Buscar

Cultivando a Santidade - J C Ryle e Joel Beeke


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

J.	C.	Ryle	e
Joel	Beeke
EDITORA
OS	PURITANOS
Cultivando	a	Santidade
Autores:	J.	C.	Ryle	e	Joel	Beeke	Primeiro	Edição	-	Junho	de	2000
É	proibida	a	reprodução	total	ou	parcial	desta	publicação,	sem	autorização	por	escrito	dos
editores,	exceto	citações	em	resenhas.
Editor	Responsável:	Manoel	Sales	Canuto	Revisão:	Emir	e	Alaíde	Bermeguy	Tradução:
Manoel	Sales	Canuto	e	Eurico	Correia	Projeto	Gráfico:	Heraldo	F.	de	Almeida
Impressão	e	Distribuição:	Facioli	Gráfica	e	Editora	Ltda.
Fone/Fax:	11	-6957-5111
Projeto	Os	Puritanos
Órgão	de	Divulgação	da	Fé	Reformada
Recife:
Rua	da	Pernambucanas,	30	-	Sala	7	Graças	-	Recife-PE	Fone/Fax:	81-423-4175	E-mail:
ospuritanos@uol.com.br
São	Paulo:
Fone/Fax:	11	-	6957-3148	E-mail:	facioligrafic@osite.com.br	Site:	www.puritanos.com.br
PREFÁCIO
Os	puritanos	foram	chamados	de	os	teólogos	da	santificação.	E	não	foi	sem	razão	que
assim	fossem	chamados.	Eles	viam,	como	Calvino,	que	o	propósito	de	Deus	para	o
crente,	durante	toda	a	vida,	era	a	santificação	(I	Ts	4.3;	I	Pe	1.15).	O	grande	teólogo
puritano	e	chamado	de	“Príncipe	dos	Puritanos”,	John	Owen,	disse:	“A	santificação	é	uma
obra	imediata	do	Espírito	Santo	de	Deus	nas	almas	dos	crentes,	purificando	e	expurgando
de	sua	natureza	a	poluição	e	a	impureza	do	pecado,	renovando	neles	a	imagem	de	Deus,
e,	por	meio	disto,	capacitando-os	a	prestarem	obediência	a	Deus,	obra	essa	baseada	em
um	princípio	espiritual	e	habitual	da	graça,…	Ou,	mais	abreviadamente,	é	a
renovação	da	natureza	humana	pelo	Espírito	Santo,	segundo	a	imagem	de	Deus,	por	meio
de	Jesus	Cristo.	Segue-se,	pois,	que	a	nossa	santidade,	que	é	o	fruto	e	o	efeito	dessa
obra…no	que	concerne	a	renovada…imagem	de	Deus	operada	em	nós,	consiste	em
uma	santa	obediência	a	Deus,	por	meio	de	Jesus	Cristo,	de	acordo	com	os	termos	do
pacto	da	graça”.
Devemos	nos	lembrar	que	o	Espírito	Santo	age	em	nós	com	aquilo	que	a	Palavra
primeiramente	requer	de	nós,	e	o	nosso	crescimento	em	santidade	está	de	conformidade
com	esta	Palavra,	sendo	nosso	crescimento	progressivo	e	por	toda	vida.
Quando	falamos	de	santidade,	não	podemos	esquecer	que	é	um	dom	de	Deus,	mas	é
também	um	dever	exigido	por	Deus	ao	homem.	Por	isso,	aquele	que	quiser	ser	santo	deve
ter	a	devida	consideração	pela	Lei	do	Senhor,	sempre	sendo	encorajado	em	saber	que
existem	promessas	do	Senhor	de	que	forças	virão	dEle	para	guardarmos	essa	Lei,	por	meio
de	Jesus	Cristo.
Nós	necessitamos	de	orar,	pedindo	ajuda	para	o	combate	da	fé	e	para	o	exercício
espiritual.	Para	obtermos	santidade,	precisamos	usar	os	meios	de	graça	de	forma	ativa,
permanente,
orando,	vigiando,	lendo	a	Palavra	e	ouvindo-a,	meditando,	sempre	lembrando	que	o	poder
vem	de	Deus	e	não	de	nós	mesmos,	caso	contrário	fracassaremos.	Por	isso	John	Owen
disse:	“A	verdadeiro	ajuda,	a	assistência	e	operação	do	Espírito	de	Deus,	é	necessáría…
para	a	produção	de	cada	ato	santo…”.
A	santificação	tem	um	aspecto	duplo.	A	vivificação	que	é	o	lado	positivo,	e	a	mortificação
que	é	o	lado	negativo.	A	santificação	é	o	crescimento	e	o	amadurecimento	do	novo
homem,	e	a	mortificação	é	o	enfraquecimento	e	o	golpe	mortal	do	velho	homem.
Devemos	ser	santos,	porque	sem	santidade,	na	terra	nunca	estaremos	preparados	para
gozar	do	céu.	O	céu	é	um	lugar	santo.	J.C.	Ryle	pergunta:	“Imagine,	só	por	uns	instantes,
mailto:ospuritanos@uol.com.br
mailto:facioligrafic@osite.com.br
http://www.puritanos.com.br
que	sem	santidade	te	fosse	permitido	entrar	no	céu.	O	que	farias?	Que	prazeres	podería
dar-te	o	céu?	Que	companhia	de	santos	buscarias	e	ao	lado	de	quem	sentarias?	Seus
prazeres	não	são	teus	prazeres…seu	caráter	não	é	teu	caráter.	Se	não	tens	sido	santo
na	terra,	poderías	ser	feliz	no	céu?”.
A	Igreja	Católica	só	faz	santos	aqueles	que	morreram,	mas	as	Escrituras	exigem	santidade
dos	vivos.	“Que	ninguém	se	engane”,	nos	diz	Owen,	“o	santificação	é	um	requisito
necessário	e	indispensável	de	todos	aqueles	que	desejam	submeter-se	à	conduta	de	Cristo
para	a	salvação.	Os	que	vão	ao	céu	são	precisamente	aqueles	que	têm	sido	santificados
sobre	a	terra.	Esta	Cabeça	viva	não	admite	membros	mortos”.
Neste	livro,	dois	servos	de	Deus,	um	do	passado	e	o	outro	contemporâneo,	J.C.	Ryle	e	Joel
Beeke,	conclamam	os	crentes	a	que	lutem,	busquem	e	cultivem	a	santidade	sem	a	qual
ninguém	verá	a	Deus.	A	igreja	de	hoje	está	envolvida	com	o	mundo,	paganizada,	quando
Deus	nos	chama	à	“separação”:	“Não	ameis	o	mundo!”.
Que	Deus	use	este	livro	para	despertar	os	cristãos	a	uma	vida	dependente	de	Deus,	uma
vida	comprometida	com	Cristo,	e	guiada	pelo	Espírito	Santo	-	uma	vida	santa,	separada	do
mundo	para	Cristo.
O	Editor
A	Santificação
A	-	Pontos	concordantes:
Cultivando	a	Santidade
OBSTÁCULOS	AO	CULTIVO	DA	SANTIDADE
A	SANTIFICAÇÃO
J.	C.	Ryle
João	17:17;	I	Ts.4:3
A	Santificação	é	um	tema	que	muitas	pessoas	aborrecem	em	alto	grau;	algumas	o	evitam
com	desdém,	pois	o	que	menos	lhes	agradaria	era	ser	“santos”	ou	“santificados”.	No
entanto,	o	tema	não	merece	ser	considerado	desse	modo.	A	santificação	não	é	um	inimigo
nosso,	mas	um	amigo.
É	um	tema	de	suma	importância	para	nossas	almas.	Segundo	a	Bíblia,	a	menos	que
sejamos	santos	não	podemos	ser	salvos.	Claramente	nos	indicam	as	Escrituras	que	há	três
coisas	que	são	absolutamente	necessárias	à	salvação:	a	justificação,	a	regeneração	e	a
santificação.	Estas	três	devem	coincidir	em	cada	filho	de	Deus;	cada	um	deles	tem	nascido
de	novo,	tem	sido	justificado	e	santificado.	Se	em	uma	pessoa	falta	alguma	destas	coisas,
com	fundamento	podemos	dizer	que	não	é	verdadeiramente	cristã	aos	olhos	de	Deus,	e	se
morrer	em	tais	condições	não	irá	ao	céu,	nem	será	glorificado	no	último	dia.
A	consideração	deste	tema	é	muito	apropriada	e	oportuna	nos	nossos	dias.	Ultimamente
tem	surgido	doutrinas	muito	estranhas	sobre	santificação.	Alguns	parecem	confundi-la
com	a	justificação;	outros	a	desmerecem	reduzindo-a	a	insignificância	sob	um	pretendido
zelo	pela	graça	soberana,	e	praticamente	a	esquecem;	outros	estão	tão	cheios	de	temor	de
fazer	das	“obras”	parte	da	justificação,	que	não	há	lugar	algum	para	as	“obras”	em	sua
confissão	religiosa;	outros	tem	feito	uma	norma	equivocada	da	santificação	e	por	ela	vão
de	igreja	em	igreja,	mas	fracassam	em	seus	intentos	de	vivê-las	na	prática.	Podemos	nos
beneficiar	muito	em	meio	a	esta	confusão,	por	uma	análise	abalizada	e	bíblica	desta
grande	doutrina	da	fé	cristã.
A	SANTIFICAÇÃO
I
O	que	quer	dizer	a	Bíblia	quando	fala	de	uma	pessoa	santificada?	Para	responder	a	esta
pergunta	diremos	que	santificação	é	aquele	obra	espiritual	interna	que	o	Senhor	Jesus
opera	através	do	Espírito	Santo	naquele	que	tem	sido	chamado	para	ser	um	verdadeiro
crente.	O	Senhor	Jesus	não	só	lava-o	de	seus	pecados	com	Seu	sangue,	mas	também	o
separa	de	seu	amor	natural	ao	pecado	e	ao	mundo,	e	põe	um	novo	princípio	em	seu
coração,	que	o	faz	apto	para	o	desenvolvimento	de	uma	vida	piedosa.	Para	efetuar	esta
obra	o	Espírito	Santo	se	serve,	geralmente,	da	Pãlavra	de	Deus,	e	algumas	vezes	usa	de
aflições	e	das	visitações	providenciais	“sem	a	Palavra”	(I	Pedro	3:1).	A	pessoa	que
experimenta	esta	ação	de	Cristo	através	do	Seu	Espírito,	é	uma	pessoa	“santificada”.
Aquele	que	pensa	que	Cristo	viveu,	morreu	e	ressuscitou	para	obter	somente	a	justificação
e	o	perdão	dos	pecados	do	seu	povo,	tem	muito	que	aprender;	e	está	desonrando	a	nosso
bendito	Senhor,	pois	relega	sua	obra	salvadora	a	um	plano	secundário.	O	Senhor	Jesus	tem
tomado	sobre	Si	todas	as	necessidades	do	seu	povo;	não	só	os	tem	livrado,	com	Sua	morte,
da	culpa	de	seus	pecados,	mas	que	também,	ao	por	em	seus	corações	o	Espírito	Santo,	os
tem	livrado	do	domínio	do	pecado.	Não	só	os	justifica,	mas	também	os	santifica.	Ele	não
só	é	sua	“justiça”,	mas	também	sua	“santificação”	(I	Co.1:30).
Consideremos	o	que	a	Bíblia	diz:	“E	a	favor	deles	eu	me	santifico	a	mim	mesmo,	para	que
eles	também	sejam	santificados	na	verdade”	(Jo.17:19);	“…Cristo	amou	a	Igreja,	e	a	si
mesmo	se	entregou	por	ela	para	que	a	santificasse…”	(Ef.5:25-26);	“…o	qual	a	si	mesmo
se	deu	por	nós,	afim	de	remir-nos	de	toda	iniquidade,e	purificar	para	si	mesmo	um	povo
exclusivamente	seu,	zeloso	de	boas	obras”	(Tt.2:14);	“…carregando	ele	mesmo	em	seu
corpo,	sobre	o	madeiro,	os	nossos	pecados,	para	que	nós,	mortos	aos	pecados,	vivamos
para	a	justiça”	(I	Pe.2:14);	“…agora,	porém,	vos	reconciliou	no	corpo	da	sua	carne,
mediante	a	sua	morte,	para	apre-
sentar-vos	perante	ele	santos,	inculpáveis	e	irrepreensíveis…”	(Cl.1:22).	O	ensino	destes
versículos	é	bem	claro:	Cristo	tomou	sobre	si,	além	da	justificação,	a	santificação	do	seu
povo.	Ambas	as	coisas	já	estavam	previstas	e	ordenadas	naquele	pacto	perpétuo	de	que
Cristo	é	o	Mediador.	E	em	certo	lugar	da	Escritura	nos	fala	de	Cristo	como	“o	que
santifica”,	e	de	Seu	povo	como	“os	que	são	santificados”	(Hebreus	2:11).
O	tema	que	temos	adiante	é	de	uma	importância	tão	vasta	e	profunda,	que	requer
delimitações	próprias,	defesa,	clareza	e	exatidão.	Toda	doutrina	que	é	necessária	para	a
salvação	nunca	é	demasiadamente	desenvolvida	em	sua	amplitude	nem	pode
ser	suficientemente	destacada.	Para	tirar	a	confusão	doutrinária,	que	infelizmente	tanto
abunda	entre	os	cristãos,	e	para	deixar	bem	firmadas	as	verdades	bíblicas	sobre	o	tema	que
nos	ocupa,	darei	a	seguir	uma	série	de	proposições	tiradas	da	Escritura,	que	são
muito	úteis	para	uma	exata	definição	da	natureza	da	santificação.
1.	A	santificação	é	o	resultado	de	uma	união	vital	com	Cristo.
Esta	união	se	estabelece	através	da	fé.	“Quem	permanece	em	mim,	e	eu,	nele,	esse	dá
muito	fruto…”	(Jo.l5:5).	A	videira	que	não	dá	fruto	não	tem	um	ramos	vivos.	Ante	os
olhos	de	Deus,	uma	união	com	Cristo	meramente	formal	e	sem	fruto,	não	tem	valor
algum.	A	fé	que	não	revela	uma	influência	santificadora	no	caráter	do	crente,	não	é	melhor
do	que	a	fé	dos	demônios;	é	uma	fé	morta,	não	é	um	dom	de	Deus,	não	é	a	fé	dos	eleitos.
