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Ebook da unidade 4

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ARTE E 
CORPOREIDADE
Janaina Silva Xavier
1ª Edição, 2022
EAD
Reitor: Martin Kuhn 
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Douglas Jefferson Menslin
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Cardoso Ligório
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas 
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes 
Pró-reitor de educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva 
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Lima
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener 
Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos
Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; 
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; 
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; 
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; 
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas
Editor-chefe: Rodrigo Follis
Gerente administrativo: Bruno Sales Ferreira
Editor associado: Werter Gouveia
Responsável editorial pelo EaD: Luiza Simões
Comercial e marketing: Francileide Carvalho
Vendas corporativas: Julio Cesar Ribeiro
Editora Universitária Adventista
1ª Edição, 2022
ARTE E 
CORPOREIDADE
Editora Universitária Adventista 
Engenheiro Coelho, SP
Janaina Silva Xavier
Licenciada em Artes Visuais, Especialista em 
Patrimônio Cultural, Mestre em Memória 
Social e Patrimônio Cultural (UFPEL), Mestre 
em Museologia (USP), Doutora em Artes 
Visuais (UNICAMP).
Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira
Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. 
ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020.
1 Mb ; PDF
ISBN 978-85-8463-172-8
1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como 
profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título.
20-33026 CDD-370.113
Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)
Arte e corporeidade
1ª edição – 2022
e-book (pdf)
OP 00123_161
Coordenação editorial: Luisa Simões
Preparação: Marcos Faria
Revisão:Peres Salles
Projeto gráfico: Ana Paula Pirani 
Capa: Jonathas Sant’Ana
Diagramação: Kenny Zukowski
Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp
Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900
Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 
www.unaspress.com.br
Editora Universitária Adventista
Validação editorial científica ad hoc:
Suzie Adriana Signori Caetano
Doutora em Artes Visuais pelo 
Instituto de Artes da UNICAMP
Editora associada:
Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida 
a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo 
em breves citações, com indicação da fonte.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO A ARTE E CORPOREIDADE ............... 13
Introdução ........................................................................................14
A arte e suas finalidades ..................................................................15
O que é arte? ...........................................................................16
Finalidades da arte ..................................................................21
Sistema das artes ....................................................................25
Arte e educação ......................................................................27
A importância da música ................................................................33
A produção musical ................................................................34
Educação musical ....................................................................35
A experiência musical .............................................................40
Contribuições da música .........................................................41
O corpo humano e a corporeidade ..................................................44
O desenvolvimento corporal ...................................................46
Capacidades sensoriais iniciais ...............................................48
Desenvolvimento motor .........................................................51
A psicomotricidade .................................................................58
Considerações finais.........................................................................60
Referências .......................................................................................63
CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
SOBRE ARTE E CORPOREIDADE .............................. 67
Introdução ........................................................................................68
Fundamentos da linguagem visual ................................................69
Ponto .......................................................................................71
Linha ........................................................................................73
Formas e planos ......................................................................76
Qualidades do som ..........................................................................79
Intensidade..............................................................................82
Duração ...................................................................................89
Altura .......................................................................................96
Timbre ....................................................................................105
Desenvolvimento corporal ..............................................................113
Atividades para a percepção corporal....................................116
Tomada de consciência do 
corpo pela verbalização ........................................................117
Atividades de imitação de gestos e atitudes ........................120
Orientação do próprio corpo ..................................................123
Considerações finais........................................................................124
Referências ......................................................................................128
EXPRESSÕES ARTÍSTICAS E MOTORAS ................. 133
Introdução .......................................................................................134
Poéticas visuais na arte moderna ..................................................136
Explorando as obras de arte ..................................................137
Arte moderna europeia..........................................................138
Arte moderna brasileira .........................................................146
Obras de arte para crianças....................................................151
Análise iconográfica e iconológica ........................................156
Apreciação musical ........................................................................159
Escuta interativa .....................................................................163
Memória auditiva ...................................................................165
Percepção auditiva .................................................................166
Ouvinte atento........................................................................167
Funções psicomotoras ...................................................................172
Esquema corporal ..................................................................174Imagem corporal....................................................................176
Lateralidade............................................................................177
Coordenação geral .................................................................178
Orientação espaço temporal ..................................................180
Ritmo corporal .......................................................................182
Considerações finais........................................................................183
Referências ......................................................................................187
VO
CÊ
 ES
TÁ
 A
QU
I
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE ..... 191
Introdução .......................................................................................192
A expressão artística da criança......................................................193
As aulas de artes ....................................................................194
Os conteúdos de arte .............................................................196
Por que arte na escola? ..........................................................199
O que os alunos aprendem 
nas aulas de arte? ..................................................................200
Avaliando o trabalho em arte ................................................207
A educação da voz ..........................................................................210
A função fonadora..................................................................211
A laringe da criança ...............................................................213
A muda vocal .........................................................................214
Respiração e articulação ........................................................216
O trabalho vocal na pré-escola ..............................................218
Trabalho vocal a partir de 8 anos ...........................................220
Execução das canções ............................................................221
A expressividade motora ...............................................................225
O sujeito e o movimento ........................................................229
O sujeito e o espaço ...............................................................232
O sujeito e o tempo ................................................................234
O sujeito e os objetos .............................................................237
Considerações finais........................................................................239
Referências ......................................................................................242
VO
CÊ
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TÁ
 A
QU
I
EMENTA
Aborda os fundamentos das linguagens 
artísticas, visuais, musicais e a expressão 
corporal no contexto escolar como meio 
de estimular a cidadania, o pensamento, 
a sensibilidade, a percepção, a estética e a 
imaginação. Explora repertórios eruditos, 
populares e folclóricos, capacitando o 
docente para a promoção do trabalho 
educativo na infância em arte e 
corporeidade com caráter intencional e 
fundamentado teoricamente.
- Criar atividades pedagógicas artísticas, 
de musicalização e de psicomotricidade 
que ampliem a expressão de modo crítico 
e ativo dos estudantes.OB
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O ENSINO DA ARTE E DA 
PSICOMOTRICIDADE 
UNIDADE 4
192
ARTE E CORPOREIDADE
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao nosso estudo sobre arte e corporeidade. 
É muito importante que o educador infantil se aproprie 
de conhecimentos que permitam que ele crie atividades 
pedagógicas artísticas, de musicalização e de psicomotricidade 
que ampliem a expressão de modo crítico e participante das 
crianças. Para tanto, é relevante conhecer a complexidade 
do desenvolvimento infantil em cada uma de suas fases. Os 
primeiros anos da criança são muito ricos em experiências e 
exploração cognitiva, cinestésica e afetiva do mundo e do outro. 
Para isso, a criança se utiliza das expressões artísticas, musicais 
e corporais, com as quais ela manifesta o que está aprendendo. 
Por isso, o professor é peça fundamental em orientar, corrigir e 
avaliar esse processo com segurança.
Cada manifestação da criança é carregada de informações 
para o educador, que deve observar e registrar no diário de 
evolução do aluno. Desse modo ele terá melhores condições 
de avaliar o desempenho do estudante, informar a escola e os 
responsáveis por ela sobre o seu processo pedagógico. 
Neste estudo, você aprenderá sobre as aulas, os conteúdos, 
os benefícios, os aprendizados e a avaliação do trabalho 
em artes. Compreenderá os cuidados com a voz a partir da 
193
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
compreensão da função fonadora, da laringe da criança, da 
muda vocal, da respiração, da articulação, do trabalho vocal 
na pré-escola e séries iniciais, das atividades com o canto e os 
vocalizes. Por fim, verá como se desenvolve a psicomotricidade 
a partir dos níveis de expressão motora, o sujeito e suas relações 
com o tempo, o espaço e os objetos. 
Portanto, ao final deste estudo, esperamos que você tenha 
aprendido sobre: 
• A expressão artística da criança;
• A educação da voz;
• A expressividade motora.
Bom estudo!
A EXPRESSÃO ARTÍSTICA DA CRIANÇA
As crianças são muito expressivas e se manifestam com 
naturalidade verbal, plástica e corporalmente, revelando suas 
sensações, seus sentimentos e suas vivências intensamente. Elas 
desenham, pintam, dançam, cantam com interesse genuíno 
e, no contato com adultos e com outras crianças, interagem e 
aprimoram suas experiências e descobertas.
