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Página 26 de 57 Obs. pessoal: não gosto de anotar perguntas sem as respostas, mas dessa vez ele bateu o recorde.) Essas são as grandes dificuldades. E existem critérios para isso. Professor leu o art. 70 do CPC e comentou as divergencias na doutrina sobre a teoria da atividade, resultado e da ubiquidade. A doutrina e a jurisprudencia acaba por adotar a teoria da atividade em casos de analise de competencia (primeira excecao) do caput do art. 70. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1º - Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2º - Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3º - Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Outra excecao que adota a teoria da ubiquidade: art 88, cpp Antes porem vamos falar de uma classificação que é importante para esses critérios. Que é uma classificação que vcs já aprenderam em TGP, que é exatamente competência em razão da matéria (ratione materiae), em razão da pessoa (ratione personae) e em razão do lugar (ratione loci). Levando em consideração uma classificação que a TGP também faz mas que é bastante criticada, e não teremos tempo de fazer essas críticas, a classificação é em competência absoluta e relativa. A competência em razão da matéria é considerada, por essa classificação como competência absoluta. A conseqüência desta é que gera nulidade absoluta (ato é nulo), pode ser reconhecida a qq tempo, pode ser ex officio. Na verdade é o que pode ser convalidado e o que não pode. Pois a prorrogação de competência é so no caso da relativa. Não existe prorrogação de competência quando for caso de competência absoluta. Pro Ricardo Gloeckner, pro Aury, e vários outros não faz o menor sentido essa classificação. Pra eles toda e qq forma de competência é absoluta, logo toda e qq forma de incompetência gera nulidade absoluta (nulo). Se quiser levar isso em consideração pq pra eles nem sequer existe essa classificação. Nulidade é nulidade, não existe relativa e absoluta. Apenas nulidade. A competência em razão da matéria se dá exatamente pela natureza do crime praticado. Crimes eleitorais, crimes dolosos contra a vida, etc. são matérias que determinam competência específica. Competência em razão da pessoa, também é considerada uma competência absoluta. E se dá independente da natureza do fato praticado. O que se leva em consideração é a pessoa que praticou o crime. E por fim a competência em razão do lugar, a única considerada relativa. Leva em conta não a matéria nem a pessoa, mas o lugar em que a infração foi praticada. Senhores, existem alguns critérios que devem ser seguidos nessa ordem pra sabermos quem é o juiz competente pra determinado caso. Mas eu preciso fazer uma ADVERTÊNCIA, que é a seguinte: a doutrina em geral segue um critério estabelecido pela veia Ada Pelegrini Grinover naquele livrinho quadriculado. Que de forma bastante lúcida é criticado pelo Badaró, ele tem toda razão na crítica que faz. Não que seja inválida a classificação que ela faz, apenas ele retira duas competências do que ela estabelece e traz para um outro âmbito, anterior. Página 27 de 57 O primeiro critério segundo a professora Ada, é analisar qual a matéria, ou seja, qual a natureza da infração penal. E ai nós vamos primeiro saber se é um crime de competência da justiça comum ou das justiças especiais, são elas, trabalho, eleitoral e militar. Dessas, a única que não tem em nenhuma hipótese competência criminal é a do trabalho. Portanto em matéria penal nós temos duas justiças especiais, eleitoral e militar. Se nós verificarmos que o crime praticado não é eleitoral nem militar já excluímos as justiças especiais. Ai voltamos pra justiça comum. Compõem a justiça comum, a justiça estadual e a federal. Pra sabe se é uma ou outra, primeiro nós vamos ver se e federal, pois tem competência específica no art. 109, CF. CF Art. 109 – Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; • (Inciso acrescentado pelo art. 1º da Emenda Constitucional nº 45, de 8/12/2004.) VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII – os habeas-corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII – os mandados de segurança e os habeas-data contra ato de autori-dade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI – a disputa sobre direitos indígenas. § 1º – As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º – As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária Página 28 de 57 em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º – Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º – Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. § 5º – Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador- Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. • (Parágrafo acrescentadopelo art. 1º da Emenda Constitucional nº 45, de 8/12/2004.) De forma taxativa. Só estas hipóteses são as de competência da justiça federal. Se houver algum interesse da União será competência da justiça federal. Leiam os incisos. Se tivéssemos tempo iríamos analisar cada uma delas. Se não constar numa destas hipóteses de competência federal, de forma residual nós saberemos que é da