Onde	não	há	vida	santificada,	não	há	fé	real	em	Cristo.	A	verdadeira	fé	opera	pelo	amor,	e
é	movida	por	um	profundo	sentimento	de	gratidão	pela	redenção.	A	verdadeira	fé
constrange	o	crente	a	viver	para	o	Senhor	e	o	faz	sentir	que	tudo	que	possa	fazer	por
Aquele	que	morreu	por	seus	pecados	não	é	suficiente.	Aquele	que	muito	foi	perdoado,
muito	ama.	O	que	tem	sido	limpo	com	Seu	sangue,	anda	em	luz.	Qualquer	que	tem	uma
esperança	viva	e	real	em	Cristo	se	purifica,	como	Ele	também	é	limpo	(Tg.2:17-20;
Tt.lrl;	G1.5:6;	I	Jo.l:7;	3:3).
2.				A	santificação	é	o	resultado	e	conseqüência	inseparável	da	regeneração.
O	que	tem	nascido	de	novo	e	tem	sido	feito	uma	nova	criatura,	tem	recebido	uma	nova
natureza	e	um	novo	princípio	de	vida.	A	pessoa	que	pensa	ter	sido	regenerada	e	que,	no
entanto,	vive	uma	vida	mundana	e	de	pecado,	a	si	mesmo	se	engana;	as	Escrituras
descartam	tal	conceito	de	regeneração.	Claramente	nos	diz	João	que	o	que	tem	nascido	de
Deus	não	vive	pecando,	ama	a	seu	irmão,	se	guarda	a	si	mesmo	e	vence	o	mundo	(I
Jo.2:29;	3:9-15;	5:4-18).	Em	outras	palavras,	se	não	há	santificação,	não	há	regeneração;
se	não	se	vive	uma	vida	santa	não	há	novo	nascimento.	Talvez	para	muitas	mentes	estas
palavras	sejam	duras,	porém	sejam	duras	ou	não,	o	certo	é	que	constitui	a	simples	verdade
da	Bíblia.	Se	nos	diz	a	Bíblia	que	o	que	tem	nascido	de	Deus	“não	vive	na	prática	do
pecado;	pois	o	que	permanece	nele	é	a	divina	semente;	ora,	esse	não	pode	viver	pecando,
porque	é	nascido	de	Deus”	(I	Jo.3:9).
3.				A	santificação	constitui	a	única	evidência	certa	de	que	o	Espírito	Santo	mora	no
crente.
A	presença	do	Espírito	Santo	no	crente	é	essencial	para	a	salvação.	“E	se	Alguém	não	tem
o	Espírito	de	Cristo,	esse	tal	não	é	dele”	(Rm.8:9).	O	Espírito	nunca	está	dormindo	ou
inativo	na	alma:	sempre	dá	a	conhecer	sua	presença	pelos	frutos	que	produz	no	coração,
caráter	e	vida	do	crente.	Nos	diz	Paulo:	“O	fruto	do	Espírito	é:	amor,	alegria,	paz,
longanimidade,	benignidade,	bondade,	fidelidade,	mansidão,	domínio	próprio”	(G1.5:22-
23).	Onde	se	encontram	estas	coisas,	ali	está	o	Espírito	Santo;	porém,	onde	não	se	vê
estas	coisas,	é	sinal	de	seguro	de	morte	espiritual	diante	de	Deus.
O	vento	é	comparado	ao	Espírito,	e	como	sucede	com	aquele,	não	podemos	ver	com	os
olhos	da	carne	(naturais).	Porém,	da	mesma	maneira	que	conhecemos	que	há	vento	por
sobre	as	ondas,	as	árvores	e	espalha	a	fumaça,	assim	podemos	descobrir	a	presença	do
Espírito	numa	pessoa	pelos	efeitos	que	produz	em	sua	vida	e
conduta.	Não	há	sentido	dizer	que	temos	o	Espírito,	se	não	andamos	também	n’Ele
(G1.5:25).	podemos	estar	bem	certos	de	que	aqueles	que	não	vivem	de	modo	santo,	não
têm	o	Espírito	santo.	A	santificação	é	o	selo	que	o	Espírito	Santo	imprime	nos	crentes.
“Pois	todos	os	que	são	guiados	pelo	Espírito	de	Deus	são	filhos	de	Deus”	(Rm.8:14).
4.	A	santificação	constitui	a	única	evidência	certa	da	eleição	de	Deus.
Os	nomes	e	número	dos	eleitos	é	um	segredo	que	Deus,	na	Sua	sabedoria	não	tem
revelado	ao	homem.	Não	nos	tem	sido	dado	neste	mundo	o	folhear	o	livro	da	vida	para	ver
se	nossos	nomes	se	encontram	nele.	Porém	há	uma	coisa	plenamente	clara	no	que
a	eleição	consiste:	os	eleitos	se	conhecem	e	se	distinguem	por	suas	vidas	santas.
Expressamente	as	Escrituras	nos	dizem	que	eles	são	eleitos	em	“santificação	do	Espírito”
(I	Pe.l:2).	“…Deus	vos	escolheu	desde	o	princípio	para	salvação,	pela	santificação	do
Espírito…”	(II.	Ts.2:13);“
“…também	os	predestinou	para	serem	conformes	à	imagem	de	Seu	Filho”	(Rm.8:29);	“…
nos	escolheu	nele	antes	da	fundação	do	mundo,	para	sermos	santos…”	(Ef.l:4).
Quando	Paulo,	vendo	a	“operosidade	da	vossa	fé”	e	a	“abnegação	do	vosso	amor”	e	a
“firmeza	da	vossa	esperança”	dos	crentes	de	Tessalônica	pode	concluir:	“…
reconhecendo,	irmãos,	amados	de	Deus,	a	vossa	eleição…”	(I	Ts.1:3-4).
Se	alguém	se	gloria	de	ser	um	eleito	de	Deus	e,	habitualmente	e	sabidamente,	vive	em
pecado,	na	realidade	se	engana	a	si	mesmo,	e	sua	atitude	vem	a	ser	uma	perversa	injúria	a
Deus.	Naturalmente,	é	difícil	conhecer	o	que	uma	pessoa	é	na	realidade,	pois	muitos	dos
que	apresentam	aparência	de	religiosidade,	no	fundo	não	são	mais	que	empedernidos
hipócritas.	De	todo	modo	podemos	estar	certos	de	que,	se	não	há	evidência	de
santificação,	não	há	eleição	para	a	salvação;	como	ensina	nosso	catecismo,	o	Espírito
Santo	“santifica	a	todo	o	povo	eleito	de	Deus”.
5.				A	santificação	é	algo	que	sempre	se	deseja	ver.
“…cada	árvore	é	conhecida	pelo	seu	próprio	fruto”	(Lc.6:44).	Tão	genuína	pode	ser	a
humildade	do	crente	verdadeiramente	santificado	que	pode	em	si	mesmo	não	ver	mais	que
enfermidade	e	defeito;	é	igual	a	Moisés	quando	desceu	do	monte	e	não	pode	dar-se
conta	de	que	seu	rosto	resplandecia.	Como	os	justos	no	dia	do	juízo	final,	o	crente
verdadeiramente	santificado	crerá	que	não	há	nada	nele	que	o	faça	merecedor	dos	elogios
de	seu	Mestre:	“Senhor,	quando	foi	que	te	vimos	com	fome	e	te	demos	de	comer?”
(Mt.25:37).	Se	vê	ou	não	vê,	a	verdade	é	que	os	outros	sempre	verão	nele	um	tom,
um	sabor,	um	caráter	e	um	hábito	de	vida	completamente	distinto	dos	demais	homens.	O
mero	supor	que	uma	pessoa	pode	ser	“santa”	sem	uma	vida	e	obras	que	o	demonstrem
seria	um	absurdo,	um	disparate.	Uma	luz	pode	ser	muito	débil,	porém	em	uma	habitação
escura	se	verá.	A	vida	de	uma	pessoa	pode	ser	muito	exígua,	porém	ainda	assim	se	verá	o
débil	bater	do	seu	pulso.	O	mesmo	sucede	com	uma	pessoa	santificada:	sua	santificação
será	algo	que	se	verá	e	se	fará	sentir,	mesmo	que	algumas	vezes	a	mesma	não	se	faça
notada.	Um	“santo”	em	que	só	se	pode	ver	mundanismo	e	pecado,	é	uma	espécie	de
“mostro”	que	não	se	conhece	na	Bíblia.
6.				A	Santificação	é	algo	pelo	que	o	crente	é	responsável.
Aqui	não	me	entenda	mal.	Defendo	firmemente	que	todo	homem	é	responsável	diante	de
Deus;	no	dia	do	juízo	os	que	se	perdem	não	terão	desculpa	alguma;	todo	homem	tem
poder	para	“perder	sua	própria	alma”	(Mt.l6:26).	Porém	defendo	também	que	os	crentes
são	responsáveis	-	e	de	uma	maneira	eminente	e	peculiar	-	de	viver	uma	vida	santa;	esta
obrigação	pesa	sobre	eles.	Os	crentes	não	são	como	as	demais	pessoas	-	mortas
espiritualmente	-	mas	que	estão	vivas	para	Deus,	e	têm	luz,	conhecimento	e	um	novo
princípio	neles.	Se	nãovivem	vidas	santas,	de	quem	é	a	culpa?	A	quem	podem	culpar
senão	a	eles	mesmos?	Deus	lhes	tem	dado	graça	e	lhes	tem	dado	uma	nova	natureza	e	um
novo	coração;	não	têm	pois,	desculpas	para	não	viver	para	o	Seu	louvor.	Este	é	um	ponto
que	se	esquece	com	muita	fre-
qüência.	A	pessoa	que	professa	ser	cristã,	porém	adota	uma	atitude	passiva	e	se	contenta
com	um	grau	de	santificação	muito	pobre	-	se	é	que	chega	a	ter	isso	-	e	friamente	se
desculpa	com	aquilo	de	que	“não	pode	fazer	nada”,	é	digna	de	compaixão,	pois	ignora	as
Escrituras.	Estejamos	em	guarda	contra	esta	noção	errônea.	Os	preceitos	que	a	Palavra	de
Deus	dirige	e	impõe	aos	crentes,	se	dirigem	a	estes	como	seres	responsáveis	e	que	têm	de
prestar	contas.	Se	o	Salvador	dos	pecadores	nos	tem	dado	uma	graça	renovadora,	e	nos
tem	chamado	por	Seu	Espírito,	podemos	estar	certos	que	é	porque	Ele	espera	que	nos
façamos	uso	desta	graça	e	não	nos	ponhamos	a	dormir.	Muitos	crentes	“entristecem	o
Espírito	Santo”	por	esquecerem-se	disto	e	vivem	vidas	inúteis	e	desprovidas	de	consolo.
7.	A	santificação	admite	graus	e	se	desenvolve	progressivamente.
Uma	pessoa	pode	subir	um	e	outro	degrau	na	escada	da	santificação,	e	ser	mais	santificada
em	um	período	de	sua	vida	que	em	outro.	Não	pode	ser	mais	perdoada	e	mais	justificada
que	quando	creu,	mesmo	que	possa	estar	mais	consciente	destas	realidades.	Porém
pode	gozar	de	mais	santificação,	porquanto	cada	uma	das	graças	do	Espírito	em	seu	novo
caráter	e	natureza,	são	susceptíveis	de	crescimento,	desenvolvimento	e	profundidade.
Evidentemente	este	é	o	significado	das	palavras	do	Senhor	Jesus	quando	orou	pelos
discípulo:	“Santifica-os	na	verdade…”	(Jo.17:17);	e	também	do	apóstolo	Paulo
pelos	Tessalonicenses:	“O	mesmo	Deus	da	paz	vos	santifique	em	tudo…”	(I	Ts.5:23).	Em
ambos	os	casos	a	expressão	implica	na	possibilidade	de	crescimento	no	processo	de
santificação.	Porém,	não	encontramos	na	Bíblia	uma	expressão	como:	“justificai-vos”	com
referência	aos	crentes,	porquanto	estes	não	podem	ser	mais	justificados	do	que	na
realidade	já	foram.	As	escrituras	não	nos	falam	de	uma	“imputação	de	santificação”,	como
muitos	crêem;	esta	doutrina	é	fonte	de	equívocos	e	conduz	a	conseqiiências	errôneas.
Além	disso,	é	uma	doutrina	contrária	a	experiência	dos	cristãos	mais	eminentes.	Estes,	à
medida	que	progridem	na	vida	espiritual	e	na	proporção	em	que	andam	mais	intimamente
com	Deus,	mais	vêem,	mais	conhecem,	mais	sentem	(II.	Pe.3:18;	I	Ts.4:l).
8.				A	santificação	depende,	em	grande	parte,	do	uso	dos	meios	espirituais.
Pela	palavra	“meios”	me	refiro	à	leitura	da	Bíblia,	à	oração	privada,	à	freqüência	regular
dos	cultos	de	adoração,	ao	ouvir	às	pregações	da	Palavra	de	Deus	e	à	participação	regular
da	Ceia	do	Senhor.	Devo	dizer,	como	bem	se	compreenderá,	que	todos	aqueles	que	de	uma
maneira	descuidada	e	rotineira	fazem	uso	destes	meios,	não	farão	muito	progresso	na	vida
de	santificação.	Por	outro	lado,	não	se	tem	podido	encontrar	evidência	de	que	nenhum
santo	eminente	jamais	descuidou	destes	meios;	é	que	estes	meios	são	os	canais	que	Deus
tem	designado	para	que	o	Espírito	Santo	supra	ao	crente	com	reservas	frescas	de	graça
para	aperfeiçoar	a	obra	que	um	dia	iniciou	na	alma.	Por	mais	que	me	tenham	por	legalista
neste	aspecto	me	mantenho	firme	ao	dizer:	“sem	esforço	não	há	proveito”.	Antes	esperaria
boa	colheita	em	um	agricultor	que	semeou	seus	campos	porém	nunca	os	cuidou,	que	ver
frutos	de	santificação	em	um	crente	que	tem	se	descuidado	da	leitura	da	Bíblia,	da	oração
e	do	Dia	do	Senhor.	Nosso	Deus	opera	através	dos	meios	de	graça.
9.				A	santificação	pode	seguir	um	curso	ascendente	em	meio	a	grandes	conflitos	e
batalhas	interiores.
