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Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� SP 1.5 “Cuidados o que?” Definir e caracterizar a dor oncológica. A dor é bastante prevalente em pacientes com câncer, sendo relatada por 40% a 70% destes. A maioria das dores em pacientes com câncer resulta de uma a três causas principais: diretamente relacionada ao tumor, indiretamente relacionada ao tumor e relacionada à terapia antitumoral. Além disto, alguns pacientes podem ter dor não relacionada ao tumor e nem à terapia antineoplásica. O termo "dor do câncer" não possui definição específica, inclusive porque o câncer não pode ser considerado como uma única doença, uma vez que existem mais de 100 diferentes tipos de neoplasias malignas. A dor relacionada ao câncer deve ser entendida como um fenômeno complexo, dinâmico e multidimensional, que envolve diversos mecanismos (inflamatórios, isquêmicos, neuropáticos e compressivos) em múltiplos locais, de forma heterogênea e flutuante, e que é modificado pelo humor, expectativas, aspectos históricos, genéticos e culturais - além de ser um dos sintomas mais comuns e temidos na doença avançada. O paciente oncológico com frequência apresenta mais de um tipo de dor ao mesmo tempo. Alguns tipos de dor podem ou não ter relação temporal direta com um evento desencadeante (por exemplo, uma cirurgia ou constipação intestinal), outros tipos surgem dias ou meses após um evento inicial e agravam-se com o passar do tempo (por exemplo, nas neuropatias induzidas por quimioterapias), outros podem ser constantes, intermitentes, ou relacionados a movimentos ou situações específicas, e até mesmo resultar de fatores fisiológicos específicos. Compreender a fisiopatologia da dor oncológica. A dor oncológica segue o mesmo processo neurofisiológico da dor não oncológica. Este processo de nocicepção envolve a ativação dos aferentes sensoriais por estímulos nociceptivos persistentes, transdução, transmissão, modulação e percepção. Os estímulos causados pela lesão tecidual ativam os neurônios aferentes primários chamados nociceptores, encontrados na pele, músculos, articulações e alguns órgãos viscerais. A dor relacionada ao câncer pode ser classificada de várias formas: duração (aguda ou crônica), intensidade (leve, moderada ou intensa), qualidade da dor (neuropática, nociceptiva ou mista) ou padrão temporal (contínua, exacerbação ou ambas) A dor mista é, por definição, a coexistência de dor de mecanismos distintos na mesma área do corpo, causada pela mesma doença. A dor oncológica é um dos tipos mais comuns de dor mista, dentre elas, as dores de origem óssea e as viscerais são mais frequentes. Os distúrbios que não podem ser categorizados são considerados idiopáticos. ● Síndromes dolorosas Várias condições podem estar relacionadas à dor oncológica: invasão tumoral ou compressão de outros tecidos pelo tumor, cirurgia e biópsias, lesão dos tecidos provocados pela radiação, neuropatias causadas por quimioterapia ou por outros tratamentos, isquemia, inflamação, bloqueio ou lesão de estruturas de órgãos (dor visceral), mobilidade reduzida e artropatias (dor musculoesquelética), fratura patológica, e até mesmo falência do tratamento e progressão doença. A dor óssea e a dor secundária à compressão de estruturas neurais são as duas causas mais comuns de dor crônica. Dor diretamente relacionada ao câncer: Quando a dor é o motivo de procura por atendimento, e ainda não foi relacionada com o câncer, ela é tipicamente aguda, ou seja, de início recente e pode ser o sintoma inicial que leva o paciente a procurar atendimento médico. Infiltração óssea: Causa + comum de dor no câncer, podendo manifestar-se localmente ou à distância, pelo mecanismo de dor referida Metástases ósseas mais comuns: Provenientes de tumores de mama, próstata e pulmão A dor óssea é comum nos pacientes com mieloma múltiplo Ocorre estimulação nociva dos nociceptores no periósteo O crescimento tumoral ou as fraturas secundárias podem ocasionar lesão, compressão, tração ou laceração das estruturas nervosas, ocasionando dor isquêmica, dor neuropática periférica ou dor mielopática. Sensação de dolorimento constante, profundo, às vezes contínuo, e surge com movimentos (dor incidental) Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Compressão ou infiltração de nervos periféricos: A infiltração ou compressão de troncos, plexos e/ou raízes nervosas pelo tumor, linfonodos e/ou fraturas ósseas metastáticas pode determinar dor aguda de forte intensidade, resultando em plexopatia, radiculopatia ou neuropatia, ou seja, dor na distribuição da estrutura nervosa acometida, com apresentação de dor em queimação, contínua, hiperestesia, disestesia e perda progressiva da sensibilidade. Deve ser feito o diagnóstico diferencial entre plexopatia induzida pelo tumor e plexopatia induzida pela radiação A síndrome de Horner pode surgir quando houver invasão ou irradiação da cadeia simpática cervical, como no gânglio estrelado; a inervação simpática ascende do pescoço para a cabeça junto à carótida, ocorrendo o fenômeno de anidrose, enoftalmia, ptose palpebral e midríase no lado acometido. Podem ser acometidos os plexos