Buscar

Yeshua e o Pessach judaismo


Prévia do material em texto

Yeshua e o Pessach 
Respondendo a Perguntas Controversas 
 
 
1 - Introdução 
 
Há cinco temas que há muito intrigam aqueles que crêem em Yeshua, e que são 
perguntas normalmente propostas por anti-missionários, com o objetivo de tentar 
desacreditar a obra de Yeshua. Este estudo visa demonstrar, de uma forma definitiva, 
que muito longe de desaprovar a obra do Mashiach, essas perguntas vêm apenas 
confirmar a nossa fé nEle. São elas: 
 
• Por que Marcus 14:12 diz que se sacrificava o Pessach no primeiro dia de Chag 
HaMatsot, se na verdade a Torá nos diz que o sacrifício do Pessach era feito no dia 
anterior ao de Chag HaMatsot – a festa de pães ázimos(Lv. 23:5-7)? 
 
• As Boas Novas de Marcus e Lucas e de Yochanan (João) se contradizem sobre 
quando Ele celebrou o Pessach e morreu? 
 
• Se Yeshua é o sacrifício do Pessach, como poderia Ele ter expiado pecados? 
 
• Se Yeshua morreu após o Pessach, como poderia ser o cordeiro? Se Yeshua 
morreu antes do Pessach, como poderia tê-lo celebrado? 
 
• Por que teria Yeshua tomado primeiro o pão e depois o cálice, se a tradição 
judaica diz o oposto? 
 
Veremos que essas três respostas têm uma resposta bastante especial, que nos 
demonstra com clareza o objetivo da obra do Messias. 
 
 
2 – Harmonizando Marcus e a Torá 
 
A primeira pergunta é a mais fácil de ser respondida, visto que se trata apenas 
de um erro de tradução do grego. De fato, a Torá nos diz que o Pessach ocorre no dia 
anterior a Chag HaMatsot (festa dos pães ázimos): 
 
“No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é o Pessach de YHWH. E aos quinze 
dias deste mês é a festa dos pães ázimos de YHWH; sete dias comereis pães ázimos. No 
primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.” (Vayicrá/Levítico 
23:5-7) 
 
Como é de conhecimento comum, o Pessach era sacrificado ao 14º. dia, na 
véspera da festa de pães ázimos, e era comido em um jantar após o pôr-do-sol, já no 
15º dia. 
 
A Almeida, a partir do texto grego, assim traduz Marcus 14:12: 
 
“E, no primeiro dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os 
discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?” (JFA 
Atualizada) 
 
Existe no trecho em vermelho um equívoco de tradução, que demonstraremos 
a seguir. O equívoco na tradução ocorre não por má vontade do tradutor para o grego, 
mas por conta de uma ambiguidade no aramaico, que só pode ser compreendida se a 
pessoa tiver por base de conhecimento a Torá. 
 
O trecho aramaico a que se refere esse texto traz “kadmaia”. Tanto a 
concordância The Way International quanto o dicionário siríaco Payne Smith definem a 
palavra como podendo significar “primeiro” ou ainda “anterior”. 
 
Evidentemente, pela Torá, que a tradução correta é “anterior”. Nesse caso, 
temos: 
 
“E, no dia anterior à festa dos pães ázimos, quando sacrificavam o Pessach, disseram-
lhe os talmidim: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer o 
Pessach?” 
 
Portanto, podemos ver que não há contradição entre Marcus e a Torá. É apenas 
uma questão de traduzir corretamente o texto. 
 
Mas e quanto a Lucas? 
 
Lucas 22:7 diz: 
 
“Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que importava sacrificar a páscoa.” (JFA 
Atualizada) 
 
O texto aramaico diz: 
 
“wmatiy yoma d’patiyre d’beh iyt hoa yada d’net’nkes pescha” 
 
A melhor tradução para “yoma d’patiyre” não é “dia dos ázimos”, e sim “dia da 
festa dos pães ázimos”, pois embora “patiyre” significe ázimos, é uma menção 
implícita à festa. 
 
