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1 Estudo de Estabilidade Transitória 1. Introdução A oscilação eletromecânica de um gerador de eletricidade, originada por perturbações de grandes proporções (por exemplo, curtos-circuitos), é um fenômeno transitório lento, porém, de enorme importância no estudo de estabilidade de sistemas elétricos de potência. Pode-se ter uma visão do problema, através do equivalente mecânico mostrado na Figura 1. As várias massas, suspensas por uma rede de cordões elásticos, representam geradores elétricos e linhas de transmissão, respectivamente. O sistema está em regime permanente estático, com cada cordão carregado abaixo do seu ponto de ruptura (o que corresponde cada linha de transmissão estar funcionando abaixo do seu limite de estabilidade). Em um dado instante, um dos cordões é subitamente cortado (o que corresponde a uma perda súbita de uma linha de transmissão). Como resultado, as massas experimentarão movimentos acoplados e as forças nos cordões variarão. A perturbação súbita pode causar um dos dois efeitos: 1. O sistema atingirá um novo estado de equilíbrio, caracterizado por um novo conjunto de forças nos cordões (isto é, linhas de transmissão no caso de sistemas elétricos). 2. Devido às forças transitórias, um outro cordão romper-se-á, provocando o enfraquecimento da rede e resultando no rompimento em cadeia de cordões e o eventual colapso total do sistema. Se o sistema tem o poder inerente de sobreviver à perturbação e atinge um novo regime permanente, diz-se que ele possui estabilidade transitória para a falta em questão. Caso contrário, diz-se que o sistema perdeu a estabilidade. O sistema pode ser estável para o transitório que segue a perda de uma linha em particular ou instável para a perda de outra ou outras linhas. Dependendo da natureza e duração da falta, os transitórios mecânicos de rotor que a ela seguem, podem terminar em um segundo, ou podem continuar e tornarem-se mais graves nos instantes seguintes, culminando, eventualmente, em um colapso total, ou na recuperação Figura 1 – Equivalente mecânico para análise de estabilidade transitória de sistemas de potência 2 do sistema. Para analisar o problema, é comum dividir o período transitório em três intervalos de tempo: 1. Intervalo inicial: Estende-se aproximadamente pelo primeiro segundo após a ocorrência da falta. Esse intervalo inclui o começo e possível remoção da falta inicial. A dinâmica do rotor nesse intervalo é completamente descontrolada no sentido em que o comportamento dos geradores está, essencialmente, além da influência dos controladores Pf e QV. O único controle que se tem é o que está associado com operações de chaveamento, incluindo a seção da linha onde está a falta, a colocação de capacitores, os desligamentos de geradores com falta, entre outros. 2. Intervalo intermediário: Dura por aproximadamente, 5 s. Aqui já se fazem sentir os efeitos dos controladores Pf e QV. 3. Intervalo final: Pode durar vários minutos após o início da falta. Nesse período sofrem os efeitos de “longo prazo”, incluindo as constantes de tempo térmicas de sistemas a vapor e nucleares, a perda permanente nos equipamentos de geração, o desligamento de cargas, dentre outros. Os acontecimentos durante os dois primeiros intervalos são de muita importância, uma vez que determinam se o sistema “sobreviverá” ou não ao “choque” inicial, isto é, se o sistema terá ou não sua integridade preservada. Se o sistema “sobreviver”, o perigo não acabou. Devido à perda permanente nos equipamentos, pode estar perdendo freqüência numa taxa lenta ou rápida, e então se deve recorrer ao controle com a finalidade de recuperar freqüência. Nesse momento, a força de controle principal é o desligamento de cargas. Desligando-se cargas de baixa prioridade pode- se inverter a tendência decrescente da freqüência. Neste capítulo será dedicada particular atenção aos acontecimentos do intervalo inicial, a fim de verificar se o sistema não irá perder a sua estabilidade após a ocorrência de uma falta. 2. Modelos de Transitórios de Sistema Ao se investigar um sistema quanto à sua estabilidade em transitório, deve-se proceder como segue. 1. Determinar o estado inicial pré-falta. 2. Iniciar a falta. 3. Calcular o movimento transitório pós-falta das massas e as forças resultantes nos cordões. 4. Se as forças não excederem os pontos de ruptura dos cordões, o sistema será considerado estável para a falta em questão. Um estudo de estabilidade em transitório de um sistema de energia elétrica segue um roteiro análogo. Após a perturbação, as posições angulares dos rotores sofrerão desvios transitórios. Se puder ser determinado pela análise de estabilidade que todos os ângulos individuais dos rotores fixar-se-ão em novos valores de regime pós-falta, correspondendo a 3 um novo estado de equilíbrio síncrono, então se conclui que o sistema é, na realidade, estável sob o transitório. 