cervicais (neoplasias de cabeça e pescoço ou metástase para os linfonodos cervicais), plexo braquial (tumores de mama, ápice de pulmão e linfomas) e plexo sacrolombar (CA de colo uterino e próstata, sarcoma da pelve e metástases de tumores distantes) Infiltração do neuroeixo: Dor por invasão tumoral na medula espinal, no encéfalo e em suas meninges. A dor radicular surge por compressão ou infiltração da medula espinal, com alteração motora, sensitiva e anatômicas distais aos locais da lesão Pode haver dor mielopática localizada e dor-fantasma. A compressão medular é uma urgência médica, necessitando de radioterapia ou descompressão cirúrgica ao menor sinal de compressão da medula, como fraqueza de membros inferiores, diminuição do tato e disfunção de esfíncteres; devendo ser diagnosticada por meio da identificação do local da compressão e invasão do canal raquidiano por TC, RM ou perimielografia. A cefaleia insidiosa e progressiva surge como manifestação das metástases encefálicas. Se há hemorragia pela lesão causal, a dor instala-se subitamente, agravando-se com o decúbito horizontal, tosse ou espirro; piora durante o sono, melhora com a postura ortostática e vem acompanhada de náuseas e vômitos. Com o progredir da lesão encefálica, podem ocorrer sonolência, confusão mental, convulsões e coma. Infiltração e oclusão de vasos sanguíneos e linfáticos: As células tumorais podem infiltrar e/ou ocluir vasos sanguíneos e linfáticos, causando vasoespasmo, linfangite e possível irritação dos nervos aferentes perivasculares. Pode haver oclusão parcial ou total dos vasos, produzindo estase venosa ou isquemia arterial, ou ambos. A isquemia causa dor e claudicação. A estase venosa produz edema nas estruturas supridas por esses vasos, com distensão dos compartimentos fasciais e de outras estruturas nociceptivas. A oclusão arterial produz isquemia e hipóxia com destruição celular. Isso causa dor normalmente difusa, cuja intensidade aumenta com a progressão do processo Infiltração de vísceras ocas ou invasão de sistemas ductais de vísceras sólidas: A oclusão dos vasos dos sistemas digestório, urinário e reprodutivo produz obstrução do esvaziamento visceral e causa contratura da musculatura lisa, espasmo muscular e isquemia, produzindo dor visceral difusa (tipo cólica) constante, com sensação de peso ou pouco localizada, referida nas áreas de inervação da víscera comprometida. Órgãos como linfonodos, fígado, pâncreas e suprarrenais podem apresentar dor devido à isquemia ou distensão de suas cápsulas, além da obstrução de seus sistemas ductais. Nos tumores de fígado, baço, rim e ósseos, o edema e a venocongestão ocasionam distensão das estruturas de revestimento e estruturas nociceptivas. Nos tumores de cabeça e pescoço (boca, orofaringe, lábio e face), tumores do trato gastrintestinal e geniturinário, podem ocorrer ulceraçãodas membranas mucosas, infecção e necrose, determinando dor intensa. Dor relacionada ao tratamento: O tratamento do tumor é a principal causa de dor neuropática relacionada ao câncer, principalmente devido ao uso de medicamentos na quimioterapia ou ainda pela radioterapia. A dor relacionada ao tratamento apresenta-se em cerca de 19% dos pacientes hospitalizados e 25% dos pacientes ambulatoriais. Radioterapia (RTX): quanto associada à cirurgia para tratamento do câncer de mama, ocorre aumento das queixas de dor persistente pós-operatória. Quimioterapia (QT): muitos quimioterápicos podem estar envolvidos na neuropatia devido ao tratamento do câncer, incluindo oxaliplatina, carboplatina, cisplatina, paclitaxel, docetaxel, bortezomibe, lenalidomida, talidomida e alcalóides da vinca, e dependem da dose e dos esquemas terapêuticos. Considerando que cerca de Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� 50% dos pacientes submetidos à quimioterapia podem apresentar dor neuropática decorrente da mesma, os custos nos EUA para o tratamento destes indivíduos chegariam a 2,3 bilhões de dólares. Cirurgia: após a cirurgia, além da dor inflamatória pós-operatória, pode ocorrer persistência de dor por diversas causas. Foi observada dor pós-mastectomia em 47% das mulheres, e sua presença esteve associada à maior dor em áreas distantes da cirurgia. Imunoterapia: tem sido usada no tratamento do câncer para estimular o sistema imunológico do paciente a reagir contra a doença. São frequentes os efeitos colaterais, como calafrios, fadiga, febre, náusea, dor lombar, dor articular e cefaléia. Mucosite: esta é uma inflamação e ulcerações extremamente dolorosas e bastante frequentes que pode ocorrer após radioterapia e ou quimioterapia. Ocorre em 20% a 40% dos pacientes tratados somente com quimioterapia e em até 50% dos pacientes que recebem a combinação de radioterapia e quimioterapia, especialmente em câncer de cabeça e pescoço. Dor em seguimento (pós-tratamento) - sobreviventes: Com doença avançada: Doentes com câncer avançado em cuidados paliativos apresentam como principal queixa a dor, e esta não se associa a nenhum tipo de câncer específico, assim como também não se associa com necessidades de cuidados específicos. Sua prevalência é em mais de 75% dos doentes, e através dos protocolos da Organização