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EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Professor Me. Roberto Fonseca GUIA DA DISCIPLINA 2021 ‘ 1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. EDUCAÇÃO ESPECIAL X EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONCEITOS BÁSICOS OBJETIVO: Apresentar as diferenças conceituais entre os termos educação especial e educação inclusiva, introduzindo o amplo estudo dessa disciplina. Definir o campo de campo de atuação das duas abordagens educacionais, apresentando suas características especificas. INTRODUÇÃO: Quando se fala em educação especial e educação inclusiva nota-se que há uma série de equívocos conceituais entre essas duas modalidades que possuem o mesmo objetivo, as discussões envolvem vários elementos. Entende-se educação especial como a área educacional voltado ao atendimento a pessoas com alguma deficiência. Esta modalidade acontece preferencialmente em escolas regulares ou ambientes especializados, como escola para surdos, escolas para deficientes visuais, etc... São consideradas instituições de educação especial escolas voltadas ao atendimento de pessoas com transtornos globais de desenvolvimento ou superlotação e altas habilidades. De acordo com a lei de diretrizes e base da educação: Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018). Legalmente no Brasil, uma pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento ao longo prazo como, por exemplo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que por sua vez pode, em interação com diversas barreiras, obstruir a participação plena e efetiva de tal pessoa na sociedade, em igualdades de condições. Confira no infográfico ‘ 2 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância abaixo a distribuição da população de deficientes no país, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Organização Mundial de Saúde (OMS) (2004) possui duas classificações que se referem aos estados de saúde: a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, que corresponde à décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF (conhecida como CIF1) tem como objetivo geral proporcionar uma linguagem unificada e padronizada, assim como uma estrutura de trabalho para a descrição da saúde e de estados relacionados com a saúde. A classificação define os componentes da saúde e alguns componentes do bem-estar relacionados com a saúde, que envolvem aspectos psicossociais, como educação e trabalho. Nesse sentido, a CIF1 se organiza em torno de domínios descritos com base na perspectiva do corpo, do sujeito e da sociedade em duas listas básicas: funções e estruturas do corpo, e atividades e participação. Ela busca compreender como o sujeito se organiza em seu viver por meio da deficiência, ou seja, quais as facilidade e dificuldades em viver com uma deficiência. A CIF também relaciona os fatores ambientais que interagem com todos esses constructos. Assim, ela permite ao utilizador registrar perfis úteis da funcionalidade, incapacidade e saúde dos sujeitos em vários domínios. O documento completo está disponível no link a seguir. https://goo.gl/8KKZeW ‘ 3 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Duarte (2017), nas discussões mais recentes sobre a caracterização do conceito de deficiência, é possível acompanhar uma transição para o reconhecimento e a expansão das possibilidades de existir de cada pessoa, para além de normas e padrões. Gaudenzi e Ortega (2016) propõem a visualização do conceito de deficiência em conformidade com a normatividade, escapando das lógicas enclausurantes da normalidade. Normatividade refere-se ao desenvolvimento de autonomia em conformidade com a subjetividade e as especificidades de cada sujeito. Desde 2000, o conceito de deficiência passou a ser percebido de maneira ampliada, buscando compreender o sujeito de maneira integrada ao seu contexto. Dessa maneira, segundo Duarte (2017), as políticas que promovem o apoio e o assistencialismo buscam se caracterizar como instrumentos de emancipação da pessoa com deficiência (FONSECA, 2008). Desse modo, faz-se prevalecer o equilíbrio para assegurar condições mínimas à efetiva inclusão social. Aquilo que normalmente compreendemos por deficiência pode variar em razão da existência de diferentes culturas, crenças, orientações e abordagens científicas. No Brasil, já se encarou a pessoa com deficiência como pessoa altamente incapaz, e ainda hoje tal ideia é passível de ocorrer, pode ser por falta de informação, discriminação e até mesmo por preconceito, mas ainda há a ideia de que o deficiente deveria ser segregado e tratado, em muitos casos, é tratado como incapaz. 1.1 Deficiência não é sinônimo de incapacidade Ainda na primeira metade do século XX, surgiu o modelo biomédico sobre o conceito de deficiência, interpretando-a como mera barreira ou incapacidade a ser superada pela pessoa que a portava. Em seguida, instalou-se a transição para o modelo social do conceito de deficiência, relacionado à inclusão da pessoa com deficiência e à superação das barreiras estruturais. Atualmente, o paradigma dos direitos humanos é inserido, no intuito de garantir a dignidade, a autonomia e o acesso a todos os direitos sociais da pessoa com deficiência, bem como o combate à violação de seus direitos (SCHMIDT, 1997). Atualmente, há certa preocupação para além das limitações impostas pela própria deficiência: construir constantemente espaço para a superação de barreiras ao pleno desenvolvimento do sujeito com deficiência. As políticas públicas que estão relacionadas a esse setor, buscam distanciar o conceito de deficiência do de incapacidade, a fim de não restringir o conceito de deficiência a aspectos médicos. O deficiente deve ser compreendido para além dos aspectos físicos, sensoriais, intelectuais e mentais, destacando a conjuntura social e cultural em que o sujeito com deficiência está inserido ‘ 4 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (FONSECA, 2008). Assim, o sujeito, visto além da deficiência e de suas barreiras de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, pode ser contemplado por meio de outros cenários para o desenvolvimento integral de suas potencialidades. Ao longo da história, o conceito de deficiência e a visão sobre a pessoa com deficiência enfrentaram muitos percalços. Nem sempre foi possível priorizar o desenvolvimento do sujeito integral, com respeito e construção da autonomia. No entanto, toda essa bagagem conduziu à consideração de aspectos fundamentais e indispensáveis, como a compreensão do sujeito em sua integralidade e singularidade. 1.2 A educação especial e a área educacional Sendo assim, pode-se definir a educaçãoespecial como uma área educacional organizada para atender especifica e exclusivamente aos alunos que têm algum tipo de deficiência ou transtorno global do desenvolvimento. Nota-se que essencialmente a educação especial atua na promoção do desenvolvimento das habilidades e potencialidades das pessoas com deficiência, ela contempla todos os níveis educacionais, trabalhando desde educação infantil até o nível superior. Já a educação inclusiva é uma ação educacional conjunta em que todos os estudantes aprendem convivendo eliminando as barreiras educacionais, objetivando com que todos os discentes possam aproveitar o processo educativo através das suas potencialidades. Essa abordagem tem em sua essência o entendimento, a observação e a promoção da diversidade no processo de educação. Para entender o processo de inclusão escolar é necessário compreender como as instituições de ensino e as pessoas que nela trabalham devem atuar para que esse processo seja bem-sucedido. A partir dos estudos realizados no Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento (International Disability and Development Consortium - IDDC) a respeita da Educação Inclusiva, ocorrido em março de 1998 em Angra, na Índia, um sistema educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição ampla