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E-book da unidade 1

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ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO
Denise A. M. de Oliveira
1ª Edição, 2022
EAD
Reitor e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de graduação: Afonso Cardoso Ligório 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
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Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener 
Educação Adventista a Distância
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; 
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; 
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Editor associado: Werter Gouveia
Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões
Editora Universitária Adventista
Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos
Presidente Mantenedora Unasp (IAE): Maurício Lima
1ª Edição, 2022
ALFABETIZAÇÃO 
E LETRAMENTO
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Denise Andrade Moura de Oliveira
Mestra em Educação pelo UNASP - EC
Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira
Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. 
ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.
1 Mb ; PDF
ISBN 978-85-8463-172-8
1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como 
profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.
20-33026 CDD-370.113
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)
Alfabetização e Letramento
1ª edição – 2022
e-book (pdf)
OP 00123_006
Coordenação editorial: Késia Santos
Conteudista: Denise A. Moura de Oliveira
Preparador: Kawanna Cordeiro
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa e Diagramação: William Nunes 
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Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Vanessa Raquel de Almeida Meira
Doutora em Teologia pela Faculdades EST.
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida 
a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo 
em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
ALFABETIZAÇÃO: A HISTÓRIA SOBRE COMO 
ENSINAR A LER E A ESCREVER ............................... 13
Introdução ........................................................................................14
Alfabetização: conhecendo a história da 
escrita ao longo dos tempos ...........................................................15
Conceito de alfabetização ................................................................23
Métodos sintéticos ...........................................................................38
Método alfabético ...................................................................39
Método fônico .........................................................................41
Método silábico .......................................................................45
Métodos analíticos de alfabetização ...............................................48
Método da palavração ............................................................51
Método da sentenciação .........................................................53
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Método do conto .....................................................................54
A didática das cartilhas utilizadas para o 
ensino da leitura e da escrita ...........................................................56
Considerações finais.........................................................................65
Referências .......................................................................................69
COMO A CRIANÇA APRENDE 
A ESCREVER E LER ................................................. 73
Introdução ........................................................................................74
A ressignificação do ensino 
da leitura e da escrita .......................................................................75
Psicogênese da língua escrita .................................................82
Definindo psicogênese da língua escrita ................................86
Níveis da psicogênese 
da alfabetização ...............................................................................88
Procedimentos para classificação 
dos níveis psicogenéticos .......................................................90
Nível silábico ...........................................................................96
Nível alfabético.......................................................................104
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
Processos de construção 
da linguagem escrita .............................................................109
Considerações finais........................................................................114
Referências ......................................................................................117
LETRAMENTO: O SENTIDO DE APRENDER 
E ENSINAR A LER E A ESCREVER .......................... 121
Introdução .......................................................................................122
Letramento: conceito ......................................................................123
Diferenciando letramento ..............................................................137
O letramento na escola ...................................................................148
Letramento: BNCC e PNA ................................................................158
Considerações finais........................................................................170
Referências ......................................................................................173
ALFABETIZAR LETRANDO: 
O TEXTO NA SALA DE AULA .................................. 177
Introdução .......................................................................................178
Alfabetizar letrando: 
centralidade do texto ......................................................................179
Produção escrita a partir do texto ..........................................196
Letramento literário ........................................................................201
Estágios psicológicos da criança ............................................206
Proposta didática com literatura infantil ...............................212
Letramento: um conceito plural .....................................................219
Considerações finais........................................................................225
Referências ......................................................................................229
ALFABETIZAÇÃO: ESTUDO DA 
ESPECIFICIDADE DA LÍNGUA ................................ 233
Introdução .......................................................................................234
Consciência fonológica ...................................................................235
Conceito de palavra.........................................................................246
Rimas e aliterações .........................................................................253A sílaba ............................................................................................256
Consciência fonêmica .....................................................................263
Considerações finais........................................................................273
Referências ......................................................................................277
PARA OTIMIZAR A IMPRESSÃO DESTE ARQUIVO, CONFIGURE 
A IMPRESSORA PARA DUAS PÁGINAS POR FOLHA.
EMENTA
Estudo das concepções da aquisição da 
linguagem e do processo sócio-histórico 
e cultural da alfabetização, articulados 
ao desenvolvimento das práticas 
pedagógicas que promovam o letramento 
do cotidiano e literário na formação 
do leitor/escritor crítico, consciente e 
comprometido com a sociedade.
UNIDADE 1
- Conhecer a história, origem e contribuição dos métodos de ensino 
da leitura e escrita na formação do leitor.
- Conscientizar-se dos referenciais e normas dimensionadas nos 
documentos que regulamentam o ensino e são a base para o 
planejamento pedagógico.
- Identificar as contribuições das abordagens tradicionais, sócio-
histórico-cultural e cognitivista que ressignificaram o ensino e a 
aprendizagem da leitura e da escrita.
ALFABETIZAÇÃO: A HISTÓRIA 
SOBRE COMO ENSINAR 
A LER E A ESCREVER
UNIDADE 1
OB
JE
TI
VO
S
14
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
INTRODUÇÃO
Bem-vindo(a) à disciplina de alfabetização e letramento! 
Nesta unidade apresentaremos a história da leitura e escrita 
ao longo dos tempos com destaque especial a trajetória da 
alfabetização no Brasil. Todos nós passamos por um processo 
de aquisição e aprendizagem da leitura e escrita. Para que isso 
se torne significativo, faça um exercício de memória e procure 
lembrar-se de como foi alfabetizado. Talvez alguns precisem 
da ajuda de alguém ou algum livro ou caderno que tenha 
guardado para poder lembrar-se como o processo aconteceu. 
Somos resultado de uma história de cultura letrada, vivemos 
em uma sociedade centralizada pela escrita, por isso é tão 
necessário termos acesso ao sistema de escrita alfabético. 
Portanto, como professores, precisamos ter conhecimento 
da história da alfabetização e letramento para construir uma 
prática pedagógica significativa.
Estudaremos, então, o conceito de alfabetização, segundo 
alguns teóricos, para compreender como as diferentes 
concepções foram difundidas no Brasil refletindo na prática 
do professor alfabetizador. A compreensão deste conceito nos 
ajuda a pensar criticamente sobre a didática dos métodos e das 
cartilhas utilizados para o ensino da leitura e escrita. Portanto 
outro tema importante em nosso estudo é o conhecimento dos 
15
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
dois grupos de métodos de alfabetização: sintéticos e analíticos. 
Para nosso estudo discutiremos os seguintes temas:
• panorama da alfabetização no Brasil;
• conceito de alfabetização;
• métodos de alfabetização;
• a didática das cartilhas utilizadas para 
o ensino da leitura e da escrita;
Bom estudo!
ALFABETIZAÇÃO: CONHECENDO 
A HISTÓRIA DA ESCRITA AO 
LONGO DOS TEMPOS
Você já pensou como seria viver sem a leitura e a escrita? 
Como já somos adultos alfabetizados, não conseguimos 
imaginar como seria viver em um ambiente ágrafo. Pare um 
pouco e observe que, por onde quer que andemos, encontramos 
algo escrito em placas, letreiros nas paredes, frases escritas 
no chão, nas embalagens ou nas roupas que vestimos. Não 
conseguimos imaginar um mundo sem escrita porque vivemos 
em uma sociedade grafocêntrica, isto é, rodeada por ela. E a 
16
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
escrita que conhecemos hoje é resultado de uma longa história 
de construção do sistema alfabético. 
No início da história da humanidade, a sociedade era ágrafa, 
ou seja, prevalecia a oralidade. De acordo com a tradição judaico-
cristã, quando lemos o livro de Gênesis na Bíblia, podemos 
observar que Deus falou ao criar o mundo e sua comunicação 
com o homem era por meio da fala. Mas tudo o que falamos pode 
ser perdido ao longo do tempo, por isso o próprio Deus sabia da 
importância do registro escrito. Por isso Ele desejou que tudo o que 
falasse fosse registrado para que as futuras gerações conhecessem 
a história e sua vontade para a humanidade. Ao passar as tábuas 
da lei, os mandamentos, à Moisés, Deus entregou por escrito com 
a intenção de que seu povo conhecesse sua vontade e obedecesse a 
seus ensinamentos (Êxodo 24:12). 
Para Isaías, Deus falou: “Vai, pois, escreve isso numa 
tabuinha perante eles, escreve-o num livro, para que 
fique registrado para os dias vindouros, para sempre, 
perpetuamente” (Isaías 30:8). Isso mostra que Deus valorizou a 
escrita e desejava que seu povo soubesse ler e escrever para ter 
acesso às suas orientações e adquirisse conhecimento. Por isso 
fomos criados com capacidade e habilidade de criar, memorizar 
e gravar os símbolos da escrita.
17
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
A história da escrita, portanto, faz parte da história da 
humanidade e surgiu por volta de 3.000 anos antes de Cristo. 
