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parâmetros fisiológicos neuroendócrinos comportamentais nociceptiva - origem somática e visceral não nociceptiva - neuropática ou psicogênica De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1986), a palavra dor significa uma sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão delocalização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especializadas em sua recepção; sendo, ainda, vista como sofrimento moral, mágoa, pesar, aflição, dó, compaixão e condolência. Observa-se, dessa maneira, que mesmo antes da definição da International Association for the Study of Pain (IASP), que viria apenas 10 anos depois, a dor já era tida como uma experiência emocional desagradável diante de uma lesão real, mas que também era extrapolada para outros sentimentos de origem psicológica, social e cultural. Em medicina veterinária, a interpretação da dor, sua intensidade e tratamento adequado dependem da visão do veterinário, que influencia decisivamente no enfoque terapêutico adotado; para tanto, esse deverá ter conhecimento da fisiologia da dor e de como avaliá-la, da farmacologia dos agentes analgésicos e das particularidades da espécie. Os métodos mais comuns de avaliação da dor em animais envolvem: além do conhecimento do potencial da doença em causá-la Mecanismos Fisiopatológicos A dor pode ser diferenciada pelos mecanismos básicos que fazem a mediação em sua origem, portanto, com base em sua neurofisiologia, ela pode ser considerada: Dor nociceptiva Ocorre quando as terminações nervosas são estimuladas por agentes químicos, físicos ou térmicos, podendo levar a danos nos tecidos e ocorrendo frequentemente nos processos inflamatórios, traumáticos e circulatórios (isquemias). Dor neuropática Ocorre quando há lesão de um nervo do sistema nervoso periférico (SNP) ou sistema nervoso central (SNC) ou ainda quando a função nervosa está anormal em alguma parte das linhas de transmissão neuronal dos tecidos mais periféricos ao SNC, o que é determinado por trauma, infecção, isquemia, doença degenerativa, invasão tumoral, lesão química ou radiação. Classificação e Avaliação da dor em cães e gatos Deaferentação: quando ocorre lesão de plexo, como o braquial ou lombossacral no Dor central: ocorre por dano direto ao SNC Dor simpática mantida: dor neuropática associada a disfunções autonômicas (edema disestesia (sensação anormal desagradável, espontânea ou provocada), hiperestesia (sensibilidade exagerada à estimulação), hiperalgesia (resposta exagerada a um estímulo normalmente doloroso), alodinia (dor causada por estímulo que normalmente não é doloroso), hiperpatia (resposta explosiva e frequentemente prolongada a um estímulo) dor súbita (dor episódica, incidental ou transitória). Os mecanismos biológicos envolvidos ainda são pouco esclarecidos, mas envolvem teorias inflamatórias e imunes. A característica da queixa no ser humano é de dor com irradiação neurodérmica e em queimação. Em animais, essa característica não é clara. Normalmente, a dor pode ser melhorada, mas com frequência não é completamente aliviada por analgesia com fármacos opioides e não opioides. Fármacos analgésicos adjuvantes são frequentemente necessários (antidepressivos e anticonvulsivantes). Ela pode ser dividida em: caso da dor fantasma local e temperatura). Pode ser sustentada por atividade eferente no sistema nervoso simpático (SNS). A dor neuropática produz: Tempo de duração Dor aguda Tem início súbito relacionado com lesão tecidual decorrente de trauma, de procedimento cirúrgico e diagnóstico e, ainda, devido à progressão de doença. Responde rapidamente ao tratamento e não costuma ser recidivante. Geralmente é nociceptiva, embora também possa ser neuropática, de origem somática e visceral. A dor somática ocorre devido a lesão de pele, músculo e osso. Em geral é localizada, sendo o seu diagnóstico baseado em dor à palpação e em dificuldade de locomoção apresentada. Já a dor visceral origina-se nas vísceras abdominais e/ou torácicas, sendo o seu diagnóstico mais complexo, pois o órgão afetado projeta a sua dor até uma área de referência na parede abdominal. Os órgãos geralmente são insensíveis a estímulos causados por compressão, incisão ou ruptura, mas os estímulos dolorosos podem ocorrer devido a distensão, estreitamento, inflamação, isquemia ou obstrução. A palpação cuidadosa ajudará no diagnóstico correto da origem da dor. Tanto a dor somática quanto a visceral respondem bem à administração de analgésicos opioides e não opioides. A dor aguda promove alterações neurovegetativas importantes, como aumento de pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e, ainda, modificações comportamentais como vocalização e postura de proteção. Todas essas alterações interferem negativamente na qualidade de