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UNIDADE III ESTÁGIO SUPERVISIONADO II FISIOTERAPIA 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD _______________________________________________________________________ Cahú, Fabiana. Estágio Supervisionado II - Fisioterapia: Unidade 3 - Recife: Grupo Ser Educacional, 2022. _______________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 ESTÁGIO SUPERVISIONADO II EM FISIOTERAPIA UNIDADE 3 PARA INÍCIO DE CONVERSA Olá, estudante! Tudo bem com você? Seja bem-vindo(a)! Neste Guia, você irá aprofundar seus conhecimentos sobre a especialidade da Fisioterapia na saúde do idoso, também chamada de Fisioterapia Geriátrica, bem como conhecer um pouco mais sobre esta área de atuação. A leitura e estudo deste material será de grande importância para nortear o seu conhecimento sobre a especialidade. Então, podemos ir em frente? Bons estudos! ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA A disciplina de Estágio Supervisionado II em Fisioterapia tem o objetivo de proporcionar aos estudantes mecanismos de preparação para a inserção no mercado de trabalho, por meio de um ambiente de aprendizagem com supervisão de um profissional da área. Neste Guia, você encontrará o conteúdo referente à terceira unidade, que corresponde aos conhecimentos sobre a especialidade da Fisioterapia na saúde do idoso. Explore os links, leituras sugeridas e dicas de conteúdo que serão oferecidas. Ao longo do Guia você encontrará textos que lhe auxiliarão no processo de aprendizagem como: Saiba Mais, Fique Atento, Exemplos Práticos e Links. PALAVRAS DO PROFESSOR INICIAIS Caro(a) estudante, chegou o momento de falarmos sobre a Fisioterapia Geriátrica. Na terceira unidade, você irá estudar sobre a importância da prática fisioterapêutica na vivência profissional junto aos idosos; como contribuir para recuperação da capacidade funcional dos idosos; entender as implicações das quedas nesta população; e as principais técnicas de abordagem do tratamento fisioterapêutico. Pronto para nossa jornada? Vamos começar! 4 FISIOTERAPIA NA SAÚDE DO IDOSO – FISIOTERAPIA GERIÁTRICA A Fisioterapia na saúde do idoso é uma especialidade que atua no processo de envelhecimento, cuidando dos idosos com o objetivo de prevenir patologias inerentes à faixa etária, amenizar os efeitos das alterações fisiológicas inerentes ao processo do envelhecimento, prevenir as quedas e promover qualidade de vida (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021). O objetivo da fisioterapia será sempre preservar ou restaurar a capacidade funcional dos idosos, pois sabendo das alterações fisiológicas e patológicas que eles sofrem, deve-se sempre pensar em preservar a sua autonomia e independência por meio de abordagens fisioterapêuticas específicas (AGUIAR; SANTOS; GOMES; TAVARES, 2019). Nesse sentido, sobre as alterações que ocorrem no envelhecimento, é importante diferenciar se a alteração é de origem fisiológica (senescência) ou patológica (senilidade) para direcionar o tratamento. Não esqueça que o idoso apresenta vários tipos de alterações, sejam elas físicas/motoras, neurológicas, cardiovasculares, respiratórias, psiquiátricas/emocionais. Por isso, é importantíssimo você atuar em conjunto com uma equipe multidisciplinar para promover a saúde do idoso. LEITURA COMPLEMENTAR A Câmara Técnica de Fisioterapia em Gerontologia da Comissão de Especialidades do Crefito-5 criou a Cartilha da Saúde do Idoso. Este documento possui o objetivo de elucidar sobre algumas doenças comuns no envelhecimento e como o atendimento de um fisioterapeuta especialista em gerontologia poderá ajudar o idoso a aproveitar sua a vida melhor, mesmo depois dos 60 anos. Trata-se de uma cartilha bem didática e atual. Você pode acessar o link e realizar sua leitura. PARA REFLETIR A fisioterapia geriátrica é uma modalidade da área da saúde que contribui para uma melhor qualidade de vida na terceira idade. Porém, não devemos esquecer que existem várias modalidades de intervenções capazes de contribuir para um envelhecimento saudável e tranquilo, principalmente, exercícios com foco na reabilitação motora, na capacidade funcional e na autonomia. Estes são indispensáveis! 