No entanto a escrita não apareceu do jeito que conhecemos 
hoje, mas percorreu fases distintas conhecidas como: a pictórica, 
a ideográfica até chegar a fase alfabética. Veja um exemplo de 
pintura rupestre representado nas figuras 1 e 2 a seguir:
Figura 1 – Pintura rupestre: escrita feita com pinturas e desenhos rudimentares
Fonte: Shutterstock
Figura 2 – Escrita ideográfica: sistema de escrita que utiliza desenhos ou símbolos para representar uma ideia
Fonte: Shutterstock
18
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A escrita surgiu por uma necessidade de registrar 
itens do dia a dia e para melhorar a comunicação nos seus 
registros (FISHER, 2009, p. 25). Os primeiros rudimentos 
da escrita foram feitos em forma de desenhos conhecidos 
como pictogramas, observados nas pinturas rupestres. No 
entanto, logo percebeu-se que essa forma de comunicação 
apresentava muitas limitações, pois os “pictogramas não 
estão associados a um som, mas à imagem do que se quer 
representar. Consistem em representações bem simplificadas 
dos objetos da realidade” (CAGLIARI, 2004, p. 108). 
A fase ideográfica foi marcada por desenhos 
denominados ideogramas que eram símbolos gráficos que 
procuravam representar uma ideia. Esses desenhos, ao 
longo do tempo, perderam seus traços representativos e 
passaram a ser uma convenção da escrita. Um exemplo 
dessa escrita são os hieróglifos egípcios e a escrita suméria 
(CAGLIARI, 2004, p. 108). Na fase alfabética da escrita 
já observamos o uso de letas que são uma evolução dos 
ideogramas, “mas perderam o valor ideográfico, assumindo 
uma nova função de escrita: a representação puramente 
fonográfica” (CAGLIARI, 2004, p. 109). Observe na figura 3:
19
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Figura 3 – Escrita cuneiforme
Fonte: Shutterstock
Na escrita cuneiforme criada pelos sumerianos recebeu esse 
nome por ser escrita em forma de pequenas cunhas gravadas 
em tabletes de argila. Os egípcios, no entanto, registravam sua 
escrita em um “papel” produzido por uma planta chamada 
papiro que nasce as margens do rio Nilo. A escrita cuneiforme, 
diferente da escrita pictográfica, surgiu, porque a memória não 
podia mais conter todas as informações e foi necessária para 
organizar melhor as transações comerciais (SOARES, 2020, 
p. 23). As escritas pictográficas ou ideográficas tornavam-se 
muito limitadas para esse tipo de registro nas sociedades mais 
desenvolvidas e estruturadas.
20
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
SAIBA MAIS
As civilizações foram se formando ao longo do tempo 
e quanto mais se desenvolviam, mais complexas torna-
vam-se, e foi nesse contexto que surgiu a escrita. Para 
que os registros contábeis se tornassem mais precisos, 
foi necessária uma forma de escrita mais precisa. Surge 
então a escrita cuneiforme na Suméria e os hieróglifos 
no Egito. Conheça mais sobre ahistória da escrita as-
sistindo ao vídeo disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=tUWIpzYaKXw. Acesso em: 16 dez. 2021.
Os sistemas de escrita primitivos procuravam 
representar o significado das palavras, ou seja, desenhos ou 
símbolos que representavam o objeto. Os desenhos dessa 
forma representavam aquilo que o sujeito queria falar. Eram 
ideias simples e não havia dificuldade para compreensão, 
mas para poder expressar conceitos mais complexos, 
tornou-se muito limitado. Portanto, apesar da prática exigir 
muito da memória, o significado pode ser representado 
nos sistemas pictográficos e ideográficos, como na cultura 
chinesa (SOARES, 2020, p. 46). Então temos dois sistemas 
de escrita: aqueles que representam o significado: escrita 
ideográfica e os sistemas baseados no significante: escrita 
fonográfica. Segundo Cagliari (2004): 
https://www.youtube.com/watch?v=tUWIpzYaKXw
21
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
os sistemas baseados nos significados são, em geral, 
pictóricos, iconicamente motivados pelos significados 
que querem transmitir, e dependem fortemente dos 
conhecimentos culturais que operam. (...) O outro tipo de 
sistema de escrita é o baseado no significante e depende 
essencialmente dos elementos sonoros de uma língua para 
poder ser lido e decifrado (CAGLIARI, 2004, p. 114-115).
No entanto, muitos sistemas de base ideográficas foram 
sendo modificados, evoluindo para o sistema de escrita 
alfabética. Foi com os fenícios que surgiu um sistema com 
base no significante, representação dos sons e não dos seus 
significados (SOARES, 2020, p. 46). Em nossa sociedade atual, 
podemos encontrar algumas linguagens que são expressas por 
pictogramas como os sinais de trânsito, por exemplo. Mas nem 
tudo pode ser compreendido apenas por ícones ou imagens. 
Na sala de aula, é importante que o alfabetizador apresente 
a história da escrita para os alunos porque a criança percorre 
esse mesmo caminho na compreensão do sistema alfabético. 
A primeira compreensão da criança sobre a escrita é acreditar 
que precisa de desenhos para escrever pois, para ela, não é 
possível ler os “símbolos”. Por isso é comum a criança fazer 
desenhos e acreditar que está escrevendo, pois para ela é lógico 
e visualmente concreto. À medida que amadurece, percebe que 
22
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
essa forma de escrita é limitada, pois não consegue expressar 
tudo o que deseja. Ao observar a escrita convencional, começa a 
imitar os padrões da escrita criando situações bem interessantes 
que podem ser compreendidas com os estudos da psicogênese 
da língua escrita, como analisaremos mais adiante.
SAIBA MAIS
Conheça alguns livros de literatura infantil que podem 
ser usados na classe de alfabetização para enriquecer o 
trabalho em sala de aula. O professor precisa, no entan-
to, avaliar e discutir com as crianças se as informações 
estão de acordo com os ensinamentos bíblico-cristãos.
• BAUSSIER, S. A pequena história da escrita. 
Editora SM, 2005.
• COSTA, S. Escrita: uma grande invenção. Editora 
Dimensão, 2011.
• ROCHA, R. A história da escrita. Ed. 
Melhoramentos, 2000.
• ZATS, L. Aventura da escrita: a história do 
desenho que virou letra. Editora Moderna, 2012.
O professor cristão precisa conhecer uma variedade de 
livros de literatura infantil que podem ser usados em salas 
de aula de alfabetização ajudando a criança a compreender e 
23
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
conhecer a história da escrita, mas deve lembrar-se de avaliar e 
discutir com as crianças se as informações estão de acordo com 
os ensinamentos bíblico-cristãos.
CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO
Você pode pensar: qual a necessidade de conhecer o 
conceito de alfabetização? Parece óbvio, não é? Um tema 
muito popular e bem compreendido por todos parece 
dispensar apresentações. Na realidade, o estudo conceitual de 
alfabetização ganhou destaque no círculo educacional no início 
da década de 1990 para esclarecer a concepção de alfabetizar 
sob a perspectiva do letramento, conceito que analisaremos 
na continuidade dos estudos. Mas antes, vamos deter-nos um 
pouco na compreensão desse conceito no campo da semântica e 
na opinião de alguns educadores.
Alfabetizar, segundo Magda Soares (2004, p. 31), “é 
tornar o indivíduo capaz de ler e escrever”. Portanto, o 
indivíduo que não domina a leitura e escrita é considerado 
analfabeto. Alguns autores podem ajudar na compreensão 
desse conceito. Para a professora Leda Tfouni (2005, p. 15 
e 17), a alfabetização está intimamente ligada à instrução 
formal e às práticas escolares e “[...] é definida principalmente 
24
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
em temos mecânicos e funcionais ou domínio de habilidade 
fundamentais”. Para Nucci (2001, p. 53), é o domínio de 
um código, isto é, a aquisição de uma tecnologia. Segundo 
Kleiman (2005, p. 13), a prática de alfabetização acontece em 
sala de aula onde o alfabetizador “se encarrega de ensinar 
sistematicamente as regras de funcionamento e uso do código 
alfabético aos iniciantes no assunto (os alunos). Portanto, 
alfabetização tem a ver com o domínio de um conjunto de 
saberes sobre o código escrito da língua para participar de 
práticas letradas. Para a autora também é o processo de 
aquisição das primeiras letras. 
Para Magda Soares (2018), a alfabetização, no sentido mais 
completo do termo, envolve o domínio de três facetas: faceta 
linguística, faceta interativa e faceta sociocultural. No conceito 
de alfabetização com foco no domínio de um código, destaca-
se a faceta linguística da língua escrita, pois é a representação 
visual da cadeia sonora da fala.
O objeto de conhecimento é a apropriação do sistema 
alfabético-ortográfico e das convenções da escrita, 
objeto que demanda processo cognitivos e linguísticos 
específicos e, portanto, desenvolvimento de estratégias 
específicas de aprendizagem (SOARES, 2018, p. 29).