194
ARTE E CORPOREIDADE
Ao realizar suas atividades, a criança, frequentemente, é 
criativa e fantasiosa, exercitando suas habilidades sensoriais 
e motoras. Por isso, o trabalho do professor é aprimorar essas 
potencialidades perceptivas, enriquecendo suas experiências 
de conhecimento estético, orientando-as para ver, ouvir, 
tocar, perceber e analisar, de forma individual e coletiva. 
Por consequência, ao desenvolver a percepção, a imaginação 
e a expressão, a criança terá uma significativa melhora no 
aprendizado da língua, da matemática, das ciências naturais 
e humanas.
AS AULAS DE ARTES
Muitas escolas e professores ainda utilizam desenhos 
prontos para as crianças colorirem, em outras o desenho é 
livre, sem direcionamento ou um objetivo pedagógico. Em 
muitos casos se observa aulas de artes muito precárias, com 
tempo, conteúdos e objetivos pouco definidos e avaliações 
que não conseguem estimar o desenvolvimento dos alunos. 
A partir dessa realidade, é preciso que os professores reflitam 
sobre a natureza do conhecimento artístico e de como deve ser 
ensinado e aprendido os conteúdos de artes. 
195
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
A arte é um objeto de conhecimento que demanda 
competências técnicas científicas, históricas, além de 
habilidades de criação e inovação. O espírito humano tem 
uma necessidade básica de ordenamento, inventividade e 
classificação. A arte revela a consciência criadora, favorece 
a integração entre o pensamento racional e emocional, 
contribui para o enriquecimento da experiência humana e o 
reconhecimento dos valores universais. Por isso, ao trazer as 
obras de arte para a sala de aula, o professor não deve ensinar 
que uma produção é mais avançada ou evoluída do que outra, 
nem mais correta.
Nas aulas de artes, o aluno pode exercitar suas habilidades 
perceptivas e imaginativas. Para tanto, a escola deve favorecer 
essa experiência, possibilitando que essas potencialidades 
aflorem e se desenvolvam. O professor pode apresentar o 
conteúdo gradativamente: pontos, linhas, cores, volumes, 
tamanhos e texturas. Além disso, ele também deve ajudar 
as crianças a apreciar o conjunto das composições artísticas, 
seus significados e importância. Aquilo que a criança faz – 
pintura, desenho, dobradura – não deve ser visto como um 
produto artístico, mas sim como um processo, que deve ser 
acompanhadoatentamente pelo professor.
196
ARTE E CORPOREIDADE
A criação artística permite uma forma de conhecimento e 
comunicação com múltiplos significados que se traduzem por 
meio das linhas, formas, cores, texturas etc. Assim, a arte é um 
modo particular de utilização da linguagem e cada criança irá 
criar um tipo diferenciado de comunicação. As formas artísticas 
podem significar coisas diferentes, de acordo com a experiência 
de cada um.
É essencial que a criança desenvolva a capacidade de 
discriminar as coisas por meio da visão, do tato e da linguagem, 
em exercícios de imaginação, comparação, organização, 
combinação, aproximação e descrição. Isso porque as crianças 
não se limitam a copiar o que vem, mas realizam exercícios 
mentais e desenvolvem habilidades motoras e visuais.
OS CONTEÚDOS DE ARTE 
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, nas aulas 
de artes devem ser desenvolvidos conteúdos relacionados ao:
1. Fazer artístico: desenhar, pintar, colar, moldar, 
gravar, dobrar etc. A criança também deve 
reconhecer e utilizar os elementos da linguagem 
197
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
visual e experimentar diferentes técnicas, 
buscando desenvolver sua expressão pessoal.
2. Apreciação significativa: o aluno deve apreciar 
uma diversidade de obras visuais, aprendendo 
a reconhecer as diferenças culturais, os 
significados expressivos, identificar as técnicas 
e os elementos da linguagem visual.
3. Contextualização cultural e histórica: estudo 
das obras de arte, dos artistas, dos estilos, 
dos produtos culturais por meio da leitura 
de textos, estudo das imagens, visita aos 
museus, galerias, ateliês e oficinas de arte.
Figura 22 – O currículo de artes na escola
FAZER ARTÍSTICO
APRECIAÇÃO SIGNIFICATIVA
CONTEXTUALIZAÇÃO
Fonte: elaborado pela autora
Nas séries iniciais, nas aulas de artes, os alunos devem 
experimentar exercícios de desenho, pintura, colagem, 
escultura, gravura, modelagem; produzir a partir dos elementos 
198
ARTE E CORPOREIDADE
básicos da linguagem visual relações entre ponto, linha, plano, 
cor, textura, forma, volume, luz, ritmo, movimento e equilíbrio. 
É importante também a observação e a análise das formas que 
produziu e do processo pessoal e as produções dos colegas.
Ele pode ter contato e reconhecimento das propriedades 
expressivas e construtivas dos materiais, suportes, 
instrumentos, procedimentos e técnicas na produção de formas 
visuais, experimentando e utilizando materiais e técnicas 
artísticas diversas como pincéis, lápis, giz de cera, papéis, tintas, 
argila e outros meios. A criança deve reconhecer diferentes 
produtos artísticos: pinturas, esculturas, fotografias, desenhos, 
gravuras e vídeo. Ela também tem potencial para frequentar 
espaços de fruição cultural: museus, galerias, ateliês e oficinas. 
Toda a produção artística da criança precisa ser organizada em 
registros pessoais organizados em formas de portfólios, onde 
possa ser observada a evolução do seu percurso criativo.
No processo de conhecimento da arte, a apreciação de 
obras de arte é o canal de compreensão da experiência sensível. 
Diante de uma obra de arte, a criança é sensibilizada e passa 
a desenvolver habilidades de percepção, intuição, raciocínio 
e imaginação. Assim, há uma comunicação entre o artista e 
o espectador, mediado pela obra de arte, com o auxílio do 
professor. A emoção estética desencadeia experiências internas 
199
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
significativas. Durante a produção artística, o aluno relaciona 
e soluciona questões propostas pelo professor, organizando 
elementos artísticos: linhas, pontos, cores e formas. Portanto, 
conhecer arte envolve o pensamento, a intuição, a imaginação e 
os sentimentos.
POR QUE ARTE NA ESCOLA?
O estudo da arte pode trazer muitos benefícios para a 
educação do aluno:
• A arte na escola assegura aos educadores o acesso à 
leitura e escrita de textos das linguagens não verbais.
• A arte na escola favorece a construção do 
cidadão consciente, participativo, crítico, 
sensível e transformador da sociedade.
• Melhora a compreensão em todos 
os conteúdos e disciplinas.
• Permite aos alunos acesso ao patrimônio 
cultural da humanidade.
• Desenvolve a criatividade e as habilidades artísticas.
• Leva à compreensão de mundo.
200
ARTE E CORPOREIDADE
• É fundamental para o desenvolvimento do 
pensamento artístico e da percepção estética.
• Amplia a sensibilidade, a percepção, 
a reflexão e a imaginação.
• Colabora com o crescimento, em igualdade 
de condições dos níveis cognitivo, afetivo e 
perceptivo (VENTRELLA; LIMA, 2006, p. 41). 
O QUE OS ALUNOS APRENDEM 
NAS AULAS DE ARTE?
O estudo da arte proporciona o desenvolvimento de várias 
competências e habilidades nos estudantes. Por meio dela os 
alunos:
• Aprendem a comunicar ideias, pensamentos e 
sentimentos por meio de linguagens não verbais.
• Aprendem a manipular, organizar, compor, 
significar, decodificar, interpretar, produzir, 
conhecer textos não verbais.
• Aprendem a produzir e ler textos nas 
linguagens não verbais. 
• Aprendem que arte é conhecimento 
e não brincadeira e lazer.
201
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
• Aprendem a comunicar-se por meio 
das linguagens artísticas.
• Aprendem a ser mais criativos.
• Aprendem coordenação motora, 
noção espacial e lateralidade.
• Aprendem a estabelecer um diálogo com 
a arte e expressar-se por meio dela.
• Aprendem e desenvolvem atitudes e 
habilidades que participam da alfabetização 
(VENTRELLA; LIMA, 2006, p. 43).