Assim sendo, poderíamos ler da seguinte forma: 
 
“E chegou o dia na festa de pães ázimos, em que se deveria sacrificar o Pessach.” 
 
Ora, que dia era esse? A véspera da festa de pães ázimos! Não há 
necessariamente aqui uma menção ao primeiro dia. Muitas vezes na própria Torá 
temos menção à véspera de uma festa como parte de seu relato. Isso pode ser visto, 
por exemplo, no caso do Yom Kipur: 
 
“Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação... aos nove do mês à tarde, 
de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso Shabat.” (Vayicrá/Levítico 23:27,32) 
 
Podemos, portanto, ver que não há erro algum em Marcus, e que o texto do 
relato é absoluta e totalmente fiel à Torá. 
 
 
3 – A Cronologia Sinótica e Yochanan: Esclarecendo a Suposta Contradição 
 
A questão de Yochanan já é um pouco mais complexa por natureza, mas 
também não é difícil de ser compreendida com relativa tranquilidade. Como vimos 
anteriormente, Yeshua no dia em que o cordeiro do Pessach era imolado, pediu para 
que seus talmidim preparassem o seder (a “ordem” do serviço do jantar de Pessach): 
 
“E, no dia anterior à festa dos pães ázimos, quando sacrificavam o Pessach, disseram-
lhe os talmidim: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer o 
Pessach?” 
 
 O cordeiro era imolado no dia 14/01. Isso significa dizer que Yeshua teria 
celebrado o Pessach no dia 15/01, ao pôr-do-sol, e teria morrido no madeiro no dia 
15/01. Isso não tem qualquer relação com a correção que fizemos acerca do aramaico, 
pois no texto grego também teríamos essa mesma impressão. Se o cordeiro era 
sacrificado no dia 14/01 antes do pôr-do-sol, e se o versículo enfatiza que era o dia de 
sacrifício do Pessach, então de fato Yeshua celebrou o Pessach no dia 15/01, à noite. 
Consequentemente, Yeshua teria morrido no dia 15/01. Segundo a Torá, o dia 15/01 é 
o Shabat do primeiro dia da festa de pães ázimos. 
 
No entanto, Yochanan (João) 19:31 diz: 
 
“Os habitantes de Yehudá, pois, para que no Shabat não ficassem os corpos no 
madeiro, visto como era a preparação (pois era grande o dia de Shabat), rogaram a 
Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.” 
 
Ora, aqui temos um problema. Pelo relato de Yochanan, esses habitantes de 
Yehudá exigiram que Yeshua fosse removido do madeiro, pois não queriam que 
ficassem corpos no madeiro no Shabat! Yochanan dá a impressão de que Yeshua teria 
morrido no dia 14/01! 
 
A outra possibilidade seria a de admitir a tese cristã de que Yeshua teria 
morrido numa véspera de sexta-feira, supondo que tivéssemos dois Shabatot 
consecutivos. Nesse caso, o Shabat mencionado por Yochanan seria o Shabat semanal 
mesmo. Mas aí teríamos o problema óbvio da tão criticada tese cristã tradicional, que 
já é pouco aceita até no meio acadêmico: Se Yeshua morreu numa sexta-feira, quase 
ao pôr-do-sol, e ressuscitou no domingo, Ele não teria ficado três dias e três noites (ie. 
um período de 72 horas) na terra, como Ele afirmou. Pois, teríamos duas noites apenas 
(a de sexta e a do sábado) e dois dias (a do sábado e a do domingo.) Ou seja, a tese 
cristã tradicional é justamente criticada por ser cronologicamente inviável. 
 
Mas então, será que Yochanan de fato contradiz o relato das Boas Novas de 
Marcus e Lucas? Não necessariamente. Existe uma resposta bastante pertinente. 
 