5 LEITURA COMPLEMENTAR Para você aprender sobre a capacidade funcional do idoso, leia o artigo intitulado Promoção da saúde e prevenção de incapacidades funcionais dos idosos na estratégia de saúde da família: a contribuição da fisioterapia. Este expõe ações de promoção da saúde e prevenção das incapacidades funcionais na terceira idade, para que as equipes de saúde da família, com foco na Fisioterapia, possam estimular os idosos a mudarem seus hábitos e viverem suas vidas com melhor qualidade. Agora, antes de mergulharmos nos assuntos relacionados à Fisioterapia na saúde do idoso, vocês precisam compreender que, com o avanço da idade, ocorrerão alterações físicas e cognitivas que irão interferir na autonomia e independência do idoso. Por isso, vamos conhecer alguns conceitos relacionados à área, como: capacidade funcional, autonomia, dependência e independência. Então, se liga nos tópicos abaixo. • Autonomia: pode ser definida como a capacidade que o idoso tem de tomar suas próprias decisões de forma consciente, gerenciando a sua vida e planejando seus objetivos. Tem relação direta com a aptidão mental da pessoa (LOURENÇO et al., 2012). • Independência: ocorre quando o idoso é capaz de realizar as atividades sem ajuda de outra pessoa/terceiros. Tem relação direta com aptidão física/motora (LOURENÇO et al., 2012; CARDOSO; COSTA, 2010; RICCI; KUBOTA; CORDEIRO, 2005). • Dependência: uma situação de dependência ocorre quando o idoso não consegue realizar as suas atividades cotidianas sem a ajuda de outra pessoa. A dependência ocorre na presença de déficits em capacidades físicas e funcionais, incapacitando o indivíduo de manter as habilidades físicas necessárias a uma vida independente (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021; LOURENÇO et al., 2012; CARDOSO, COSTA, 2010; RICCI; KUBOTA; CORDEIRO, 2005). • Capacidade funcional: a capacidade funcional refere-se às atividades básicas, instrumentais e avançadas da vida diária e à mobilidade do indivíduo. Por isso, pode ser entendida como a capacidade de qualquer pessoa de adaptação aos desafios diários mesmo possuindo alguma limitação física, mental ou social (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021; LOURENÇO et al., 2012; CARDOSO; COSTA, 2010; RICCI; KUBOTA; CORDEIRO, 2005; PARAHYBA, VERAS, MELZER, 2005). Esta capacidade surgiu como um novo paradigma de saúde, proposto pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) e funciona como um indicador do processo saúde-doença, essencial para o planejamento das intervenções e monitoramento do estado funcional do idoso (BRASIL, 2006). 6 PARA REFLETIR O envelhecimento pode não ser o principal fator que afeta a capacidade do idoso em tomar decisões (autonomia), embora a maioria das famílias tenha dificuldade de compreender isso. Portanto, caso o idoso consiga tomar decisões, mas não pode mais executar determinadas tarefas decorrentes da inaptidão física, cabe aos familiares e cuidadores, respeitá-las e, se for o caso, cumpri-las. LEITURA COMPLEMENTAR A perda da capacidade funcional pelo idoso compromete a autonomia e interfere na qualidade de vida dessa população. Para compreender mais aspectos acerca deste tema, leia o artigo intitulado Avaliação da capacidade funcional e qualidade de vida do idoso no Brasil residente em comunidade. Assim, acesse o linke boa leitura! AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO IDOSO É um parâmetro que, associado a outros indicadores de saúde, pode ser utilizado para determinar a efetividade e a eficiência das intervenções propostas (BRASIL, 2007). A avaliação funcional busca verificar em que nível as doenças ou agravos impedem o desempenho, de forma autônoma e independente, das atividades cotidianas ou atividades de vida diária (AVD) das pessoas idosas, permitindo o desenvolvimento de um planejamento assistencial mais adequado (LOURENÇO et al., 2012; COSTA; NAKATANI; BACHION, 2006; PARAHYBA, VERAS, MELZER, 