O estudo do universo da arte ajuda o aluno a entender 
as diferenças culturais e a passagem da história. Desse modo, 
é importante que a escola proporcione momento de reflexão 
sobre a arte. Em síntese o conhecimento da arte envolve:
• A experiência de fazer formas artísticas e tudo que 
entra em jogo nessa ação criadora: recursos pessoais, 
habilidades, pesquisa de materiais e técnicas, a relação 
entre perceber, imaginar e realizar um trabalho de arte;
• A experiência de fruir formas artísticas, utilizando 
informações e qualidades perceptivas e imaginativas 
para estabelecer um contato, uma conversa em que as 
formas signifiquem coisas diferentes para cada pessoa;
202
ARTE E CORPOREIDADE
• A experiência de refletir sobre a arte como objeto 
de conhecimento, onde importam dados sobre a 
cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a 
história da arte e os elementos e princípios formais 
que constituem a produção artística, tanto de artistas 
quanto dos próprios alunos (PCN Arte, 1997, p. 31).
Percebemos, portanto, que a arte é um tipo de 
conhecimento que envolve a fruição de produtos artísticos, 
por meio de obras originais e reproduções impressas, 
em vídeo, em projeções; o desenvolvimento de produtos 
artísticos pelos alunos e a conhecimento do fenômeno 
artístico na história. 
Por meio do convívio com o universo da arte, os alunos 
podem conhecer:
• O fazer artístico como experiência poética (a 
técnica e o fazer como articulação de significados e 
experimentação de materiais e suportes variados);
• O fazer artístico como desenvolvimento de 
potencialidades: percepção, reflexão, sensibilidade, 
imaginação, intuição, curiosidade e flexibilidade;
• O fazer artístico como experiência de interação 
(celebração e simbolização de histórias grupais);
203
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
• O objeto artístico como forma (sua estrutura 
ou leis internas de formatividade);
• O objeto artístico como produção cultural (documento 
do imaginário humano, sua historicidade e 
sua diversidade) (PCN Arte, 1997, p. 32).
É muito importante que o professor conheça as imagens 
e os sons que compõe o universo das crianças, presentes em 
músicas, brinquedos, jogos e desenhos infantis. A influência 
dos meios modernos sobre os desenhos e as percepções 
das crianças sobre a arte pode ser observada nas falas, 
nos grafismos, na imitação e na cópia. Essas linguagens 
devem ser introduzidas na sala de aula de modo crítico,despertando nas crianças o interesse pela interpretação das 
imagens que povoam o seu mundo. 
A arte é uma forma especial de conhecer e se aproximar 
de culturas distintas e de indivíduos. Ela permite entender 
semelhanças e diferenças: a vida na cidade, a vida no campo, 
a cultura indígena e a cultura africana. A arte humaniza 
o ser humano e o ajuda a perceber-se com características 
particulares e universais. Esse conhecimento auxilia no 
processo de identidade, de progresso de um percurso de 
criação pessoal e da experimentação de interações com o 
professor, com o colega, com o artista. 
204
ARTE E CORPOREIDADE
Ao ensinar arte na escola, o professor deve evitar práticas 
reconhecidas como nocivas ao desenvolvimento artístico dos 
estudantes. Entre elas podemos destacar: 
• O reforço dos estereótipos e o 
uso de modelos prontos;
• Fazer arte por distração, para encher o tempo;
• Reduzir as aulas de arte ao 
conhecimento de geometria; 
• Determinar certos conceitos de beleza;
• Desenho livre e sem um objetivo; 
• Foco exclusivo no aprimoramento da técnica; 
• Críticas destrutivas.
A arte é o produto de uma ação criadora. Cada obra é 
fruto de uma época e de uma cultura singular que revela a 
capacidade da imaginação humana. O conhecimento artístico 
não tem por objetivo estabelecer leis e regras de criação, mas 
205
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
permitir uma experiência de comunicação subjetiva por meio 
das imagens, transmitindo ideias, sentimentos e sensações. 
Cabe ao professor escolher os recursos didáticos e o modo 
de apresentar os conteúdos, bem como sempre introduzir obras 
de arte, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. 
O aluno precisa ver, ouvir, atuar, tocar, expressar-se, produzir 
e refletir artisticamente. A escola precisa incluir informações 
sobre a arte regional, nacional e internacional, ampliando as 
possibilidades de o aluno atuar socialmente. As séries iniciais 
são fundamentais para despertar o interesse dos alunos, e, ao 
final desse percurso, ele deverá estar preparado para reconhecer 
a arte e para trilhar um percurso artístico pessoal. Para isso as 
aulas de artes devem acontecer com regularidade, favorecendo 
o contato sistemático com os conhecimentos e atividades que 
permitirão o progresso da criança.
A ação artística deve ocorrer de forma individual, mas 
também coletiva, contribuindo para o fortalecimento da 
sociabilidade. O aspecto lúdico da aprendizagem também 
deve estar presente. Quando a criança brinca, ela desenvolve 
suas capacidades, ela dança, desenha, inventa histórias. A 
cultura de massa tem substituído a ludicidade, o movimento e 
a criatividade da criança por práticas mecânicas de reprodução. 
206
ARTE E CORPOREIDADE
E a escola pode proporcionar esse espaço 
de experiência pessoal de aprendizado 
estético.
O professor deve saber orientar os 
procedimentos artísticos, sem interferir 
no desenvolvimento pessoal, permitindo 
ao aluno realizar suas próprias escolhas, 
fortalecendo a consciência criadora.
A criança tem grande interesse e 
curiosidade pelas manifestações artísticas 
e à medida que ela adquire conhecimentos 
e experimenta o ato criativo, ela se 
desenvolve. O jogo artístico promove 
interação entre os sentimentos e o 
conhecimento, integra a sensibilidade, a 
percepção e o pensamento. 
A escola é o espaço onde a criança 
pode adquirir informações e experiências 
estéticas. Nas aulas de arte ela vai 
experimentar, brincar, construir, jogar, 
inventar e criar. Ao manipular o barro, a 
tinta, a madeira, o lápis, o papel, a cola, 
A escola é o espaço onde 
a criança pode adquirir 
informações e experiências 
estéticas.
Fonte: Unsplash
207
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
a sucata, o pigmento, o pincel, a tela, a tesoura e tantos outros 
mais, ela exercitará a representação simbólica através das várias 
manifestações da linguagem visual, tais como, o desenho, 
a pintura, a escultura, a cerâmica, a gravura, a fotografia, a 
marcenaria, o vídeo, a instalação etc.
AVALIANDO O TRABALHO EM ARTE
Para avaliar corretamente o percurso artístico do aluno, 
o professor deve saber o que é adequado para cada fase do 
desenvolvimento da criança. Espera-se que no transcorrer 
dos ciclos de estudo, os alunos progressivamente adquiram 
competências de sensibilidade e conhecimento em artes, 
de forma que possam exercer sua cidadania cultural com 
qualidade. O professor deve propor atividades nas quais a 
criança demonstre:
• A capacidade de criar formas artísticas com 
algum tipo de capacidade ou habilidade, 
experimentando diferentes materiais e suportes, 
com diversas técnicas e procedimentos, 
superando suas dificuldades e articulando 
percepção, imaginação, ideias e sentimentos;
208
ARTE E CORPOREIDADE
• Capacidade de produzir artisticamente de 
forma individual e coletiva, valorizando seu 
trabalho e dos colegas, cooperando na relação 
de trabalho com o grupo e com o professor;
• Identificar os elementos da linguagem visual em 
múltiplas situações, naturais ou fabricadas;
• Reconhecer e apreciar as obras de arte 
por meio de suas emoções, reflexões e 
conhecimentos, percebendo valor na diversidade, 
observando contrastes e semelhanças;
• Valorizar, respeitar e reconhecer a importância 
da cultura e dos espaços artísticos.
Ao avaliar, o professor deve considerar o percurso de cada 
aluno, observando seu processo e seus produtos. Os alunos 
devem avaliar os trabalhos dos colegas, permitindo que eles 
aprendam a ser avaliados. O professor também deve promover 
a autoavaliação orientada com um roteiro a ser observado. Em 
momentos de conversa e reflexão, o professor deve avaliar se as 
respostas do aluno são coerentes com os conteúdos estudados. 