Primeiramente, é importante entender quem foi que prendeu Yeshua, e 
desejava que Ele fosse morto. O próprio texto de Yochanan (João) 18:2-3 nos revela 
isso: 
 
“E Yehudá, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Yeshua muitas 
vezes se ajuntava ali com os seus discípulos. Tendo, pois, Judas tomado um bando, e 
tomado oficiais dos cohanim hag’dolim e dos fariseus, veio para ali com lanternas, e 
archotes e armas.” 
 
Ora, aqui vemos que Yehudá tomou oficiais dentre os fariseus e dentre os 
cohanim. Ora, mas quem era o cohen que estava servindo naquela ocasião? Caifás! 
 
Yochanan atribui a seguinte frase a Caifás: 
 
“Caifás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem 
morresse pelo povo.” (Yochanan/João 18:14) 
 
Vejamos o que a Enciclopédia Judaica diz acerca de Caifás: 
 
"É relatado que Caifás naquela ocasião disse que convinha que um homem 
morresse pelo povo (Jo. 18:14), um provérbio também encontrado entre os rabinos 
(Gen. Rabá 94:9)." 
 
Podemosperceber que é muito pouco provável que um saduceu mencionasse 
algo que é parte da tradição oral. Isso mostra o alinhamento de Caifás com os 
saduceus. Mais especificamente, os historiadores estimam que Caifás se aliasse à Beit 
Shamai, conhecida como a facção mais violenta dentre os fariseus. 
 
O relato da reunião do Sanhedrin dos p’rushim, com a presença de Caifás, 
aparece no trecho abaixo: 
 
“ Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: 
Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais.” (Yochanan/João 11:47) 
 
Como podemos ver, Caifás não se alinhava politicamente com os saduceus, 
inimigos ferrenhos dos fariseus. Nem tampouco se alinhava com a Beit Hillel, a facção 
dos fariseus que se opunha à manifestação violenta. Caifás, um sumo sacerdote 
ilegítimo escolhido por Roma, procurava se aproximar dos fariseus da Beit Shamai para 
obter o apoio necessário para sua liderança. 
 
Em Ma’assei haSh’lichim (Atos dos Emissários), vemos por meio do 
posicionamento de Gam’liel, líder da Beit Hillel em sua época, que a Beit Hillel não se 
opunha com violência aos seguidores de Yeshua: 
 
“Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gam’liel, doutor 
da Torá, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fora os 
emissários; E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de 
fazer a estes homens. Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser 
alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e 
todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste 
levantou-se Yehudá, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas 
também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos. E agora digo-
vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de 
homens, se desfará, mas, se é de Elohim, não podereis desfazê-la; para que não 
aconteça serdes também achados combatendo contra Elohim.” (Ma’assei 
haSh’lichim/Atos 5:34-39) 
 
A posição pacífica e tolerante da Beit Hillel não condiz com a postura de armar 
emboscada contra Yeshua, e certamente não teria sido aprovada por seus líderes. 
Contudo, a Casa de Shamai é historicamente documentada como violenta, sanguinária 
e até mesmo assassina. 
 
Repare, portanto, que aqueles que foram prender Yeshua, os mesmos que 
incitaram no povo o desejo de vê-Lo morto, eram fariseus da Beit Shamai, e Caifás, e 
os sacerdotes ilegítimos que a eles se aliaram. Repare ainda que o relato não menciona 
os saduceus. Há um motivo para isso. 
 
Esse relato é importante para compreender a questão. No artigo “A Guerra dos 
Calendários em Israel”, demonstramos que havia à época do Segundo Beit HaMikdash 
(Templo), dois calendários ativos. O próprio Talmud relata a controvérsia de 
calendários entre os seguidores de Boethus (ie. os saduceus) e os fariseus. Os rabinos 
da atualidade admitem que ambos os calendários eram praticados à época de Yeshua. 
De um lado, saduceus e essênios praticavam um calendário. De outro, fariseus 
praticavam o seu próprio calendário. Não pretendemos nos estender por demais 
nessa questão, que já está relatada e extensivamente discutida no material 
supracitado. Embora haja hoje controvérsias sobre qual era o calendário original, a 
existência de ambos os calendários na época do Segundo Beit HaMikdash é fato mais 
do que atestado e documentado historicamente. 
 