deste conceito, nos seguintes termos: Reconhece que todas as crianças podem aprender; Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (HIV, Tuberculose, Hemofilia, Hidrocefalia, ou qualquer outra condição); Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam às necessidades de todas as crianças; Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma sociedade inclusiva; É um processo dinâmico que está em evolução constante; ‘ 5 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por falta de recursos materiais. A educação inclusiva procura fazer do processo educativo um processo de ampla abordagem social em que que todos os discentes com deficiência ou não sejam incluídos na escolarização e tenham direito a aprender. O sistema educacional tem de ser, portanto, o lugar para garantir o desenvolvimento pessoal e inclusão social, o qual permitirá que crianças e adolescentes com deficiência sejam independentes quanto possível. O sistema educacional é o primeiro passo em direção a uma sociedade inclusiva. (DECLARAÇÃO DE MADRI, ITEM 7, 2000) Nessa perspectiva o sistema educacional deve atuar de forma integradora sem preconceitos que valoriza e trabalha as diferenças no dia-a-dia, fazendo com que elas sejam entendidas e respeitadas. Dessa forma, busca-se o desenvolvimento integral de todos, trazendo para os envolvidos nesse processo a oportunidade de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprenda a conviver e aprenda a ser. É necessário trabalhar na perspectiva inclusiva considerando todos pilares da educação citados acima, garantindo a aprendizagem das crianças e jovens com deficiência através de múltiplas possibilidades de se aprender. ‘ 6 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. BREVE HISTÓRICO DA VISÃO SOCIAL SOBRE A DEFICIÊNCIA OBJETIVO Estabelecer um breve parâmetro sobre a visão da sociedade em relação às pessoas com deficiência; Introduzir a inclusão das legislações que contemplam os direitos das pessoas com deficiência, superdotação e altas habilidades; INTRODUÇÃO Os debates em torno dos conceitos de deficiência envolvem uma multiplicidade de elementos, que vão desde a necessidade de considerar a sua natureza política até a superação do modelo biomédico. Desse modo, a descrição da deficiência envolve questões de direitos humanos e reflexões acerca da soberania do modelo biomédico, a qual precisa ser superada. De forma geral, a questão da deficiência pode ser observada como intrínseca à natureza humana, considerando que quase todas as pessoas terão uma deficiência de ordem temporária ou permanente em alguma etapa de seu desenvolvimento (DUARTE, 2017). De acordo com PELBART (1989, p.) na Grécia antiga a deficiência – principalmente a referida na ordem intelectual - chegou a ocupar status de privilégio, por se caracterizar como certa liberdade presente nos indivíduos que a manifestavam, sob a forma de delírios. Observa-se que ao logo da história foram estabelecidas muitas definições sobre a pessoa com deficiência e a visão discriminatória ocorre desde à antiguidade quando as pessoas com deficiência eram consideradas sub-humanas, ou seja, eram pessoas que nada contribuíam com a sociedade. Isso ocorreu, principalmente, em cidades como Atenas e esparta, lugares onde se cultuava o corpo físico pleno, sadio e padronizado, para eles as pessoas com deficiência estavam contrapondo os seus ideais e, portanto, ali eles não poderiam conviver. Em Esparta e Atenas crianças com deficiências física, sensorial e mental eram consideradas subumanas, o que legitimava sua eliminação e abandono. Tal prática era coerente com os ideais atléticos, de beleza e classistas que serviam de base à organização sociocultural desses dois locais. Em Esparta eram lançados do alto dos rochedos e em Atenas eram rejeitados e abandonados nas praças públicas ou nos campos. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2008, p.7) De acordo com NEGREIROS (2014, P.13) desde os primórdios da humanidade pessoas nasceram ou adquiriram alguma deficiência ou limitação que as impediram de realizar ‘ 7 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância suas atividades diárias de forma autônoma. De maneira perversa, essas pessoas foram alijadas da sociedade e tratadas como estorvo ou “coitadinhas”. Os primeiros avanços em prol da luta das pessoas com deficiência aconteceram no vitorioso Império Romano, com surgiu o cristianismo. A nova doutrina rogava para a caridade e o amor entre as pessoas. As “minorias” sentiram-se um pouco mais acolhidas através desse novo posicionamento das esferas dominantes. A doutrina cristã lutou contra o descarte das crianças nascidas com deficiência. A igreja foi perseguida, mas, passaram por uma mudança no seu comportamento sob influência das ideias romanas a partir do Século IV. Foi nesse período que surgiram os primeiros hospitais de caridade que abrigavam indigentes e pessoas com deficiências. Por mais que as pessoas com deficiência não fossem mais descartadas no momento do nascimento, a visão mais caridosa da sociedade não impediu que os deficientes sofressem exclusão da sociedade. Segundo Bergamo (2010, p.35) partir do século XVII, os deficientes passaram a ser internados em orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de instituições, juntamente com delinquentes, idosos e pedintes, ou seja, eram excluídos do convívio social por causa da discriminação que então vigorava contra pessoas diferentes. Na transição entre o século XIX e XX surgiram as primeiras preocupações sobre as manifestações das deficiências e assim os pesquisadores comeram a buscar mais informações sobre as categorias e sobre as alterações funcionais que elas causavam. Esses esboços foram realizados na américa do Norte juntamente com formulação dos primeiros passos da declaração dos direitos humanos. Além disso, o período pós segunda guerra mundial também trouxe muitas pesquisas, pois era necessário atender à demanda das pessoas que foram afetadas em combate. A sociedade reagiu a um novo parâmetro quando percebeu que a deficiência não vinha apenas de berço e enxergou nos seus familiares, heróis de guerras, soldados, amigos as dificuldades depessoas que viviam em situação de dependência, que demandavam recursos que deveriam ser criados. Foi a partir da Segunda Guerra Mundial que o direito necessita se preocupar com grupos sociais específicos, nesse caso surgem os mutilados da guerra, pessoas que foram para a guerra sem nenhuma deficiência e voltam às suas casas com algum tipo de mutilação que impedem a fruição normal de suas atividades de vida diária. (TAHAN, 2012, p.21). Foi assim que se pôde romper com preconceitos enraizados, como o que a deficiência era um castigo divino, sendo assim as pessoas começaram a se preocupara ‘ 8 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância com o bem-estar, a lutar pelos diretos voltados à inclusão. Esse comportamento resultou na busca compreensão das especificidades de cada sujeito. Os debates em torno dos conceitos de deficiência envolvem uma multiplicidade de elementos, que vão desde a necessidade de considerar a sua natureza política até a superação do modelo biomédico. Desse modo, a descrição da deficiência envolve questões de direitos humanos e reflexões acerca da soberania do modelo biomédico, a qual precisa ser superada. De forma geral, a questão da deficiência pode ser observada como intrínseca à natureza humana, considerando que quase todas as pessoas terão uma deficiência de ordem temporária ou permanente em alguma etapa de seu desenvolvimento. No decorrer dos anos dos anos as legislações começaram a ter uma maior preocupação com o bem-estar de todos. Destaca-se as legislações abaixo: 1961-LeiNº4.024. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamenta o atendimento educacional às pessoas com deficiência, chamadas no texto de “excepcionais”. Segue trecho: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade. ” 1971LeiNº5.692. A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil é da época da ditadura militar e substitui a anterior. O texto afirma que os alunos com ‘ 9 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância “deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial”. Essas normas deveriam estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de Educação. Ou seja, a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola especial como destino certo para essas crianças. 1988 Constituição Federal. O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” e “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”. 1989-Lei N°7.853. O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na área da Educação afirma, por exemplo, obriga a inserção de escolas especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Também afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas com deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino”. Ou seja: exclui da lei uma grande parcela das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar socialmente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo também é garantido pelo texto. 1990- Lei N° 8.069. Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº 8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento educacional especializado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa condição. 1994- Política Nacional de Educação Especial. ‘ 10 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a chamada “integração instrucional”, um processo que permite que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças com deficiência que “(...) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais”. Ou seja, a política exclui grande parte desses alunos do sistema regular de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial. 1999- Decreto N°3.298. O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo principal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “contexto socioeconômico e cultural” do país. Sobre o acesso à Educação, o texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento do ensino regular. 2001-Lei N°10.172. O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e jovens com deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como modalidade de educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante. 2001- Resolução CNE/CEB N°2 Texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Entre os principais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos”. Porém, o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular pelo atendimento especializado. Considera ainda que o atendimento escolar dos alunos com deficiência tem início na Educação Infantil, “assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado”. 2002- Resolução CNE/CP N°1/2002 ‘ 11 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a formação deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais”. 2002 – Lei Nº 10.436/02 Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com deficiência nos currículos das escolas. 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questãoda infraestrutura das escolas, abordando a acessibilidade das edificações escolares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais. 2007-Decreto Nº 6.094/07 O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento reforça a inclusão deles no sistema público de ensino. 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Documento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Brasil para embasar “políticas públicas promotoras de uma Educação de qualidade para todos os alunos”. 2008 – Decreto Nº 6.571 Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica e o define como “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”. O decreto obriga a União a prestar apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino no ‘ 12 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância oferecimento da modalidade. Além disso, reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola. 2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica, que deve ser realizado no contra turno e preferencialmente nas chamadas salas de recursos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de orientação para os sistemas de ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571. 2011 - Decreto Nº 7.611 Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para o dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja inclusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência. Também determina que o ensino fundamental seja gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta de educação especial deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino. 2011 - Decreto Nº 7.480 Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). 2012 – Lei nº 12.764 A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é: “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, ‘ 13 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”. O entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais. INTERNACIONAL 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos No documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), consta: “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. O texto ainda usava o termo “portador”, hoje não mais utilizado. 1994 – Declaração de Salamanca O documento é uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na Conferência Mundial de Educação Especial, em Salamanca. O texto trata de princípios, políticas e práticas das necessidades educativas especiais, e dá orientações para ações em níveis regionais, nacionais e internacionais sobre a estrutura de ação em Educação Especial. No que tange à escola, o documento aborda a administração, o recrutamento de educadores e o envolvimento comunitário, entre outros pontos. 1999 Convenção da Guatemala A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala, resultou, no Brasil, no Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro afirma que as pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano”. O texto ainda utiliza a palavra “portador”. 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência A convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Ela afirma que os países são responsáveis por garantir um sistema de Educação inclusiva em todos as etapas de ensino. 2015 Declaração de Incheon ‘ 14 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O Brasil participou do Fórum Mundial de Educação, em Incheon, na Coréia do Sul, e assinou a sua declaração final, se comprometendo com uma agenda conjunta por uma educação de qualidade e inclusiva. Outro fato importante foi quer por volta de 1981, a ONU “atribuiu” o valor de pessoas àqueles que tinha deficiências, igualando-os em diretos e dignidades à maioria dos membros de qualquer sociedade ou país, no Brasil, isso ocorreu na constituição de 1988, mas o status de pessoa não trouxe a elas os recursos e serviços para que elas pudessem se desenvolver. Os Delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando 88 governos e 25 organizações internacionais, em assembleia realizada na cidade de Salamanca, na Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmaram o compromisso para com a educação para todos. Assim, reconheceram a necessidade e a urgência do providenciamento de educação para crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e reendossaram a estrutura de ação em educação especial. É por ela que governos e organizações, com o espírito de suas provisões e recomendações, devem se guiar. Assim, acreditam e proclamam que: toda criança tem direito fundamental à educação, a quem deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados, no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades. É importante destacar que, para haver inclusão, as pessoas e a sociedade como um todo — e o reflexo de seu espírito coletivo — devem preferencialmente se propor à mudança, a ponto de compreender que, para aceitar as diferenças e oportunizar a expansão da diversidade, faz-se imprescindível estar atento às formas de comunicação. Dessa forma, elas se colocam a favorde construções e trocas permanentemente mútuas. Por meio dessa relação plena entre as pessoas — as suas diferenças e diversidades, os ‘ 15 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância seus modos de ser e existir singulares — e a sociedade, a criação de oportunidades torna-se a base para se estabelecer o equilíbrio social. É por meio dela que se asseguram os princípios da igualdade e da dignidade da pessoa enquanto sujeito individual e coletivo, como está previsto na Constituição. 3. ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS I - DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS SURDAS E DEFICIENTES VISUAIS Objetivo Reconhecer como as deficiências podem afetar o processo educacional das crianças e apresentar ações que respondam às necessidades educacionais especiais a esses alunos. Introdução No contexto escolar, o professor e todos os outros profissionais envolvidos com a educação devem estar capacitados a reconhecer e atuar com os diversos tipos de necessidades educacionais especiais – NEE, dos sujeitos da Educação Especial. 1.1 Desenvolvimento e educação de crianças surdas e deficientes visuais Vamos iniciar esse capítulo nos aprofundando sobre a deficiência visual e auditiva e necessidades educacionais especiais. O infográfico abaixo apresenta um "guia de etiqueta" para a prática inclusiva, que considera as necessidades específicas destes dois grupos de alunos. ‘ 16 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Segundo Leite (2017), os alunos com deficiências visuais e auditivas necessitam de adaptações para que possam desenvolver uma maior autonomia perante o ambiente físico escolar como também com os aspectos da aprendizagem. As deficiências sensoriais envolvem dificuldades relacionadas à captação dos estímulos visuais, auditivos ou ambos. De acordo com Farrell (2008), essas dificuldades podem variar conforme o grau de comprometimento sensorial, exigindo diferentes níveis de intervenção, que vão desde o acesso às oportunidades e aos equipamentos adaptados até a necessidade de intervenções educacionais e sociais mais complexas. Os impactos da privação dos sentidos da visão e/ou audição no desenvolvimento é de suma importância para a educação, uma vez que fornece elementos para a compreensão dos aspectos sociais, emocionais, cognitivos e linguísticos envolvidos nas deficiências sensoriais, bem como para a compreensão dos fatores socioambientais que podem influenciar no desenvolvimento pleno das crianças com essas deficiências (LEITE, 2017). Segundo Leite (2017), “a ausência de estimulação ou restrição de experiências comunicativas visuais e auditivas pode ameaçar o desenvolvimento normal do processo educativo da criança privada de visão ou audição”. É importante ressaltar que a forma como essa restrição opera sobre o seu desenvolvimento depende de alguns fatores “desenvolvimentais”, educacionais e socioemocionais. ‘ 17 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1.1.1 Aspectos do desenvolvimento e as implicações socioeducacionais da criança cega De acordo com Ochaíta e Espinosa (2004), crianças cegas podem construir o seu desenvolvimento, independente das limitações no acesso a informações visuais e esse processo ocorre porque há uma compensação pelos demais órgãos do sentido, que passam a ser vias alternativas de conhecimento de mundo. Para Farrel (2008 apud LEITE, 2017), “o desenvolvimento social e emocional, da linguagem e cognição e da mobilidade e orientação são afetados na deficiência visual, podendo influenciar o funcionamento e a aprendizagem da criança nessa condição, caso não sejam empregadas as estratégias educacionais adequadas”. É importante ressaltar que não há diferença entre o deficiente visual e a criança vidente, do ponto de vista da capacidade de aprender - conforme apontado pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (BRASIL, 2006a) – e que o nível “funcional” dessa criança, entretanto, pode estar reduzido, pela restrição de experiências que, adequadas às suas necessidades de maturação, sejam capazes de minimizar os prejuízos decorrentes do distúrbio visual. O impacto da deficiência visual sobre o desenvolvimento do indivíduo depende de inúmeros fatores que, de acordo o documento Saberes e Práticas de Inclusão (BRASIL, 2006a), devem ser observados pelos educadores, a fim de promover intervenções pedagógicas mais adequadas, tais quais Idade em que manifestou a deficiência; Causa da deficiência; Aceitação da deficiência; Tempo transcorrido e estrutura emocional; Grau da perda visual; Oportunidades de aprendizagem; 1.1.2 Necessidades Educativas Especiais para alunos com deficiência visual e a educação A deficiência visual pode limitar a experiência da criança com o mundo, portanto é extremamente importante que sejam oferecidas a ela oportunidades para desenvolver e aprimorar a utilização dos sentidos remanescentes, assim como as habilidades que favoreçam a sua inclusão e a partir da sua participação em programas de atendimento educacional especializado e mediante as adequações de acesso ao currículo escolar, torna-se possível essa inclusão social e educacional. ‘ 18 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância De acordo com o documento Saberes e Práticas da Inclusão (BRASIL, 2006a), os programas de atendimento especializado para deficientes visuais envolvem as áreas de atividades da vida diária (AVD), orientação e mobilidade, e o ensino de braile. Os programas de AVD contribuem com o desenvolvimento de habilidades e técnicas que possibilitam à pessoa cega executar com autonomia atividades como higiene pessoal, elaboração de seus próprios alimentos e alimentação, bons hábitos à mesa, cuidado à casa, técnicas de organização pessoal, comportamento social, atividades domésticas, cuidados com a saúde e segurança. A criança cega desenvolve essas capacidades com o auxílio da comunicação oral e do uso de recursos e técnicas específicas, propiciados pelo contato físico. Por exemplo, uma criança vidente pode aprender a se alimentar com garfo e faca sem transbordar a comida do prato apenas observando, já a criança cega deverá contar com o apoio de técnicas de medidas e dosagens para não transbordar o alimento. Para Gil (2000), o desenvolvimento de um programa de AVD não se limita ao objetivo de conquistar maior independência do deficiente visual, mas contribui também para a sua autoconfiança e para que a sociedade possa enxergar as suas potencialidades e capacidades, tendo em vista a sua participação social ativa. Há diversos itens que devem ser levados em consideração, entre eles a orientação e mobilidade e o ensino do Braile. Para Ochaíta e Espinosa (2004), o ensino do braile deve ser priorizado como forma de comunicação escrita para crianças cegas, devendo-se utilizar o sistema em tinta para os casos de baixa visão, sempre que possível, já́ que existem tecnologias assistivas, como lupas e computadores com ampliação de tela. Além disso, segundo Ochaíta e Espinosa (2004, p.165), a utilização desse sistema: [...] lhes permite maior acesso às informações e à comunicação, tanto dentro como fora da escola. Se, pelo tipo de deficiência – por exemplo, uma doença degenerativa do sistema visual –, for aconselhável a aprendizagem do Braile, mesmo que a criança disponha de resquícios visuais importantes, o ensino deve ser feito associando as informações táteis e visuais, visto que diversos estudos demonstraram que a aprendizagem visual do Braile é mais fácil que a tátil. Conforme prevê a Política Nacional de Educação Especial, a inclusão de discentes deficientes requer a estruturação do atendimento educacional especializadopela formação da sala de recursos, para apoiar o professor da classe regular. Deve-se providenciar adaptação de materiais e tecnologias assistivas, como recursos ópticos, sistema braile, computadores com sintetizadores de voz, gravadores