Mundial de Saúde, é possível controlá-la em mais de 90% dos casos. Chega a 86% em alguns estudos. A dor em doentes avançados frequentemente é do tipo incidental tipo breakthrough, associada a idades mais avançadas, estresse emocional e dor do tipo neuropática Dor breakthrough - A dor do tipo breakthrough se caracteriza por um rápido início (menos que 3 minutos); uma intensidade muito forte e uma duração curta (por volta de 30 minutos), ocorrendo em média 4 episódios por dia. A fisiopatologia desse tipo de dor pode ter etiologia e característica somática, visceral ou neuropática, estando na maioria das vezes associada ao mesmo mecanismo que causa a dor de base. É classificada, segundo o evento desencadeador, em três tipos: espontânea, incidental (que é relacionada com movimentação) e por falha do fim da dose terapêutica (que ocorre no intervalo final entre uma dose e o inicio da próxima dose do fármaco analgésico para o controle da dor de base). Em estudo de prevalência, realizado na Catalunha (Espanha) com 397 pacientes, 41% (163) dos pacientes oncológicos apresentaram pelo menos um episódio de dor do tipo breakthrough em um intervalo de 24 horas, demonstrando o que pode ser a dimensão do problema. Os episódios estão associados à dor somática em 46% a 50% dos casos, à dor visceral em 25% a 30%, à dor neuropática em 10% e à dor de etiologia mista em 16%-20% dos doentes. Dor não relacionada ao câncer: Cerca de 3% a 13% dos pacientes com câncer apresentam dor devido a outras causas não relacionadas ao câncer em si. Morbidades associadas Os dados são escassos e encontram-se incluídos no item anterior. Elucidar a escada analgésica da OMS. Em 1986 a Organização Mundial de Saúde (OMS) com a participação da Associação Internacional para Estudo da Dor (IASP) propôs um método para alívio das dores oncológicas: a Escada Analgésica1,2. A OMS sugeriu a organização e padronização do tratamento analgésico da dor baseado em uma escada de três degraus de acordo com a intensidade de dor que o paciente apresenta. A escada de três degraus indica classes de medicamentos e não fármacos específicos, proporcionando ao médico flexibilidade e possibilidade de adaptação de acordo com as particularidades de seu paciente e com disponibilidade no seu país. Para o uso da escada pressupõe-se a avaliação da dor, o que é preconizado pelo uso de uma escala visual numérica (EVA), conforme ilustra a figura a seguir: • Sem dor: 0 • Leve: de 1 a 3 • Moderada: 4 a 6 • Severa: maior que 7 • Insuportável: 10. Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� O primeiro degrau recomenda o uso de medicamentos anti-inflamatórios para dores fracas. O segundo degrau sugere opioides fracos, que podem ser associados aos anti-inflamatórios do primeiro degrau, para dores moderadas. O terceiro degrau consta de opioides fortes, associados ou não aos anti-inflamatórios, para dores fortes. Os adjuvantes podem ser usados nos três degraus da escada. → Os 3 degraus sugerem classes de medicamentos e não drogas específicas, dando ao clínico liberdade de escolha. Os princípios da farmacoterapia propostos pela OMS podem ser resumidos em cinco tópicos: Pela escada: Inicia-se pelo primeiro degrau para dores fracas, que consiste de anti-inflamatórios não hormonais. Quando não ocorre alívio da dor, adiciona-se um opioide fraco para a dor de intensidade leve a moderada (segundo degrau). Quando esta combinação é insuficiente deve-se substituir este opióide fraco por um opioide forte. Somente um medicamento de cada categoria deve ser usado por vez. Os medicamentos adjuvantes devem ser associados em todos os degraus da escada, de acordo com as indicações específicas (antidepressivos, anticonvulsivantes, neurolépticos, bifosfonados, corticosteroides etc.). Via oral: Os analgésicos devem ser administrados pela via oral. Vias de administração alternativas como retal, transdérmica ou parenteral podem ser úteis em pacientes com disfagia, vômitos incoercíveis ou obstrução intestinal. Intervalos fixos: Os analgésicos devem ser administrados a intervalos regulares de tempo. A dose subsequente precisa ser administrada antes que o efeito da dose anterior tenha terminado. A dose do analgésico precisa ser condicionada à dor do paciente, ou seja, inicia-se com doses pequenas, sendo progressivamente aumentada até que ele receba alívio completo. Alguns pacientes que utilizam opióides necessitam de doses de resgate além das doses regulares para as dores incidentais ou súbitas (10% a 30% da dose total diária). Individualização: A dose correta dos opióides é a que causa alívio da dor com o mínimo de efeitos adversos. Se a analgesia é insuficiente, o paciente deve ser reavaliado e deve-se subir um degrau da escada analgésica e não prescrever medicamentos da mesma categoria. Atenção aos detalhes: Explicar detalhadamente os horários dos medicamentos e antecipar as possíveis complicações e efeitos adversos, tratando-as profilaticamente. O paciente que usa opioide de forma crônica deve receber orientações sobre laxativos. → Recomendações • Não combinar dois anti-inflamatórios não esteroidais. • Não associar dois opioides fracos. • Dois opioides fortes só podem ser prescritos