Voltemos para Yochanan/João 19:31: 
 
“Os habitantes de Yehudá, pois, para que no Shabat não ficassem os corpos no 
madeiro, visto como era a preparação (pois era grande o dia de Shabat), rogaram a 
Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.” 
 
Quem era, portanto que, estava lá desejando rapidamente se desfazer do corpo 
de Yeshua? Os mesmos que vieram matá-lo! Os fariseus da Beit Shamai, juntamente 
com os membros da corja de Caifás, aliada política da Beit Shamai. 
 
Ora, se eram fariseus, então o calendário utilizado era o calendário fariseu. O 
Shabat de Pessach dos fariseus não era o mesmo Shabat de Pessach dos saduceus e 
dos essênios! 
 
Agora repare ainda que em Yochanan/João 19:38-42, os talmidim (discípulos) 
de Yeshua prepararam seu corpo, e o sepultaram! Se Israel tivesse, naquela época, um 
único calendário, e eles tivessem feito isso em pleno Shabat de Pessach, eles próprios 
teriam sido apedrejados e/ou condenados à morte! Contudo, como não havia 
unanimidade de calendários naquela época, para boa parte do povo, aquela data não 
era um Shabat. Certamente que os demais nada ousariam fazer, sob pena de incitarem 
sobre si a ira dos saduceus e dos essênios. Se o relato de Flavio Josefo nos diz que os 
fariseus tinham cerca de 5 mil homens, os saduceus cerca de mil homens, e os 
essênios cerca de 4 mil homens, tal apedrejamento teria rachado Yerushalayim 
(Jerusalém) no meio. Mas, só faz sentido de fato quando temos a informação histórica 
(atestada inclusive por fontes judaicas) de que havia dois calendários à época! 
 
Se havia dois calendários à época, a questão fica bem simples. Sabemos por 
estudos anteriores que Yeshua ressuscitou nas primeiras horas do primeiro dia. Ou 
seja, Yeshua ressuscitou no sábado à noite, logo após o Shabat. 
 
Para que isso tivesse acontecido, Yeshua teria que ter sido sacrificado 
exatamente na quarta-feira, pouco antes do pôr-do-sol. Isso significa que Yeshua teria 
que ter celebrado o Pessach na terça-feira à noite. Isso confere com o que sabemos do 
calendário essênio/saduceu? 
 
A resposta é sim! Uma das principais características desse calendário é que as 
festas são celebradas ao quarto dia (de terça para quarta), exatamente porque as 
luminárias celestiais, que são por sinal das festas bíblicas, foram criadas ao quarto-dia! 
Podemos, portanto, perceber que Yeshua celebrou o Pessach segundo o calendário 
essênio/saduceu, e que esta é a única forma de harmonizarmos todos os relatos 
cronológicos e históricos de que se tem notícia acerca daquela época, partindo do 
pressuposto de que não há contradições no NT. 
 
O restante não é difícil de entender: O calendário fariseu, por usar uma forma 
diferente de contar os dias do mês, costuma ter as festas em época muito semelhante 
à do calendário essênio/saduceu, porém pode apresentar variação de alguns dias com 
relação ao mesmo. Naquele ano, o calendário fariseu apresentou variação de um dia 
com relação ao calendário essênio/saduceu, algo perfeitamente comum e bastante 
frequente. 
 