A avaliação pode ser um momento de o aluno refazer seus 
209
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
trabalhos, bem como do professor verificar o modo como 
ensinou e como os alunos aprenderam. A avaliação pode 
ocorrer em momentos diferentes:
• A avaliação pode diagnosticar o nível de conhecimento dos 
alunos. Nesse caso costuma ser prévia a uma atividade;
• A avaliação pode ser realizada durante a própria 
situação de aprendizagem, quando o professor 
identifica como o aluno interage com os conteúdos;
• A avaliação pode ser realizada ao término 
de um conjunto de atividades que compõem 
uma unidade didática para analisar como a 
aprendizagem ocorreu (PCN Arte, 1997, p. 67).
A atitude do professor durante a avaliação é muito 
importante, pois isso pode incentivar o aluno ou desmotivá-lo. 
Os critérios, instrumentos e procedimentos de avaliação devem 
ficar bem claros para os alunos.
No próximo tópico veremos que assim como é preciso 
ensinar uma diversidade de saberes em arte aos alunos, eles 
também precisam educar a voz, pois este é um mecanismo 
delicado e extremamente expressivo por meio da fala e do canto.
210
ARTE E CORPOREIDADE
A EDUCAÇÃO DA VOZ
A experiência das crianças com o universo sonoro se 
inicia ainda antes do nascimento, pois na fase intrauterina 
os bebês já se habituam com uma atmosfera de sons vindos 
do corpo da mãe, como a respiração, a movimentação do 
estômago, o sangue que corre nas veias. A voz materna 
também representa uma fonte sonora especial e é uma 
referência afetiva para o bebê.
O conhecimento do aparelho vocal da criança precisa 
ser de alvo de estudos do educador musical infantil, dado 
que ele lida diretamente com os alunos que estão em fase 
de desenvolvimento vocal. Vemos muitos excessos vocais 
ocorrendo nas salas de aula, por professores que, sem saber, 
conduzem de forma inadequada o trabalho educativo com o 
uso da voz, por ignorarem os aspectos fisiológicos do aparelho 
vocal e, ainda, as questões diretamente ligadas ao trato vocal 
infantil (COUTEIRO, 2007).
Um dos principais excessos é feito com relação aos tons 
das músicas, comumente bem abaixo do adequado para o 
cuidado e conforto das vozes infantis. Outro abuso está ligado 
a dinâmica, exigindo que as crianças gritemmais do que 
cantem. Sozinhas, as crianças já cometem erros vocais, dado que 
211
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
gritam abusivamente, imitam urros de monstros, reproduzem 
sons ruidosos, entre outros. Para uma prática educativa mais 
cuidadosa e adequada, é necessário, portanto, um estudo 
específico, impedindo futuros distúrbios no aparelho vocal.
Segundo os estudos da pesquisadora e educadora musical 
Teca (Maria Teresa) Alencar de Brito (2003 apud COUTEIRO, 
2007, p. 8) 
os cuidados envolvem tessitura apropriada à idade 
infantil, intervalos musicais curtos e fáceis; conteúdo do 
texto apropriado à faixa etária do grupo ou solista: peças 
que proporcionem acesso à cultura, dentre outros fatores. 
O autor ainda acrescenta: “A voz infantil caracteriza-se 
pelo seu timbre claro, sem vibrato e extensão sem graves. 
Aproxima-se da voz adulta feminina, mas é mais frágil.
A laringe é onde o som é produzido, fazendo parte do 
aparelho fonador, que integra o conjunto de órgãos dos 
aparelhos respiratório e digestivo com a função de fonação.
A FUNÇÃO FONADORA
A voz é um mecanismo vivo, carecendo, assim, de 
cuidados maiores. A voz infantil, precisa de cuidados 
212
ARTE E CORPOREIDADE
ainda mais expressivos, dado que está num corpo ainda 
em formação e desenvolvimento. A fonação é uma função 
que precisa de outros importantes órgãos do corpo, entre 
eles, a laringe, os pulmões, e boca, língua, faringe (sistema 
digestivo) e nariz (sistema respiratório). De acordo com 
os fonoaudiólogos autores Pinho, Jarrus, Tsuji (2004) do 
livro Manual de saúde vocal infantil, as cordas vocais são 
duas pregas formadas de músculos revestidos por delicada 
membrana mucosa localizada no interior da laringe, que está 
situada no pescoço.
O ar passa pelas pregas vocais quando inspirarmos e 
elas se abrem para este movimento. O ar, uma vez exalado, 
resulta na vibração das pregas durante sua passagem, 
resultando na produção vocal, que até então é apenas um 
ruído, como de um balão, quando esticamos sua boca para 
expelir o ar. O som produzido assim é amplificado pelas 
caixas de ressonância na cabeça, que servem como alto-
falantes naturais. A articulação desses sons é feita pela 
língua, lábios, mandíbula e palato mole. Vimos, portanto, 
que há um complexo mecanismo de produção sonora, isso 
sem detalharmos aos aparatos fisiológicos acústicos, que são 
ainda mais complicados.
213
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
A LARINGE DA CRIANÇA
A laringe de um adulto é bem maior do que de uma 
criança. As pregas vocais de um recém-nascido têm 
aproximadamente 3 milímetros e atingem uma frequência 
de 3.000 Hz, dado que sua laringe está centrada na altura da 
terceira vértebra, em uma região muito mais alta do que na fase 
adulta. A laringe infantil permanece nesta altura até a idade de 
5 anos, quando, gradualmente, desce para a região da sétima 
vértebra. Ao nascer, a laringe da criança está muito alta e suas 
dimensões são um terço da laringe de uma mulher adulta. Ela 
lentamente vai descendo, acompanhando o desenvolvimento 
de todo o corpo até ao final da puberdade (DINVILLE, 2001).
Segundo Kyrillos (1995 apud VANZELLA, 2006, p.3) 
“a laringe infantil é de configuração cônica, com cartilagens 
delicadas e ligamentos frouxos; os tecidos epiteliais são densos, 
abundantes e mais vascularizados, com tendência a edema 
e obstrução [...] Não é um bom instrumento para a fonação, 
devido à sua dimensão vertical encurtada, reduzida capacidade 
de ressonância e possibilidade de movimentação restrita”. É por 
isso que a voz da criança é muito mais aguda e delicada do que 
a de um adulto e as suas pregas vocais são bem menores tanto 
em comprimento como em espessura. A glote de uma criança 
também é 50% menor do que a de um adulto. A pesquisadora 
214
ARTE E CORPOREIDADE
e especialista em reeducação da voz, Claire Dinville (1993) 
adverte ainda que é prejudicial para um falar ou cantar 
forçando a voz a uma condição que não esteja de acordo com a 
constituição anatômica de seu organismo.
A MUDA VOCAL
A muda vocal é a fase em que o aparelho vocal infantil 
começa a amadurecer e tornar-se pronto, o que significa a 
mudança na altura da voz. Esta modificação ocorre em virtude 
das transformações hormonais pelas quais o corpo humano 
passa durante a puberdade, acompanhando suas qualidades 
sexuais. De acordo com Sataloff e Spiegel (1989 apud 
COUTEIRO, 2007, p. 13) “a puberdade acontece entre os 8 e 15 
anos para o sexo feminino e entre os 9,5 e 14 anos para o sexo 
masculino”. De acordo com Behlau (2001 apud VANZELLA, 
2006, p.4) “a frequência fundamental esperada na voz infantil 
está acima de 250 Hz, com sensação de agudo, e respiração alta 
e reduzida, e tempos máximos de expiração até 12 segundos”.
Pesquisas realizadas com 50 crianças do sexo masculino e 
50 do sexo feminino, na faixa etária de 6 a 8 anos, observou que 
sua frequência básica era, em geral, em torno de 250Hz e esta 
diminui gradativamente à medida em que aumenta a idade. 
215
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
Nos meninos, aos seis anos, a média da frequência fundamental 
apresenta valor em Hz superior à média encontrada 
para meninas, e nas idades de sete e oito anos diminui 
significantemente. No sexo feminino, verificou-se a diminuição 
da média da frequência, contudo, em incidência menor se 
comparada ao menino (BRAGA, OLIVEIRA, SAMPAIO, 2009).