Ao	usar	as	palavras	conflitos	e	batalhas,	me	refiro	a	contenda	que	tem	lugar	no	coração	do
crente	entre	a	velha	e	a	nova	natureza,	entre	a	carne	e	o	espírito	(G1.5:17).	Uma	percepção
profunda	desta	contenda,	e	a	conseqüente	aflição	e	consternação	que	se	derivam	da
mesma,	não	é	prova	de	que	um	crente	não	cresça	na	santificação.	Não!	Antes,	pelo
contrário,	são	sintomas	salutares	de	uma	boa	condição	espiritual.	Estes	conflitos	provam
que	não	estamos	mortos,	mas	vivos.	O	cristão	verdadeiro,	não	só	tem	paz	de	consciência,
mas	que	também	tem	guerra	no	seu	interior;	tanto	é	conhecido	por	sua	paz	como	também
por	seus	conflitos	espirituais.	Ao	dizer	e	afirmar	isto	não	me	esqueço	que	estou
contradizendo	os	pontos	de	vista	de	alguns	cristãos	que	defendem	uma	“perfeição	sem
pecado”.	Porém	não	posso	evitá-lo.	Creio	que	o	que	digo	está	bem	confirmado	pelo
que	diz	Paulo	no	capítulo	sétimo	de	sua	Epístola	aos	Romanos.	Peço	aos	meus	leitores	que
estudem	atentamente	este	capítulo;	e	que	se	dêem	conta	de	que	não	descreve	a	experiência
de	um	homem	não	convertido,	ou	de	um	cristão	vacilante	e	todavia	jovem	na	fé,	mas	que
faz	referência	a	experiência	de	um	velho	santo	de	Deus	que	vivia	em	santa	comunhão	com
Deus.	Só	uma	pessoa	assim	podia	dizer:	“	Porque	no	tocante	ao	homem	interior,	tenho
prazer	na	lei	de	Deus”	(Rm.7:22).
Creio,	além	disso,	que	o	que	ele	diz	é	confirmado	pela	experiência	dos	mais	eminentes
servos	de	Cristo	de	todos	os	tempos.	Uma	prova	disso	encontramos	em	seus	diários,	em
suas	autobiografias	e	em	suas	vidas.	Mas	se	não	tivermos	este	contínuo	conflito	interno,
não	pensemos	que	a	obra	de	santificação	não	tem	lugar	em	nossas	vidas.	A	libertação
completa	do	pecado	a	experimentaremos	sem	dúvida	no	céu,	porém	nunca	a	gozaremos
enquanto	estivermos	neste	mundo.	O	coração	do	melhor	cristão	ainda	que	esteja	em
momentos	de	alta	santificação,	é	terreno	onde	acampam	dois	bandos	rivais;	algo	como	“a
reunião	de	dois	acampamentos”	(Cantares	6:13).	Recordemos	os	artigos	doze	e	quinze	de
nossa	Confissão	(Anglicana):	“A	infecção	da	natureza	permanece	ainda	nos	que	tem	sido
regenerados”.
“Embora	temos	nascido	de	novo	e	sido	batizados	em	Cristo,	todavia	ofendemos	em	muitas
coisas;	e	se	dizemos	que	não	temos	pecado,	nos	enganamos	a	nós	mesmos,	e	a	verdade
não	está	em	nós”	Dizia	aquele	puritano,	santo	homem	de	Deus:	“A	guerra	do	diabo
é	melhor	que	a	paz	do	diabo”.
10.	A	santificação,	embora	não	justifique	a	bamem,	agrada	a	Deus.
As	ações	mais	santas	do	crente	mais	santo	que	jamais	havia	vivido,	estão	mais	ou	menos
cheias	de	defeito	e	imperfeições.	Quando	não	são	más	em	seus	motivos	o	são	na	sua
execução;	e	por	si,	diante	de	Deus,	não	são	mais	que	“pecados	esplêndidos”	que	mere-
cem	sua	ira	e	sua	condenação.	E	seria	absurdo	supor	que	tais	ações	podem	passar	sem
censura	pelo	severo	juízo	de	Deus,	e	obter	méTi-tos	para	o	céu.	“Por	obras	da	lei
nenhuma	carne	se	justificará”.	“Concluímos	ser	o	homem	justificado	pela	fé	sem	as	obras
da	lei”	(Rm.3:20-28).	A	única	justiça	se	acha	no	nosso	Representante	e	Substituto,	o
Senhor	Jesus.	Sua	obra,	e	não	a	nossa,	é	a	que	nos	da	certificado	de	acesso	ao	céu.	Por	esta
verdade	deveriamos	estar	dispostos	a	morrer.
No	entanto,	e	apesar	do	que	foi	dito,	a	Bíblia	ensina	que	as	ações	santas	de	um	crente
santificado,	mesmo	imperfeitas,	são	agradáveis	aos	olhos	de	Deus	“porque	com	tais
sacrifícios	Deus	se	compraz”	(Hb.13:16).	“Filhos,	em	tudo	obedecei	a	vossos	pais;
pois	fazê-lo	égrato	diante	do	Senhor”	(Cl.3:20).	“…e	fazemos	diante	dele	o	que	lhe	é
agradável”	(I	Jo.3:22).	Não	nos	esqueçamos	nunca	desta	doutrina	tão	consoladora.	Da
mesma	forma	que	o	pai	se	compadece	dos	esforços	do	seu	pequeno	filho	ao	colher	uma
margarida,	ou	em	sua	façanha	de	andar	só	de	uma	extremidade	a	outra	da	casa,	assim	se
compadece	nosso	Pai	nas	ações	tão	pobres	de	seus	filhos	crentes.	Deus	olha	o	motivo,	o
princípio,	a	intenção	de	suas	ações,	e	não	a	quantidade	ou	qualidade	das	mesmas.
Considera	os	crentes	como	membros	de	seu	próprio	Filho	querido,	e	por	amor	ao
mesmo	se	compraz	nas	ações	do	seu	povo.
11.	A	santificação	nos	será	absolutamente	necessária	no	grande	dia	do	juízo	como
testemunho	de	nosso	caráter	cristão.
A	menos	que	nossa	fé	tenha	tido	efeitos	santificadores	em	nossa	vida,	de	nada	servirá
naquele	dia	o	que	digamos	que	cremos	em	Cristo.	Uma	vez	compareçamos	diante	do
grande	trono	branco,	e	os	livrossejam	abertos	teremos	de	apresentar	evidências.	Sem	a
evidência	de	uma	fé	real	e	genuína	em	Cristo,	nossa	ressurreição	será	para	condenação;	e	a
única	evidência	que	satisfará	ao	Juiz	será	a	santificação.	Que	ninguém	se	engane	sobre
este	ponto.	Se	há	algo	certo	sobre	o	futuro,	é	a	realidade	de	um	dia	de	juízo;	e	se	há	algo
certo	sobre	este	juízo,	é	que	as	“obras”	e	os	“feitos”	do	homem	serão	examinados
(Jo.5:29;	2	Co.5:10;	Ap.20:13).
12.	A	santificação	é	absalutamente	necessária	coma	preparação	para	o	céu.
A	maioria	dos	homens	ao	morrer	pensam	ir	para	o	céu;	porém,	poucos	param	para
considerar	se	em	verdade	gozariam	indo	ao	céu.	O	céu	é,	essencialmente	um	lugar	santo;
seus	habitantes	são	santos	e	suas	ocupações	são	santas.	É	claro	e	evidente	que	para	ser
feliz	no	céu	devemos	passar	por	um	processo	educativo	aqui	na	terra	que	nos	capacite
e	prepare	para	entrar.	A	noção	de	um	purgatório	depois	da	morte,	que	de	pecadores	serão
feitos	santos,	é	algo	que	não	encontramos	na	Bíblia;	é	uma	invenção	do	homem.	Para	ser
santo	na	glória,	devemos	ser	santos	na	terra.	Esta	crença	tão	comum,	segundo	a	qual	o	que
uma	pessoa	necessita	na	hora	da	morte	é	somente	a	absolvição	e	o	perdão	dos	pecados
(pelo	sacerdote	católico),	é	na	verdade	uma	crença	vã	e	ilusória.	Tanta	necessidade	temos
da	obra	do	Espírito	Santo	como	da	de	Cristo;	tanto	necessitamos	da	justificação	como	de
santificação.	E	muito	freqüente	ouvir	dizer	a	pessoas	que	jazem	no	leito	de	morte:	“Eu
só	desejo	que	o	Senhor	me	perdoe	meus	pecados,	e	me	dê	descanso	eterno”.	Porém,	quem
diz	isto	se	esquece	de	que	para	poder	gozar	do	descanso	celestial	precisa	de	um	coração
preparado	para	gozá-lo.	Que	faria	uma	pessoa	não	santificada	no	céu,	supondo	que
pudesse	entrar?	Fora	de	seu	ambiente,	uma	pessoa	não	pode	ser	feliz.	Quando	a	águia
fora	feliz	na	gaiola,	o	cordeiro	na	água,	a	coruja	ante	o	brilhante	sol	do	meio	dia	e	o	peixe
sobre	a	terra	seca,	então	e	só	então,	poderiamos	supor	que	a	pessoa	não	santificada	seria
feliz	no	céu.
Apresento	estas	doze	proposições	sobre	a	santificação	com	a	firme	persuasão	de	que	são
verdadeiras,	e	peço	a	todos	os	leitores	que	meditem	seriamente.	Todas,	e	cada	uma	delas
podería	ser	desenvolvida	mais	amplamente	e	talvez	algumas	poderíam	ser	debatidas,
porém	sinceramente	duvido	de	que	alguma	delas	pudesse	ser	descartada	e	eliminada	como
errada.	Com	respeito	a	todas	elas	peço	um	estudo	justo	e	imparcial.	Creio,	com	toda
consciência,	que	estas	proposições	poderão	nos	ajudar	a	conseguir	noções	mais	claras
sobre	a	santificação.
AS	EVIDÊNCIAS	VISÍVEIS	DA	SANTIFICAÇÃO.
II.
Quais	os	sinais	visíveis	da	obra	de	santificação?	Esta	parte	do	tema	é	ampla	e	difícil.
Ampla	porque	exigiría	fazermos	menção	de	toda	uma	série	de	detalhes	e	considerações
que	temo,	vão	além	do	horizonte	deste	escrito;	é	difícil,	porque	não	poderemos
desenvolvê-la	sem	ferir	a	susceptibilidade	e	crenças	de	algumas	pessoas.	Porém,	seja	qual
for	o	risco,	a	verdade	tem	de	ser	dita;	e	especialmente	em	nosso	tempo,	a	verdade	sobre	a
doutrina	da	santificação	tem	de	fazer-se	ouvida.
A	verdadeira	santificação	não	consiste	em	um	mero	falar	sobre	religião.
Não	nos	esqueçamos	disso.	Há	um	grande	número	de	pessoas	que	tem	ouvido	tantas	vezes
a	pregação	do	Evangelho,	que	tem	contraído	uma	familiaridade	pouco	santa	com
suas	palavras	e	frases,	e	inclusive	falam	com	tanta	freqüência	sobre	as	doutrinas	do
Evangelho	que	nos	levam	a	crer	que	são	cristãos.	Às	vezes	até	resulta	nauseante,	e
extremamente	desagradável,	ouvir	como	pessoas	se	expressam	com	um	linguajar	frio	e
petulante	sobre	“a	conversão,	o	Salvador,	o	Evangelho,	a	paz	espiritual,	a	graça,	etc.”,
enquanto	de	forma	notória	servem	ao	pecado	ou	vivem	para	o	mundo.	Não	podemos
duvidar	de	que	este	falar	é	abominável	aos	ouvidos	de	Deus,	e	não	melhor	do	que	o
blasfemar,	o	maldizer	e	o	tomar	o	nome	de	Deus	em	vão.	Não	é	só	com	a	língua	que
devemos	servir	a	Cristo.	Deus	não	quer	que	os	crentes	sejam	tubos	vazios,	metal	que
ressoa,	ou	címbalo	que	retine;	devemos	ser	santificados,	“não…	de	palavras,	nem	de
língua,	mas	de	fato	e	de	verdade”	(I	Jo.3:18).
A	verdadeira	santificação	não	consiste	em	sentimentos	religiosos	passageiros.
Umas	palavras	de	advertência	são	necessárias.	Os	cultos	missionários	e	de	avivamento
cativam	a	atenção	das	pesso-
as	e	dão	lugar	a	um	grande	sensacionalismo.	Igrejas	que	até	agora	estavam	mais	ou	menos
adormecidas,	parece	que	despertam	como	resultado	destas	reuniões,	e	damos	graças	a
Deus	que	sejam	assim.	Porém,	junto	com	os	benefícios,	estas	reuniões	e	correntes
avivacionistas	encerram	grandes	perigos.	Não	duvidemos	que	onde	se	semeia	a	boa
semente,	satanás	semeia	também	o	joio.	São	muitos	que	aparentemente	tem	sido
alcançados	pela	pregação	do	evangelho,	e	cujos	sentimentos	têm	sido	despertados,	porém
seus	corações	não	foram	mudados.	O	que	na	realidade	acontece	não	é	mais	que	um
emocionalismo	vulgar	que	se	produz	com	o	contágio	do	derramar	de	lágrimas	e
as	emoções	dos	outros.	As	feridas	espirituais	que	se	produzem	são	leves,	e	a	paz	que	se
professa	não	tem	raízes	nem	profundidade.	Igualmente	ao	coração	rochoso,	estas	pessoas
“recebem	a	Palavra	com	alegria”	(Mt.	13:20),	porém	depois	de	pouco	tempo	duvidam	dela
e	voltam	ao	mundo	e	chegam	a	ser	mais	duros	e	piores	que	antes.	São	como	a	aboboreira
de	Jonas:	brotam	em	menos	de	uma	noite,	para	secar-se	também	em	menos	de	uma	noite.
Não	nos	esqueçamos	destas	coisas.	Vamos	com	muito	cuidado,	não	curemos	levianamente
as	feridas	espirituais	dizendo:	“Paz,	paz,	quando	não	há	paz”.	Esforcemo-nos	para
convencer	aos	que	mostram	interesse	pelas	coisas	do	Evangelho	a	que	não	se	contentem
com	nada	que	não	seja	obra	sólida,	profunda	e	santificadora	do	Espírito	Santo.	Os
resultados	de	uma	falsa	excitação	religiosa	são	terríveis	para	a	alma.	Quando	num	calor	de
uma	reunião	de	avivamento	satanás	tem	sido	posto	fora	do	coração	só	por	uns	momentos
ou	por	um	tempo	curto,	não	tarda	em	voltar	novamente	à	sua	casa	e	o	estado	posterior	da
pessoa	é	muito	pior	que	o	primeiro.	E	mil	vezes	melhor	iniciar	devagar,	e	continuar
firmemente	na	Palavra,	que	iniciar	com	toda	velocidade,	sem	medir	o	custo,	para	logo,
como	a	mulher	de	Ló,	olhar	para	traz	e	voltar	ao	mundo.	Quão	perigoso	é	para	a	alma
tomar	os	sentimentos	e	emoções	experimentados	em	certas	reuniões	como	evidência
segura	de	um	novo	nascimento	e	de	uma	obra	santificadora.	Não	conheço	perigo	maior
para	a	alma.