Abaixo, portanto, temos uma tabela com a cronologia: 
 
Dia Bíblico da 
Semana 
Dia da Semana 
(calendário 
gregoriano) 
Dia do Mês 
(calendário 
essênio/saduceu) 
Dia do Mês 
(calendário 
fariseu) 
Evento 
Terceiro Dia Terça à tarde 14/01 (sacrifício do 
Pessach p/ essênios 
e saduceus) 
13/01 Talmidim 
preparam 
Pessach 
Quarto Dia Terça à noite 15/01 (Shabat p/ 
essênios e 
saduceus) 
14/01 Yeshua 
celebra o 
Pessach 
Quarto Dia Quarta à tarde 15/01 14/01 (sacrifício 
do Pessach p/ 
fariseus) 
Yeshua 
morre. Casa 
de Shamai e 
Caifás pedem 
removação 
do corpo. 
Quinto Dia Quarta à noite, e 
possivelmente 
quinta pela 
manhã 
16/01 15/01 (Shabat p/ 
fariseus) 
Talmidim de 
Yeshua 
preparam o 
corpo. 
Primeiro Dia Sábado à noite 19/01 18/01 Yeshua 
ressuscita 
 
Com essa cronologia, tudo se encaixa. Além de ser precisa do ponto de vista 
histórico, ela harmoniza plenamente as Boas Novas de Marcus e Lucas, e Yochanan 
(João). 
 
Roma Erra, mas conhece a verdade 
 
 Apesar de insistirem no erro de celebrar a “páscoa” no dia da festa da deusa 
babilônia Ishtar, os romanos não podem dizer que não conhecem a verdade, pois até 
mesmo o papa Bento 16 afirmou recentemente: 
 
“Durante sua homília na "missa da Santa Ceia" desta quinta-feira, realizada na 
basílica romana de São João de Latrão, o Papa Ratzinger declarou que Jesus "celebrou 
a Páscoa com seus discípulos provavelmentesegundo o calendário de Qumran, e por 
isso, pelo menos um dia antes" da data estabelecida na época.” 
 
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/04/05/ult34u178149.jhtm 
 
Como podemos ver, os anti-missionários ficam completamente sem 
argumentos quando estudamos todas as evidências textuais e históricas, o que só 
reforça a superficialidade de suas afirmações. 
 
 
4 – A Expiação do Pecado 
 
 A cronologia conforme a ressaltamos acima também nos demonstra algo 
muito importante. Por décadas, os anti-missionários têm afirmado que Yeshua não 
poderia ter expiado os nossos pecados, visto que em tese não há expiação dos pecados 
no Pessach. 
 
 Vemos que não é bem assim. A Torá nos relata em Bamidbar (Números) 28: 
http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/04/05/ult34u178149.jhtm
“E aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; sete dias se comerão pães ázimos. No 
primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; Mas oferecereis 
oferta queimada em holocausto a YHWH, dois novilhos e um carneiro, e sete cordeiros 
de um ano; eles serão sem defeito. E a sua oferta de alimentos será de flor de farinha 
misturada com azeite; oferecereis três décimas para um novilho, e duas décimas para 
um carneiro. Para cada um dos sete cordeiros oferecereis uma décima; E um carneiro 
para expiação do pecado, para fazer expiação por vós.” (Bamidbar/Números 28:17-22) 
 
 Repare no que acontece aqui: No dia 15/01, havia a oferta de um carneiro 
que era oferecido para fazer expiação do pecado. 
 
 Vemos, portanto, que a expiação dos pecados não se restringia ao Yom Kipur, 
mas era também realizada na época do Pessach! Nossos sábios dizem que o sacrifício 
começava com as expiações oferecidas ao longo do ano, e se completava no Yom 
Kipur. Esse carneiro era morto exatamente no momento em que Yeshua foi morto! 
Assim sendo, podemos dizer que Yeshua morreu para expiar nossos pecados. Assim 
sendo, Yeshua também iniciou em Pessach, no início do ano, a nossa expiação, tendo-a 
concluído ao apresentar Seu sangue no Kodesh Kodashim (Santo dos Santos) celestial, 
no Yom Kipur! 
 
