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DOR E ANALGESIA - SanarFlix

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Dor e 
Analgesia
SUMÁRIO
1. Definição ............................................................................................................3
2. Classificação ......................................................................................................5
3. Fisiopatologia .....................................................................................................6
4. Escalas de avaliação ...........................................................................................8
5. Analgesia .........................................................................................................13
Pela boca .................................................................................................................... 16
Pelo relógio e com atenção ....................................................................................... 16
Referências .......................................................................................................................19
Dor e Analgesia   3
1. DEFINIÇÃO
O conceito de dor pode ser compreendido como uma experiência “sensorial e 
emocional” desagradável associada a um dano efetivo ou potencial dos tecidos, de-
vendo sempre ser considerada a partir do autorrelato daquela pessoa que refere estar 
sentindo a dor, sendo fundamental acreditar no paciente para poder ajudá-lo. Com 
isso, já podemos compreender uma peculiaridade na abordagem da dor que diz res-
peito ao seu teor individual e subjetivo que por vezes dificulta a avaliação da mesma, 
sobretudo, em pacientes em que o autorrelato fica prejudicado por diversos motivos 
principalmente em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde o estado crítico des-
tes pacientes acaba interferindo na sua capacidade de autorrelatar sua dor. No entan-
to, como veremos a seguir, algumas alternativas para tornar mais objetiva a avaliação 
da dor e, consequentemente, melhor tratá-la foram desenvolvidas. 
A dor é um sintoma comum principalmente no contexto de Terapia Intensiva on-
de 50% dos pacientes relatam ter sentido dor em algum momento durante o interna-
mento e, 15-30% referem que tal dor foi de grande intensidade. Isso porque inúmeros 
são os motivos que podem levar o paciente crítico a sentir dor desde o repouso ex-
cessivo até procedimentos como retirada de drenos, inserção de cateteres e aspira-
ção traqueal. 
No entanto, como visto, o próprio conceito de dor já nos remete a componentes 
diversos acerca da mesma, como por exemplo, ser uma “experiência sensorial e emo-
cional” o que corrobora com outro conceito apresentado na aula de Dr. Gobatto que é 
conceito de dor total. Sintetizado por Cicely Saunders, o conceito de dor total permite 
um entendimento da dor para além do aspecto físico, mas considerando também 
questões emocionais, sociais, espirituais e culturais que constroem a percepção de 
dor pelos pacientes, bem como o modo como estes lidam com a mesma. Tal avaliação 
multidimensional da dor, como veremos, é fundamental para a aplicação do conceito 
de analgesia multimodal. 
Em se tratando de analgesia, vale ressaltar que, diversas vezes a dor é subdiagnos-
ticada e, consequentemente, subtratada. Por isso, é importante que a dor seja avaliada 
rotineiramente, prevenida e tratada. E mais, é importante que os profissionais de saú-
de saibam bem as doses eficazes e tempo de ação dos medicamentos para melhorar 
tratar esse sintoma. Vale ressaltar que, para isso, a analgesia pode ser realizada até 
mesmo antes daqueles procedimentos que se prevê que o paciente irá sentir dor (anal-
gesia preemptiva), evitando com isso que o mesmo passe por esta experiência desa-
gradável durante o mesmo. 
Dor e Analgesia   4
MAPA DEFINIÇÃO DOR
Diversos componentes:
Experiência individual
Autorrelatada 
ou não
Avaliação frequente
Causas na UTI:
Físico
Emocional 
Social
Cultural
Espiritual
Repouso
Procedimentos
Retirar drenos
Inserir cateter
Aspiração traqueal
Dor e Analgesia   5
2. CLASSIFICAÇÃO
De modo geral, como você aprendeu na Semiologia, é importante caracterizar 
melhor a dor quando este sintoma é informado pelo paciente como forma de buscar 
compreender sua etiologia, bem como direcionar melhor o tratamento, pois dores 
agudas podem ser abordadas de uma maneira e dor crônica costuma precisar de ou-
tras estratégias analgésicas. 