A	verdadeira	santificação	não	consiste	em	um	mero	formalismo	e	devoção	externa.
Quão	terrível	é	esta	ilusão!	E	por	infelicidade,	quão	fre-qüente	é.	Milhares	e	milhares	de
pessoas	imaginam	que	a	verdadeira	santidade	consiste	na	quantidade	e	abundância	do
elemento	externo	da	religião;	em	uma	assistência	rigorosa	aos	serviços	da	igreja,	à
participação	da	Ceia	do	Senhor,	à	observância	e	participação	das	festas	religiosas	(igreja
anglicana),	a	participação	no	culto	litúrgico	elaborado,	a	imposição	de	atos	de	austeridade
e	a	abnegação	nas	pequenas	coisas,	na	maneira	de	vestir,	etc…	Possivelmente	muitas
pessoas	fazem	estas	coisas	por	motivos	de	consciência	e	realmente	crêem	que	com	elas
beneficiam	suas	almas.	Porém	na	maioria	dos	casos	esta	religiosidade	externa	não	é	mais
que	um	substituto	para	a	santidade.
A	santificação	não	consiste	em	um	abandono	do	mundo	e	das	obrigações	sociais.
No	correr	dos	séculos	muitos	têm	caído	nesta	armadilha	na	tentativa	de	buscar	a
santificação.	Centenas	de	ermitãos	se	tem	enterrado	em	algum	deserto,	e	milhares	de
homens	e	mulheres	se	têm	fechado	entre	as	paredes	de	monastérios	e	conventos,	movidos
pela	vã	idéia	de	que	desta	maneira	escapariam	do	pecado	e	conseguiríam	a	santidade.	Se
esqueceram	de	que	nem	as	cadeias,	nem	as	paredes	podem	manter	o	diabo	fora	e	que	onde
quer	vamos	levamos	em	nosso	coração	a	raiz	do	mal.	O	caminho	da	santificação	não
consiste	em	sermos	monges	ou	nos	fazermos	membros	de	casas	de	misericórdia.	A
verdadeira	santidade	não	isola	o	crente	das	dificuldades	e	das	tentações,	mas	faz	com	que
este	as	enfrente	e	supere.	A	graça	de	Cristo	no	crente	não	é	como	uma	plantade	inverno
que	só	pode	desenvolver-se	sob	abrigo	e	proteção,	mas	é	algo	forte	e	vigoroso	que	pode
florescer	em	meio	a	qualquer	relação	social	e	meio	de	vida.	E	essencial	à	santificação	que
nós	mesmos	desempenhemos	nossas	obrigações	onde	Deus	nos	tem	colocado,	como	sal	no
meio
da	corrupção	e	luz	no	meio	das	trevas.	Não	é	o	homem	que	se	esconde	em	uma	cova,	mas
o	homem	que	glorifica	a	Deus	como	servo,	como	pai	ou	filho,	na	família	ou	na	rua,	no
trabalho	ou	no	comércio,	que	responde	ao	tipo	bíblico	do	homem	santificado.	Nosso
mestre	disse	em	Sua	última	oração:	“Nãopeço	que	os	tires	do	inundo;	e,	sim,	que	os
guardes	do	mal”	(Jo.	17:15).
A	santificação	não	consiste	em	praticar	de	vez	em	quando	as	boas	obras.
A	santificação	é	um	novo	princípio	celestial	no	crente	que	faz	com	que	este	manifeste	as
evidências	de	um	chamado	santo,	tanto	nas	coisas	pequenas	como	nas	grandes	em	sua
conduta	diária.	Este	princípio	tem	sido	implantado	no	coração	se	deseja	sentir	em	todo	o
ser	e	conduta	do	crente.	Não	é	como	uma	bomba	que	só	tira	água	quando	se	aspira	até
fora,	mas	como	uma	fonte	contínua	cuja	vazão	flui	espontaneamente	e	naturalmente.	O	rei
Herodes	quando	ouvia	João	Batista	“ficava	perplexo,	escutando-o	de	boa	mente”,	porém
seu	coração	não	era	reto	diante	de	Deus	(Mc.6:20).	Assim	acontece	com	muitas
pessoas	que	parecem	ter	ataques	espasmódicos	de	“bondade”	como	resultado	de	alguma
enfermidade,	provação,	morte	na	família,	calamidades	ou	em	meio	a	uma	relativa
tranqüilidade	de	consciência.	No	entanto,	tais	pessoas	não	são	convertidas,	e	nada	sabem
do	que	é	santificação.	O	verdadeiro	santo	é	como	Ezequias	foi,	de	todo	coração;	como	o
salmista	disse:	“Por	meio	dos	teus	preceitos	consigo	entendimento;	por	isso	detesto	todo
caminho	de	falsidade”	(S1.119:104).
Uma	santificação	genuína	se	evidenciará	na	obediência	natural	à	Lei	de	Deus.
Não	só	na	obediência,	mas	no	esforço	contínuo	para	segui-la	como	regra	de	vida.	Que
grande	erro	cometem	aqueles	que	supõem	que	pelo	fato	de	os	dez	mandamentos	não
justificarem	a	alma,	não	é	importante	observá-los.	O	mesmo	Espírito
Santo	que	tem	dado	ao	crente	convicção	de	pecado	através	da	Lei	e	o	tem	levado	a	Cristo
para	justificação,	é	quem	o	guiará	no	uso	espiritual	da	Lei	como	modelo	de	vida	em	seus
desejos	de	santificação.	O	Senhor	Jesus	nunca	rejeitou	os	dez	mandamentos	a	um	plano	de
insignificância,	mas,	pelo	contrário,	em	Seu	primeiro	discurso	público	-	o	Sermão	do
Monte	-	desenvolveu-os	e	manifestou	o	caráter	revelador	de	suas	exigências.	O	apóstolo
Paulo	também	não	considerou	a	Lei	insignificante:	“…a	lei	é	boa,	se	alguém	dela	se
utiliza	de	modo	legítimo…”	“Porque,	no	tocante	ao	homem	interior,	tenho	prazer	na	lei
de	Deus”	(I	Tm.l:8;	Rm.7:22).	Se	alguém	pretende	ser	um	santo	e	olha	com	desprezo	para
os	dez	mandamentos	e	não	se	importa	em	mentir,	o	ser	hipócrita,	fraudar,	insultar	e
levantar	falso	testemunho,	embriagar-se,	quebrar	o	sétimo	mandamento,	etc.,	na	realidade
se	engana	terrivelmente;	e	no	dia	do	juízo	lhe	será	impossível	provar	que	foi	um	“santo”.
A	verdadeira	santificação	se	manifestará	na	esforço	contínuo	para	fazer	a	vontade	de
Cristo	e	viver	à	luz	de	Seus	preceitos	práticas.
Estes	preceitos	são	encontrados	espalhados	nas	páginas	dos	Evangelhos,	porém,
especialmente	no	Sermão	do	Monte.	Se	alguém	imagina	que	Jesus	o	pronunciou	sem
o	propósito	de	promover	a	santidade	do	crente	se	equivoca	lamentavelmente.	E	quão	triste
é	ouvir	de	certas	pessoas	falar	do	ministério	de	Jesus	sobre	a	terra	dizendo	que	o	única
coisa	que	o	Mestre	fez	foi	ensinar	doutrina	e	que	o	ensino	das	obrigações	práticas	Ele
delegou	a	outros.	Um	conhecimento	superficial	dos	evangelhos	bastará	para	convencer
estas	pessoas	de	quão	errada	é	esta	noção.	Nos	ensinos	de	Cristo	se	destaca	de	uma
maneira	proeminente	o	que	seus	discípulos	devem	ser	e	fazer;	e	uma	pessoa
verdadeiramente	santa	nunca	se	esquecerá	disto,	pois	serve	a	um	Senhor	que	disse:	“Vós
sois	meus	amigos,	se	fazeis	o	que	eu	vos	mando”	(Jo.15:14).
A	verdadeira	santificação	se	mostrará	no	esforço	contínuo	para	alcançar	o	nível
espiritual	que	Paulo	estabelece	para	as	igrejas.
Este	nível	ou	norma	espiritual,	podemos	encontrar	nos	últimos	capítulos	de	quase	todas
suas	epístolas.	E	uma	idéia	generalizada	a	de	que	Paulo	só	escreveu	sobre	matéria
doutrinária	e	controversa	como:	justificação,	eleição,	predestinação,	profecia,	etc.	Tal	idéia
é	em	extremo	errônea,	e	é	mais	uma	evidência	de	ignorância	das	pessoas	dos	nossos	dias.
Os	escritos	do	apóstolo	Paulo	estão	cheios	de	ensinos	práticos	sobre	as	obrigações	cristãs
na	vida	diária,	e	sobre	nossos	hábitos	cotidianos,	temperamento	e	conduta	entre	os	irmãos
crentes.	Estas	exortações	foram	escritas	por	inspiração	de	Deus	como	guia	perpétuo	dos
crentes.	Aquele	que	é	omisso	destas	instruções,	talvez	passe	como	membro	de	uma	igreja,
porém	certamente	não	é	o	que	a	Escritura	chama	uma	pessoa	“santificada”.
A	verdadeira	santificação	se	evidenciará	na	atenção	especial	às	graças	ativas	que	o
Senhor	Jesus	de	uma	maneira	tão	bonita	exemplificou,	particularmente	a	graça	da
caridade.
“Novo	mandamento	vos	dou:	que	vos	ameis	uns	aos	outros;	assim	como	eu	vos	amei,
que	também	vos	ameis	uns	aos	outros.	Nisto	conhecerão	todos	que	sois	meus	discípulos,
se	tiverdes	amor	uns	aos	outros”	(Jo.l3:34-35).	O	homem	santificado	tratará	de	fazer
o	bem	no	mundo,	diminuir	a	dor	e	aumentar	a	felicidade	em	torno	de	si.	Sua	meta	será	a
de	ser	como	Cristo,	cheio	de	mansidão	e	de	amor	para	com	todos;	e	isto	não	só	de	palavras
mas	de	fato,	negando-se	a	si	mesmo.	Aquele	que	professa	ser	cristão,	porém	está	centrado
em	si	mesmo	com	egoísmo	assumindo	um	ar	de	possuir	grandes	conhecimentos,	e	sem
preocupar-se	com	seu	próximo	se	ele	está	se	afundando	ou	não,	se	vai	ao	céu	ou	ao	inferno
e	como	tal	vai	à	igreja	com	seu	melhor	traje	e	ser	considerado	um	bom	membro,	tal
pessoa,	digo,	não	sabe	nada	do	que	é	a	santificação.	Pode	considerar-se	um	santo	na	terra,
mas	certamente	não	será	um	santo	no	céu.	Cristo	não	é	o
Salvador	daquele	que	não	imita	Seu	exemplo.	A	graça	da	conversão	e	da	fé	salvadora	tem
de	produzir,	necessariamente,	certa	semelhança	com	a	imagem	de	Jesus	(Cl.3:10).
A	verdadeira	santificação	se	evidenciará	também	na	atenção	habitual	às	graças
passivas.
Ao	referir-me	às	graças	passivas	me	refiro	àquelas	graças	que	se	mostram	mui
especialmente	na	submissão	à	vontade	de	Deus	e	na	paciência	e	condescendência	aos
outros.	Poucas	pessoas	fazem	idéia	do	muito	que	se	fala	no	Novo	Testamento	sobre	esta
graça	e	o	importante	papel	que	parecem	desempenhar.	Este	é	especialmente	o	tema	que
Pedro	nos	desenvolve	e	apresenta	em	suas	epístolas.	“Portanto	para	isto	mesmo	fostes
chamados,	pois	que	também	Cristo	sofreu	em	vosso	lugar,	deixando-vos	exemplo	para
seguirdes	os	seus	passos,	o	qual	não	cometeu	pecado,	nem	dolo	algum	se	achou	em	sua
boca,	pois	ele,	quando	ultrajado,	não	revidava	com	ultraje,	quando	maltratado	não	fazia
ameaças,	mas	entregava-se	àquele	que	julga	retamente…”	(I	Pe.2:21-23).	Estas	graças
passivas	se	encontram	entre	os	frutos	do	Espírito	que	Paulo	nos	menciona	em	sua	Epístola
aos	Gálatas.	São	mencionadas	nove	graças	e	delas,	três	-	longanimidade,	benignidade,
mansidão	-	são	graças	passivas	(Gl.5:22-23).	As	graças	passivas	são	mais	difíceis	de	obter
que	as	ativas,	porém	a	influência	delas	sobre	o	mundo	é	maior.	A	Bíblia	nos	fala	muito
destas	graças	passivas	e	em	vão	fazemos	menção	se	em	nós	não	há	este	desejo	de	possuir
longanimidade,	benignidade	e	mansidão.	Aqueles	que	continuamente	explodem	com	um
temperamento	agressivo	e	que	dão	mostras	de	possuir	uma	língua	muito	incisiva,	sendo
sempre	do	contra,	rancorosos,	vingativos,	maliciosos	-	e	dos	quais	o	mundo	infelizmente
está	cheio	-	os	tais,	digo,	nada	sabem	sobre	o	que	é	santificação.
Estes	são	os	sinais	visíveis	de	uma	pessoa	santificada.	Não	pretendo	dizer	que	se	verão	de
uma	maneira	uniforme	em	todos	os	crentes,	nem	que	brilharão	com	todo	seu	fulgor	nos
crentes	mais	experimentados.	Porém	que	se	constituem	os	sinais	bíblicos	da	santificação,	e
que	aqueles	quenão	sa-
bem	nada	dos	tais,	bem	podem	duvidar	de	terem,	na	realidade	alguma	graça.	A	verdadeira
santificação	é	algo	que	se	pode	ver,	e	as	anotações	que	temos	procurado	esboçar,	são,	mais
ou	menos	aquelas	de	uma	pessoa	santificada.
