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cepi-novembro-2022

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A n o 1 1
Novembro 2022
N º 4 8
CONJUNTURA ECONÓMICA 
E PERSPECTIVAS DE INFLAÇÃO
Novembro 2022
Membros de Pleno Direito
Rogério Lucas Zandamela
Governador (Presidente)
Gertrudes Adolfo Tovela
Administradora
Jamal Omar
Administrador
Benedita Guimino
Administradora
Silvina de Abreu 
Administradora
Maria Esperança Mateus Majimeja
Administradora
Convidados Permanentes
Umaia Mahomed
Assessor do Governador 
Ingunn Valvatne
Assessora do Governador
Luísa Samuel Navele
Assessora do Governador e Directora do Gabinete do Governador
Luís Alberto Poio
Director do Departamento de Análise Macroprudencial
Pinto Fulane 
Director do Departamento de Supervisão Prudencial 
Paulo Mandlate
Director do Departamento de Licenciamento Cambial
Emílio Rungo 
Director do Gabinete de Comunicação e Imagem
Carlos João Baptista 
Director do Departamento de Mercados e Gestão de Reservas
Pinho José Ribeiro
Director do Departamento de Estudos Económicos
Domingos Fumo 
Director do Departamento de Estatística e Reporte
3 
Prefácio 
O Banco de Moçambique (BM) tem como mandato primário manter a estabilidade de 
preços, de modo a assegurar a protecção do poder de compra dos cidadãos. Tal 
pressupõe que a inflação seja mantida baixa, em um dígito, e estável no médio prazo. O 
mandato para tornar este objectivo possível é exercido pelo Comité de Política Monetária 
(CPMO), órgão composto pelo Governador, Vice-Governador, Administradores do BM e 
convidados permanentes. Simultaneamente, o BM tem a responsabilidade de supervisionar e 
manter a estabilidade do sistema financeiro. 
A estabilidade de preços favorece, também, o crescimento económico equilibrado e 
sustentável. A estabilidade de preços reduz o grau de incerteza dos agentes económicos e 
permite assegurar taxas de juro mais atractivas, contribuindo para um ambiente favorável à 
poupança e ao investimento. 
Para assegurar a estabilidade de preços, o CPMO define a taxa de juro de política, 
designada por taxa do Mercado Monetário Interbancário de Moçambique (MIMO). 
Esta taxa, introduzida a 17 de Abril de 2017, sinaliza a postura da política monetária e serve 
de âncora para as operações no Mercado Monetário Interbancário (MMI). Espera-se que, 
através da influência que exerce sobre as taxas de juro overnight formadas no MMI, a taxa 
MIMO afecte a inflação por via dos canais das expectativas, taxa de câmbio e crédito. 
A decisão sobre a taxa MIMO é primariamente baseada nas projecções da inflação, 
sempre ponderando os riscos e as incertezas associados a tais projecções e à conjuntura 
económica. O CPMO reconhece que as suas decisões afectam a economia com um certo 
desfasamento temporal, por isso adopta uma postura de política monetária baseada na 
avaliação das perspectivas económico-financeiras e dos seus riscos e incertezas, num 
horizonte temporal de pelo menos oito trimestres. Quando as projecções da inflação se 
desviam materialmente do objectivo primário de política monetária estabelecido para o médio 
prazo, o CPMO toma medidas de política adequadas para inverter tal tendência. 
O CPMO reúne-se ordinariamente uma vez a cada dois meses e extraordinariamente 
sempre que as condições económicas o exijam. O calendário dos encontros ordinários do 
CPMO é anunciado no princípio de cada ano. Entretanto, o órgão pode reunir-se 
extraordinariamente para deliberar sobre aspectos de política monetária, sempre que as 
circunstâncias macroeconómicas o imponham. 
O BM valoriza a transparência na comunicação da sua política monetária. As decisões 
de política monetária são anunciadas publicamente, através do comunicado de imprensa do 
CPMO e/ou de conferência de imprensa dirigida pelo Governador do BM, no mesmo dia em 
que se realiza a reunião do Comité. 
O Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI) é um veículo 
adicional de comunicação das decisões do CPMO. O CEPI divulga os factores e a 
racionalidade das medidas tomadas pelo órgão, alargando a compreensão do público sobre os 
objectivos e a condução da política monetária. 
 
 
Rogério Lucas Zandamela 
 Governador 
 
4 
Índice 
 
DECISÕES DO COMITÉ DE POLÍTICA MONETÁRIA NA SESSÃO N.º 6, DE 30 DE 
NOVEMBRO DE 2022 6 
1. CAPÍTULO I. DESENVOLVIMENTOS RECENTES DA ECONOMIA 
INTERNACIONAL E PERSPECTIVAS 7 
1.1. Actividade Económica e Inflação 7 
1.2. Preços das Principais Mercadorias e Dinâmica das Moedas dos Parceiros Comerciais 8 
2. CAPÍTULO II. DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA ECONOMIA 
DOMÉSTICA E PERSPECTIVAS DE CURTO PRAZO 10 
2.1. Actividade Económica no Curto Prazo 10 
2.2. Evolução Recente da Inflação e Perspectivas de Curto Prazo 15 
3. CAPÍTULO III. PERSPECTIVAS DE INFLAÇÃO E ACTIVIDADE 
ECONÓMICA NO MÉDIO PRAZO 19 
3.1. Pressupostos para as Projecções de Médio Prazo 19 
3.2. Projecções de Inflação para o Médio Prazo e Riscos Associados 20 
3.3. Decisão de Política Monetária 21 
 
Caixas 
Caixa 1: Desenvolvimentos Monetários e Financeiros 13 
Caixa 2: Desenvolvimentos Monetários e Financeiros 17 
 
Tabelas 
Tabela 1-1: Projecções do PIB Global – 2022 e 2023 (%) 7 
Tabela 2-1: Dinâmica do PIB Real de Moçambique por Sectores – Variação anual (%) 10 
Tabela 2-2: Balança de Pagamentos (milhões de USD) 10 
Tabela 2-3: Comércio Externo (milhões de USD) 11 
Tabela 2-4: Execução do Orçamento do Estado (milhões de meticais) 11 
Tabela 2-5: Dívida Pública Interna (milhões de meticais) 11 
Tabela 2-6: Núcleos de Inflação - Moçambique 15 
Tabela 3-1: Pressupostos Externos 19 
5 
 