associados se um deles for utilizado como resgate. → Questionamentos sobre a Escada Analgésica da OMS Após os mais de 20 anos de utilização da Escada Analgésica da OMS questiona-se se ela deve ou não ser descontinuada. Acredita-se atualmente que ela mantém sua função educativa, mas poderia ser modificada, ou seja, aperfeiçoada. Alguns medicamentos indicados no segundo degrau da escada analgésica (opioides fracos) têm, na prática clínica, um limite de dose e baixaeficácia. Nos casos de dores moderadas ou fortes pode-se já indicar os opióides fortes em baixas doses em uma primeira avaliação. Outro questionamento refere-se a indicação de procedimentos minimamente invasivos, os quais estariam localizados em um hipotético quarto degrau da escada. A avaliação dos riscos e benefícios dos bloqueios anestésicos e outras técnicas da Medicina Intervencionista da Dor concomitante com a utilização dos fármacos, pode ser recomendada em qualquer fase Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� do tratamento. Em dores oncológicas de características de neuropáticas, os anticonvulsivantes, neurolépticos e antidepressivos são a base do tratamento e os opioides assumem um papel secundário na terapêutica. AINHs: Utilizados em todos os degraus Mecanismo de ação: Inibição reversível ou irreversível da COX Podem ser utilizados isolados ou associados a outras drogas (adjuvantes, opióides) nas várias fases da dor A associação de AINHs e opióides é muito benéfica, tornando possível a redução da dose do opióide, a melhora dos sintomas álgicos e a redução dos efeitos colaterais. Na dor oncológica, são benéficos no tratamento da dor somática, principalmente a de caráter inflamatório, como nas metástases ósseas Podem aliviar a dor-fantasma, a dor pós-operatória, as cefaleias, as mialgias e a dor incidental Efeitos colaterais: TGI, sistemas renal, cardiovascular e hematológico Opióides: Sustentáculo da terapia da dor no câncer Classificação quanto à origem: naturais (morfina, papaverina, codeína e tebaína), semi-sintéticos (heroína, hidromorfona, hidrocodona, buprenorfina e oxicodona) e sintéticos (levorvanol, butorfanol, metadona, pentazocina, meperidina, fentanil, sufentanil e alfentanil). Classificação quanto à potência: fracos (codeína, tramadol) e fortes (morfina, metadona, oxicodona, buprenorfina, fentanil). A OMS considera a morfina como droga padrão no tratamento do câncer Codeína: Considerado um opióide fraco, é um derivado natural do ópio, com fórmula semelhante à da morfina. Tem baixa biodisponibilidade oral de 40% Meia-vida plasmática de 3h, necessitando de intervalos de até 4-4h Analgesia de leve a moderada. Principais efeitos adversos: constipação e náuseas Seu efeito teto é de 360 mg/dia e tem apenas 1/10 da potência da morfina. É também utilizada como antitussígeno e na melhora dos sintomas de dispnéia. Tramadol: É um opióide sintético de ação central atípico. Produz analgesia por mecanismos opióides e não-opióides. Cerca de 70% da droga está disponível após administração oral pela taxa de absorção e primeira passagem hepática Seu início de ação fica em torno de 30 min, e sua meia-vida plasmática, de 5h Como opióide fraco, tem efeito teto; sua dose é de 400 mg/dia, preferencialmente administrada a cada 6h. Tem metabolismo hepático e excreção renal (no caso de alterações nesses órgãos, é necessário reduzir a dose) 100mg de tramadol: 10mg de morfina oral. Produz pouca constipação e elevada incidência de êmese. Podem ocorrer, menos frequentemente, depressão respiratória, sedação excessiva, tolerância e dependência. Morfina: É um opióide hidrofílico (exceção entre os opióides, que apresentam, em graus variáveis, alta lipossolubilidade) Apresenta baixa biodisponibilidade por via oral (30%) Limitado volume de distribuição, baixa ligação plasmática e dificuldade em atravessar a barreira hematoencefálica No metabolismo hepático, são formados 2 metabólitos: morfina-3-glicuronídeo (M-3-G) e morfina-6-glicuronídeo (M-6-G), ambos de excreção renal A ação da morfina dura de 4 a 5h em pacientes hígidos A excreção é feita principalmente por via renal A morfina continua sendo a droga protótipo para dor moderada a forte Droga de primeira escolha na maioria dos serviços de dor Tem uma ampla variação de dosagem e diferentemente dos agonistas fracos, não tem efeito teto. Sua dose máxima depende da relação entre o nível analgésico ótimo e o aparecimento de efeitos colaterais intoleráveis A dose habitual de morfina por via oral é de 10 a 60 mg/4- 6 h, sendo 0,3 mg/kg para crianças Metadona: Opióide sintético, com ação em receptores u e o, bloqueio em receptores NMDA e alguma ação em receptores 5-HT (bloqueio da recaptação da serotonina) É altamente lipossolúvel, com grande volume de distribuição e depósito em gorduras Tem boa disponibilidade oral (cerca de 90%) Essa droga possui um metabolismo diferenciado Sua meia-vida plasmática varia de 8 a 80h, com grande variação interindividual Intervalo entre doses de 12 a 24h Possui excreção renal (60%) e hepática (40%); Por atuar em receptores opióide e NMDA, tem indicação na dor somática e também na dor neuropática Deve ser utilizada com cuidado em idosos e debilitados Oxicodona: Opioide sintético, derivado da tebaína. Tem rápido início de ação por via oral (10 a 15 min) e sua duração fica entre 3 e 6h Diferentemente da morfina, mostra menos efeitos colaterais como náuseas, vômitos e constipação. Parece ter menor incidência de tolerância e efeitos adversos Em relação à sua potência analgésica, tem doses equipotentes, variando de 1:1,5 a 2, comparado a morfina (50 a 75% mais forte que a morfina). Em alguns centros, é utilizada no segundo degrau da escada analgésica apesar de ser um opióide forte. Fentanil: É um potente agonista u, utilizado durante procedimentos anestésicos. É descrito como sendo 75 a 125x + potente que a morfina; apresenta rápido início de ação e duração de efeito curto É usado para analgesia Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� prolongada em regime ambulatorial ou hospitalar, via bombas de infusão ou cateteres peridurais, ou como adesivos (via transdérmica). O fentanil transdérmico patch tornou-se extremamente popular no tratamento da dor oncológica. A droga encontra-se disponível em adesivos de 25, 50, 75 e 100 mcg/h. Promove analgesia de até 72 horas. Apesar de alguns estudos utilizarem a droga no tratamento da dor aguda, seu uso é + recomendado para o tratamento da dor crônica Recomenda-se o uso da via transdérmica após controle da dor com opióides de curta duração, via oral ou parenteral, com a finalidade de verificar a eficácia e a tolerância aos opióides. Na prática clínica diária, recomenda-se a utilização dessa via analgésica, principalmente para os pacientes com tumores de cabeça e pescoço, tumores da região abdominal superior, doença metastática óssea, pacientes impossibilitados da ingestão de analgésicos por VO e pacientes com oclusão ou suboclusão intestinal; As crianças e pacientes com efeitos adversos à morfina também se beneficiam com a analgesia transdérmica. Drogas adjuvantes São drogas que não têm a dor como indicação primária, embora sejam analgésicas em algumas situações dolorosas. Ex.: antidepressivos, anticonvulsivantes, neurolépticos, anestésicos locais, analgésicos para síndromes dolorosas neuropáticas, bloqueadores NMDA, agonistas GABA, etc. Tratamento não-farmacológico Abordagem multiprofissional Várias intervenções psicoterápicas podem ser instituídas: biofeedback, relaxamento, dessensibilização, etc. Meios físicos para atuar na dor: Termoterapia (forno de Bier, parafina, laser, infravermelho, tanques, crioterapia, banho de contraste, ultrassom) e as correntes analgésicas Cinesioterapia (contrações musculares, exercícios, alongamento muscular), implantação de órteses e próteses de membros, protegendo o corpo de fraturas patológicas e disfunção corporal Acupuntura (pode atuar na dor somática e neuropática, assim como na melhora dos sintomas do câncer e sua terapia) É considerada o 4º degrau da escada analgésica Abordar a ação dos opióides na dor oncológica, contraindicações, efeitos adversos e dependência. → O tratamento da dor do câncer consiste inicialmente do tratamento primário do câncer nas suas diversas modalidades; como cirurgia, radioterapia, quimioterapia e/ou hormonoterapia, isoladas ou, na maioria das vezes, combinadas. → Pode ser farmacológico (AINHs, opióides fracos e fortes, associados ou não a drogas coadjuvantes)ou não farmacológico; → O tratamento farmacológico é baseado na utilização da escada analgésica da OMS; → O objetivo é promover o alívio necessário da dor para que os procedimentos diagnósticos e terapêuticos do câncer possam ser realizados e deve ser instituído logo que surjam as primeiras manifestações dolorosas. O uso de medicamentos em situações de dor crônica e de cuidados paliativos diz respeito à necessidade de tratar os sintomas e, ao mesmo tempo, evitar a polifarmácia. Os opióides são tidos como os principais fármacos utilizados para o controle da dor oncológica, sendo utilizado há milhares de anos. O termo opióide é aplicado de forma ampla para designar todos os derivados do ópio. Esta classe de medicamentos exerce seus efeitos terapêuticos simulando a ação dos peptídeos endógenos nos receptores opioides. As ações nos neurônios locais e circuitos intrínsecos envolvidos na modulação da dor causam analgesia, outros efeitos terapêuticos e também efeitos colaterais indesejáveis. Alguns opióides (morfina, heroína) atuam simulando ações de substâncias naturais conhecidas como peptídeos endógenos ou endorfinas, que têm relação com funções orgânicas. As funções emocionais são evidenciadas pela capacidade de gerar gratificação e dependência, sendo potenciais drogas que propiciam ou facilitam condutas de abuso. Para evitar isso, estas drogas têm seu uso controlado. Apesar desta possibilidade, a utilização clínica deste fármaco no controle da dor, quando realizado de modo criterioso, pode não conduzir à dependência. Quando são encaminhados para a unidade de tratamento paliativo, particularmente pacientes oncológicos, apesar de, em geral, apresentar, em média, de 7 a 11 sintomas mais comuns, o sintoma que predomina é dor. Para o controle destes sintomas, eles devem ser tratados com o menor número de medicamentos possível, afim de que as associações não gerem reações adversas que comprometam o tratamento. No trabalho realizado no Instituto de Cancer (INCA) do Rio de Janeiro, em 2011, foram destacados os medicamentos da classe dos opioides na lista discutida de fármacos para o tratamento d a dor. Os opióides presentes na lista de medicamentos essenciais aos cuidados paliativos são codeína, fentanil, metadona, morfina, oxicodona e tramadol. Todos estes medicamentos estão disponíveis Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� no mercado brasileiro e sua comercialização é regida pela Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, que aprova o regulamento técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Entretanto, nem todos estão disponíveis no SUS. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) prevê que a atenção básica, a média e a alta complexidade devem contar com os seguintes analgésicos opióides: codeína, morfina e metadona. Contudo, as apresentações sugeridas pela lnternational Association for Hospice and Paliative Care (IAHPC) , na Lista de Medicamentos Essenciais em Cuidados Paliativos diferem das apresentações indicadas na RENAME. Os medicamentos fentanil, oxicodona e tramadol não fazem parte das listas do SUS, apesar de haver a possibilidade de compra, segundo a padronização de cada instituição de assistência à saúde. Além do que é regido pela Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, existe a política pública pela Portaria nº 2.981, de 26 de novembro de 2009, que aprova o componente especializado da assistência farmacêutica e determina o financiamento de morfina, codeína e metadona pelas Secretarias Estaduais de Saúde, bem como a programação, a aquisição, o armazenamento, a distribuição, o controle, o monitoramento e os critérios de dispensação. Analgésicos opióides São analgésicos, euforizantes e ansiolíticos. São indicados quando os AAINHs isoladamente são ineficazes ou causam adversidades . São tão úteis para tratar a dor aguda, a dor crônica e a dor episódica inesperada em doentes já sob tratamento analgésico (breakthrough pain). Alguns de seus efeitos são convenientes em algumas circunstâncias e não em outras. Por exemplo, seu efeito béquico é útil em casos de tosse rebelde e seu efeito obstipante em casos de diarreia. A maioria apresenta duração de efeito curto. Agentes de ação prolongada (metadona) ou preparados para liberação prolongada (tramadol, hidromorfona, oxicodona, morfina e fentanila) permitem analgesia durante 12 até 72 horas. As vias epidural e subaracnoidea proporcionam analgesia mais eficaz e prolongada do que as vias sistêmicas. Os opióides prolongam a ação analgésica dos anestésicos locais durante os bloqueios anestésicos. O tratamento deve ser iniciado com doses baixas, a intervalos fixos e que devem ser adaptados periodicamente. Os AAINHs, psicotrópicos, anticonvulsivantes, procedimentos de Medicina Física e psicocomportamentais devem ser associados ao esquema terapêutico, sempre que possível, visando utilizá-los com as doses mínimas possíveis. A dose habitual deve ser aumentada quando ocorrer dor e a noturna, quando possível, duplicada para se evitar que o doente acorde devido à dor. Após a estabilização da dose com opióides de curta duração, a analgesia deve ser mantida com opioides apresentados de liberação controlada (tramadol, hidromorfona, oxicodona, morfina, fentanila e buprenorfina) ou de ação prolongada (metadona). Os opióides utilizados por via TD (tramadol, fentanila e buprenorfina) ou de ação prolongada (metadona) não são apropriados para tratar a dor aguda; devem ser utilizados somente após se avaliarem as reações e os resultados do tratamento com opióides de ação rápida. A analgesia controlada pelo paciente (ACP) deve ser reservada para casos especiais e para doentes com capacidade intelectual e de compreensão para realizar ajustamentos da administração. Quando o opioide administrado por via sistêmica não for eficaz ou quando se instala tolerância, as vias espinal ou intraventricular devem ser utilizadas. A dose parenteral inicial deve ser a metade ou 2/3 da dose equianalgésica utilizada por VO. Deve-se evitar a associação agonistas/ agonistas-antagonistas (nalbufina) ou agonistas/ agonistas parciais (buprenorfina) devido ao risco de desencadeamento de sintomas de abstinência e de reversão da analgesia. Opioides fracos • Fosfato de codeína: é pró-droga, convertida a morfina pelo cotocromo P-450; aproximadamente 10% dos caucasianos não a converte a morfina e não usufrui de sua analgesia. No Brasil, é utilizada por VO. Apresenta efeitos béquico e obstipante, moderado efeito emetizante. • Propoxifeno: apresenta menor potência analgésica, menor número de efeitos colaterais e período de ação mais prolongado que a codeína; seu metabólito, o nor-proproxifeno, apresenta efeito anestésico local e prolonga o intervalo PR e o traçado do QRS. É utilizado por VO apenas. • Tramadol: exerce pouco efeito obstipante, espasmogênico e poucas náuseas; pode gerar xerostomia, irritabilidade, cefaleia, náuseas, vômitos, sudorese, tonturas e convulsões. Pode ser utilizado pelas vias oral, IM, IV, SC, intraespinal, intraventricular ou TD. Opioides potentes São classificados como agonistas