III	-	Distinção	entre	a	santificação	e	a	justificação.
No	que	concordam	e	no	que	diferem?	Esta	distinção	é	importantíssima,	mesmo	que	à
primeira	vista	não	pareça.	Em	geral	as	pessoas	mostram	certa	predisposição	em	considerar
só	o	superficial	da	fé,	e	a	relegar	as	distinções	teológicas	como	“meras	palavras”	que	não
têm	nenhum	valor.	Eu	exorto	àqueles	que	se	preocupam	com	suas	almas	a	que	se	esforcem
por	obter	noções	claras	sobre	a	santificação	e	a	justificação.	Lembremo-nos	de	que	mesmo
que	a	justificação	e	a	santificação	sejam	coisas	distintas,	no	entanto	em	certos	pontos	são
concordantes	e	em	outros	diferem.	Vejamos:
A	-	Pontos	concordantes:
•Ambas	procedem	e	têm	origem	na	livre	graça	de	Deus.	•Ambas	são	parte	do	grande	plano
de	salvação	que	Cristo,	no	pacto	eterno,	tomou	sobre	si	em	favor	de	seu	povo.	Cristo	é
a	fonte	de	vida	de	onde	flui	o	perdão	e	a	santidade.	A	raiz	de	ambas	está	em	Cristo.
•Ambas	se	encontram	na	mesma	pessoa.	Os	que	são	justificados	são	também	santificados,
e	aqueles	que	têm	sido	santificados,	têm	sido	também	justificados.	Deus	as	têm	unido	e
não	podem	separar-se.
•Ambas	acontecem	ao	mesmo	tempo.	No	momento	em	que	uma	pessoa	é	justificada,
começa	a	ser	também	a	ser	santificada,	mesmo	que	a	princípio	não	se	perceba.
•Ambas	são	necessárias	para	a	salvação.	Jamais	ninguém	entrará	no	céu	sem	um	coração
regenerado	e	sem	o	perdão	de	seus	pecados,	sem	o	sangue	de	Cristo	e	sem	a	graça	do
Espírito,	sem	a	disposição	apropriada	para	gozar	da	glória	e	sem	credencial	para	a	mesma.
B.	-	Pontos	em	que	diferem:
•				Pela	justificação,	a	justiça	de	outro	-	de	Jesus	Cristo	-	é	imputada,	posta	na	conta	do
pecador.	Pela	santificação	o	pecador	convertido	experimenta	em	seu	interior	uma	obra	que
o	vai	fazendo	justo.	Em	outras	palavras,	pela	justificação	somos	considerados	justos
(declarados],	enquanto	que	pela	santificação	somos	feitos	justos.
•				A	justiça	da	justificação	não	é	própria,	mas	que	é	a	justiça	eterna	e	perfeita	de	nosso
maravilhoso	Mediador	Cristo	Jesus,	a	qual	nos	é	imputada	e	a	fazemos	nossa	pela	fé.	A
justiça	da	santificação	é	o	nossa	própria,	inerente	e	infundida	em	nós	pelo	Espírito	Santo,
porém	mesclada	com	fraquezas	e	imperfeições.
•				Na	justificação	não	há	lugar	para	nossas	obras.	Porém	na	santificação	a	importância	de
nossas	próprias	obras	é	imensa	e	por	isso	Deus	nos	ordena	a	lutar,	orar,	velar,	nos	esforçar,
afadigar	e	trabalhar.
•				A	justificação	é	uma	obra	acabada	e	completa;	no	momento	em	que	uma	pessoa	crê,	é
justificada,	perfeitamente	justificada.	A	santificação	é	uma	obra	relativamente	imperfeita;
será	perfeita	quando	entrarmos	no	céu.
•				A	justificação	não	admite	crescimento	nem	é	susceptível	de	aumento.	O	crente	goza	da
mesma	justificação	no	momento	que	vai	a	Cristo	pela	fé,	que	daquela	que	gozará	por	toda
eternidade.	A	santificação	é,	eminentemente,	uma	obra	progressiva,	e	admite	um
crescimento	contínuo	enquanto	o	crente	viva.
•				A	justificação	faz	referência	a	pessoa	do	crente,	a	sua	posição	diante	de	Deus	e	a
absolvição	de	sua	culpa.	A	santificação	faz	referência	a	natureza	do	crente,	e	a	renovação
moral	do	coração.	•A	justificação	nos	dá	direito	de	acesso	ao	céu,	e	confiança	para	entrar.
A	santificação	nos	prepara	para	o	céu,	e	nos	faz	prever	seus	prazeres.
•A	justificação	é	um	ato	de	Deus	com	referência	ao	crente,	e	não	é	dicernível	para	os
outros.	A	santificação	é	uma	obra	de	Deus	dentro	do	crente	que	não	pode	deixar	de
manifestar-se	aos	olhos	dos	outros.
Estas	distinções	são	postas	para	atenta	consideração	dos	leitores.	Estou	convencido	de	que
grande	parte	das	dúvidas,	confusão	e	inclusive	sofrimento	de	algumas	pessoas	muito
sinceras,	se	deve	ao	fato	de	se	confundir	e	não	distinguir	a	santificação	da
justificação.	Nunca	se	poderá	se	enfatizar	demais	o	que	se	trata	de	duas	coisas	distintas,	ao
que	na	realidade	não	pode	separar-se,	e	o	que	participa	de	uma	por	necessidade	há	de
participar	da	outra.	Porém	nunca,	nunca,	deve	confundir-se,	duvidar-se,	a	distinção	que
existe	entre	ambas.
Só	nos	resta	finalizar	o	tema	com	uma	palavras	de	aplicação.	A	natureza	e	sinais	visíveis
da	santificação	foram	apresentadas	para	consideração	do	leitor,	e	a	pergunta	que	agora
surge	em	nossas	mentes	é	esta:	Que	conclusões	práticas	podemos	tirar	do	exposto?
1.				Devemos	dar-nos	conta	do	estado	tão	perigoso	em	que	se	encontram	algumas	pessoas
que	se	dizem	cristãs.
“…a	santificação,	sem	a	qual	ninguém	verá	o	Senhor”	(Hb.12:14).	Quanta	religião	há,
pois,	que	não	serve	para	nada!	Quão	grande	é	o	número	de	pessoas	que	vão	à	igreja,	e	que
no	entanto	andam	por	caminhos	que	levam	à	destruição!	Esta	reflexão	é	terrível!	Ho,	se	os
pregadores	e	os	mestres	abrirem	os	seus	olhos	e	se	derem	conta	da	condição	das	almas	ao
seu	redor!	Ho,	se	as	almas	pudessem	ser	persuadidas	a	“fugir	da	ira	vindoura”!	Se	as
almas	não	santificadas	pudessem	ir	ao	céu,	então	a	Bíblia	não	seria	verdadeira.	Porém	a
Bíblia	é	verdade	e	não	pode	mentir!	Sem	a	santidade	ninguém	verá	o	Senhor.
2.				Asseguremo-nos	de	nossa	própria	condição.
E	não	descansemos	até	que	vejamos	em	nós	outros	os	frutos	da	santificação.	Quais	são
nossos	gostos,	nossas	preferências,	nossas	escolhas,	nossas	inclinações?	Esta	é	a	grande
peigunta.	Pouco	valor	tem	o	que	podemos	desejar	e	esperar	na	hora	da	morte;	agora	é
quando	devemos	analisar	nossos	desejos.	Que	somos	agora?	Que	fazemos?	Se	vê	em	nós
os	frutos	da	santificação?	Se	não	for	assim	a	culpa	é	nossa.
Se	desejamos	verdadeiramente	a	santificação,	o	curso	a	seguir	é	claro	e	sensível:	devemos
começar	com	Cristo.	Devemos	ir	a	Ele	tal	como	somos,	como	pecadores.	Devemos
apresentar-lhe	nossa	extrema	necessidade;	devemos	abandonar	nossas	almas	a	Ele	pela	fé,
para	assim	poder	obter	a	paz	e	a	reconciliação	com	Deus.	Devemos	por-nos	em	Suas
mãos,	tal	como	o	fazemos	com	o	bom	médico,	e	suplicar	sua	graça	e	misericórdia.	Não
esperemos	levar	nada	em	nossas	mãos.	O	primeiro	passo	para	a	santificação	e	o	mesmo
para	a	justificação,	é	ir	pela	fé	a	Cristo.
3.				Se	desejamos	crescer	em	santidade,	devemos	buscar	continuamente	a	Cristo.
Devemos	ir	a	Ele	tal	como	fomos	no	princípio	da	nossa	vida	espiritual.	Ele	é	a	cabeça	da
qual	cada	membro	recebe	alimento	(Ef.4:16).	Devemos	viver	diariamente	a	vida	de	fé	no
Filho	de	Deus	e,	prover-nos	diariamente	de	Sua	plenitude	para	nossas	necessidades	de
graça	e	fortaleza.	Aqui	se	encerra	o	grande	segredo	de	uma	vida	de	santificação
ascendente.	Os	crentes	que	não	fazem	progresso	algum	na	santificação	e	parecem	haver
estancado,	sem	dúvida	é	porque	se	descuidam	da	comunhão	com	Jesus,	e	em
consequência	entristecem	ao	Espírito	Santo.	Aquele	que	na	noite	antes	da	crucificação
orou	ao	pai	com	aquelas	palavras	de	“santifica-os	na	verdade”,	está	infinitamente	disposto
a	socorrer	a	todo	crente	que	pela	fé	o	busque	por	ajuda.
4.				Não	esperemos	demasiadas	coisas	de	nossos	próprios	corações.
Mesmo	nos	melhores	momentos,	encontraremos	em	nós	motivos	suficientes	para	uma
profunda	humilhação	e	descobriremos	que	em	todo	momento	somos	devedores	da	graça	e
da	misericórdia.	A	medida	que	aumente	nossa	visão	espiritual	mais	nos	daremos	conta	de
nossa	imperfeição.	Éramos	pecadores	quando	iniciamos,	e	pecadores	nos	veremos	à
medida	que	sigamos	adiante.	Sim,	pecadores	regenerados,	perdoados	e	justificados,	porém
pecadores	até	o	último	momento	de	nossas	vidas.	A	perfeição	absoluta	de	nossas	almas
todavia	há	de	vir,	e	a	expectação	da	mesma	haverá	de	ser	uma	grande	razão	para
desejarmos	mais	e	mais	o	céu.
5.	Em	último	lugar,	nunca	nos	envergonharemos	de	dar	demasiada	importância	ao	tema	da
santificação.
E	de	nossos	desejos	de	conseguir	uma	elevada	santidade.	Mesmo	que	uns	se	contentem
com	uns	resultados	pobres	e	miseráveis,	e	outros	não	se	envergonhem	de	viver	vidas	que
não	são	santas,	nós	devemos	nos	manter	nas	antigas	veredase	seguir	adiante	em	busca	de
uma	santidade	iminente.	Temos	aqui	a	maneira	de	sermos	realmente	felizes.
Por	mais	que	digam	certas	pessoas,	devemos	convencer-nos	de	que	santidade	é	felicidade;
e	a	pessoa	que	vive	mais	feliz	nesta	terra	é	a	pessoa	mais	santificada.	Sem	dúvida	há
cristãos	verdadeiros	que,	como	resultado	de	uma	saúde	débil,	ou	de	provações	na	família,
ou	alguma	outra	causa	secreta,	não	parecem	gozar	de	muito	consolo,	e	com	suspiros
prosseguem	seu	peregrinar	ao	céu;	porém	estes	casos	não	são	muito	freqüentes.	Em	geral
podemos	dizer	que	os	crentes	santificados	são	as	pessoas	mais	felizes	da	terra.	Gozam	de
consolos	sólidos	que	o	mundo	não	pode	dar.	“Os	seus	caminhos	são	caminhos
deliciosos…”	(Pv.3:17);	“Grandepaz	têm	os	que	amam	a	tua	lei…”	(S1.119:165j;
“Porque	o	meu	jugo	é	suave	e	o	meu	fardo	é	leve”	(Mt.ll:30);	“Para	os	perversos,
todavia,	não	há	paz,	diz	o	Senhor”	(Is.48:22).
CULTIVANDO	A	SANTIDADE
Joel	Beeke
“A	melhor	maneira	de	nos	prepararmos	paro	o	amanha	é	buscarmos	o	reino	de	Deus	e	a
sua	justiça	no	dia	de	hoje”	(John	Blanchard).
“Quando	Deus	declara	um	homem	justo,	Ele	imediatamente	começa	a	santificá-lo”	(A.
W.	Tozer).
“A	santidade	não	é	mais	pela	fé	sem	esforço	do	que	é	pelo	esforço	sem	a	fé”	(James	I.
Packer)
“Irmãos,	nós	podemos	ser	muito	mais	santos	do	que	somos.	Alcancemos	primeiro	aquela
santidade	acerca	da	qual	não	há	disputa”.	(Charles	H.	Spurgeon).
O	fazendeiro	piedoso	que	ara	o	seu	campo,	sabe	com	certeza	que,	em	última	análise,	ele
depende	completamente	de	forças	que	estão	fora	de	si	para	obter	uma	boa	colheita.	Ele
sabe	que	não	pode	fazer	a	semente	germinar,	a	chuva	cair	e	o	sol	brilhar.	No	entanto,
ele	prossegue	com	diligência	em	sua	tarefa,	olhando	para	Deus	em	busca	de	benção	e
sabendo	que	se	Ele	não	fertilizar	e	cultivar	a	semente	que	foi	semeada,	sua	colheita	será,
no	mínimo,	pobre.
De	forma	semelhante,	a	vida	cristã	deve	ser	como	um	jardim	cultivado,	de	modo	a
produzir	os	frutos	de	uma	vida	santa	para	Deus.	“A	teologia”,	escreveu	William	Ames	nas
palavras	iniciais	de	seu	clássico	“The	manow	of	theology”	(O	âmago	da	Teologia),	“é	a
doutrina	ou	o	ensino	concernente	à	vida	para	Deus”.1	O	próprio	Deus	exorta	seus	filhos:
“Sede	santos	porque	Eu	sou	Santo”	(I	Pe.	1.16).2
Paulo	instrui	aos	Tessalonicenses:“Porquanto	Deus	não	nos	chamou	para	a	impureza,	e,
sim,	em	santificação”	(I	Tessalonicenses	4.7).	O	autor	de	Hebreus	escreve:	“Segui	a	paz
com	todos,	e	a	santificação,	sem	a	qual	ninguém	verá	o	Senhor”	(Hb.	12.14).	O	cren-
te	que	não	cultivar	de	forma	diligente	a	santidade,	não	está	nem	seguro,	de	maneira
genuína,	de	sua	salvação	e	tampouco	estará	obedecendo	ao	chamado	de	Pedro	para	buscá-
la	(II	Pe.	1.10).	Procurei	aqui	focalizar	a	chamada	bíblica	para	que	o	cristão	cultive	a
santidade	operada	pelo	Espírito	Santo,	por	meio	do	uso	diligente	dos	meios	que	Deus
providenciou	para	assisti-lo.