Outra importante diferenciação que pode ser feita e auxilia no manejo adequado 
da dor é a diferenciação entre dor nociceptiva e neuropática. A dor nociceptiva ocor-
re em decorrência da estimulação química/física de terminações nervosas que es-
tão normais, ou seja, como vimos na aula de Dr. Gobatto, as vias para condução do 
estímulo estão preservadas. Essa dor pode ser somática quando ocorre no sistema 
osteomuscular, pele ou mucosas, neste caso, o estímulo doloroso é facilmente loca-
lizado de modo que a mesma irá responder bem a analgésicos comuns e opióides. 
Existe também um tipo de dor nociceptiva que é visceral, e por isto, costuma ser 
uma dor referida e mal localizada geralmente abrangendo uma região e associada 
a manifestações autonômicas como náuseas, vômitos, palidez etc. Algumas dessas 
dores viscerais irão responder bem a analgésicos, mas outras, como a dor em cólica, 
podem responder bem a antiespasmódicos. 
A dor neuropática por sua vez é decorrente de uma lesão das vias do sistema 
nervoso periférico (nervo, plexo ou raiz nervosa) ou central (medula ou encéfalo). 
Com isso, essa dor se irradia pelo território do nervo lesado, podendo ser percebida 
superficial ou profundamente (o paciente pode referir parestesias, queimação, hipe-
ralgesia ou até mesmo alodinia quando a dor decorre de um estímulo não nocivo). 
Esse tipo de dor costuma responder melhor ao tratamento com medicações coad-
juvantes que conheceremos a seguir. Vale ressaltar que, como vimos na aula de Dr. 
Gobatto, alguns pacientes apresentarão componentes tanto da dor neuropática, 
quanto da dor nociceptiva. 
Dor e Analgesia   6
3. FISIOPATOLOGIA
Para que este fenômeno sensitivo-doloroso ao qual estamos nos referindo aqui 
aconteça alguns mecanismos fisiopatológicos precisam ocorrer de modo a transfor-
mar os estímulos físicos e químicos do ambiente externo (como uma queimadura, 
por exemplo) em potenciais de ação que serão transmitidos do sistema nervoso pe-
riférico (SNP) para o sistema nervoso central (SNC). Uma vez que essa informação 
sensorial atinge o SNC chama-se se “sensação” a qual leva em seguida a “percep-
ção” da dor que permite não só que a dor seja sentida, mas também percebida quan-
to à sua localização específica ou região. 
Antes de chegar a percepção (onde o impulso é integrado e percebido como dor) 
ocorre inicialmente a transdução processo no qual o impulso doloroso é percebido 
pelos nociceptores e em seguida transformado em potencial de ação que é trans-
mitido até a coluna posterior da medula espinhal e depois modulado na medula 
MAPA CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA DOR
Vias para 
condução 
do estímulo 
preservadas
DOR
NOCICEPTIVA
SOMÁTICA
Fatores 
desencadeantes
Fatores de 
melhora
Fatores 
de piora
Sintomas 
associados
Repercussões 
na vida
Localização
Intensidade
Qualidade
Tempo 
de início
Irradiação
NEUROPÁTICA
VISCERAL
Localizada
Mal 
localizada, 
regional
Osteomus-
cular, pele, 
mucosas
Associado: 
náuseas, 
palidez
Lesão no 
sistema 
nervoso 
periférico 
ou central
Parestesias, 
queimação, 
hiperalgesia, 
etc.
Dor e Analgesia   7
espinhal antes de chegar no SNC onde é gerada a percepção integrando os estímu-
los nocivos com áreas corticais e do sistema límbico. Com isso, a dor possui um 
componente sensorial que detecta a intensidade/localização/duração/qualidade do 
estímulo nocivo, mas também um componente emocional-cognitivo que permite a 
geração de uma emoção a partir da dor. 
