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Salas de Recursos Multifuncionais e o AEE W B A 0 2 2 3 _ V 1. 2 2/230 Salas de Recursos Multifuncionais e o AEE Autor: Taís Buch Pastoriza Como citar este documento: PASTORIZA, Taís Buch. Salas de Recursos Multifuncionais e o AEE. Va- linhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado 04 Unidade 2: Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais 30 Unidade 3: O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, re- cursos humanos e materiais 64 Unidade 4: As salas de recursos multifuncionais nas escolas regulares e o atendimento às famílias 95 2/230 Unidade 5: As estratégias metodológicas e práticas educativas para as salas de recursos mul- tifuncionais 116 Unidade 6: A utilização de softwares e outras experiências 148 Unidade 7: Modelo de Plano de Ação Pedagógico (PAP) e o Plano de Ação Individual para o AEE 177 Unidade 8: Marco legal e documentos orientadores para o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais 201 3/230 Apresentação da Disciplina O tema dessa disciplina será o Atendimento Educacional Especializado (AEE) para a Sala de Recursos Multifuncionais. O AEE, en- quanto um serviço da Educação Especial, é de suma importância na perspectiva inclusi- va das pessoas com deficiência, alunos com transtornos globais do desenvolvimento e estudantes com altas habilidades ou super- dotação. A compreensão do AEE na Sala de Recursos Multifuncionais na escola regular perpassa o estudo dos fundamentos teóri- cos da educação especial na perspectiva da educação inclusiva e das práticas pedagó- gicas decorrentes. Propõe-se a compreensão do público-al- vo do AEE, bem como entendimento do Programa das Salas de Recursos Multifun- cionais, suas funções, objetivos, recursos, perfil dos profissionais que realizam o aten- dimento, as estratégias metodológicas e práticas pedagógicas utilizadas. Além dis- so serão abordados os marcos normativos orientadores do Programa de Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais, o mo- delo de Plano de Ação Pedagógico (PAP) e o Plano de Ação Individual para o AEE. O desafio da educação inclusiva é contem- plar em todos os momentos do ensino, des- de o planejamento à prática, as diferentes necessidades dos alunos e considerar a di- versidade enquanto possibilidade de apren- dizagem coletiva para todos os alunos. 4/230 Unidade 1 Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado Objetivos 1. Apresentar o conceito de Atendimen- to Educacional Especializado (AEE). 2. Introduzir o tema do AEE nas escolas regulares. 3. Abordar os fundamentos teóricos do AEE. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado5/230 Introdução A questão do acesso e permanência das pessoas com deficiência às escolas regula- res é um tema urgente e muito debatido na educação. As políticas educacionais brasileiras que garantem o direito à educação a esses su- jeitos, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 e a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008), têm como marco os documentos prove- nientes das Conferências Internacionais, como a Declaração Mundial sobre a Edu- cação de Todos da Conferência Mundial de Educação de Todos em 1990 e Declaração de Salamanca em 1994. Apesar de a legislação educacional brasi- leira apontar para a importância da inclu- são desses alunos nas salas regulares, para garantir seus direitos é preciso também atender as suas necessidades, consideran- do as especificidades do público-alvo da educação especial. Para isso foram criadas as Salas de Recursos Multifuncionais para a realização do Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas escolas comuns. Este módulo aborda o conceito do AEE, bem como apresenta seus fundamentos teóricos e práticas pedagógicas. 1. Conceito de atendimento edu- cacional especializado O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é definido pela Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da edu- Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado6/230 cação inclusiva como o conjunto de servi- ços que visam: “[...] identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de aces- sibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, consideran- do suas necessidades específicas” (BRASIL, 2006, p. 15). O AEE está previsto a ocorrer preferencial- mente nas redes regulares de ensino, segun- do a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 (BRASIL, 1996), especificamente, nas salas de recursos ou sala de recursos multifuncionais. Para saber mais Manzini (2014, p. 20) explica que acessibilidade é, muitas vezes, uma condição para que haja o acesso e que “[...] as condições de acessibilidade devem estar fora da pessoa ou do usuário”. A nor- mativa que estabelece as normas gerais e os cri- térios básicos para a promoção da acessibilidade é o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado7/230 2. Fundamentos Teóricos Peda- gógicos e Filosóficos do AEE A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva (BRASIL, 2008) define a educação especial como uma modalidade de ensino que deve perpassar por todos os níveis e etapas, desde a cre- che até a educação superior e os níveis mais elevados de ensino, de forma transversal. Também dispõe que essa modalidade reali- za o AEE, disponibiliza recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas co- muns do ensino regular (BRASIL, 2008). O AEE ocorre de forma complementar e/ou suplementar à matrícula da escola comum (BRASIL, 2009). Esse atendimento é suple- mentar apenas para os alunos com altas habilidades e superdotação. O caráter complementar do AEE na esco- larização do público-alvo da educação es- pecial, ao contrário do substitutivo, denota uma mudança de paradigma na área. Para compreender essa mudança, é preciso uma retrospectiva histórica da escolarização desses sujeitos antes dessa legislação. Historicamente, os educandos considera- dos “excepcionais” – nomenclatura utili- zada pela Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional (LDBEN) de 1961 (BRASIL, 1961) – os quais apresentavam alguma de- ficiência, déficit ou ritmo diferenciado de aprendizagem, eram excluídos em espaços segregados como instituições filantrópicas, escolas ou classes especiais, voltadas ao Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado8/230 atendimento das necessidades específicas desses sujeitos. Nessa época, a educação especial ocorria de forma substitutiva à es- colarização regular. Além da negação desses alunos à escola- rização regular, há ainda duas críticas, se- gundo Jannuzzi (2004): • A prevalência das instituições e as- sociações privadas1 no atendimento aos “excepcionais”2 entre a década de 1930 e 1960. São exemplos citados pela autora à criação da Sociedade Pestalozzi em 1934 e das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAES), a partir de 1954. 1 Tanto àquelas filantrópicas quanto às pagas. 2 Termo utilizado naquele contexto. • Os métodos de ensino baseados no enfoque psicológico, com a preo- cupação da constituição de classes homogêneas, na qual todos os estu- dantes eram agrupados conforme a semelhança de seus ritmos de apren- dizagem. O diagnóstico médico esta- belecia quem poderia ser considerado “normal” ou “anormal”, por meio de testes, entre eles o do Quociente de Inteligência (QI). Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado9/230 Na década de 1960 e 1970, no Brasil,se- gundo Mendes (2003), há um movimento de desinstitucionalização que ficou conhecido como integração escolar. O objetivo era, como o próprio nome sinaliza, reintegrar esses sujeitos atendidos à escola e também à sociedade. Esse modelo de educação especial signifi- ca “o original” ou então “fazer um conjun- to”, “juntar as partes separadas no sentido de reconstruir uma totalidade”. (MENDES, 2006, p. 391). Segundo a autora, esse con- ceito acabou por assumir esse último sen- tido no qual às pessoas com deficiência se- riam inseridas nas escolas comuns, entre- tanto, não necessariamente nas mesmas classes. Para saber mais Estudos posteriores contestam a eficiência des- ses métodos, principalmente com os estudos de Vygotsky (1991), que apontam a importância da interação social para a aprendizagem e da lingua- gem como mediadora do conhecimento. Link Desenvolvimento da Linguagem. Lev Vigotski. Univesp TV. Disponível na plataforma Youtube. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado10/230 A partir da década de 1970, de acordo com Omote (1999), foram criadas classes es- peciais para esses alunos, principalmen- te compostas com aqueles diagnosticados com deficiência intelectual. Houve muitas críticas à integração escolar, entre elas des- tacam-se os critérios duvidosos ou pouco objetivos para o encaminhamento de alu- nos para as classes especiais e a extensa permanência desses estudantes nos es- paços segregados, como aponta Omote (1999). Ainda sobre os critérios, no início havia uma avaliação pedagógica que justi- ficasse o encaminhamento, posteriormente esta foi abandonada e passou-se a utilizar regra diferente, nem sempre relacionada ao rendimento acadêmico do educando, como era o esperado. Ao contrário disso, para o procedimento de encaminhamento reali- zava-se apontamentos como “[...] compor- tamento inadequado em sala de aula, pro- blemas de saúde e inexistência de vaga no ensino comum” (OMOTE, 1999, p. 6). “A segregação era baseada na crença de que eles seriam mais bem atendidos em suas necessidades educacionais se ensina- dos em ambientes separados”. (MENDES, 2006, p. 387-388). Em relação às características desse atendi- mento, Kassar e Rebello (2013, p. 3) consi- deram os métodos de ensino baseados no enfoque clínico em que “[...] o ‘especial’ do atendimento resumia-se à infantilização e à lentidão das atividades propostas”. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado11/230 Na década de 1990, surge o termo “educação inclusiva” nos Estados Unidos, propulsor dessa nova corrente teórica na área, segun- do Mendes (2006, p. 394), e que “[...] pressu- punha a colocação de todos os estudantes como membros de uma classe comum, mas deixava abertas as oportunidades para es- tudantes serem ensinados em outros ambi- entes na escola e na comunidade”. A reti- rada da criança da classe era justificada no caso de seus planos educacionais individu- alizados apontassem essa necessidade, de acordo com Mendes (2006). Entretanto, na Política Nacional da Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), a inclusão assume o caráter radical de compreender que todos têm esse direito. Para melhor compreender a diferença entre os paradigmas da integração e da inclusão, observe a tabela a seguir. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado12/230 Tabela 1 – Diferenças entre a inclusão e a integração escolar Fonte: Adaptado de WERNECK (2002, p. 16-17). Sobre o paradigma da inclusão escolar no Brasil, são muitos os desafios para que se efetive na prática a plena participação desses sujeitos. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado13/230 “A inclusão educacional exige que explique- mos as dificuldades escolares não só tendo os alunos como foco, mas considerando-se as limitações existentes em nossos sistemas de ensino e em nossas escolas” (CARVALHO, 2005, p. 5). Exige, portanto, reconhecer as falhas desde os métodos de ensino e apren- dizagem à avaliação, e nas necessidades de aprimoramento das escolas, dos professo- res, da gestão escolar e das políticas educa- cionais para atender à diversidade (CARVA- LHO, 2005). Segundo Mendes (2006, p. 402), esse dis- curso ainda se configura de maneira “[...] retórica como foi na integração escolar, nos últimos trinta anos”. Link Educação e Inclusão Social – Aula 02 – Depoi- mentos: histórico e introdução à Política Nacio- nal de Educação Especial – Avanços e desafios Curso de Licenciatura – Univesp – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Disponível na pla- taforma Youtube. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado14/230 Ainda estamos na luta pelo acesso, e este deve ser direcionado necessariamen- te para aumentar as matrículas nas classes comuns das escolas públicas do ensino regular. Entretanto, só o acesso não é suficiente, e traduzir a filosofia de inclusão das leis, dos planos e das intenções para a realidade dos sistemas e das escolas requer conhecimento e prática (MENDES, 2006, p. 402). Nessa perspectiva, é necessária uma mudança da relação de ensino-aprendizagem que se deslo- ca do indivíduo, numa perspectiva orgânica de deficiência, para um enfoque social da educação especial em que a deficiência não está no indivíduo, mas no ambiente, nas barreiras arquitetôni- cas, sociais e culturais impostas pela sociedade. Trata-se da construção social da deficiência. A deficiência não pode ser vista como uma qualidade presente no organismo da pessoa ou no seu compor- tamento. Em vez de circunscrever a deficiência nos limites corporais da pes- soa deficiente, é necessário incluir as reações de outras pessoas como parte integrante e crucial do fenômeno, pois são essas reações que, em última ins- tancia, definem alguém deficiente ou não-deficiente (OMOTE, 1994, p. 67-68). Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado15/230 Para saber mais Essa concepção de deficiência focada no indivíduo e das implicações para a educação especial é aborda- da por Omote (1994). Em seu texto, o autor afirma que, naquele contexto alunos com baixo rendimento escolar poderiam ser encaminhados para classes especiais de deficientes mentais (terminologia utiliza- da na época) em função do desempenho escolar insatisfatório. Com a atenção centrada no aluno com deficiência e a negligência do contexto do sujeito da comunidade há o risco de “[...] incorrer no erro de justificar esse tratamento diferente em função da suposta deficiência do aluno e de ignorar totalmente aquela dificuldade inicial e as razões dessa dificuldade” (OMOTE, 1994, p. 67). De acordo com o autor, são invertidas as relações de causa e efeito, “[...] na medida em que localizam no indivíduo a deficiência e, muitas vezes, também a sua causa” (OMOTE, 1994, p. 67). Link OMOTE, S. Deficiência e não-deficiência: recortes do mesmo tecido. Revista Brasileira de Educação Especial, Piracicaba, v. 1, n. 2, p. 65-73, 1994. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado16/230 Glossário Paradigma: são padrões ou modelos científicos utilizados para explicar um determinado fenô- meno ou objeto em um determinado contexto histórico. Quociente de Inteligência (QI): índice gerado a partir de testes psicológicos para avaliar a capa- cidade cognitiva dos indivíduos, segundo sua faixa etária. Suplementar: o que objetiva acrescentar ou adicionar algo que falta ou que é insuficiente. Questão reflexão ? para 17/230 Sobre a proposta da educação inclusiva e seus desafios, reflita sobre quais foram os avanços e os obstáculos que ainda permanecem para que haja a inclusão escolar de fato dos alunos com deficiência, transtorno do desen- volvimento e altas habilidades/ superdotação. 18/230Considerações Finais (1/2) • O Atendimento Educacional Especializado é um conjunto de serviços e re- cursos pedagógicos e outros que visam romper com as barreiras de acessi- bilidade e possibilitem a participação do público-alvo da educação especial. • A educação especial na perspectiva da educação inclusiva pressupõe não só a matrícula dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- mento e altas habilidades/superdotação nas escolas e classes regulares (co- muns), mas também que haja a plena participação desses estudantes nas atividades, bem como que lhes seja oferecido o atendimento educacional especializado de forma complementar ou suplementar, no turno inverso. • Historicamente, esses alunos eram segregados em classes segregadas em instituições, classes ou escolas especiais, de acordo com a sua deficiência. Essa perspectiva ficou conhecida como integração escolar, cuja concepção de deficiência estava embasada no viés médico e psicológico. 19/230 • Entre os desafios da inclusão escolar enquanto direito da pessoa com defi- ciência não só enquanto matrícula, mas também na aprendizagem desses sujeitos nas salas comuns, está a concepção social em que a deficiência não está no sujeito, mas é o ambiente que é deficiente ao não contemplar a todos de forma equitativa. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado20/230 Referências BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1961. Brasília: MEC, 1961. _______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996. Brasília: MEC, 1996. _______. MEC. SEESP. Sala de recursos multifuncionais: espaço para atendimento educacional especializado. Brasília, 2006. _______. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/ SEESP, 2008. _______. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Aten- dimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília, 2009. BUENO, José Geraldo Silveira. Educação especial brasileira integração/ segregação do aluno diferente. São Paulo: EDUC/PUSP,1993. CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: do que estamos falando? Revista Educação Especial, n. 26, 2005, p. 1-7. Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado21/230 JANNUZZI, G. S. de M. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XX. Campinas: Autores Associados, 2004. KASSAR, Mônica. REBELO, Andressa. O “especial” na educação, o atendimento especializado e a educação especial. In: VI Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial: Prática Pedagó- gica na Educação Especial: multiplicidade do atendimento educacional especializado. Nova Al- meida-Serra/ES, UFES/UFGRS/UFSCar, p. 1-17, 11 a 13 abr. 2011. Disponível em: <http://ppeees. ufms.br/wp-content/uploads/2015/02/M%C3%B4nica-Kassar-E-Andressa-Rebelo-SNPEE.pdf>. Acesso em: 08 set. 2017. MANZINI, Eduardo José. Considerações Teóricas sobre acessibilidade: da definição às concepções atuais. In: Avaliação de acessibilidade na educação infantil e no ensino superior. São Carlos: Marquezine & Manzini: ABPEE, 2014, p. 17-27. MENDES, E. G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista Brasileira de Educação, Campinas, v. 11, n. 33, p. 387-405, 2006. OMOTE, S. Deficiência e não-deficiência: recortes do mesmo tecido. Revista Brasileira de Edu- cação Especial, Piracicaba, v. 1, n. 2, p. 65-73, 1994. http://ppeees.ufms.br/wp-content/uploads/2015/02/M%C3%B4nica-Kassar-E-Andressa-Rebelo-SNPEE.pdf http://ppeees.ufms.br/wp-content/uploads/2015/02/M%C3%B4nica-Kassar-E-Andressa-Rebelo-SNPEE.pdf Unidade 1 • Fundamentos teóricos e pedagógicos do atendimento educacional especializado22/230 OMOTE, S. Deficiência: da diferença ao desvio. In: Manzini, E. J.; Brancatti, P. R., (Org.). Educação especial e estigma: corporeidade, sexualidade e expressão artística. Marília: UNESP, 1999. p. 3-21. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. WERNECK, Cláudia. Integração ou inclusão? Conceitos básicos para usar este manual. In: Manual da mídia legal 1: jornalistas e publicitários mais qualificados para abordar o tema inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. Rio de Janeiro: WVA, 2002, p. 16-17. 23/230 1. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é definido pela Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva como o conjunto de serviços que visam: a) Substituir a matrícula na escola comum para melhor atender às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habi- lidades/ superdotação, de forma a oferecer recursos e serviços pedagógicos e de acessibili- dade. b) Atuar como um reforço escolar para alunos com deficiência, transtornos globais do desen- volvimento e altas habilidades/superdotação. c) Elaborar, organizar e identificar recursos pedagógicos e de acessibilidade para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. d) Elaborar, organizar e identificar recursos pedagógicos e de acessibilidade para todos os alu- nos com dificuldades de aprendizagem, bem como aqueles com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. e) Ensinar os conteúdos curriculares da educação básica, conforme a escolaridade do aluno, aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida- des/superdotação. Questão 1 24/230 2. A educação especial é uma modalidade da educação prevista na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Se- lecione a alternativa correta em relação à característica dessa modalidade. a) A educação especial é uma modalidade ofertada apenas na educação básica. b) A educação especial é uma modalidade ofertada em todos os níveis de ensino, da educação básica ao ensino superior. c) A educação especial é uma modalidade ofertada apenas no ensino fundamental e médio. d) A educação especial é uma modalidade ofertada em todos os níveis de ensino, exceto na educação infantil. e) A educação especial é um nível de ensino. Questão 2 25/230 3. O paradigma da integração escolar foi muito criticado até surgir o para- digma da inclusão. Uma das críticas, em relação à concepção e forma de ensino era: a) Método de ensino psicológico. Constituição de classes homogêneas, agrupamento de acor- do com os ritmos de aprendizagem e desempenho semelhantes. b) Método de ensino pedagógico. Constituição de classes diversificadas. c) Método de ensino filosófico. Ensino livre. d) Método de ensino sociológico. Aprendizagem de acordo com o contexto. e) Método de ensino médico. Ensino em classes hospitalares para pessoas com deficiência. Questão 3 26/230 4. Historicamente as pessoas com deficiência foram segregadas em ins- tituições filantrópicas, escolas e classes especiais em que preponderava uma concepção orgânica (biológica) da deficiência. Com a Política Na- cional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, outra concepção de deficiência surge. Assinale a alternativa que cita e explica essa concepção. a) Individual, em que o sujeito deve se adaptar ao meio. b) Político, em que todos os sujeitos são diferentes uns dos outros e que para manter a igualda- de não se deve diferenciá-los em nenhum aspecto para não cometer preconceitos. c) Tecnológico, em que os recursos tecnológicos são capazes de eliminar todas as barreiras, inclusive as atitudinais. d) Social, no qual a deficiência está no meio e este último é que deve se adaptar para atender a todos. e) Biológico, no qual a deficiência está no indivíduo, definido segundo o laudo médico. Questão 4 27/230 5. Segundo Mendes (2006), o termo“educação inclusiva” surgiu nos Estados Unidos e pressupôs que: a) Os alunos devem aprender juntos na classe comum, inclusive as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, sem quaisquer exceções e sem o atendimento educacional especializado. b) Todos os alunos devem estudar em classes comuns, inclusive as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, mas no turno inverso deve haver o atendimento educacional especializado. c) Em regra, todos os alunos deveriam estudar nas classes comuns, porém com exceções aque- las pessoas com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento que sejam justifica- das o atendimento segregado pelo plano de atendimento individual. d) Todos os alunos com deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento não devem es- tudar em salas comuns, apenas em ambientes segregados. e) Que todos devem ter acesso à classe comum, exceto alunos autistas. Questão 5 28/230 Gabarito 1. Resposta: C. A definição de AEE na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Edu- cação Inclusiva (BRASIL, 2008), contempla nas funções desse serviço a identificação de quais materiais ou recursos tecnológicos serão mais adequados àquele aluno atendi- do, a elaboração de recursos ou materiais e a organização de espaços para atendê-los. 2. Resposta: B. A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRA- SIL, 2008) define a educação especial como uma modalidade, por ser transversal atinge todos os níveis de ensino, da educação bá- sica ao ensino superior. 3. Resposta: A. Segundo Jannuzzi (2004), uma das críticas à integração escolar era o modelo psicoló- gico, no qual havia a “classificação da in- teligência”, por meio de testes, como o QI. Procurava-se formar classes homogêneas, cujos ritmos de aprendizagens fossem se- melhantes. 4. Resposta: D. Na perspectiva da educação inclusiva, a de- ficiência está nas barreiras que a sociedade impõe aos indivíduos, por isso é social. To- dos os ambientes e objetos deveriam con- templar as diferenças, a diversidade huma- na, em seu planejamento. 29/230 5. Resposta: C. Segundo Mendes (2006), o paradigma da inclusão previa a “inserção” das pessoas com deficiência e TGD, mas não de forma radical. Para alguns indivíduos, segundo suas necessidades, poderiam ser escolari- zados em outros espaços que não a escola regular/comum. Gabarito 30/230 Unidade 2 Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferen- tes necessidades educacionais especiais Objetivos 1. Apresentar as diferentes terminolo- gias utilizadas para tratar do público- -alvo da educação especial. 2. Apresentar uma discussão sobre as- pectos de classificação das deficiên- cias e transtornos. 3. Abordar a caracterização das diferen- tes deficiências, dos transtornos glo- bais do desenvolvimento e das altas habilidades/superdotação. Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais31/230 Introdução Ao tratar da educação especial na pers- pectiva da educação inclusiva e do aten- dimento educacional especializado é de suma importância compreender qual é o público-alvo dessa política. Além disso, o professor que atuará na sala de recursos multifuncionais precisa conhecer como são classificadas as deficiências e transtornos, quais os critérios utilizados nos diagnós- ticos e principalmente as suas caracterís- ticas. Busca-se, nesse tema, também, dis- cutir a classificação a partir das diferentes concepções de educação especial, da mé- dica à pedagógica. 1. Terminologia A terminologia das necessidades educacio- nais especiais (NEE) é criada no sentido de romper com os preconceitos criados histo- ricamente em relação às pessoas com de- ficiência, muitos deles devido à segregação e/ou exclusão desses sujeitos nos sistemas educacionais e na sociedade em geral. En- tretanto, segundo Martín et al. (1995), esse termo também foi criticado por dois moti- vos: o primeiro por ser amplo e vago demais e pela sua abrangência excessiva. Dessa forma, alunos com deficiência e TGD, que realmente requerem um atendimento es- pecializado, estariam em menor evidência, já que são crescentes os casos de “dificulda- de de aprendizagem”, como dislexia, déficit Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais32/230 de atenção, entre outros. Em suma, havia o risco de “dissipar” os direitos daqueles que efetivamente são público-alvo da educação especial. O aluno com necessidades edu- cacionais especiais é aquele que apresen- ta “[...] algum problema de aprendizagem ao longo de sua escolarização, que exige uma atenção mais específica e maiores re- cursos educacionais do que os necessários para os colegas de sua idade” (MARTÍN et al., 1995, p. 11). Segundo os autores, essa terminologia surgiu na década de 1960 e 1970 visando superar o conceito de distúr- bio de desenvolvimento e a percepção da deficiência com foco no