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2 encontro - Guia o SUS e a Violência Contra a Mulher (RN)

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PMSUS – Reflexão da Prática 
Oficina 4: Violência contra a Mulher e Feminicídio 
2º encontro: Guia o SUS e a Violência Contra a Mulher (RN) 
 
 
Estudantes: João Marcos S. Moura e Monalisa Silvério 
Preceptora: Ana Luiza Tavares 
 
 
1) O que é violência contra a mulher? 
A violência contra a mulher é definida pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS) como todo ato 
baseado no gênero, que cause morte, dano ou 
sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto 
na esfera pública quanto na privada. 
 
2) Tipos de violência: 
 Violência física: Empurrões, toques indesejados, 
pegadas a força nos braços ou outras partes do corpo, 
beliscões, puxões de cabelo, mordidas, queimaduras, 
chutes, tapas, socos, tentativa de asfixia, ameaça com 
faca, e qualquer contato que produza dor, marcas, 
cortes, hematomas, dentre outras situações que atinja o 
corpo da mulher. 
Violência psicológica: Conduta que cause 
prejuízo emocional e diminuição da autoestima ou que 
prejudique e que vise controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões da mulher, por 
meio de ameaça, intimidação, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância 
constante, perseguição, insulto, chantagem, 
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e 
vir. 
Violência sexual: Relação sexual não desejada, 
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. 
Induzir a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a 
sexualidade. Impedir o uso de método contraceptivo. 
Violência patrimonial: Posse, retirada, 
destruição parcial ou total de seus objetos, a exemplo 
celular, roupas, objetos pessoais, da casa, computador, 
carro etc.., instrumentos de trabalho, documentos 
pessoais, bens (imóveis, carros), valores e direitos ou 
recursos econômicos, incluindo os destinados a 
satisfazer suas necessidades. 
Violência moral: Comportamento que configure 
calúnia, difamação, ofensa/injúria. 
3) Protocolo de Palermo 
 Surgiu a partir da Convenção das Nações Unidas 
contra o Crime Organizado Transnacional, onde o Brasil, 
país signatário se comprometeu com os objetivos do 
presente Protocolo, que são: a) Prevenir e combater o 
tráfico de pessoas, prestando uma atenção especial às 
mulheres e às crianças; b) Proteger e ajudar as vítimas 
desse tráfico, respeitando plenamente os seus direitos 
humanos; e c) Promover a cooperação entre os Estados 
Partes de forma a atingir esses objetivos. 
 
4) Exploração sexual e assédio 
Violência sexual entende-se com relação sexual 
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou 
uso da força. Induzir a comercializar ou a utilizar, de 
qualquer modo, a sexualidade. Impedir o uso de método 
contraceptivo. 
Envolve qualquer ato sexual não consensual ou 
coerção que cause desconforto, medo, ou dano físico e 
psicológico a uma mulher. Essa forma de violência pode 
ocorrer em vários contextos, como no âmbito 
doméstico, em relacionamentos íntimos, em conflitos 
armados, e até mesmo em ambientes de trabalho. 
Alguns exemplos de violência sexual contra 
mulheres incluem estupro, assédio sexual, exploração 
sexual, casamento forçado e mutilação genital feminina. 
Essas formas de violência têm impactos devastadores na 
saúde física e mental das vítimas, levando a traumas 
duradouros. 
A exploração sexual da mulher refere-se ao uso 
não consensual do corpo de uma mulher para ganho 
sexual, econômico, poder ou qualquer outro benefício. 
Essa forma de exploração pode ocorrer em diferentes 
contextos e manifestar-se de várias maneiras. Aqui estão 
alguns aspectos importantes para entender sobre a 
exploração sexual da mulher: 
 