Apesar de possuir um mecanismo fisiopatológico complexo, vamos aqui eviden-
ciar elementos básicos para a compreensão da fisiopatologia da dor nociceptiva 
em que há ativação de neurôniosaferentes ou nociceptores. Esses neurônios do 
sistema nervoso periférico detectam e transmitem o estímulo doloroso (mecânico, 
químico ou térmico) através de neurotransmissores. No entanto, a fibra nervosa 
aferente pode conduzir tipos diferentes de dor, sendo as fibras aferentes do tipo Aσ 
(delta) – de maior diâmetro e pouca mielina - responsáveis pela condução do es-
tímulo da dor aguda, enquanto que as fibras aferentes do tipo C – não mielinizada 
e menor diâmetro- conduzem para a medula espinhal o estímulo da dor crônica. 
Porém, o estímulo doloroso quando súbito costuma ativar ambas as fibras causando 
inicialmente uma dor aguda imediata devido as fibras Aσ seguida de uma dor difusa 
devido à ativação das fibras C. 
Ao chegar no corno posterior da medula espinhal o estímulo segue para o tálamo 
e núcleos do tronco cerebral por meio dos tratos espinotalâmicos. Em seguida, as 
ligações entre o tálamo e centros corticais procedem com aquele controle da per-
cepção e da resposta afetiva à dor. 
Dor e Analgesia   8
Figura 1: Fisiopatologia da dor. 
Fonte: Blamb
4. ESCALAS DE AVALIAÇÃO
Alguns autores concebem que a avaliação da dor deve ser realizada como reali-
za-se a aferição de dados vitais, sendo, portanto, a dor o 5º sinal vital a ser periodi-
camente avaliado pelos profissionais de saúde. Para essa avaliação, além de exame 
físico direcionado e realização de exames complementares posteriormente para in-
vestigação etiológica, é fundamental compreender a intensidade da dor e quantificá-
-la, por isso a importância de serem usadas escalas para avaliação da dor tanto nos 
pacientes que podem relatar, quanto naquelas que têm dificuldade para verbalizar. 
Dor e Analgesia   9
 Saiba mais! A necessidade de a dor ser reconhecida como 5° si-
nal vital foi citada pela primeira vez em 1996 por James Campbell (Presidente 
da Sociedade Americana de Dor). Seu objetivo foi de elevar a conscientização 
entre os profissionais de saúde sobre o tratamento da dor, referindo que: “Se 
a dor fosse aliviada com o mesmo zelo como os outros sinais vitais haveria 
uma melhor chance de promover tratamento adequado?”. Fonte: Sociedade 
Brasileira para Estudo da Dor (https://sbed.org.br/5o-sinal-vital/).
O autorrelato de dor é a maior referência que se tem quando um paciente é capaz 
de comunicar-se, para isto podem ser utilizadas algumas escalas na tentativa de 
objetivar esse sintoma, são elas: Escala Verbal Numérica de Dor (utilizada com mais 
frequência no cotidiano de avaliação da dor, em que o paciente classifica a intensi-
dade da sua dor de 0 a 10, sendo 0 sem dor e 10 a pior dor da vida), Escala Visual 
Numérica, Escala 
Descritiva Verbal e Escala de Faces, conforme vemos abaixo. 
Figura 2: Escalas de Avaliação da Dor 
Fonte: Voin_Sveta
Estudos realizados com pacientes internados em UTI avaliaram que entre adultos 
gravemente doentes que são capazes de autorrelatar sua dor, a Escala Numérica 
da Dor (seja ela verbal ou visual) são validadas e viáveis, sendo a Visual Numérica a 
melhor aceita por pacientes adultos criticamente doentes. Porém, para aqueles que 
possuem dificuldades em utilizar escalas com números, a Descritiva Verbal deve ser 
considerada. 
Dor e Analgesia   10
No entanto, vale ressaltar que, no ambiente de Terapia Intensiva muitas vezes 
a avaliação da dor se torna ainda mais complexa e difícil pela impossibilidade 
do paciente em se comunicar, porém, não é porque o paciente não consegue re-
ferir a dor que se deve negar a possibilidade de este estar com dor. Para tal, duas 
escalas foram validadas para avaliar estes pacientes no ambiente de UTI: Escala 
Comportamental de Dor (BPS, em inglês) e a Ferramenta de Observação da Dor em 
Cuidado Crítico (CPOT, em inglês). Ambas apresentam boa confiabilidade e são sen-
síveis quando aplicadas na realização de procedimentos dolorosos, de modo que ao 
menos uma deve ser utilizada como forma de avaliação rotineira da dor nos pacien-
tes em UTI. As escalas possuem pontuações mínimas e máximas como é possível 
ver a seguir, sendo que no caso da BPS quando a pontuação >5 já indica-se realizar 
tratamento da dor e na CPOT se o valor for >2. 