justiça estadual. Competência da justiça estadual é residual. se for da justiça federal, nós teremos que ver uma divisão que existe no Brasil, por região. Existem cinco regiões. Ou pela cidade, pra saber se tem ou não justiça federal ou se é coberta por outra específica. Se for estadual nós veremos depois os outros critérios. Não se esqueçam que de todas estas a mais residual é a estadual, pq não tem competência fixa, é por exclusão. (...) comentários de Francimildes que não entendi ☹ OBS.: Policia federal não é ostensiva. Policial civil é gênero, policia civil estadual e polícia civil federal. Pq não se chama a polícia federal de polícia civil, mas é. polícia civil da União. É que não existe, salvo dois casos expressos – polícia rodoviária federal e da ferroviária federal - não existe polícia ostensiva da União, como têm por ex. os estados. O que existe as forças armadas, que não tem a mesma função de segurança pública, tem função de segurança nacional de segurança de fronteira, segurança do país. Sua função não é de segurança interna a função primordial das forças armadas é proteger contra ataques externos. Aconteceu recentemente um outro fenômeno. A União resolveu criar, como não tinha essa polícia de segurança pública, criaram uma. Que na realidade é um misto, uma “colcha de retalhos” que é composta por todas as polícias do Brasil, que é a chamada Força Nacional. Ela nada mais é do que uma força de segurança pública ostensiva federal, da União. Só que é composta por membros das polícias militares do Brasil inteiro. Cada estado disponibiliza. E essa turma tem uniformes específicos, treinamento, entraram em contato.. Ai tem verbas da União, passagens, tudo isso. mas essa ai foi criada para ser sempre circunstancial, o problema é que é utilizada reiteradamente. Então aqui tem vários militares que são da Força Nacional. Então a União não tem uma força ostensiva de segurança pública. Página 29 de 57 ⇨ Federalização = incidente de deslocamento de competência da estadual para a federal. STJ > discussão com Fran que não ouvi... ☹ ☹ ☹ CF Art. 109 § 5º – Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. • (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Emenda Constitucional nº 45, de 8/12/2004.) PROCESSO PENAL MINICURSO 08.05.13 # TEORIA GERAL DAS PROVAS Falar de provas no processo penal pressupõe todo um conhecimento de teoria geral da prova aplicável a todo e qq prova dentro do processo penal. Que é uma teoria geral desvinculada da teoria geral do processo. É uma teoria geral da prova processual penal. E ainda em um segundo momento falar de provas em espécie. São as duas partes. Ocorre que em qq livro razoavelmente sério sobre provas o conteúdo tem 300 ou 400 paginas, enfim, muito grande. Nestes dois primeiros encontros falaremos e concluiremos teria geral da prova. Daí pela extensão do conteúdo em um terceiro ficara bem mais fácil desenvolvermos cada prova em espécie. A matéria de prova está diretamente relacionada no processo penal com outras perspectivas como por ex. a própria noção de verdade inerente à apreciação de qq prova no processo. E esse é um dos temas mais difíceis por incrível que pareça, e mais superficialmente tratados pela doutrina do processo penal exatamente por ser um conteúdo de caráter mais propedêutico ou mais filosófico. Pq verdade é por natureza um conceito filosófico. Então de que forma nós vamos relacionar processo penal, prova e verdade? Antes de tudo, de que forma estas palavras / noções estão relacionadas? Pq é possível se afirmar que essas circunstâncias ou perspectivas se relacionam? Pq no processo penal de forma bastante sumaria e preliminar, essencialmente o conteúdo probatório que vai fazer com que o juiz e todas as autoridades todos os atores judiciais tenham as suas convicções. E cada um desses atores necessitará de uma parcela ou de uma avaliação probatória pra tomar decisões. Isso desde a fase preliminar, e aqui eu me refiro ao delegado de polícia, quanto no momento da propositura da ação penal, o MP ou vítima, e o principal ator, no processo penal, no que tange a avaliação de provas que é o próprio juiz. Isso significa que não é possível haver uma sentença, seja ela condenatória ou absolutória, sem que haja apreciação de provas. Portanto essas noções de prova e processo se relacionam tão diretamente. Mas é prova de que? E a resposta a essa pergunta está diretamente relacionada a terceira perspectiva que é a verdade. Resolve-se um problema e outro surge. Pq na apreciação da prova, embora tenhamos diversas críticas que faremos depois, se busca em tese se não a própria verdade pelo menos a maior proximidade dessa verdade, daí pq há um princípio no processo penal, que é o Princípio da Busca da Verdade. E vejam que ao falar de busca da verdade estou utilizando uma expressão técnica que é diferente do próprio principio da verdade. Pois muitos autores fazem referência ao principio da verdade real / formal ou coisa parecida. Então esta é a relação mais superficial / mais epidérmica que poderíamos fazer entre estas três palavras. Página 30 de 57 O problema é que as pessoas que se dedicaram a estudar o tema de verdade, já chegaram a conclusões