e materiais ‘ 19 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância desportivos adaptados, como bola de guizo, xadrez, dominó, dama, baralho e outros. A acessibilidade, definida pela Lei nº. 10.098/ 2000, também deve ser garantida e adequada à Norma 9050 da ABNT, visando acessibilidade arquitetônica e do mobiliário. No que se refere às adequações de acesso ao currículo escolar, o documento Saberes e Práticas da Inclusão (2006) define algumas ações para a inclusão de alunos cegos e com baixa visão. É importante que o professor familiarize o aluno com o espaço da sala de aula, apoiando-o na locomoção e tomando cuidado para que a mobília não seja alterada, a fim de que o aluno não seja surpreendido com modificações que possam provocar acidentes (LEITE, 2017). O professor do aluno cego deve providenciar adequações de acesso ao currículo da sala de aula, fornecendo recursos materiais e adaptando a avaliação quanto ao instrumento utilizado, com a transcrição de provas para o braile, provas ditadas ou gravadas, avaliações orais. Além disso, deve ampliar o tempo de realização da avaliação, para que o aluno não fique em desvantagem com relação aos demais, entregar com antecedência para o aluno o material de leitura que será transcrito para o braile ou gravado. Para alunos que já enxergaram, é importante que se considere a bagagem de informações visuais, a fim de desencadear novas associações que favoreçam a compreensão. Na educação inclusiva, é de fundamental importância que o professor esteja em constante processo de reciclagem, sendo capaz não apenas de detectar as chamadas "necessidades educacionais especiais", estando atento ao comportamento e queixas de cada aluno, mas também de tomar atitudes corretas diante das situações que se apresentam. Para melhor atender ao aluno cego, um professor aprende o método Braille e elabora os textos e atividades escritas na forma adequada para ser lida pelo aluno. 1.1.3 Aspectos do desenvolvimento e as implicações socioeducacionais da criança surda A capacidade de comunicação é um dos principais responsáveis pelo processo de desenvolvimento da criança surda em toda a sua potencialidade, entretanto existem teorias que deixam a sugestionar sobre o desenvolvimento da comunicação dessa criança perguntas como “será que essa criança passa pelos mesmos processos que a criança ouvinte quanto ao desenvolvimento da sua capacidade de se comunicar?”. ‘ 20 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Anteriormente a aquisição da linguagem oral, nós utilizamos naturalmente recursos gestuais para nos comunicar. Uma criança que nasce surda ou perde a audição muito precocemente necessita de um ambiente estimulador, que valorize os recursos utilizados por ela para se comunicar. Segundo Marchesi (2004), nos primeiros meses de vida, a comunicação entre o adulto e o bebê já ocorre por meio de expressões primitivas, pelas quais um e outro se regulam mutuamente, constituindo uma relação social básica. “A falta do feedback auditivo pode levar a uma diminuição das expressões vocais dos bebês, mas essas consequências podem ser minimizadas em um ambiente rico em interações” (LEITE, 2017). Um dos fatores que irá de influenciar o modo como irá ocorrer o desenvolvimento da criança surda é a idade em que se produziu a perda auditiva, que o autor diferenciou em dois tempos: antes dos três anos de idade : denomina-se surdez pré-locutiva, pois a surdez ocorre antes que a criança tenha consolidado a fala; depois dos três anos de idade: denomina-se surdez pós-locutiva, pois ocorre posterior à consolidação do desenvolvimento da fala. Com isso, as estratégias educativas devem levar esses dois fatores em consideração. Pesquisas indicam que as crianças que se tornam surdas antes da consolidação da linguagem oral não conseguiram consolidar, organizar neurologicamente e internalizar a fala. Já as crianças que perderam a audição depois possuem melhores condições de aprimorar a competência linguística verbal, se forem estimuladas a isso. Cabe ressaltar, no entanto, que a oralização como método de comunicação para surdos não é um consenso entre os autores, como você verá mais adiante (LEITE, 2017 apud MARCHESI, 2004) Marchesi (2004), também destaca os fatores ambientais, ou seja, como pais diante da surdez, a sua aceitação e busca de uma forma legítima de capazes de influenciar o desenvolvimento de crianças surdas, como a atitude da comunicação, que possibilite à criança interagir plenamente com o seu meio social, bem como a possibilidade de estimulação sensorial e a utilização da linguagem de sinais. O autor destaca ainda que crianças filhas de pais surdos tendem a ser mais bem-estimuladas em termos comunicacionais do que as que nascem de pais ouvintes. ‘ 21 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Há estudos acerca do desenvolvimento da linguagem em crianças surdas que indicam que a progressão da linguagem ocorre de maneira semelhante à dos ouvintes: as crianças surdas escolhem inicialmente um membro de uma classe para representar a classe em seu conjunto. Segundo Marchesi (2004), a competência cognitiva dos surdos é semelhante à dos ouvintes, uma vez que passam pelas mesmas etapas do desenvolvimento, podendo ocorrer uma evolução um pouco mais lenta devido às deficiências experimentais/comunicacionais que o surdo vive. Em suma, quando falamos da educação de crianças surdas, o desenvolvimento comunicativo e linguístico é um elemento decisivo à sua inserção social e cultural, influenciando também na sua aprendizagem. 1.1.4 Necessidades educativas especiais para alunos surdos e a educação As concepções sobre as formas de comunicação do surdo se fundamentaram historicamente em três diferentes abordagens educacionais: a abordagem oralista, a comunicação total e a educação bilíngue. Na abordagem oralista, a pessoa surda é ensinada a comunicar-se pela voz, para que possa utilizar a língua dos ouvintes. Nesse tipo de comunicação, o surdo reproduz a fala e realiza a leitura labial; a utilização de gestos ou sinais para representar ou indicar coisas ou objetos não é bem aceita. A comunicação total considera a pessoa com surdez de forma natural, valorizando suas características e admitindo o uso de todo e qualquer recurso possível para que a comunicação e a interação social ocorram, ou seja, a linguagem gestual/visual, textos orais e escritos. Quanto ao bilinguismo, Damázio, Alves e Ferreira (2010) enfatizam que é a forma de comunicação que capacita a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas: a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. ‘ 22 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A língua de sinais é uma forma de comunicação que se dá exclusivamente por meio de sinais gestuais. É um sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, mas que não é universal. Cada país possui a sua própria língua de sinais, que varia regionalmente, conforme a cultura. A sigla para a Língua Brasileira de Sinais é LIBRAS que é reconhecida como uma língua oficial na Lei nº. 10.436/2002 (BRASIL, 2002). O direito à comunicação por Libras bem como aos recursos que sirvam de suporte para essa comunicação são definidos no Decreto nº. 5.626 (BRASIL, 2005), que preconiza a oferta obrigatória do ensino da Libras e da língua portuguesa como segundalíngua para os surdos, desde a educação infantil, e prevê que os sistemas educacionais devem contar com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras–língua portuguesa; c) professor para o ensino de língua portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe com conhecimento da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos. Cabe às escolas desenvolverem um ambiente bilíngue, tendo atendimento educacional especializado ofertado tanto na modalidade oral e escrita quanto na língua de sinais. De acordo com Quadros (2008), a melhor escola para os surdos é aquela que oferece um ambiente em que a criança surda possa se comunicar com pessoas que sejam