Behavioral Pain Scale (BPS)
Indicador Item Pontuação
Expressão Facial
Relaxada 1
Parcialmente contraída = sobrancelhas franzidas 2
Completamente contraída = pálpebras fechadas 3
Careta = Esgar facial 4
Movimentos dos 
membros superiores
Sem movimentos 1
Parcialmente fletidos 2
Muito fletidos com flexão dos dedos 3
Retraído, resistência aos cuidados 4
Adaptação ao 
ventilador
Tolera a ventilação 1
Tosse, mas tolera a ventilação a maior parte do tempo 2
Luta contra o ventilador, mas a ventilação ainda é possí-
vel algumas vezes
3
Incapaz de controlar a ventilação 4
3 12
Dor mínima Dor máxima
Fonte: PINHEIRO&MARQUES, 2020.
Dor e Analgesia   11
Critical Care Pain Observation Tool (CPOT) 
Indicador Item Pontuação
Expressão Facial
Relaxada 0
Tensa 1
Esgar/careta 2
Movimentos 
corporais
Ausência de movimentos 0
Movimentos de proteção 1
Inquietação 2
Tensão muscular
Relaxada 0
Tenso ou rígido 1
Muito tenso ou muito rígido 2
Adaptação ao ventila-
dor (pacientes IOT)/
Vocalização (pacien-
tes extubados)
Tolera o ventilador ou movimento/Fala em um tom nor-
mal ou sem som
0
Tosse, mas tolerando o ventilador/Suspiros ou gemidos 1
Luta contra o ventilador/Choro 2
0 8
Dor mínima Dor máxima
Fonte: PINHEIRO&MARQUES, 2020.
 Saiba mais! Parâmetros fisiológicos como pressão arterial, satu-
ração periférica de oxigênio, frequência cardíaca ou respiratória não são válidos 
para avaliar dor em pacientes em UTI, devendo ser utilizadas ferramentas de 
avaliação da dor, não havendo correlação entre estas Escalas e os parâme-
tros fisiológicos citados. Fonte: Azevedo-Santos IF et al. Validação da versão 
Brasileira da Escala Comportamental de Dor (Behavioral Pain Scale) em adultos 
sedados e sob ventilação mecânica. Rev Bras Anestesiol. 2017;67(3):271-277
Dor e Analgesia   12
MAPA MENTAL - RESUMO DOR
Lesão no sistema nervoso 
periférico ou central
DOR TOTAL: 
social, emocional, 
físico, espiritual, 
cultural
NOCICEPTIVA
Autorrelatada 
ou não
FISIOPATOLOGIA
CAUSAS NA UTI
NEUROPÁTICA
Numérica 
verbal ou visual
Escalas 
Autorrelatadas
Escalas 
Comportamentais
Descritiva
De faces
BPS
Se > 5: tratar!
CPOT
Se > 2: tratar!
TRANSDUÇÃO
TRANSMISSÃO
MODULAÇÃO
PERCEPÇÃO
Neurônios nociceptores
Fibras Aferentes
A-DELTA: 
Pouca mielina, maior 
diâmetro → DOR AGUDA
C: 
Sem mielina, menor 
diâmetro → DOR CRÔNICA
SOMÁTICA
Vias para condução do 
estímulo preservadas
VISCERAL
Procedimentos
Repouso (escaras)
Retirar drenos
Inserir cateter
Aspiração traqueal
Dor e Analgesia   13
5. ANALGESIA 
O tratamento analgésico é parte fundamental do tratamento do paciente. Os ob-
jetivos do mesmo, como vimos na aula de Dr. Gobatto, são: proporcionar conforto, 
atenuar respostas fisiológicas, prevenir o desenvolvimento de dor crônica e realizar 
controle de quadros de ansiedade e agitação. A relevância em realizar analgesia não 
apenas consiste em indicar a mesma, mas também realizar de modo correto aten-
tando-se para o tempo de início do efeito analgésico para não incorrer em erros de 
na realidade não estar proporcionando conforto para o paciente.