Gráficos 
Gráfico 1-1: Evolução do PIB (%) 7 
Gráfico 1-2: Perspectivas do PIB Real (%) 7 
Gráfico 1-3: Evolução da Inflação (%) 8 
Gráfico 1-4: Perspectivas de Inflação (%) 8 
Gráfico 1-5: Índice de Preços de Mercadorias Exportadas 8 
Gráfico 1-6: Índice de Preços de Mercadorias Importadas 9 
Gráfico 1-7: Perspectivas de Preço do Brent (USD) e de Alimentos (variação anual em %) 9 
Gráfico 1-8: Índice Composto do USD face às Moedas 9 
Gráfico 2-1: Evolução Anual do Crédito à Economia 11 
Gráfico 2-2: Evolução do Hiato do Produto e do ICE 12 
Gráfico 2-3: Índice de Produção Industrial (PMI) 12 
Gráfico 2-4: Componentes da Inflação Anual 15 
Gráfico 2-5: Projecções de Inflação Anual de Curto Prazo e Inflação Anual Observada (%) 15 
Gráfico 2-6: Expectativas de Inflação Anual (%) 16 
Gráfico 2-7: Índice de Difusão e Inflação Anual 16 
Gráfico 3-1: Projecção da Inflação Anual de Moçambique (%) 18 
Gráfico 3-2: Projecção do Crescimento Anual do PIB Real de Moçambique (%) 19 
6 
Decisões do Comité de Política Monetária na Sessão n.º 6, de 30 de 
Novembro de 2022 
 
O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a 
taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. A medida é sustentada 
pelos elevados riscos e incertezas associados às projecções de inflação, com destaque 
para os efeitos da persistência da tensão geopolítica na Europa e do abrandamento da 
procura externa, não obstante as perspectivas de retorno da inflação para um dígito, no 
médio prazo. 
 
As perspectivas de inflação apontam para uma desaceleração no médio prazo. Em 
Outubro, a inflação anual, que comporta as cidades de Maputo, Beira e Nampula, desacelerou 
para 11,08%, após 12,01% em Setembro, a reflectir, essencialmente, o abrandamento dos 
preços dos bens alimentares, com destaque para as frutas e vegetais. A inflação subjacente 
também reduziu. Para o médio prazo, consolida-se a perspectiva de retorno da inflação para 
um dígito, decorrente dos efeitos dos aumentos da taxa MIMO e da estabilidade do Metical, 
não obstante a prevalência de elevados riscos e incertezas. 
 
Os riscos e incertezas associados às projecções de inflação mantêm-se elevados. A nível 
interno, destacam-se as pressões crescentes para o aumento da despesa pública corrente, as 
incertezas em relação aos impactos dos choques climáticos na oferta e comercialização de 
bens e à evolução dos preços administrados, incluindoo seu efeito sobre os preços de outros 
bens e serviços. A nível externo, mantêm-se as incertezas quanto ao prolongamento do 
conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e acrescem os riscos de recessão económica global. 
 
As previsões de crescimento económico para 2023 foram ligeiramente revistas em baixa. 
No III trimestre de 2022, o crescimento do produto interno bruto abrandou para 3,6%, a 
reflectir o fraco desempenho do sector secundário. Para o médio prazo, antevê-se um ligeiro 
abrandamento da expansão da actividade económica, em face da potencial redução da 
procura externa e das condições financeiras restritivas, incluindo acrescidas dificuldades no 
acesso aos mercados financeiros internacionais. Entretanto, a nível interno, a implementação 
dos projectos energéticos continuará a favorecer o crescimento económico. 
 
A dívida pública interna mantém-se elevada. O endividamento público interno, excluindo 
os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 274,8 mil 
milhões de meticais, o que representa um aumento de 56 mil milhões desde Dezembro de 
2021. 
 
O CPMO continuará a monitorar a evolução dos riscos e incertezas associados às projecções 
da inflação, e não hesitará em tomar as medidas correctivas necessárias. 
 
A próxima reunião ordinária do CPMO está marcada para o dia 25 de Janeiro de 2023. 
 
Rogério Lucas Zandamela 
Governador 
 
7 
 
1. Capítulo I. Desenvolvimentos Recentes da Economia Internacional e 
Perspectivas 
 
Consolidam-se as perspectivas de abrandamento do crescimento económico mundial para 2022 e 
2023 devido ao prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e ao aumento das taxas de juro 
por parte dos bancos centrais, para fazer face às pressões inflacionárias prevalecentes. Os receios de 
enfraquecimento da economia norte-americana conduzem ao enfraquecimento do Dólar norte-
americano perante as principais moedas. Enquanto isso, os preços das commodities continuam 
elevados, não obstante os sinais de estabilização. 
 
 
Gráfico 1-1: Evolução do PIB (%) 
 
12.2
14.7
7.9
20.1
19.1
4.9
4.0
4.9
8.4
2.9
1.8
4.1
0.4
13.5
0.2
1.8 2.1
3.9
EUA Zona do Euro China Índia África do Sul
II Tri-21 III Tri-21 II Tri-22 III tri-22
 
Fonte: Trading Economics 
 
Tabela 1-1: Projecções do PIB Global – 2022 e 2023 (%) 
Realizado
2021 2022 2023 2022 2023
Economia Mundial 6.0 3.2 2.7 0.0 (0.2)
Avançadas 5.2 2.4 1.1 (0.1) (0.3)
EUA 5.7 1.6 1.0 (0.7) 0.0 
Zona do Euro 5.2 3.1 0.5 0.5 (0.7)
Alemanha 2.6 1.5 -0.3 0.3 (1.1)
Japão 1.7 1.7 1.6 0.0 (0.1)
Reino Unido 7.4 3.6 0.3 0.4 (0.2)
Emergentes e em 
Desenvolvimento
6.6 3.7 3.7 0.1 (0.2)
Brasil 4.6 2.8 1.0 1.1 (0.1)
Índia 8.7 6.8 6.1 (0.6) 0.0 
China 8.1 3.2 4.4 (0.1) (0.2)
África Subsaariana 4.7 3.6 3.7 (0.2) (0.3)
 África do Sul 4.9 2.1 1.1 (0.2) (0.3)
Região
Projeção
Diferença com WEO de 
Jul/22
 
Fonte: FMI, WEO (Outubro, 2022) 
 
Gráfico 1-2: Perspectivas do PIB Real (%) 
2,24 
3,45 
6,85 
1,66 
3,03 
2,12 
3,10 
6,47 
1,62 
3,20 
1,12 
6,09 
6,55 
1,12 
0,70 
1,04 
5,81 
7,74 
0,72 0,79 
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
RSA China India EUA Zona Euro
2022_CPMO_Set 2022_CPMO_Nov 2023_CPMO_Set 2023_CPMO_Nov
 
Fonte: Global Projection Model Network 
1.1. Actividade Económica e Inflação 
 
No III trimestre de 2022, observou-se um 
desempenho misto da actividade económica 
nos principais parceiros do país. 
 
Dados recentes indicam que o produto interno 
bruto (PIB) dos Estados Unidos da América 
(EUA) cresceu em 1,8% no III trimestre de 2022, 
mesma cifra do trimestre anterior, reflectindo o 
aumento das exportações e do consumo privado. 
Na Zona Euro o crescimento abrandou, como 
corolário da crise energética que continua a 
afectar a região, perante o prolongamento do 
conflito militar Russo-Ucraniano. 
 