25
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Na BNCC, o processo de alfabetização é o conhecimento 
e o domínio da mecânica do código, isto é, o alfabetizado será 
capaz de dominar a especificidade da língua e compreender 
como se estrutura o sistema alfabético. Para tanto, será 
necessário que alguns conceitos sejam apresentados no processo 
de alfabetização: o professor precisa conhecer e dominar esse 
código para poder construir uma prática pedagógica efetiva e o 
aluno, para dominar as peculiaridades da língua e desenvolver 
competências e habilidades de leitura e escrita. Observe alguns 
conhecimentos necessários ao aprendizado da língua escrita de 
acordo com a BNCC: 
1.Diferenciar desenho/grafismo (símbolos) 
de grafemas/letras (signos).
2. Codifica e decodifica fonemas e grafemas 
(consciência fonológica).
3. Conhecer o alfabeto maiúsculo, minúsculo 
em letras de imprensa e cursiva.
4. Desenvolver a capacidade de reconhecimento global 
de palavras (que chamamos de leitura “incidental”, 
como é o caso da leitura de logomarcas em rótulos), que 
será depois responsável pela fluência na leitura.
26
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
5. Perceber quais sons se deve representar na escrita e como.
6. Construir a relação fonema-grafema: a 
percepção de que as letras estão representando 
certos sons da fala em contextos precisos.
7. Perceber a sílaba em sua variedade como 
contexto fonológico desta representação.
8. Compreender diferenças entre escrita e outras 
forma gráficas (outros sistemas de representação).
9. Dominar as convenções gráficas (letras 
maiúsculas e minúsculas, cursiva e script).
10. Saber decodificar palavras e textos escritos.
11. Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras.
12. Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de 
texto que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e 
rapidez de leitura (fatiamento). (BRASIL, 2018, p. 91 e 93).
Para os autores Cagliari e Cagliari (1999), existem algumas 
noções necessárias para o sujeito ler e escrever no sistema de escrita 
alfabéticoconhecendo a natureza, função e usos da língua. Para os 
autores ler e escrever é uma tarefa complexa que exige o domínio 
27
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
de muitos conceitos técnicos e linguísticos (Idem, p. 157), por isso, 
consideram essas noções importantes para que o alfabetizado possa 
ler uma simples palavra ou ler um enunciado ou texto:
1. Ser falante nativo da língua 
2. Saber a diferença entre desenho e escrita 
3. Não se escreve com rabiscos
4. A fala, aparece na escrita, segmentada em palavras 
5. O que é palavra
6. Controlar o significado das palavras nas segmentações
7. Controlar as sequências de sons das palavras nas segmentações
8. Saber segmentar a fala para a escrita
9. Escreve-se com letras
10. Alfabeto como conjunto de letras
11. Letra unidade abstrata
12. Categorização das letras - unidade na variedade 
28
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
13. O nome das letras 
14. Princípio acrofônico como chave da decifração
15. Princípio acrofônico como ponto de partida.
16. Categorização gráfica 
17. Variação gráfica das letras. 
18. Variação funcional das letras.
19. Categorização funcional das letras: relação 
entre letra e som – regras ortográficas.
20. Ortografia como volta ao sistema ideográfico.
21. A ortografia como forma congelada de escrita, 
neutralizando a variação linguística.
22. Ortografia determina o valor que as letras têm.
23. Variação escrita e fala.
24. Palavras variam de acordo com as 
regras fonológicas e morfológicas.
29
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
25. Escrita não é transcrição fonética.
26. Não se escreve qualquer letra.
27. Identificar sinais da escrita.
28. Aspectos secundários das letras.
29. Ler não é só decodificar, mas pensar uma mensagem. 
(CAGLIARI e CAGLIARI, 1999, p. 135 a 156).
O educador Morais (2012) acrescenta que, para o sujeito 
ser alfabetizado com sucesso, é necessário apropriar-
se do sistema de escrita alfabética, por isso ele elenca as 
propriedades que o aprendiz precisa reconstruir para se 
tornar alfabetizado: 
1. Escreve-se com letras, que não podem ser 
inventadas, que têm um repertório finito e que são 
diferentes de números e de outros símbolos.
2. As letras têm formatos fixos e pequenas variações 
produzem mudanças na identidade das mesmas (p, q, b, d), 
embora uma letra assuma formatos variados (P, p, P, p). 
30
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
3. A ordem das letras no interior da 
palavra não pode ser mudada;
4. Uma letra pode se repetir no interior de uma palavra 
e em diferentes palavras, ao mesmo tempo em que 
distintas palavras compartilham as mesmas letras; 
5. Nem todas as letras podem ocupar certas 
posições no interior das palavras e nem todas as 
letras podem vir juntas de quaisquer outras; 
6. As letras notam ou substituem a pauta sonora das palavras 
que pronunciamos e nunca levam em conta as características 
físicas ou funcionais dos referentes que substituem; 
7. As letras notam segmentos sonoros menores 
que as sílabas orais que pronunciamos; 
8. As letras têm valores sonoros fixos, apesar de 
muitas terem mais de um valor sonoro e certos sons 
poderem ser notados com mais de uma letra; 
9. Além de letras, na escrita de palavras, usam-se, também, 
algumas marcas (acentos) que podem modificar a 
tonicidade ou o som das letras ou sílabas onde aparecem; 
10. As sílabas podem variar quanto às combinações entre 
consoantes e vogais (CV, CCV, CVV, CVC, V, VC, VCC, 
31
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
CCVCC...), mas a estrutura predominante no português é a 
sílaba CV (consoante – vogal), e todas as sílabas do português 
contêm, ao menos, uma vogal. (MORAIS, 2012, p. 51).
De acordo com Morais (2012), esses conceitos tornam-se 
automáticos à medida em que o sujeito domina a escrita, no 
entanto, cabe ao professor apresentá-los de forma significativa, 
levando os alunos a reconstruírem o conhecimento e não 
apenas transmitir informações de um código. Sendo assim, o 
domínio do sistema alfabético é essencial ao alfabetizando para 
que ele tenha pleno acesso ao mundo letrado.
SAIBA MAIS
Assista ao vídeo sobre o que é alfabetização e refor-
ce seu aprendizado sobre esse tema: https://youtu.be/
ID5HKqX1uV8. Acesso em: 22 dez. 2021.
Mas como alfabetizar? Essa é uma pergunta que preocupa 
pais e, principalmente, professores. Muitos não desejam o 
posto de alfabetizadores por considerarem esse um papel 
desafiador e uma responsabilidade muito grande. Geralmente 
pensam: e se meu aluno não aprender a ler? O que fazer? 
Como ensino formal é intencional, o objetivo da alfabetização 
é ensinar a ler e a escrever. Então, o professor alfabetizador 
https://youtu.be/ID5HKqX1uV8
32
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
procura a melhor maneira de atingir esse objetivo e permitir 
que seus alunos se tornem leitores efetivos. Por isso, na 
história da alfabetização há uma busca por melhores métodos 
ou a melhor maneira de ensinar a ler e a escrever.
O que é o método? Um método é o caminho que o 
professor escolhe percorrer para atingir os objetivos que 
definiu previamente. Para isso, é preciso que o professor 
conheça o princípio e a fundamentação dos diferentes 
métodos, pois toda prática pedagógica está embasada em 
teorias ou abordagens que sustentam as ações em sala de aula 
de forma consciente ou inconsciente. Se a prática é realizada 
apenas por imitação de outras práticas, não há reflexão e 
consciência das ações, torna-se apenas uma reprodução do 
conhecimento de outros. Assim, é preciso compreender o que 
o professor pensa, como se expressa, o que espera do aluno e 
como entende o processo ensino-aprendizagem.
No processo de alfabetização, a proposta empirista é a 
que mais influencia os métodos de alfabetização. O empirismo 
entende que o conhecimento é derivado da experiência e 
o aprendizado acontece de fora para dentro, numa relação 
estímulo-resposta. Portanto, essa abordagem “não considera 
a mente como um componente fundamental para justificar o 
processo de aquisição” (DEL RÉ, 2006).
33
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
As abordagens tradicionais de ensino baseiam-se na 
proposta empirista que tem como teorias de aprendizagem 
o behaviorismo e o conexionismo. Para o behaviorismo, a 
criança é uma tábua rasa e o conhecimento é o resultado da 
experiência, adquirido por imitação e reforço que depende do 
meio. O conexionismo ou associacionismo reflete o pensamento 
empirista “admite que o cérebro e suas redes neurais sejam 
responsáveis pelo aprendizado instantâneo” (DEL RÉ, 2006, p. 
19). Para essa abordagem, a relação estímulo-resposta acontece 
na mente e não apenas por estímulos externos.
Para o racionalismo, todo aprendizado acontece na 
mente do sujeito que já nasce com a habilidade de aquisição 
do conhecimento. Os inatistas, ou racionalistas, não negam a 
influência do meio, mas acreditam que a criança pensa e cria 
sobre o objeto de conhecimento. Para eles, as estruturas já estão 
prontas, precisam ser ativadas ou construídas, daí o termo 
construtivismo. Baseiam-se nessa abordagem o pensamento 
cognitivista e o interacionista. 