3. Equação de Oscilação de Máquina Síncrona Antes de se apresentar equação de oscilação da máquina síncrona, é importante revisar alguns conceitos básicos. Para isso, considere o gerador síncrono elementar de dois pólos (pólos salientes), esquematizado na Figura 2. A Figura 3 mostra o diagrama vetorial das ondas de fmm do rotor (Fr), do estator (Fs) e a resultante (Fsr). A fmm, Fsr (campo girante), produz o fluxo resultante sr� , o qual circula através do entreferro da máquina. Na figura, �r = �m desde que �m seja dado em grau ou radiano elétrico. No funcionamento em regime permanente, as ondas de fmm Fs e Fsr se deslocam à velocidade angular fws π2= rad/s (velocidade síncrona) ao longo do estator da máquina. A freqüência (f) é a freqüência da tensão gerada (gerador) ou aplicada (motor) no enrolamento de estator da máquina. Eixo magnético do campo do rotor Eixo fixo no estator (tomou-se o eixo magnético da bobina da fase A ) ws wm �m + • • • + + A A’ B B’ C C’ • • + + Eixo da fmm resultante no stator, campo girante (Fsr) �m Figura 2 - Gerador síncrona elementar de 2 pólos �r = �m Fr Fs Fsr Figura 3 - Diagrama vetorial das ondas de fmm sr� 4 A relação entre ângulo elétrico e ângulo mecânico, em uma máquina síncrona de p pólos, é m p θθ ×= 2 rad (1) A onda fmm do rotor, Fr, gira à velocidade mecânica do rotor (wm), a qual é dada por sm w p w ×= 2 rad/s (2) ou p f n ×= 120 rpm (3) A equação de movimento do rotor de uma máquina síncrona se baseia no princípio da dinâmica, o qual estabelece que o torque de aceleração é igual ao momento de inércia do rotor multiplicado por sua aceleração angular. ema m TTT dt d J −==× 2 2θ N.m (4) Onde J: Momento de inércia total da massa rotativa (kg.m2) �m: Deslocamento angular (ângulo mecânico) do rotor com relação a um eixo estacionário (referência), em radiano mecânico (Figura 2) t: Tempo em segundos Ta: Torque de aceleração (N.m) Tm: Torque mecânico (N.m) Te: Torque eletromagnético, dado por rrsre senF p T δπ ×Φ� � � � � �×= 2 22 (5) e fN Vt sr ×× =Φ 44,4 Onde, Vt é a tensão nos terminais da máquina, f é a freqüência de Vt e N é o número de espiras por fase. Em condições normais de operação, Tm e Te são iguais e com isso o Ta é nulo. Neste caso, não há aceleração ou desaceleração das massas girantes do rotor, sendo a velocidade resultante constante e igual à velocidade síncrona. Portanto, as massas rotativas do rotor e da máquina de acionamento são ditas estarem em sincronismo com as outras máquinas, operando na velocidade síncrona do sistema. O ângulo �m é medido com respeito a um eixo estacionário no estator, conforme mostrado na Figura 2. Ele cresce com o tempo e com a velocidade síncrona. Assim, é interessantea posição angular do rotor em relação a um eixo referência que gire à velocidade síncrona (eixo da fmm resultante no estator). Dessa forma, define-se 5 msm tw δθ +×= (6) Onde, �m é o deslocamento angular do rotor em relação ao eixo girante, em radiano mecânico. Derivando (6) em relação a t, obtêm-se dt d ww dt d w dt d m sm m s m δ +=� δ += θ (7) e 2 2 2 2 dt d dt d mm δθ = (8) A equação (7) mostra que a velocidade mecânica do rotor dt d w m m θ = é constante e igual e à velocidade síncrona, quando 0= dt d mδ . A equação (8) representa a aceleração angular do rotor. A substituição de (8) em (4), resulta em ema m TTT dt d J −==× 2 2δ N.m (9) Multiplicando (9) por wm, obtêm-se as potências de aceleração (Pa), mecânica no eixo da máquina (Pm) e elétrica (Pe). emmmam m m TwTwTw dt d wJ ×−×=×=×× 2 2δ W (10) ou ema m m PPP dt d wJ −==×× 2 2δ W (11) O coeficiente mwJ × é o momento angular do rotor (kg.m2/s). Na velocidade síncrona, é chamado de “constante” de inércia da máquina, sendo simbolizado por M. Em algumas condições de operação, M não é constante, tendo em vista que wm não é igual à ws. Porém, na prática, wm não difere significativamente de ws quando a máquina é estável. Re- escrevendo (11) em termos de M, tem-se ema m PPP dt d M −==× 2 2δ W (12) Nos dados de máquina para estudo de estabilidade, outra constante relacionada à inércia, comumente fornecida pelos fabricantes, é a constante H. É definida como em MVAa máquina,rifásica dPotência t ules em megajo síncrona,velocidadenética na Energia ci H = 6 ou maq s maq s S wM S wJ H × = × = 2 1 2 1 2 MJ/MVA (13) Explicitando M em (13) e substituindo em (12), obtém-se maq em maq am s S PP S P dt d w H − ==× 2 22 δ (14) Tomando como potência base a potência da própria máquina, tem-se (14) em p.u na base da máquina. ema m s PPP dt d w H −==× 2 22 δ p.u (15) A equação (15) é chamada de equação de oscilação da máquina, a qual governa a dinâmica rotacional das máquinas síncronas nos estudos de estabilidade. Escrevendo (15) em termos de f (Hz) e fazendo �m = � (radiano elétrico), tem-se ema PPP dt d f H −==× × 2 2δ π p.u (16) Para o caso do ângulo � ser dado em grau elétrico, resulta ema PPP dt d f H −==× × 2 2 180 δ p.u (17) A equação (15) pode ser re-escrita como ema m s PPP dt d dt d w H −==� � � � � �× δ2 p.u (18) De (7), tem-se sm m ww dt d −= δ rad/s (19) Essa equação fornece a velocidade angular do rotor relativa à velocidade síncrona do campo girante. Como a velocidade síncrona não varia com o tempo, então, a substituição de (19) em (18), resulta em m s PP dt dw w H −=×2 p.u (20) 7 Sob o ponto de vista de aplicação prática, é importante que se façam algumas considerações sobre a equação de oscilação. 