A	Chamada	Para	Cultivar	a	Santidade
“Santidade”	é	uma	palavra	que	se	relaciona	com	o	adjetivo	“santo”	e	o	verbo	“santificar”,
que	significa	“tornar-se	santo”.3	Em	ambos	os	casos,	“santo”	significa	separado	e	posto	de
lado	para	Deus.	Para	o	cristão,	ser	posto	à	parte	significa,	negativamente,	ser	separado	do
pecado	e,	positivamente,	ser	consagrado	(isto	é,	dedicado)	a	Deus	e	semelhante	a	Cristo.
Não	existe	disparidade	entre	o	Velho	Testamento	e	o	Novo	Testamento	em	termos	dos
conceitos	acerca	da	santidade,	embora	haja	uma	mudança	na	ênfase	naquilo	que	a
santidade	envolve.	O	Velho	Testamento	destaca	a	santidade	moral	e	ritual;	o	Novo
Testamento	destaca	a	santidade	interior	e	transformadora	(Lv.l0:10-ll;	19:2;	Hb.l0:10;I
Ts.5:23).4
As	Escrituras	apresentam	a	essência	da	santidade	primariamente	em	relação	à	Deus.	A
ênfase	do	domínio	sagrado	nas	Escrituras,	é	o	próprio	Deus.	A	santidade	de	Deus	é	a
própria	essência	do	Seu	ser	(Is.	57.15);5	é	o	pano	de	fundo	a	partir	do	qual	todas	as
coisas	acerca	dEle	são	declaradas	na	Bíblia.	Sua	justiça	é	a	Sua	santa	sabedoria:	Seu	poder
é	o	Seu	santo	poder;	Sua	graça	é	a	Sua	santa	graça.	Nenhum	outro	atributo	de	Deus	é
celebrado	diante	do	trono	dos	céus	como	é	a	Sua	santidade:	“Santo,	Santo,	Santo	é	o
Senhor	dos	exércitos”	(Is.	6.3).	A	palavra	“Santo”	antecede	o	nome	de	Deus	mais	do	que
qualquer	outro	atributo.6	Somente	Isaías	chama	Deus	de	“Santo”	sessenta	e	seis	vezes.
Escreveu	John	Howe	acerca	da	santidade	de	Deus:	“pode	ser	dito	que	trata-se	de	um
atributo	transcedental,	que,	de	certa	forma,	passa	através	de	todos	os	demais	e	lança
brilho	sobre	eles.	E	um	atributo	dos	atributos…	e,	dessa	forma,	é	o	próprio	brilho	e	glória
de	Suas	demais	perfeições”.7	Deus	manifesta	algo	de
Sua	majestosa	santidade	em	Suas	obras	(Sl.	145.17),	em	Sua	lei	(Sl.	19.8,9)	e,
especialmente,	na	cruz	de	Cristo	(Mt.	27.46).	A	santidade	é	Sua	coroa	permanente,	Sua
glória,	Sua	beleza.	É,	segundo	Jonathan	Edwards,	“mais	do	que	um	simples	atributo	de
Deus	-	é	a	soma	de	todos	os	Seus	atributos,	o	esplendor	de	tudo	o	que	Deus	é”.8
A	santidade	de	Deus	denota	duas	verdades	críticas	acerca	de	Si	mesmo:	Primeiro,	a
“separação”	de	Deus	de	toda	Sua	criação	e	de	tudo	aquilo	que	é	impuro	ou	mau.	A
santidade	de	Deus	testifica	da	Sua	pureza,	Sua	perfeição	moral,	Sua	separação	de	tudo	o
que	é	externo	a	Ele,	Sua	completa	ausência	de	pecado	(Jó	34.10;	Is.5.16;	40.18;	Hab.l.l3).9
Em	segundo	lugar,	uma	vez	que	Deus	é	santo	e	isolado	de	todo	o	pecado,	não	pode	ser
aproximado	pelos	pecadores	sem	santo	sacrifício	(Lv.17.11;	Hb.	9.22).	Ele	não	pode	ser	o
Santo	e	permanecer	indiferente	ao	pecado	(Jr.	44.4).	Ele	precisa	punir	o	pecado	(Ex.
34.6,7).	Uma	vez	que	todos	os	homens	são	pecadores	devido	à	trágica	queda	de	Adão	e	às
nossas	transgressões	diárias,	Deus	jamais	pode	ser	apaziguado	por	nossos	próprios
esforços.	Nós,	criaturas,	criados	à	imagem	de	nosso	santo	Criador,
voluntariamente	escolhemos	através	de	nosso	representante	no	pacto,	Adão,	tornar-nos
ímpios	e	inaceitáveis	na	presença	de	nosso	Criador.	O	sangue	expiatório	precisa	ser
derramado	para	que	o	perdão	do	pecado	seja	concedido	(Hb.	9.22).	Somente	um	mediador
capaz,	o	mediador	Deus-homem,	Cristo	Jesus,	por	meio	de	Sua	obediência	perfeita
e	expiatória,	pode	cumprir	as	exigências	da	santidade	de	Deus,	em	favor	dos	pecadores	(I
Tm.	2.5).	Louvado	seja	Deus.	Cristo	concordou	em	realizar	essa	expiação,	iniciada	por	seu
Pai	e	a	realizou	com	Sua	plena	aprovação	(Sl.	40.7,8;	Mc.	15.37-39).	“Aquele	que	não
conheceu	pecado,	ele	o	fez	pecado	por	nós,	para	que	nele	fôssemos	feitos	justiça	de	Deus”
(II	Co.	5.2l).	De	acordo	com	a	fórmula	Reformada	Holandesa	para	a	Ceia	do	Senhor:	“A
ira	de	Deus	contra	o	pecado	é	tão	grande,	que,	ao	invés	de	permanecer	sem	punição,	Ele
puniu	o	pecado	em	Seu	amado	Filho	Jesus	Cristo	com	a	morte	vergonhosa	e	amarga	da
cruz”.10
Pela	graça	livre,	Deus	regenera	pecadores	e	os	conduz	à	fé	em	Cristo	somente,	como	base
de	Sua	justiça	e	Salvação.	Aqueles	dentre	nós	que	pertencemos	aos	abençoados	crentes
somos	também	participantes	da	santidade	de	Cristo	por	meio	da	disciplina	divina	(Hb.
12.10).	Como	discípulos	de	Cristo,	Deus	nos	chama	para	sermos	mais	santos	do	que
jamais	seremos,	em	nós	mesmos,	nesta	vida	(I	Jo.	1.10).”	Em	gratidão	por	Sua	grande
salvação	é	que	Ele	nos	chama	a	nos	separarmos	do	pecado	e	consagrar-nos	e	assemelhar-
nos	a	Ele.	Esses	conceitos	-	separação	do	pecado,	consagração	a	Deus	e	conformidade	a
Cristo	-	fazem	da	santidade	algo	abrangente.	Tudo,	diz-nos	Paulo	em	I	Timóteo	4:4-5,
deve	ser	santificado,	isto	é,	perfeito,	santo.
Em	primeiro	lugar,	a	santidade	pessoal	exige	a	plenitude	pessoal.	Deus	nunca	chamou-nos
a	dar-lhe	uma	parte	de	nossos	corações.	A	chamada	para	santidade	é	uma	chamada	para	o
nosso	coração	inteiro:	“dá-me,	filho	meu,	o	teu	coração”	(Pv.	23.26).
Em	segundo	lugar,	a	santidade	do	coração	deve	ser	cultivada	em	todas	as	esferas	da	vida:
em	secreto	com	Deus,	na	confidencialidade	de	nossos	lares,	na	competitividade	de	nossa
ocupação,	nas	alegrias	de	nossas	amizades	sociais,	em	relação	a	nossos	vizinhos	não
evengelizados	e	entre	os	desempregados	e	famintos	do	mundo,	bemcomo	também	no
culto	do	domingo.	Horatius	Bonar	escreve:
“Santidade…	abrange	todas	as	partes	de	nossas	pessoas,	preenche	nosso	ser,	difunde-se
sobre	nossa	vida,	influencia	tudo	o	que	somos,	fazemos,	pensamos,	falamos,	planejamos,
quer	grande	ou	pequeno,	externo	ou	interno,	negativo	ou	positivo;	nosso	amor,	ódio,
tristeza,	alegria,	lazer,	negócios,	amizades,	relacionamentos;	nosso	silêncio,	palavras,
leitura,	escrita,	idas	e	vindas	-	todo	o	nosso	ser	em	todos	os	movimentos	do	espírito,	alma
e	corpo”.12
A	chamada	para	a	santidade	é	uma	tarefa	diária.	É	uma	chamada	radial	e	absoluta,
envolvendo	o	coração	de	nossa	prática	e	fé
religiosa.	João	Calvino	expressa	isto	da	seguinte	forma:	“Porque	eles	loram	chamados
para	a	santidade,	a	vida	inteira	de	todos	os	cristãos	dever	ser	um	exercício	de	piedade”.13
Em	poucas	palavras,	a	chamada	para	a	santidade	é	um	compromisso	para	toda	a	vida	de
viver	“para	Deus”	(II	Co.3:4),	para	ser	separado	para	o	senhorio	de	Jesus	Cristo.
Assim	sendo,	a	santidade	é	uma	coisa	interior	que	deve	preencher	todo	o	nosso	coração	e
algo	exterior	que	deve	cobrir	toda	nossa	vida.	“O	mesmo	Deus	da	paz	vos	santifique	em
tudo;	e	o	vosso	espírito,	alma	e	corpo,	sejam	conservados	íntegros	e	irrepreensíveis	na
vinda	de	vosso	Senhor	Jesus	Cristo”	(I	Ts.	5.23),	“A	santidade”,	conforme	afirmou
Thomas	Boston,	“	é	uma	constelação	de	graças”.14	Em	gratidão	a	Deus,	um	crente	cultiva
os	feitos	da	santidade,	tais	como:	amor,	gozo,	paz,	paciência,	bondade,	amabilidade,
fidelidade,	auto-controle,	mansidão	(Gl.	5.22,23).15
Essa	chamada	para	a	santidade	não	objetiva	merecer	a	aceitação	diante	de	Deus.	O	Novo
Testamento	declara	que	todo	crente	é	santificado,	como	um	princípio,	através	do	sacrifício
de	Cristo:	“nessa	vontade	é	que	temos	sido	santificados,	mediante	a	oferta	do	corpo	de
Jesus	Cristo,	uma	vez	por	todas”	(Hb.	10.10).	Cristo	é	a	nossa	Santificação	(I	Co.	1.30);
portanto,	a	igreja	como	a	noiva	de	Cristo,	é	santificada	(Ef.	5.25,26).	A	situação	do	crente
diante	de	Deus	é	de	santidade	em	Cristo,	devido	à	Sua	perfeita	obediência,	a	qual	satisfez
plenamente	a	justiça	de	Deus	por	todos	os	pecados.
No	entanto,	a	situação	do	crente	não	significa	que	ele	tenha	alcançado	uma	condição	de
completa	santificação	(I	Co.1:2).	Muitas	tentativas	têm	sido	feitas	para	expressar	o
relacionamento	entre	a	condição	e	a	situação	do	crente	perante	Deus;	uma	das	mais
destacadas	entre	elas	é	a	frase	bem	conhecida	de	Lutero	“ao	mesmo	justo	e	pecador”.	Isso
quer	dizer	que	o	crente	é	tanto	justo	na	presença	de	Deus,	por	causa	de	Cristo,	como
também	permanece	um	pecador,	quando	avaliado	de	acordo	com	seus	próprios	méritos.
Muito	embora	a	condição	do	crente	exerça	um	impacto	sobre	a	sua	situação	des-
de	o	início	da	experiência	cristã	(a	qual	coincide	com	a	regeneração),	ele	jamais	estará	em
uma	condição	de	santidade	perfeita	nesta	vida.	Paulo	ora	para	que	os	Tessalonicenses
sejam	inteiramente	santificados	como	sendo	algo	ainda	por	acontecer	(I	Ts.	5.23).
A	Santificação	recebida	é	algo	iniciado,	embora	ainda	não	aperfeiçoado.
Isso	explica	a	ênfase	do	Novo	Testamento	sobre	a	santidade	como	algo	a	ser	cultivado	e
buscado.	A	linguagem	do	Novo	Testamento	enfatiza	a	santificação	crucial,	progressiva.	O
Cristão	deve	lutar	pela	santificação	(Hb.	12.14).	O	crescimento	na	santidade	deve	seguir	e
de	fato	segue-se	à	regeneração	(Ef.	1.4;	Fl.	3.12).
Dessa	forma,	para	você	verdadeiro	crente,	a	santidade	é	algo	que	você	possui	em	Cristo,
diante	de	Deus	e	algo	que	deve	cultivar	no	poder	de	Cristo.	Sua	condição	de	santidade	foi-
lhe	conferida;	sua	situação	atual	de	santidade	deve	ser	buscada.	Você	é	feito	santo	em	sua
posição	diante	de	Deus	e	por	meio	de	Cristo	você	é	chamado	para	refletir	essa	posição
sendo	santo	em	sua	vida	diária.	Seu	contexto	de	santidade	é	justificação	através	de	Cristo
e	seu	caminho	de	santidade	é	ser	crucificado	e	ressuscitado	com	Ele,	o	que	envolve
a	contínua	“mortificação	do	velho	homem	e	a	vivificação	do	novo”	(Catecismo	de
Heidelberg,	Pergunta	88).	Você	é	chamado	para	viver	aquilo	que	já	é	em	princípio,	pela
graça.
O	CULTIVO	DA	SANTIDADE
De	forma	concreta,	portanto,	o	que	você	deve	cultivar?	Três
coisas.