Além da terapia farmacológica que iremos especificar aqui existem terapias 
não farmacológicas para o tratamento da dor que devem ser realizadas, especifi-
camente no contexto do paciente internado em UTI, é importante ficar atento para 
estratégias que podem reduzir a dor: posicionamento adequado, cuidado com as 
dobras de lençóis, impedir tração de sonda vesical e tubo orotraqueal. Inclusive, o 
“simples” fato de explicar ao paciente sobre um procedimento potencialmente do-
loroso é capaz de reduzir 1 ponto de intensidade de dor na Escala Numérica. 
Existem algumas maneiras de programar a analgesia para um paciente e daí 
então devemos ressaltar os conceitos de analgesia preemptiva e analgesia multi-
modal. A preemptivaconsiste em utilizar terapia analgésica antes da lesão objeti-
vando reduzir a intensidade da dor e evitar sensibilização central, devendo persistir 
até a resolução da fase inflamatória aguda de modo a permanecer evitando a sen-
sibilização central. Já o conceito de analgesia multimodal ou balanceada consiste 
no uso de terapias farmacológicas com princípios farmacológicos diversos com o 
intuito de obter efeito aditivo e/ou sinérgico entre as mesmas. Com isso, parte-se 
do pressuposto de que o fármaco analgésico perfeito não existe, ou seja, aquele 
com início e recuperação rápidos, baixo acúmulo, baixo efeito colateral/toxicidade 
e que não causa dependência, devendo, portanto, realizar analgesia com analgési-
cos disponíveis como forma de chegar o mais próximo possível do que seria ideal. 
Alguns princípios da analgesia multimodal são: associar analgésicos não opioides 
com opioides em doses baixas, usar analgésicos antes de sedar, combinar anes-
tesias local e epidural e oferecer sedação leve sempre que possível. Na imagem a 
seguir é possível perceber que analgesia multimodal pode ser em qualquer parte 
da via dolorosa: periferia, condução, medula e centros superiores. 
Dor e Analgesia   14
DOR
TRAUMA
Modulação 
descendente
Antidepressivos
Corno dorsal Gânglio da 
raiz dorsalModulação 
ascendente
Coxibes
AINEs
Opioides
Clonidina
Cetamina
Trato 
espinotalâmico
Coxibes
AINEs
Anestésicos locais
Opioides
Clonidina
Cetamina
Nervo periférico
Anestésicos locais
Nociceptores 
periféricos
Coxibes
AINEs
Anestésicos locais
MAPA MENTAL - LOCAL DE AÇÃO DOS FÁRMACOS ANALGÉSICOS E ADJUVANTES
Dor e Analgesia   15
Alguns princípios devem ser seguidos na realização da analgesia, são eles:
Pela escada e individualizada: A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu a 
padronização do tratamento analgésico baseada em uma escada de acordo com a 
intensidade da dor a partir do uso sequencial dos medicamentos analgésicos como 
é possível ver abaixo. Vale ressaltar que, os medicamentos adjuvantes (mais utiliza-
dos no tratamento da dor neuropática) devem ser associados em todos os degraus 
da escada uma vez que haja indicação específica. Além disso, é fundamental que a 
terapia indicada com base nessa escada seja individualizada sobretudo no que diz 
respeito as doses, pois a dose correta é aquela que causa o alívio da dor com o míni-
mo de efeitos adversos. 
Dor leve (1-3)
Terapia Coadjuvante: antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos.