1. Em um estudo de estabilidade com várias máquinas síncronas, apenas uma potência é tomada como base (comumente, 100 MVA). Assim, o segundo membro da equação de oscilação (15) de cada máquina deve ser expresso em p.u na base comum. Por sua vez, a constante H, no primeiro membro, deve ser consistente com a base do sistema. Isto deve ser feito convertendo a constante H de cada máquina (dada na própria potência), a um valor determinado pela base do sistema. Na equação (12), multiplicando cada lado pela relação (Smaq /Ssistema), obtém-se sistema s maq sistema maq sistema maq maq s maq sistema maq S wM H S S S S S wM H S S × =×�× × =× 2 1 2 1 Mas, sistema sistema s H S wM = × 2 1 Então, sistema maq maqsistema S S HH ×= 2. A constante de inércia M raramente é usada, sendo mais comum o emprego de H na equação de oscilação. Isto se deve ao fato de M variar bastante com o tamanho e o tipo de máquina. A constante H também varia, porém numa faixa menor. Os fabricantes de máquinas costumam usar a grandeza 2WR (peso em libra, multiplicado pelo quadrado do raio de giração, em pés) para especificar o momento de inércia das partes rotativas de uma unidade de geração (incluindo a máquina motriz). A grandeza WR2 /32,2 é o momento de inércia em slug-pé quadrado. Exemplo 1: Desenvolver uma expressão para calcular a constante H do gerador de uma usina nuclear com potência 1,333 MVA, 1800 rpm e WR2 = 5,82x106 lb.ft2. Resolução: A energia cinética de rotação em lb.ft, na velocidade síncrona, é 22 60 )(2 322 1 � �� ×π××= rpmWR KE lb.ft ou 2 2 1 swIKE ××= Onde, I é o momento de inércia dado por 2,32 2WR I = 8 Sabe-se que 1 ft.lb = 746/550 joules. Convertendo esse valor para MJ e dividindo pela potência da máquina em MVA, obtém-se maqmaq S rpmWR S rpmWR H 2210 22 6 )(1031,260 )(2 2,322 1 10 550 746 ×××= � � � ×π×××� � � � � � × = − − 333,1 18001082,51031,2 2610 ××××= − H Convertendo H para a base do sistema (no caso, 100 MVA), tem-se 56,43 100 333,1 27,3 =×=H MJ/MVA 3. Em estudo de estabilidade de um grande sistema com várias máquinas, é necessária a minimização das equações de oscilação a serem resolvidas. Isto pode ser feito se a falta na linha de transmissão do sistema for de tal forma que os rotores das máquinas de uma mesma usina ou planta oscilem juntamente. Em tal caso, as máquinas, que funcionam dessa forma, podem ser combinadas em uma máquina equivalente, como se seus rotores fossem mecanicamente acoplados, conseqüentemente, apenas uma única equação de oscilação será utilizada. As máquinas que atendem a esses pré-requisitos são chamadas de máquinas coerentes. Considere um sistema com dois geradores conectados a uma mesma barra. Considere também, que a barra está eletricamente distante do distúrbio. As equações de oscilação na base do sistema são: • Para o gerador 1: 112 1 2 12 em s PP dt d w H −=δ× p.u (21) • Para o gerador 2: 222 2 2 22 em s PP dt d w H −=δ× p.u (22) Somando essas duas equações e fazendo �1 = �2 = �, pois considera-se que os dois rotores oscilam juntamente (máquinas coerentes), tem-se )()(2 22 eqeeqm s eq PP dt d w H −=δ× Onde, Heq = H1 + H2 Pm(eq) = Pm1 + Pm2 Pe(eq) =Pe1 + Pe2 9 Essa equação, que toma a forma de (14), pode ser resolvida para representar a dinâmica da planta. Exemplo 2: Duas unidades geradoras, que operam em paralelo, têm as características dadas abaixo. Calcular a constante equivalente H par as duas unidades na base de 100 MVA. • Unidade 1: 500 MVA, fp1= 0,85, 20 kV, 3500 rpm, H1= 4,80 MJ/MVA • Unidade 2: 1,333 MVA, fp2 = 0,90, 22 kV, 1800 rpm, H2 =3,27 MJ/MVA. Resolução: A energia cinética de rotação das máquinas é dada por: 6759333,127,35008,4 =×+×=KE MJ 59,67 100 6759 ==H MJ/MVA Sabendo-se que as máquinas oscilam juntamente, esse valor pode ser usado numa equação de oscilação, pois se considera que os rotores estão em passo, em cada instante de tempo. 4. Para o caso de duas máquinas não coerentes, as equações de oscilação são iguais às equações (21) e (22). Dividindo cada equação por sus respectiva constante, e subtraindo os resultados, obtém-se �� � � �� � � − − − ×= δ − δ 2 22 1 11 2 2 2 2 1 2 2 H PP H PPw dt d dt d emems Multiplicando os dois lados por 21 21 HH HH + × e fazendo algumas manipulações algébricas, determina-se que 21 1221 21 1221 2 21 2 21 21 )(2 HH HPHP HH HPHP dt d HH HH w eemm s + ×−× − + ×−× = − �� � � �� � � + × × δδ (23) Escrevendo essa equação na forma básica, tem-se 12122 12 2 122 em s PP dt d w H −=δ× Onde �12 = �1- �2 21 21 12 HH HH H + × = 10 21 1221 12 HH HPHP P mm m + ×−× = 21 1221 12 HH HPHPP ee e + ×−× = Uma aplicação que pode ser feita com essas equações diz respeito a um sistema composto por um gerador e um motor síncrono, conectados por uma linha de transmissão puramente reativa. Se ocorrer uma mudança na potência de saída do gerador, ela será absolvida pelo motor. Assim, pode-se escrever mmm PPP =−= 21 eee PPP =−= 21 Nessas condições, mm PP =12 e ee PP =12 e a equação (23) fica reduzida a em s PP dt d w H −=δ× 2 12 2 122 4. Equação do Ângulo de Potência Na equação de oscilação do gerador, a potência de entrada da máquina (Pm) será considerada constante. Sendo Pm constante, a potência Pe determina se o rotor acelera, desacelera ou permanece na velocidade síncrona. Quando Pe=Pm, a máquina funciona em regime permanente, na velocidade síncrona. Quando