1)	Imitação	do	caráter	de	Teová.	“Sede	Santos,	porque	eu	sou	santo”	(I	Pe.	1.16).	A
Santidade	do	próprio	Deus	deveria	ser	o	nosso	maior	estímulo	para	cultivar	a	santidade	de
vida.	Procure	ser	como	seu	Pai	celestial	em	justiça,	santidade	e	integridade.	No	Espírito,
esforce-se	para	pensar	os	pensamento	de	Deus,	através	dEle,	por	meio	de	Sua	Palavra,
sendo	uma	só	mente	com	Ele,	vivendo	e	agindo	da	forma	que	o	próprio	Deus	gostaria	que
você	fizesse.17	Conforme	a	conclusão	de	Stephen	Chamock:
“Essa	é	a	principal	forma	de	honrar	a	Deus.	Não	glorificamos	tanto	a	Deus	por	meio	de
expressões	elevadas	de	admiração,	frases	eloqüentes,	cultos	pomposos,	quanto
quando	aspiramos	viver	para	Ele	com	espíritos	imaculados,	vivendo	para	Ele	e	vivendo
como	Ele”.18
2)	Conformidade	à	imagem	de	Cristo.	Esse	é	o	tema	favorito	de	Paulo,	do	qual	somente
um	exemplo	deve	ser	suficiente:
“Tende	em	vós	o	mesmo	sentimento	que	houve	também	em	Cristo	Jesus,	pois	ele,
subsistindo	em	forma	de	Deus	não	julgou	como	usurpação	o	ser	igual	a	Deus;	antes	a	si
mesmo	se	esvaziou,	assumindo	a	forma	de	servo,	tomando-se	em	semelhança	de	homens;
e,	reconhecido	em	figura	humana,	a	si	mesmo	se	humilhou,	tornando-se	obediente	até	à
morte,	e	morte	de	cruz”	(Filipenses	2:5-8).
Cristo	foi	humilde,	voluntariamente	abdicou	de	Seus	direitos	de	modo	a	obedecer	a	Deus	e
servir	aos	pecadores.	Se	vocês	quiserem	serem	Santos,	Paulo	está	dizendo,	pensem	da
mesma	forma.
Não	objetivem	conformidade	a	Cristo	como	uma	condição	de	salvação,	mas	sim	como	um
fruto	da	salvação	recebida	pela	fé.	Devemos	olhar	para	Cristo	para	sermos	santos,	pois	Ele
é	a	fonte	e	o	caminho	da	Santidade.	Não	busquem	outro	caminho.	Sigam	o	conselho	de
Agostinho	que	argumentou	dizendo	ser	melhor	mancar	no	caminho	do	que	correr	fora
dele.19	Façam	como	Calvino	ensinou:	Coloquem	Cristo	diante	de	vocês	como	o	espelho	da
santificação	e	busquem	graça	para	sermos	espelhos	de	Sua	imagem.20	Perguntem	em	cada
situação	enfrentada:	“O	que	Cristo	pensaria,	diria,	faria?”.	Então	confiem	nEle	para
santidade.	Ele	não	os	desapontará	(Tg.l:2-7).
Existe	espaço	para	crescimento	infindável	na	Santidade	porque	Jesus	é	o	poço
interminável	da	salvação.	Você	jamais	irá	demais	até	Ele	por	santidade,	pois	Ele	é	a
santidade	por	excelência.	Ele	vi-
veu	a	santidade;	Ele	mereceu	a	santidade,	Ele	envia	Seu	Espírito	para	aplicá-la.	“Porém,
Cristo	é	tudo	e	em	todos”	(Colocensses	3.11]	—	Santidade	inclusive.	Conforme	Lutero
declarou	de	forma	profunda:	“Nós	em	Cristo	=	justificação;	Cristo	em	nós	=
santificação”.21
31	Submissão	à	mente	do	Espírito	Santo.	Em	Romanos	8:6	Paulo	divide	as	pessoas	em
duas	categorias	-	aqueles	que	se	permitem	controlar	por	suas	naturezas	pecaminosas	(isto
é,	mentes	carnais	que	seguem	seus	desejos	carnais]	e	aqueles	que	seguem	o	Espírito	(isto
é,	que	se	preocupam	com	as	“coisas	do	Espírito”,	Rm.8.5].
O	Espírito	Santo	foi	enviado	para	conduzir	a	mente	do	crente	à	submissão	à	Sua	mente	(I
Co.2].	Ele	foi	dado	para	tornar	santos	os	pecadores;	os	mais	santos	inclinam-se
progressivamente,	como	servos	humildes	sob	o	Seu	controle.	Supliquemos	por	graça
para	sermos	servos	dispostos	mais	plena	e	consistentemente.
Como	o	Espírito	opera	esta	virtude	santa	da	submissão	à	Sua	mente,	tornando-nos,	dessa
forma,	santos?	(1)	Ele	nos	revela	nossa	necessidade	de	santidade,	através	da	convicção	de
pecado,	justiça	e	juízo	(Jo.	16:8).	(2)	Ele	implanta	desejo	de	santidade.	Sua	obra	salvadora
nunca	conduz	ao	desespero	mas	sempre	à	santificação	em	Cristo.	(3)	Ele	concede
semelhança	a	Cristo	na	santidade.	Ele	atua	sobre	a	nossa	natureza	como	um	todo,
moldando-nos	conforme	a	imagem	de	Cristo.	(4)	Ele	fornece	poder	para	viver	uma	vida
santa	através	de	Sua	habitação	e	influência	sobre	nossas	almas.	Se	vivermos	pelo	Espírito,
não	satisfaremos	os	desejos	de	nossa	natureza	pecaminosa	(Gálatas	5:16).	Viver	pelo
Espíritosignifica	viver	em	obediência	e	dependência	dAquele	Espírito.	(5)	Por	meio	de
instrução	humilde	nas	Escrituras	e	o	exercício	da	oração,	o	Espírito	nos	ensina	Sua	mente
e	estabelece	uma	conscientização	contínua	de	que	a	santidade	continua	sendo	essencial
como	algo	digno	de	Deus	e	do	Seu	reino	(I	Ts.	2.12;	Ef.	4.1)	e	apropriado	para	o	serviço	(I
Co.	9.24,25;	Fl.	3.13).
“E	não	vos	embriagueis	com	vinho,	no	qual	há	dissolução,
mas	enchei-vos	do	Espírito”	(Ef.	5.18).	Thomas	Watson	declara:
“O	Espírito	imprime	a	característica	de	Sua	própria	santidade	sobre	o	coração,	assim	como
o	selo	imprime	sua	semelhança	sobre	a	cera.	O	Espírito	de	Deus	em	um	homem	enche-o
de	perfume	com	santidade	e	faz	de	seu	coração	um	mapa	do	céu”.22
COMO	CULTIVAR	A	SANTIDADE
Que	os	crentes	são	chamados	para	santidade	é	indisputavelmente	claro.	Mas	a	pergunta
crucial	persiste:	Como	ele	cultiva	a	santidade?	Abaixo	seguem	sete	orientações	para
ajudar-nos.
1)	Conheça	e	ame	as	Escrituras.	Este	é	o	caminho	mais	importante	de	Deus	para	a
santidade	e	o	crescimento	espiritual	-	o	Espírito	como	Professor	abençoando	a	leitura	e	o
exame	da	Palavra	de	Deus.	Jesus	orou:	“Santifica-os	na	verdade.	A	Tua	Palavra	é	a
verdade”	(Jo.	17.17).	E	Pedro	admoestou:	“Desejai	o	genuíno	leite	espiritual,	para	que
por	ele	vos	seja	dado	crescimento	para	salvação”	(I	Pe.	2.2).
Se	você	não	quiser	permanecer	ignorante	espiritualmente	e	empobrecido,	leia	a	Bíblia	toda
pelo	menos	uma	vez	ao	ano.	Mais	importante	ainda,	memorize	as	Escrituras	(Sl.	119.11),
examine-as	(Jo.	5.39)	e	medite	sobre	elas	(Sl.	1.2),	ame-as	e	viva	por	elas	(Sl.	119;	19.10).
Compare	Escritura	com	Escritura;	tome	tempo	para	estudá-las.	Provérbios	2.1-5,	colocam
diante	de	nós	vários	princípios	envolvidos	com	o	estudo	individual	sério	da	Bíblia:	ensino
(recebendo	as	palavras	de	Deus),	obediência	(guardando	os	mandamentos	de
Deus),	disciplina	(clamando	por	conhecimento)	eperseverança	(examinando	em	busca	do
tesouro	secreto).23	Não	espere	crescer	em	santidade	se	você	gasta	pouco	tempo	sozinho
com	Deus	e	não	leva	Sua	Palavra	a	sério.	Uma	vez	que	possuímos	um	coração	enfermo
com	a	tendência	de	se	afastar	da	santidade,	deixe	que	as	Escrituras	o	ensine	como
viver	uma	vida	santa	em	um	mundo	ímpio.
Desenvolva	uma	fórmula	bíblica	para	viver	piedosamente.	Aqui	está	uma	possibilidade
extraída	de	I	Coríntios.	Quando	estiver	hesitante	em	relação	ao	que	fazer,	pergunte	a	si
mesmo:
•				Será	que	isto	glorifica	a	Deus?	(I	Co.	10.31)
•				Será	que	isto	é	consistente	com	o	senhorio	de	Cristo?	(I	Co.
7.23)
•				Será	que	é	consistente	com	os	exemplos	bíblicos?	(I	Co.
11.1)
•				Será	que	é	legítimo	e	benéfico	para	mim?	-	espiritual,	mental	e	fisicamente?	(I	Co.	6.9-
12)
•				Será	que	ajuda	outros	positivamente	e	não	os	fere	desnecessariamente?	(I	Co.	10.33;
8.13)
•				Será	que	me	coloca	sob	algum	poder	escravizador?	(I	Co.
6.12).
Permita	que	as	Escrituras	sejam	sua	bússola	para	guiá-lo	no	cultivo	da	santidade,	nas
decisões	da	vida	e	em	fazer	frente	às	aflições	pessoais.
2)	Use	os	sacramentos	do	Batismo	e	da	Ceia	do	Senhor	de	forma	diligente	como	meios	de
graça	para	fortalecer	sua	fé	em	Cristo.	Os	sacramentos	de	Deus	complementam	Sua
Palavra.	Eles	nos	levam	para	longe	de	nós	mesmos.	Cada	sinal	-	água,	pão,	vinho	-
nos	levam	a	crer	em	Cristo	e	Seu	sacrifício	sobre	a	cruz.	Os	sacramentos	são	meios
visíveis	através	dos	quais	Ele,	de	forma	invisível,	mantem	comunhão	conosco	e	nós	com
Ele.	Eles	são	incentivos	à	semelhança	com	Cristo	e	portanto	à	santidade.
A	graça	recebida	através	dos	sacramentos	não	é	diferente	daquela	recebida	através	da
Palavra.	Ambas	comunicam	o	mesmo	Cristo.	Conforme	disse	Robert	Bruce:	“embora	não
tenhamos	um	Cristo	melhor	nos	sacramentos	do	que	na	Palavra,	algumas	vezes	temos	a
Cristo	melhor”.24
Corra	para	Cristo	freqüentemente	através	da	Palavra	e	dos	sacramentos.	A	fé	em	Cristo	é
fator	motivador	poderoso	para	a	santidade;	já	que	a	fé	e	o	amor	pelo	pecado	não	se
misturam.	No	entanto,	tenha	cuidado,	para	não	buscar	a	sua	santidade	nas
experiências	com	Cristo	e	sim	no	próprio	Cristo.	Assim	William	Gurnall	adverte:
“Quando	tu	confiaste	em	Cristo	dentro	de	ti,	ao	invés	de	Cristo	fora	de	ti,	tu	colocaste
Cristo	contra	Cristo.	A	noiva	faz	bem	em	estimar	o	retrato	de	seu	marido,	mas	seria
ridículo	se	ela	amassasse	o	retrato	mais	do	que	o	próprio	marido,	muito	mais	se	ela
buscasse	ao	retrato	antes	que	a	ele	para	satisfazer	os	desejos	dela.	Porém,	tu	ages	desta
forma	quando	tens	mais	afeição	ò	imagem	de	Cristo	dentro	da	tua	alma	do	que	àquele	que
a	pintou	ali”.25
3)	Considerem-se	como	morto	para	o	domínio	do	pecado	e	vivo	para	Deus	em	Cristo	(Rm.
6.11).	“Perceber	isso”,	escreve	o	Dr.	Martyn	Lloyd-Jones,
“tira	de	nós	aquela	velha	sensação	de	desespero	que	todos	nós	conhecemos	e	sentimos
por	causa	do	terrível	poder	do	pecado…	Posso	dizer	a	mim	mesmo	que	não	somente
não	estou	mais	sob	o	domínio	do	pecado	mas	sim	sob	o	domínio	de	um	outro	poder	que
nada	pode	frustrar“.26
Isso	não	quer	dizer	que,	porque	o	pecado	não	domina	mais	sobre	nós	como	crentes,	temos
autorização	para	esquecermos	o	nosso	dever	de	fugir	do	pecado.	Bridges	acertadamente
nos	admoesta:	“confundir	o	potencial	para	resistir	ao	pecado	(o	qual	Deus	supriu)	com	a
responsabilidade	em	resistir	(que	é	nossa)	é	preparar	o	caminho	para	o	desastre	em	nossa
busca	de	santidade”.27	O	Breve	Catecismo	de	Westminster	equilibra	o	dom	de	Deus	e	a
nossa	responsabilidade	quando	afirma	que	a	“santificação	é	a	obra	da	graça	livre	de	Deus,
através	da	qual	somos	renovados	em	nosso	homem	interior	de	acordo	com	a	imagem	de
Deus	e	somos	progressivamente	capacitados	a	morrer	para	o	pecado	e	vivermos	para	a
justiça”	(Pergunta	35).
Procure	cultivar	um	ódio	crescente	pelo	pecado	como	tal,	pois	esse	é	o	tipo	de	ódio	contra
o	pecado	que	Deus	possui.	Reconheça	que	Deus	é	digno	de	obediência	não	somente	como
um	juiz,	mas	especialmente	como	um	Pai	amoroso.	Diga	como	José	num	momento	de
tentação:	“como,	pois	cometería	eu	tamanha	maldade,	e	pecaria	contra	Deus?”	(Gn.
39.9).
Confie	que	Cristo	é	poderoso	para	mantê-lo	vivo	pelo	Seu	Espírito.	Você	vive	através	da
união	com	Cristo.	Viva	para	a	Sua	justiça.	A	justiça	dEle	é	maior	do	que	a	sua	injustiça.