falantes nativas da língua de sinais, ou seja, com outras pessoas surdas. Esse é o posicionamento de autores que defendem que a educação de surdos seja realizada em escolas próprias para crianças nessas condições. Alguns dos argumentos apresentados por Quadros (2008) são os seguintes: [...] oportunizar a aquisição da Libras, oferecer modelos bilíngue e bicultural à criança e oportunizar o desenvolvimento da cultura específica da comunidade surda. A escola deve se preocupar com a qualidade e a quantidade de input da Libras oferecido à criança (QUADROS, 2008, p. 108). Segundo Damázio (2007), a inclusão do aluno surdo requer da escola as seguintes providências: ‘ 23 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contratação de um intérprete de sinais, para acompanhar os alunos surdos sinalizados nas atividades do currículo escolar; disponibilização de material concreto e visual que sirva de apoio para garantir a assimilação de conceitos novos; troca de experiências com professores que tenham vivenciado situações semelhantes; orientação de professores de educação especial, itinerantes ou de salas de recursos. Alguns cuidados e adequações que o professor deve ter para a inclusão do aluno surdo estão descritos a seguir: Sempre que for falar com o aluno surdo, dirigir-se a ele, e não ao intérprete. Empregar formas diversificadas de meios de comunicação. Facilitar a compreensão do aluno servindo-se de mensagens escritas, lousa, projeções e outros métodos visuais. Favorecer o trabalho em pequenos grupos, para que a comunicação seja mais efetiva e o aluno possa participar. Cuidar para que o posicionamento do aluno na sala permita que ele possa ter o melhor alcance visual da sala e do professor. No caso de alunos que realizam leitura labial, articular as palavras de forma clara. Entregar textos para leitura com antecedência. Considerar as possíveis falhas na produção escrita do aluno, adequando os critérios de avaliação nesse quesito. Possibilitar que o aluno realize as atividades que envolvam escrita e leitura em maior tempo. Criar situações de comunicação que favoreçam a expressão e interação contínua do aluno surdo junto aos colegas na sala de aula. Repetir as questões ou os comentários durante as discussões ou conversas e indicar, por gestos, quem está falando, para uma melhor compreensão por parte do aluno. Escrever no quadro ou no caderno do aluno datas e informações importantes, para assegurar que foram entendidas (p. ex. datas, terminologia, símbolos, etc.). Disponibilizar um tempo para o atendimento individual do aluno, a fim de auxiliá-lo e acompanhar o seu progresso. Na alfabetização da criança surda, a Libras é (e deve ser) a sua primeira língua. Por isso, para a alfabetização em língua portuguesa, é importante que a criança não ‘ 24 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância oralizada tenha se apropriado da língua de sinais, de modo que possa estabelecer uma comunicação com o professor alfabetizador e associar os símbolos da escrita. Segundo Leite (2017, p.20), O professor que alfabetiza crianças surdas sinalizadas precisa se comunicar com elas na língua de sinais, A alfabetização deve começar pela leitura: inicialmente o professor deve provocar o interesse dos alunos por essa atividade, discutindo previamente um assunto ou uma ilustração sobre ele. Deve primeiro apresentar o texto ao aluno em termos gerais, discutindo sobre o que ele trata, e somente depois adentrar os detalhes. O professor pode listar palavras-chave e/ou listar um vocabulário, estimulando o aluno a buscar o significado de algumas palavras do texto. Deve também disponibilizar diferentes tipos de texto, que sejam adequados à faixa etária da criança surda. Na fase da alfabetização, recomenda-se o uso de livros de histórias infantis e quadrinhos, pois despertam o interesse da criança e favorecem o estabelecimento de relações entre as palavras do texto e o contexto da história com o auxílio de ilustrações. Lembre-se de que a criança surda não faz a associação entre os sons dos fonemas; por isso, precisará memorizar visualmente a sequência das letras que formam uma palavra, associando-a sequência a um objeto concreto. A leitura é uma etapa que antecede a escrita. Assim, a criança precisa ser exposta aos estímulos da escrita, interpretando diferentes textos, conforme suas possibilidades e aquisições Quadros (2006), menciona que a apropriação da leitura-escrita pela criança surda passa pelos seguintes níveis: 1- Concreto – sinal: a criança deve ler o sinal que refere coisas concretas, diretamente relacionadas com a criança. Exemplo: Existe um sinal (gesto) para árvore, então a professora apresenta o sinal para a criança. 2- Desenho – sinal: a criança deve ler o sinal associado com o desenho que pode representar o objeto em si ou a forma da ação representada por meio do sinal. Exemplo: o professor apresenta o sinal árvore e o associa à figura de uma árvore. 3- Desenho – palavra escrita: a criança lê a palavra representada por meio do desenho, relacionada com o objeto em si ou a forma da ação representada por meio do desenho na palavra. Exemplo: apresentar a forma escrita da palavra “árvore”, associando-a à figura da árvore. 4- Alfabeto manual – sinal: a criança estabelece a relação entre o sinal de árvore e a palavra no português, soletrada por meio do alfabeto manual. Exemplo: o professor soletra a palavra usando o alfabeto manual. 5- Alfabeto manual – palavra escrita: a criança associa a palavra escrita com o alfabeto manual. Exemplo: representar a palavra “árvore” por meio do alfabeto manual. 6- Palavra escrita no texto: a criança lê a palavra no texto (QUADROS, 2006). ‘ 25 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Essas etapas compõem o processo de construção da alfabetização pela criança. Observe que a criança surda precisa realizar diversas associações, até que sejam internalizados os signos da escrita. Na fase inicial da alfabetização, o professor não deve exigir da criança surda que realize uma escrita estruturada. O mais importante é que a criança possa se expressar. À medida que ela vai se tornando mais segura, o professor pode introduzir outros níveis de exigência para o desenvolvimento de um texto mais elaborado. 4. ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS II - DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS – DMU Objetivo Identificar e reconhecer as principais características dos sujeitos diagnosticados com Deficiência Múltipla – DMU, sabendo a importância do trabalho coletivo para a inclusão desses sujeitos na escola regular. Introdução Os sujeitos diagnosticados com Deficiência Múltipla – DMU são considerados público-alvo da Educação Especial. Nesse sentido, eles precisam de um acompanhamento individualizado, pois a DMU tem como principal característica a ‘ 26 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVAUniversidade Santa Cecília - Educação a Distância aquisição de duas ou mais deficiências associadas. Isso não significa que eles não possam ser incluídos nos mais variados contextos sociais, apenas significa que o atendimento deles requer um atendimento diferenciado baseado nas suas necessidades individuais. A oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE para esses discentes é fundamental quando falamos em Educação Inclusiva. As adaptações curriculares são estratégias da Educação Inclusiva que objetivam contribuir para o processo de aprendizagem desses sujeitos. Acompanhe, neste Infográfico, os dois principais tipos de adaptações curriculares. ‘ 27 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ‘ 28 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ‘ 29 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância De todas as pesquisas realizadas sobre as diversas temáticas da Educação Especial, é possível afirmar que o tema Deficiência Múltipla – DMU ainda está engatinhando, se comparado às pesquisas de outras temáticas dessa área. Isso, porque ainda são poucos os alunos com DMU matriculados na escola regular. Até os anos 1990, esses sujeitos não tinham qualquer tipo de acesso às instituições escolares. Ainda hoje, esses alunos estão matriculados em escolas especiais públicas ou filantrópicas privadas. Essa é uma das causas da invisibilidade desses sujeitos no ambiente escolar regular. 