Prostituição Forçada e Tráfico Sexual: Muitas 
mulheres são vítimas de prostituição forçada, onde são 
coagidas ou enganadas para se envolverem na indústria 
do sexo contra a sua vontade. O tráfico sexual envolve o 
transporte de mulheres para exploração sexual por meio 
de coerção, ameaças ou manipulação. 
Turismo Sexual: Em algumas regiões, o turismo 
sexual explora mulheres vulneráveis, muitas vezes em 
áreas economicamente desfavorecidas. Isso envolve 
turistas que buscam serviços sexuais em destinos 
específicos, frequentemente contribuindo para a 
exploração de mulheres locais. 
Pornografia Não Consensual: A disseminação de 
pornografia não consensual, também conhecida como 
pornografia de vingança, envolve a divulgação não 
autorizada de material sexualmente explícito, muitas 
vezes para prejudicar ou constranger a mulher retratada. 
Casamento Forçado e Exploração Dentro do 
Casamento: O casamento forçado, onde as mulheres são 
obrigadas a se casar contra sua vontade, pode incluir 
exploração sexual dentro do casamento. Isso pode 
envolver a ausência de consentimento em atividades 
sexuais e a perpetuação de relações desiguais de poder. 
Desigualdade de Gênero e Poder: A exploração 
sexual está enraizada em desigualdades de gênero e em 
relações de poder desequilibradas. A objetificação das 
mulheres, estereótipos de gênero e normas culturais 
prejudiciais contribuem para a perpetuação desse 
fenômeno. 
Impactos na Saúde e Bem-Estar: Além dos riscos 
imediatos para a saúde física, como a transmissão de 
doenças sexualmente transmissíveis, a exploração sexual 
pode ter impactos profundos na saúde mental e 
emocional das mulheres, resultando em traumas 
duradouros. 
Esforços de Prevenção e Intervenção: 
Organizações e ativistas trabalham para prevenir a 
exploração sexual da mulher por meio de campanhas de 
conscientização, educação, apoio às vítimas e advocacia 
por mudanças legais e políticas. 
 
Diferença entre Abuso e Exploração Sexual 
O abuso sexual pode acontecer dentro (intrafamiliar) e 
fora (extrafamiliar) do núcleo familiar. Pode se expressar 
de diversas maneiras, envolvendo ou não contato 
físico.Já a exploração sexual é mediada pelo pagamento 
em dinheiro ou qualquer outro benefício. 
 
O assédio pode ser configurado como condutas abusivas 
exaradas por meio de palavras, comportamentos, atos, 
gestos, escritos que podem trazer danos à 
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou 
psíquica de uma pessoa, pôr em perigo o seu emprego 
ou degradar o ambiente de trabalho. 
Assédio Sexual: Envolve avanços sexuais não 
desejados, comentários, gestos ou outras formas de 
conduta sexualmente sugestiva que criam um ambiente 
desconfortável para a vítima. Pode ocorrer tanto no 
trabalho quanto em outros contextos. 
Assédio Moral ou Psicológico: Compreende 
comportamentos que visam humilhar, intimidar, isolar 
ou desvalorizar uma mulher. Isso pode incluir insultos, 
difamação, discriminação e coerção psicológica. 
Assédio de Gênero: Baseado no gênero da 
vítima, pode envolver comentários sexistas, estereótipos 
de gênero prejudiciais, discriminação e outras formas de 
comportamento que visam prejudicar ou inferiorizar 
uma mulher. 
Assédio Online (Cyberstalking e Cyberbullying): 
Ocorre através da internet e pode incluir perseguição 
virtual, compartilhamento não consensual de 
informações pessoais, mensagens ofensivas e ameaças. 
Assédio Verbal e Comentários Inapropriados: 
Envolve comentários desrespeitosos, degradantes ou 
sexualmente sugestivos direcionados a uma mulher. Isso 
pode acontecer em qualquer lugar, desde o transporte 
público até o ambiente de trabalho. 
Assédio Relacionado à Aparência: Compreende 
comentários ou comportamentos que focalizam a 
aparência de uma mulher de maneira objetificante ou 
humilhante. 
Assédio em Ambientes de Trabalho: Pode 
incluir discriminação de gênero, avanços sexuais 
indesejados, tratamento diferenciado, piadas sexistas e 
outras formas de comportamento prejudicial no local de 
trabalho. 
 