2005). Indicada pela PNSPI, a avaliação funcional é muito importante, pois determinará o comprometimento funcional da pessoa idosa e sua necessidade de auxílio. Dessa forma, pode ser compreendida como uma tentativa sistematizada de avaliar, objetivamente, os níveis no qual uma pessoa está funcionando em diversas áreas, utilizando diferentes habilidades. Assim, esta avaliação representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de desempenhar as atividades necessárias para cuidar de si mesma (BRASIL, 2006; PARANÁ, 2017). Didaticamente, estas atividades são subdivididas em dois tipos que vamos nos aprofundar agora. • Atividades de Vida Diária (AVD) – são as relacionadas ao autocuidado e que, no caso de limitação de desempenho, normalmente, requerem a presença de um cuidador para auxiliar a pessoa idosa a desempenhá-las. São elas: 7 » alimentação; » tomar banho; » vestir uma roupa; » mobilização; » deambulação; » utilizar o banheiro; » manter controle sobre suas necessidades fisiológicas. • Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) – são aquelas relacionadas à participação do idoso em seu entorno social e indicam a capacidade de um indivíduo de levar uma vida independente dentro da comunidade (COSTA; NAKATANI; BACHION, 2006). Por exemplo: » utilizar os meios de transporte; » manipular medicamentos; » realizar compras; » realizar tarefas domésticas leves e pesadas; » utilizar o telefone; » preparar refeições; » cuidar das próprias finanças. Desde seu início, as avaliações funcionais dão ênfase às Atividades de Vida Diárias (AVD). A primeira escala desenvolvida e a que é utilizada até os dias de hoje é a Escala de Katz, planejada para medir a habilidade da pessoa em desempenhar suas atividades cotidianas de forma independente e, assim, determinar as necessárias intervenções de reabilitação (LOURENÇO et al., 2012). Posteriormente, surgiu a Escala de Lawton, outro instrumento para avaliar as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), consideradas mais complexas e cuja independência para desempenho está diretamente relacionada com a capacidade de vida comunitária independente. A capacidade em realizá-las torna as pessoas idosas mais autoconfiantes para a vida em comunidade (COSTA; NAKATANI; BACHION, 2006). Além disso, outro instrumento de avaliação funcional que vem se destacando é a Medida de Independência Funcional (MIF) que, ao contrário dos anteriores, identifica se a pessoa precisa de ajuda ou não e procura quantificar a ajuda necessária, mostrando-se muito útil no planejamento assistencial (PARANÁ, 2017; VIANA; LORENZO; OLIVEIRA; RESENDE, 2008). A avaliação funcional, portanto, determinará o grau de dependência da pessoa idosa e os tipos de cuidados que serão necessários, além de como e por quem eles poderão ser mais apropriadamente realizados (LOURENÇO et al., 2012; PARANÁ, 2017; PARAHYBA, VERAS, MELZER, 2005). 8 A presença de declínio funcional pode sugerir a presença de doenças ou alterações ainda não diagnosticadas. É por meio dessa avaliação que se pode fazer um balanço entre as perdas e os recursos disponíveis para sua compensação (BRASIL, 2007). A dependência é o maior temor nessa faixa etária e evitá-la ou postergá-la passa a ser uma função da equipe de saúde voltada à atenção à pessoa idosa. Agora, que apresentei os principais conceitos relacionados à capacidade funcional do idoso, que tal entender um pouco sobre as quedas e suas implicações para saúde do idoso? Vamos lá! QUEDAS As quedas acidentais estão entre os principais problemas de saúde que afetam as pessoas a partir dos 60 anos de idade e estão associadas à morbidade, redução da funcionalidade, perda da independência e, em alguns casos, em morte (SCHNEIDER, 2010; SIQUEIRA et al., 2007). O processo de envelhecimento, naturalmente, promove modificações no corpo. No caso do idoso, é comum identificar parâmetros reduzidos da massa muscular que reduzem força, como a sarcopenia e a redução da densidade óssea, que enfraquecem o componente esquelético do indivíduo, fragilizando-o. Os ossos mais frágeis são apoiados