Dipirona
Paracetamol
AINES
Dor moderada 
(4-6)
Dor forte 
(7-10)
Dor refratária 
ou insuportável
DEGRAU 1
+
Opióides fracos: 
codeína, tramadol
DEGRAU 1
+
Opióides fortes: 
morfina, metadona, 
oxicodona, fentanil
Bloqueios 
regionais
Analgesia controlada 
pelo paciente
Figura 3: Escada analgésica da OMS (Legenda: AINES: anti-inflamatórios não esteroidais).
 Saiba mais! O câncer pode levar ao surgimento de dor neuropáti-
ca sendo algo presente em cerca de metade dos pacientes com essa patologia, 
especialmente quando estes estão fazendo uso de agentes quimioterápicos. 
É fundamental que a patologia subjacente à dor neuropática seja investigada 
e tratada de modo específico, no entanto, alguns medicamentos adjuvantes 
podem contribuir para o tratamento da dor como a Pregabalina, Gabapentina, 
Antidepressivos tricíclicos e Inibidores da Recaptação de Serotonina. Fonte: 
Wiermann EG et al. Consenso Brasileiro sobre Manejo da Dor Relacionada ao 
Câncer. Revista Brasileira de Oncologia Clínica, v. 10, n. 38, p. 132-143, 2014. 
Dor e Analgesia   16
Pela boca
Sempre que possível a analgesia deve ser administrada por via oral que é a 
via mais fisiológica, proporcionando ao paciente maior grau de independência e 
conforto. 
Pelo relógio e com atenção
A analgesia deve ser realizada em intervalos fixos e regulares de tempo de modo 
que a dose subsequente a ser administrada aconteça antes que o efeito da dose 
anterior tenha terminado, respeitando a meia vida da mesma. Alguns estudos re-
alizados no ambiente de UTI mostram que a maioria dos pacientes têm em suas 
prescrições analgésicos “se necessário”, no entanto, menos da metade dos mesmos 
estão de fato recebendo analgesia o que pode trazer diversas repercussões sistêmi-
cas (taquicardia, aumento da pressão arterial, alterações na coagulação e resposta 
imune, etc.) decorrentes da dor, interferindo na melhora clínica do paciente grave. 
Como vimos na aula de Dr. Gobatto, é importante usar, além do analgésico “de horá-
rio”, uma terapia de resgate deve ser prescrita para eventuais episódios de dor súbi-
ta que surjam ao longo do dia, para isto deve-se escolher uma droga mais potente e 
com início de ação rápido utilizando uma dose para terapia de resgate de 10-20% da 
dose basal utilizada no analgésico de horário. Além disso, é importante estar atento 
aos detalhes reavaliando a dor e observando como o paciente responde ao analgési-
co prescrito. 
Apesar da terapia farmacológica abranger analgésicos não opioides, em Terapia 
Intensiva é preciso tomar cuidado principalmente com o uso dos anti-inflamató-
rios não esteroidais (AINES), pois doentes críticos têm mais chance de complicar 
com sangramento digestivo e insuficiência renal decorrente do uso desses medi-
camentos. Os analgésicos comuns mais utilizados em UTI são a dipirona e o para-
cetamol que possuem como principal mecanismo de efeito analgésico o bloqueio 
da ciclo-oxigenase, têm início de ação em 30-60 min, podendo ser utilizados para 
dores leves ou apresentações já formuladas com opióides como a associação 
codeína+paracetamol. 
Os opioides são os principais fármacos utilizados no tratamento da dor no con-
texto de Terapia Intensiva, os quais atuam em receptores opióides μ e κ centrais e 
periféricos promovendo uma adequada analgesia. Vale lembrar que o ser humano 
produz opioides endógenos que ligam-se a tais receptores, de modo que os fárma-
cos foram desenvolvidos com base neste mecanismo. Os opioides fracos como o 
tramadol e codeína têm uma ação fraca nesses receptores e por isso são úteis para 
o tratamento de dores moderadas, enquanto que opioides fortes como morfina, fen-
tanil e oxicodona têm ligação mais forte com estes receptores promovendo efeito 
analgésico satisfatório no tratamento de dores intensas. 