No mesmo período, a economia chinesa cresceu 
em 3,9%, contra os 0,4% do trimestre anterior, a 
traduzir os incentivos concedidos ao sector 
industrial por parte do Governo, bem como o 
aumento das exportações (Gráfico 1-1). 
 
Consolidam-se as perspectivas de 
abrandamento da economia global para 2023. 
Em Outubro de 2022, o Fundo Monetário 
Internacional (FMI) manteve as perspectivas de 
crescimento da economia mundial para 2022 e 
reviu em baixa para 2023. A revisão em baixa é 
justificada (i) pelos efeitos do prolongamento da 
guerra entre a Rússia e a Ucrânia e (ii) pelos 
aumentos das taxas de juros directoras por parte 
dos principais bancos centrais, num cenário em 
que os preços se mantêm em níveis elevados 
(Tabela 1-1). 
 
Do mesmo modo, a Global Projection Model 
Network (GPMN) atesta as perspectivas do FMI, 
de um prolongamento do abrandamento da 
economia global em 2022 e 2023 (gráfico 1-2). 
8 
 
Gráfico 1-3: Evolução da Inflação (%) 
 
 
 
Fonte: Refinitiv e Trading Economics 
 
 
 
Gráfico 1-4: Perspectivas de Inflação (%) 
 
6,77 
2,47 
7,25 
8,17 
7,71 
6,85 
2,41 
6,73 
7,96 7,88 
5,73 
2,66 
6,05 
4,02 
3,77 
5,93 
2,60 
5,00 
3,67 
4,23 
,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
RSA China India EUA Zona Euro
2022_CPMO_Set 2022_CPMO_Nov 2023_CPMO_Set 2023_CPMO_Nov
 
Fonte: Global Projection Model Network 
 
 
 
Gráfico 1-5: Índice de Preços de Mercadorias Exportadas 
(média móvel 7 dias) 
 -
 50.00
 100.00
 150.00
 200.00
 250.00
 40
 50
 60
 70
 80
 90
 100
 110
 120
 130
 140
 150
 160
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2
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 D
e
z 
2
0
1
0
=
1
0
0
Algodão Açúcar Aluminio Carvão Termico Gás (Eixo Dtº)
 
Fonte: Refinitiv 
 
 
 
Para as economias avançadas, as previsões 
macroeconómicas dos dois organismos 
convergem para um crescimento quase nulo em 
2023, agravando-se, deste modo, o risco de uma 
possível recessão global (tabela 1-1 e gráfico 1-
2). 
 
Em Outubro de 2022, a inflação desacelerou na 
maioria dos principais parceiros comerciais do 
país, apesar de se situar ainda em níveis elevados 
(gráfico 1-3). Com efeito, nos EUA, na China e 
na Índia a inflação anual abrandou devido ao 
refreamento do preço dos bens alimentares. Em 
sentido inverso, na Zona Euro e na África do Sul 
a inflação anual acelerou devido ao aumento do 
preço de energia eléctrica e de alimentos, 
respectivamente. 
 
As perspectivas de inflação de curto e médio 
prazo para os principais parceiros comerciais 
do país são mistas. 
 
As previsões do GPMN apontam para uma 
revisão em alta das estimativas de inflação para a 
Zona Euro e África do Sul, tanto para 2022, 
como para 2023, reflexo, sobretudo, do impacto 
do conflito Rússia-Ucrânia. Porém, para os EUA 
e Índia, mantém-se a previsão de uma inflação 
relativamente mais baixa para o mesmo período, 
ainda assim, acima das metas estabelecidas para 
o longo prazo, antecipando-se assim a 
manutenção dos incrementos da taxa de juro de 
política (gráfico 1-4). 
 
O ligeiro abrandamento das perspectivas da 
inflação global para 2022 e 2023, relativamente a 
Setembro passado, reflecte, essencialmente, o 
enfraquecimento da procura global resultante das 
perspectivas de maior abrandamento da 
actividade económica mundial associada às 
políticas monetárias mais restritivas, num 
contexto de manutenção dos acordos de 
exportações de cereais no Mar Negro e de 
redução dos efeitos da reabertura das economias 
pós-COVID-19.1.2. Preços das Principais Mercadorias e 
Dinâmica das Moedas dos Parceiros 
Comerciais 
 
Os preços das principais mercadorias, 
continuam elevados, não obstante os sinais de 
9 
 
 
 
 
Gráfico 1-6: Índice de Preços de Mercadorias Importadas 
(média móvel 7 dias) 
 70
 80
 90
 100
 110
 120
 130
 70
 80
 90
 100
 110
 120
 130
 140
 150
 160
2
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 2
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1
0
0
Trigo Milho Arroz Brent (Eixo Dtº)
 
Fonte: Refinitiv 
 
 
 
Gráfico 1-7: Perspectivas de Preço do Brent (USD) e de 
Alimentos (variação anual em %) 
 
Fonte: Global Projection Model Network 
 
Fonte: Global Projection Model Network 
 
 
 
Gráfico 1-8: Índice Composto do USD face às Moedas 
dos Principais Parceiros Comerciais 
 98
 100
 102
 104
 106
 108
 110
 112
 114
 116
 118
 120
 122
 124
 126
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e
 D
e
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1
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=
1
0
0
 
Fonte: Refinitiv 
estabilização. 
 
No conjunto das commodities de exportação, 
destacam-se alumínio e carvão térmico, cujos 
preços aumentaram em 8,3% e 17,6%, 
respectivamente, quando comparados com os 
níveis verificados no CPMO de Setembro/2022, 
em resultado do alívio parcial de medidas 
restritivas na China e da imposição de sanções na 
importação de carvão russo na Europa (Gráfico 
1-5). 
 
Em relação às mercadorias de importação, 
evidencia-se a estabilidade do preço do brent 
comparativamente ao CPMO de Setembro 
(Gráfico 1-6). 
 
Para 2023, perspectiva-se a manutenção do ritmo 
de queda dos preços de bens alimentares e do 
brent no mercado internacional, convergindo 
para os níveis registados antes do conflito entre a 
Rússia e a Ucrânia (gráfico 1-7). 
 
O Dólar norte-americano tende a enfraquecer 
perante as principais moedas, em face dos 
receios de enfraquecimento da economia 
norte-americana. 
 
Desde o último CPMO (Setembro/2022) até ao 
dia 22 de Novembro, o Índice Composto do 
Dólar norte-americano face às principais moedas 
de transacção (Euro, Rand, Libra e Iene) reduziu, 
em resultado dos receios de abrandamento da 
economia norte-americana, num contexto de 
política monetária restritiva adoptada pelo FED 2 
e das incertezas associadas ao prolongamento do 
conflito entre Rússia e Ucrânia (gráfico 1-8). 
 