puros, agonistas- -antagonistas, agonistas parciais e antagonistas, de acordo com sua afinidade e ação nos receptores opióides. Agonistas puros Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� • Sulfato e cloridrato de morfina: não apresenta teto de dose. Sofre conjugação no fígado, à morfina-6- -glucuronida que é mais potente que a morfina e à morfina-3-glucoronida. Essa última é causadora de vários efeitos adversos. É disponibilizada para uso pelas vias oral, IV, IM, intravacitária e intraespinal. • Oxicodona: apresenta melhor biodisponibilidade que a morfina. É disponibilizada no Brasil em apresentações que combinam liberação imediata e prolongada, mecanismos que possibilitam seu uso em condições agudas e crônicas baseadas em apenas duas tomadas ao dia. • Hidromorfona: apresentada no Brasil em preparados de liberação prolongada, o que possibilita seu uso apenas uma vez ao dia. • Meperidina: apresentapropriedades anestésicas locais, depressoras miocárdicas, vagolíticas e espasmogênicas. É disponibilizada para uso pelas vias IV, IM e intraespinal; a biodisponibilidade por VO é baixa. Deve ser evitada em tratamentos prolongados, pois é causa frequente de psicodependência e seus metabólitos (normeperidina) excitam intensamente o SNC. Causa menos prurido e mais hipotensão arterial que a morfina. • Metadona: é altamente lipofílica e se acumula nos tecidos adiposos. A meia-vida plasmática é de 12 a 18 horas após a administração única por VO e de 13 a 47 horas quando o uso é prolongado. É disponibilizada para uso pelas vias oral, IV, IM, intravacitária e intraespinal. Não é recomendada para a analgesia obstétrica ou para tratar a dor aguda. É útil para desintoxicação e manutenção da analgesia durante a supressão dos opióides. • Citrato de fentanila: é 75 a 125 vezes mais potente que a morfina e, por via espinal, possibilita analgesia segmentar. É indicada por via TD para tratar a dor crônica; a analgesia dura até 72 horas; a depressão respiratória pode ser mais prolongada que a analgesia. Agonistas parciais • Buprenorfina: é 30 vezes mais potente que a morfina. É disponível para uso pelas vias SL, IV, intraespinal e TD; sua biodisponibilidade por VO é baixa. Causa menos náuseas, vômitos e obstipação que a morfina. A depressão respiratória não cede com a naloxona, mas sim com o doxapram. Agonistas-antagonistas • Nalbufina: apresenta menor potência depressora respiratória, causa menos dependência física e maior efeito psicomimético que a morfina. Reverte a depressão respiratória e o prurido causados pelos agonistas opioides. Reduz a analgesia quando há tolerância à morfina. É disponibilizada para uso pela via IV. Antagonistas • Naloxona: reverte a analgesia, o efeito espasmogênico nas vias biliares, o prurido, a depressão respiratória, a sedação e a hipotensão arterial dos agonistas opioides e os efeitos psicomiméticos e disfóricos dos agonistas-antagonistas (nalbufina). Por VO, pode ser útil no tratamento da obstipação decorrente do uso de opioides. Não reverte a depressão respiratória da buprenorfina. Pode causar recorrência da dor e instalação de síndrome de retirada em usuários de opioides. Pode causar convulsões especialmente quando associada à meperidina. • Naltrexona: aumenta a letargia e a sonolência dos doentes tratados com fenotiazinas e exerce efeito embriocida. • Metilnaltrexona: por vias SC, reverte a obstipação causada pelos opioides sem reverter a analgesia. Os efeitos colaterais mais comuns dos opioides são: sedação, disforia, tonturas, sensação de fraqueza, cefaléia, insônia, convulsões, miose, aumento de pressão intracraniana, espasmos musculares, mialgia, borramento visual, anorexia, lacrimejamento, xerostomia, espasmo das vias biliares, náuseas, vômitos, alentecimento do esvaziamento gástrico, obstipação intestinal, cólicas abdominais, piloerecção, rubor facial, diaforese, arritmia cardíaca, hipotensão arterial, obstrução nasal, bocejos, laringoespasmo, rigidez da parede torácica, depressão respiratória, apneia, retenção urinária, redução da libido e da potência sexual, síndrome de secreção inadequada do hormônio antidiurético, edema, prurido, urticária, reativação da erupção pelo vírus do herpes simples e outras erupções cutâneas, trombocitopenia, acidose metabólica e respiratória, dependência física e psíquica, tolerância, coma, parada cardíaca e morte. A dose inicial deve ser reduzida em idosos, debilitados, hepatopatas ou nefropatas, quando houver afecções tireoidianas, suprarrenais, abdominais agudas, hipertrofia prostática, estenose uretral, hipertensão intracraniana, arritmias cardíacas, hipotensão arterial, crises de asma, doença pulmonar obstrutiva, em casos de tratamento concomitante com sedativos ou outros narcóticos ou ocorrência de outras condições que predisponham à depressão respiratória. A obstipação intestinal é tratada ou prevenida com ingestão de líquidos, dieta com resíduos, uso de laxantes ou de naloxona VO ou metilnaltrexona pelas vias SC ou IV; as náuseas e os vômitos com antieméticos (metoclopramida, hidroxizina, dimenidrinato, clorpromazina, haloperidol e prometazina); o espasmo das vias biliares com o uso de naloxona ou glucagon; o empachamento gástrico com