por músculos mais fracos, o que leva a quedas e a fraturas (BRASIL, 2006; BRASIL, 2007; GASPAROTTO, FALSARELLA, COIMBRA, 2014). Estes aspectos refletem na sua postura, na maneira de andar, no equilíbrio, fatores que podem facilitar o evento da queda. A queda, apesar de ser um fator externo ao indivíduo, decorre, na velhice, da junção de todos os fatores relacionados às alterações fisiológicas próprias do envelhecimento e que levam à temida “incapacidade funcional” (FERREIRA, MACIEL, COSTA, SILVA, MOREIRA, 2012). O ambiente residencial pode aumentar o risco de quedas e deve ser incluído na programação de avaliação da pessoa idosa. A presença de escadas, ausência de diferenciação de degraus e corrimãos, iluminação inadequada, tapetes soltos, obstáculos (móveis, pisos malconservados etc.), no local de circulação, são alguns dos riscos comuns observados. Desse modo, prevenir quedas sempre será a opção mais eficaz e barata (BRASIL, 2006; BRASIL, 2007;). A importância do impacto da queda para a saúde pública resume-se à sua relação com altos níveis de morbidade e mortalidade, redução de funções, hospitalização, institucionalização e alto custo em saúde e serviços sociais (GASPAROTTO; FALSARELLA; COIMBRA, 2014, p. 205). Os idosos ficam expostos a vários fatores de risco, principalmente em suas residências. É importante, portanto, realizar ações que diminuam estes fatores (JAHANA; D’ELBOUX, 2007). Nesse sentido, algumas ações e adaptações recomendadas são: evitar camas muito altas; usar sapatos apropriados e dispositivos 9 de apoio para marcha (bengala, andador); não encerar pisos; instalar corrimãos nas escadas e rampas; providenciar iluminação adequada para a noite; instalar, no banheiro, vaso sanitário mais alto e barras de apoio próximo ao chuveiro e ao vaso sanitário; os tapetes devem ser antiderrapantes; consertar calçadas e degraus quebrados (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021). O fisioterapeuta em sua formação tem noções específicas para a atenção ao idoso, pois tem conhecimento das alterações fisiológicas do envelhecimento nos níveis anatômicos e fisiológicos, ajudando na prevenção e no tratamento, trabalhando o equilíbrio, devolvendo ao paciente a qualidade de vida e a autonomia do mesmo (OLIVEIRA; RODRIGUES; CARUSO; FREIRE, 2017). Ao tratar uma consequência decorrente da queda, o fisioterapeuta precisa direcionar seu olhar não apenas para as sequelas físicas, mas também para o quanto a queda pode interferir nas atividades cotidianas do idoso. Quanto mais precocemente forem tratadas as incapacidades em decorrência da queda, as complicações mais graves podem ser prevenidas. Nessa abordagem, a fisioterapia procura restabelecer e melhorar a capacidade funcional dos idosos, prevenindo seu agravamento (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021). Nesse sentido, o fisioterapeuta apresenta um papel de suma importância na prevenção de quedas em idosos por meio de orientações para a realização de atividades físicas, alongamentos, fortalecimento muscular, treino de marcha e equilíbrio, cinesioterapia, hidroterapia, buscando a manutenção ou melhoria da capacidade funcional, redução das incapacidades e limitações (FONTES et al., 2021). GUARDE ESSA IDEIA! Os ambientes em que mais ocorrem quedas em idosos são: quarto, escadas,cozinha, sala de estar e banheiro. O quarto e a sala de estar estão mais envolvidos com situações que, inicialmente, decorrem de tropeços sobre roupas no chão, sapatos, tapetes e demais objetos ou móveis. Os banheiros e cozinhas relacionam-se a pisos escorregadios, muitas vezes, decorrentes da tarefa do idoso em fazer a limpeza destes. Já a escada apresenta um alto risco quando possui um design desfavorável, sem apoios, corrimãos ou placas antiderrapantes nos degraus. LEITURA COMPLEMENTAR Com tudo que sabemos sobre quedas – do conceito, às causas e tratamentos – fica evidente a importância da fisioterapia tanto para sua prevenção quanto para o tratamento de suas consequências. Assim, para aprofundar ainda mais seus conhecimentos, leia o artigo intitulado Fisioterapia na prevenção de quedas em idosos: revisão de literatura, que traz um levantamento dos recursos fisioterapêuticos utilizados para a prevenção das quedas. Não deixe de ler e elenque as principais técnicas aplicadas! 