se afasta desse valor, a velocidade do rotor afasta-se da velocidade síncrona. As mudanças em Pe são determinadas pelas condições dos circuitos de transmissão e distribuição ou das cargas supridas pelo gerador. Distúrbios nos sistemas como mudanças de cargas, faltas ou aberturas de disjuntores, podem causar mudanças em Pe, conseqüentemente, transitórios eletromagnéticos. Fundamentalmente, a tensão no gerador é suposta constante, de forma que a mudança em Pe é determinada pela equação de fluxo de carga, aplicada ao circuito, e pelo modelo escolhido para representar o comportamento elétrico da máquina. Para o estudo de estabilidade transitória, cada máquina é representada por sua tensão interna, E’, em série com sua reatância transitória X’d, como mostra a Figura 4. Onde, Vt é a tensão terminal e � é o ângulo de E’ em relação ao o eixo girante (� = �m, ver figuras 2 e 3). Esse modelo corresponde á representação da máquina em regime permanente, em que a reatância síncrona Xd está em série com a tensão interna E. + _ E’ jX’d I Vt Referência Vt I×′dXj I E’ � = �m � Figura 4 – Circuito equivalente de um gerador síncrono em regime transitório e seu diagrama fasorial G 11 Considere o caso de dois geradores suprindo cargas com impedâncias constantes em um circuito como esquematizado na Figura 5. As reatâncias dos geradores estão incluídas no circuito. Os elementos da matriz admitância de barra para o circuito, reduzido às barras 1 e 2, é � � � � � = 2221 1211 YY YY Ybar (24) Do estudo de fluxo de carga, sabe-se que a injeção de potência complexa ( ∗ kS ), numa barra genérica k, é n N n knkkk jQP VYV ××=− � = ∗ 1 (25) Sendo k =1 e N =2 e fazendo V igual a E’ em (25), obtém-se a potência líquida injetada na barra 1 do sistema. ∗∗ ′×′+′××′=+ )()( 2121111111 EYEEYEjQP (26) Onde ; ; 121212111111 222111 θ δδ ∠=−= ∠=′∠=′ YjBG EE YY EE Substituindo esses valores em (26), obtém-se )](sen[)cos( 1221122111 2 11221122111 2 111 θδδθδδ −−××−×+−−××+×=+ YEEBEjYEEGEjQP Conseqüentemente, ∗ 1S é dada por )](sen[)cos( 1221122111 2 11221122111 2 111 θδδθδδ −−××−×−−−××+×=− YEEBEjYEEGEjQP Assim, )cos( 1221122111 2 11 θδδ −−×′×′+×′= YEEGEP (27) G1 G2 Circuito de transmissão E1’ E2’ + _ + _ I2 I1 Figura 5 – Sistema de potência com dois geradores suprindo cargas através de um circuito de transmissão 1 2 12 e )(sen 1221122111 2 11 θδδ −−×′×′+×′−= YEEBEQ (28) Trocando os subscritos, obtêm-se equações semelhantes para a barra 2. Em (27) e (28), fazendo 2 e 1221 πγθδδδ +=−= , têm-se )(sen122111 2 11 γ−δ×′×′+×′= YEEGEP (29) )(cos122111 2 11 γδ −×′×′−×′−= YEEBEQ (30) A equação (29) pode ser escrita numa forma mais compacta )-sen(max γδPPP ce += (31) Onde 1221max11 2 11 ; ; YEEPGEPPP ce ×′×′=×′== (32) A equação (31), que fornece a potência elétrica de saída do gerador, Pe, comumente é chamada de equação do ângulo de potência. Seu gráfico, que é traçado em função de �, é conhecido como curva do ângulo de potência. No caso de um circuito puramente reativo, tem-se G11= 0 (Pc = 0) e �12 = �/2. Então, de (27) obtém-se δsen max ×= PPe (33) Em que, 1221max YEEP ×′×′= e Y12 é o módulo do elemento Y12. Exemplo 3: A Figura 6 mostra um gerador conectado através de duas linhas de transmissão a um grande sistema metropolitano, que é considerado como barra infinita ( p.u01 o∠=V e freqüência constante). A máquina está fornecendo 1 p.u de potência ao sistema. A tensão terminal da máquina é α∠1 p.u. Os números no diagrama indicam as reatâncias numa mesma base. Pede-se: (a) A equação do ângulo de potência para essa condição de operação; (b) A equação de oscilação da máquina. Resolução: Primeiramente, constrói-se o diagrama de impedâncias como na Figura 7. j0,1 2,0jd =′X G ∞ j0,4 j0,4 Figura 6 – Sistema de potência onde se vê um gerador alimentando uma barra infinita 13 O módulo da reatância série entre a tensão terminal e a barra infinita é: X24 = 0,3 p.u A potência fornecida pelo gerador ao sistema (1 p.u) é dada pela equação do ângulo de potência. ot X VV 46,171sen 3,0 11 1sen 24 =α�=α×× �=α× × Em que � é o ângulo de Vt com relação V (barra infinita tomada como referência). Assim, o t 46,171∠=V =0,954+j0,3 p.u Por sua vez, determina-se a corrente I o oo t j jx 73,8012,11535,01 3,0 0146,171 24 ∠=+=∠−∠= − = VV I p.u A tensão transitória E’ é dada por ooo dt j 44,2805,173,8012,12,046,171 ∠=∠×+∠=×′+=′ IXVE p.u Escrevendo a equação do ângulo de potência relativa ao gerador à barra infinita, tem- se δδ sen 5,0 105,1 sen 14 ××=××′= x VE Pe δsen 01,2=eP Onde � é o ângulo mecânico do rotor com relação à barra infinita, dado em radiano ou grau elétrico. O gráfico de Pe x � (curva do ângulo de potência) está mostrado na Figura 8. j0,2 I α∠= 1tV + _ E’ G j0,1 + _ j0,4 j0,4 o01∠=V 2 3 4 Figura 7 – Diagrama de impedâncias do sistema 1 14 Observa-se que a potência mecânica de entrada, Pm, é constante (considerada 1 p.u) e intercepta a curva do ângulo de potência no ponto de ângulo 28,44º (ângulo de operação). Essa posição angular inicial do rotor corresponde à condição de operação de 1 p.u. De (17), tem-se a equação de oscilação da máquina δ×−=δ× × sen1,21 180 2 2 dt d f H p.u Onde, H é dada em MJ/MVA, f em Hz e � em graus elétricos. Exemplo 4: O sistema do Exemplo 3 está operando nas condições mencionadas quando ocorre uma falta trifásica na metade de uma das linhas. Pede-se a equação do ângulo de potência para o sistema na condição de falta e a equação de oscilação correspondente. Considerar H = 5 MJ/MVA. Resolução: Na Figura 9 é mostrado o diagrama de impedâncias transformado em diagrama de admitâncias. 