5) Carcere privado, Feminicídio 
A expressão cárcere privado decorre do verbo 
encarcerar, que significa deter, ou prender alguém 
indevidamente e contra sua vontade. No crime de 
cárcere privado, a vítima quase não tem como se 
locomover, sua liberdade fica restrita a um pequeno 
espaço físico, como um quarto ou um banheiro. Existe o 
enclausuramento,que pode ser em uma chácara, casa 
ou ilha deserta. Já o cárcere privado contém uma 
restrição à liberdade mais intensa, havendo o 
confinamento em um cubículo, quarto, banheiro ou 
porta-malas de um veículo, conforme já dito. 
 
Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela 
condição de ser mulher. Suas motivações mais usuais 
são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do 
controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns 
em sociedades marcadas pela associação de papéis 
discriminatórios ao feminino, como é o caso brasileiro. 
No Brasil, o cenário que mais preocupa é o do 
feminicídio cometido por parceiro íntimo, em contexto 
de violência doméstica e familiar, e que geralmente é 
precedido por outras formas de violência e, portanto, 
poderia ser evitado. 
Trata-se de um problema global, que se 
apresenta com poucas variações em diferentes 
sociedades e culturas e se caracteriza como crime de 
gênero ao carregar traços como ódio, que exige a 
destruição da vítima, e também pode ser combinado 
com as práticas da violência sexual, tortura e/ou 
mutilação da vítima antes ou depois do assassinato. 
O crime de feminicídio íntimo está previsto na 
legislação desde a entrada em vigor da Lei nº 
13.104/2015, que alterou o art. 121 do Código Penal 
(Decreto-Lei nº 2.848/1940), para prever o feminicídio 
como circunstância qualificadora do crime de homicídio. 
Assim, o assassinato de uma mulher cometido por 
razões da condição de sexo feminino, isto é, quando o 
crime envolve: “violência doméstica e familiar e/ou 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. 
Os parâmetros que definem a violência 
doméstica contra a mulher, por sua vez, estão 
estabelecidos pela Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) 
desde 2006: qualquer ação ou omissão baseada no 
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no 
âmbito da unidade doméstica, da família ou em 
qualquer relação íntima de afeto, independentemente 
de orientação sexual. 
A Lei de Feminicídio foi criada a partir de uma 
recomendação da CPMI que investigou a violência 
contra as mulheres nos Estados brasileiros, de março de 
2012 a julho de 2013. 
É importante lembrar que, ao incluir no Código 
Penal o feminicídio como circunstância qualificadora do 
crime de homicídio, o feminicídio foi adicionado ao rol 
dos crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990), tal qual o 
estupro, genocídio e latrocínio, entre outros. A pena 
prevista para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 
a 30 anos. 
O principal ganho com a Lei do Feminicídio (Lei 
nº 13.104/2015) é justamente tirar o problema da 
invisibilidade. Além da punição mais grave para os que 
cometerem o crime contra a vida, a tipificação é vista 
por especialistas como uma oportunidade para 
dimensionar a violência contra as mulheres no País, 
quando ela chega ao desfecho extremo do assassinato, 
permitindo, assim, o aprimoramento das políticas 
públicas para coibi-la e preveni-la. 
“A tipificação em si não é uma medida 
de prevenção. Ela tem por objetivo nominar 
uma conduta existente que não é conhecida por 
este nome, ou seja, tirar da conceituação 
genérica do homicídio um tipo específico 
cometido contra as mulheres com forte 
conteúdo de gênero. A intenção é tirar esse 
crime da invisibilidade.” 
Carmen Hein de Campos, advogada doutora 
em Ciências Criminais e consultora da CPMI-
VCM.

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