O cognitivismo tem como fundamento os estudos 
de Jean Piaget, acreditando que as estruturas mentais se 
organizam pela interação do sujeito com o mundo. Segundo 
o autor, no entanto, não é apenas uma aquisição inata do 
conhecimento é preciso ter experiência, isto é, interação do 
34
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
sujeito com o objeto com o mundo físico. Piaget organiza 
o desenvolvimento em diferentes estágios desde que a 
criança nasce até a idade adulta. Piaget declara que o 
desenvolvimento mental é contínuo como a construção de 
um grande prédio à medida que novas informações vão 
sendo acrescentadas, esse desenvolvimento vai tornando-se 
mais sólido (PIAGET, 1999, p. 14). 
O desenvolvimento da criança, segundo o autor, 
acontece em estágio, popularmente conhecidos como: 
sensório-motor (recém-nascidoe o lactante de 0 a 2 
anos); pré-operatório (primeira infância de 2 a 7 anos); 
operatório concreto (7 aos 11/12 anos) e operações formais 
(adolescência em diante). Outro conceito importante 
desenvolvido por Piaget, principalmente no contexto da 
alfabetização, é a ideia de que a aprendizagem acontece 
pelo processo de desequilíbrio, adaptação, acomodação, 
assimilação para finalmente voltar ao estado de equilíbrio. 
A ação humana consiste neste movimento contínuo e perpétuo 
de reajustamento ou de equilibração. É por isso que nas 
fases de construção inicial, se pode considerar as estruturas 
mentais sucessivas que produzem o desenvolvimento 
como formas de equilíbrio, onde cada uma constitui um 
progresso sobre as precedentes. (PIAGET, 1999, p. 16).
35
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Podemos exemplificar o caso de uma criança no processo 
de alfabetização que já conhece algumas letras e escreve a 
palavra “GZUZ” para “Jesus”. Essa criança está em estado 
confortado entendendo que a letra “G” é o suficiente para 
representar a sílaba “JE” da palavra “Jesus”. Ela utilizou um 
conhecimento que já tinha assimilado para uma nova situação 
e considera que está correto. Mas, ao confrontar a sua escrita 
com a escrita convencional, verifica que está incompleta, 
pois a escrita da primeira sílaba é “JE” e não “G” e cria-se 
um estado de desequilíbrio. Ao entender esse novo conceito, 
a criança passa, então, por todo processo de acomodação, 
assimilação e equilíbrio novamente.
SAIBA MAIS
Para compreender melhor sobre os estágios de de-
senvolvimento mentais e o pensamento de Piaget, 
recomenda-se a leitura do primeiro capítulo “Desen-
volvimento mental da criança” do livro de Piaget, “Seis 
estudos de Psicologia”.
O interacionismo, ou sociointeracionismo, tem como base 
os estudos de Lev Vygotsky, que propõe que o conhecimento 
se constrói pela interação e diálogo entre os sujeitos (DEL 
RÉ, 2006, p. 23). Essa teoria é muito conhecida no meio 
36
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
educacional como histórico-social ou histórico-crítica afirmando 
a importância da interação com outras pessoas para o 
desenvolvimento e aquisição de conhecimentos pelo indivíduo, 
pois Vygotsky acreditava que o aprendizado acontecia por 
intermediação da linguagem. Para o autor “o homem se faz 
homem na interação com seus semelhantes, sendo o seu EU 
formado a partir das relações que estabelece com as outras 
pessoas” (VALLE, 2013, p. 29). 
Vygotsky destaca dois níveis: o real, aquele conhecimento 
que a criança já sabe; e o potencial, aquilo que a criança 
ainda não consegue fazer sozinha, precisa da mediação de 
outra pessoa. Uma concepção importante no pensamento 
de Vygotsky que abrange as anteriores é a zona de 
desenvolvimento proximal definida como a “distância 
entre seu desenvolvimento real, que se costuma determinar 
através da solução independente de problemas, e o nível 
de seu desenvolvimento potencial, determinado através 
da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou 
em colaboração com companheiros capazes” (Vygotsky, 
1988, p. 35). Ou seja, sob a orientação do professor ou colega 
mais experiente um conhecimento potencial hoje torna-se 
conhecimento real amanhã. Para o autor, o desenvolvimento 
total do indivíduo acontece da seguinte forma: “a função 
primordial da linguagem, tanto nas crianças como nos adultos, 
37
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
é a comunicação, o contato social. Por conseguinte, a fala 
mais primitiva das crianças é uma fala essencialmente social” 
(Vygotsky, 1988, p. 24). Por isso a interação entre as pessoas 
no processo de desenvolvimento da mente é essencial no 
pensamento deste autor.
O livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol 
(1865, p. 81), Alice, a protagonista da história, encontra-se 
numa encruzilhada e não sabe para onde seguir. Então ela 
pergunta ao gato que caminho ela deve seguir e ele responde: 
- “Isso depende muito do lugar para onde você quer ir”. Mas 
Alice não sabia para onde ir. Diante disso, a resposta do gato 
é bem interessante: - “Se não sabe para onde ir, qualquer 
caminho serve!”. Esse é um diálogo muito usado para ilustrar 
a importância de o professor saber o que vai ensinar e como irá 
conduzir o processo ensino-aprendizado. 
Se o ensino não é pensado e planejado, os objetivos não 
serão alcançados, então, o professor precisa conhecer as 
diferentes abordagens de aquisição de conhecimento para 
organizar o seu fazer pedagógico em sala de aula e avaliar qual 
o melhor caminho para checar na alfabetização de seus alunos. 
Por isso, os educadores procuram por métodos eficazes para o 
ensino, e a grande discussão gira em torno de dois grupos de 
métodos: os analíticos e os sintéticos. 
38
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
MÉTODOS SINTÉTICOS
Os métodos de base sintética são os mais tradicionais e 
antigos, de acordo com Barbosa (1991), pois surgiram desde 
a antiguidade. O ensino por esses métodos sempre parte do 
simples para o complexo, da parte para o todo. Isso quer 
dizer que, no ensino da língua, o início do aprendizado é por 
elementos que compõem a palavra: letras, sílabas e seus sons. 
Portanto, os métodos sintéticos estabelecem correspondência 
entre oral e escrito, som e grafia partindo dos elementos 
mínimos da escrita (FERREIRA e TEBEROSKY, 1999). Para 
Barbosa (1991), acontece “num processo de cumulativo, a 
criança aprende as letras, depois as sílabas, as palavras, frases 
e, finalmente, o texto completo”. Complementando essa ideia, 
Isabel Frade (2007) comenta:
os métodos sintéticos se baseiam num mesmo pressuposto: 
o de que a compreensão do sistema de escrita se faz 
sintetizando/juntando unidades menores, que são analisadas 
para estabelecer a relação entre a fala e sua representação 
escrita, ou seja, a análise fonológica (FRADE, 2007, p. 23).
Os métodos sintéticos, portanto, dão ênfase na 
decodificação e codificação durante o processo de 
alfabetização, sendo a leitura e a escrita processos mecânicos 
39
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
de aprendizagem da língua. No 
entanto, o que podemos observar é 
que, apesar de ser uma prática antiga, 
ainda encontramos apoio para esses 
métodos na sala de aula. Estudaremos, a 
seguir, cada um desses métodos que são 
denominados: alfabético, fônico e silábico.
MÉTODO ALFABÉTICO
Também conhecido como método 
da soletração, esse é o mais antigo 
de todos. Segundo Frade (2007), 
quando se organizaram as aulas 
simultâneas a partir do século 19, foi 
necessário material didático e um 
deles foi a cartilha ABC. Esse método 
tem como base o ensino das letras, 
pois acreditava-se que para a criança 
aprender a ler e a escrever precisaria 
saber o nome das letras. Depois de 
aprendido o alfabeto, o procedimento 
didático desse método acontecia da 
seguinte forma: “combinavam-se 
Para os 
métodos 
sintéticos, 
o ensino da 
língua deve 
partir da parte 
para o todo, 
começando 
com as letras, 
fonemas e 
sílabas. 
40
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
consoantes com vogais, formando sílabas, para finalmente 
chegar a palavras e frases” (SOARES, 2018). 
Além disso, tinha como base a repetição das letras com o 
objetivo de memorizar. Depois seguia o processo de soletração: 
G com A = GA; T com O = TO e, se juntarmos tudo, temos 
GATO. A ênfase dada às partes da palavra fazia com que a 
criança tivesse dificuldade de identificar o significado final 
dela, pois nem sempre o nome das letras corresponde ao som 
que emitem. Segundo Carvalho (2014), “o objeto maior da 
soletração é ensinar a combinatória de letras e sons”.
A leitura propriamente dita fica para uma segunda etapa. 