10 ??? VOCÊ SABIA? Você sabia que o fisioterapeuta é um profissional que tem conhecimentos específicos, os quais contribuem para saúde do idoso? Isso porque ele conhece as alterações fisiológicas do envelhecimento nos níveis anatômicos e fisiológicos; e patológicas, ajudando na prevenção e no tratamento de doenças, trabalhando o equilíbrio, devolvendo ao paciente a qualidade de vida e a autonomia. De acordo com Sullivan (2004), o papel do fisioterapeuta é de preservar, manter, progredir ou melhorar a capacidade física funcional dos idosos. Agora que você adquiriu conhecimentos prévios sobre as alterações e limitações às quais são submetidos os idosos, vamos continuar nosso Guia de Estudos falando sobre as principais técnicas/abordagens mais utilizadas pela Fisioterapia Geriátrica. Não esqueça de estudar todos os materiais disponibilizados neste Guia de Estudos acerca desses temas. PRINCIPAIS TÉCNICAS E ABORDAGENS DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO APLICADAS AOS IDOSOS A fisioterapia é indispensável para melhorar a qualidade de vida dos idosos e para prevenir limitações oriundas dos processos do envelhecimento (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021; COSTA; SILVEIRA; MUNDIM, 2021). Alguns estudos demonstram que os programas de tratamento fisioterapêutico, envolvendo a prevenção de quedas em idosos, apresentam uma resposta muito positiva. Estes tratamentos, no que diz respeito a aspectos relacionados à qualidade de vida, capacidade funcional e equilíbrio contribuem na prevenção da incapacidade funcional, reduzindo risco de quedas e complicações decorrentes da mesma (BRASIL, 2007; VALLE; SILVA, 2019). Esses protocolos têm base no treino de transferência, equilíbrio, fortalecimento muscular, coordenação motora e alongamento muscular (BRANDALIZE, 2011; QUEIROZ et al., 2020). Manter a força e um bom equilíbrio dos membros inferiores, uma marcha segura e eficiente, pode impactar positivamente na saúde e na independência funcional dos idosos. Quando estes apresentam uma disfunção do equilíbrio, marcha reduzida e pouca força muscular aumentam-se os riscos de quedas e fraturas. (QUEIROZ et al., 2020; SILVA; LEMOS, 2021). Os protocolos de tratamentos devem ser elaborados de acordo com a avaliação da capacidade funcional de cada indivíduo, sendo que deve ser mantido de forma regular, para que seja possível acompanhar os resultados alcançados. Não esqueçam que os ganhos são perdidos logo após a descontinuidade da prática regular de exercícios físicos (SILVA; SILVA; GUERRA; SIQUEIRA, 2011; SILVA; LEMOS, 2021). 11 O fisioterapeuta atua objetivando a melhora da capacidade funcional do idoso, do seu bem- estar físico e mental, promovendo uma maior disposição, mobilidade articular, melhora da circulação sanguínea, melhora da coordenação motora, amenização do encurtamento muscular e do enfraquecimento, diminuindo com isso a propensão a quedas. Por isso, o fisioterapeuta não se restringe apenas aos procedimentos de reabilitação dos idosos, mas atua bastante nas práticas voltadas à prevenção e promoção da saúde, com o objetivo de contribuir na prevenção de agravos e recuperação da saúde de pessoas na terceira idade. A seguir veremos as principais formas de abordagem fisioterapêutica aplicada aos idosos. Hidroterapia A hidroterapia tem um papel importante para prevenção, manutenção e melhoria da capacidade funcional do idoso. A água minimiza o estresse nos músculos e nas articulações pela anulação da força da gravidade, o que é imprescindível para redução de cargas no esqueleto, favorecendo a execução de vários exercícios na água. A hidroterapia é uma prática apropriada para pessoas idosas, pois permite um atendimento individual ou em grupo, estimulando a socialização e interação dos idosos (FREIRE, 2016). Na piscina aquecida conseguimos realizar exercícios com maior