Percebemos, deste modo, que as vozes infantis não têm 
diferença de sexo nesta fase, são idênticas em classificação, 
independente do sexo, até por volta dos 10 anos quando, 
comumente, começa a muda vocal, podendo variar e começar 
até os 12 anos de idade. De acordo com Kaplan (1960 apud 
PACHECO, 1999, p. 8)
as pregas vocais atingem nos homens 17-24mm e 
nas mulheres 12,5-17mm. Fisiologicamente há uma 
adaptação as novas condições anatômicas, que tem como 
consequência um abaixamento médio da frequência 
fundamental em 1 oitava para os meninos, ficando 
a voz em torno de 130hz e em 2 a 4 semitons para as 
meninas tornando a frequência em torno de 195 hz.
Ao contrário do que se acreditava, a criança pode e 
deve fazer aulas de canto durante a fase de muda vocal, 
evidentemente que o faça com um professor que tenha 
conhecimento do trato com a voz infantil.
216
ARTE E CORPOREIDADE
RESPIRAÇÃO E ARTICULAÇÃO
A respiração bem efetivada é vital 
para um resultado sonoro adequado. A 
respiração ocorre em dois momentos: a 
inspiração (quando há a entrada do ar) 
e a expiração (quando há a saída o ar). É 
por meio da respiração que o som vocal 
acontece. Ela, deste modo, é essencial 
para um som harmonioso, agradável e 
saudável, permitindo a fala ou o canto de 
modo correto.
A inspiração deve ser realizada 
usando a boca e o nariz, simultaneamente, 
pois assim o ar será aquecido, umedecido 
e filtrado (PINHO; JARRUS; TSUJI, 2004). 
Segundo Dinville (1993), este ar deve 
ser dirigido para a abertura das costelas 
inferiores, causando uma sensação 
de dilatação da cavidade abdominal, 
enchendo de ar toda a região mais larga 
dos pulmões, resultando na descida do 
diafragma, no alargamento vertical e 
transversal da caixa torácica, permitindo 
A respiração 
bem efetivada 
é vital para 
um resultado 
sonoro 
adequado.
217
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
uma respiração larga e profunda. Esta respiração é conhecida 
como intercostal ou costo-diafragmática. Para os exercícios 
de canto realizado nas aulas de musicalização, é suficiente 
solicitar as crianças para respirarem naturalmente, dado que, 
comumente, elas ainda mantêm a respiração correta, mas se 
o professor verificar a elevação dos ombros e do peito - que 
resulta em uma respiração que emprega a menor parte dos 
pulmões e contração dos músculos do pescoço e ombros – é 
preciso ensinar a respiração correta, sem exigir demais de suas 
pequenas costelas e pulmões.
Com relação à articulação, o verbo articular refere-se 
a separar, dividir, pronunciar distintamente. Segundo o 
Dicionário Aurélio (FERREIRA,1999), articular no sentido 
musical refere-se a tocar com clareza e nitidez. Já o significado 
do Dicionário Houaiss (2001) apresenta que articular é “separar 
(grupos rítmicos ou melódicos) para tornar o discurso musical 
inteligível“. A articulação de sílabas e palavras é mais difícil e 
lenta para as crianças na fase pré-escolar dada a imaturidade 
infantil relacionada à musculatura do rosto, da faringe, e por 
estar ainda aprendendo a falar. Também é imprescindível a 
questão da respiração, tão indispensável à fonação, uma vez 
que seu período respiratório é mais frequente e seu tempo de 
vocalização é mais curto.
218
ARTE E CORPOREIDADE
A realização de exercícios de vibração da língua e dos 
lábios e de fricções com “Z” “J” e “V” auxiliarão muito no 
desenvolvimento de tonicidade muscular da laringe e na 
emissão sonora, além de fortalecer a musculatura vocal.
O TRABALHO VOCAL NA PRÉ-ESCOLA
Para o trabalho infantil podemos explorar o vasto 
repertório no cancioneiro tradicional brasileiro, com cantigas 
de ninar, de roda, de brincar e, mais ultimamente, muitos 
compositores têm produzido em seus trabalhos músicas para 
o público infantil. Um exemplo é o trabalho da autora Iris 
Costa Novaes (1994) que traz em seu livro Brincando de roda, 
sugestões de canções para o trabalho pedagógico.
O professor precisa ter cuidado com a saúde vocal dos 
alunos e observar se elas apresentam sinais de algum distúrbio 
vocal, como rouquidão permanente, soprosidade e/ou 
aspereza no som, dificuldades em realizar notas em regiões 
que deveriam ser fáceis para sua fase vocal, pois, de acordo 
com a fonoaudióloga e pesquisadora em educação Regina 
Zanella Penteado (2007) crianças que apresentam alterações 
vocais podem encontrar dificuldade em se comunicar, falar, ser 
219
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
ouvida, ou seja, problemas para se expressarem, se o problema 
não for diagnosticado e tratado, poderá se agravar.
Seguem alguns exercícios que podem ser realizados com 
crianças da pré-escola. Cada um deles deve ser repetido de 3 a 
4 vezes.
1. Começar com os exercícios de respiração. Eles 
podem ser lúdicos, pedindo que a criança pense em 
um buquê de flores e ela deve cheirá-lo suavemente 
pelo nariz, sentindo que o ar perfumado enche 
suas costelas, fazendo com que a sua barriga 
aumentasse de tamanho. Em seguida, com o gesto 
de empurrar os braços para frente, ela deve soltar 
o ar, fazendo as flores balançarem, enquanto o ar é 
expelido com o som de sssss, sem empurrar o som.
2. Depois a criança deve jogar beijinhos ou 
estourar pipocas com o som da boca, estalar a 
língua, encher as bochechas e soltar são formas 
muito adequadas de trabalhar e fortalecer a 
musculatura da boca, língua e bochecha.
3. Peça para as crianças fazerem o som da abelhinha 
com a consoante Z, lembre-se de pensar na 
220
ARTE E CORPOREIDADE
respiração. Por alguns segundos o som deverá ser 
produzido antes de respirar. Repetir o exercício.
4. Imitar o som do motor do carro com 
a consoante V, subindo e descendo a 
escala, mas como um glissando.
5. Reproduzir sons nasais como se 
estivesse mastigando.
6. Fazer vibração com os lábios brrrr e de língua trrrr.
7. Sem forçar a laringe, inspirar e vibra sustentando 
um único som por alguns segundos.
8. Vibrar com um glissando do grave para 
o agudo, subindo e descendo.
9. Fazer a vibração com um movimento 
melódico simples: dó, ré, mi, ré, dó.
TRABALHO VOCAL A PARTIR DE 8 ANOS
A criança, a partir dos 8 anos, já pode estudar canto com 
um professor especializado nesta área e trabalhar sua voz. 
221
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
Nas aulas de canto coral e de música o repertório já pode ser 
mais variado e de maior extensão vocal. Nesta idade, assim 
como na anterior, a voz da criança é chamada de voz branca, 
dado que ainda não vivenciou a muda vocal e não apresenta 
vibrato. Antes da mudança de voz, a voz da criança é chamada 
de sopranino e não possui classificação vocal como soprano, 
contralto, tenor ou baixo. 
O trabalho a ser feito neste período exige muita atenção 
no cuidado tanto na condução dos vocalizes como nas opções 
de repertório. Há um vasto repertório com arranjos destinados 
para corais infantis, bem como alguns compositores que tem 
uma condução melódica mais adequada a este tipo de voz. Os 
pequenos não devem cantar árias de ópera, pois a exigência 
vocal destes formatos musicais é muito grande, determinando 
grande maturidade e tonicidade muscular da laringe, bem 
como da sustentação abdominal.
EXECUÇÃO DAS CANÇÕES
As canções para musicalização infantil devem sempre 
estar em tonalidade confortável para a voz delas e não para 
a voz do educador. O agudo é sempre mais adequado que o 
grave. O professor deve cantar de modo a deixar a voz clara, 
222
ARTE E CORPOREIDADE
leve, sem vícios vocais ou de interpretação, pois as crianças 
aprendem imitando. 
Não peça a elas para cantar forte até que tenham entendido 
os elementos do som, pois, comumente, confundem o forte com 
o gritar, e acabam gritando. Peça para falar e articular melhor 
as palavras, usando sempre a respiração. Nunca peça para a 
criança cantar se ela estiver com dor de garganta ou rouca. 