vida. Assim, devemos agir energicamente para prevenir e/ou minimizar sua ocorrência. Dor crônica Decorre de estimulações nociceptivas repetidas levando a uma variedade de modificações no SNC. Ser utilizada para determinar a melhor terapia analgésica para o controle da dor A analgesia não deverá ser baseada somente na pontuação baixa obtida O comportamento de dor deverá prevalecer sobre a pontuação alcançada Animais doentes poderão não expressar claramente comportamento de dor, podendo Doses baixas de opioides deverão ser administradas em animais levemente O tratamento deverá ser realizado toda vez que ocorrer lesão tecidual ou trauma, Em procedimentos considerados dolorosos, a analgesia deverá ser realizada mesmo Está relacionada com dor persistente por mais de 3 a 6 meses, contudo, atualmente, outros fatores devem ser considerados para a sua correta classificação, tais como: poucas evidências para se estabelecer a patologia relacionada com a presença e a extensão da dor; perpetuação da dor não relacionada com uma causa; dor contínua ou intermitente com ou sem exacerbação dos sintomas; sintomas de hiperatividade do sistema nervoso autônomo (SNA); e alterações de comportamento, apetite e padrão de sono. As alterações neurovegetativas observadas na dor aguda não são observadas na crônica, pois há uma adaptação do organismo a essa situação, mas causam respostas emocionais e comportamentais que podem sofrer influência de fatores biológicos e do meio. A dor crônica pode ser de origem nociceptiva e/ou neuropática decorrente de procedimentos cirúrgicos, traumas, neoplasias e doenças degenerativas. Ela ainda pode ser dividida em: dor do câncer e dor crônica não decorrente do câncer. Dor do câncer A dor do câncer ou dor associada ao câncer está relacionada com a doença (tumor invasivo tecidual; compressão ou infiltração em nervos ou vasos sanguíneos; obstrução de órgãos; infecção e inflamação) ou com procedimentos diagnósticos ou de tratamento (biopsia; dor pós- operatória; quimioterapia e radioterapia). Embora haja controvérsias, a classificação da dor do câncer difere da dor crônica não decorrente do câncer por vários motivos, como tempo de organização, causa da doença e estratégias de tratamento. Métodos para mensuração da dor A mensuração da dor deverá ser realizada como parâmetro para o tratamento analgésico e o acompanhamento da sua eficácia na rotina clínica e em pesquisas por meio da utilização de escalas unidimensionais e multidimensionais. O método adotado deverá ser aquele que melhor atenda às necessidades da equipe, seja de fácil compreensão e individualizado para as diferentes espécies e características da dor, pois se o método não for totalmente adaptável, ele não ajudará na avaliação clínica da dor. As normas para instituição de metodologia para mensuração da dor são: ser subtratados inconscientes. O retorno à consciência sem sinais de agitação sugere beneficio da terapia a analgésica mesmo quando houver alguma dúvida com relação à manifestação da dor diante de pontuação baixa da intensidade de dor. 0 a 5 (6 pontos) 0 a 10 (11 pontos) 0 a 20 (21 pontos) Na dor aguda decorrente de cirurgia, o animal deverá seravaliado a cada hora nas primeiras 4 a 6 h após o procedimento, desde que esteja estável com relação a parâmetros vitais e consciência, caso contrário deverá ser avaliado por mais tempo. De modo geral, quanto maior o período de observação, maior será a probabilidade de se observar comportamento de dor, mesmo que sutil. Já na dor crônica, deve-se considerar que as alterações decorrentes desta afetam principalmente a qualidade de vida, pois as mudanças de comportamento podem ser sutis e relacionadas com a idade quando relatadas pelo proprietário. Contudo, devemos orientá-lo no seu relato, pois ele é o melhor avaliador da dor e das alterações de comportamento do seu animal. Escalas unidimensionais Elas permitem a mensuração da dor quantificando apenas a sua intensidade ou gravidade por meio de escalas numéricas, verbais, descritivas e visuais analógicas. As escalas verbais e descritivas são fáceis de usar, contudo apresentam pouca sensibilidade, possivelmente por causa da pouca variabilidade dos itens avaliados. Ressalta-se que, embora os mecanismos de mensuração unidimensionais sejam bastante utilizados na avaliação de dor pós-operatória, eles podem simplificar demasiadamente a experiência dolorosa. Nas escalas numéricas (EN), o número pode variar de 0 a 100 (até 101 pontos)! são as mais utilizadas; nelas a intensidade da dor é quantificada assinalando-se determinado número, de modo verbal ou visual. A nota 0 representa ausência de dor e a nota máxima, a pior dor possível. A intensidade pode ser mensurada no início da avaliação e durante o tratamento. É de fácil utilização, podendo ser empregada para dor aguda, do