facilidade, além de acalmar o corpo e a mente, como no tratamento da depressão. Portanto, alguns benefícios dos exercícios na água aquecida são: • melhora da circulação sanguínea; • aumento da força muscular; • aumento da amplitude de movimento; • promoção de relaxamento muscular; • diminuição de dor; • melhora da capacidade funcional. Cinesioterapia As práticas cinesioterapêuticas promovem grandes efeitos na promoção da manutenção da postura e no equilíbrio da pessoa idosa, melhorando o equilíbrio e independência nas atividades de vida diárias, o que previne possíveis quedas (SANTOS, 2017; KISNER; COLBY, 2016; QUEIROZ; DANTAS; SILVAS; FREIRES; LEÃO, 2020). 12 O programa de tratamento desta prática inclui exercícios de aquecimento, alongamento global, exercícios de fortalecimento muscular de tronco, membros superiores e membros inferiores, exercícios de equilíbrio e treino de marcha. A fraqueza dos membros inferiores tem grande importância para ocorrência de quedas entre idosos (NERI, 2005). A perda da massa muscular que acompanha o envelhecimento, fenômeno conhecido como sarcopenia e o consequente declínio na força muscular implicam em significativos efeitos relacionados à capacidade funcional do idoso (FONTES et al., 2021). Os programas de exercícios físicos abordados na cinesioterapia devem enfatizar o fortalecimento muscular, tanto de membros superiores quanto de membros inferiores, flexibilidade, agilidade e equilíbrio, reduzindo, assim, o risco de quedas (TAVARES, 2017). O fortalecimento muscular visa ao aumento de massa magra, à melhora do desempenho e à prevenção de quedas (FONTES et al., 2021). A flexibilidade é um termo geral que abrange a amplitude de movimento de uma ou múltiplas articulações, com a amplitude de movimento dependente dos tecidos ósseos, musculares e do conectivo (SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). Por sua vez, a idade afeta a estrutura desses tecidos, diminuindo a flexibilidade dos tecidos moles. Enquanto isso, o alongamento muscular é uma modalidade cinesioterapêutica que promove o aumento da amplitude muscular e, em consequência, articular. Esta modalidade tem sido associada a uma melhoria do equilíbrio, contribuindo para redução das quedas em idosos (SANTOS, 2017; KISNER; COLBY, 2016; ANACLETO; AQUINO; REBUSTINI, 2017; MORAES; MEGALE, 2008). Treino de marcha O envelhecimento fisiológico leva a alterações posturais, de equilíbrio, diminui a integração dos impulsos sensoriais, a rotação pélvica e a mobilidade das articulações, prejudicando a velocidade da marcha e a largura dos passos, aumentando a base de suporte e diminuindo o tempo de permanência na fase de balanço (BIANCHI; OLIVEIRA; BERTOLINI, 2015; MOREIRA, 2013). Dessa forma, o treino de marcha pretende restabelecer a habilidade locomotora do idoso, tornando-o mais independente na realização das atividades diárias e, assim, melhorando sua qualidade de vida (CADER; BARBOZA; BROMERCHENKEL, 2014). Em suma, vários estudos mostram que qualquer exercício que desenvolva as capacidades de força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e potência melhora o desempenho da marcha, e, consequentemente, diminuio risco de quedas (MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2001). 13 LEITURA COMPLEMENTAR Muitas alterações no padrão de marcha ocorrem com o envelhecimento. Para compreender tais alterações e a importância da fisioterapia na recuperação do padrão de marcha normal, recomendo o artigo intitulado Marcha no processo de envelhecimento: alterações, avaliação e treinamento, que pode elucidar algumas das suas dúvidas sobre as modalidades de tratamento fisioterapêutico. Acesse o link e boa leitura! Treino de equilíbrio Com a perda de propriocepção durante o envelhecimento, aumenta-se o limiar para a detecção do movimento articular, ou seja, nesta faixa etária, a alteração do equilíbrio predispõe ao surgimento de quedas, sendo uma alteração considerada como um dos principais fatores que limitam, hoje, a vida do idoso (NASCIMENTO, PATRIZZI, OLIVEIRA, 2012; NICOLUSSI, 2012). A fisioterapia