 
2 Reserva Federal dos Estados Unidos da América 
10 
 
2. Capítulo II. Desenvolvimentos Recentes na Economia Doméstica e 
Perspectivas de Curto Prazo 
 
No III trimestre de 2022, o PIB real cresceu em 3,6%, em termos anuais, a reflectir a 
recuperação pós-COVID-19 e o bom desempenho do sector exportador, favorecido sobretudo, 
pela melhoria dos preços das principais mercadorias de exportação. Para o curto prazo, não 
obstante as perspectivas de abrandamento da economia mundial, prevê-se que a actividade 
económica doméstica continue a melhorar, justificada, entre outros factores, pela execução de 
projectos energéticos estruturantes no país e pelo impulso na procura agregada no contexto da 
retoma do apoio directo ao orçamento do Estado. Em relação à inflação anual, perspectiva-se 
uma desaceleração no curto prazo, favorecida (i) pelo efeito base, (ii) pela estabilidade do 
Metical face ao USD e (iii) pelas condições financeiras restritivas. No entanto, prevalecem 
incertezas quanto aos impactos do prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a 
evolução dos preços administrados ao nível doméstico. 
 
 
Tabela 2-1: Dinâmica do PIB Real de Moçambique por 
Sectores - Variação anual (%) 
III I II III
Contr.(pp) 
no IIIT
Sector Primário 5,7 4,6 5,6 5,2 1,6
Agricultura 5,0 4,0 5,1 4,2 1,0
Pesca 2,4 0,9 2,5 3,6 0,0
Indústria extractiva 8,8 8,6 9,1 8,8 0,6
Sector Secundário 3,6 4,3 3,8 -2,7 -0,3 
Electricidade e Água 5,2 6,3 6,9 -3,1 -0,1 
Indústria Transformadora 2,9 3,8 3,2 -2,6 -0,1 
Construção 3,1 3,6 2,3 -2,2 -0,0 
Sector Terciário 2,2 3,7 3,9 3,8 1,7
Comércio e Serv. 2,8 3,2 2,0 1,0 0,1
Hotelária e Restaurantes 0,6 11,4 7,6 13,3 0,2
Transportes e Comunicações 2,7 7,3 8,5 7,1 0,8
Serviços Financeiros 2,3 1,7 3,6 3,5 0,2
Adm. Pública, Educação e Saúde 1,8 2,7 2,8 2,5 0,4
Outros Sectores 1,6 1,2 1,6 2,3 0,1
PIB a custo de factores 3,6 4,1 4,5 3,6 3,1
Impostos sobre produtos 3,1 4,2 5,0 3,9 0,5
PIB 3,5 4,1 4,6 3,6 3,6
Sectores de Actividade
2021 2022
 
Fonte: INE 
 
Tabela 2-2: Balança de Pagamentos (milhões de USD) 
 
III Trim 21 III Trim 22 Variação
Conta Corrente -2.981 -5.621 -2.640
 Saldo de Bens -1.938 -4.781 -2.843
 Exportações 3.603 6.058 2.455
 Importações 5.540 10.839 5.299
 Saldo de Serviços -1.277 -1.100 177
 Saldo de Rend. Primários -299 -408 -109
 Saldo de Rend. Secundários 532 668 136
Conta Capital 50 49 -2
Conta Financeira 2.650 4.781 2.131
 dos quais
 IDE 4.585 1.652 -2.933
 Outro Investimento -1.933 3.123 5.056 
Fonte: BM 
 
 
2.1. Actividade Económica no Curto Prazo 
 
A actividade económica cresceu em 3,6% no 
III trimestre de 2022, 100 pb abaixo do 
registado no trimestre anterior. A 
desaceleração reflectiu a contracção observada 
no sector secundário, num contexto em que os 
preços das commodities de exportação se 
mantiveram favoráveis e tiveram impacto na 
melhoria da procura externa, evidenciada, 
sobretudo, pelo desempenho alcançado pela 
indústria extractiva (tabela 2-1). 
 
Em termos de componentes da procura 
agregada, destaca-se, para o bom 
desempenho do PIB: 
 
i) O aumento assinalável das exportações, 
perante a manutenção em níveis elevados 
dos preços das principais mercadorias, 
verificada até Setembro. No período em 
referência, o valor das exportações de bens 
aumentou face ao período homólogo do ano 
anterior, em USD 2.455 milhões, dos quais 
80% correspondem às exportações realizadas 
pelos grandes projectos (tabela 2-2), num 
contexto em que as importações continuam a 
ser basicamente justificadas pela entrada da 
Plataforma Flutuante do Projecto Coral Sul. A 
nível de produtos, destacam-se com maior 
crescimento os minerais, o alumínio e o gás 
natural (tabela 2-3). 
 
ii) A despesa pública contribuiu igualmente 
para o aumento da actividade económica até 
11 
Tabela 2-3: Comércio Externo (milhões de USD) 
Fonte: BM 
 
 
Tabela 2-4: Execução do Orçamento do Estado (milhões de 
meticais) 
 
 
III Trim 2021 Orç. 2022 III Trim 2022 Var. Anual
Receitas 198.067 293.917 215.698 8,9%
Despesa Total 249.356 450.577 270.748 8,6%
 Despesa Corrente 174,918,30 284.908 200.637 14,7%
 Despesa de Investimento 38.533 114.703 35.876 -6,9%
Defice (antes de donativos) -51.289 -156.660 -55.050 7,3%
Empréstimos Internos 30.341 53.082 33.605 10,8%
Utilização de mais valias 2.500 5.000 4.801 92,0%
Financiamento Externo 19.779 98.579 24.920 26,0%
Variação de Stock 1.330 8.276 
Fonte: MEF 
 
 
Tabela 2-5: Dívida Pública Interna (milhões de meticais) 
 
Utilização de 
BT
Obrigações 
do Tesouro
No BM Dívida Total
Dívida em % 
do PIB
Dez -2019 29,671 61,817 48,067 139,555 14.5%
Dez – 2020 44,220 88,100 54,885 187,205 18.1%
Dez – 2021 59,399 102,415 57,009 218,823 21.2%
Mar – 2022 74,570 104,395 59,640 238,605 23.1%
Jun – 2022 80,570 109,700 63,631 253,901 24.6%
Jul – 2022 73,570 112,200 64,021 249,791 24.2%
Ago – 2022 73,570 114,500 64,585 252,655 24.5%
Set – 2022 68,370 124,990 65,118 258,478 25.0%
Out – 2022 84,684 124,990 65,731 275,405 26.7%
Nov – 2022 76,370 132,716 65,731 274,817 26.6%
Fluxo (Dez/21 - 
Nov/22)
16,971 30,301 8,722 55,994 
Endividamento Interno do Estado - OT, BT, e Adiantamentos no BM (mio de MT) 
 
Fonte: BM 
 
Gráfico 2-1: Evolução Anual do Crédito à Economia 
 
 
 