Para que elas compreendam melhor a sonoridade das canções, 
solicite que cantem sem a letra, fazendo a vibração dos lábios 
ou da língua ou substitua a letra por alguma sílaba como TU.
A criança nunca deve imitar a voz de um adulto, pois como 
afirma Dinville (1993, [s.p.])
é importante saber que a classificação da voz falada se 
processa como a da voz cantada. E o mesmo instrumento, 
a mesma constituição anatômica, a mesma função 
fisiológica. Deve haver concordância entres as duas vozes, 
tanto para o timbre como para o modo de emissão.
Professoras terão mais fácil adaptação vocal às crianças, 
bastando cantar em um tom mais elevado, já que as vozes 
femininas se assemelham mais da voz infantil. Mas se para o 
professor se faz necessário o uso do falsete (som mais agudo), 
223
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
para facilitar o canto e entendimento da altura que ele deseja 
que as crianças reproduzam.
Os vocalizes são exercícios vocais realizados com vogais, 
orais e/ou nasais, fechadas e/ou abertas. As vogais são as 
condutoras do som. Sua correta articulação, assim como do 
lugar de ressonância, irá produzir a qualidade do timbre e 
inteligibilidade da pronúncia. As consoantes podem estar 
associadas as vogais em alguns exercícios, para aperfeiçoar 
sua emissão e projeção. Os vocalises podem chegar a extensões 
mais agudas gradativamente. À medida que a criança for 
amadurecendo e com o passar do tempo, esta extensão vai 
aumentando até o limite da tessitura onde haja conforto vocal.
Os vocalizes são eficazes nos trabalhos vocais para 
emissão, projeção e aumento de extensão vocal. Eles promovem 
ajustes musculares e aquecimento de voz. Mas comece com 
os exercícios de respiração, pois não é indicado começar um 
aquecimento vocal direto com os vocalizes.
Finalmente, é preciso que o professor reflita sobre as 
competências presentes em cada etapa do desenvolvimento 
infantil, bem como sobre as muitas conquistas. É necessário 
respeitar o processo único e singular de cada ser humano, e 
224
ARTE E CORPOREIDADE
considerar que esse desenvolvimento se dá na interação com o 
aprendizado, num ambiente de amor, afeto e respeito.
O trabalho de musicalização infantil precisa ser realizado 
em contextos educativos que entendam a música como um 
processo contínuo de construção, que envolve sentir, perceber, 
imitar, experimentar, criar e refletir.
A educação infantil é a fase em que a criança se encontra 
no período de descobertas e conhecimentos essenciais para o 
seu pleno desenvolvimento, envolvendo as áreas cognitiva, 
afetiva e social, além da linguística e psicomotora, que são 
importantíssimas e a música contribui para o seu adiantamento.
Os estímulos musicais proporcionam senso rítmico, 
audição, sensibilidade, diferenciação e noções deordenamento 
no tempo e no espaço, que são necessários serem 
explorados desde cedo, para uma melhor aprendizagem e 
desenvolvimento.
As aulas de musicalização também beneficiam a inclusão 
de crianças portadoras de necessidades especiais. Pelo seu 
aspecto lúdico e de livre expressão, não representam pressões 
nem cobranças excessivas, e são um modo de aliviar e relaxar 
a criança, promovendo a desinibição, cooperando para o 
225
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
envolvimento social, despertando noções de respeito e estima 
pelo outro, abrindo espaço para outras aprendizagens.
Assim como o aluno se expressa falando e cantando com o 
uso correto da voz, ele também usa seu corpo para se relacionar 
com o mundo e é importante que o professor também conduza 
esse processo. Passemos a discutir sobre o desenvolvimento 
psicomotor infantil.
A EXPRESSIVIDADE MOTORA 
A psicomotricidade é uma ciência que tem por finalidade 
o estudo do homem, através do seu corpo em movimento e 
suas relações com seu mundo interno e externo. Ela abarca 
conhecimentos de neurologia, psicologia e pedagogia, que 
são alcançados por meio da interdisciplinaridade. Portanto, a 
psicomotricidade é a área que se ocupa do corpo em movimento. 
Já a corporeidade é o modo pelo qual o cérebro reconhece e 
utiliza o corpo como ferramenta relacional com o mundo.
A expressividade motora é a maneira exclusiva, inédita 
e singular de ser e estar no espaço, como decorrência do 
funcionamento psíquico da criança. Ela é uma demonstração de 
nossa história profunda, ligada a nossas pulsões de afeto e de 
226
ARTE E CORPOREIDADE
domínio através do corpo, do espaço e do tempo, reveladas no 
aqui e agora.
Segundo estudiosos, há três níveis de expressão motora:
1. Sensações internas do corpo: especialmente 
ligadas ao sistema labiríntico, dependendo dele 
as noções de equilíbrio. A criança vive essas 
percepções desde o primeiro pré-natal, surgindo 
ao longo de toda a vida integradas as experiências 
motoras. Entre essas sensações estão: o prazer 
de pressionar; o prazer de empurrar; o prazer de 
rodar; o prazer de cair; o prazer de conquistar a 
altura; o prazer postural; o prazer de equilibrar-
se; o prazer de unificar os dois lados do corpo; o 
prazer de saltar em profundidade; o prazer de saltar 
em superfície dura; o prazer de andar e correr.
2. Experiências de prazer-desprazer: são as imagens 
e vivências nascidas a partir do encontro com 
o olhar do outro. São elas: o prazer de entrar 
e sair, de aparecer e desaparecer; o prazer 
de se esconder; o prazer de desordenar.
227
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
3. Aparições do “faz-de-conta”: que se manifesta 
no desenvolvimento de jogos simbólicos e 
nos jogos organizados ou sociomotores. São 
elas: o jogo simbólico; o prazer de pensar.
O psicólogo e pensador, pioneiro no conceito do 
desenvolvimento cognitivo das crianças correlacionado a 
interação social e condições do meio, Lev Vygotsky (2010) 
deixa claro, em seus estudos, a relação entre desenvolvimento 
físico e cognitivo.
Embora o aprendizado esteja diretamente relacionado ao curso 
do desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados 
em igual medida ou em paralelo. O desenvolvimento nas 
crianças nunca acompanha o aprendizado escolar da mesma 
maneira como uma sombra acompanha o objeto que o projeta. 
Na realidade, existem relações dinâmicas altamente complexas 
entre os processos de desenvolvimento e de aprendizado, 
as quais não podem ser englobadas por uma formulação 
hipotética imutável. Cada assunto tratado na escola tem sua 
própria relação específica com o curso do desenvolvimento 
da criança, relação essa que varia à medida que a criança 
vai de um estágio para outro (VYGOTSKY, 2010, p. 104).
Os parâmetros psicomotores poderiam ser então 
explicados como o conjunto de elementos a partir dos quais a 
228
ARTE E CORPOREIDADE
expressividade motora pode ser analisada. 
A pedagoga e pesquisadora Cleide 
Madalena Fontana (2012) destaca o papel 
da escola como lugar necessário para o 
trabalho com as aptidões psicomotoras 
dos alunos:
O papel da escola no desenvolvimento 
da criança, a interação pedagógica 
pretende que cada criança atinja 
mais cedo e em melhores condições 
aquilo que naturalmente seria de 
esperar no seu desenvolvimento, do 
que deixá-la livre aos seus próprios 
investimentos e envolvimento. A 
escola proporcionará meio, através 
de atividades diferenciadas, que 
exigirá novas experiências, tarefas a 
nível cognitivo, onde a criança deverá 
transferir algo interiorizado através 
de gestos mecânicos, até produzir a 
escrita (FONTANA, 2012, p. 25).
Por isso, observar a criança agindo, 
explorando o espaço, os objetos e 
interagindo com os outros é de uma 
riqueza enorme uma vez que nos auxilia 
Observar a 
criança agindo, 
explorando 
o espaço, 
os objetos e 
interagindo 
com os outros é 
de uma riqueza 
enorme.
229
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
a compreender a totalidade corporal que ela vive e a entender 
a manifestação profunda de sua personalidade. Assim, para 
compreender o universo que o cerca, a criança se expressa por 
meio do movimento, do espaço, do tempo e dos objetos.