4.1 Deficiências múltiplas . A deficiência múltipla ocorre quando há duas ou mais deficiências associadas, as quais podem ser de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. Até o momento, não existem estudos que indiquem quais são as mais recorrentes, e ela tem causas diversas, como pré-natais, má-formação congênita ou infecções virais, por exemplo, rubéola ou doenças sexualmente transmissíveis Segundo Borges e Lopes (2017, p5), “as necessidades educacionais devem considerar o grau de comprometimento causado pelas deficiências, o nível de desenvolvimento do aluno, as possibilidades funcionais, de comunicação e a interação social”. Os indivíduos com possibilidades de adaptação ao meio poderão ser educados em classe comum adaptada e com uma suplementação curricular; outros necessitarão de processos especiais de ensino com apoio intenso e continuo, bem como currículo alternativo. Em contexto mais amplo, além de adaptações educacionais e avaliativas, existe a necessidade de adaptação física para acesso e outras mais específicas. Segundo Godói (2006, p. 34), essas adaptações de acesso ao currículo são de responsabilidade da escola e envolvem: mobiliário adequado (por exemplo, mesas, cadeiras, triângulo para atividades no solo, equipamentos para atividades em pé e locomoção independente); equipamentos específicos e tecnologia assistiva; sistemas alternativos e ampliados de comunicação; adaptação do espaço e eliminação de barreiras arquitetônicas e ambientais; recursos materiais e didáticos adaptados; recursos humanos especializados ou de apoio; ‘ 30 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância situações diversificadas de aprendizagem e apoio para participação em todas as atividades pedagógicas e recreativas; adaptações de atividades, jogos e brinquedos. Sassaki (1997) pontua a necessidade do professor: observar o posicionamento adequado do aluno para que este veja, ouça, alcance objetos, movimente-se nas diversas atividades e não sinta dores; oportunizar o aluno a fazer escolhas, para desenvolver sua autonomia; estruturar métodos apropriados de comunicação; proporcionar situações de interação; planejar toda a aprendizagem, incluindo os aspectos simples e básicos de vida diária; interagir em ambientes naturais, incluindo pessoas e objetos; oportunizar a aprendizagem centrada em experiências da vida real; organizar e estruturar ambientes para trazer segurança. As adaptações curriculares são necessárias para os sujeitos com Deficiência Múltipla – DMU. Para isso é construído, pelo professor da turma e pelo professor do AEE, o PDI - Plano de Desenvolvimento Individual - um documento individual onde consta todo o planejamento de ensino que será realizado para esse aluno. No portal do Ministério da Educação (MEC), você pode conferir a cartilha voltada à prática da educação inclusiva infantil para crianças com deficiência múltipla, disponível no link a seguir. https://goo.gl/gcgA6M 4.2 Transtorno do espectro autista É relevante pontuar que possuem características específicas e que os recursos necessários para sua inclusão dependem do problema apresentado. A seguir, a partir das características e causas do TEA e das deficiências múltiplas, você observará os diferentes impactos na preparação da escola e de seus profissionais para a educação inclusiva O TEA é caracterizado por dificuldades acentuadas em comportamento, interação social, comunicação e sensibilidades sensoriais. O Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais (do inglês, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders https://goo.gl/gcgA6M ‘ 31 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância [DSM-V]) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) descreve diferentes transtornos sob essa classificação: autismo; síndrome de Rett; transtorno ou síndrome de Asperger; transtorno desintegrativo da infância; TGD sem outra especificação. No site da Associação Brasileira de Autismo (ABRA), você pode ver a cartilha voltada à prática da educação inclusiva infantil para crianças com autismo, disponível no link a seguir. https://goo.gl/isX1oV A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse comportamento é logo confundido com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento, alguns profissionais da educação não sabem reconhecer e identificar as características de um autista, principalmente os de alto funcionamento, com grau baixo de comprometimento (SANTOS, 2008, p. 9). Infelizmente, esta é a realidade das instituições de ensino. Muitos profissionais da educação não estão preparados para lidar com crianças com TEA e, muitas vezes, reconhecer seu comportamento. A escola tem um papel importante na investigação diagnóstica e ajuda a família na identificação de transtornos leves e o aluno na sua inclusão, pois se trata do seu primeiro lugar de interação social quando separado da família e tendo que lidar com as regras sociais. O TEA implica em um comprometimento no desenvolvimento adaptativo e social do indivíduo e pode limitar seriamente seu funcionamento no dia a dia ao longo da vida. Ao estarem limitadas para processar os estímulos, as crianças com TEA perdem etapas essenciais de seus primeiros anos, que servem de suporte para a etapa seguinte da aprendizagem. Segundo Almeida e Albuquerque (2017, documento on-line), “[...] a fala, que é um dos pré-requisitos básicos para socialização, aprendizagem da leitura e da escrita, quando não adquirida no período correto, leva o indivíduo a não interagir de forma oral com outras crianças” https://goo.gl/isX1oV ‘ 32 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Fonte: Masson (2017, documento on-line). 4.2.1 Práticas educacionais Segundo Aranha (2003), a inclusão dos estudantes com necessidades especiais implica na reestruturação dos sistemas de ensino a partir da qualificação (capacitação) dos professores e na reorganização do espaço escolar para assegurar aos alunos as condiçõesde acesso e a permanência nas classes comuns. Portanto, faz-se necessário: elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos; reconhecer todos os tipos de capacidades presentes na escola; ‘ 33 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de aprendizagem; adotar metodologias diversas e motivadoras; avaliar os educandos em função do seu progresso e do que podem vir a conquistar. Segundo Aranha (2003, p. 33): [...] a escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita ajustar o fazer pedagógico as necessidades dos alunos. Ver as necessidades especiais dos alunos atendidas no âmbito da escola regular requer que os sistemas educacionais modifiquem, não apenas as suas atitudes e expectativas em relação a esses alunos, mas, também, que se organizem para constituir uma real escola para todos, que dá conta dessas especificidades. O projeto pedagógico escolar inclusivo deve: estar aberta para diversificar e flexibilizar o processo de ensino-aprendizagem atendendo às diferenças individuais dos alunos; identificar as necessidades educacionais especiais para disponibilizar os recursos e meios mais favoráveis ao educando; adotar currículos abertos e propostas curriculares diversificadas; flexibilizar a organização e o funcionamento da escola; incluir professores especializados, serviços de apoio e outros meios não convencionais que possam favorecer o processo educacional. As adequações não significativas aos pequenos ajustes dentro do contexto normal de sala de aula podem ser facilmente realizadas pelo professor no decorrer de sua prática. Já as adequações significativas referem-se a um ajuste da demanda escolar, que busca soluções para as necessidades específicas do