 Mas, alguém poderia nos perguntar: Se Yeshua era o carneiro de sacrifício em 
expiação pelos pecados, então como poderia ser Ele o cordeiro? 
 
 A resposta é: Todos os elementos das festas bíblicas apontam para Yeshua. 
Ruhomayah (Romanos) 11:36 nos diz: 
 
“ Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. 
Amen.” 
 
 Desde as primícias em Bikurim, até o sacrifício do Yom Kipur, passando 
também pelas tendas de Sukot, TUDO aponta para Yeshua. 
 
 Se analisarmos bem a narrativa, veremos que há dois momentos em que 
Yeshua entrega a Sua vida. Num primeiro momento, Yeshua entrega a Sua vida em Seu 
propósito: 
 
“Ora, antes do seder de Pessach, sabendo Yeshua que já era chegada a sua hora de 
passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, 
amou-os até o fim.” (Yochanan/João 13:1) 
 
 Este foi o exato momento em que Yeshua, sabendo o que se aproximava, 
aceitou sobre si ser o cordeiro do Pessach, amando a nós, seu povo, até o fim. Neste 
momento, Yeshua voluntariamente abdicou de sua vida, pois até aquele momento 
ainda havia volta. Yeshua poderia, se possível fosse, mudar de idéia, desistir do 
sofrimento. Mas ali, naquele momento, Ele decidiu ir até o fim. Dessa forma, Yeshua 
entregou espiritualmente a Sua vida, tornando-se o cordeiro, quando decidiu ir até o 
fim. 
 
 Mas por que Ele precisou ser o cordeiro do Pessach, além de ser a expiação? 
A resposta está na Torá: 
 
“Porque YHWH passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da 
porta, e em ambas as ombreiras, YHWH passará aquela porta, e não deixará o 
destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.” (Shemot/Êxodo 12:23) 
 
 Vamos supor por um breve instante que um marido, em um acesso de raiva, 
agrida sua esposa, desferindo sobre ela um chute que a fira em seu ventre. Vamos 
supor que essa esposa se torne estéril, devido ao ferimento ter atingido o útero. 
Suponhamos ainda que, posteriormente, o marido peça perdão a Elohim e à sua 
esposa, e que ela aceite seu perdão. O homem foi liberto de sua culpa perante Elohim. 
Contudo, ele ainda terá que conviver com as consequências que o seu pecado trouxe 
sobre ele. 
 
 Assim também é conosco. Não bastava que Elohim nos perdoasse. Era preciso 
reverter a morte espiritual que se abateu sobre nós. Nós nos tornamos escravos do 
inimigo, ao nos alinharmos com ele. Esse alinhamento requeria a morte. 
 
 No Egito, quando o devorador vinha confiscar as vidas que a ele pertenciam, 
Elohim passava pela casa dos filhos de Israel e, ao ver o sangue, impedia que o 
devorador entrasse. Aquele cordeirinho havia pago com seu próprio sangue pela vida 
daqueles que nos seus lares estavam. Da mesma forma com Yeshua, o cordeiro de 
YHWH. Quando o devorador cobra a nossa morte espiritual, pois dele nos tornamos 
escravos, Elohim aponta para o sangue de Yeshua e repreende o devorador de almas! 
 
 Graças damos a Elohim Avinu, porque Aquele que se entregou por nós, é 
suficiente para expiar por todos os nossos pecados, e nos livrar da morte. Veja como é 
lindo e perfeito o plano de salvação de YHWH! 
 
 
5 – O Banquete do Mashiach 
 
 Outra crítica dos anti-missionários é a de que Yeshua teria tomado primeiro o 
pão e depois o vinho, invertendo a ordem do seder de Pessach tradicional. 
Evidentemente que na Torá nada está escrito sobre a ordem com a qual se deve tomar 
o pão e o vinho. 
 