O SUJEITO E O MOVIMENTO
Os comportamentos derivados dos movimentos 
coordenados e complexos permitem à criança ampliar os 
aspectos de planejamento, organização, reflexão e vivência. Tais 
características manifestam a estreita relação existente entre o 
plano afetivo-emocional e o cognitivo. A psicóloga e doutora 
em psicologia educacional Gislene de Campos Oliveira aponta 
uma síntese nos benefícios da prática psicomotora:
A psicomotricidade auxilia e capacita melhor o aluno para 
uma melhor assimilação das aprendizagens escolares, por 
isso procura trazer os seus recursos para dentro da sala de 
aula, tanto no âmbito da educação quanto da reeducação 
psicomotora. Um bom desenvolvimento psicomotor 
proporciona ao aluno algumas capacidades básicas a um 
bom desempenho escolar, dando-lhe recursos para que se 
saia bem na escola, aumentando seu potencial motor. A 
psicomotricidade, pois, se caracteriza por uma educação que 
se utiliza do movimento para atingir outras aquisições mais 
230
ARTE E CORPOREIDADE
elaboradas, como as intelectuais 
(OLIVEIRA, 1999, p. 9).
A marcha, a corrida, as quedas e os 
saltos são tipos de atividades privilegiadas 
que aparecem nos jogos sensório-motores 
e simbólicos. Também facilitam a 
atividade cinética, isto é, os movimentos 
orientados ao exterior (função clônica) e 
os movimentos dos músculos que têm a 
função de manter a postura do corpo e de 
sustentar o esforço do músculo (função 
tônica), mediante o tônus muscular.
Assim, ainda que o corpo esteja em 
repouso, as células nervosas estão em 
atividade para manter a postura, conter as 
cargas emocionais, expressá-las ou realizar 
qualquer tipo de gesto. Portanto, através 
do tônus, se expressam múltiplos aspectos 
afetivos, viscerais, nervosos e intelectuais.
Embora as funções do tônus sejam 
múltiplas e variadas, há aspectos do 
ser humano em que o tônus ocorre de 
forma evidente no aspecto motor, na 
A marcha, a 
corrida, as 
quedas e os 
saltos são tipos 
de atividades 
privilegiadas 
que aparecem 
nos jogos 
sensório-
motores e 
simbólicos.
231
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
sensibilidade e nas emoções. Vejamos, nas figuras 23 e 24, 
como isso se desenvolve na criança.
Figura 23 – Tônus muscular 2 a 3 anos
2 – 3 ANOS
• A atividade da criança é global, há muita simetria, a coordenação dos movimentos e o 
equilíbrio estão em plena expansão (exploração difusa).
• A criança busca espontaneamente rodar, se balançar, se arrastar, realizar corridas circulares. 
Muitos de seus movimentos evocam uma busca de fusão.
• Os desejos essenciais ainda estão em primeiro plano: sede, frio, banheiro, procura pela 
“mamãe”.
• As crianças são muito sensíveis a jogos de pressão sobre a pele, sobre as costas, pé contra pé.
• A pulsionalidade ainda está pouco mediatizada.Os dentes, a boca e as mãos participam 
ativamente na expressão.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
Figura 24 – Tônus muscular 3 a 7 anos
3 – 7 ANOS
• A exploração do corpo é feita de maneira mais específica: a criança seleciona previamente 
as sensações, os movimentos de seu corpo, segundo um objetivo preciso (exploração mais 
específica).
• A criança busca situações de equilíbrio e de desequilíbrio (queda) e aumenta as situações em 
que desenvolve sua destreza: trepar mais alto, mais depressa, deslizar mais depressa ou mais 
lentamente (motricidade fina).
• A criança é capaz de antecipar e esperar no que diz respeito a seus desejos.
• A criança é mais capaz de conter seus gestos, de canalizar suas pulsões em diferentes jogos de 
“faz-de-conta”: morder, arranhar e outros jogos simbólicos ou jogos de regras.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
232
ARTE E CORPOREIDADE
O SUJEITO E O ESPAÇO
A criança constrói o conhecimento de espaço pela 
exploração e pela diferenciação de seu eu corporal em 
relação ao mundo que a circunda e pela informação que lhe 
proporciona seu próprio corpo. Ela apreende o espaço exterior 
e orienta-se nele. Através da percepção dinâmica do espaço 
vivido, se inicia gradativamente a abstração do espaço exterior, 
até chegar à noção de distância e à orientação dos objetos em 
relação ao eu e de um objeto em relação ao outro. As noções de 
espaço adquiridas pela criança podem ser classificadas em:
• Noções de orientação: esquerda-direita, 
acima-abaixo, em frente e atrás;
• Noções de situação: dentro-fora, em cima-
embaixo, interior-exterior, aqui-ali;
• Noções de superfície: espaços cheios, espaços vazios;
• Noções de tamanho: pequeno-grande, 
alto-baixo, largo-estreito;
• Noções de direção: à esquerda, 
à direita, a partir daqui;
233
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
• Noções de distância: perto-longe, junto-separado;
• Noções de ordem e sucessão: primeiro, último, 
sequências por diversas qualidades.
Vejamos como as crianças se relacionam com o espaço 
(DONNET, 1993):
Veja nas figuras 25 e 26 como a noção de espaço funciona 
para as crianças de 2 a 5 anos.
Figura 25 – Espaço 2 a 5 anos
2 – 5 ANOS
• A sala é explorada com alternâncias: certas zonas são muito exploradas, enquanto
outras são totalmente inexploradas (em rotação).
• Os trajetos são circulares ou lineares. 
• A criança conquista (depois da aquisição do caminhar) o espaço, primeiro o horizontal e 
depois o vertical: andar, rodar, se arrastar... E progressivamente a altura:
subir em banco ou em uma tábua, subir em grades.
• Os espaços pessoais aparecem de maneira difusa e disforme.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
Figura 26 – Espaço 5 a 7 anos
5 – 7 ANOS
• Cada lugar da sala é explorado em todas as direções: para cima, para baixo, em diagonal, no 
centro, o que facilita todas as atividades, como a corrida, a construção com blocos... 
• Os trajetos são diversificados: circulares, lineares, angulares, em espiral. E são modulados com rapidez. 
234
ARTE E CORPOREIDADE
5 – 7 ANOS
• Há muitos contrastes na exploração do espaço, tanto na vertical como na horizontal. 
• A criança está mais interessada em construir espaços pessoais, um território (só para ela ou 
para seu grupo); esse espaço está bem estruturado e frequentemente fechado.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
O SUJEITO E O TEMPO
A noção de tempo é percebida juntamente com a vivência 
do espaço, uma vez que o tempo é a duração que separa duas 
percepções espaciais sucessivas. Cada indivíduo tem seu 
próprio ritmo, que se apresenta nas atividades que ele realiza. 
É isso que pode ser entendido como o seu “tempo espontâneo”, 
que pode ser definido como uma estrutura individual, que 
determina o ritmo de cada pessoa para a realização de uma 
atividade motora simples.
Para Cleide Fontana (2012, p. 10),
a educação psicomotora deve ser considerada como uma 
educação de base na educação infantil e séries iniciais. Ela 
condiciona o processo de alfabetização, leva a criança a 
tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se 
no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habitualmente a 
coordenação de seus gestos e movimentos. A psicomotricidade 
não é apenas uma prática preventiva, mas educativa, que 
235
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
contribui na aquisição da autonomia para a aprendizagem, 
facilitando assim o processo de alfabetização nas escolas.
Sendo assim, os conceitos de tempo e de sucessão 
são desenvolvidos junto com os de orientação espacial. 
Inicialmente, as crianças assimilam a sucessão ao adaptarem-se 
às rotinas de atenção às suas necessidades básicas (alimentação, 
sono e higiene), incorporando progressivamente as noções de 
dia e noite, agora e depois.
Aos poucos, as crianças compreenderão as relações mais 
complexas de tempo como:
• A noção de velocidade ligada à ação.
• A noção de duração ligada ao espaço percorrido.
• A noção de continuidade ligada à 
sucessão dos acontecimentos.
• As noções de simultaneidade e sucessão, 
que permitem à criança tolerar a 
espera e lembrar uma ordem.
• E, já em nível simbólico, transpor no 
tempo os fatos acontecidos.
