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1 
 
Disciplina: Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Sala de Recursos 
Multifuncionais (SRM) 
Autores: Esp. Liliane Assumpção Oliveira 
Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Designer Instrucional: Esp. Murillo Hochuli Castex 
Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
2 
 
 
Liliane Assumpção Oliveira 
 
 
 
 
 
Atendimento educacional 
especializado (AEE) e sala de 
recursos multifuncionais (SRM) 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Murillo Hochuli Castex 
 
Designer Instrucional 
Murillo Hochuli Castex 
 
Revisão Ortográfica 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
OLIVEIRA, Liliane Assumpção. 
Atendimento educacional especializado (AEE) e sala de recursos multifuncionais 
(SRM) / Liliane Assumpção Oliveira. – Curitiba: Editora UNINA, 2020. 
64 p. 
ISBN: 978-65-86092-48-6 
1.Atendimento Educacional Especializado. 2. Educação. 3.Sala de recursos 
multifuncionais 
Material didático da disciplina de Atendimento Educacional Especializado (AEE) 
e Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) – Faculdade UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ................................................................................................................. 07 
Aula 1 – A Educação Inclusiva ............................................................................... 08 
Apresentação da aula 1 ......................................................................................... 08 
 1.1 Exclusão x inclusão .................................................................................. 08 
 1.1.1 Das antigas civilizações até a Idade Média ............................................ 08 
 1.2 As primeiras bases científicas ................................................................... 09 
 1.3 Da integração à inclusão ........................................................................... 12 
 1.3.1 Documentos e marcos legais brasileiros ................................................ 13 
 1.3.2 A inclusão .............................................................................................. 15 
 1.4 Definindo os conceitos .............................................................................. 16 
Conclusão da aula 1 .............................................................................................. 18 
Aula 2 – O Atendimento Educacional Especializado .............................................. 19 
Apresentação da aula 2 ......................................................................................... 19 
 2.1 As necessidades educacionais especiais ................................................. 20 
 2.1.1 Deficiência física neuromotora ............................................................... 20 
 2.1.2 Deficiência auditiva / surdez .................................................................. 21 
 2.1.3 Deficiência visual ................................................................................... 21 
 2.1.4 Deficiência intelectual ............................................................................ 21 
 2.1.5 Surdocegueira ....................................................................................... 22 
 2.1.6 Deficiência múltipla ................................................................................ 22 
 2.1.7 Transtornos Globais do Desenvolvimento ............................................. 23 
 2.1.8 Altas Habilidades ou Superdotação ....................................................... 24 
 2.2 O atendimento na rede regular de ensino ................................................. 25 
 2.3 O Atendimento Educacional Especializado .............................................. 26 
 2.3.1 Institucionalização do AEE nas escolas regulares ................................. 27 
 2.3.2 A formação e funções dos professores do AEE ...................................... 28 
 2.4 Espaços educacionais inclusivos .............................................................. 29 
Conclusão da aula 2 .............................................................................................. 30 
Aula 3 – Salas de Recursos Multifuncionais ........................................................... 31 
Apresentação da aula 3 ......................................................................................... 31 
 3.1 As salas de recurso como política pública ................................................. 32 
 3.2 Implantação das SRM ............................................................................... 33 
 3.2.1 Critérios para implantação das SRM ...................................................... 33 
 3.3 Tipos e composições das salas de recursos multifuncionais ..................... 34 
 3.3.1 Composição das SRM tipo I ................................................................... 34 
 3.3.2 Composição das SRM tipo II .................................................................. 35 
 3.4 Tecnologia assistiva ................................................................................. 35 
 
6 
 
 3.4.1 Tecnologia assistiva na educação ......................................................... 36 
 3.5 O futuro com as tecnologias ...................................................................... 41 
Conclusão da aula 3 .............................................................................................. 42 
Aula 4 – O currículo e as adaptações pedagógicas ................................................ 43 
Apresentação da aula 4 ......................................................................................... 434.1 O currículo e a Educação Especial ............................................................ 43 
 4.2 O AEE e as adaptações para alunos com deficiência física neuromotora 46 
 4.3 O AEE e as adaptações para alunos com deficiência visual ...................... 48 
 4.4 O AEE e as adaptações para alunos com surdez ...................................... 49 
 4.5 O AEE e as adaptações para alunos com deficiência intelectual ............... 50 
 4.6 O AEE e as adaptações para alunos com Transtornos Globais do 
Desenvolvimento (TGD) ........................................................................................ 
 
51 
 4.7 O AEE e as adaptações para alunos com Altas Habilidades ou 
Superdotação ........................................................................................................ 
 
52 
 4.8 Avaliação .................................................................................................. 53 
 4.8.1 Procedimentos e instrumentos de avaliação .......................................... 54 
 4.9 PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) .............................................. 55 
Conclusão da aula 4 .............................................................................................. 57 
Conclusão da disciplina ......................................................................................... 58 
Índice Remissivo ................................................................................................... 59 
Referências ........................................................................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
A disciplina de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Sala de 
Recursos Multifuncionais (SRM) traz a fundamentação da educação inclusiva, 
que se constitui pelo paradigma educacional baseado nos conceitos e 
concepções dos direitos humanos, que pregam a igualdade e a diferença como 
valores inerentes e que nos últimos anos vêm avançando por meio da ideia de 
equidade, ou seja, de promover a igualdade de oportunidades para todos, 
respeitando suas características específicas. 
Assim, a educação inclusiva está garantida em território brasileiro, por 
meio da Política Nacional de Educação Especial, que é o documento norteador 
que tem por objetivo garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos 
alunos com alguma deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades ou superdotação, preferencialmente nas escolas regulares, 
complementada pelo atendimento educacional especializado (AEE) e pelas 
salas de recursos multifuncionais. 
Portanto, a disciplina trará toda a base conceitual que envolve a inclusão, 
de que forma deve ocorrer a oferta e atendimento especializado, qual a 
organização das instituições de ensino para receber os alunos da educação 
especial e atendê-los com qualidade, além de detalhar as normas e formas de 
atuação das salas de recursos multifuncionais e as adaptações curriculares 
necessárias ao desenvolvimento pedagógico desses alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – A Educação Inclusiva 
 
Apresentação da aula 1 
 
Nesta aula serão abordados os conceitos e as bases filosóficas da 
educação inclusiva, iniciando por uma breve contextualização histórica e dos 
marcos legais, a fim de explicar a evolução no mundo e no Brasil das políticas 
de atendimento às pessoas com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 
 
1.1 Exclusão x inclusão 
 
A perspectiva sobre as diferenças individuais vem sendo tratada de 
formas diferentes no decorrer da história. As etapas são caracterizadas, 
inicialmente, pelo extermínio, seguindo-se para a segregação, integração e, por 
fim, a inclusão. Esse trajeto está intimamente ligado aos determinantes 
econômicos, sociais e culturais de cada período, avançam na medida da 
evolução do mundo, no qual se estabelecem novos paradigmas, novas crenças 
e amplia-se a noção de que todos devem ser tratados com igualdade de direitos, 
independentemente de suas limitações. 
 
1.1.1 Das antigas civilizações até a Idade Média 
 
Na história remota, devido à falta de informações, as concepções 
relacionavam as pessoas com deficiência às questões sobrenaturais, como 
personificação do mal, bruxaria ou também com significação religiosa, por meio 
de castigo divino. 
O medo do desconhecido e as restrições próprias das antigas épocas, em 
um período anterior às análises baseadas na ciência, fez com que práticas de 
tortura e até assassinatos marcassem o mundo antigo, ocasionando a 
eliminação de pessoas com alguma deformidade física comprometimento 
sensorial ou mental. 
Na Idade Média, já não havia mais as práticas de extermínio, porém, a 
crença era que a deficiência seria obra e intervenção direta de Deus, como 
 
9 
 
condenação em virtude dos pecados. Essas ideias favoreceram para a 
segregação das pessoas com deficiência, que eram marginalizadas da 
sociedade. Algumas eram mantidas escondidas por suas famílias e outras viviam 
por conta própria, em condições de mendicância, lutando para sobreviver. 
 