Fonte: BM 
ao III trimestre do ano corrente. 
Efectivamente, os gastos púbicos totais 
cresceram em 8,6%. Contudo, a componente de 
investimento com maior impacto multiplicador 
na economia, continua mínima, num cenário 
em que o Estado, perante o baixo nível de 
desembolso de fundos pelos parceiros de 
cooperação, optou por priorizar as despesas de 
funcionamento, que cresceram em cerca de 
15%, cenário que poderá prevalecer no curto 
prazo. 
 
iii) A despesa do sector privado, que mostra 
uma melhoria relativamente ao período 
homólogo de 2021. Esta dinâmica é sustentada 
pelos aumentos anuais sucessivos no crédito 
concedido pelo sistema bancário desde Julho, 
ainda que de forma tímida, devido à postura 
restritiva da política monetária. Em termos 
sectoriais destacam-se os transportes, o 
comércio, alimentos e bebidas, que, tanto em 
termos de stock como de “crédito novo”, 
apresentam variações positivas. 
 
Mantém-se a pressão sobre o endividamento 
interno. Em face da limitada disponibilidade de 
recursos financeiros por parte do Estado, num 
cenário de reduzidos desembolsos de recursos 
externos, mantém-se a pressão sobre os 
instrumentos de dívida interna. Assim, entre as 
duas últimas sessões do CPMO, o 
endividamento interno aumentou para 274,8 
mil milhões de meticais. Em termos 
acumulados, a dívida pública interna do Estado 
incrementou em cerca de 56,0 mil milhões de 
meticais, a reflectir, essencialmente, o aumento 
do financiamento por via de obrigações do 
Tesouro (OT) e emissão de bilhetes do Tesouro 
(BT). 
 
 
No curto prazo, mantêm-se as perspectivas 
de recuperação da actividade económica. 
Espera-se que a execução de projectos 
energéticos estruturantes no país e o apoio 
directo ao orçamento no âmbito do programa 
com o FMI concorram para o crescimento do 
PIB. Refira-se que, em Novembro de 2022, o 
país iniciou a exportação de gás natural 
liquefeito a partir da bacia do Rovuma. 
 
Do lado externo, perspectiva-se que, a curto 
Exportações III Trim 21 III Trim 22 Variação
Carvão Mineral 804 2182 1378
Barras de Alumínio 857 1323 466
Areias Pesadas 313 365 52
Energia Elétrica 428 385 -43
Cabos de Alumínio 96 120 24
Gás Natural 192 316 124
Importações III Trim 21 III Trim 22 Variação
Combustíveis 607 1441 834
Material de construção 654 486 -168
Maquinaria 834 5121 4287
Aluminio bruto 282 383 101
Automóveis 255 263 9
12 
Gráfico 2-2: Evolução do Hiato do Produto e do ICE 
 
70
80
90
100
110
120
130
-.100 
-.075 
-.050 
-.025 
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23
Q
1
Indice de Clima Económico HIATO DO PRODUTO - direita
PIB ≈ potencial PIB > potencial PIB < potencial
 
Fonte: INE/BM 
 
Gráfico 2-3: Índice de Produção Industrial (PMI) 
36,0
38,0
40,0
42,0
44,0
46,0
48,0
50,0
52,0
54,0
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2
PMI Corrigido de sazonalidade, >50 = melhoria em relação ao mês anterior
Índice de PMI
 
Fonte: HIS, Markit 
prazo, as exportações continuem a crescer, 
favorecidas pela maior procura por produtos 
energéticos e pelos preços das commodities no 
mercado internacional que, apesar de tenderem 
a estabilizar, continuam elevados. 
 
Entretanto, espera-se que a actividade 
económica prevaleça abaixo do seu potencial 
(gráfico 2-2), perspectivas que estão em linha 
com a evolução do índice de produção 
industrial (gráfico 2-3). 
 
As reservas internacionais do país 
continuam em níveis confortáveis. A posição 
externa do país, medida pelas reservas 
internacionais brutas (RIB), mantém-se 
satisfatória, tendo registado um saldo 
acumulado de cerca de USD 2.800 milhões em 
meados de Novembro de 2022, o suficiente 
para garantir a cobertura de mais de 3,5 meses 
de importações de bens e serviços, excluindo as 
importações dos grandes projectos. 
 
 
 
13 
 
Caixa 1: Desenvolvimentos Monetários e Financeiros 
 
I. Evolução das Taxas de Juro 
 
a) Taxas de Juro do Mercado Monetário 
 
Entre Setembro e Novembro de 2022, observou-
se um incremento das taxas de juro no mercado 
monetário em linha com o ajustamento em alta 
da taxa MIMO. Com efeito, as taxas de juro para 
todas as maturidades do mercado monetário 
aumentaram em cerca de 200 pontos base (pb). A 
taxa de juro para o prazo overnight transitou para 
17,25%, e a taxa de juro para a maturidade de 7 dias 
para 17,29%. As taxas de juros para os prazos de 28 
e 63 dias transitaram para 17,48% e 17,52%, 
respectivamente, enquanto as taxas de juros para as 
maturidades mais longas aumentaram para 17,64% 
(91 dias), 17,67% (182 dias) e 17,70% (364 dias) 
(gráfico 1). 
 
As taxas de juro de intervenção do BM para as 
maturidades mais curtas também aumentaram, 
em linha com a MIMO. As taxas de juros das 
operações de reverse repo (venda de títulos com 
acordo de recompra) transitaram para 17,29%, 
17,48% e 17,52%, para os prazos de 7, 28 e 63 dias, 
respectivamente (gráfico 2). 
 
Entre Setembro e Novembro, as taxas de juro de 
BT incrementaram. Com efeito, as taxas de juro 
para 91, 182 e 364 dias (prazos de referência) 
aumentaram para 17,64%, 17,67% e 17,70%, 
respectivamente. Importa referir que a taxa de juro 
de BT para o prazo de 364 dias situou-se 40 pb 
acima da taxa MIMO (gráfico 3). 
 
b) Taxas de juro de OT 
 
As taxas de juro de OT aumentaram em linha 
com a taxa MIMO. Com efeito, no decurso do 
período em análise, o Estado emitiu OT apenas para 
a maturidade de 4 anos, tendo a taxa de juro média 
ponderada incrementado para 20,51%, representado 
um acréscimo em 88 pb face ao leilão precedente 
do mesmo prazo (gráfico 4). 
 
c) Taxas de juro a retalho 
 
Dados disponíveis reportados a Setembro 
sinalizam uma subida da taxa de juro dos 
empréstimos no mercado a retalho. Com efeito, a 
taxa de juro média dos empréstimos incrementou 
em 70 pb, enquanto a dos depósitos abrandou o 
rítmo de queda, tendo-se as duas fixado em 18,1% e 
Gráfico 1: Curva de rendimentos do mercado monetário 
15.25% 15.30%
15.44% 15.40% 15.49% 15.49% 15.55%
17.25% 17.29%
17.48% 17.52%
17.64% 17.67% 17.70%
15.00%
15.50%
16.00%
16.50%
17.00%
17.50%
18.00%
O/N 7 dias 28 dias 63 dias 91 dias 182 dias 364 dias
CPMO Setembro-22 CPMO Novembro-22
 