2,1 90 28,44 151,56 � (graus) Pe (p.u) Figura 8 – Gráfico do ângulo de potência δsen1,2 ×=eP Pm 15 Na Figura 10, redesenha-se o diagrama de admitâncias com o objetivo de mostrar o efeito da falta. Baseado no conceito de que o enlace de fluxo na máquina não varia instantaneamente, então, a tensão transitória interna do gerador permanece constante e igual a o44,2805,1 ∠=′E p.u, conforme calculada no exemplo anterior. Para a nova configuração mostrada na Figura 10, a matriz de admitâncias de barra é A barra 3, sem fonte, será removida da matriz Ybar, usando o método de redução de Kron, isto é, nn njknoriginal kj novo kj Y YY YY × −= )()( Onde, n é o número de elementos da matriz )(original barY . 3 4 1 -j5 δ∠05,1 + _ G -j3,333 + _ -j5 -j2,5 o01∠ Figura 9 – Diagrama de admitâncias do sistemaF 3 4 1 -j5 δ∠05,1 + _ G -j3,333 + _ -j5 -j2,5 o01∠ Figura 10 – Diagrama esquemático de mostrando o efeito da falta 1 4 3 � � � � � � � � � − − − ×= 833,105,2333,3 5,25,70 333,30333,3 jbarY 1 4 3 16 A aplicação desse procedimento, resulta � � � − − ×=� � � = 923,6769,0 769,0308,2 )( 22 )0( 21 )( 12 )( 11)( jnovonov novonovo nova bar YY YY Y O módulo da admitância de transferência entre o gerador e a barra infinita é 769,0)( 12 =novoY p.u. Portanto, 808,0769,0105,1)( 12max =××=××′= novoYVEP p.u A equação do ângulo de potência na condição da falta no sistema é δsen808,0 ×=eP p.u A correspondente equação de oscilação é δ×−=δ× × sen808,01 180 5 2 2 dt d f p.u Devido à inércia, o ângulo do rotor não pode mudar instantaneamente no momento da falta. Por conseguinte, inicialmente, permanece com o valor 28,44º, e a potência de saída é 385,0)sen(28,44808,0 o =×=eP p.u Assim, a potência de aceleração inicial é 615,0385,01 =−=aP p.u Por sua vez, a aceleração angular inicial do rotor é positiva e seu valor é dado por f f dt d ×=××=δ 14,22615,0 5 180 2 2 grau / s2 Exemplo 5: A falta no sistema do Exemplo 4 é limpa pela abertura simultânea das proteções nos dois terminais da linha afetada. Pede-se a equação do ângulo de potência e equação de oscilação para o período pós-falta. Resolução: Verificando a Figura 6, após a remoção da linha com falta, a admitância série entre o gerador e a barra infinita é 429,1 )4,01,02,0( 1 14 j j −= ++ =y p.u 17 Na matriz Ybar, o elemento Y14 = -y14, então Y14 = j1,429 p.u. Assim, a equação do ângulo de potência é dada por δsen5,1sen429,1105,1 ×=×××= �Pe p.u Por sua vez, a equação de oscilação é � dt d f sen5,11 180 5 2 2 ×−=δ× × p.u A aceleração, no momento da abertura da falta, depende da posição angular do rotor naquele instante de tempo. As curvas dos ângulos de potência dos exemplos acima são mostradas na Figura 11. 5. Coeficientes de Potência Sincronizante No gráfico do ângulo de potência do Exemplo 3 (Figura 8), o ponto de operação é determinado para o ângulo de operação �0 = 28,44º, onde a potência mecânica de entrada Pm é igual à potência elétrica de saída Pe. Na mesma figura, observa-se que Pe = Pm para o caso de � = 151,56º, o que pode parecer um ponto aceitável de operação. O que não é, como será mostrado a seguir. � (graus) Pe (p.u) 90º Pm 28,44 151,56 2,1 δsen1,2 ×=eP δsen5,1 ×=eP δsen808,0 ×=eP Figura 11 – Curvas dos ângulos de potência dos exemplos apresentados 18 Um ponto de operação aceitável é aquele que o gerador não perde o sincronismo quando ocorrer pequenas mudanças na potência elétrica de saída. Para este exame, considere uma potência mecânica (Pm) fixa e uma mudança incremental no ponto de operação, isto é, ∆∆ +=δ+δ=δ eee PPP 00 e (34) Onde os índices zero e � identificam, respectivamente, o ponto de operação em regime permanente e a variação incremental a partir desse valor. Substituindo (34) em (33), obtém-se a equação do ângulo de potência para o sistema de duas máquinas. )sencoscossen()sen( 00max0max0 ∆∆∆∆ ×+×=+×=+ δδδδδδ PPPP ee (35) Sendo �� um pequeno deslocamento incremental de �0, então ∆∆∆ == δδδ sen e 1cos (36) Assim, (35) torna-se )cos(sen 0max0max0 δδδ PPPP ee ∆∆ +=+ (37) No ponto de operação inicial (�0), tem-se Pm = Pe 0, então, 0maxsenδPPm = (38) A partir de (37) e (38), tem-se 0max0 cos)( δ×δ−=+− ∆∆ PPPP eem (39) A substituição das variáveis incrementais de (34) em (15), resulta )( )(2 02 0 2 ∆ ∆ +−= + × eem s PPP dt d w H δδ p.u (40) Trocando o lado direito dessa equação por (39) e permutando os termos, obtém-se (41) 0)cos( 2 )cos( 2 0max2 2 0max2 2 2 0 2 =+× −=� � � � � � � � +× ∆ ∆ ∆ ∆ δδδ δδδδ P dt d w H P dt d dt d w H s s 0 19 Derivando (33) em relação a � e fazendo �= �0, obtém-se 0max cos| 0 δ δ δδ P d dP S e p == = p.u (42) Onde, Sp é a inclinação da curva do ângulo de potência no ponto de operação de �0. É conhecida como coeficiente de potência sincronizante. Quando Sp é usado em (41), a equação de oscilação, para variações incrementais ângulo-rotor, pode ser posta na forma 0 22 2 =× × + ∆ ∆ δδ H Sw dt d ps (43) Em (43), tem-se uma