1.2 As primeiras bases científicas 
 
A partir do século XV, já na Idade Moderna, despertou na Europa uma 
nova visão, a partir do surgimento de diferentes interesses culturais e 
intelectuais. Essa tendência estendeu-se pelos séculos seguintes, passando-se 
ao reconhecimento do valor do ser humano, assumindo a responsabilidade 
coletiva para a mudança de vida dos menos favorecidos, dos doentes e dos 
deficientes. Paralelamente às questões sociais, lentamente, até o século XVI, os 
assuntos relacionados às doenças e deficiências deixaram de ser influenciados 
pelas questões religiosas, se tornando objetos de estudo da medicina, o que 
marcou o início das primeiras bases científicas de pesquisa e estudo. 
De acordo com os registros históricos, o médico suíço Paracelso (1493-
1541) foi o primeiro a fazer um relato com a consideração médica de um 
problema, até então tratado como de cunho religioso, por meio da publicação de 
sua obra Sobre as doenças que privam os homens da razão, escrita em 1526, 
mas publicada apenas em 1567, após sua morte. 
Por volta de 1650, o médico inglês Thomas Willis (1621-1675) fez a 
descrição, pela primeira vez, da anatomia do cérebro humano, defendendo a 
ideia de que déficits de raciocínio e as deficiências eram causadas por alterações 
na estrutura cerebral, sendo outra obra que abandona as concepções religiosas, 
para trazer uma abordagem científica. 
Neste período, surgem as primeiras instituições para deficientes. Algumas 
religiosas, que começaram a oferecer assistência como forma de cuidado e 
ajuda para a sobrevivência, com uma visão caritativa. Outras, porém, tinham 
finalidades médicas de pesquisa, atendimento e tentativa de cura. 
Já a preocupação com a educação dos deficientes iniciou-se na França, 
por volta de 1800, quando Jean Itard (1774-1838) tentou recuperar e educar um 
menino criado na floresta com animais, sem nunca ter nenhum tipo de contato 
humano, conhecido como Victor de Aveyron. Acreditava-se que ele apresentava 
 
10 
 
deficiência mental severa, devido aos comportamentos, mas hoje sabe-se que 
provavelmente suas reações foram causadas pela privação social. Dessa forma, 
usando processos de cunho pedagógico aliados aos procedimentos médicos, 
Itard é considerado o precursor da Educação Especial. 
Paralelamente, a medicina assume a visão inatista, ou seja, de que todas 
as alterações mentais, físicas ou sensoriais eram patologias que tinham origem 
genética e transmitidas pela hereditariedade, o que causou, por outro lado, a 
ideia equivocada de que nada poderia ser feito. Isso gerou a estagnação das 
investidas para os trabalhos de intervenção com as pessoas comdeficiência. 
Porém, após a adoção de um registro baseado nos padrões definidos de 
normalidade, com a classificação por níveis de inteligência e de atraso mental, 
as pessoas passaram a ser organizadas em diferentes instituições, sendo que 
os casos mais graves visavam a disciplina por meio do isolamento, e os de 
menos comprometimento eram encaminhados a atendimentos educacionais. 
Assim, surgiram os primeiros agrupamentos por tipo de deficiência 
(intelectual, visual, física ou auditiva), sendo que os primeiros atendimentos 
educacionais de destaque foram para os surdos e cegos. Destacam-se os 
trabalhos dos franceses Charles de L’Epee (1712-1789) e Valentin Haüy (1745-
1822), fundadores respectivamente do Instituto Nacional de Surdos Mudos e do 
Instituto Nacional de Jovens Cegos, ambos em Paris. 
A partir daí, intensificou-se a abertura de diversas instituições ao redor do 
mundo, nos séculos XVIII e XIX, o que também acompanhou os novos ideais 
liberais e o desenvolvimento do capitalismo, pois começou-se a exigir que todos 
pudessem fazer parte do potencial produtivo. Dessa forma, a educação dos 
surdos e cegos não objetivava a progressão acadêmica, mas sim uma instrução 
básica, por meio do ensino de letras e noções iniciais de matemática, com ênfase 
nos trabalhos manuais para a futura inserção na indústria. 
No que se refere às outras deficiências, há relatos específicos sobre 
experiências individuais de educação para pessoas que tinham origem na 
nobreza, em países europeus. Todo o restante compunha a camada de 
excluídos sociais, como os pobres, os mendigos e os “loucos”, que faziam 
trabalhos manuais forçados, em troca de abrigo em asilos. 
Esse período é conhecido pela segregação, já que havia a reclusão das 
pessoas com deficiência em ambientes separados, sendo o atendimento de 
 
11 
 
caráter assistencial, com vistas à proteção da sociedade daqueles que eram 
considerados anormais, por meio de seu afastamento do convívio comum. 
Outro nome de destaque para a Educação Especial é o da médica italiana 
Maria Montessori, que atuou como educadora desenvolvendo um programa de 
treinamento para crianças com deficiência intelectual. O trabalho se baseava na 
educação por meio das motivações individuais dos alunos juntamente com 
materiais didáticos adaptáveis às formas de aprendizagem de cada um. 
Segundo Montessori, o trabalho deve alcançar a pessoa do educando, seus 
níveis de aspirações, seus valores e sua autoestima, e não estar submetido aos 
aspectos formais da educação. Além disso, seu enfoque baseava-se na figura 
do professor, tendo como principal aspecto do sucesso pedagógico alguém que 
deveria estar preparado para atuar com crianças com deficiência, ser atraente, 
com voz agradável, cuidando de seus gestos e de sua pessoa, para poder 
conquistar as crianças. Ela obteve êxito tão grande que seu método se estendeu 
para alunos sem deficiência e foi levado a diversos países mundo afora. 
Montessori tinha a convicção de que o educador deveria se colocar no 
mesmo nível dos alunos para conseguir alcançá-los e assim definiu algumas 
regras como norteadoras do trabalho, são elas: 
 
➢ As crianças são diferentes dos adultos e necessitam ser tratadas 
de modo diferente; 
➢ A aprendizagem vem de dentro e é espontânea; a criança deve 
estar interessada em uma atividade para se sentir motivada; 
➢ As crianças têm necessidade de ambiente infantil que possibilite 
brincar livremente, jogar e manusear materiais coloridos; 
➢ As crianças amam a ordem; 
➢ As crianças devem ter liberdade de escolha, por isso necessitam 
de material suficiente para que possam passar de uma atividade 
para a outra, conforme o índice de interesse e de atenção o exijam; 
➢ As crianças amam o silêncio; 
➢ As crianças preferem trabalhar a brincar; 
➢ As crianças amam a repetição; 
➢ As crianças têm senso de dignidade pessoal; assim, não pode-se 
esperar que façam exatamente o que mandamos; 
 
12 
 
➢ As crianças utilizam o meio que as cerca para se aperfeiçoar, 
enquanto os adultos usam a si mesmos para aperfeiçoar seu meio. 
(MAZZOTTA, 1999, p. 23). 
 
Até o final do século XIX, embora a visão pedagógica seja equivocada, 
servindo para treinamento de habilidades de produção ou abrigo, como forma de 
correção, de reabilitação, de práticas pedagógicas terapêuticas, a fim de 
humanizar, civilizar e corrigir os deficientes, a literatura apresentava diversas 
expressões ao se referir ao atendimento educacional para pessoas com 
deficiência: pedagogia dos anormais, pedagogia teratológica, pedagogia 
curativa ou terapêutica e pedagogia da assistência social. 
Vocabula rio 
Pedagogia teratológica: trabalho educacional relativo às 
pessoas com desenvolvimento anormal ou com 
malformações congênitas. 
 
 
1.3 Da integração à inclusão 
 
O modelo de institucionalização permaneceu até os anos de 1950, 
quando os movimentos sociais no mundo pós Segunda Guerra Mundial 
ganharam força, por meio das ideologias voltadas aos direitos humanos. A 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) estabelece os direitos 
fundamentais de todos os indivíduos: direito à vida, à integridade física, à 
liberdade, à igualdade, à dignidade e à educação. Esse documento passou a 
nortear as políticas públicas e os instrumentos jurídicos da maioria dos países. 
O ponto relevante, como marco para a história da Educação Especial, está 
relacionado à mudança na concepção das pessoas com deficiência, que 
passaram a ser vistas como cidadãs, tendo direitos e deveres de participação na 
sociedade. 
O respeito às diferenças impulsiona ações de cidadania, sendo que as 
especificidades das pessoas não devem ser elemento de desigualdades, 
discriminações ou exclusões. Dessa forma, começou a se delinear uma nova 
 
13 
 
ideia de espaços sociais, organizados para atender a todos os cidadãos, 
inclusive os com deficiências. 
Conforme se difundem esses novos conceitos, vários documentos 
internacionais passam a delimitar as formas de atuação das políticas sociais e 
educacionais, nos quais se permeia a Educação Especial. Os principais são: 
 
➢ Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU), de 1975, 
estabelece os direitos de todas as pessoas com deficiência, sem 
qualquer discriminação; 
➢ Década das Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência 
(1983 a 1992), para que os países-membros adotassem medidas 
concretas para garantir direitos civis e humanos; 
➢ Conferência Mundial sobre Educação para Todos (ONU), de 1990, 
aprova a Declaração Mundial sobre Educação Para Todos 
(Conferência de Jomtien, Tailândia) e o Plano de Ação para 
Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem que 
promove a universalização do acesso à educação; 
➢ Declaração de Salamanca, na Espanha, em 1994, conferência 
mundial sobre necessidades educativas especiais, realizada pela 
Unesco. 
 
Assim, estavam definidas as bases de um novo modelo social e 
educacional, que associava as ideias da diversidade como fator de 
enriquecimento social e o respeito às necessidades de todos os cidadãos como 
suporte de uma nova prática social de construção de espaços inclusivos. 
 
1.3.1 Documentos e marcos legais brasileiros 
 
Diante do cenário mundial de forte mobilização social, no Brasil, surgem 
grupos de pais e educadores, preocupados em garantir a universalização do 
ensino, com a fundação das primeiras APAEs (Associações de Pais e Amigos 
dos Excepcionais) e, como consequência, a Educação Especial começa a 
ganhar visibilidade, a fim de garantir acesso e permanência na escola, dos 
alunos com algum tipo de deficiência. 
 