indivíduo. Há maior preocupação em conhecer como ocorre a construção do conhecimento pela criança e as relações de ensino e aprendizagem inte- racionistas. Os novos estudos contribuíram para verificar que pessoas com deficiência “[...] não podiam simplesmente ser agrupa- dos com outros indivíduos com deficiências semelhantes, devido ao fato de suas histó- rias evolutiva e educativa serem diferentes na maior parte dos casos” (MARTÍN et al., 1995, p. 10). A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRA- SIL, 2008), determina que o público-alvo da educação especial e do atendimento educacional especializado é composto por pessoas com deficiência, transtornos glo- bais do desenvolvimento (TGD) e altas ha- bilidades ou superdotação. Esses três gran- des grupos comportam ainda uma subdi- visão. No primeiro, são atendidos pelo AEE Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais33/230 os educandos com essas deficiências: visu- al, auditiva, física, intelectual e múltipla. O segundo grupo compõe os estudantes com transtornos globais do desenvolvimento compreendido pelo autismo, síndromes do espectro autista e a psicose infantil. E no terceiro há aqueles alunos com altas habili- dades/superdotação que, apesar de não ha- ver um subgrupo, a superdotação ocorre em determinadas áreas, isoladas ou combina- das, no campo da cognição, da criatividade ou da psicomotricidade (BRASIL, 2008). Há, então, diferentes “tipos” de superdotação, conforme a área, cada qual com a sua espe- cificidade. 2. Classificação e Caracterização 2.1. Pessoas com deficiência (PcD) Segundo a Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da educação in- clusiva (BRASIL, 2008, s.p.), considera-se a pessoa com deficiência “[...] aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em intera- ção com diversas barreiras, podem ter res- tringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade”. Para melhor conhecer cada categoria de deficiência, ou subcategoria, segue a clas- sificação: Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais34/230 • Deficiência visual: • Baixa visão ou visão subnormal: É definida baixa visão quando o sujeito apresenta [...] acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor corre- ção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (BRASIL, 2004). Não são consideradas como baixa visão casos demiopia, estrabismo, astigmatismo, hiperme- tropia e ambliopia. Em síntese “[...] trata-se de uma pessoa que conserva resíduos de visão” (GIL, 2000, p. 6). Outra definição da baixa visão se refere à funcionalidade da visão que é definida “[...] em termos da qualidade e do aproveitamento do potencial visual de acordo com as condições de estimu- lação e de ativação das funções visuais” (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 17). Nesse sentido, pes- soas com o mesmo nível de acuidade visual podem ter diferentes “aproveitamentos” da visão, conforme as oportunidades de estímulos e vivências, bem como das condições ambientais. É Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais35/230 importante, então, considerar a interferência de fatores emocionais, ambientais e as vivências do indivíduo. Um recurso importante de avaliação da visão nessa perspectiva é a realização da avaliação fun- cional da visão pelo professor. A avaliação funcional da visão revela dados quantitativos e qualitativos de observação sobre o nível da consciência visual, a recepção, assimilação, inte- gração e elaboração dos estímulos visuais, bem como sobre o desempenho e o uso funcional do potencial da visão (SÁ; CAMPOS, SILVA, 2007, p. 17). Esse assunto será abordado com maior profundidade nos próximos temas. • Cegueira: ocorre quando “[...] a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica” (BRASIL, 2004). A cegueira pode ser adquirida, ou congênita (desde o nascimento). No caso da cegueira adquirida ao longo da vida, o indivíduo guarda uma memória visual do que já vivenciou no campo da visão anterior à perda. Segundo Ami- ralian (1997), é considerada cegueira congênita àquela que o sujeito apresenta os sinto- Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais36/230 mas até os cinco anos de idade. Nesse caso, a pessoa desenvolve outras ha- bilidades para perceber o ambiente. Podemos citar, como exemplos de serviços de apoio para esses alunos desenvolvidos pelo professor de atendimento educacio- nal especializado, a transcrição/ ensino de Braille, adaptação de materiais didáticos em alto-relevo etc. No ensino de geografia tem se desenvolvido uma área chamada de Cartografia Tátil que se propõe a investigar formas de elaboração e criação de repre- sentações espaciais, como mapas, em alto- -relevo e/ou com o uso de sons como apoio. Nesse último caso, os mapas são chamados de multissensoriais. Para saber mais Até a década de 1970, “[...] a definição de cegueira estava associada à acuidade visual” (AMIRALIAN, 1997, p. 31). Todavia, verificou-se que há dife- renças de percepção nesse campo entre sujeitos avaliados com a mesma acuidade visual. Por isso, a partir da década de 1970 começa a emergir a avaliação pedagógica e “[...] passaram a ser con- siderados cegos aqueles para quem o tato, o ol- fato e a cinestesia são os sentidos primordiais na apreensão do mundo externo”. Apesar da impor- tância do estímulo sensorial no ensino e apren- dizagem de sujeitos com cegueira, a perspectiva de Vygotsky vai além e concebe a aprendizagem a partir das interações sociais dos sujeitos e de suas vivências. Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais37/230 Para saber mais Vygotsky nega a noção de compensação biológica do tato e da audição em função da cegueira e coloca o processo de compensação social centrado na capacidade da linguagem de superar as limitações produzidas pela impossibili- dade de acesso direto à experiência visual (NUERNBERG, 2008). • Deficiência auditiva: “[...] perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz” (BRASIL, 2004). A perda total caracteriza-se como surdez. Do ponto de vista social, os sujeitos com surdez utilizam outras formas de comunicação, não orais, ao se relacionarem com as pessoas. Parte dos surdos adere à Língua Brasileira de Sinais (Libras), mas não são todos. As famílias podem optar em educar uma criança surda prioritaria- mente pela língua de sinais, enquanto outras contam com recursos que lhes permitem potenciar a comunicação oral para essa criança. Essa perspectiva que nega a Libras em detrimento da comunicação oral é denominada de oralismo, na qual se utilizam recursos tecnológicos e trata- Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais38/230 mento com o profissional fonoaudiólogo no sentido da recuperação/ reabilitação dos sujeitos. Outra questão no campo da surdez é a lei- tura labial das letras e palavras. Segundo Torres, Mazzoni e Mello (2007), a leitura la- bial pode ser utilizada como apoio ou pode não ser um meio válido para aqueles que ti- veram acesso à língua oral, no método do oralismo. Pode funcionar como apoio, por exemplo, em casos daqueles que acessaram à língua oral anteriormente à perda auditi- va e, portanto, tiveram mais oportunidades de desenvolver o reconhecimento labial. Entretanto, para aqueles que desenvolve- ram, por meio de tratamento específico e/ ou acesso a tecnologias ou implantes, a lín- gua oral, a leitura labial se faz desnecessá- ria. Ainda segundo as autoras, a qualidade da leitura labial depende de alguns fatores, como a habilidade de leitura da pessoa sur- da, a capacidade do emissor em articular corretamente os fonemas e o tipo de grafia labial do emissor. Por exemplo, a presença de um bigode interfere no acesso visual aos lábios do emissor e dificulta a leitura. Outra questão é a fala pouco articulada do emissor. Nesse sentido, o professor precisa estar atento a esses aspectos ao ensinar e se comunicar diretamente com os sujeitos surdos. Ao explicar o conteúdo, é impor- tante que o professor sempre fale virado de frente para a sala e que o aluno com surdez esteja localizado nas primeiras fileiras, de modo a facilitar essa comunicação. De ou- tro modo, o professor não deve falar “vira- Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais39/230 do de costas” para a sala e, principalmente, para esse aluno. Essas diferenças entre as pessoas surdas geram, também, diferentes reivindicações. Os surdos não oralizados requerem a pre- sença dos intérpretes de Libras nas salas de aulas, caso essa seja a língua adotada pelo aluno e pela família. Há também escolas bilíngues públicas criadas com a finalidade de proporcionar e vivenciar a Libras como primeira língua e o Português como segun- da. Já os surdos oralizados podem solicitar, por exemplo, recursos tecnológicos que re- alizem a transcrição eletrônica, em tempo real, da fala em texto. Dessa forma, não há um serviço que atenderá todos os surdos em suas especificidades. É preciso sempre dialogar com os sujeitos, conhecer sua his- tória para identificar suas necessidades e suportes. • Deficiência Intelectual: Também conhecida como deficiência mental é definida como o “[...] funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas” (BRASIL, 2004). O Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais – DSM-V, publicado pela Associação Americana de Psicologia em 2014 atribui como características des- sa deficiência, além dos prejuízos intelec- Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais40/230 tuais no raciocínio lógico, pensamento es- tratégico e abstrato,planejamento, entre outros, também um déficit no funciona- mento adaptativo que pode ser dividido em três domínios: conceitual, social e prática. Em crianças em idade escolar, o domínio conceitual envolve dificuldades relacion- adas à aprendizagem escolar/acadêmica, Link TORRES, E. F, MAZZONI, A. A, e MELLO, A. G. Nem toda pessoa cega lê em Braille nem toda pessoa surda se comunica em língua de sinais. Educa- ção e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 369-385, maio/ago. 2007. por exemplo, nas áreas da leitura, escrita e matemática. Em adultos, a manifestação se dá no pensamento abstrato e estratégico, memória, leitura e cálculos básicos utiliza- dos diariamente, como controle financeiro, por exemplo. Quanto ao domínio social, apresenta im- aturidade se comparado às crianças com a mesma faixa etária, afetando a comuni- cação, conversação e linguagem. Sobre o domínio prático, em adultos, envolve a au- tonomia e a independência na tomada de decisão em questões cotidianas, como real- ização das compras, organização das tare- fas e controle das finanças (AMERICAN PSY- CHIATRIC ASSOCIATION, 2014). A deficiência intelectual pode ser classifica- da em leve, moderada, severa e profunda, Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais41/230 porém, para identificar quais apoios serão necessários para a realização das atividades diárias, considera-se o funcionamento ad- aptativo do sujeito e não em testes de QI, segundo AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCI- ATION (2014). Na definição e avaliação de deficiência também é preciso considerar fatores, como: “[...] ambiente cultural e da comunidade típicos dos pares do indivíduo, diversidade linguística, diferenças culturais na forma como as pessoas se comunicam entre si, se movimentam e se comportam” (SHOGREN et al., 2010 apud ALMEIDA, 2014, p. 59). Nesse sentido, o contexto social e cultural de vivência do sujeito, bem como suas opor- tunidades de interação com outras pessoas interferem no desenvolvimento da comuni- cação, linguagem, cognição etc. Referente aos apoios, estes são definidos em quatro níveis, segundo Almeida (2012): apoio intermitente, apoio limitado, apoio amplo e apoio permanente. O apoio inter- mitente é um suporte realizado para uma finalidade em um contexto específico, por tempo determinado, geralmente utiliza- do por pouco tempo. Ao contrário desse, o apoio limitado consiste em um suporte de longa duração, embora também em tem- po determinado. O apoio amplo, diferen- temente dos anteriores, trata-se de um suporte regular em alguns dos ambientes frequentados pelo sujeito, por tempo ilim- itado. E o apoio permanente é constante e de alta intensidade. “É oferecido nos am- bientes onde a pessoa vive e é de natureza Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais42/230 vital para sustentação da vida do indivíduo” (ALMEIDA, 2012, p. 57). A autora ainda res- salta que não há um instrumento padrão que avalie o apoio necessário ao indivíduo. A identificação do suporte deve considerar as necessidades específicas do sujeito e a situação de uso. Aos professores, Millan, Spinazola e Orlan- do (2015) recomendam a objetividade na elaboração das atividades escolares, bem como desmembrá-las em pequenos passos, de forma que seja solicitada uma tarefa por vez em cada exercício. Isso facilita a com- preensão do comando da questão. Outra sugestão das autoras é elogiar constante- mente o aluno como forma de motivá-lo. Lago (2013) defende a prática do ensino colaborativo para melhores resultados na aprendizagem de alunos com deficiência intelectual matriculados em classes co- muns. Em sua pesquisa realizada com cinco alunos com esse diagnóstico, matriculados no primeiro e segundo ano do ensino fun- damental, a partir de uma avaliação antes e após essa prática, verificou-se uma evolução no nível de escrita, participação em tra- balhos em grupo, maior concentração nas atividades (superior a 10 minutos), recon- hecimentos de várias letras do alfabeto, en- tre outros (LAGO, 2013). Observe, na tabela a seguir, todos os benefícios pedagógicos e sociais identificados. Tabela 2 – Descrição dos principais benefícios peda- gógicos e sociais para alunos com DI – participan- tes do estudo – após o Ensino Colaborativo Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais43/230 Fonte: Lago (2013, p. 9). • Deficiência física: Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais44/230 A deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, iso- ladamente ou em conjunto, podem produzir grande limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida (BRASIL, 2006, p. 28). Segundo o documento de orientação para as salas de recursos multifuncionais (BRASIL, 2006), a deficiência física envolve uma diversidade de tipos e graus de comprometimento, bem como pode haver também associação entre essa deficiência e dificuldades na comunicação oral, como é o caso dos alunos com a paralisia cerebral, hoje denominada encefalopatia crônica não pro- gressiva. Nesses casos, é necessária a utilização do apoio de ferramentas ou tecnologias da área da Comunicação Alternativa, que será abordada com maior ênfase no próximo tema. Um exem- plo é o uso das pranchas de comunicação em que há o alfabeto e as figuras que representam os diálogos mais comuns no cotidiano e possibilitam ao aluno se expressar de forma não oral com auxílio de suportes. • Deficiência múltipla: “[...] associação de duas ou mais deficiências”. (BRASIL, 2004). Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais45/230 2.2. Transtorno Global do De- senvolvimento (TGD) A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva define os alunos com TGD como aqueles que apre- sentam: [...] “autismo, síndromes do espec- tro autista e psicose infantil” (BRASIL, 2008, p. 8). Entretanto, no documento que regu- lamenta as diretrizes para a operacionaliza- ção do Atendimento Educacional Especia- lizado na Educação Básica (BRASIL, 2009), há maior detalhamento e são considerados estudantes com TGD aqueles diagnostica- dos com “[...] autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno de- sintegrativo da infância (psicoses) e trans- tornos invasivos sem outra especificação” (BRASIL, 2009, p. 1). Em relação ao diagnóstico médico, segundo a Organização Mundial da Saúde, os trans- tornos globais do desenvolvimento, classi- ficados no CID-10, são definidos como: Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais46/230 [...] grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das in- terações recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesse e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anoma- lias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões (OMS, 2003, p. 367). Em relação ao diagnóstico dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, Ramos (2012), após um levantamento bibliográfico, apresenta críticas sobre as imprecisões nas terminologias em docu- mentos da área médica. Esta imprecisão se deve “[...] à ausência de consolidação nos critérios de validação científica para a síndrome de Asperger e o tratamentodesintegrativo da infância/ sín- drome de Heller, bem como para a síndrome de Rett” (DUMAS, 20111 apud Ramos, 2012, p. 82). Ramos (2012) afirma que para esse autor há uma dicotomia e uma fragmentação na compreen- são dos danos neurológicos e psicológicos presentes na conceituação dos transtornos globais do desenvolvimento e que seria necessário, portanto, maior articulação ou integração entre a neurologia e a psicologia. Outra crítica de Dumas (2012) à definição médica é o enfoque dado à incapacidade do indivíduo diagnosticado com autismo. 1 DUMAS, J. Psicopatologia da infância e adolescência. Tradução: Fátima Murad. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. p. 14-56; 97-137. Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais47/230 Sabe-se muito mais sobre o que as crianças com transtornos não conse- guem do que sobre o que elas fazem realmente, seja da maneira daquelas sem dificuldade, seja de maneira diferente. [...] Mesmo que aumentasse a confiabilidade de um diagnóstico, sua utilidade é menor quando é neces- sário compreender justamente a forma como essas crianças se compor- tam a fim de, com discernimento, vir em sua ajuda (DUMAS, 2011 apud Ramos, 2012, p. 83). Nesse sentido, o direcionamento da prática educativa no atendimento educacional especiali- zado focalizado no diagnóstico clínico pode resultar em atividades em que se ressaltam as ditas “limitações” orgânicas em detrimento das potencialidades dos sujeitos. O professor do AEE pre- cisa acreditar no potencial de seu aluno e conhecer sua história de vida e escolar. É imprescin- dível, para o desenvolvimento desses sujeitos, apostar em todas as possibilidades em termos de estratégias e recursos pedagógicos, visando a sua maior autonomia e participação social. Essa discussão perpassa a temática já abordada sobre o enfoque individual e clínico em contraposi- ção ao social. No enfoque social, as barreiras para a plena participação não estão no individuo, mas no ambiente não acessível. Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais48/230 2.3. Altas Habilidades ou Super- dotação (AH/SD) A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, s.p.) define as Altas habilidades/Su- perdotação (AH/SD) como um “[...] poten- cial elevado em qualquer uma das seguintes áreas isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes”. Outra característica é apresentar criatividade acima da média. Para esses alunos o AEE é suplementar a sua escolar- ização regular, e não complementar como o é para os alunos com deficiência e aqueles com TGD. Para saber mais Autismo pode ser considerado como deficiência pela Política Nacional de Proteção dos Direitos da pessoa com transtorno do espectro autista, de- terminada pela Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Para conhecer mais sobre os transtornos globais do desenvolvimento, acesse o vídeo a se- guir. Link Eixo Articulador – TGD: Transtornos Globais do Desenvolvimento. Univesp TV. Disponível na pla- taforma Youtube. Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais49/230 São indicadas mudanças pedagógicas que ofereçam o enriquecimento curricular, visando ga- rantir o desenvolvimento das suas potencialidades. Para saber mais (ENRIQUECIMENTO CURRICULAR) No vídeo disponibilizado a seguir há uma discussão sobre quais são as possibilidades previstas em legis- lação (BRASIL, 2011) para o AEE desse público em específico. Aborda, portanto, a aceleração dos estudos e o enriquecimento curricular. Link Educação e Inclusão Social – Aula 18 – Atendimento educacional especializado em altas habilidades ou superdotação. Curso de Licenciatura – Univesp – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Disponí- vel na plataforma Youtube Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais50/230 Glossário Acuidade Visual: teste realizado por médicos oftalmologistas que aferem a capacidade visual do indivíduo. Enriquecimento Curricular: trata-se do aprofundamento dos estudos ou do acréscimo de con- teúdos mais abrangentes do que aqueles oferecidos pelo currículo da escolar regular. Memória Visual: lembrança dos estímulos visuais propiciados pelas cores, formas, objetos, entre outros. Questão reflexão ? para 51/230 Suponha que você tem um aluno diagnosticado com alguma deficiência. De que forma você, como professor do AEE, faria uma intervenção pedagógica para auxiliar no desenvolvimento e na aprendizagem desse aluno? Como poderia trabalhar com leitura e escrita, por exemplo, de forma lúdica e atrativa para ele? 52/230 Considerações Finais (1/2) • A terminologia Necessidades Educacionais Especiais (NEE) foi criada na década de 1960 para superar o preconceito que o termo distúrbio, por exemplo, trazia para os sujeitos que eram assim denominados. Na década de 1970 defendia-se que houvesse uma avaliação pedagógica para o público-alvo da educação especial. • Surgem críticas ao termo NEE, devido a sua abrangência. É determi- nado então que o público-alvo da educação especial, com direito ao atendimento educacional especializado, englobaria: PcD, alunos com TGD e aqueles com AH/SD. • Os transtornos globais do desenvolvimento ainda apresentam certa imprecisão, tanto no diagnóstico clínico, quanto nos documentos di- recionados ao AEE. Dumas (2011), em relação ao autismo, afirma que nessa perspectiva o foco está mais nas limitações orgânicas do que nas potencialidades do aluno. É imprescindível que a prática pedagógica 53/230 do professor do AEE esteja alinhada às potencialidades do aluno, ao que ele pode fazer, mesmo que gradativamente, para que alcance sua autonomia e participação na sociedade. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentes necessidades educacionais especiais54/230 Referências ALMEIDA, M. A. (Org.). Deficiência intelectual: realidade e ação. Secretaria da Educação. Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado – CAPE. São Paulo: SE, 2012. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014, p. 33- 41. AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. Compreendendo o cego: uma visão psicanalítica da cegueira por meio de Desenhos-Estórias. São Paulo: Casa do Psicólogo. 1997. BRASIL. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 12 abr. 2017. BRASIL. Estatuto da pessoa com deficiência, Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.cama- ra.gov.br/sileg/integras/432201.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2017. BRASIL. Formação continuada a distância de professores para o atendimento educacional especializado: deficiência visual. Brasília: SEESP/ SEED/ MEC. 2007. Disponível em: <http://por- tal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017. BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União. Brasília, DF, 7 jul. 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm http://www.camara.gov.br/sileg/integras/432201.pdf http://www.camara.gov.br/sileg/integras/432201.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf/ http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf/ Unidade 2 • Os educandos portadores de necessidades especiais: classificação, caracterização e as diferentesnecessidades educacionais especiais55/230 BRASIL. MEC. SEESP. Sala de recursos multifuncionais: espaço para atendimento educacional especializado. Brasília, 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/ SEESP, 2008. BRASIL. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Aten- dimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Bra- sília, 2009. GIL, Marta. Deficiência visual. Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2000. Dispo- nível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000344.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2017. LAGO, D. Ensino colaborativo: benefícios pedagógicos e sociais para alunos com deficiência in- telectual. (2013). Disponível em: <http://www.anped.org.br/sites/default/files/gt15_3418_texto. pdf>. Acesso em: 15 jul. 2017. MARTÍN, E. et al. Da terminologia do distúrbio às necessidades educacionais especiais. 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Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: da categoria psiquiátrica à particularidade do caso a caso nos processos de inclusão escolar. Dis- sertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2012. SÁ, Elizabet; CAMPOS, Izilda; SILVA, Myriam. Atendimento Educacional Especializado: deficiên- cia visual. SEESP/SED/MEC: Brasília/DF, 2007. TORRES, E. F, MAZZONI, A. A, e MELLO, A. G. Nem toda pessoa cega lê em Braille nem toda pessoa surda se comunica em língua de sinais. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 369-385, maio/ago. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v33n2/a13v33n2.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2017. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413 http://www.scielo.br/pdf/ep/v33n2/a13v33n2.pdf 57/230 1. A deficiência visual se subdivide em baixa visão e cegueira. Sobre a baixa visão, assinale a alternativa correta: a) Um indivíduo com miopia apresenta baixa visão. b) Um educando com hipermetropia apresenta baixa visão. c) Um aluno com astigmatismo apresenta baixa visão. d) Uma pessoa que apresenta acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no mesmo olho com a melhor correção óptica, tem baixa visão. e) Um indivíduo com ambliopia tem baixa visão. Questão 1 58/230 2. Sobre a cegueira, existe a adquirida e a congênita. Assinale a alternativa correta: a) Só pode ser considerada cegueira congênita aquela em que o sujeito nunca apresentou res- quícios de visão. b) Cegueira congênita pode ser considerada aquela em que o sujeito desenvolve os sintomas da cegueira até os cinco anos de idade. c) Cegueira adquirida é aquela em que o sujeito apresenta os sintomas até os cinco anos de idade. d) Cegueira adquirida é aquela que foi transmitida no contato com outra pessoa. e) Cegueira congênita é aquela em que o sujeito apresenta comprometimentos para além da visão. Questão 2 59/230 3. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a paralisia cerebral ou encefa- lopatia crônica não progressiva se enquadra como: a) Deficiência intelectual. b) Síndrome de Down. c) Transtorno global do desenvolvimento. d) Deficiência física. e) Altas habilidades/superdotação. Questão 3 60/230 4. A crítica de Dumas (2011), em relação à definição médica do autismo, se relaciona: a) Ao predomínio dos médicos para prescrever os atendimentos para pessoas com autismo. b) Ao enfoque nas limitações orgânicas de desenvolvimento, sem considerar as potencialida- des do indivíduo. c) Ao excesso de remédios prescritos pelos médicos para o tratamento. d) Ao tratamento inadequado dos autistas pela área médica. e) Aos erros de diagnóstico clínico do autismo. Questão 4 61/230 5. A Resolução CNE/CEB, 04/2009 – que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado – AEE na educação básica – define o caráter complementar e/ou suplementar do AEE na escola comum. O caráter suplementar é indicado para qual (ou quais) público(s)? Assinale a alternativa correta: a) Apenas para estudantes com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento. b) Apenas para estudantes com deficiência. c) São destinados ao público-alvo da educação especial. d) Apenas para os estudantes com altas habilidades/ superdotação. e) Apenas às crianças com déficit de atenção. Questão 5 62/230 Gabarito 1. Resposta: D. O indivíduo com baixa visão é aquele que tem apenas resquícios de visão. Aqueles que podem corrigir a dificuldade em enxer- gar com o uso de óculos, por exemplo, não são considerados com deficiência visual. 2. Resposta: B. Para ser considerada congênita, a cegueira deve ter sido desenvolvida até os cinco anos de idade, segundo Amiralian (1997). Caso, contrário, trata-se da cegueira adquirida. 3. Resposta: D. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a Paralisia Cerebral (PC) é considerada uma deficiência física. 4. Resposta: B. Segundo Dumas (2012), se conhece “[...] muito mais sobre o que as crianças com transtornos não conseguem do que sobre o que elas fazem realmente, seja da maneira daquelas sem dificuldade, seja de maneira diferente [...]”. 5. Resposta: D. Segundo a Resolução CNE/CEB, 04/2009 (BRASIL, 2009), o caráter suplementar se 63/230 Gabarito aplica aos estudantes com altas habilida- des/ superdotação, este atendimento vai além dos conteúdos das salas comuns e compreende, por exemplo, o enriquecimen- to curricular. 64/230 Unidade 3 O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos hu- manos e materiais Objetivos 1. Apresentar o programa de salas de re- cursos multifuncionais. 2. Abordar as características dos edu- candos público-alvo da educação es- pecial. 3. Apontar as atribuições do professor da sala de recursos multifuncionais, bem como exemplos de recursos pe- dagógicos e tecnológicos a serem uti- lizados. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais65/230 Introdução O lócus do Atendimento Educacional Espe- cializado (AEE), na escola regular é a sala de recursos multifuncional. Há também o mo- delo de salas de recursos por deficiência, apesar de não ser o predominante. Nesse tema trataremos do Programa de Salas de Recursos Multifuncionais, desde os marcos legais e o contexto de implantação, pas- sando pelas características dos educandos, pelos professores do AEE e suas atribuições e, por fim, aos recursos materiais/ tecnoló- gicos utilizados. Conhecer esse programa é de fundamental importância para o profes- sor compreender a política da educação es- pecial na perspectiva da educação inclusiva e sua contribuição nesse processo. 1. O Programa de Salas de Re- cursos Multifuncionais O direito ao atendimento educacional es- pecializado é garantido pela Constituição Federal de 1988, que determina que o servi- ço seja oferecido preferencialmente na rede regular de ensino. A Resolução nº 4/2009, do Conselho Nacio- nal de Educação(BRASIL, 2009), que institui as diretrizes operacionais para o Atendi- mento Educacional Especializado (AEE), na Educação Básica, determina que haja dupla matrícula dos educandos público-alvo da educação especial: sendo uma na classe co- mum e outra, no turno inverso, no AEE, ofe- recido prioritariamente na Sala de Recursos ou Salas de Recursos Multifuncionais da Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais66/230 própria escola em que o aluno é matricula- do ou nas proximidades. Dessa forma, a legislação educacional pre- vê que o AEE seja complementar e/ou su- plementar à escolarização regular e não substitutivo como já abordado no Tema 1 – Fundamentos teóricos e pedagógicos do Atendimento Educacional Especializado. O Programa de Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), com iní- cio em 2005, é uma das ações do Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, promovido pela Secretaria de Educação Es- pecial do Ministério da Educação em 2003, durante a gestão do presidente Luís Inácio Lula da Silva. As SRM são “[...] ambientes dotados de equi- pamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado” (BRASIL, 2008, p. 1). É importante ressaltar que esse mo- delo, é denominado “multifuncional” devi- do à possibilidade de abrangência de todo o público-alvo da educação especial, ou seja, a sala compreende recursos e mobiliários para atender tanto a pessoas com deficiên- cia (visual, auditiva, física, intelectual, múl- tipla, surdocegueira) quanto àqueles alu- nos com transtornos globais do desenvol- vimento ou àqueles com altas habilidades/ superdotação. Entretanto, há críticas em relação a esse modelo já que, segundo Gar- cia (2013), pretende tornar o professor em multitarefa para atuar com todos os alunos dessa modalidade. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais67/230 O AEE, ofertado nessas salas, possui objeti- vos e atividades diferentes daqueles do en- sino regular, devido às especificidades e ne- cessidades do público atendido. Dessa for- ma, não pode ser confundido com reforço escolar, [...] “mas deve constituir-se como um conjunto de procedimentos específi- cos mediadores e auxiliadores do processo de apropriação, construção e produção de conhecimentos” (PEREIRA, DAMASCENO, ANDRADE, 2013, p. 1429). Nesse sentido, o AEE não segue o currículo da escola regular. Os conteúdos e serviços desse atendimento devem estar direcionados à eliminação de barreiras visando à plena participação des- ses sujeitos na sociedade, como, segundo o documento “Sala de Recursos Multifuncio- nais: espaço para o atendimento educacio- nal especializado” (BRASIL, 2006a): Para saber mais Esse caráter generalista do professor do AEE pode reduzir seu campo de conhecimento profissional e tornar sua ação fragilizada, já que dificilmente sua formação poderia abarcar saberes, técnicas ou procedimentos relacionados ao atendimento de alunos com diferentes necessidades educacio- nais especiais, desde aqueles com autismo, defi- ciência física, auditiva, visual, etc. Link GARCIA, R. M. C. Política de educação especial na perspectiva inclusiva e a formação docente no Brasil. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janei- ro, v. 18, n. 52, mar. 2013. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais68/230 a) Ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras). b) Ensino do sistema Braille. c) Comunicação alternativa e enriqueci- mento curricular. Os conteúdos referentes a Libras, Braille, Comunicação Alternativa e o Enriquecimen- to Curricular serão detalhados nos capítulos posteriores, incluindo o uso de recursos tec- nológicos para ensino. Outros exemplos citados em Brasil (2006b) são: orientação e mobilidade, soroban, ati- vidades cognitivas que desenvolvam as fun- ções mentais superiores, atividades de vida autônoma e social. A estimulação precoce é indicada para a educação infantil, de zero a três anos. As aulas de orientação e mobilidade são di- recionadas aos estudantes com deficiência visual e têm como função ensinar técnicas para o deslocamento seguro, rápido e efi- caz. São propostas também atividades que orientam o uso da bengala-longa na práti- ca. Entre as técnicas, podemos citar a téc- nica do guia vidente, técnica de autoajuda, técnicas com o uso da bengala longa ou técnicas de hoover, entre outras descritas em Garcia (2003). A primeira técnica a ser ensinada à criança com baixa-visão ou cegueira, de acordo com Garcia (2003), é a guia vidente que consiste na familiarização da criança aos espaços da escola e da sala de aula. O professor atua como guia do estudante, no momento em que ambos se deslocam juntos, lado a lado. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais69/230 Durante o percurso, o docente solicita a descrição dos obstáculos encontrados, do terreno, pre- sença de degraus, entre outros detalhes. Isso auxilia no reconhecimento do espaço. É importante destacar que nesta técnica o deficiente visual não deverá se deixar guiar passivamente, mas sim assumir uma atitude responsável por sua segurança física, devendo instruir seu guia para que este se constitua numa fonte segura de informação e proteção (GARCIA, 2003, p. 69). Outra questão importante a ser observada se refere à comunicação, verbal ou não verbal, a ser estabelecida entre o guia (professor) e o estudante. Garcia (2003) afirma que, com o uso cons- tante dessa técnica, o estudante deverá estar apto a reconhecer sinais e gestos, essenciais para favorecer a orientação. As técnicas de autoajuda têm como finalidade, segundo Garcia (2003), preparar o sujeito para o deslocamento com autonomia por meio do conhecimento do seu corpo, dos movimentos e da lateralidade. Em relação à técnica com o uso da bengala-longa, Garcia (2003) indica iniciar pelo uso nos corredores, sala de aula, banheiros, refeitório e pátio, para posteriormente avançar nas áreas externas (arredores) à escola. Entre as técnicas possíveis com o uso da bengala-longa, está a diagonal. Segue a descrição do procedimento (MOTA, 2003, p. 102-103): Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais70/230 • Para esta técnica o aluno deverá segurar a bengala com a mão entre o cabo e o corpo da mesma; • Deverá flexionar seu braço até que sua mão fique aproximadamente na altura da cintura, fazendo uma rotação do antebraço, permitindo que a palma da mão fi- que voltada para a frente; • O cotovelo e o pulso deverão estar estendidos; • O polegar deverá ficar paralelamente ao redor do cabo direcionado para a ponta; • O dedo indicador deverá ficar paralelo e superior ao cabo direcionado para a ponta, seguindo o sentido da bengala; a • Os outros dedos ficarão flexionados segurando o cabo; • A bengala deverá cruzar diagonalmente à frente do corpo desde a mão que a segura até a ponta (ponteira), que deverá estar a 2,5cm além do plano lateral do ombro oposto; • A bengala deverá ficar disposta de forma que o seu cabo também ultrapasse a 2,5cm do ombro, do lado da mão que a segura; Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais71/230 • A ponteira da bengala deverá estar anterior ao cabo através de um leve desvio, mantendo-a em contato com o solo; • A bengala deverá ser mantida na mão oposta a parede, sobre o solo e em contato com a parede; • A bengala poderá ser segurada por qualquer uma das mãos, porém deverá ser mantida naquela oposta à parede a ser rastreada. Para saber mais O e-book elaborado pelo Ministério da Educação intitulado Orientação e mobilidade:conhecimentos básicos para a inclusão da pessoa com deficiência visual, no capítulo 4: Como desenvolver programas de orientação e mobilidade para pessoas com deficiência visual, de Nely Garcia, descreve essas e outras técnicas e utiliza imagens para facilitar a compreensão dos procedimentos. Conheça mais sobre esse tema no acesso ao livro. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais72/230 Em relação ao Soroban, trata-se de um ába- co japonês e é um instrumento utilizado para auxiliar nos cálculos matemáticos para todos os estudantes e, especialmente, para aqueles com cegueira. Link GARCIA, Nely. Como desenvolver programas de orientação e mobilidade para pessoas com deficiên- cia visual. In: Orientação e mobilidade: conhecimen- tos básicos para a inclusão da pessoa com deficiên- cia visual. Brasília: MEC, SEESP, 2003, p. 68-123. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/se- esp/arquivos/pdf/ori_mobi.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2017. Além do AEE realizado em SRM, algumas atividades ou recursos devem ser disponi- bilizados dentro da própria classe comum, como, por exemplo, os serviços de tradutor e intérprete de Libras e a disponibilidade das ajudas técnicas e tecnologias assisti- vas, entre outros (BRASIL, 2006a). Caso se- jam, também precisam constar no Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola. Link Escola de atenção às diferenças: atendimento educacional especializado e tecnologias assisti- vas. Salto para o futuro. TV Cultura. Disponível na plataforma Youtube http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ori_mobi.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ori_mobi.pdf Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais73/230 2. Características dos Educan- dos Para atender aos alunos com deficiência é importante conhecer as necessidades es- pecíficas desses sujeitos. Cada ser é único, com necessidade singular. Para desenvolver técnicas ou recursos aos educandos com deficiência ou TGD, é pre- ciso, segundo Manzini e Deliberato (2004, p. 9): 1. Entender a situação que envolve o es- tudante • Escutar seus desejos. • Identificar características físicas/ psicomotoras. • Observar a dinâmica do estudante no ambiente escolar. • Reconhecer o contexto social. 2. Gerar ideias • Conversar com usuários (estudan- te/família/colegas). • Buscar soluções existentes (famí- lia/catálogo). • Pesquisar materiais que podem ser utilizados. • Pesquisar alternativas para confec- ção do objeto. 3. Escolher a alternativa viável • Considerar as necessidades a se- rem atendidas (questões do edu- cador/aluno). Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais74/230 • Considerar a disponibilidade de re- cursos materiais para a constru- ção do objeto – materiais, processo para confecção, custos. 4. Representar a ideia (por meio de de- senhos, modelos, ilustrações.) • Definir materiais • Definir as dimensões do objeto - formas, medidas, peso, textura, cor etc. 5. Construir o objeto para experimenta- ção • Experimentar na situação real do uso. 6. Avaliar o uso do objeto • Considerar se atendeu o desejo da pessoa no contexto determinado. • Verificar se o objeto facilitou a ação do aluno e do educador. 7. Acompanhar o uso • Verificar se as condições mudam com o passar do tempo e se há ne- cessidade de fazer alguma adapta- ção no objeto. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais75/230 Para saber mais A avaliação da pessoa com deficiência e dos transtornos globais do desenvolvimento histo- ricamente foi realizada por diagnóstico médico/ clínico do paciente. Apesar dessa avaliação ainda perdurar, atualmente é mais ampla a compreen- são da deficiência e por isso a legislação vigente aponta para a necessidade, em alguns casos, e a importância da avaliação biopsicossocial, realiza- da por equipe multiprofissional e interdisciplinar, a considerar, segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015): os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores so- cioambientais, psicológicos e pessoais; a limita- ção no desempenho de atividades e a restrição de participação. Link LEITE, Lúcia Pereira et al. A adequação curricular como facilitadora da educação inclusiva. Psicol. educ., São Paulo , n. 32, p. 89-111, jun. 2011. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais76/230 3. Recursos Humanos e Materiais 3.1. ATRIBUIÇÕES DO PROFESSOR DA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIO- NAIS O documento “Sala de recursos multifuncionais: espaço para atendimento educacional especia- lizado” (BRASIL, 2006a) estabelece como atribuições do professor da sala de recursos multifun- cionais (SRM): • atuar, como docente, nas atividades de complementação ou suplementação curricular específica que constituem o atendimento educacional especiali- zado dos alunos com necessidades educacionais especiais; • atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a defi- nição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso do aluno com ne- cessidades educacionais especiais ao currículo e a sua interação no grupo; • promover as condições para a inclusão dos alunos com necessidades edu- cacionais especiais em todas as atividades da escola; Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais77/230 • orientar as famílias para o seu envolvimento e a sua participação no proces- so educacional; • informar a comunidade escolar acerca da legislação e normas educacionais vigentes que asseguram a inclusão educacional; • participar do processo de identificação e tomada de decisões acerca do atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos; • preparar material específico para uso dos alunos na sala de recursos; • orientar a elaboração de materiais didático-pedagógicos que possam ser utilizados pelos alunos nas classes comuns do ensino regular; • indicar e orientar o uso de equipamentos e materiais específicos e de outros recursos existentes na família e na comunidade; • articular, com gestores e professores, para que o projeto pedagógico da ins- tituição de ensino se organize coletivamente numa perspectiva de educa- ção inclusiva. Unidade 3 • O programa de salas de recursos multifuncionais: características dos educandos, recursos humanos e materiais78/230 A Resolução CNE/CEB nº 4/2009 especifica as atribuições desse profissional, ao citar, por exemplo, a “[..] elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do estudante e o “[...] acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia as- sistiva na sala de aula comum e demais am- bientes escolares”. Também acrescenta a “[...] interface com as áreas da saúde, assis- tência social, trabalho, entre outras” (BRA- SIL, 2009, s.p.). Observa-se que a função do professor da sala de recursos multifuncionais ou do AEE transcende o atendimento ao aluno, se- gundo a legislação. Cabe a esse profissio- nal, por exemplo, “[...] orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno” (BRASIL, 2009, s.p.). Nesse quesito, seu pa- pel é importantíssimo tanto na mediação da aprendizagem do educando e como na ar- ticulação da equipe escolar para propiciar condições de acessibilidade aos educandos da educação especial na escola. Dessa forma, o professor do AEE atua em di- ferentes contextos que interferem no aces- so e permanência do educando na escola, desde a gestão escolar, sala de aula comum, sala de recursos multifuncionais e contexto familiar. Para viabilizar a institucionalização do AEE, atua em articulação
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