Sua	capacidade	de	salvar	é	maior	do	que	a	sua	pecaminosidade.	O	Seu	Espírito	habita
dentro	de	você.	“Filhinhos,	vós	sois	de	Deus,	e	tendes	vencido	os	falsos	profetas,	porque
maior	é	aquele	que	está	em	vós	do	que	aquele	que	está	no	mundo”	(I	Jo.	4.4).	Não	se
desespere;	você	é	forte	nEle,	vivo	e	vitorioso	nEle.	Satanás	pode	vencer	várias	batalhas,
mas	a	vitória	é	sua	(I	Co.	15.57;	Rm.	8.37).	Em	Cristo,	o	otimismo	da	graça	divina	domina
sobre	o	pessimismo	da	natureza	humana.
4)	Ore	e	trahalhe	na	dependência	de	Deus	para	santidade.	Ninguém	pode	produzir	algo
puro	a	partir	que	é	impuro	a	não	ser	Deus	(Jó	14.4).	Portanto,	ore	como	Davi:	“cria	em
mim,	ó	Deus,	um	coração	puro”	(Sl.	51.10).	Enquanto	você	ora,	trabalhe.	John
Owen	escreveu:	“Deus	opera	em	nós	e	conosco,	não	contra	nós	ou	sem	nós;	de	forma	que
a	ajuda	dEle	é	um	encorajamento	para	facilitar	o	trabalho	e	não	uma	oportunidade	para
negligenciarmos	o	trabalho	em	si	mesmo”.28
O	Catecismo	de	Heidelberg	(Pergunta	116)	destaca	que	oração	e	trabalho	andam	juntos.
Eles	são	como	dois	remos,	os	quais,	quando	utilizados	em	conjunto,	manterão	o	barco
movendo-se	para	frente.	Se	você	usar	somente	um	remo	-	se	você	ora	sem	trabalhar
ou	trabalha	sem	orar	-	estará	remando	em	círculos.
Santidade	e	oração	têm	muito	em	comum.	Ambas	ocupam	uma	posição	central	na	fé	e
vida	cristãs;	elas	são	obrigatórias,	não	opcionais.	Ambas	se	originam	e	estão	centralizadas
em	Deus.	Ambas	são	ativadas,	muitas	vezes	simultaneamente,	pelo	Espírito	de
Deus.	Nenhuma	delas	pode	sobreviver	sem	a	outra.	Aprende-se	sobre	ambas	através	da
experiência	e	de	batalhas	espirituais.29	Nenhuma	delas	é	perfeita	nesta	vida,	mas	precisam
ser	cultivadas	através	de	toda	a	vida.	E	mais	fácil	escrever	sobre	ambas	do	que	exercitá-
las.
Aqueles	que	mais	oram	frequentemente	sentem	que	não	oram	o	suficiente;os	mais	santos
consideram-se	impuros.
Santidade	e	trabalho	encontram-se	também	intimamente	relacionadas,	especialmente	o
trabalho	de	perseverança	e	diligência	na	disciplina	pessoal.	Disciplina	leva	tempo	e
esforço.	Paulo	exortou	Timóteo:	“Exercita-tepessoalmente	na	piedade”	(I	Tm.	4.7).	A
santidade	não	é	alcançada	instantaneamente.30	A	santidade	nos	chama	para	uma	vida
disciplinada;	ela	não	pode	existir	a	partir	daquilo	que	Dietrich	Bonhoeffer	chamou	de
graça	barata	-	isto	é,	a	graça	que	perdoa	sem	exigir	arrependimento	e	obediência.
Santidade	é	uma	graça	custosa	-	a	graça	que	custou	a	Deus	o	sangue	de	Seu	Filho,	custou
ao	Filho	Sua	própria	vida	e	custa	ao	crente	a	mortificação	diária	no	exercício	da	santidade,
de	tal	forma	que	Paulo	morria	diariamente	(I	Co.l5:31).31	A	santidade	graciosa	nos	chama
para	compromisso,	diligência,	prática	e	arrependimento	contínuos.32	Se	você,	“	algumas
vezes,	devido	à	fraqueza,	cai	em	pecado,	não	deve	desesperar-se	da	misericórdia	de	Deus,
nem	continuar	em	pecado,	já	que	possuímos	um	pacto	eterno	de	graça	com	Deus”	(Rito	de
Batismo).	Resolva,	como	Jonathan	Edwards:	“jamais	abandonar,	nem	esmorecer	por
pouco	que	seja,	minha	luta	contra	minhas	corrupções,	apesar	de	todos	os	insucessos	que
possam	ocorrer”.33
Essas	duas	coisas,	lutar	contra	o	pecado	e	o	insucesso,	parecem	contraditórias,	mas	não
são.	Fracassar	e	tornar-se	um	fracasso	são	duas	coisas	diferentes.	O	crente	reconhece	que
pode	fracassar	frequentemente.	Lutero	disse	que	o	homem	justo	sente-se	mais	vezes	“um
perdedor	de	que	um	vitorioso”	na	luta	contra	o	pecado,	“pois	o	Senhor	permite	que	ele
seja	testado	e	atacado	até	o	seu	limite,	da	mesma	forma	que	o	ouro	é	testado	na
fornalha”.34	Esta	é,	também,	uma	importante	parte	do	discipulado.	Porém,	o	homem
piedoso	perseverará	mesmo	através	de	seus	fracassos.	O	fracasso	não	faz	com	que	ele
desista;	faz	com	que	ele	se	arrependa	mais	ardorosamente	e	a	esforçar-se	no	poder	do
Espírito.	“Porque	sete	vezes	cairá	o	justo,	e	se	levantará;	mas	os	perversos	são
derrubados	pela	calamidade”	(Pv.	24.16).
Jamais	nos	esqueçamos	que	o	Deus	que	amamos,	ama	a	santidade.	Daí	a	intensidade	de
Sua	disciplina	paterna	(Hb.	12.5,6,10)!	Talvez	William	Gurnall	tenha	afirmado	isso	da
melhor	maneira:	“Deus	não	esfregaria	com	tanta	força	se	não	fosse	para	eliminar	a
sujeira	que	está	arraigada	em	nossas	naturezas.	Deus	ama	a	pureza	de	tal	forma	que	Ele
preferida	ver	um	buraco	do	que	uma	mancha	nas	roupas	de	seus	filhos”.35
51	Fuia	do	mundanismo.	Devemos	nos	rebelar	contra	as	primeiras	aparências	da	soberba
da	vida,	as	concupiscências	da	carne	e	dos	olhos	e	de	todas	as	formas	de	mundanismo
pecaminoso	à	medida	em	que	batem	à	porta	de	nossos	corações	e	mentes.	Se	abrimos
a	porta	e	permitimos	que	entrem	e	passeiem	por	nossas	vidas,	tornamo-nos	suas	presas.
“Resolveu	Daniel	firmemente	não	contaminar-se	com	as	finas	iguarias	do	rei,	nem	com	o
vinho	que	ele	bebia;	então	pediu	ao	chefe	dos	eunucos	que	lhe	permitisse	não	contaminar-
se”	(Dn.	1.8).	As	coisas	que	lemos,	nossas	diversões	e	recreações,	a	música	que	ouvimos	e
as	conversas	que	temos,	afetam	nossas	mentes	e	deveríam	ser	consideradas	no	contexto	de
Filipenses	4.8:	“Finalmente,	irmãos,	tudo	o	que	é	verdadeiro,	tudo	o	que	é	respeitável,
tudo	o	que	justo,	tudo	o	que	é	puro,	tudo	o	que	é	amável,	tudo	o	que	de	boa	fama,	se
alguma	virtude	há	e	se	algum	louvor	existe,	seja	isso	o	que	ocupe	o	vosso	pensamento”
(Fl.	4.8).	Nós	devemos	viver	acima	do	mundo	e	não	ser	do	mundo	muito	embora	ainda
estejamos	no	mundo	(Rm.	12.1-2).
6)	Busque	comunhão	na	iereia:	associe-se	com	mentores	de	santidade	(Ef.	4.12-13;	I	Co.
11.1).36	A	igreja	deve	ser	uma	comunidade	de	cuidado	mútuo	e	oração	(I	Co.	12.7;	At.
2.42).	Tenha	comunhão	e	ore	com	outros	cristãos	cuja	conduta	piedosa	você	admira	(Cl.
3.16).	“Quem	anda	com	os	sábios	será	Sábio”	(Pv.	13.20).	Associação	promove
assimilação.	Uma	vida	cristã	vivida	em	isolamento	de	outros	crentes	será	defeituosa;	em
geral,	esse	cristão	permanecerá	espiritualmente	imaturo.
Tal	comunhão	não	deve,	todavia,	exclui	a	leitura	de	livros	piedosos	de	épocas	passadas	os
quais	promovem	a	santidade.	Lutero	disse	que	alguns	de	seus	melhores	amigos	estavam
mortos.	Por	exemplo,	ele	perguntou	se	alguém	poderia	ter	vida	espiritual	e	não	sentisse
simpatia	com	Davi	quando	ele	derramava	o	seu	coração	nos	Salmos.	Leia	os	clássicos	que
falam	veementemente	contra	o	pecado.	Deixe	que	Thomas	Waltson	seja	seu	mentor	em	the
Mirchief	of	Sin	(O	Engano	do	Pecado);	John	Owen	em	Temptation	and	Sin	(Tentação	e
Pecado);	Jeremiah	Burroughs	em	The	Evil	ofEvils	(O	mal	dos	Males);	Ralfh	Verning	em
The	Plagne	ofPlagnes	(A	peste	das	Pestes).37	Mas	leia	também	Holiness	(Santidade)	de	J.
C.	Ryle;	Personal	Declension	and	Revival	ofReligion	in	the	Soul	de	Octaniuns	Winslow	e
Keeping	the	Heart	(Conservando	o	Coração)38	de	John	Flavel.	Permita	que	esses	homens
piedosos	de	épocas	passadas	sejam	seus	amigos	e	mentores	espirituais.
7)	Viva	o	compromisso	total	com	Deus	no	“Tempo	presente”.	Não	caia	na	armadilha	da
síndrome	do	“mais	uma	vez”.	Obediência	adiada	é	desobediência.	A	santidade	de	amanhã
é	a	impureza	de	hoje.	A	fé	de	amanhã	é	a	incredulidade	de	hoje.	Deseje	não	pecar	de
forma	alguma	(I	Jo.	2.1),	suplicando	pelo	poder	divino	para	levar	todo	pensamento	cativo
à	obediência	de	Cristo	(II	Co.	10.5),	pois	as	Escrituras	indicam	que	a	nossa	vida	de
pensamento	determina	o	nosso	caráter:	“Porque,	como	imagina	em	sua	alma,	assim	ele	é”
(Pv.	23.7a).	(Ia	parte	do	artigo	“Cultivating	Holiness”	Reformation	and	Revival,	pgs.
81-94)
ESTÍMULOS	AO	CULTIVO	DA	SANTIDADE
O	cultivo	da	santidade	é	algo	obrigatório.	Thomas	Watson	denominou-o	de	“trabalho
exaustivo”.	Felizmente	Deus	nos	oferece,
em	Sua	Palavra,	vários	motivos	para	fazê-lo.	Para	nos	encorajar	na	busca	da	santidade,
precisamos	conservar	nossos	olhos	focalizados	nas	seguintes	verdades	bíblicas:
1)	Deus	chamou	você	para	a	santidade	para	o	seu	bem	e	para	Sua	glória,	“porquanto
Deus	não	nos	chamou	para	a	impureza,	e,	sim,	para	a	santificação.”(1	Ts..4.7).	O	que	quer
que	Deus	nos	convoque	a	fazer,	é	necessário.	A	Sua	chamada,	em	si	mesma,	assim	como
os	benefícios	que	experimentamos	de	uma	vida	santa,	conforme	descrito	abaixo,	deveriam
induzir-nos	a	buscar	e	praticar	a	santidade.
A	santidade	nos	beneficia	aumentando	nosso	bem-estar	espiritual.	Deus	nos	assegura	que
“nenhum	bem	sonega	aos	que	andam	retamente”	(Salmo	84.11).	“O	que	a	saúde
representa	para	o	coração,	a	santidade	representa	para	a	alma”,	observou	John
Flavel.39	Nos	poucos	comentários	de	Richard	Baxter	sobre	a	santidade,	os	próprios	títulos
dos	capítulos	são	iluminadores:	A	santidade	é	o	Único	Caminho	para	a	Segurança;	A
Santidade	é	o	Caminho	mais	Benéfico;	A	Santidade	é	o	Caminho	mais	Honrado	e	A
santidade	é	o	Caminho	mais	Agradável.40
O	mais	importante	é	que	a	santidade	glorifica	o	Deus	que	você	ama.	Conforme	a
afirmação	de	Thomas	Brooks:	“A	santidade	faz	o	máximo	pela	honra	de	Deus”.41
2)	A	santidade	faz	com	que	você	se	assemelhe	a	Deus	e	preserva	a	sua	integridade.	De
acordo	com	a	observação	de	Thomas	Watson:	“Devemos	nos	esforçar	para	sermos
semelhantes	a	Deus	em	santidade.	É	um	nítido	espelho	no	qual	podemos	ver	uma	face;	é
um	santo	coração	no	qual	podemos	ver	algo	de	Deus”.42	Neste	ponto,	Cristo	serve	como
um	padrão	de	santidade	para	nós	-	um	padrão	de	humildade	santa	(Fil.2.:5-13),	de	santa
compaixão	(Mc.1.41),	de	santo	perdão	(Col.3..13)	de	santo	desprendimento	(Rom.15.3),
de	santa	indignação	contra	o	pecado	(Mt.23)	e	de	santa	oração	(Heb.5.7).	A	santidade
cultivada	que	se	assemelha	a	Deus	e	está	baseada	em	Cristo,	nos	salva	de
muita	hipocrisia,	de	recorrer	a	um	Cristianismo	“só	de	domingo”.	Dá-nos	vitalidade,
propósito,	significado	e	direção	ao	nosso	viver	diário.
3)	A	santidade	fornece	evidências	de	sua	justificação	e	eleição,	e	promove	a	segurança.	A
santificação	é	o	fruto	inevitável	da	justificação	(1	Cor.6.11).	Os	dois	podem	ser
diferenciados,	mas	nunca	separados;	o	próprio	Deus	os	juntou.	A	justificação	está
organicamente	unida	à	santificação;