pró-cinéticos (metoclopamida); o prurido com anti-histamínicos Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� (difenidramina e naloxona); a retenção urinária com redução da dose, cateterização vesical ou betanecol; a sonolência com fracionamento das doses, psicoestimulantes (metilfenidato e modafinila); a depressão respiratória com naloxona ou naltrexona (em caso buprenorfina, com doxapram) e assistência ventilatória; a disforia com naloxona; a síndrome de retirada com agonistas opióides, bendodiazepínicos e redução de 25% da dose de opioide a cada 2 a 3 dias; e a dependência psíquica com clonidina, metadona ou buprenorfina e medidas de apoio. Estudar cuidado paliativo, quando é indicado e quais cuidados ofertados. → Cuidado Paliativo “é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”. → Não se fala mais em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida. Não se fala de impossibilidade de cura, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da doença, afastando a ideia de “não ter mais nada a fazer”. → Pela 1ª vez, uma abordagem inclui a espiritualidade entre as dimensões do ser humano. A família também é lembrada e assistida após a morte do paciente, no luto. Princípios dos cuidados paliativos: Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis: Medidas farmacológicas e não farmacológicas; Abordagem dos aspectos psicossociais e espirituais que caracterizam o “sintoma total” Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida: O cuidado paliativo resgata a possibilidade da morte como um evento natural e esperado na presença de doença ameaçadora da vida, colocando ênfase na vida que ainda pode ser vivida. Não acelerar nem adiar a morte: Existe uma enorme dificuldade em prognosticar paciente portador de doença progressiva e incurável e definir linha tênue e delicada do fazer e não fazer; Um diagnóstico objetivo e bem embasado, o conhecimento da história natural da doença, um acompanhamento ativo, acolhedor e respeitoso e uma relação empática com o paciente e seus familiares nos ajudarão nas decisões. Obs.: Cuidados paliativos não são sinônimo de eutanásia. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente: A doença que ameaça a vida costuma trazer várias perdas, entre elas as perdas de autonomia, autoimagem, segurança, capacidade física, respeito, sem falar das perdas concretas, materiais, como de emprego, de poder aquisitivo e, consequentemente, de status social. Isso pode trazer angústia, depressão e desesperança, interferindo na evolução das doenças e dos sintomas. Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até a sua morte: Qualidade de vida e bem-estar; Viver ativamente, e não simplesmente viver (apagar a ideia de sobrevida a qualquer custo); É nosso dever e responsabilidade sermos facilitadores para a resolução dos problemas do paciente. Oferecer sistema de suporte para auxiliar a família durante a doença do paciente e o luto: Todo o núcleo familiar e social do paciente também “adoece”; A família, tanto a biológica como a adquirida (amigos, parceiros, etc.) pode e deve ser nossa parceira e colaboradora. Eles conhecem melhor os pacientes e suas peculiaridades do que nós. Essas pessoas também sofrem, e seu sofrimento deve ser acolhido e paliado. Oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamentono luto: A integração sugerida pelo cuidado paliativo é uma forma de observarmos o paciente sob todas as suas dimensões e a importância de todos esses aspectos na composição do seu perfil para elaborarmos uma proposta de abordagem. Ignorar qualquer dessas dimensões significará uma avaliação incompleta e consequentemente uma abordagem menos efetiva e eficaz dos sintomas; O cuidado da família no luto deve ser feito por toda a equipe, e não somente pelo psicólogo. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença: Rízi� Xav��� - Med����a 5° se���t�� Vivendo com qualidade, ou seja, sendo respeitado, tendo seus sintomas impecavelmente controlados, seus desejos e suas necessidades atendidas, podendo conviver com seus familiares e resgatando pendências, com certeza os pacientes viverão mais. Iniciar o mais precocemente possível o cuidado paliativo, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes: iremos cuidar do paciente em diferentes momentos da evolução da sua doença, portanto não devemos privá-lo dos recursos diagnósticos e terapêuticos que o conhecimento médico pode oferecer. Devemos utilizá-los de forma hierarquizada, levando em consideração os benefícios que podem trazer e os malefícios que devem ser evitados; Elaboração de um plano integral de cuidados adequado a cada caso e adaptado a cada momento da evolução da doença. Referências : https://www.assaeam.com.br/wa_files/livro_2consenso_nac_dor_oncologica.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hfb/trabalho_ninive.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_dor.pdf Tratado da dor Tratado de Oncologia https://www.assaeam.com.br/wa_files/livro_2consenso_nac_dor_oncologica.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hfb/trabalho_ninive.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_dor.pdf
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