 Contudo, ao fazer tal coisa, sem querer os anti-missionários acabam 
apontando para uma belíssima mensagem que passa totalmente desapercebida para 
aqueles que não estão familiarizados com o contexto judaico da fé. 
 
 De fato, tradicionalmente toma-se o vinho primeiro no seder de Pessach. 
Mas, por que razão teria Yeshua enfatizado a celebração de forma distinta? Afinal, 
certamente que Ele, um judeu de cerca de 30 anos, havia celebrado o Pessach por 
diversas vezes, assim como seus talmidim (discípulos). Certamente que todos 
conheciam a tradição. A Torá não faz exigência alguma, portanto não podemos dizer 
que Yeshua pecou ou transgrediu qualquer mandamento ao inverter a ordem. Mas, 
por que Yeshua não seguiu a tradição neste caso? 
 
 A resposta pode ser encontrada em um dos manuscritos do mar morto: 
 
“O procedimento para a reunião dos homens de reputação [quando forem chamados] 
ao banquete realizado pela sociedade da Yahad, quando [Elohim] revelar o Mashiach 
dentre eles. [O Cohen], como cabeça de toda a congregação de Israel, entrará primeiro, 
acompanhado por todos os [seus] irmãos, [os filhos de] Aharon, aqueles cohanim 
[apontados] para o banquete dos homens de reputação. Eles se sentarão perante [ele] 
por ordem. Então o Mashiach de Israel entrará e os cabeças dos milhares [de Israel] se 
sentarão perante ele por ordem... todos os cabeças das tribos da kehilá, juntamente 
com [seus] sábios... Pois [ele] abençoará a primeira porção do pão e do vinho, 
[buscando] o pão primeiro. Depois, o Mashiach de Israel [buscará] o pão...” (Frag. 1QSa 
11-22) 
 
 Como já vimos, Yeshua celebrou o Pessach segundo o calendário 
essênio/saduceu. Já vimos também anteriormente que boa parte de seus talmidim 
(discípulos) eram de background essênio. 
 
 O fragmento 1QSa aponta para uma profecia atribuída aos sacerdotes da 
ordem de Tsedek: Um dos sinais do Messias, quando Ele se revelasse, seria inverter a 
ordem do seder de Pessach. Primeiramente Ele buscaria o pão, para depois buscar o 
vinho. Certamente que o golpe sofrido após a perda de Yochanan HaMat’vil (João,o 
Imersor) havia ferido os corações e o ânimo da ordem sacerdotal de Tsedek. 
 Imaginem o aperto em seus corações ao saber que eles também estavam prestes a 
perder Yeshua. Certamente seria um momento de dúvida e apreensão. 
 
Ao fazer esse gesto, portanto, Yeshua estava confortando a ordem de 
sacerdotal de Tsedek: EU SOU Malki-Tsedek (Melquisedeque), o vosso Mashiach. O 
banquete messiânico de 1QSa era muito mais do que um Pessach – era a promessa do 
Pessach no Olam Habá (Mundo Vindouro). A promessa de que os mártires não haviam 
morrido em vão. A promessa de que Avraham, Yitschak e Ya’akov, patriarcas de 
Yisra’el, celebrariam conosco no Reino do Mashiach. Esse pequeno detalhe que quase 
passa desapercebido revela mais uma preciosidade da Palavra de YHWH. 
 
 
6 - Conclusão 
 
 Como podemos ver, quem segue a verdade não teme questionamentos nem 
investigar a história. Sabemos em quem temos crido. Sabemos que Ele morreu por 
nós. Sabemos que porque Ele vive, podemos crer na ressurreição dos mortos. 
 
 Muito diferente de causar qualquer embaraço em nossa fé, essas perguntas 
só nos apontam na direção de respostas que confirmam ainda mais, se possível fosse 
pois já temos toda a confirmação da Palavra, que Yeshua HaMashiach, o Cordeiro do 
Pessach, é Rei sobre Israel.

Continue navegando