aluno. Os alunos público alvo da Educação Especial, isso inclui os alunos com Deficiência Múltipla - DMU tem o direito a uma segunda matricula no Atendimento Educacional Especializado – AEE no contra turno escolar, por possuírem necessidades educacionais especiais – NEE. Isso não significa que eles precisem permanecer mais tempo na escola e tampouco que eles não tenham condições de permanecer o mesmo tempo indicado para todos os alunos, salvo por algum caso específico que necessite dessa diminuição do tempo. A legislação é muito clara, todos os alunos precisam estar matriculados na escola regular, independente das suas deficiências ou não. ‘ 34 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. ESTRATÉGIAS PARA A EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Objetivo Desenvolver competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais, saber dissertar sobre os conceitos de Educação para todos, de Educação Especial, de Necessidades Educacionais Especiais e de Currículo Escolar e descrever os diferentes níveis de adaptação possíveis e necessários para a flexibilização da prática educacional, quando se busca o ensino de qualidade, na diversidade. Introdução São objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de: Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a- dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país; Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando- se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; ‘ 35 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva; Utilizar as diferentes linguagens — verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir as produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação; Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. O movimento nacional para incluir os discentes no ambiente escolar evidencia um grande impulso no que se refere à colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino. É importante ressaltar que a inclusão bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente do atualmente disponível. Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições linguísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou outras e requer sistemas educacionais planejados e organizados que dêem conta da diversidade dos alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e necessidades. A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável. Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade brasileira, reconhecidamente ampla e diversificada . ‘ 36 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos sistemas educacionais de todo os estados e municípios, há que se contemplar alguns de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivista prevê? O professor especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam deficiências? O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstáculos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos humanos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em futuro remoto, supõe-se, são exequíveis na atualidade, em condições restritamente especificas de programas-modelos ou experimentais. 5.1 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Segundo a SEESP - Secretaria de Educação Especial (extinta em 2008 - seus programas e ações estão vinculados agora a SECADI) – em livro de domínio público “Estratégias para a educação de alunos com necessidadesespeciais” (2003): A atenção à diversidade da comunidade escolar baseia-se no pressuposto de que a realização de adequações curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas, também, seus interesses e motivações. ‘ 37 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspectiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade. As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa, mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento. A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimensão de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em diversas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos: • crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais diferenciadas; • crianças com deficiência e bem-dotadas; • crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas; • crianças de populações distantes ou nómades; • crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais; • crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados. A expressão “necessidades educacionais especiais” pode ser utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência(s). O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto educacional — deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados etc. — para referir-se aos alunos com altas habilidades/superdotação, aos deficientes cognitivos, físicos, psíquicos e sensoriais. Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização. É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não deficientes ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que passam a ser especiais quando exigem respostas especificas adequadas. ‘ 38 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de funcionalidade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando frequenta a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando se transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com necessidades especiais. Não se trata de mero jogo de palavras ou de conceitos. Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar nas dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que apresentam necessidades especificas muito diferentes dos demais. Considera os alunos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que temporariamente, de atenção especifica e poder requerer UM tratamento diversificado dentro do mesmo currículo. Não se nega o risco da discriminação, do preconceito e dos efeitos adversos que podem decorrer dessa atenção especial. Em situação extrema, a diferença pode conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa dificuldade em lidar com ela? Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os especializados —quando necessários — não devem restringir ou prejudicar os trabalhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica -normal." parece ser um desafio presente na integração dos alunos com maiores ou menos acentuadas dificuldades para aprender. Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. Nessa perspectiva, define como aluno deficiente, aquele que "... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas." A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado ‘ 39 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase alunos com: • deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla; • condutas típicas (problemas de conduta); • superdotação. Objetivando a uniformização terminológica e conceituai, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e do Desporto propõe as seguintes características referentes às necessidades especiais dos alunos, que serão descritas a seguir: SUPERDOTAÇÃO Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes; capacidade psicomotora. CONDUTAS TÍPICAS Manifestações de comportamento típicas de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado. ‘ 40 EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Universidade Santa Cecília - Educação a Distância DEFICIÊNCIA AUDITIVA Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido. Manifesta-se como: surdez leve / moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana, com ou sem a utilização de um aparelho auditivo; surdez severa / profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem como de adquirir, naturalmente, o código da língua oral. Tal fato faz com que a maioria dos surdos optem pela lingua de sinais. DEFICIÊNCIA FÍSICA Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou, ainda, de malformações congénitas ou adquiridas. DEFICIÊNCIA MENTAL Caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta
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