a análise, a abstração e a generalização de características 
dos objetos, possibilitando o intercâmbio social entre os seres humanos. O 
significado da palavra é representado pelo pensamento e pela linguagem, que é 
a generalização ou um conceito. Essas funções psicológicas superiores, como 
define Vygotsky (1996), tem a escola como principal instituição para o seu 
desenvolvimento. Sendo assim, a escola que trabalha com alunos surdocegos, 
deve se preparar com um aparato de metodologias, recursos, estratégias e 
ambientes de aprendizagens, das mais diferenciadas formas, para que 
desenvolva nesse aluno a formação de conceitos, tão importante para que o 
mesmo adquira um conhecimento de mundo, que vai além de seu próprio corpo. 
 
2.3. Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS 
 
Fala-se tanto em LIBRAS e, muitas vezes, nem mesmo se sabe realmente 
como é essa forma de comunicação entre as comunidades surdas. 
Ví deo 
O vídeo da Univesp, LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, 
apresenta uma rápida introdução ao meio de comunicação da 
comunidade surda, a LIBRAS. 
Disponível em: www.youtube.com/watch?v=pR2ZmsViyGk 
 
As línguas de sinais são línguas utilizadas pelas comunidades surdas que 
apresentam um conjunto de regras fonológicas, morfológicas e sintáticas, ou 
seja, uma gramática própria. É considerada uma língua natural para os surdos. 
As línguas de sinais são línguas naturais e complexas que utilizam o canal 
visual-espacial, articulações das mãos, ponto de articulação, orientação da 
palma das mãos, região de contato e expressões faciais e corporais, para se 
estruturar. A língua de sinais não é universal. Cada país possui sua própria 
língua de sinais, com variações regionais. De acordo com estudos do Instituto 
 
37 
 
Nacional de Educação de Surdos (INES), são 63 posições diferentes de dedos 
e mãos que realizam um sinal. 
 
Fonte: ALVEZ (2010). 
 
Como as línguas de sinais são diferentes pelo mundo, cada país tem sua 
própria língua de sinais, refletindo sua cultura e tradições de seu povo, com 
diferenças regionais, mudanças históricas, nível cultural e escolaridade dos 
falantes. 
No Brasil, a LIBRAS, reconhecida pela Lei 10.436/2002, é vista como uma 
forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico é de natureza 
visual-motora, com estrutura gramatical própria. Constitui um sistema linguístico 
de transmissão de ideias e fatos, vindos de comunidades de pessoas surdas do 
país. 
Estudos afirmam que as etapas de aquisição da língua de sinais são 
parecidas àquelas apresentadas pelas crianças ouvintes, com língua oral, pois 
o cérebro não diferencia língua oral-auditiva ou visual-espacial. A capacidade de 
apresentação, simbolização e formação de conceitos, ocorrem nas crianças 
ouvintes e surdas. 
Muitas vezes, quando se estuda o alfabeto manual, é facilmente 
confundido com LIBRAS, mas ele é um recurso utilizado para soletrar nomes 
próprios ou empréstimos da língua portuguesa, é uma soletração digital. 
 
38 
 
Curiosidade 
Você sabia que crianças surdas, filhas de pais surdos, que 
desde o nascimento estiveram expostas à língua de sinais, 
tem um desenvolvimento linguístico, cognitivo, afetivo e 
social adequados, demonstrando melhores resultados 
acadêmicos, em relação àquelas que não tiveram acesso à 
língua de sinais na Infância? 
 
2.4. Educação Bilíngue, Oralização, Escrita 
 
Para Brito (1993), no bilinguismo, a língua de sinais é considerada uma 
importante via para o desenvolvimento do surdo, em todas as esferas de 
conhecimento, e, como tal, “propicia não apenas, a comunicação surdo-surdo, 
além de desempenhar a importante função de suporte do pensamento e de 
estimulador do desenvolvimento cognitivo e social”. Para as pessoas que 
defendem o bilinguismo, os surdos formam uma comunidade com cultura e 
língua próprias, tendo assim, uma forma peculiar de pensar e agir que devem 
ser respeitadas. 
A educação bilíngue é uma situação linguística que compreende a 
utilização de duas línguas na escolarização dos surdos: LIBRAS e língua 
portuguesa. 
Saiba Mais 
A educação bilíngue é uma situação linguística que 
compreende a utilização de duas línguas na escolarização 
dos surdos: LIBRAS e língua portuguesa. 
 
 
O bilinguismo ideal seria a criança aprender, primeiramente, LIBRAS em 
casa, para ter desenvolvida a linguagem. A partir daí, entraria com o ensino de 
Língua Portuguesa na escola, que seria desenvolvido com metodologias 
voltadas ao ensino de segundas línguas. Isso deveria acontecer desde a 
educação infantil. 
 