Dor e Analgesia   17
O uso crônico dos opioides pode levar ao fenômeno de tolerância que se carac-
teriza pela necessidade de doses crescentes para obter manutenção da analgesia. 
Uma forma de evitar a tolerância e também evitar efeitos colaterais é realizar a 
rotação de opióides, convertendo as doses dos mesmos para doses com equiva-
lente potencial analgésico, porém menores do que a dose inicial do opióide usado 
anteriormente. 
Os efeitos colaterais dos opioides são bem conhecidos e estão relacionados a 
dose, idade do paciente, condições clínicas do mesmo e tempo de exposição ao fár-
maco. Como não existe teto de dose para os opioides pode ocorrer superdosagem 
dos mesmos em algumas situações, o que não exclui a possibilidade de desencade-
amento de efeitos colaterais mesmo com doses terapêuticas. Os mais conhecidos 
efeitos colaterais são: náuseas e vômitos, constipação, constrição pupilar, retenção 
urinária e até mesmo depressão respiratória. Porém, saber que tais efeitos existem 
não deve levar o profissional de saúde há abandonar o uso desses fármacos que 
possuem efeito analgésico tão relevante, mas sim deve ser um fator de atenção na 
monitoração do seu uso. Esses efeitos adversos devem ser tratados sempre que 
possível e de modo proativo. 
 Se liga! Em caso de intoxicação por opioides é possível utilizar um 
antídoto dos mesmos que é a Naloxona, a qual pode chegar em adultos na do-
se máxima de 10 mg.
Principais analgésicos não opioides e opioides
Analgésicos Início da ação/ Pico Duração do efeito analgésico
Dipirona (VO, EV, IM) 30-60 min/ 2h 8h
Paracetamol (VO) 30-60 min/ 2h 8h
Tramadol (VO, EV) 30 min/ 2h 8h
Codeína (VO) 30 min/ 2h 8h
Morfina (VO, EV, SC) 2min/ 15min 4h
Fentanil(VO, transdérmico) 5 min 30-60min
Oxicodona (VO) 1h/8h 8h-12h
VO: via oral; EV: endovenosa; SC: subcutâneo; IM: intramuscular. 
Fonte: https://aplicacoes.einstein.br/manualfarmaceutico/Paginas/Termos.
aspx?filtro=Ant%C3%ADdotos&itemID=120. 
Dor e Analgesia   18
MAPA MENTAL - RESUMO ANALGESIA
ANALGESIA
PELO RELÓGIO
Prescrever analgésico longa 
duração “de horário”
+
Dose de resgate para dor súbita com 
analgésico de início rápido e potente 
com 10% da dose basal “de horário”
NÃO- 
FARMACOLÓGICA OBJETIVOS
FARMACOLÓGICA
PELA BOCA
Dor leve (1-3)
Terapia Coadjuvante: 
antidepressivos, 
anticonvulsivantes, ansiolíticos.
Dipirona, Paracetamol, 
AINES
Dor moderada 
(4-6)
Dor forte 
(7-10)
Dor refratária 
ou insuportável
DEGRAU 1 + Opióides 
fracos: codeína, tramadol
DEGRAU 1 + 
Opióides fortes: 
morfina, metadona, 
oxicodona, fentanil
Bloqueios regionais
Analgesia controlada 
pelo paciente
PELA ESCADA
Conforto do paciente
↓ Repercussões sistêmicas 
(aumento da FC e PA, alterações 
na coagulação e resposta imune)
Prevenir progressão 
para dor crônica
Posicionamento adequado 
(mudança de decúbito)
Desfazer dobras de lençóis
Explicar procedimento 
ao paciente
Impedir tração de 
sondas e tubos
Preemptiva: antes da 
lesão e até fim da dor
Multimodal: efeito aditivo e 
sinérgico dos analgésicos
AINES, dipirona, 
paracetamol
Adjuvantes se 
dor neuropática
Opióides → fazer ROTAÇÃO se 
tolerância ou efeitos colaterais
Efeitos Colaterais: 
náuseas, constipação, 
depressão respiração, 
constrição de pupilas.
Antídoto: naloxona.
Dor e Analgesia   19
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