Fonte: BM, 2022 
 
 
Gráfico 2: Evolução das taxas de juro de MMI 
14.75%
15.25%
15.75%
16.25%
16.75%
17.25%
17.75%
21-09-22 28-09-22 05-10-22 12-10-22 19-10-22 26-10-22 02-11-22 09-11-22 16-11-22
MIMO Permutas O/N RR 7 dias RR 28 dias RR 63 dias
 
Fonte: BM, 2022Gráfico 3: Evolução das taxas de juro de BT 
15.25%
15.75%
16.25%
16.75%
17.25%
17.75%
91 dias 182 dias 364 dias
 
Fonte: BM, 2022 
 
 
Gráfico 4: Evolução das taxas de juro de OT 
8.0%
9.0%
10.0%
11.0%
12.0%
13.0%
14.0%
15.0%
16.0%
17.0%
18.0%
19.0%
20.0%
21.0%
22.0%
OT 2 anos OT 3 anos OT 4 anos OT 5 anos OT 6 anos OT 8 anos
 
14 
10.3%, respectivamente, resultando no alargamento 
do spread entre elas (taxas de juro activas e 
passivas) (gráfico 5). 
 
II. Evolução da taxa de câmbio 
 
a) Taxa de câmbio de Metical em relação ao 
USD 
 
Mantém-se a estabilidade da taxa de câmbio do 
Metical (MZN) em relação ao Dólar norte-
americano (USD). Efectivamente, no intervalo 
entre os dois ciclos de CPMO, a taxa de câmbio de 
referência do MZN face ao USD manteve-se nos 
63,87 MZN/USD e a taxa de câmbio efectiva 
(resultante das transacções entre os bancos 
comerciais e o público) transitou de 63,89 
MZN/USD, em Setembro, para 63,88 MZN/USD, 
em Novembro. No segmento das casas de câmbio, o 
comportamento foi idêntico, porém com uma ligeira 
apreciação da moeda nacional, que passou de 63,85 
MZN/USD, para 63,71 MZN/USD (Gráfico 6). 
 
b) Taxa de câmbio do Metical em relação ao 
Rand 
 
Estabilidade do Metical (MZN) face ao Rand 
(ZAR) no período em referência. Com efeito, a 
taxa de câmbio de referência do MZN face ao ZAR 
passou de 3,67 MZN/ZAR para 3,70 MZN/ZAR. 
Nos restantes segmentos seguiram igual 
comportamento (gráfico 7). 
 
Fonte: BVM, 2022 
 
Gráfico 5: Evolução das taxas de juro a retalho e da prime 
rate 
18,1%
10,3%
20,6%
4,0%
7,0%
10,0%
13,0%
16,0%
19,0%
22,0%
25,0%
28,0%
31,0%
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Emprestimo (1 Ano) Deposito (1 Ano) Prime rate
 
Fonte: BM, 2022 
 
 
Gráfico 6: Evolução da taxa de câmbio do Metical em 
relação ao USD 
54.00
56.00
58.00
60.00
62.00
64.00
66.00
68.00
70.00
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v-
2
2
Taxa Média Referência
Taxa Média das Operações Entre Bancos e o Público
Taxa de Câmbio Média das Operações das Casas de Câmbio ao Público
 
Fonte: BM, 2022 
 
 
Gráfico 7: Evolução da taxa de câmbio do Metical 
em relação ao ZAR 
3,40
3,70
4,00
4,30
4,60
4,90
5,20
5,50
1
2-
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2
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2
2
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A
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Taxa Média das Operações Entre Bancos e o Público ZAR
Taxa de Câmbio Média das Operações das Casas de Câmbio ao Público em ZAR
Taxa Média Cruzada de Referência em ZAR
 
Fonte: BM, 2022 
 
 
 
 
 
 
15 
Gráfico 2-4: Componentes da Inflação Anual 
 
 
-1
1
3
5
7
9
11
13
ju
n/
20
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20
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21
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22
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22
ou
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2
V
ar
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(%
)
IPC Excl. F&V e Administrados IPC Produtos Administrados IPC Frutas e Vegetais
Inflação Anual Inflação Média Anual
 
Fonte: INE/BM 
 
 
Tabela 2-6: Núcleos de Inflação - Moçambique 
(Var. Anual em %) 
mai/22 jun/22 jul/22 ago/22 set/22 out/22
IPC Moçambique (8 cidades) 10,07 11,49 12,71 12,96 12,71 11,83
 IPC (Maputo, Beira e Nampula) 9,31 10,81 11,77 12,10 12,01 11,08
 Alimentares 13,51 15,90 17,24 17,27 17,38 15,89
 Cereais e Derivados 14,17 18,00 19,23 19,47 19,81 20,83
 Frutas e Vegetais 20,84 26,23 30,52 31,70 35,20 29,65
 Administrados 14,63 18,18 20,94 22,86 22,93 21,63
 Combustíveis Liquidos 26,38 34,13 41,32 41,55 41,55 36,75
 IPC x Frut.Veg 8,22 9,41 10,13 10,41 9,96 9,40
 IPC x Adm. 7,96 8,91 9,39 9,33 9,22 8,37
 IPCxComb. 8,26 9,31 9,92 10,28 10,13 9,39
 IPCxFrut.Veg e Adm. 6,34 6,85 6,96 6,77 6,21 5,85 
Fonte: INE 
 
 
Gráfico 2-5: Projecções de Inflação Anual de Curto Prazo e 
Inflação Anual Observada (%) 
 
0
2
4
6
8
10
12
14
Projecção da Inflação Anual Projecção da Inflação Anual (+/- Média dos erros) inflação Anual
 
Fonte: BM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2. Evolução Recente da Inflação e 
Perspectivas de Curto Prazo 
 
Em Outubro de 2022, a inflação anual 
desacelerou, favorecida pelos preços dos bens 
alimentares. A inflação anual, medida pela 
variação do Índice de Preços no Consumidor 
(IPC) de Moçambique3, passou de 12,71%, em 
Setembro, para 11,83%, em Outubro. No mesmo 
sentido, os dados recolhidos nas cidades de 
Maputo, Beira e Nampula (MABENA) indicam 
que a inflação anual passou de 12,01%, em 
Setembro, para 11,08%, em Outubro (gráfico 2-
4). 
 
A evolução do nível geral de preços em Outubro 
é explicada, sobretudo, pela redução do preço 
dos bens alimentares, principalmente das frutas e 
vegetais, em face de uma maior oferta atípica, 
para o mês em alusão (tabela 2-6). 
 