39 
 
Mas infelizmente, poucas crianças em idade escolar se beneficiam da 
educação bilíngue, uma vez que muitos pais não conhecem LIBRAS por serem 
ouvintes. A pluralidade linguística nem sempre faz parte das propostas 
curriculares e a falta de professores bilíngues nas escolas ainda é grande. Isso 
dificulta o processo de alfabetização/letramento, tendo em vista o aprendizado 
de uma segunda língua - o português, que se dá mesmo sem o surdo ter acesso 
à linguagem. Outro complicador é que a escrita tem sua base na oralidade. 
É preciso saber que a primeira língua é sempre uma língua natural, aquela 
que é aprendida sem barreiras. Para o ouvinte a primeira língua é o português, 
para o surdo, LIBRAS. Para que a educação bilíngue aconteça com sucesso, o 
ideal é que o professor tenha conhecimentos de LIBRAS ou tenha o apoio, em 
sala de aula, de um intérprete, que durante a exposição de conteúdo e atividades 
por parte do professor, dará o apoio em LIBRAS para o aluno surdo. Também 
orientará a família quanto ao acesso a cursos de LIBRAS e, até mesmo, para 
colegas de sala, pois assim a interação entre a turma facilitará a aprendizagem 
do aluno surdo. 
Sabe-se que pessoas com surdez podem entrar no mundo da leitura e da 
escrita e, por meio de processos visuais de significação da língua de sinais, 
aprender o português, o que decorrerá doseu significado nas práticas sociais. O 
sentido da língua portuguesa, nesse caso, vem da língua de sinais. 
Para crianças sem DA, o português é aprendido pela fala. Para os alunos 
com surdez o professor deverá buscar recursos e metodologias que os façam 
aprender o português sem a fala, apenas com sinais, para que consigam 
perceber palavra/objeto/significado. 
Os procedimentos adotados na alfabetização é que farão a diferença 
entre o aprender ou não a língua portuguesa. Caso sejam adotadas 
metodologias tradicionais, relacionando letra/som, o aluno surdo não terá a 
compreensão. Poderá até copiar a letra, mas não entenderá sua utilização e 
precisará passar de uma língua não-alfabética (sinais), para alfabética 
(português). Esses alunos precisam adquirir o conhecimento fonológico da 
língua, pois poderão ser leitores competentes na primeira língua e dominar a 
escrita da segunda, sem conhecer os sons da grafia, ou seja, “leitores não- 
alfabetizados”. 
 
40 
 
O professor deve adotar práticas de letramento que façam com que o 
aluno surdo decifre o mundo desconhecido, penetrando no sentido das palavras 
e incorporando-as às situações do dia a dia. Os textos deverão fazer com que a 
escrita tenha sentido. Devem conter muitas imagens que deem significado às 
palavras. Ao fazer a leitura das imagens, o aluno poderá relacioná-las com 
experiências vividas, despertando interesse pelas mensagens. Portanto, os 
textos devem ser contextualizados com referências visuais. 
Nos últimos anos, muito se tem feito para desenvolver o ensino de 
LIBRAS nas escolas, tanto com metodologias adequadas como com a 
construção de ambientes educacionais apropriados para esse ensino. É um 
direito da pessoa surda o acesso ao aprendizado de LIBRAS desde a educação 
infantil, para que, de maneira natural, a criança se aproprie desses 
conhecimentos científicos. Mas a aprendizagem em LIBRAS deve acontecer 
com profissional habilitado, pois só assim acontecerá de forma integral. 
De acordo com Goldfield (1997), o Oralismo ou Filosofia Oralista visa a 
integração da criança com surdez na comunidade dos ouvintes, dando-lhes 
condições de desenvolver a língua oral (língua portuguesa). Outros defensores 
dessa Filosofia dizem que a língua se restringe à língua oral, sendo, por isso, a 
única forma de comunicação dos surdos que, para que possam se comunicar, 
precisam saber oralizar. O autor diz ainda que a surdez é uma deficiência que 
deve ser minimizada pela estimulação auditiva, o que significa que o Oralismo 
representa a possibilidade de fazer a reabilitação da criança surda em direção à 
normalidade. 
De acordo com estudos da pesquisadora Dorziat (1997), as técnicas mais 
utilizadas no Método Oralista são: treinamento auditivo, desenvolvimento da fala 
e leitura labial. 
Treinar a audição por meio do resíduo auditivo, para discriminação de 
sons, fazendo com que a pessoa com surdez desenvolva a fala, também 
valorizava muito a leitura labial como meio de comunicação. A técnica da leitura 
labial consistia em ler e interpretar os movimentos dos lábios quando alguém 
falava. Souza (1997) diz que pesquisas confirmam que os surdos só conseguem 
ler 20% da mensagem através da leitura labial, com isso perdendo muitas 
informações e que geralmente vão pela dedução do contexto em que as palavras 
são ditas. 
 