14 
 
Nesse contexto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 
4024/61) pela primeira vez destinou um título à Educação Especial, com menção 
à oferta de serviços educacionais às pessoas com deficiência, “dentro do 
possível no ensino regular”. 
Na década de 1960, surge um novo modelo deatendimento na Educação 
Especial, que implementou os serviços de reabilitação profissional voltados a 
pessoas com deficiência, com o objetivo de integrá-las na sociedade. Essa nova 
concepção, influenciada pelas pesquisas nas áreas das Ciências Sociais e da 
Psicologia, amplia a compreensão das deficiências, suas causas e implicações, 
considerando, também, os aspectos socioculturais e não apenas os congênitos. 
 Com esse novo paradigma, outros documentos e instrumentos legais 
passam a mencionar questões importantes às pessoas com deficiência e à 
educação especial, conforme a cronologia a seguir: 
 
➢ Em 1988, a Constituição Federal (Art. 208, III) estabelece no Art. 
208, o direito das pessoas com necessidades especiais (nova 
nomenclatura adotada) de receberem educação, 
preferencialmente na rede regular de ensino; 
➢ Em 1989, é criada a Coordenadoria Nacional para Integração da 
Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), pela Lei 7.853, que 
dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração 
social e atuação do Ministério Público para inibir ou punir crimes 
contra essa parcela da comunidade; 
➢ Em 1990, é sancionado o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), pela Lei 8.069, que assegura a todos o direito à igualdade 
de condições para o acesso e permanência na escola e 
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede 
regular de ensino; 
➢ Em 1996, a LDB nº 9.394 assegura aos alunos com necessidades 
especiais currículos, métodos, recursos educativos e organização 
específicas para atender às suas necessidades específicas. 
Também garante a ampliação da oferta da Educação Especial no 
sistema educacional, contemplando desde a Educação Infantil até 
 
15 
 
o Ensino Superior, com a oportunidade de articulação entre níveis 
e modalidades de ensino; 
➢ Em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais (Adaptações 
Curriculares) do MEC apresentam estratégias para a educação de 
alunos com necessidades educacionais especiais; 
➢ Em 1999, é regulamentada a Lei nº 7.853/89 pelo Decreto 3.298, 
que trata da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora 
de Deficiência e estabelece a matrícula compulsória em cursos 
regulares em escolas públicas e particulares de pessoas com 
deficiência. 
 
Por meio desse instrumento, a sociedade passou a visar a integração das 
pessoas com deficiência em todos os âmbitos, ou seja, na área educacional, da 
saúde, do trabalho, da cultura e do lazer. Porém, o conceito de integração tinha 
como pressuposto que a pessoa com deficiência deveria se adequar às 
instituições, que, dessa forma, mantinham-se inalteradas. Nas escolas, para que 
a integração acontecesse, o aluno deveria ser capaz de acompanhar o currículo, 
métodos e etapas do ensino regular. No entanto, sem nenhuma ação voltada 
efetivamente ao respeito às diferenças, as pessoas com deficiência estavam 
fisicamente no mesmo ambiente das demais, mas sem que houvesse as 
mínimas condições necessárias para a sua aprendizagem. Desse modo, as 
práticas de exclusão permaneciam em vigor. 
 
1.3.2 A inclusão 
 
Em 2001, foram delimitadas as Diretrizes Nacionais para a Educação 
Especial na Educação Básica, pela publicação do Parecer 17/2001, do Conselho 
Nacional de Educação. Esse documento definiu como alunos com necessidades 
educacionais especiais aqueles que apresentam, durante o processo ensino-
aprendizagem, as seguintes características: dificuldades acentuadas de 
aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o 
acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: 
aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica e aquelas relacionadas 
às condições, disfunções, limitações ou deficiências; dificuldades de 
 
16 
 
comunicação e sinalização diferenciadas dos alunos, demandando a utilização 
de linguagens e códigos aplicáveis; altas habilidades ou superdotação, grande 
facilidade de aprendizagem, dominando rapidamente conceitos, procedimentos 
e atitudes. (CNE/CEB/MEC, Resolução nº 2/2001, art. 5.º). 
Dessa forma, verifica-se uma nova possibilidade de atendimento 
especializado, com uma rede de apoio que conta com recursos humanos, 
técnicos, tecnológicos e materiais, oferecidos no intuito de apoiar e 
complementar os trabalhos do ensino comum. 
Em nível conceitual, o novo modelo expõe que não é o aluno que tem que 
se adaptar à escola, mas é ela que, tendo consciência de sua função, coloca-se 
à disposição do aluno, transformando-se em um espaço inclusivo. Nesse 
sentido, a Educação Inclusiva define-se como uma política de justiça social 
voltada aos alunos com necessidades educacionais especiais, tendo como 
princípio fundamental que alunos, independentemente de suas condições 
físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas, sejam acolhidos pelas 
instituições escolares. 
Ressalta-se para que a inclusão seja efetiva, não basta que a escola se 
modernize, organize seus espaços e derrube barreiras arquitetônicas, sendo 
necessário, principalmente, que os professores aperfeiçoem suas práticas 
pedagógicas e que sejam derrubadas as barreiras atitudinais que durante muito 
tempo persistiram, impedindo que a escola fosse um ambiente de garantia de 
direitos a todos. 
 
1.4 Definindo os conceitos 
 
 Após a contextualização histórica que traz as principais concepções 
filosóficas e políticas que norteiam a Educação Especial, apresenta-se, a seguir, 
para fins didáticos os conceitos de exclusão e inclusão, que fundamentam essa 
primeira aula. 
 
➢ Exclusão: designa um processo de afastamento e privação de 
determinados indivíduos ou de grupos sociais em diversos âmbitos 
da estrutura da sociedade. A exclusão não proporciona a todos os 
indivíduos o conjunto de direitos e deveres que confere aos 
 
17 
 
indivíduos o estatuto de cidadãos. Também pode ser definida 
como o afastamento ou tratamento injusto de pessoas por se 
considerar que não se enquadram nos padrões convencionais da 
sociedade; 
➢ Segregação: é o processo de dissociação por meio do qual 
indivíduos e grupos perdem o contato físico e social com outros 
indivíduos e grupos. Essa separação ou distância social e física é 
oriunda de fatores biológicos e sociais, como raça, riqueza, 
educação, religião, profissão, nacionalidade etc; 
➢ Integração: de um ponto de vista sociológico, vários autores 
afirmam que a integração diz respeito ao processo que faz a 
introdução de pessoas, ou grupos na sociedade, ou em contextos 
sociais mais amplos. Pode ser definida como um processo 
dinâmico que supõe que pessoas que se encontram em diferentes 
grupos sociais (seja por questões econômicas, culturais, religiosas 
etc.) se reúnam sob um mesmo objetivo ou preceito; 
➢ Inclusão: representa um ato de igualdade entre os diferentes 
indivíduos que habitam determinada sociedade. Assim, esta ação 
permite que todos tenham o direito de integrar e participar das 
várias dimensões de seu ambiente, sem sofrer qualquer tipo de 
discriminação ou preconceito. Nesse sentido, a inclusão é o ato de 
trazer aquele que é excluído, por qualquer motivo, para uma 
sociedade que participa de todos os aspectos e dimensões da 
vida, isto é, dos âmbitos econômico, cultural, político, religioso etc. 
 
Especificamente no âmbito da educação, pode-se diferenciar os conceitos 
como: 
 
➢ Exclusão: manter parcelas da sociedade sem acesso à escola; 
➢ Segregação: promover o ensino de forma separada, sem, 
contudo, promover também a convivência social; 
➢ Integração: os alunos frequentam as escolas regulares, porém, 
em classes separadas, ou juntamente com os demais, desde que 
possam se adaptar ao sistema; 
 
18 
 
➢ Inclusão: igualdade de acesso para todos, independentemente de 
sua condição, sendo resguardados os direitos e respeito às 
especificidades, em uma convivência harmônica entre toda a 
sociedade. 
 
Complementando, 
 
Igualdadenão é de forma alguma tornar igual [...] Incluir não é nivelar 
e nem uniformizar o discurso e a prática, mas exatamente o contrário: 
as diferenças, ao invés de inibidas, são valorizadas. Portanto, “aluno-
padrão” não existe. Cada integrante deste cenário deve ser valorizado 
como é (SANTOS, PAULINO. 2006. p. 12). 
 