A inflação subjacente desacelerou em 
Outubro de 2022. Efectivamente, excluindo o 
subgrupo das frutas e vegetais (componente mais 
volátil do cabaz do IPC) e o subgrupo dos 
produtos com preços administrados, a inflação 
anual subjacente abrandou de 6,21%, em 
Setembro, para 5,85% em Outubro (Tabela 2-6 e 
gráficos 2-4 e 2-5). Este comportamento reflecte 
as condições financeiras restritivas, num cenário 
em que o Metical continuou estável em relação 
ao USD e tem vindo a apreciar face ao Rand 
desde Agosto/2022. Tal repercutiu-se na queda 
dos preços dos bens importados, num contexto 
em que a procura agregada, apesar da sua 
recuperação, continua abaixo do seu potencial. 
 
As perspectivas de curto prazo apontam para 
o abrandamento da inflação anual (gráfico 2-
6), em linha com o comportamento observado 
em Outubro último e com as expectativas dos 
agentes económicos. Estas perspectivas 
reflectem (i) o efeito base, (ii) a estabilidade do 
Metical face ao USD e (iii) as condições 
financeiras restritivas. O índice de difusão, um 
dos indicadores dianteiros da evolução de 
preços, também sustenta as perspectivas de 
abrandamento do ritmo de aceleração da inflação 
 
3 Com início no mês de Outubro de 2022, o INE passou a divulgar a nova publicação do IPC agregado nacional, 
compilado a partir de 8 cidades. 
16 
 
Gráfico 2-6: Expectativas de Inflação Anual (%) 
10,00
10,91
11,38
12,28
11,56
8,98
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
Inq. 7/2022 (Dez-22) Inq. 8/2022 (Dez-22) Inq. 9/2022 (Dez-22) Inq. 10/2022 (Dez-22) Inq. 11/2022 (Dez-22) Inq. 11/2022 (Dez-23)
 
Fonte: BM 
 
 
 
 
Gráfico 2-7: Índice de Difusão e Inflação Anual 
24
28
32
36
4044
48
52
0 
2 
4 
6 
8 
10 
12 
14 
IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV
2019 2020 2021 2022
Índice de Difusão
Inflação Anual (%) - Eixo Dtº
 
Fonte: BM/INE 
 
nos próximos meses do ano em curso (gráfico 2-
7). 
 
No entanto, prevalecem incertezas associadas à 
ocorrência de choques climáticos severos. 
 
Os agentes económicos reviram em baixa as 
suas perspectivas de inflação para o fecho do 
ano. Em Novembro, as expectativas dos agentes 
económicos indicam que, em Dezembro de 
2022, a inflação anual poderá situar-se em torno 
de 11,56%, depois de 12,28% revelado no 
inquérito precedente (gráfico 2-7). Para o médio 
prazo, consolidam-se as expectativas de que a 
inflação retorne a um dígito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
Caixa 2: Alteração da Metodologia de Compilação do IPC em Moçambique 
 
 
I. Contextualização 
 
Em Outubro de 2022, o Instituto Nacional de Estatística (INE) passou a divulgar uma nova publicação do 
IPC nacional, compilada a partir de 8 cidades (Inhambane, Quelimane, Xai-Xai, Nampula, Beira, Chimoio, 
Maputo e Tete), em substituição da anterior, que cobria 3 cidades (Maputo, Beira e Nampula). 
 
II. Historial da compilação IPC em Moçambique 
 
De acordo com o INE, esta alteração na metodologia é um processo normal e enquadra-se na visão 
estratégica daquela instituição, que consiste em utilizar um índice cada vez mais amplo, abrangente e 
representativo. Apresenta-se, abaixo, a cronologia da evolução do processo de compilação do IPC em 
Moçambique: 
 
 Em 1989, o IPC foi introduzido em Moçambique como uma primeira tentativa para estimar a inflação 
no país. O seu cálculo era baseado numa pesquisa de despesas familiares da cidade de Maputo e cobria 
cerca de 1060 produtos. Entretanto, este índice, para além de não ser representativo, era dependente do 
preço de poucos produtos alimentares básicos, sobretudo o tomate e o repolho, que juntos detinham 
10% do cabaz do IPC; 
 Em 1995 iniciou-se a produção de um IPC alternativo, com melhoria nas componentes e peso da cesta 
de produtos, que na época melhor representavam a realidade dos gastos do consumidor; 
 Em 2000, o cálculo do IPC foi alargado aos dois maiores centros urbanos do país depois da cidade de 
Maputo, nomeadamente Beira e Nampula (denominado IPC MABENA). Efectivamente, para além do 
critério de representatividade, a escolha destas cidades foi determinada pela dimensão dos gastos e 
tamanho populacional. Importa salientar que, em termos de consumo, o IPC MABENA cobre 41% do 
total da despesa do país; e, em termos populacionais, cerca de 32,6%; 
 Em 2022, o cálculo do IPC passa a incluir mais 5 cidades, perfazendo um total de 8. 
 
III. Comparação entre o IPC 8 Cidades e o IPC MABENA 
 
De acordo com o INE, a nova 
publicação do IPC abrange os anos de 
2019 a 2022 e tem como ano base 
2016=100. Para efeitos de agregação 
dos índices, foram recalculados (i) os 
ponderadores de despesa de cada 
centro no total da despesa nacional, (ii) 
os ponderadores por divisão, por 
subdivisão e por produto para cada 
centro de recolha, bem como para o 
nível nacional, tendo em conta a 
despesa total do universo dos 8 
centros. De notar que os ponderadores 
variam anualmente devido ao uso da 
fórmula de Laspeyres modificada. 
 
 
Os resultados apresentados por estas duas metodologias apresentam ligeiras diferenças: 
 
 A principal razão está relacionada com a alteração dos ponderadores para cada cidade. 
Efectivamente, para a compilação do IPC MABENA a cidade de Maputo detém um ponderador de 
Gráfico: Evolução do IPC 8 Cidades vs. IPC MABENA 
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2
2
%
IPC MABENA IPC 8 Cidades
 
Fonte: INE 
18 
53,6%, seguida de Nampula (27,5%) e da cidade da Beira (18,9%). Entretanto, para o cálculo do 
novo IPC 8 Cidades, as 3 cidades apresentam ponderadores significativamente mais baixos que o 
anterior (Maputo 30,6%; Nampula 15,9%; e Beira 10,9%); e 
 
 Apesar das diferenças de metodologias, o IPC 8 Cidades segue a mesma tendência do IPC 
MABENA. Com efeito, na série disponível (Janeiro de 2020 até Outubro de 2022) os dois IPC 
apresentam a mesma tendência ao longo do tempo. Contudo, a maior distribuição dos ponderadores 
pelas 8 províncias, associada a uma maior aceleração de preços nos novos centros de cálculo do 
IPC, resulta numa maior aceleração da inflação geral (IPC que inclui as 8 províncias). 
 