41 
 
Segundo Skliar, (1998, p.1) foram mais de cem anos de práticas 
enceguecidas pela tentativa de correção, normalização e pela violência 
institucional; instituições de educação especial que foram reguladas pela 
caridade e beneficência, quanto pela cultura vigente que requeria uma 
capacidade para controlar, separar e negar a existência da comunidade surda, 
da língua de sinais, das identidades surdas e das experiências visuais, que 
determinam o conjunto de diferenças dos surdos em relação a qualquer outro 
grupo de sujeitos. 
Vê-se como consequência que os surdos não aprendiam a falar, somente 
pronunciavam palavras repetidas de forma mecânica, sem significado, formando 
surdos analfabetos, que ficaram com marcas negativas em suas vidas até hoje. 
Resumindo, o Oralismo consiste em fazer com que a criança receba a 
linguagem oral, através da leitura orofacial e amplificação sonora, enquanto se 
expressa através da fala. Gestos, alfabeto digital e Língua de Sinais são 
expressamente proibidos. 
Quando se pensa no surdo e na aquisição da escrita, se verifica que a 
aquisição dessa modalidade representa a alfabetização em outra língua com 
diferenças sintáticas, morfológicas e fonéticas. Por isso as irregularidades 
morfossintáticas da escrita dos indivíduos surdos coincidem com construções 
próprias das línguas de sinais. 
Ouvintes usam quase a mesma estrutura morfossintática-semântica para 
o português falado e para o escrito, relação não estabelecida entre LIBRAS e a 
linguagem escrita. Por exemplo, na frase “O meu sobrinho vai se formar como 
jornalista em dezembro”, em LIBRAS essa mesma frase seria: “Dezembro agora 
sobrinho meu formatura jornalista”. 
Percebe-se que os textos de alunos surdos possuem enunciados curtos, 
ausência de artigos, vocabulário reduzido, ausência de preposições, 
concordância verbal e nominal, uso reduzido dos tempos verbais, falta de verbos 
de ligação e colocação aleatória de constituintes na oração, dentre outras 
diferenças gramaticais. Isso ocorre porque os surdos encontram-se em estágios 
do processo de ensino-aprendizagem de uma segunda língua, pois a LIBRAS, 
primeira língua, não serve como base da escrita, por ser viso-manual, diferente 
do oral-auditivo. 
 
42 
 
Outros fatores que dificultam o processo de ensino-aprendizagem do 
aluno com surdez estão na falta de metodologias para o ensino do português, 
uma das preocupações do professor na aprendizagem do aluno surdo, a falta de 
materiais adequados e do profissional intérprete. Fernandes (2004), ao 
pesquisar sobre o desempenho linguístico de alunos surdos, constatou 
dificuldades no emprego de regras da construção do português, afirmando que 
tais dificuldades não têm de ser consideradas como próprias do surdo, mas igual 
as de um falante que foi privado do contato linguístico. 
Apesar da falta do uso verbos de ligação e outras estruturas textuais, o 
professor deve levar em conta a compreensão do assunto pelo aluno surdo, no 
momento da produção textual do mesmo, se há entendimento há comunicação, 
como se vê no texto a seguir: 
 
Fonte: Meirelles, Spinillo (2004). 
A criança conseguiu escrever o que aconteceu, o fato vivenciado, com 
poucos detalhes, vocabulário reduzido, sem o uso de pronomes, verbos, etc., 
mas quem lê consegue compreender o que aconteceu. Nesse momento, o 
professor deve ter a sensibilidade de analisar não os aspectos morfológicos e 
sintáticos, mas a leitura, a compreensão e a explanação do fato através do texto. 
Basicamente, a proposta didático-pedagógica para o ensino de português, 
apresentam três níveis: 
 
43 
 
 
Fonte: Elaborado pelo DI (2016). 
 
Sabe-se que o texto é uma tessitura de palavras, ideias e concepções 
articuladas de forma coesa e coerente. É preciso saber que quando se incentiva 
um aluno surdo ou não, a produzir um texto em Português, é preciso ter como 
objetivo principal, torná-los competentes em seus discursos, dando-lhes 
oportunidades de interagir nas práticas da língua oficial e torná-los sujeitos de 
saber e poder com criatividade e arte. Para que essa prática ocorra, a educação 
escolar deve apresentar, aos alunos com surdez, a diversidade textual circulante 
nas práticas sociais. Através da apropriação de gêneros e discursos é que o 
aluno fará uso da língua portuguesa. 
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