Esse mecanismo não é claro para a criança que acaba queixando-
se de conhecer as letras, mas não saber juntá-las. Além disso, a 
criança dependia da ajuda do professor para compreender o que 
leu e a leitura tornava-se um exercício árduo e desinteressante 
afastando o prazer pela leitura (SOARES,1977). Segundo o 
educador Galhardo (1939 apud. Mortatti, 2000), esse método 
era um absurdo, um martírio para as crianças que soletravam e 
formavam sílabas numa toada monótona. 
O método baseia-se na associação de estímulos visuais e auditivos, 
valendo-se apenas da memorização como recurso didático - o nome 
das letras é associado à forma visual, as sílabas são aprendidas 
41
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
de cor e com elas se formam palavras isoladas. Não se dá atenção 
ao significado, pois as palavras são trabalhadas fora do contexto. 
Trata-se de processo árido, com poucas possibilidades de desperta 
o interesse para a leitura, que pressupõe uma separação radical 
entre alfabetização e letramento. (CARVALHO, 2014, p. 22).
Apesar desse caminho penoso para a alfabetização, a BNCC 
(2018) destaca que uma das capacidades/habilidades a desenvolver 
no processo de leitura e escrita é conhecer o alfabeto, reconhecer 
os grafemas e o nome de cada letra (BRASIL, 2018). De qualquer 
forma, esse conceito deve ser aprendido em um contexto específico 
de usos do alfabeto no qual seja facilitado o aprendizado como, por 
exemplo, a soletração de um nome para a compreensão da escrita e 
ainda, localizar ou organizar nomes em ordem alfabética. 
MÉTODO FÔNICO
Outro método que pertence ao grupo dos métodos 
sintéticos é o fônico (ou fonético), que surgiu em substituição ao 
método alfabético e foi muito usado nas décadas de 1960 e 1970. 
Sob influência da linguística, o método fônico tem como base a 
oralidade, onde a unidade mínima de som da fala é o fonema 
(FERREIRO e TEBEROSKY, 1999). Como esse método dá ênfase 
também à decodificação, muitas vezes o sentido ou a ideia da 
leitura é perdido. 
42
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Em seu procedimento, a criança aprende primeiro 
os fonemas associados aos grafemas correspondentes. O 
ponto de partida são as vogais que depois são associadas 
às consoantes sempre com apoio de ilustrações. No início, 
as letras eram apresentadas camufladas nas imagens o 
que confundia pois o formato da letra se perdia na figura 
(SOARES, 1977). Era ensinado um par de fonema/grafema 
por vez, só seria apresentado um novo par depois que o 
primeiro tivesse sido assimilado (FERREIRO e TEBEROSKY, 
1999). Assim iam juntando as letras, formando sílabas e 
depois palavras, sempre partindo de relações fonema/
grafema, do mais simples para o mais complexo. Começando, 
então, pelos fonemas de relação biunívoca, como F ou B para 
os de relação não biunívoca.
IMPORTANTE
Para entender melhor o que são as relações de biunivocidade, veja o que 
Lemle (1987) diz: “chama-se correspondência biunívoca aquela em que o 
elemento de um conjunto corresponde a apenas um elemento de outro con-
junto, ou seja, é de um para um, em ambas as direções” (LEMLE, 1987, p. 17).
43
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
No entanto, essa relação não se aplica para todas as letras, 
pois, em nossa língua, nem sempre a encontramos entre 
fonemas e letras. Geralmente, encontramos mais relações não 
biunívocas onde uma letra pode representar diferentes sons ou 
um som ser representado por diferentes letras. 
Observe: escrevemos BALDE, mas falamos /baudi/; 
escrevemos TESOURA, mas falamos /tizora/ na maior parte 
das regiões do Brasil. Outra limitação do método fônico é 
que articulamos as consoantes, por isso temos dificuldade em 
pronunciá-las sem o apoio das vogais (FRADE, 2007). Assim, 
buscam-se recursos de onomatopeias, como o prolongamento 
do V, imitando o barulho do vento para relacionar fonema/
grafema da letra na palavra “vento”.
Esse método tem a facilidade de ser graduado em 
etapas e de fácil aplicação por um adulto alfabetizado pois 
está de acordo com lógica do adulto. Geralmente é de baixo 
custo e não necessita de muito preparo para a aplicação. 
Também propicia o aprendizado de novas palavras 
mais rapidamente e tem encontrado bom resultado em 
alfabetização de adultos (SOARES, 1977).
44
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Carvalho (2014) destaca dois materiais com base no método 
fônico que foram bem difundidos no Brasil: “A abelhinha” 
(SILVA et al. s.d.) e “A casinha feliz” (MEIRELES e MEIRELES, 
2014) que utilizavam recursos lúdicos como jogos, histórias, 
dramatizações, fantoches, músicas e desenhos como recurso 
para auxiliar na memorização dos fonemas. Esses métodos 
orientam aos professores a contarem as histórias oralmente 
e apenas a apresentarem as palavras que as crianças já 
conseguem decodificar ou aquelas que estão sendo ensinadas. 
As histórias criadas são artificiais e precisam de bons recursos 
para tornar atrativas para as crianças. Além das dificuldades 
técnicas na articulação das consoantes ao serem apresentadas 
isoladamente sem o apoio das vogais (CARVALHO, 2014).
Por volta de 2003, o método fônico foi adaptado para 
o chamado “método das boquinhas”, com a intenção de 
desenvolver habilidades fono-vísuo-articulatórias. Com 
base em estudos de diferentes autores na área da linguística. 
Jardini (2012) apresenta uma proposta de desenvolvimento 
da consciência fonológica e fonêmica por meio de exercícios 
de treinamento em que a criança visualiza o formato da boca 
correspondente ao som desejado (confira na figura 4). O método 
das boquinhas possui material didático para trabalhar com as 
crianças e cursos preparatórios para professores.
45
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Figura 4 – Alfabeto do método das boquinhas
 
Fonte: JARDINI (2012, p. 249)
MÉTODO SILÁBICO
Esse método da base sintética foi, provavelmente, o mais 
utilizado no Brasil. No método silábico a unidade sonora é 
a sílaba, porque cada emissão sonora da fala pronunciamos 
uma sílaba. Não se destacam os sons da língua, porque as 
consoantes são emitidas apoiadas nas vogais, por isso a sílaba, e 
não as letras como unidade linguística. Assim como no método 
fônico, o ponto de partida são as vogais que depois são unidas 
46
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
as consoantes para formar as famosas famílias silábicas: ba – 
be – bi – bo – bu; ma – me – mi – mo – mu, e assim por diante. 
“São apresentadas palavras-chave, utilizadas apenas para 
indicar as sílabas, que são destacadas das palavras e estudadas 
sistematicamente em famílias silábicas” (FRADE, 2007). 
A apresentação das sílabas é proposta de acordo com 
a visão do adulto: da mais simples para a mais complexa, 
partindo das combinações como: consoante - vogal e vogal –
vogal para outras combinações como consoante – consoante 
– vogal. No entanto, nem sempre o que é simples para o adulto 
pode ser simples para a criança.
Um exemplo claro de equívoco sobre o que é mais fácil para 
a criança é iniciar o trabalho nos métodos silábicos com a 
apresentação das vogais, seguidas dos “encontros vocálicos”. 
Acontece que as sílabas compostas por uma vogal ou por 
encontro vocálico, como não coincidem com o padrão mais 
frequente do português, podem ser de difícil apreensão pelos 
alunos. Por outro lado, uma sílaba que os autores de cartilha 
considerem complexa, tal como, o “tra” da palavra trator, 
pode ser de fácil apreensão, porque é muito utilizada em 
palavras que os alunos conhecem (FRADE, 2007, p. 30). 
As novas palavras, frases ou pequenos textos sugeridos são 
compostas somente por sílabas que já foram estudadas. As sílabas 
47
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
trabalhadas são sempre relacionadas a 
palavra-chave, essa ficha técnica é conhecida 
como princípio acrofônico (ba de baleia) e 
isso orienta a formação de novas palavras, 
como na figura 5: 
Figura 5 – Exemplo de princípio acrofônico
BARATA
BA da BALEIA
RA da ARARA
TA do TATU
Fonte: elaborada pelo autor
O método silábico é bem fácil de ser 
aplicado e, assim como o método fônico, 
qualquer adulto alfabetizado pode aplicar, 
pois não exige muito material. Os livros 
didáticos ou cartilhas são encontrados 
com facilidade e o aluno precisa treinar 
e completaras tarefas. No entanto, 
por ser um processo mecânico, pode 
sobrecarregar a memória com muitas 
“decorebas” e repetições e o aluno perde 
o interesse pela leitura porque o foco está 
nos “pedacinhos” das palavras, perdendo 
o sentido do texto (SOARES, 1977). 
PRINCÍPIO ACROFÔNICO
“É um conjunto de regras que 
usamos para decifrar os valores 
sonoros das letras. Num primei-
ro momento, atribuímos a cada 
letra o som que é dado pelo seu 
nome. Depois, somamos os sons 
para descobrir que palavras está 
escrita” (CAGLIARI, 1998).