 
Fonte: INE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
3. Capítulo III. Perspectivas de Inflação e Actividade Económica no Médio 
Prazo 
 
Para o médio prazo, consolida-se a perspectiva de retorno da inflação para um dígito, 
decorrente dos efeitos dos aumentos da taxa MIMO e da estabilidade do Metical, não obstante a 
prevalência de elevados riscos e incertezas. Perspectiva-se, igualmente, um ligeiro 
abrandamento da expansão da actividade económica doméstica, em face da potencial redução 
da procura externa e das condições financeiras restritivas, incluindo acrescidas dificuldades no 
acesso aos mercados financeiros internacionais. Entretanto, a nível interno, a implementação 
dos projectos energéticos continuará a favorecer o crescimento económico. 
 
Perante este quadro macroeconómico e ponderados os riscos e incertezas subjacentes às 
projecções de inflação, o CPMO decidiu manter a taxa MIMO em 17,25%. 
 
Tabela 3-1: Pressupostos Externos 
 2022 2023 2024 
Cresc. PIB real dos EUA 
(%) 1.8 0.7 2.2 
CPMO de Setembro/2022 2.3 1.6 1.8 
Cresc. PIB real da RAS (%) 2.0 0.7 1.3 
CPMO de Setembro/2022 3.0 1.1 1.1 
Inflação dos EUA (%) 8.0 3.7 2.2 
CPMO de Setembro/2022 8.3 4.3 2.3 
Inflação na RAS (%) 6.8 5.9 4.6 
CPMO de Setembro/2022 6.2 5.5 4.8 
Preço do Brent (USD) 101.8 91.1 82.2 
CPMO de Setembro/2022 113.2 99.2 86.7 
Variação dos Preço dos 
Alimentos (%) 15.0 -9.5 -1.1 
CPMO de Setembro/2022 23.9 -5.9 -14.5 
Fonte: GPMN 
 
 
 
 
 
3.1. Pressupostos para as Projecções de 
Médio Prazo 
 
O quadro das perspectivas macroeconómicas para 
o médio prazo (2023-2024) baseia-se nos 
pressupostos de: (i) manutenção da crise 
geopolítica na Europa; (ii) consolidação do 
abrandamento da procura externa e (iii) 
prevalência de elevados níveis de inflação 
mundial, não obstante a tendência para a 
estabilização dos preços de bens energéticos e 
alimentares no mercado internacional. 
 
a) Pressupostos sobre a envolvente 
macroeconómica externa 
 
- Deterioração das perspectivas de crescimento 
económico global, decorrente das condições 
financeiras restritivas e acrescidas dificuldades no 
acesso aos mercados financeiros internacionais, a 
reflectir, principalmente, o impacto do 
prolongamento do conflito Rússia-Ucrânia na 
economia global. 
 
- Perspectivas de redução de preços do petróleo 
e de alimentos no mercado internacional, ainda 
assim a permanecerem em níveis relativamente 
elevados (tabela 3-1). Este abrandamento dos 
preços reflecte, principalmente, os sinais de menor 
dinâmica da actividade económica mundial, bem 
como a prevalência do acordo entre a Rússia e a 
Ucrânia, que viabiliza, sobretudo, as exportações 
da Ucrânia e consequente abastecimento do 
mercado internacional. 
 
20 
 
 
Gráfico 3-1: Projecção da Inflação Anual de 
Moçambique (%) 
 
 
 
 
b) Pressupostos sobre a dinâmica de 
indicadores macroeconómicos domésticos 
 
- Manutenção da estabilidade da taxa de 
câmbio do Metical face ao Dólar norte-americano, em linha com (i) o início de 
exportação do gás natural na bacia do Rovuma e 
(ii) a retoma do apoio financeiro dos parceiros de 
cooperação ao Orçamento do Estado. 
 
 
- Manutenção da pressão sobre a despesa 
pública, para fazer face às despesas associadas à 
(i) implementação do pacote de reforma salarial na 
função pública e de medidas de aceleração 
económica; (ii) realização de eleições em 2023 e 
2024; e (iii) reconstrução e assistência humanitária 
às populações das zonas afectadas pelos 
terroristas, não obstante a retoma de parceiros de 
ajuda externa (FMI, Banco Mundial) e as receitas 
de exploração do gás natural na bacia do Rovuma. 
 
3.2. Projecções de Inflação para o Médio 
Prazo e Riscos Associados 
 
As projecções para o médio prazo apontam 
para uma desaceleração da inflação (gráfico 3-
1), a reflectir os efeitos dos aumentos da taxa 
MIMO e a contínua estabilidade do Metical, num 
contexto de prevalência de elevados riscos e 
incertezas. 
 
Adicionalmente, as previsões apontam para um 
ligeiro abrandamento da actividade económica 
doméstica, justificado essencialmente pela queda 
da procura global devido ao enfraquecimento da 
economia mundial em face das condições 
financeiras restritivas, incluindo acrescidas 
dificuldades no acesso aos mercados financeiros 
internacionais. Estas perspectivas de 
abrandamento são atenuadas pela dinâmica dos 
projectos energéticos em curso no país e pelo 
impulso da implementação do programa com o 
FMI (gráfico 3-2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Gráfico 3-2: Projecção do Crescimento Anual do PIB 
Real de Moçambique (%) 
 
 
 
Os riscos e incertezas associados às projecções 
de inflação mantêm-se elevados. A nível interno, 
destacam-se as pressões crescentes para o 
aumento da despesa pública corrente, as incertezas 
em relação aos impactos dos choques climáticos 
na oferta e comercialização de bens e à evolução 
dos preços administrados, incluindo o seu efeito 
sobre os preços de outros bens e serviços. A nível 
externo, mantêm-se as incertezas quanto ao 
prolongamento do conflito entre a Rússia e a 
Ucrânia, e acrescem os riscos de recessão 
económica global. 
 
3.3. Decisão de Política Monetária 
 
O CPMO decidiu manter a taxa de juro de 
política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. 
 
A medida é sustentada pela prevalência de 
elevados riscos e incertezas associados às 
projecções de inflação, com destaque para os 
efeitos da persistência da tensão geopolítica na 
Europa e do abrandamento da procura externa, 
não obstante as perspectivas de retorno da inflação 
para um dígito, no médio prazo. 
 
Nesta sessão, o CPMO decidiu ainda: 
 
 Manter a taxa de juro da Facilidade 
Permanente de Cedência de Liquidez 
(FPC) em 20,25%; 
 
 Manter a taxa de juro da Facilidade 
Permanente de Depósitos (FPD) em 
14,25%; e 
 
 Manter os coeficientes de Reservas 
Obrigatórias para os passivos em moeda 
nacional em 10,50%, e em moeda 
estrangeira em 11,50%.

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