equação diferencial linear de segunda ordem cuja solução depende do sinal de Sp. Quando Sp for negativo, a solução ��(t) cresce exponencialmente sem limite. Quando Sp for positivo, a solução ��(t) corresponde a um movimento harmônico simples. O movimento é representado pela oscilação de um pêndulo sem amortecimento. A equação de um movimento harmônico simples é 02 2 2 =×+ xw dt xd n (44) Comparando (43) com (44), para o caso Sp positivo, obtém-se a freqüência angular de oscilação, sem amortecimento, ou seja, H Sw w ps n 2 × = rad/s (45) ou n pn n w H Sw f ×= × ×= ππ 2 1 22 1 Hz (46) Na Figura 8, o ponto de operação � = 28,44º é um ponto de equilíbrio estável. Nesse sentido, o ângulo do rotor oscila após uma pequena perturbação. Na prática, o amortecimento restabelece o ângulo do rotor para 28,44º, após a perturbação temporária. Pelo outro lado, o ponto � = 151,56º é um ponto de equilíbrio instável pelo fato de Sp ser negativo. Esse ponto não é válido como ponto de operação. Exemplo 4: A máquina do Exemplo 3 está operando com um ângulo � =28,44º, quando ocorre uma pequena perturbação no sistema. Pede-se a freqüência e o período de oscilação do rotor, considerando que a máquina é removida antes da máquina motriz. Fazer H=5 MJ/MVA. Resolução: De (42), o coeficiente de potência sincronizante é 20 8466,1)44,28cos(1,2 == o pS p.u De (43), a freqüência angular de oscilação assume o valor 343,8 52 8466,1377 2 = × ×= × = H Sw w ps n rad/s ou, em termos de freqüência elétrica 33,1343,8 2 1 =×= πnf Hz O período é dado pelo inverso de fn, então 753,0 33,1 11 === nf T s Esse exemplo é importante sob o ponto de vista prático, pois indica a ordem de grandeza da freqüência que pode ser imposta à freqüência nominal (60 Hz) de um sistema com várias máquinas interconectadas. Para o exemplo, 33,160 +=f Hz. 6. Análise de Estabilidade: Critério das Áreas Iguais A equação de oscilação é não linear, assim sendo, a sua solução formal não pode ser explicitada. No caso da oscilação de uma única máquina, com relação a uma barra infinita, é muito difícil de se obter a solução formal literal. Para isso, métodos computacionais são utilizados. Para verificar a estabilidade de um sistema de duas máquinas, sem resolver a equação de oscilação, emprega-se o critério das áreas iguais, que é um método aproximado. Considere o sistema mostrado na Figura 6, ao qual é acrescentada uma pequena linha de transmissão, como mostrado na Figura 12. Inicialmente, o disjuntor A está fechado e o B está aberto, portanto, a condição de operação inicial do Exemplo 3 pode ser considerada sem alteração. No ponto F, ocorre uma falta trifásica, que é limpa pelo disjuntor A depois de um curto intervalo de tempo. A falta é ~ Figura 12 – Sistema de potência com uma falta trifásica no ponto F da linha AB ∞ ~ A B F 21 praticamente na barra de saída do transformador, por conseguinte, a potência elétrica de saída é zero (Pe=0), até a falta ser limpa. A condição física antes, durante e depois da falta pode ser entendida analisando a curva do ângulo de potênciana Figura 13 (a), (b) e (c). 180º �0 �max Pm a b δsenmaxP (a) 180º �0 �max Pm a δsenmaxP (b) A2 A1 d e �c �x b c 22 Antes da falta ocorrer, o gerador está operando na velocidade síncrona com o ângulo do rotor igual a �0, e a potência mecânica de entrada, Pm, é igual à potência elétrica de saída, Pe, como no ponto a da Figura 13 (a). Quando ocorre a falta, no instante t = 0, Pe vai a zero e Pm permanece inalterada, como mostra a Figura 13 (b). Essa mudança acarreta o crescimento da velocidade do rotor, a partir do aumento da potência de aceleração, que se iguala à Pm, ou seja, Pa= Pm. Sendo tc o tempo de abertura da falta, então, para um tempo t < tc, a aceleração é constante e, de acordo com (15), é dada por m sm P H w dt d ×= 22 2δ rad/s2 (47) Enquanto permanece a falta, a velocidade do rotor cresce acima da velocidade síncrona e pode ser obtida pela integração de (47). � ××=××= t m s m s tP H w dtP H w dt d 0 22 δ rad/s (48) Essa equação fornece a velocidade do rotor, relativa à velocidade síncrona. Integrando-a novamente em relação ao tempo, obtém-se a posição angular do rotor. 0 2 4 δδ +× × = t H Pw ms rad (49) 180º �0 �max Pm a δsenmaxP (c) A3 A4 d e �c �x �y Figura 13 – Diagramas da curva do ângulo de potência, apresentando as condições físicas do sistema, antes (a) durante (b) e depois (c) da falta b c f 23 As equações (48) e (49) mostram, respectivamente, que a velocidade relativa do rotor cresce linearmente com o tempo, enquanto o ângulo do rotor avança de �0 até o ângulo �c, na abertura da falta. Isto é, o ângulo � vai de b até c na Figura 13 (b). No instante de abertura da falta, t = tc, o crescimento da velocidade do rotor e do ângulo, entre o gerador e a barra infinita, são, respectivamente c ms tt t H Pw dt d c × × == 2 | δ rad/s (50) e 0 2 4 |)( δδ +× × == c ms tt t H Pw t c rad (51) Quando a falta é limpa no ângulo �c, a potência elétrica (Pe) cresce abruptamente ao valor correspondente ao ponto d, na curva do ângulo de potência. Em d, Pe excede a potência mecânica (Pm). A partir daí, a potência de aceleração (Pa) fica negativa (Pa = Pm - Pe). Conseqüentemente, diminui a velocidade, quando Pe vai de d a e