48
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Na década de 1980, sob a influência dos estudos da 
psicolinguística, as cartilhas silábicas foram abolidas das escolas. 
No entanto, as novas propostas de alfabetização apresentavam 
uma proposta muito diferente do que se trabalhava até então 
e muitos professores sentiram-se desamparados nessa nova 
realidade. Aqueles alfabetizadores que participaram de cursos de 
capacitação ou estudaram sobre as novas propostas, conseguiram 
mudar a didática de sala de aula, muitos professores seguiam 
essa metodologia por meio de atividades escritas, as “folhinhas”, 
que apresentavam os mesmos exercícios encontrados nas 
cartilhas. Portanto, o material não estava presente em sala de 
aula, mas os alfabetizadores tinham interiorizado o método 
silábico e não tinham consciência disso (WEISZ, 2009).
MÉTODOS ANALÍTICOS 
DE ALFABETIZAÇÃO
Pense em quando você quer montar um quebra-cabeça, 
primeiramente dispõe todas as pequenas peças espalhadas na mesa 
e já procura a imagem correspondente àquelas pecinhas. É difícil 
começar a montar o quebra-cabeça sem que possa visualizar a figura 
completa. Observando a figura toda, você é capaz de localizar as 
partes e completar o todo encaixando cada peça no seu lugar. Essa é 
a proposta dos métodos analíticos.
49
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Esses métodos propõem um ensino significativo da leitura 
e escrita partindo do todo para as partes, ou seja, “unidades 
maiores e portadoras de sentido – a palavra, a frase e o texto” 
(SOARES, 2018). Depois do reconhecimento dessas unidades 
maiores, as unidades menores serão reconhecidas e analisadas 
isoladamente para, depois, juntar-se ao todo novamente. 
Educadores escolanovistas como Decroly e Claparède 
apresentaram propostas de ensino da leitura com textos ou 
palavras ligados ao cotidiano da criança para que o ensino 
fosse mais significativo. Essa proposta deu origem aos 
métodos globais e propôs uma mudança total em relação 
aos métodos sintéticos: “começar por unidades amplas 
como histórias ou frases para chegar em nível de letra e 
de som, mas sem perder de vista o texto original e seu 
significado” (CARVALHO, 2014).
Os defensores dos métodos analíticos apresentam algumas 
justificativas para o ensino e a aprendizagem:
1. A linguagem funciona como um todo; 
2. Existe um princípio de sincretismo no 
pensamento infantil: primeiro percebe-se o 
todo para depois se observar as partes; 
50
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
3. Os métodos de alfabetização devem 
priorizar a compreensão;
4. No ato da leitura, o leitor se utiliza de 
estratégias globais de reconhecimento; 
5. O aprendizado da escrita não pode ser feito por 
fragmentos de palavras, mas por seu significado, 
que é muito importante para o aprendiz;
6. A escola tem que acompanhar os interesses, a 
linguagem e o universo infantil e, portanto, as palavras 
percebidas globalmente também devem ser familiares e 
ter valor afetivo para a criança (FRADE, 2007, p. 32). 
No entanto, nem sempre é simples para a lógica do 
adulto alfabetizado trabalhar com os métodos analíticos, 
o professor deve ser especializado e orientado para 
que o aprendizado seja efetivo. Geralmente, não havia 
material didático para esses métodos, e isso constituía uma 
dificuldade para o trabalho em sala de aula. 
A principal desvantagem apontada é que, muitas vezes, a 
aplicação dos métodos analíticos negligência o desenvolvimento 
da capacidade de ler palavras novas e deixa em segundo 
plano a exploração de textos diferentes dos utilizados durante 
o processo de alfabetização (MAGALHÃES, 2005, p. 2)
51
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Sendo assim, esse grupo de 
métodos procura começar o trabalho 
a partir de unidades que tenham um 
sentido em si, visto que, letras, sons ou 
sílabas quando isoladas, não possuem 
um significado. Os métodos analíticos 
são organizados em: palavração, 
sentenciação e contos/historietas. 
MÉTODO DA PALAVRAÇÃO
Como o nome já sugere, esse 
método tem como unidade linguística 
a palavra. De acordo com Gilda Rizzo 
Soares (1977), Comenius foi o precursor 
desse método em 1657 com sua obra 
“Orbis Pictus” onde condena o uso das 
tediosas soletrações. Por isso no método 
da palavração é apresentada uma 
lista de palavras que são aprendidas 
globalmente e são familiares aos alunos.
O método da palavração foi 
introduzido no Brasil em 1880, pela 
Para os 
métodos 
analíticos, 
o ensino da 
língua deve 
começar por 
unidades 
maiores, do 
todo para as 
partes.
52
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
“Cartilha Maternal” de João de Deus divulgada por Silva 
Jardim que condenava a soletração e a silabação como 
sendo métodos artificiais e transitórios. Para o educador o 
método da palavração era definitivo porque
 [...] lê-se desde logo a palavra, partindo da mais fácil 
para a mais difícil, da simples para a composta (...) 
como aprendemos a falar? Falando palavras; como 
aprenderemos a ler? É claro que lendo essas mesmas 
palavras. A palavração, pois, é o único processo racional; 
(Silva Jardim 1884, p.12, apud Mortatti, 2000, p. 48). 
Observe na Figura 6: 
Figura 6 - Cartilha João de Deus
 
Fonte: Mortatti, 2000, p. 226
53
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Nesse método as palavras são apresentadas em 
agrupamento e as crianças aprendem a identificar 
visualmente, memorizando a palavra globalmente com 
auxílio de figuras e repetições. Depois desse procedimento, 
a atenção da criança é voltada para a estrutura das palavras: 
sílabas, sons e letras, para então formarem novas palavras. 
Se não houver o processo de análise e síntese das palavras, o 
método será falho (SOARES, 1977).
MÉTODO DA SENTENCIAÇÃO
Esse método é uma continuidade do método da 
palavração. A justificativa do uso da sentença é porque 
apresenta uma ideia completa e são expressões orais das 
crianças. São pequenas frases que fazem sentido, a partir de 
um tema selecionado e de interesse das crianças (SOARES, 
1977). Depois da discussão do tema, 
o professor lê, em seguida, com entonação adequada 
(marcando bem as pausas a fim de tornar bastante clara 
a expressão da ideia). Depois os alunos são orientados a 
procurar palavras semelhantes dentro da sentença. E depois 
da 2ª ou 3ª lição, começam a formar grupos de palavras 
semelhantes as primeiras (SOARES, 1977, p. 29 e 30).
54
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Depois desse procedimento, as crianças devem fazer 
o reconhecimento das palavras à primeira vista e análise 
dos elementos, as sílabas, sons e letras para formar novas 
palavras. No entanto, de acordo com Soares (1977), esse 
método não foi empregado no Brasil.
SAIBA MAIS
Como parte do grupo de métodos analíticos ou globais, 
os métodos da palavração e sentenciação têm bases 
bem semelhantes. Partem de uma unidade linguística 
que faz sentido na compreensão da língua. Conheça 
mais sobre esses métodos acessando: https://prezi.com/
uv1qc4c8mvt5/metodo-palavracao-e-sentenciacao/. 
Acesso em: 20 dez. 2021.
MÉTODO DO CONTO
O método do conto ou historietas apresentam pequenos 
texto para o ensino da língua pois, a semelhança do método 
da sentenciação, o texto tem um sentido mais completo. A 
intenção desse método é desenvolver a compreensão da leitura 
e estimular o prazer de ler. Depois da leitura do texto, é feita a 
análise das unidades menores: palavras, sílabas, sons e letras 
(MAGALHÃES, 2005, p. 2). 
https://prezi.com/uv1qc4c8mvt5/metodo-palavracao-e-sentenciacao/55
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Os textos são escolhidos de acordo com o interesse da 
criança e apresentam eventos com começo, meio e fim, e treina 
a “habilidade de antecipar e seguir uma sequência de ideias, 
e ainda relacioná-las entre sim mantendo-as na memória” 
(Soares, 1977, p. 33). Porém esse método exige “decorebas” 
dos pequenos textos das cartilhas e exige um controle do 
vocabulário para facilitar a decomposição das palavras 
(SOARES, 2018, p. 19). Segundo Soares (2018, p. 19), tanto os 
métodos sintéticos como os métodos analíticos têm o objetivo 
de ensinar o sistema alfabético-ortográfico da escrita. 