câncer e crônica não decorrente do câncer. Porém, sua utilização pode ser difícil por proprietários que não saibam ler, sejam muito jovens ou muito velhos e tenham restrições de visão e audição. É bastante utilizada em medicina veterinária para avaliação da dor e do tratamento analgésico. A escala visual analógica (EVA) é uma escala sensível, facilmente reproduzida e viável em estudos da dor em medicina veterinária. É utilizada principalmente na mensuração da dor pós-operatória, e consiste em uma faixa de 10 cm de comprimento, representando o grau de dor; suas extremidades correspondem a sem dor e pior dor possível. A mensuração ocorre pela avaliação da distância entre a extremidade ancorada pela palavra sem dor e o ponto assinalado pelo proprietário (cm). Há necessidade de certa abstração para sua compreensão, podendo ter sua validade e confiabilidade comprometidas quando utilizada por idosos. As escalas de categorias que utilizam adjetivos do tipo leve, moderada, forte, grave ou variantes desses, com 5 ou 6 pontos geralmente, expressam a dor de maneira qualitativa. As escalas de categorias descritivas esclarecem somente se há diferença entre uma categoria e a outra, sem se estabelecer a razão entre elas ou diferença de comportamento. Embora sejam bastante utilizadas, as opções de alternativas de são limitadas e os pacientes tendem a escolher sempre as respostas extremas no momento da escolha Ainda se pode citar a escala de análise descritiva (EAD), e une a observação visual do paciente com relação à analgesia com descritores que variam de boa a ausência de analgesia, e resposta do animal à pressão manual da ferida. O resultado dessas observações gera escore de 0 a 3 Escalas multidimensionais Algumas escalas multidimensionais incluem as características da dor e os efeitos sobre a rotina diária do paciente; elas permitem a mensuração da dor considerando-se duas ou mais dimensões e possibilitando a obtenção de dados quantitativos e qualitativos para uma avaliação mais precisa. Questionário para dor McGill (MPQ): é uma das escalas multidimensionais mais utilizadas, que indica que a interpretação da dor pode sofrer influência de fatores sensoriais (sensório- discriminativas), emocionais (afetivo-motivacionais) e culturais (avaliativas). É utilizado em pesquisas de dores agudas e crônicas, eficácia de técnicas analgésicas e caracterização de diferentes síndromes dolorosas. Por causa do grande número de descritores, adaptações em sua apresentação foram realizadas para agilizar o seu uso – a forma reduzida do questionário para dor McGill (SF-MPQ). Contudo, como em qualquer outro instrumento de avaliação da dor, também podem ocorrer algumas limitações, como o fato de esta apresentar mais descritores sensoriais do que afetivos e avaliativos, podendo levar a maior valorização sensorial da dor. Por necessitar de tempo maior para sua aplicação, torna-se impraticável em pacientes em estado grave. O SF- MPQ contém algumas informações a respeito da dor neuropática, contudo não pode quantificá- la. Para avaliação mais específica desta, pode-se utilizar a escala de avaliação de dor neuropática com questões a respeito de tipo e grau de sensação da dor experimentada pelo paciente. Escala de dor da Universidade de Melbourne (UMPS): consiste em 6 categorias que contêm descritores que avaliam parâmetros fisiológicos (frequências cardíaca e respiratória, tamanho da pupila, temperatura e salivação) e de comportamento (atividade, resposta à palpação, postura, estado mental e vocalização). Como avalia também o estado mental do paciente, é importante que o avaliador tenha tido contato com o paciente antes do procedimento anestésico para interpretação mais fidedigna das alterações do seu comportamento. A mínima contagem total é 0 (zero) e a máxima, 27. Essa escala foi testada em cadelas submetidas a ovário-histerectomia e demonstrou facilidade de aplicação e resultados seguros. As desvantagens da sua utilização consistem nos fatos de tratar-se de um teste que exige tempo para sua aplicação, somente o total do escore poder avaliar a gravidade da dor e poder haver confusão de vocabulário por quem está avaliando. Escala de Glasgow (CMPS): é composta por descritores de parâmetros fisiológicos e de comportamento. Os descritores postura, conforto, vocalização, atenção dada à ferida, comportamento e resposta ao homem, mobilidade e resposta ao toque são empregados de maneira bem definida para evitar interpretação errônea. É bastante empregada em dor pós-operatória. Atualmente, é apresentada em versão adaptada com descritores e 6 categorias que avaliam o comportamento do animal – a forma reduzida da escala de Glasgow (CMPS-SF). Quanto maior o número de pontos (20 a 24), melhor o grau de analgesia do animal.
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