na Figura 13 (c). Em e, a velocidade do rotor atinge a velocidade síncrona, embora o ângulo do rotor tenha avançado até �x. A velocidade do rotor (wm) não pode permanecer na velocidade síncrona (ws), precisa continuar decrescendo. Nesse caso, de acordo com (19), a velocidade relativa é negativa, e o ângulo do rotor se desloca para trás, a partir de �x. De acordo com a curva da Figura 13 (c), isso acontece a partir do ponto e até a, onde wm < ws. De a até o ponto f, tem-se Pm >Pe. Em f, a velocidade do rotor atinge a velocidade síncrona outra vez. Na ausência de amortecimento, o rotor continuará oscilando indefinidamente na seqüência f-a-e e e-a-f, com a velocidade síncrona ocorrendo em e e f. De acordo com (19), a velocidade angular do rotor (wr), relativa à velocidade síncrona, é dada por smr ww dt d w −== δ (52) De (20), tem-se em r s PP dt dw w H −=×2 (53) Multiplicando os dois lados da equação por dt d wr δ= , obtém-se dt d PP dt dw w w H em r r s δ×−=×× )(2 (54) Mas r r w dt wd 2 )( 2 = , então (54) pode ser re-escrita como dt d PP dt wd w H em r s δ×−=× )( )( 2 (55) 24 Multiplicando por dt e integrando o resultado, obtém-se � −=−× 2 1 )()( 2 1 2 2 δ δ δdPPww w H emrr s (56) A velocidade wr1 do rotor corresponde a �1 e wr2 corresponde a �2. Se o rotor está na velocidade síncrona, então, wr1= wr2= 0. Nessas condições, (56) torna-se 0)(2 1 =−� δ δ δdPP em (57) Aplicando essa equação em dois ângulos, �1 e �2, do diagrama do ângulo de potência, determinam-se os pontos em que a velocidade do rotor atinge a velocidade síncrona. Na Figura 13 (b), os tais pontos são a e e, que correspondem aos ângulos �0 e �x. Fazendo a integração em dois passos, escreve-se 0)()( 0 =−+− �� x c c dPPdPP emem δ δ δ δ δδ (58) ou �� −=− x c c dPPdPP meem δ δ δ δ δδ )()( 0 (59) O primeiro membro corresponde ao período que o sistema permanece com a falta, e o segundo ao período pós-falta. Na Figura 13 (b), Pe é zero durante a falta (intervalo de a-d). A área hachurada A1 é dada pelo primeiro membro de (59), e a área A2 pelo segundo membro. As duas áreas são iguais, ou seja, ��� −= x c x c c dPdPdP mem δ δ δ δ δ δ δδδ 0 Mas, δδ dPPe senmax ×= , então, ��� −×= x c x c c dPdPdP mm δ δ δ δ δ δ δδδδ senmax 0 )()cos(cos)( max0 cxmxccm PPP δ−δ×−δ−δ×=δ−δ× (60) Na Figura 13 (c), o rotor assume a velocidade síncrona em �x e �y, então, pela mesma razão, A3 e A4 são iguais. A área A1 depende do tempo de abertura da falta. Se esse tempo crescer, o ângulo �c também crescerá, implicando em um aumento da área A1. Pelo critério das áreas iguais, A2 também irá crescer, até o ângulo �x. Se o tempo de abertura for prolongado, até que o ângulo do rotor oscile além do ângulo máximo �max, a velocidade do rotor vai estar acima da velocidade síncrona, quando a potência de aceleração for atingida novamente. Na condição de aceleração positiva, o ângulo � crescerá sem limite, levando a um resultado instável. 25 Entretanto, existe um ângulo crítico que garante a estabilidade do sistema. Esse ângulo, que conhecido como ângulo crítico de abertura, pode ser determinado pelo critério das áreas iguais, como será visto a seguir. O tempo para remover a falta, que correspondente ao ângulo crítico, é chamado de tempo crítico de abertura, tcr. Aplicando (60), no caso particular da Figura 14, tem-se )()cos(cos)( maxmaxmax021 crmcrcrm PPPAA δ−δ×−δ−δ×=δ−δ×�= (61) A manipulação dessa equação, resulta max0max max cos)(cos δδδδ +−×�� � � �� � � = P Pm cr (62) Da Figura 14, tem-se 0max δπδ −= (63) e 0max senδ×= PPm (64) Substituindo �max e Pm em (62), simplificando o resultado e resolvendo-a para �cr, obtém-se ]cossen)2[(cos 000 1 δδδπδ −×−= − cr rad (65) A substituição de (65) em (51), resulta em outra expressão que também pode ser usada na determinação do ângulo crítico de abertura, isto é, � (rad) �0 �max Pm δsenmaxPPe = Figura 14 – Diagrama do ângulo de potência que mostra o ângulo crítico de abertura A2 A1 P (p.u) �cr 26 0 2 4 δδ +× × = cr ms cr t H Pw rad (66) Por conseguinte, o tempo crítico de abertura é dado por ms cr cr Pw H t × −× = )(4 0δδ s (67) É importante observar que, no cálculo de tcr e �cr, os ângulos devem ser dados em radiano. Exemplo 7: Calcular o ângulo e o tempo crítico de abertura para o sistema da Figura 12, submetido à falta trifásica no ponto F da linha de transmissão curta. As condições iniciais são as mesmas do Exemplo 3 e H = 5 MJ/MVA. Resolução: Do Exemplo 3, tem-se: • Equação do ângulo de potência: δδ sen1,2senmax ×=×= PPe p.u • Ângulo inicial do rotor: �0 = 28,44º = 0,496 rad • Potência mecânica de entrada: Pm = 1 p.u De acordo com (66), o ângulo crítico é: 426,1697,81]28,44cossen28,44)496,02[(cos oo1 ==−××−π=δ − o cr rad A aplicação de (67), resulta no tempo crítico: 222,0 1377 )496,0426,1(54 = × −××=crt s Esse exemplo serve para estabelecer o conceito de tempo crítico de abertura, o qual é fundamental ao projetista de proteçãopara o esquema de abertura de falta. Nos casos mais gerais, o tempo crítico de abertura não pode ser explicitado sem resolver a equação de oscilação por simulação em computador digital. 