por meio do treinamento proprioceptivo aumenta os estímulos sensoriais e permite melhor equilíbrio postural e funcional, melhorando assim o quadro motor desses pacientes. A propriocepção é utilizada na recuperação e prevenção de lesões nas articulações, recuperando essa habilidade de se autoperceber no espaço e restaurando o equilíbrio. Os treinos proprioceptivos são importantes para restaurar o equilíbrio e marcha dos idosos (NASCIMENTO, PATRIZZI, OLIVEIRA, 2012; NICOLUSSI, 2012). A reabilitação do equilíbrio é baseada na exposição do idoso, repetidamente, às condições de dificuldades (RICCI; GAZZOLA; COIMBRA, 2009). Assim, durante os exercícios, são abordados, por exemplo, o treinamento de equilíbrio com apoio bipodal e unipodal. Estudos mostram que o treinamento proprioceptivo apresenta uma oportunidade para prevenção de quedas e promoção à saúde por meio de independência funcional da população idosa (SOFIATTI; OLIVEIRA; GOMES; VIEIRA, 2021). LEITURA COMPLEMENTAR Um dos principais fatores que limitam a vida do idoso, hoje, é a alteração no equilíbrio postural. O equilíbrio precisa estar presente em todos os protocolos de tratamento para pessoas idosas. Nesse contexto, não deixe de ler o artigo intitulado Efeito de quatro semanas de treinamento proprioceptivo no equilíbrio postural de idosos, pois seu objetivo foi analisar o efeito de um treinamento proprioceptivo nas medidas do equilíbrio postural em idosos. 14 DICAS Caro(a) aluno(a), algumas estatísticas apontam o domicílio como sendo o local onde mais ocorrem quedas em idosos. Pensando nisso, a Prefeitura de Belo Horizonte criou uma cartilha com dicas sobre adaptações ergonômicas que devem ser implementadas nas casas dos idosos. Acesse o link para conhecer as principais mudanças que deveremos realizar. ACESSE O AMBIENTE VIRTUAL Acesse o seu ambiente virtual para obter dicas de leitura e vídeos para otimizar ainda mais a sua prática. Também é importante que você não deixe de tirar as dúvidas com seu tutor. PALAVRAS FINAIS Caro(a) aluno(a), ao terminar essa terceira unidade, da disciplina Estágio Supervisionado II em Fisioterapia, você teve oportunidade de conhecer os principais pontos sobre a especialidade da Fisioterapia Geriátrica. Além disso, é importante que você acesse e leia todos os materiais aqui enviados, pois eles serão de grande importância para seu aprendizado e aperfeiçoamento. Agradeço a sua participação! Bons estudos! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACIOLE, G. G.; BATISTA, L. H. Promoção da saúde e prevenção de incapacidades funcionais dos idosos na estratégia de saúde da família: a contribuição da fisioterapia. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 37, n. 96, p. 10-19, jan./mar. 2013. 15 AGUIAR, V. F. F.; SANTOS, B. S. C.; GOMES, D. C. N.; TAVARES, T. C. A. Avaliação da capacidade funcional e qualidade de vida do idoso no Brasil residente em comunidade. Revista de Enfermagem Referência, [S. I.], v. 4, n. 21, p. 59-65, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.12707/RIV19011. Acesso em: 16 set. 2022. ANACLETO, G. M. C.; AQUINO, R. C.; REBUSTINI, F. Qualidade de vida em idosos em um programa de alongamento. Revista Kairós Gerontologia, São Paulo, v. 20, n.1, p. 171-187, 2017. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/2176-901X.2017v20i1p259-276. Acesso em: 16 set. 2022. BIANCHI, A. B; OLIVEIRA, J. M; BERTOLINI, S. M. M. G. Marcha no processo de envelhecimento: alterações, avaliação e treinamento. Revista Uningá, [S. I.], v. 45, n. 1, p.52-55, 2015. Disponível em: https://revista. uninga.br/uninga/article/view/1232. Acesso em: 16 set. 2022. BRANDALIZE, D.; ALMEIDA, P. H. F.; MACHADO, J.; ENDRIGO, R.; CHODUR, A; ISRAEL, V. L. Efeitos de diferentes programas de exercícios físicos na marcha de idosos saudáveis: uma revisão. Fisioter Mov, [S. I.], v. 24, n. 3, p. 549-56, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fm/a/ qn55xXXkjBTwBYfsZNPQDLx/?lang=pt. Acesso em: 16 set. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. 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