 
 
Definindo conceitos 
Fonte:https://i.pinimg.com/originals/c5/e2/b3/c5e2b325b1fa9e2599ef63c9ac8a6b0e.jpg 
 
 
Conclusão da aula 1 
 
Os avanços das concepções sociais e educacionais para pessoas com 
deficiência estão diretamente ligados à evolução das sociedades e das políticas 
das nações. Para tanto, foram necessários muitos esforços e o estabelecimento 
de novos paradigmas, que a partir da mobilização, principalmente de pais e 
professores, apoiados pelas diretrizes dos direitos humanos, defenderam o 
respeito às diferenças individuais e a eliminação de qualquer tipo de 
 
19 
 
discriminação, além de exigir uma responsabilidade coletiva de toda a 
sociedade, para a aceitação dessa parcela da comunidade. 
Nesta aula foram abordados os principais conceitos que envolvem a 
educação especial, bem como a cronologia dos fatos que marcaram novas 
perspectivas de atendimento educacional. Observou-se que a evolução da 
educação das pessoas com deficiência foi marcada, inicialmente, pelo avanço 
da medicina, que permitiu a compreensão de questões orgânicas, e no campo 
da pedagogia, por meio da proposição de novos métodos e formas de 
escolarização. Além disso, a aula diferencia os conceitos de exclusão, 
segregação, integração e inclusão, que são a base de todos os documentos 
norteadores para o atendimento de alunos com necessidades especiais. 
Atividade de Aprendizagem 
Para facilitar a aquisição dos conceitos apresentados na aula 
e vincular aos marcos históricos e legais, faça um quadro 
comparativo contendo os quatro conceitos básicos (exclusão, 
segregação, integração e inclusão), apresentando as 
principais características de cada um, apontando as épocas a 
que se referem e os principais documentos e / ou instrumentos 
norteadores que os definiram. 
 
 
 
Aula 2 – O Atendimento Educacional Especializado 
 
Apresentação da aula 2 
 
A segunda aula será composta pela caracterização dos diferentes tipos 
de necessidades especiais e suas peculiaridades, a fim de que seja possível 
compreender e definir as melhores opções de atendimento pedagógico e quais 
os recursos disponíveis. Também serão apresentadas as linhas norteadoras do 
atendimento especializado e as ações necessárias para haver um entendimento 
e colaboração desse serviço com o ensino regular. 
 
 
 
20 
 
2.1 As necessidades educacionais especiais 
 
A terminologia “necessidades educacionais especiais” foi definida para 
designar os alunos a serem atendidos pela Educação Especial, pois abrange 
uma ampla série de condições, que não são sinônimos de deficiência, mas que 
compõem características temporárias ou permanentes, que influenciam a 
aprendizagem, podendo ser fatores orgânicos ou de saúde, quadros afetivo-
emocionais, culturais, entre outros. Para esclarecer ainda mais, um membro 
fraturado, a depressão ou o uso de próteses, são exemplos de adversidades às 
quais qualquer pessoa pode estar submetida, e além delas, a grande facilidade 
ou habilidade em determinadas áreas como a matemática, por exemplo, 
caracterizam situações de necessidades especiais, que não se referem às 
deficiências. Dessa forma, o conceito é bem mais amplo e abrangente do que a 
maioria das pessoas compreende. Sendo assim, serão apresentadas as 
principais necessidades educacionais especiais. 
 
2.1.1 Deficiência física neuromotora 
 
 A deficiência física neuromotora é ocasionada por lesões nos centros e 
vias nervosas que comandam a função motora. Podem ocorrer por infecções, 
lesões parciais ou totais nas estruturas do sistema nervoso central e periférico, 
ou por degeneração neuromuscular. Se caracteriza pela alteração completa ou 
parcial dos membros superiores e / ou inferiores, acarretando o 
comprometimento da função motora. 
Há uma grande variedade de quadros motores que compõem algum tipo 
de deficiência física. Dessa forma, a maior incidência em alunos matriculados na 
educação básica diz respeito a: 
 
➢ Lesão cerebral (paralisia cerebral ou deficiência neuromotora); 
➢ Lesão medular (paraplegia / tetraplegias); 
➢ Deficiências neuromusculares – miopatias (doenças progressivas 
do sistema musculoesquelético, distrofias musculares). 
 
 
 
21 
 
2.1.2 Deficiência auditiva / surdez 
 
 Define-se pela perda parcial ou total da capacidade auditiva de percepção 
sonora, variando em graus, desde perda leve até a perda profunda, podendo ser 
causada por fatores congênitos ou adquiridos. Nesse conceito, a noção se refere 
às questões orgânicas afetadas, porém, no âmbito educacional, a terminologia 
utilizada é a da surdez. Isso se deve ao fato de que, atualmente, o enfoque 
educacional não está pautado nas implicações do limite, mas sim das 
potencialidades e diferenças, e dessa forma, considera-se pessoa surda aquela 
que, tendo perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de 
experiências visuais, manifestando sua cultura por meio da língua de sinais, no 
caso do Brasil, pela Libras (Língua Brasileira de Sinais). 
 Dessa forma, o termo surdez carrega a noção de diferença, de respeito 
às especificidades, do direito à liberdade de expressão pela língua de sinais, e, 
como consequência, do direito à educação tendo, como base a língua natural 
dessa comunidade. 
 
2.1.3 Deficiência visual 
 
 Essa deficiência abrange desde a visão subnormal ou baixa visão, até a 
cegueira, sendo caracterizada pela significativa diminuição da capacidade de 
enxergar, com importante redução do campo visual e da sensibilidade aos 
contrastes, limitando a percepção de luzes e formas. Dependendo do tipo, 
pessoas com resíduos se beneficiam no dia a dia do auxílio de óculos ou lupas, 
tendo algumas a possibilidade de distinguir vultos, claridade ou objetos 
próximos. Porém, outra parcela dos deficientes visuais necessita usar recursos 
alternativos, como o Sistema Braille para leitura e escrita, materiais em alto 
relevo, e recentemente, os leitores de tela, que são softwares próprios para o 
uso de recursos tecnológicos. 
 
2.1.4 Deficiência intelectual 
 
De acordo com a Associação Americana de Deficiência Intelectual, trata-
se de um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, 
 
22 
 
coexistindo com limitações relativas a duas ou mais das seguintes áreas de 
habilidades adaptativas: comunicação, autocuidado, habilidades sociais, 
participação familiar e comunitária, autonomia, saúde, segurança, funcionalidade 
acadêmica, de lazer e trabalho. Pode se manifestar em diferentes etapas da vida, 
porém sempre antes dos 18 anos de idade. 
 
2.1.5 Surdocegueira 
 
Esta deficiência pode causar um equívoco, pois muitos tendem a crer que 
são as deficiências visual e auditiva associadas, no entanto, é considerada uma 
deficiência única, que apresenta perdas auditivas e visuais concomitantemente 
em diferentes graus, levando a pessoa com surdocegueira a desenvolver 
diferentes formas de comunicação para entender e interagir com a sociedade. A 
pessoa com surdacega necessita sempre de um guia-intérprete para sua 
orientação e mobilidade, na educação e no trabalho. Ressalta-se que essa 
condição não significa que a pessoa seja, obrigatoriamente, totalmente surda ou 
cega, podendo haver resíduos que podem ser funcionais, auxiliando na 
comunicação, classifica-se em: 
 
➢ Surdocegueira pré-linguística: crianças que nascem 
surdacegas ou adquirem a surdocegueira nos primeiros anos de 
vida, antes da aquisição da linguagem; 
➢ Surdocegueira pós-linguística: pessoas que apresentam uma 
deficiência sensorial primária (auditiva ou visual) e adquirem a 
outra após a aquisição de uma língua.2.1.6 Deficiência múltipla 
 
 Essa deficiência é representada pela associação, na mesma pessoa, de 
duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com 
comprometimentos que acarretam consequências ao seu desenvolvimento. 
 
 
 
 
23 
 
2.1.7 Transtornos Globais do Desenvolvimento 
 
Os TGDs são distúrbios nas interações sociais que costumam manifestar-
se nos primeiros cinco anos de vida, se caracterizam por padrões de 
comunicação estereotipados e repetitivos, assim como pelo estreitamento nos 
interesses e nas atividades. Há crianças que apresentam comportamentos 
voltados para si próprios, tais como: fobias, automutilação, alheamento do 
contexto externo, timidez, recusa em verbalizar, recusa em manter contato visual 
etc. Já outras apresentam comportamentos voltados para o ambiente exterior, 
tais como: agredir, faltar com a verdade, roubar, gritar, falar ininterruptamente, 
locomover-se o tempo todo etc. Os mais comuns encontrados nas escolas são 
o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do 
Espectro Autista (TEA). 
O TDAH é um transtorno do desenvolvimento neurológico, que tem como 
características centrais a dificuldade em regular a atenção e controlar impulsos, 
influenciando significativamente as funções como a atenção, a concentração, a 
memória, a motivação, o esforço, a aprendizagem, a impulsividade, a 
hiperatividade, a organização e, por fim, as habilidades sociais. Há vários fatores 
que contribuem para essas condições, como alterações químicas e estruturais 
do cérebro e a genética. No entanto, os fatores ambientais são relevantes para 
acentuar ou agravar suas manifestações. 
O TEA engloba uma série de aspectos do desenvolvimento infantil que se 
manifestam em maior ou menor grau de acometimento, sendo descrito por 
quadros clínicos em que há um comprometimento nas áreas de interação, 
comportamento e linguagem, além de relevante déficit cognitivo; autismo de alto 
funcionamento, quando a criança consegue se expressar por meio da fala e 
demonstra grande inteligência, inclusive acima da média; outros tipos que 
manifestam a alteração de interação e comportamento, mas não há um 
diagnóstico fechado, no entanto, há uma série de alterações que normalmente 
são mais perceptíveis, como: 
 
➢ Ausência ou baixa frequência de contato visual, sem interação 
espontânea com adultos e crianças; 
 
24 
 
➢ Comportamento repetitivo e estereotipado, pulando, 
chacoalhando as mãos ou balançar-se, podendo ter interesse 
restrito em alguns assuntos ou brinquedos específicos; 
➢ Ausência ou atraso significativo do desenvolvimento de linguagem 
oral, tanto na compreensão como na expressão; 
➢ Distúrbio alimentar observado pela seletividade ou, em alguns 
casos, aversão a cores, sabores ou texturas de alimentos; 
➢ Transtorno sensorial, por hipo ou hipersensibilidade, 
principalmente com relação aos estímulos auditivos, mas podendo 
acontecer também com estímulos visuais, táteis, de paladar e 
equilíbrio do próprio corpo. 
 