que parecem decepcionantes. Conclusões que dizem pro ex. que não existe verdade. Muito menos uma verdade que seja real. Mas isso só parece decepcionante quando nós tomamos contato ou conhecimento deste conteúdo através de uma doutrina, uma critica que chega a afirmar por ex. que existe verdade e que isso é possível. Pq se nós avaliarmos quase que do senso comum, mesmo que teórico, a realidade processual, nós vamos identificar que no mínimo existem algumas verdades. Quem aqui já teve a oportunidade de fazer um estágio certamente já verificou que no processo penal quando duas pessoas são ouvidas, cada uma afirma estar com a verdade. E o pior, cada uma afirma um discurso que é exatamente incongruente e impossível de ser compatibilizado com o outro, com a versão da outra pessoa. Isso nos leva a uma conclusão absolutamente simples e lógica que é a de que alguém está mentindo. E como o processo penal é a tentativa de reconstituição / reconstrução cognitiva de um fato pretérito - pq o processo penal é sempre posterior ao fato ocorrido - inquestionavelmente nós teríamos nesse percurso diversos fatores que irão influenciar na própria concepção de verdade. É por isso que alguma pessoa vai contar uma versão como verdadeira e às vezes ela até acha mesmo que é verdadeira, e outra conta uma versão sobre o mesmo fato completamente diversa. Sejam por influência de limites físicos, o cidadão usa óculos e estava sem óculos no momento do fato, sejam influências psicológicas, de traumas ocorridos em decorrência do próprio fato. Diversos fatores. De tal forma que hoje a doutrina do processo penal, um pouco mais crítica é relativamente consensual no que a tange a impossibilidade de alcançar a verdade. Embora ela continue como norte para todos os atores jurídicos que atuam nesse processo penal. E se é verdade que não existe a própria verdade no processo, o que dizer de uma pretensa verdade real. E ai alémdessas críticas que mencionamos, uma outra que é de cunho mais epistemológico chega a afirmar a absoluta incongruência entre essas duas palavras. Verdade x Realidade. Uma por ser absolutamente valorativa que é a verdade. E vejam que é um substantivo se nós fossemos classificar. A realidade, ao contrário não é valorativa. Aquilo que vc diz ser real, por mais que alguém diga que não é, a realidade não depende do sujeito. Ela é, simplesmente existe, é objetiva. Portanto, verificar aquilo que é e aquilo que é valorado são tentativas absolutamente inócuas. Daí pq não se fala mais hoje no processo penal, nem de verdade no sentido lato sem qualificações. Nem tampouco uma verdade real ou verdade formal. Mas ai nós chegamos a um outro ponto que parece uma encruzilhada. Que é a seguinte > como é que o juiz ou todos esses outros atores do processo vão trabalhar sem que exista a verdade? Como vai haver indiciamento, prisão, ou uma outra medida cautelar, denúncia e inclusive como vai haver ma condenação se não existe a verdade? Teoria do caos > o processo é um caos total! Até que eu acho que é mesmo. Mas esse caos tem uma certa organização, não é tão caótico assim. O que esses atores então fazem diante desse cenário aparentemente caótico de impossibilidade de alcançar a verdade? Nós vamos trabalhar com a aproximação da verdade à partir dos elementos probatórios que nos chegam. Daí o pq de uma exigência constitucional inclusive – e eu entendo que essa exigência constitucional não existe apenas para o juiz, mas também para o delegado e para o MP – de fundamentar todas as manifestações que restrinjam ou que tendam a restringir direitos fundamentais. Isto é, no momento em que existe uma exigência de fundamentação de uma medida que restrinja ou tenda a restringir direitos fundamentais, como o indiciamento, ou uma representação para uma medida cautelar, ou uma denúncia ou sentença, essa exigência faz com que cada um desses atores processuais façam um cotejamento racional dos elementos probatórios que existem. Não interessa saber se isso é verdade ou não. O que interessa é que os elementos probatórios carreados ao processo numa análise racional que exige fundamentação, leva cada um deles a se manifestar de um modo ou de outro. É verdade que existe um escalonamento dessa análise de verdade no decorrer do processo. Processo entenda-se lato sensu da percepção processual. Isto é, a exigência da análise de cognição pra um indiciamento ou para instauração de um inquérito policial é mais sumária do que a cognição feita pelo MP para a denúncia, que por sua vez é mais sumária, ou seja, menos profunda do que a análise feita pelo juiz para a condenação. A explicação deste escalonamento é a necessidade de se investigar se de fato algo aconteceu um fato previsto como crime, e se analisar em tese quem é o culpado. So que existe um princípio constitucional que é o princípio da presunção de inocência, o qual teremos que igualmente tentar equilibrar com a percepção penal, os chamados princípio instrumental garantista e instrumental punitivo. E esta é a grande dificuldade que teremos ao longo do processo, talvez a maior, que é exatamente investigar punindo e garantindo DFs.
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