Embora se possa identificar, nos métodos analíticos, a intenção 
de partir também do significado, da compreensão, seja no nível 
do texto (método global), seja no nível da palavra ou da sentença 
(método da palavração, método da sentenciação), estes – textos, 
palavras, sentenças- são postos a serviço da aprendizagem do 
sistema de escrita: palavras são intencionalmente selecionadas 
para servir à sua decomposição em sílabas e fonemas, sentenças 
e textos são artificialmente construídos, com rígido controle 
léxico e morfossintático, para servir à sua decomposição 
em palavras, sílabas, fonemas. (SOARES, 2018, p. 19)
Para a autora, as crianças dependem de estímulos externos 
nas duas concepções de alfabetização para apropriar-se 
da língua como uma tecnologia da escrita. Aparentemente 
opostos, os dois grupos de métodos “inserem-se no mesmo 
56
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
paradigma pedagógico e no mesmo paradigma psicológico: o 
associacionismo” (SOARES, 2018, p. 20). Isso quer dizer que, 
a preocupação dos métodos sintéticos e analíticos é a mesma: 
ensinar as relações fonema-grafema o que muda é apenas a 
concepção de como serão ensinadas.
SAIBA MAIS
A discussão sobre qual método adotar na alfabetização é 
muito antiga. Entendemos, então, a importância da for-
mação do professor para avaliar como deve acontecer a 
sistematização da alfabetização para que a criança domi-
ne tanto a especificidade da alfabetização como entendi-
mento de texto. Por isso é necessário repensar a questão 
do método. Para saber mais, assista a entrevista de Magda 
Soares, disponível em: https://www.youtube.com/wat-
ch?v=mAOXxBRaMSY. Acesso em 11 jan. 2023.
A DIDÁTICA DAS CARTILHAS UTILIZADAS 
PARA O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA
Vamos agora conhecer um pouco da história das cartilhas 
no Brasil, talvez pareça um pouco repetitivo, pois tem como 
base o método sintético, mas como a maior parte dos brasileiros 
participou dessa história, foi separado um destaque especial 
https://www.youtube.com/watch?v=mAOXxBRaMSY
57
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
a esse tema para conhecermos um pouco mais sobre o papel 
desse material nas escolas brasileiras. Talvez você tenha sido 
alfabetizado com uma dessas cartilhas, ou quem sabe seus 
pais ou avós, mas com certeza, se perguntar por aí, alguém vai 
conhecer o famoso: ba – be – bi – bo – bu. 
As cartilhas ganharam popularidade no Brasil a partir do 
início do século 20. Mas a “Cartilha da Infância”, de Galhardo, 
ganhou divulgação nacional em 1880 e a 225ª edição ainda 
circulava em 1979. O método dessa cartilha era o silábico pois 
Galhardo julgava o método da soletração um absurdo e entre 
esse e o palavração, achou apropriado adotar a silabação 
(MORTATTI, 2000). Temos uma história muito extensa desse 
modelo de cartilha silábica no Brasil. Observe a lista abaixo 
baseada em Barbosa (1991): 
• 1880: A cartilha da infância
• 1880: A cartilha nacional
• 1920: Cartilha para o ensino rápido da leitura
• 1928: Cartilha do povo
• 1940: Cartilha Sodré
58
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
• 1945: O livro da Lili
• 1949: Cartilha Caminho Suave
As cartilhas tradicionais apresentam uma concepção 
de língua como uma transcrição fonética, isto é, escreve-
se da maneira que se fala (WEISZ, 2009, p. 56). As cartilhas 
mencionadas têm como base o método silábico e seguem uma 
estrutura muito semelhante: palavra-chave ilustrada com um 
desenho; sílaba geradora; família silábica; lista de palavras com 
sílabas e letras já trabalhados; exercícios de treino das novas 
palavras, ditado ou cópia; texto para treino de leitura.
A cada lição é apresentada uma unidade silábica 
começando com as vogais, depois as sílabas simples de 
combinação CV (consoante-vogal) para então trabalhar 
as chamadas sílabas complexas e encontros consonantais 
(CAGLIARI, 1998, p. 81 e 82). Isso pode gerar um problema 
para os alunos, pois a relação grafema-fonema é apresentada 
como um “casamento monogâmico” e acabam entendendo no 
sistema alfabético há sempre essa relação (SILVA, 2004, p. 151). 
A linguagem é apresentada de forma simplista onde sílabas são 
compostas por letras, palavras por sílabas e o texto um conjunto 
de frases (MORTATTI, 2000 -B, 43). Segundo Cagliari (1998, p. 
82), é uma visão distorcida da linguagem.
59
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Esse material faz da escrita uma 
atividade de cópia e ditado, uso da 
memória para reconhecer as famílias 
silábicas e essa “forma de trabalhar está 
relacionada à crença de que primeiro o 
menino tem de aprender a ler e a escreve 
dentro do sistema alfabético, fazendo uma 
leitura mecânica, para depois adquirir uma 
leitura compreensiva” (WEIZ, 2009, p. 58).
Outro problema da cartilha é a ênfase 
dada a silabação das palavras. A criança 
acaba entendendo que para ler a palavra 
precisa identificar cada pedacinho, pois 
é uma soma de “tijolinhos” e a criança 
entende que ler é diferente da fala 
passando a ler artificialmente. Ao final da 
leitura, a criança não consegue entender 
o que leu, pois fica preocupada em ler 
as sílabas. “A cartilha ensina os alunos a 
silabarem e depois quer que leiam com 
fluência” (CAGLIARI, 1998, p. 85). 
Segundo Carvalho (2014, p. 87) “ler 
não é apenas juntar sílabas em palavras 
Nas cartilhas, 
a língua é 
apresentada 
de forma 
mecânica 
com foco na 
decodificação e 
codificação da 
escrita. 
60
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
e palavras em frases, ou seja, não basta 
ser alfabetizado para compreender o 
que se lê”. E ainda reforça que “a escola 
pode e deve contribuir para a formação 
de leitores, adotando práticas de leitura 
e escrita que reforcem a busca de 
significados, da compreensão, e não a 
simples decodificação.” 
Para Cagliari (1998, p. 94) “a pior 
consequência da cartilha da maneira 
como a cartilha trata a escrita na 
alfabetização decorre inegavelmente da 
sua concepção de texto.” Na realidade os 
“textos cartilhados” ou “pseudotextos” 
das cartilhas têm o objetivo de treinar 
a leitura, ou seja, são elaborados com 
intenções pedagógicas e, por isso, não 
podem ser considerados gêneros textuais, 
pois não têm uma função social. Além 
disso, “não lidam adequadamente com 
os elementos coesivos e, às vezes, nem 
com a coerência discursiva, o que faz 
deles péssimos exemplos para os alunos” 
(CAGLIARI, 1998, p. 89). 
TEXTOS CARTILHADOS 
OU PSEUDOTEXTOS
são textos que não têm uma 
função e usos social, mas ape-
nas uma intenção pedagógica: 
ensinar o mecanismo da leitu-
ra e da escrita.
61
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
Observe o texto da cartilha na figura 7 abaixo. A ênfase está 
em apresentar palavras com a letra “B” e a família silábica na 
composição de sílabas canônicas (CV). O texto não apresenta 
coerência além de, quase em um formato de silogismo, afirmar 
que “o bebê é bobo”. Esse é o modelo de texto apresentado 
nas cartilhas tradicionais e os alunos, ao longo do processo, 
produzirão esse padrão na escrita, mas serão cobrados a 
produzirem textos coesos e coerentes. 
Figura 7 – Exemplo de cartilha
 
Fonte: LIMA, B. A., 2006, p. 34 e 35
Esse modelo de escrita da cartilha influencia a produção 
escrita da criança, principalmente a das camadas populares, 
pois geralmente não tem a presença de livros. As crianças de 
62ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
classe privilegiadas vivenciam outra experiência e já tem uma 
percepção diferente da escrita pois fazem parte de um:
contexto cultural com livros, e ouvem histórias que 
lhes leem, percebem com facilidade que os textos 
das cartilhas não são texto “para ler”, são frases para 
“aprender a ler” e que as “composições” ou os exercícios 
de “expressão escrita” que fazem são apenas para 
“aprender a escrever” (SOARES, 2017, p. 105)
Observe a escrita de um aluno de camadas populares que 
escreveu obedecendo o modelo de texto da cartilha:
A PIPA
A pipa é de Fábio.
A pipa voa... voa...
A pipa avoa no azul do céu.
A pipa é bonita.
Fábio solta a pipa.
A pipa é verde.
A pipa vai longe. 
Que pipa bonita. (SOARES, 2017, p. 105)
Esse aluno não escreveu como expressão da própria 
criatividade, pois escolheu o tema “pipa” por fazer parte da 
63
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
‘lição” que está estudando e emprestou o nome da personagem 
do texto da cartilha. Para ele, o texto é uma junção de frases 
soltas, com palavras que já foram trabalhadas, construídas 
numa estrutura sem coesão ou coerência. Percebemos a forte 
influência da cartilha na produção escrita desta criança e o 
distanciamento de textos reais que fazem parte do cotidiano 
deles (SOARES, 2017, p. 106).