2.1.8 Altas Habilidades ou superdotação 
 
A Política Nacional de Educação Especial define alunos com altas 
habilidades ou superdotação como os que apresentam notável desempenho e 
elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou 
combinados: aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, 
capacidade de liderança, talento especial para artes e capacidade psicomotora. 
Dentre as habilidades de maior incidência, destacam-se: 
 
➢ Intelectual: flexibilidade e fluência de pensamento, capacidade de 
pensamento abstrato para fazer associações, produção de ideias, 
rapidez do pensamento, compreensão e memória elevada, 
capacidade de resolver e lidar com problemas; 
➢ Acadêmica: evidenciada por aptidão acadêmica específica, 
atenção e concentração, rapidez de aprendizagem, boa memória, 
gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; 
habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento, 
capacidade de produção acadêmica; 
➢ Criativa: se refere à originalidade, imaginação, capacidade para 
resolver problemas de forma diferente e inovadora e sensibilidade 
para as situações ambientais, podendo reagir e produzir 
diferentemente e até de modo extravagante, sentimento de desafio 
 
25 
 
diante da desordem de fatos, facilidade de expressão, fluência e 
flexibilidade; 
➢ Social: demonstra capacidade de liderança, sensibilidade 
interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, 
habilidade de trato com pessoas e grupos estabelecendo relações 
sociais, capacidade para resolver situações sociais complexas, 
alto poder de persuasão e de influência no grupo; 
➢ Talento Especial: destaca-se nas artes, podendo ser 
especificamente nas artes plásticas, musicais, dramáticas, 
literárias ou cênicas; 
➢ Talento Espacial / Corporal: apresenta habilidade e interesse 
pelas atividades psicomotoras, com desempenho acima da média 
em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, 
controle e coordenação motora. 
 
2.2 O atendimento na rede regular de ensino 
 
 Para que a inclusão se efetive, a rede regular também tem um papel 
fundamental, promovendo a organização das classes comuns e a disponibilidade 
dos serviços de apoio. Nesse sentido, faz-se necessário que haja a capacitação 
dos professores da rede regular para receber os alunos, bem como especializar 
os professores que atuarão diretamente na educação especial; flexibilizar as 
adaptações curriculares, propor metodologias e recursos diferenciados, com 
processos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos alunos; prover os 
serviços de apoio na classe comum por meio de profissional especializado, como 
tradutores / intérpretes de Libras, professores com conhecimento do sistema 
Braille e, também, para auxílio à locomoção ou comunicação; e atividades que 
favoreçam o aprofundamento e enriquecimento curricular para alunos com altas 
habilidades ou superdotação. 
 Entre os serviços de apoio pedagógico, incluem-se também as salas de 
recursos multifuncionais (que serão detalhadas no próximo capítulo) e os 
professores itinerantes, que fazem a orientação e supervisão nas escolas 
regulares por meio de visitas periódicas. 
 
 
26 
 
2.3 O Atendimento Educacional Especializado 
 
Já que a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa 
todos os níveis, etapas e modalidades, a legislação vigente determina que seja 
ofertado o atendimento educacional especializado (AEE), por meio da 
disponibilização de recursos e serviços, e da orientação quanto a sua utilização 
no processo de ensino-aprendizagem, além de garantir a matrícula dos alunos 
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e os com altas 
habilidades ou superdotação nas turmas comuns do ensino regular. 
As principais funções do AEE são de identificar, elaborar e organizar 
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena 
participação dos alunos, considerando suas necessidades individuais e 
específicas. 
Esse serviço propõe-se a complementar e / ou suplementar a formação 
dos alunos, visando sua autonomia, tanto na escola como fora dela, na vida em 
sociedade. Consideram-se serviços e recursos da educação especial aqueles 
que asseguram condições de acesso ao currículo por meio da promoção da 
acessibilidade aos materiais didáticos, aos espaços e equipamentos, aos 
sistemas de comunicação e informação e ao conjunto das atividades escolares. 
Para o atendimento às necessidades específicas relacionadas às altas 
habilidades ou superdotação, devem ser propostas atividades de enriquecimento 
curricular nas escolas de ensino regular em articulação com as instituições de 
educação superior, profissional e tecnológica, de pesquisa, de artes, de 
esportes, entre outros. 
 Além do atendimento especializado ofertado no ambiente escolar, o AEEgarante, também, o trabalho em classes hospitalares ou domiciliar, para 
viabilizar o ensino para alunos impedidos de frequentar as aulas em virtude de 
internação hospitalar ou tratamento de saúde. Esse serviço objetiva a 
continuidade do processo educacional, ocasionando o menor prejuízo possível 
ao aluno, além de favorecer a reintegração e retorno à escola, assim que haja a 
possibilidade e liberação médica. 
Segundo as diretrizes regulamentadas pelo Ministério da Educação 
(MEC), o AEE deve ser realizado, prioritariamente, na sala de recursos 
multifuncionais da própria escola, ou em outra escola de ensino regular, no 
 
27 
 
contraturno, isto é, no turno inverso ao da escolarização. Pode ser realizado, 
também, em centros de atendimento educacional especializado públicos ou 
privados sem fins lucrativos, conveniados com as Secretarias de Educação, 
normalmente administrados pelas prefeituras municipais, atendendo alunos até 
as séries iniciais do Ensino Fundamental. 
 
2.3.1 Institucionalização do AEE nas escolas regulares 
 
Para que o atendimento educacional especializado seja ofertado nas 
escolas regulares, o serviço deve estar previsto no Projeto Pedagógico (PPP) da 
instituição, prevendo na sua organização: 
 
➢ Sala de recursos multifuncional: espaço físico, mobiliários, 
materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e 
equipamentos específicos; 
➢ Matrícula do aluno no AEE: condicionada à matrícula no ensino 
regular da própria escola ou de outra escola; 
➢ Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais 
específicas dos alunos, definição dos recursos necessários, das 
atividades a serem desenvolvidas e o cronograma de atendimento 
dos alunos; 
➢ Professor para o exercício da docência do AEE; 
➢ Profissionais de apoio à educação: tradutor / intérprete de 
Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuam no 
apoio às atividades de alimentação, higiene e locomoção; 
➢ Articulação entre professores do AEE e os do ensino comum. 
 
Da mesma forma, quando há oferta do AEE em centros de atendimento 
educacional especializado públicos ou privados e conveniados, o Projeto 
Pedagógico deve contemplar a organização, os recursos e o plano de 
atendimento especializado, bem como a contratação dos professores e demais 
profissionais, cumprindo as normas e autorização de funcionamento, em 
consonância com as exigências legais. 
 
 
28 
 
2.3.2 Formação e funções dos professores do AEE 
 
O professor que atua no AEE precisa ter formação inicial que o habilite 
para o exercício da docência (Pedagogia ou Licenciatura em qualquer área) e 
formação específica na Educação Especial, seja por graduação ou pós-
graduação, deve estar apto e disponível, conforme o MEC (2008), a 
desempenhar as seguintes funções: 
 
➢ Identificar, elaborar, produzir, organizar serviços, recursos 
pedagógicos de acessibilidade e estratégias, considerando as 
necessidades específicas dos alunos da educação especial; 
➢ Elaborar e executar plano de atendimento educacional 
especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos 
recursos pedagógicos e de acessibilidade; 
➢ Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala 
de recursos multifuncional; 
➢ Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos 
pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino 
regular, bem como em outros ambientes da escola; 
➢ Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais, isto é, planejar 
ações que integrem educação, saúde, assistência social, 
transporte, segurança etc., com vistas à elaboração de estratégias 
e disponibilização de recursos de acessibilidade; 
➢ Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e 
de acessibilidade utilizados pelo aluno; 
➢ Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as 
tecnologias da informação e comunicação, a comunicação 
alternativa e aumentativa, a informática acessível, o soroban, os 
recursos ópticos e não ópticos, os softwares específicos, os 
códigos e linguagens, as atividades de orientação e mobilidade, 
entre outros, de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, 
promovendo autonomia, atividade e participação. 
➢ Estabelecer articulação com os professores da sala de aula 
comum, visando a disponibilização dos serviços, dos recursos 
 
29 
 
pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem 
a participação dos alunos nas atividades escolares; 
➢ Promover atividades e espaços de participação da família e a 
integração com os serviços da saúde, da assistência social, entre 
outros. 
 