236
ARTE E CORPOREIDADE
A vivência da relação com o tempo se dá a partir da ação, 
do movimento, do jogo simbólico e da relação com os outros, as 
atividades de desenho, construções, narração das experiências 
vividas e a ordenação das sequências que teve nas atividades 
auxiliam nesse processo.
Vejamos, nas figuras 27 e 28, como as crianças se 
relacionam com o tempo.
Figura 27 – Tempo 2 a 5 anos
2 – 5 ANOS
• A atividade da criança se caracteriza por várias sequências curtas. As rupturas são numerosas, 
relativas ao acaso: um novo material, um deslocamento do adulto...
• A criança vive o momento presente.
• Toma consciência da noção de princípio e fim.
• Há alternância entre mobilidade/imobilidade: a criança, no entanto, parece estar imersa em 
uma continuidade.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
Figura 28 – Tempo 5 a 7 anos
5 – 7 ANOS
• As sequências são duráveis.
• Em muitas atividades, a criança desenvolve sua percepção de sucessão e de simultaneidade: 
pular ao mesmo tempo, construir com alternância (por exemplo, com as cores das almofadas).
• A criança é capaz de antecipar e esperar. Organiza sua atividade segundo uma cronologia.
• Toma consciência da rapidez, da parada, da descontinuidade, da simultaneidade, da duração 
etc.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
237
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
O SUJEITO E OS OBJETOS
A criança se expressa usando todo o seu corpo e, através 
desse jogo, a partir de manipulações, construções, deslocamentos 
etc., ela entra em contato com os objetos do mundo exterior e 
com suas qualidades perceptivas de cor, tamanho, forma, peso, 
textura, volume, etc. Analisar como a criança explora os objetos 
e como os utiliza quando se relaciona com os outros (crianças e 
adultos), é extremamente informativo sobre seu modo de ser. A 
criança escolhe seus objetos preferidos, sua forma de utilizá-los e 
de partilhar com os demais.
Vejamos, na figura 29 e 30, como as crianças se relacionam 
com os objetos.
Figura 29 – Objetos 2 a 5 anos
2 – 5 ANOS
• A criança utiliza os objetos de forma pragmática, permitindo-lhe usar o corpo em sua 
globalidade: se enrolar num pano, entrar em buraco etc. Prevalece a exploração sensório-
motora e se inicia o simbolismo.
• O sensório-motor brando aparece intensamente.
• A criança opta, com frequência, por materiais de forma redonda: balões, bolas, aros, cordas, 
túneis (também o adulto lhe oferece a possibilidade de girar, dar voltas).
• Sua atividade está centrada em encher-esvaziar, mostrar-esconder, abrir-fechar, reter-lançar, o 
que lhe permite a construção da permanência do objeto.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
238
ARTE E CORPOREIDADE
Figura 30 – Objetos 5 a 7 anos
5 – 7 ANOS
• A criança desenvolve o jogo simbólico (o adulto deve estar atento para estimular 
constantemente a criança, mediante uma mobilização global do corpo, porqueo jogo simbólico 
pode ser um refúgio). O relato simbólico é um pretexto para o movimento.
• A criança tem prazer em experimentar proposições motoras com variados materiais duros, 
buscando experiências novas.
• Sua atividade está centrada no desenvolvimento de habilidades com destreza e rapidez, força 
ou delicadeza.
Fonte: adaptada de Donnet (1993)
Intervenções com os objetos de classificar, associar, ordenar 
e seriar constituem o início do desenvolvimento do pensamento 
lógico, do pensamento matemático e do acesso à leitura e à 
escrita. Os objetos devem ser de dimensões adequadas para que 
as crianças possam manipulá-los e transportá-los de maneira 
segura. As cores, as texturas, as formas, os sons são estímulos 
importantes para a seleção dos objetos. O valor sensório-
motor, simbólico, que as crianças dão aos objetos nos mostram 
dados muito relevantes sobre seu desenvolvimento afetivo e 
emocional ou sobre sua maturação social.
Podemos observar, através das brincadeiras das crianças, 
a utilização que fazem dos objetos como prolongação de seu 
corpo (espada, cavalos), como receptáculos do corpo (casinhas, 
castelos) ou como objetos de poder (capas de personagens). 
Para facilitar todas essas atividades, os objetos devem ser os 
239
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
mais neutros possíveis. Assim, a criança poderá desenvolver 
seu imaginário corporal e toda a sua história através do 
movimento e da emoção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final deste estudo que teve por objetivo 
trazer conhecimentos que permitam que o futuro educador 
possa criar atividades pedagógicas artísticas, de musicalização 
e de psicomotricidade que ampliem a expressão de modo 
crítico e participante dos estudantes. Aprendemos sobre as 
aulas de artes na educação pré-escolar e infantil, os conteúdos 
que devem ser trabalhados em sala de aula, os benefícios da 
educação em artes, os aprendizados que a criança precisa ter 
acesso e como realizar a avaliação do trabalho em artes.
Ao longo do ensino de arte e psicomotricidade, muitos 
equívocos são cometidos. Por isso, cabe aos professores darem a 
devida importância para essa área de conhecimento, bem como 
corrigir os erros pedagógicos, percebendo a importância da arte 
para o aprimoramento pessoal.
Estudamos, também, os cuidados com a voz a partir da 
compreensão da função fonadora, da laringe da criança, da 
240
ARTE E CORPOREIDADE
muda vocal, da respiração, da articulação, do trabalho vocal 
na pré-escola e séries iniciais, das atividades com o canto e 
os vocalizes. O trabalho musical por meio da voz é essencial 
para desenvolver as competências de afinação da criança. Para 
tanto, o professor deve dominar os conhecimentos relativos ao 
aparelho vocal infantil e sua frequência vocal, a fim de escolher 
as músicas adequadas para o trabalho pedagógico.
Por fim, compreendemos ainda como se desenvolve a 
psicomotricidade a partir dos níveis de expressão motora, que 
são as sensações internas do corpo, as experiências de prazer-
desprazer e a aparição do “faz-de-conta”, e o sujeito e suas 
relações com o tempo, o espaço, o tempo e os objetos. É por 
meio desse aprendizado que a criança evolui em seus primeiros 
anos, e o professor deve saber o que é próprio de cada fase, 
a fim de planejar aulas que favoreçam o desenvolvimento 
adequado e não exijam da criança competências para as quais 
ela não está preparada.
RESUMO
Nesta unidade aprendemos que:
241
O ENSINO DA ARTE E DA PSICOMOTRICIDADE 
• Nas aulas de artes o professor deve desenvolver os 
conteúdos específicos da área explorando os elementos 
da linguagem visual, as técnicas e os materiais 
artísticos. Os conteúdos devem ser desenvolvidos a 
partir do fazer artístico, da apreciação significativa 
e da contextualização histórico-cultural;
• Muitos são os benefícios cognitivos, sociais, emocionais 
e afetivos do aprendizado em artes. Por isso, o professor 
deve evitar erros pedagógicos como desenhos prontos 
para a criança pintar nesta idade, determinar o que é belo 
e usar a arte como forma de distração e preenchimento 
do horário. A avaliação do trabalho em artes deve ser 
somativa, formativa, com trabalhos individuais e coletivos, 
em que o aluno será observado em seu processo criativo;
• A educação musical em sala de aula prevê os cuidados 
com a voz a partir da compreensão da função fonadora, 
da laringe da criança, da muda vocal, da respiração, da 
articulação, do trabalho vocal na pré-escola e séries 
iniciais, das atividades com o canto e os vocalizes;
• O conhecimento do aparelho vocal da criança precisa 
ser de alvo de estudos do educador musical infantil, 
dado que ele lida diretamente com os alunos que estão 
242
ARTE E CORPOREIDADE
em fase de desenvolvimento vocal. O professor precisa 
ter cuidado com a saúde vocal dos alunos e observar 
se elas apresentam sinais de algum distúrbio vocal;
• A expressividade motora é feita a partir dos níveis de expressão 
motora que são as sensações internas do corpo, as experiências 
de prazer-desprazer e a aparição do “faz-de-conta”;
• A criança explora e aprende a partir de suas relações com 
o tempo, o espaço, o tempo e os objetos. O professor 
deve observar a criança agindo, explorando o espaço, os 
objetos e interagindo com os outros, suas narrativas e 
brincadeiras para avaliar seu processo de aprendizado.
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