Porque as cartilhas dirigem demais a vida da escola, o aluno 
tem que seguir apenas um caminho, por onde passam todos; só 
pode pensar conforme o método manda e fazer apenas o que 
está previsto no programa. Para alguns alunos, esse “caminho” 
até que é “suave” no começo, mas depois quando acaba a 
cartilha e se veêm na situação de ter que lidar não apenas com 
elementos já dominados, como na cartilha, mas com o novo 
e desconhecido, então não sabem mais progredir, aprender 
e a escola que parecia tão organizada, torna-se uma enorme 
confusão para essas crianças. Aquilo que parecia tão organizado 
na cartilha, torna-se um caos fora dela e o aluno, geralmente 
não tem mais a quem recorrer.” (ROJO, 1998, p. 66 e 67)
O professor alfabetizador tem a consciência de como a 
língua funciona e avalia sua concepção de texto favorecendo 
a produção escrita dos alunos. “O texto é uma unidade 
significativa, uma passagem que faz sentido. É mais do que 
a soma de palavras e frases” (CARVAHO, 2014, p. 49). Por 
64
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
isso as cartilhas são artificiais e não têm relação com a vida 
e experiências das crianças (CARVAHO, 2014, p. 33). O 
professor precisa entender que deve haver uma intercessão 
entre o mundo da escola e fora da escola, um contribui para a 
ampliação e enriquecimento do outro.
Em 14 de abril 1997, o jornal Folha de São Paulo publicou 
a avaliação do MEC sobre os livros didáticos e entre esses 
foram avaliadas 51 cartilhas. Dessas, três foram aprovadas 
sem distinção; nove foram aprovadas com ressalvas; trinta 
não foram recomendadas e nove reprovadas. A crítica feita 
a esses livros foi em relação aos textos. Eram incoerentes e 
absurdos e apresentavam uma concepção limitada de texto. 
Argumentaram que os textos eram compostos por uma 
sequência de frases curtas com o objetivo único de ensinar ou 
fixar sílabas sem intenção comunicativa real. 
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre essa avaliação do MEC consulte o 
site: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/5/14/coti-
diano/7.html. Acesso em: 20 dez. 2021.
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/5/14/cotidiano/7.html
65
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
A mudança em relação ao ensino tradicional das cartilhas 
surgiu com os estudos cognitivistas de base piagetiana. Esse 
novo paradigma pressupõe a “prevalência da aprendizagem 
sobre o ensino, deslocando o foco do professor para o aprendiz” 
(SOARES, 2018, p. 21). A criança, nessa proposta, constrói seu 
conhecimento sobre a língua, daí o nome construtivismo, uma 
teoria onde os métodos se apoiam. Pela interação com textos 
reais de leitura, o aprendiz compreende o conceito da língua 
escrita como um sistema de representação dos sons da fala por 
sinais gráficos (idem). Segundo a autora “o construtivismo 
não propõe um novo método, mas uma nova fundamentação 
teórica e conceitual do processo de alfabetização e de seu objeto, 
a língua escrita” (SOARES, 2018, p. 22). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos aqui, a importância de conhecer um pouco da 
história da escrita para entender como é a trajetória da criança 
no processo de alfabetização, pois ela repete esta história. 
Portanto consideramos como é necessário ao alfabetizador, 
em sua formação, compreender a grande responsabilidade 
que tem diante de tantas questões metodológicas adotando 
66
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
uma prática pedagógica que contribua positivamente na 
trajetória de alfabetização da criança. A discussão sobre 
métodos de alfabetização possui uma história muito extensa 
de polêmicas e controvérsias sobre qual método adotar 
ou não. Os métodos sintéticos e analíticos foram (ou são) 
o centro da “guerra dos métodos” ao longo da história da 
alfabetização no Brasil. Os métodos tradicionais e inovadores 
aqueceram os debates sobre qual é mais eficiente ou contribui 
para facilitar o aprendizado da leitura e escrita. 
 Muitos estudos e materiais têm sido produzidos 
fortalecendo o diálogo entre teoria e prática na intenção de 
melhorar a qualidade das nossas crianças no período de 
alfabetização. É preciso que a aquisição da língua escrita 
seja um processo significativo e marcado por experiências 
positivas, pois a trajetória da alfabetização apenas baseado 
na decodificação e treinos mecânicos não contribui para o 
aprendizado real da leitura e escrita. Esse modelo de didática 
torna o ensino da língua artificial afastando a criança da 
realidade da escrita, pois o que ela vê na escola está bem 
distante do seu cotidiano.
Portanto, concluímos que a prática pedagógica não é 
apenas uma decisão sobre esse ou aquele método para a 
67
ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
solução dos problemas de alfabetização, mas está associada 
à formação do professor, pois deve ter consciência dos 
conceitos e especificidades da língua para o aprendizado 
da leitura e escrita. Por isso a importância de conhecer 
as diferentes abordagens de ensino-aprendizagem que 
sustentam os métodos de alfabetização. Cabe ao professor 
avaliar uma proposta de ensino onde o aluno é ativo, pense 
sobre a escrita e seja capaz de construir o seu próprio 
aprendizado sob a intervenção do professor. 
RESUMO
Nesta unidade aprendemos que:
• É importante conhecer a trajetória da escrita ao longo dos 
tempos para compreender como a criança reconstrói a sua 
própria história da escrita. No início da história da humanidade, 
a sociedade era ágrafa, ou seja, prevalecia a oralidade. À 
medida que as sociedades foram tornando-se mais complexas, 
houve a necessidade de um registro, pois a memória não 
comportava mais todas as informações. Então, conhecemos 
a história de povos e culturas que participaram da formação 
da escrita alfabética atual, como os sumérios e os egípcios. 
68
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
• No processo de alfabetização há várias habilidades que o 
indivíduo precisa dominar para ser plenamente alfabetizado 
cabe ao professor apresentá-los de forma significativa, 
levando os alunos a reconstruírem o conhecimento e não 
apenas transmitirem informações de um código. Por isso o 
domínio do sistema alfabético é essencial ao alfabetizando 
para que tenha pleno acesso ao mundo letrado.
• Na alfabetização há diferentes caminhos a seguir, por 
isso é importante o professor ter conhecimento sobre 
os fundamentos dos diferentes métodos para trabalhar 
com os seus alunos de forma que a alfabetização 
seja significativa. Neste caminho há duas vertentes 
principais: os empiristas, com base na experiência, e os 
racionalistas, que valorizam os processos mentais.
• A contribuição de Piaget e Vygotsky abriu espaço para pensar 
o processode alfabetização de modo mais abrangente. 
Para Piaget, o desenvolvimento da criança acontece por 
estágios acumulando informações no seu aprendizado a 
partir da experiência com o objeto de conhecimento. Já 
Vygotsky dá grande importância a interação da criança 
com o adulto ou colega mais experiente para ajudá-la 
no processo de aquisição de novos conhecimentos.
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ALfABETIzAçãO: A hIsTóRIA sOBRE COMO ENsINAR A LER E A EsCREvER
• No caminho para o aprendizado da leitura e escrita, há 
dois grupos de métodos: os sintéticos e os analíticos. O 
primeiro grupo, parte das menores unidades da língua, 
ou seja, vai da parte para o todo. Já o segundo grupo, faz 
o caminho oposto, vai da parte maior para a menor. 
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WEISZ, T. Diálogo entre ensino e aprendizagem. São Paulo: 
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	Alfabetização: a história sobre como ensinar 
a ler e a escrever
	Introdução
	Alfabetização: conhecendo 
a história da escrita ao 
longo dos tempos
	Conceito de alfabetização
	Métodos sintéticos
	Método alfabético
	Método fônico
	Método silábico
	Métodos analíticos 
de alfabetização
	Método da palavração
	Método da sentenciação
	Método do conto
	A didática das cartilhas utilizadas para o ensino da leitura e da escrita
	Considerações finais
	Referências
	Como a criança aprende 
a escrever e ler
	Introdução
	A ressignificação do ensino 
da leitura e da escrita
	Psicogênese da língua escrita
	Definindo psicogênese da língua escrita
	Níveis da psicogênese 
da alfabetização
	Procedimentos para classificação 
dos níveis psicogenéticos
	Nível silábico
	Nível alfabético
	Processos de construção 
da linguagem escrita
	Considerações finais
	Referências
	Letramento: o sentido de aprender e ensinar a ler e a escrever 
	Introdução
	Letramento: conceito
	Diferenciando letramento 
	O letramento na escola
	Letramento: BNCC e PNA
	Considerações finais
	Referências
	Alfabetizar letrando: o texto na sala de aula
	Introdução
	Alfabetizar letrando: 
centralidade do texto
	Produção escrita a partir do texto
	Letramento literário
	Estágios psicológicos da criança
	Proposta didática com literatura infantil
	Letramento: um conceito plural
	Considerações finais
	Referências
	Alfabetização: estudo da especificidade da língua
	Introdução
	Consciência fonológica
	Conceito de palavra
	Rimas e aliterações
	A sílaba
	Consciência fonêmica
	Considerações finais
	Referências
	Botão 1: 
	Botão 2: 
	Botão 3: 
	Botão 4: 
	Botão 5:

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