2.4 Espaços educacionais inclusivos 
 
 Ao pensar sobre a ideia da inclusão, deve-se ampliar a noção de que esta 
é somente garantir o acesso de alunos com necessidades especiais às 
instituições de ensino comuns. A inclusão tem o objetivo de eliminar os 
obstáculos que limitam o acesso, a aprendizagem e a participação desses alunos 
no processo educacional. Assim, ressalta-se a importância da qualidade dos 
recursos humanos e do espaço físico das escolas, garantindo a acessibilidade, 
e com isso, preparar-se efetivamente para receber os alunos com características 
específicas como os com alguma necessidade especial. 
Em direção à construção de espaços inclusivos, um dos primeiros 
compromissos da escola é o ajuste ou eliminação das barreiras arquitetônicas, 
que estão diretamente relacionadas às dificuldades de locomoção. Sendo assim, 
as instituições devem garantir as alterações prediais necessárias para que todos 
tenham livre acesso aos ambientes, entre as adaptações mais comuns 
destacam-se portas e corredores mais largos, com o mínimo de 80 cm de vão, 
rampas de acesso ou para mudança de nível, com a inclinação em conformidade 
com as normas da ABNT, corrimãos e mureta para segurança do uso de cadeiras 
de roda, e quando possível, a instalação de elevadores. Da mesma forma, o piso 
deve ser antiderrapante e tátil, as instalações sanitárias também devem ser 
adaptadas para livre acesso e uso autônomo. 
 Nesse mesmo entendimento, o mobiliário das salas e os espaços de 
recreação e convivência como parques e pátios devem estar livres de obstáculos 
e com equipamentos ajustáveis para diferentes características e necessidades 
físicas e motoras. 
 Diante do que foi apresentado, pode-se notar que a educação inclusiva 
não se faz apenas pela boa vontade, mas sim pela mobilização de todos os 
personagens envolvidos na educação, ou seja, os alunos, a família, os 
 
30 
 
profissionais e a própria escola, com a responsabilidade de realizar de forma 
eficiente as normas descritas pela legislação, como também pelo seu projeto 
pedagógico, documentos que são norteadores de todo o trabalho. 
 No contexto geral, as experiências bem-sucedidas de inclusão trazem 
benefícios a todos os envolvidos, já que favorece a interação, o respeito às 
limitações e diferenças, compartilham-se experiências, ampliam-se as noções 
de aceitação e solidariedade, ainda gera um sentido de coletividade, muito útil 
para qualquer sociedade. 
Ví deo 
O filme Como Estrelas na Terra (2007) 
conta a história de uma criança que sofre 
com dislexia e passa por diversos 
obstáculos em sua vida escolar, devido à 
falta de conhecimento, tanto da família 
como da escola, para entender sua forma 
peculiar de aprender, até que um professor substituto começa a 
mudar a vida do aluno. O filme contribui para uma nova visão 
diante do conhecimento e aceitação das diferenças, e do 
importante papel do professor que, por meio de uma postura 
proativa, pode mudar a realidade do aluno, contribuindo para 
sua inserção social. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=VPElZ85VLcg 
 
Conclusão da aula 2 
 
Conhecendo as necessidades educacionais especiais, pode-se 
compreender quais as implicações de uma deficiência, um transtorno ou uma 
alta habilidade e de que forma essas característicasinfluenciam o processo de 
ensino-aprendizagem. Assim, de acordo com a legislação, todos devem conviver 
e aprender nos mesmos ambientes educacionais, tendo ou não alguma 
especificidade. Porém, as escolas regulares comuns e o trabalho realizado pelos 
professores nesses ambientes podem não ser suficientes para que todos 
aprendam da melhor maneira possível. É nesse sentido que se define o 
atendimento educacional especializado, que tem por objetivo complementar o 
ensino da classe regular, por meio de atividades que resguardem o direito à 
 
31 
 
diferença e ofereçam recursos adequados para o pleno desenvolvimento dos 
alunos. 
Na segunda aula foram abordados os aspectos principais no que se refere 
aos fundamentos do atendimento educacional especializado, sua estrutura geral 
e atribuições. Também foi apresentada a importância das escolas de ensino 
regular como ambientes inclusivos e quais os ajustes tanto estruturais como de 
atendimento e documental por meio do projeto pedagógico, que servirão de 
diretrizes para o desenvolvimento pedagógico dos alunos com necessidades 
especiais. Além disso, foram definidos os tipos de necessidades educacionais 
especiais, caracterizando-os como público-alvo da educação especial e, como 
consequência, como alunos a serem atendidos pelo AEE. 
Atividade de Aprendizagem 
Uma das maiores dificuldades é fazer os professores do 
ensino regular compreenderem a educação inclusiva e o seu 
papel nesse processo. A maioria questiona que não tem 
especialização na área e que pode não “dar conta” de ensinar 
alunos com características distintas. Tendo isso em vista, 
elabore uma pequena palestra, colocando-se como 
coordenador de uma escola regular, para preparar os 
professores que receberão alunos com necessidades 
educacionais especiais. Lembre-se de explicar as diferentes 
funções assumidas por professores comuns com os de ensino 
especial e os serviços de apoio que a instituição têm 
disponíveis para auxiliar nos trabalhos. 
 
 
 
Aula 3 – Salas de Recursos Multifuncionais 
 
Apresentação da aula 3 
 
Esta aula será composta pela apresentação do Programa de Implantação 
das Salas Multifuncionais (SRM) nas escolas brasileiras, suas normas, 
características, composição de materiais, estrutura física e os tipos para 
atendimento das diferentes necessidades educacionais especiais. O objetivo é 
que seja possível compreender de que maneira as salas se inserem no contexto 
 
32 
 
de educação inclusiva e sua forma de atuação, esclarecendo que elas não 
devem ser consideradas como reforço em relação às classes regulares, mas sim, 
tendo o enfoque de complementação dos trabalhos, diante das especificidades 
dos alunos. Também serão apresentados os recursos de tecnologia assistiva 
que garantem a acessibilidade e recursos para aumentar ou promover as 
capacidades funcionais e de autonomia das pessoas com necessidades 
especiais. 
 
3.1 As salas de recurso como política pública 
 
O primeiro documento oficial foi a Portaria Normativa n° 13/2007 (BRASIL, 
2007) que instituiu o Programa de Implantação de Salas de Recursos 
Multifuncionais como parte integrante do Plano de Desenvolvimento da 
Educação (PDE), que objetivava apoiar os sistemas de ensino na implantação 
de salas de recursos multifuncionais para a realização do Atendimento 
Educacional Especializado, complementar ou suplementar à escolarização. 
Porém, as políticas públicas a respeito da implantação das salas de 
recursos multifuncionais (SRM) foram definidas e efetivadas por meio dos 
Decretos nº 6.571/2008 e n° 7611/2011, O primeiro institui o financiamento por 
parte da união por meio do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
da Educação Básica) da dupla matrícula dos alunos com deficiências, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação nas 
turmas de ensino regular e no AEE, pois para esta nova realidade era necessário 
subsídio do governo para viabilizar esse atendimento. O segundo decreto define 
as salas de recursos multifuncionais como ambientes dotados de equipamentos, 
mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento 
educacional especializado. 
Dessa forma, iniciou-se o programa de implantação das salas 
multifuncionais, partindo-se de uma nova organização das escolas comuns, 
superando os modelos de integração, nos quais os alunos com necessidades 
precisavam se adaptar aos ambientes, para a proposta de inclusão, na qual a 
escola deve cumprir sua função social, valorizando as diferenças. 
 
 
 
33 
 
3.2 Implantação das SRM 
 
O Programa de Implantação das SRM, de acordo com o MEC, visa 
disponibilizar um conjunto de equipamentos de informática, mobiliários, materiais 
pedagógicos e de acessibilidade para a organização do espaço de atendimento 
educacional especializado nas escolas públicas de ensino regular. Sendo assim, 
a responsabilidade de âmbito federal seria de financiamento, enquanto que a 
responsabilidade das esferas estaduais e municipais, com suas redes de ensino, 
para poderem compor este programa, seria disponibilizar espaço físico para 
implantação dos equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos 
de acessibilidade, além do professor para atuar no AEE. 
 
3.2.1 Critérios para implantação das SRM 
 
 Para que estados e municípios possam ser contemplados com as 
doações do governo federal para implantação das salas de recursos 
multifuncionais, cabe aos gestores o planejamento da oferta do AEE e a 
indicação das escolas que serão equipadas para desenvolver o serviço, de 
acordo com as demandas da rede, devendo atender os seguintes critérios: 
 
➢ A secretaria de educação a qual se vincula a escola deve ter 
elaborado o Plano de Ações Articuladas (PAR), o qual se compõe 
do registro das demandas, baseadas no diagnóstico da realidade 
educacional; 
➢ A escola deve, obrigatoriamente, ser da rede pública de ensino 
regular, ter matrícula de estudantes (público-alvo) da educação 
especial nas classes comuns e ter espaço físico disponível, ou 
seja, salas e instalações que possam receber os equipamentos e 
mobiliários para atendimento dos alunos; 
➢ Os sistemas de ensino dos estados e municípios ficam 
encarregados da contratação de professores devidamente 
habilitados e especializados para atuação no AEE. 
 