7. Aplicações Adicionais do Critério das Áreas Iguais Embora o critério das áreas iguais seja aplicado apenas para o caso de duas máquinas ou uma máquina e uma barra infinita, é bastante útil para se observar o que acontece quando ocorre uma falta no sistema. Quando um gerador está suprindo potência a uma barra infinita por duas linhas de transmissão paralelas, como no Exemplo 3, a abertura de uma delas pode causar a perda de sincronismo do gerador, apesar da carga está sendo suprida pela outra linha em condições de regime permanente. Se um curto-circuito trifásico ocorrer na barra que as linhas estão conectadas (barra de saída das linhas), nenhuma potência será transmitida por ambas. É o caso 27 do exemplo anterior. No entanto, se a falta ocorrer na extremidade de uma delas, a abertura dos disjuntores nos extremos, isolará a falta e permitirá o fluxo de potência através da outra linha. Quando ocorre transmissão de potência durante uma falta, o critério das áreas iguais pode ser aplicado. Porém, é necessário que se tracem três curvas do ângulo de potência, para as seguintes condições: • Antes da falta (pré-falta); • Durante a falta; • Após a falta (pós-falta). A Figura 15, que é similar à Figura 11, mostra o diagrama do ângulo de potência para essas três condições. Ou seja, as curvas 1, 2 e 3 descrevem as condições pré-falta, durante a falta e pós-falta, respectivamente. Examinando a Figura 15, conclui-se que as áreas A1 e A2 são as regiões de interesse para se determinar o ângulo crítico. Usando os passos do item anterior, escrevem-se )cos(cos)(dsen 0max10max11 00 crcrmm PrPPrdPA xcr δδδδδδδ δ δ δ δ −×−−=×−= �� e )()cos(cosddsen maxmaxmax2max22 maxmax crmcrm PPrPPrA crcr δδδδδδδ δ δ δ δ −−−×=−×= �� Figura 15 – Diagrama do ângulo de potência antes, durante e depois da falta A1 A2 �0 Pm P (p.u) �cr �maxr 180º δ× senmax1 Pr δ× senmax2 Pr δsenmaxP �0 (pos) PF 1 2 3 28 Em que, r1 e r2 são fatores de transferência de potência, dados pelas relações: PALTA-PRÉ max, FALTAA DURANTE , max 1 P P r = PALTA-PRÉ max, FALTA PÓS- , max 2 P P r = Igualando A1 e A2 e fazendo as devidas manipulações algébricas, obtém-se o ângulo crítico. 12 01max20max max coscos)( cos rr rr P Pm cr − ×−×+−×�� � � �� � � = δδδδ δ (68) Para o cálculo de �cr, deve-se calcular, primeiramente, �0 e �max, ou seja, �� � � �� � � =δ�δ= max 1- 00max sensen P P PP m m (69) �� � � �� � � × −=δ�δ×= max2 1- maxmaxmax2 sen180sen Pr P PrP mo m (70) No Exemplo 7, não há transmissão de potência durante a falta, o que implica r1= 0 e r2 =1, conseqüentemente, a equação (68) reduz-se à equação (62). Pequenos valores de r1 correspondem a pequenas quantidades de potência transmitidas durante a falta. Isso pode causar grandes distúrbios ao sistema. Nessa situação, observa-se que A1 é grande. Os curtos-circuitos desbalanceados são representados por uma impedância, conectada entre o ponto de falta e a barra de referência, no diagrama de seqüência positiva. Portanto, independentemente de suas localizações, essas faltas permitem a transmissão de alguma potência ativa. Do que foi exposto, chega-se à conclusão que o curto-circuito trifásico é o mais severo, pois, dependendo de sua localização, não permite a transmissão de potência ativa através das linhas de transmissão (r1= 0). Sob o ponto de vista de severidade, as faltas são classificadas na seguinte ordem decrescente: 1. Trifásica 2. Dupla fase-terra 3. Fase-Fase 4. Fase-terra. 29 A falta entre uma linha e a terra é a mais freqüente, sendo a trifásica a mais rara. Porém, para uma maior segurança, os sistemas devem ser projetados para a estabilidade em regime transitório, com faltas trifásicas nas piores localizações. Exemplo 8: Determinar o ângulo crítico e tempo crítico de abertura para a falta trifásica descrita nos exemplos 4 e 5. Considere a configuração inicial do sistema e as condições dadas no Exemplo 3. Resolução: a) Determinação do ângulo crítico As equações do ângulo de potência para as condições de antes, durante e depois da falta, são: • Antes: δδ sen1,2senmax =P • Durante: δδ sen808,0senmax1 =× Pr • Depois: δδ sen5,1senmax2 =× Pr Assim, 714,0 1,2 5,1 385,0 1,2 808,0 2 1 == == r r Na condição pré-falta (Exemplo 3), tem-se 496,044,280 == oδ rad Sendo Pm = 1 p.u, então, de acordo com (70), tem-se 412,219,13881,41180 1 sen180 max2 1- max ==−=�� � � �� � � × −=δ oooo Pr rad A substituição dos valores de �0 e �max em (68), resulta 127,0 85,0714,0 44,28cos385,019,138cos714,0)496,0412,2( 1,2 1 cos = − −+−× = oo crδ Logo, o cr 726,82)127,0(cos 1 ==δ − = 1,444 rad b) Determinação do tempo crítico 30 A expressão (7), para determinação do tempo crítico, foi demonstrada a partir de (47) e (48), onde Pe = 0, após a falta. Neste caso, Pa = Pm (aceleração constante). Para o caso do problema, a potência elétrica transmitida no período pós-falta (Pe (pos)) não é zero. É dada por δ×= senmax1)( PrP pose (71) Então, (47) passa a ser escrita como −= δ m sm P H w dt d ( 22 2 δ× senmax1 Pr ) (72) Devido a não-linearidade dessa equação, uma solução analítica para determinação do tempo crítico não é possível. Portanto, requer uma solução numérica. Diversas técnicas de integração numérica, encontradas na literatura, podem ser aplicadas para se obter a solução aproximada de equações diferencial não-lineares como (72).
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