 
34 
 
Para tanto, é necessário que as redes de ensino efetuem, também, a 
adesão, cadastro e indicação das escolas selecionadas para compor o 
Programa, devendo informar as escolas de sua indicação, monitorar a entrega e 
instalação das salas, orientar a adequação dos documentos oficiais das escolas 
com a oferta do AEE no Projeto Político Pedagógico (PPP), acompanhando a 
organização e oferta do serviço, validar as informações dos alunos por meio do 
Censo Escolas MEC/INEP, promover a assistência técnica e manutenção dos 
recursos, apoiar e fornecer a formação continuada dos professores para o AEE. 
 
3.3 Tipos e composições das Salas de Recursos Multifuncionais 
 
As salas de recursos multifuncionais podem ser de Tipo I e Tipo II; a 
primeira pode atender alunos com deficiência intelectual, surdez, transtornos 
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação e a segunda é 
voltada aos alunos com deficiência visual, tanto cegueira como baixa visão. 
 
3.3.1 Composição das SRM tipo I 
 
 A sala tipo I é composta de equipamentos, mobiliários e materiais 
didáticos e pedagógicos assim distribuídos: 
 
Equipamentos Materiais Didático/Pedagógico 
02 Microcomputadores 01 Material Dourado 
01 Laptop 01 Esquema Corporal 
01 Estabilizador 01 Bandinha Rítmica 
01 Scanner 01 Memória de Numerais l 
01 Impressora laser 01 Tapete Alfabético Encaixado 
01 Teclado com colmeia 01 Software Comunicação Alternativa 
01 Acionador de pressão 01 Sacolão Criativo Monta Tudo 
01 Mouse com entrada para acionador 01 Quebra Cabeças - sequência lógica 
01 Lupa eletrônica01 Dominó de Associação de Ideias 
Mobiliários 01 Dominó de Frases 
01 Mesa redonda 01 Dominó de Animais em Libras 
04 Cadeiras 01 Dominó de Frutas em Libras 
01 Mesa para impressora 01 Dominó tátil 
01 Armário 01 Alfabeto Braille 
01 Quadro branco 01 Kit de lupas manuais 
02 Mesas para computador 01 Plano inclinado – suporte para leitura 
02 Cadeiras 01 Memória Tátil 
Fonte: MEC/2010 – Manual de Orientação: Programa de Implantação de Salas de 
Recursos Multifucnionais 
 
35 
 
3.3.2 Composição das SRM tipo II 
 
As salas do tipo II contêm os mesmos recursos da sala tipo I, mais os 
recursos de acessibilidade específicos para alunos com deficiência visual, para 
suprir as necessidades de leitura, escrita e cálculo, definidos por: uma 
impressora Braille pequena; uma máquina de datilografia Braille; um reglete de 
mesa; uma punção; um sorobã; um guia de assinatura; um kit de desenho 
geométrico e uma calculadora sonora. 
 
3.4 Tecnologia assistiva 
 
A Tecnologia Assistiva (TA) se caracteriza pelo conjunto de recursos 
disponibilizados para ajudar pessoas com necessidades especiais para ampliar 
a mobilidade, a comunicação e a aprendizagem, com a finalidade de possibilitar 
uma vida mais fácil, acessível e independente, como consequência, promovendo 
melhor qualidade de vida e inclusão social. 
Atualmente, com o avanço das pesquisas e da tecnologia de modo geral, 
está sendo possível viabilizar novas práticas, recursos, materiais, serviços e 
produtos com vistas à promoção da inclusão. Dessa forma, a tecnologia assistiva 
extrapola os muros das escolas, estando presente nas diversas áreas sociais, 
por intermédio da participação de diversos profissionais, que contribuem com 
inovações para benefício da parcela da sociedade composta por pessoas com 
necessidades especiais. 
As tecnologias assistivas infiltram-se em vários segmentos, como na 
saúde, informática, engenharia e design, psicologia, recursos humanos e, mais 
importante neste caso, na educação. Como exemplos de TAs nesses setores, 
existem: 
 
➢ Saúde: recursos voltados ao bem-estar e qualidade de vida, tanto 
clínica como assistencial, com recursos fonoaudiológicos, 
ortopédicos, terapias ocupacionais e no apoio neuropsicomotor. 
➢ Informática: criação de dispositivos e softwares que favorecem 
principalmente o acesso às informações e ampliam as 
possibilidades de comunicação e leitura, permitindo a interação. 
 
36 
 
➢ Engenharia e design: esses setores atuam diretamente nas 
questões de mobilidade, tanto residencial como urbana, nos 
espaços particulares ou públicos, por meio da eliminação das 
barreiras arquitetônicas. 
➢ Psicologia: campo que se une à saúde e à educação, por meio da 
intervenção, principalmente com pessoas com algum transtorno 
global do desenvolvimento, que prejudique a interação social, 
promovendo apoio tanto ao indivíduo como para sua família, com 
métodos e técnicas específicas de trabalho que incluem a 
comunicação alternativa. 
➢ Recursos humanos: atua no âmbito profissional, promovendo a 
conscientização do mercado de trabalho a respeito da 
potencialidade das pessoas com necessidade especiais, apoiando 
a capacitação, contratação, adequação dos espaços para 
alavancar a independência financeira e autosustento desses 
indivíduos. 
 
Diante do exposto, pode-se considerar exemplos de tecnologias 
assistivas as rampas de acesso nas vias públicas e nas edificações, os 
banheiros adaptados, andadores e cadeiras de rodas, adaptação de veículos, 
lupas manuais e eletrônicas, softwares leitores de tela ou plataformas com 
tradução Língua Portuguesa/Libras, aparelhos e próteses, pranchas de 
comunicação alternativa, métodos de ensino, entre outras. 
 
3.4.1 Tecnologia assistiva na educação 
 
A partir da inserção de pessoas com deficiência na rede regular, novas 
necessidades foram surgindo e, dessa maneira, as escolas precisam se adaptar 
às necessidades dos alunos. Nesse contexto, se faz importante a preparação 
dos profissionais da instituição para acolher e atender com qualidade, assim 
como prover-se de todos os recursos que serão necessários para a convivência 
cotidiana, mobilidade, acesso e aprendizagem dos alunos. 
Na escola, como na sociedade, ainda estão presentes situações de 
preconceito e discriminação, o que obviamente prejudica a efetivação da 
 
37 
 
inclusão. Porém, quando os professores começam a encarar os alunos com 
deficiência ou altas habilidades a partir do seu potencial, das suas capacidades 
e, também, de suas possibilidades, é possível criar rotas alternativas de trabalho 
sem os equívocos de que a inclusão e o uso das tecnologias assistivas sejam 
meros facilitadores para diminuir as dificuldades. A ideia é que sejam recursos 
para estimular, desafiar e garantir o acesso, ou seja, para que sejam respeitadas 
suas diferenças e atendidas as suas necessidades. 
Aqui ressalta-se a importância de diferenciar dois conceitos: igualdade e 
equidade. A igualdade supõe que sejam ofertadas condições e situações 
idênticas para todos. Já a equidade parte do senso de justiça, reconhecendo os 
direitos individuais, mas que promove a igualdade de oportunidades e condições, 
sem que necessariamente sejam disponibilizadas exatamente os mesmos 
recursos. 
 
 
Igualdade e equidade 
Fonte: https://programaelas.com.br/diferenca-de-equidade-e-igualdade-de-genero/ 
 
Portanto, para que alunos com necessidades especiais participem 
ativamente na construção do próprio conhecimento, é fundamental que tenham 
condições de exercitar sua capacidade de pensar, comparar e formular suas 
hipóteses, relacionando conteúdos e conceitos, mas isso só será possível na 
medida em que houver a disponibilidade dos recursos de acessibilidade. 
Contudo, no ambiente escolar, os recursos e adaptações devem ser planejados 
e acompanhados por profissionais especializados, com o intuito de garantir o uso 
https://programaelas.com.br/diferenca-de-equidade-e-igualdade-de-genero/
 
38 
 
correto e o bom proveito deles no ambiente escolar, pois não basta estarem 
disponíveis, sendo imprescindível que sejam funcionais. 
Em termos práticos, pode-se pensar inicialmente na grande variedade de 
recursos simples e de baixo custo, que podem e devem ser aproveitados nas 
turmas inclusivas e no AEE, dependendo do tipo de necessidade específica de 
cada aluno, tais como: suportes para visualização de textos ou livros; fixação do 
papel ou caderno na mesa com fitas adesivas; engrossadores de lápis ou caneta; 
substituição da mesa por pranchas de madeira ou acrílico fixadas na cadeira de 
rodas; artefatos simples como uma colher adaptada, uma bengala; e muitas 
outras possibilidades. Da mesma forma, há também vários recursos de maior 
custo, como sofisticados sistemas computadorizados que exigem investimentos, 
e que dependem das condições na escola, do sistema ou rede a que está 
submetida e dos professores especializados, que farão a mediação para uso 
dessas TAs. São exemplos de recursos de tecnologias assistivas: 
 
 
Talher adaptado 
Fonte: https://www.pratiflex.com.br/produto/44766/suporte-para-segurar-talher-
substituicao-de-preensao-economica 
 
https://www.pratiflex.com.br/produto/44766/suporte-para-segurar-talher-substituicao-de-preensao-economica
https://www.pratiflex.com.br/produto/44766/suporte-para-segurar-talher-substituicao-de-preensao-economica
 
39 
 
 
Tesoura adaptada 
Fonte: https://d26lpennugtm8s.cloudfront.net/stores/922/071/products/tesoura-
adaptada-21-6aca78de225bfc504f15743443557555-1024-1024.jpg 
 
 
Lápis adpatado 
Fonte: https://www.reab.me/wp-content/uploads/2017/03/fixador-.jpg 
 
 
Lupa eletrônica 
Fonte: https://produtosassistivos.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Lupa-Bolinha-
3.jpg 
https://produtosassistivos.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Lupa-Bolinha-3.jpg
https://produtosassistivos.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Lupa-Bolinha-3.jpg
 
40 
 
 
Pranchade comunicação alternativa, impressa ou digital 
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTFWBNn8Gh_89 
CNmhqJr588fZdgoGRS 
 
 
 
 
Parque infantil acessível 
Fonte: https://jornaldebrasilia.com.br/wp-content/uploads/2020/01/parquinho-
adaptado.jpg 
 
 
Software Dosvox 
Fonte: 
https://institutoitard.com.br/wp-content/uploads/2017/12/curso-Construir-1.jpg 
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTFWBNn8Gh_89CNmhqJr588fZdgoGRS
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTFWBNn8Gh_89CNmhqJr588fZdgoGRS
https://institutoitard.com.br/wp-content/uploads/2017/12/curso-Construir-1.jpg
 
41 
 
 
Aplicativo Hand Talk 
Fonte: https://s.glbimg.com/po/tt/f/original/2013/02/05/handtalk-copy.jpg 
 
3.5 O futuro com as tecnologias 
 
Para que a inclusão seja efetiva e as instituições escolares atuem em prol 
de todos os alunos, independentemente de suas características, é preciso 
compreender a nossa sociedade, analisar o processo de aceitação das 
diferenças e trabalhar incessantemente para mudar os paradigmas já 
absorvidos. 
Atentando-se à realidade brasileira, observa-se que, de modo geral, a 
população cresceu, se desenvolveu e aprendeu, ignorando a presença dos 
diferentes, entre eles as pessoas com deficiência ou outras necessidades. 
Assim, nada foi projetado com o objetivo de atender a todos. Com isso, o que 
ocorreu historicamente foi a existência de barreiras e obstáculos, tanto físicos 
como atitudinais, que não permitiram a acessibilidade e, como consequência, a 
inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. 
Essa realidade gerou, também, a desinformação a respeito dessas 
pessoas, comprometendo suas vidas em todos os âmbitos sociais, mas, 
principalmente, na área educacional, na qual houve, por longos períodos, a 
exclusão dos diferentes. 
 
42 
 
Nesse sentido, as políticas de inclusão, embora inicialmente tenham sido 
uma obrigação, contribuíram para gerar a convivência, o conhecimento e o 
respeito. Hoje, desde cedo as crianças têm a possibilidade de conviver com 
pessoas com deficiência, sendo expostas aos novos conceitos de aceitação e 
tolerância, compondo parte importante da construção de uma nova perspectiva 
de sociedade e de escola. Assim, por meio das novas interações ocorridas nos 
espaços escolares, serão plantadas novas sementes de mudanças que atingirão 
futuramente a todos os setores. 
Ainda nessa visão, serão também esses futuros profissionais que 
aperfeiçoarão todos os recursos e adaptações existentes hoje, e a perspectiva é 
que isso se revele em inovações tecnológicas, ainda mais relevantes e que 
permitam uma convivência harmônica por meio da diversidade, na qual as 
pessoas com necessidades especiais consigam viver plenamente. 
 
Conclusão da aula 3 
 
A implantação das salas de recursos multifuncionais nas escolas, além de 
garantir o apoio previsto na legislação e os recursos necessários para o 
desenvolvimento dos alunos, também abre espaço para a participação de toda 
a comunidade escolar nesse processo. É um esforço coletivo para a efetivação 
da inclusão, por meio dos sistemas de ensino, que envolvem professores das 
classes regulares, professores especializados, a gestão que deve coordenar o 
trabalho e o uso dos recursos de tecnologias assistivas e, principalmente, os 
alunos. Esses serão os verdadeiros agentes da transformação, pois os que 
podem ter a experiência de serem acolhidos e atendidos nas suas 
especificidades assumirão uma postura política de manutenção e expansão dos 
direitos, enquanto que os demais, por meio do conhecimento e convivência serão 
membros de composição de uma sociedade mais justa e livre de discriminação. 
Nesta aula foram apresentadas as orientações dos documentos 
responsáveis pela implantação das salas de recursos multifuncionais, os 
procedimentos a serem adotados pelos gestores na providência dos recursos 
necessários, como espaço físico e professores, além da administração e controle 
dos materiais enviados pelo governo federal para o atendimento especializado. 
Além disso, foram definidas as tecnologias assistidas como recursos de apoio à 
 
43 
 
autonomia das pessoas com deficiência e com os exemplos mais comuns 
encontrados nos ambientes escolares. 
Atividade de Aprendizagem 
Após compreender como são implantadas as salas de 
recursos multifuncionais, é importante conhecer como estão 
disponíveis esses serviços em sua cidade ou região. Assim, 
pesquise quantas salas de recursos há nas escolas, quais as 
especificidades atendidas, como estão equipadas e os 
trabalhos desenvolvidos. Esse material o ajudará tanto na 
indicação dos serviços de AEE quando se deparar com essa 
necessidade em sua função de atuação, orientando pais, 
professores e a comunidade em geral, além de fornecer um 
diagnóstico da realidade na qual está inserido e, também, 
como uma possibilidade de colocação profissional. 
 
 
 
Aula 4 – O currículo e as adaptações pedagógicas 
 
Apresentação da aula 4 
 
A última aula da disciplina terá um enfoque direcionado ao currículo 
adaptado, bem como às ações pedagógicas que envolvem o trabalho com 
alunos com necessidades especiais, com as indicações para o atendimento 
especializado e suas características, a elaboração e aplicação do PDI (Plano de 
Desenvolvimento Individual), além da adequação dos critérios de avaliação que 
contemplem a diversidade dos alunos. 
 
4.1 O currículo e a Educação Especial 
 
 O currículo é um dos fatores mais importantes para que a escola se torne 
um ambiente inclusivo. Para isso, é preciso compreender que o currículo se 
compõe de conhecimentos, das relações e ações que serão desenvolvidas nas 
instituições, diretamente relacionadas às práticas pedagógicas adotadas, que 
serão a estrutura para a sociedade que se deseja formar. Dessa forma, a 
 
44 
 
concepção de educação para todos implica a adesão de currículos abertos e 
flexíveis, capazes de corresponder ao atendimento das necessidades 
educacionais de qualquer aluno, sejam especiais ou não. 
O currículo pensado e elaborado para oferecer respostas educativas às 
necessidades especiais dos alunos se caracteriza pelas adaptações 
curriculares, que se definem por modificações necessárias que precisam ser 
realizadas para adequar o ensino-aprendizagem a diferentes situações, grupos 
ou pessoas. 
 A primeira grande implicação no que se refere às adaptações curriculares 
diz respeito às estratégias de planejamento e de atuação docente. Isso se deve 
ao fato de que é preciso pensar no processo para conseguir avançar e responder 
às necessidades de aprendizagem dos alunos, fundamentada nos critérios que 
servirão de guia para as tomadas de decisão quanto ao que se deve ensinar, 
como e quando, e qual a melhor maneira de organização para que todos sejam 
beneficiados e possam aprender da melhor maneira possível. 
Diante disso, é preciso romper com a ideia de que o currículo adaptado 
serve apenas para aqueles com necessidades especiais. A noção de adaptação 
deve ter claro que os alunos não aprendem da mesma forma, com as mesmas 
estratégias e metodologias, com os mesmos materiais e em um mesmo tempo. 
As adaptações partem de um currículo comum a todos, observando as 
características individuais de todos os alunos e dependem, também, da própria 
escola e sua estrutura para conseguir atender cada necessidade. Assim, deve-
se pensar em adaptação curricular de caráter contínuo, quando enfatiza alunos 
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação, que exigem maiores recursos e serviços especializados, mas 
também, deve-se compreender as adaptações de caráter transitório diante de 
dificuldades mais amenas, que podem ser sanadas com pequenos ajustes e 
intervenção pedagógica cotidiana. 
Esse tema gera ainda equívocos de compreensão, pois até há poucos 
anos, acreditava-se que adaptação curricular e flexibilização

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