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Justificação e Regeneração - Charles Leiter

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CHARLES LEITER
RegeneraçãoE
Caixa Postal 1601
CEP: 12230-971
São José dos Campos, SP
PABX: (12) 3919-9999
www.editorafiel.com.br
Justificação e Regeneração
Traduzido do original em inglês
Justification and regeneration
por Charles Leiter 
© 2009 Charles Leiter
 
Publicado originalmente em inglês 
por Granted Ministries Press, 
a Division of Granted Ministries
P. O Box 1348 Hannibal, MO 63401-1348 USA
Copyright © 2015 Editora Fiel
Primeira Edição em Português: 2015
Todos os direitos em língua portuguesa reservados 
por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária
Proibida a reprodução deste livro por quaisquer
meios, sem a permissão escrita dos editores,
salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Diretor: James Richard Denham III
Editor: Tiago J. Santos Filho
Tradução: Maurício Fonseca dos Santos Júnior
Revisão: Ingrid Rosane de Andrade Fonseca
Diagramação: Rubner Durais
Capa: Rubner Durais
ISBN: 978-85-8132-316-9
 
 
 
 
 
 
 
 
 Catalogação na publicação: Mariana C. de Melo – CRB07/6477 
 
 
L533j Leiter, Charles 
 Justificação e regeneração / Charles Leiter ; [tradução: 
 Mauricio Fonseca dos Santos Júnior]. – São José dos 
 Campos, SP : Fiel, 2015. 
 
 221 p. ; 21 cm. 
 Tradução de: Justification and regeneration. 
 ISBN 978-8581323169 
 
 1. Justificação (Teologia). 2. Regeneração (Teologia). I. 
 Título. 
 
CDD: 234.7 
SUMÁRIO
 Agradecimentos ................................................................................9
 Prefácio .........................................................................................11
 Introdução ......................................................................................15
 1 – Pecado: O problema final do homem.............................19
 2 – Pode um homem ser justo diante de Deus? .................31
 3 – Justificação: Suas características ......................................41
 4 – Regeneração: Tudo se faz novo ........................................61
 5 – Uma nova criação ................................................................67
 6 – Um novo homem ................................................................73
 7 – Um novo coração .................................................................79
 8 – Um novo nascimento .........................................................89
 9 – Uma nova natureza..............................................................97
 10 – Crucificação e ressurreição..............................................103
 11 – Uma mudança de reino: da carne para o espírito ......113
 12 – Uma mudança de reino: da terra para o céu ................125
 13 – Uma mudança de reino: do pecado para a justiça .....135
 14 – Uma mudança de reino: da lei para a graça .................143
 15 – Uma mudança de reino: de Adão para Cristo ............153
Apêndice A – Regeneração: um resumo ...............................165
Apêndice B – “Não pode pecar” .............................................177
Apêndice C – Romanos 7 .........................................................181
Apêndice D – Todas as bênçãos em Cristo ..........................195
Apêndice E – Perguntas frequentes .......................................207
AGRADECIMENTOS
Quero expressar minha gratidão especial a Paul Washer, da 
Sociedade Missionária HeartCry, por encorajar e apoiar a 
publicação deste livro, e também a Garrett Holthaus de Kirks-
ville, Missouri, por oferecer tantas sugestões valiosas a respeito 
de seu conteúdo. Ainda devo um agradecimento especial aos 
meus muitos revisores por terem trabalhado cuidadosamente 
na correção dos meus erros, e — acima de tudo — à minha 
esposa, Mona, por ter lido alegremente o manuscrito para mim 
durante uma viagem de treze horas de volta do Colorado, suge-
rindo-me uma série de modificações muito úteis.
PREFÁCIO
Parece haver um grande abismo separando os teólogos bíbli-
cos e os crentes sentados nos bancos das igrejas. Embora os 
teólogos sejam capazes de escalar o Everest das verdades de 
Deus e serem transformados pela visão arrebatadora, eles fre-
quentemente comunicam essa visão em uma linguagem que 
está além da nossa compreensão. Dessa forma, somos deixa-
dos à mercê da literatura cristã popular que, em muitos casos, 
não é nada mais do que histórias pitorescas, pragmatismo e 
psicologia batizada.
A igreja contemporânea não precisa de mais estratégias, 
passos ou chaves para a vida cristã. A igreja precisa da verdade 
e, mais especificamente, das grandes verdades que são o funda-
mento do cristianismo histórico. Nesta obra, o pastor Charles 
Leiter prestou um ótimo serviço à Igreja ao tomar duas das 
12 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
maiores doutrinas das Escrituras e dois dos maiores milagres 
na vida cristã, e explicá-los em uma linguagem simples sem 
perda de conteúdo.
Conforme lia o manuscrito deste livro, ficava maravilha-
do com sua simplicidade e escopo. As grandes doutrinas da 
justificação e regeneração só podem ser consideradas apro-
priadamente no contexto das outras grandes doutrinas da fé 
— o caráter santo e reto de Deus, a depravação humana, pro-
piciação, arrependimento, fé e santificação, para citar apenas 
algumas. O pastor Leiter não apenas nos deu uma visão equili-
brada de cada uma dessas doutrinas, mas também demonstrou 
como elas interagem para formar a fundação da vida cristã.
De particular interesse para mim foi a demonstração de 
uma visão apropriada da regeneração. Na evangelização dos 
dias modernos, esta preciosa doutrina foi reduzida a nada mais 
que uma decisão humana de levantar a mão, ir até à frente, ou 
fazer a “oração do pecador”. Como resultado, a maioria das pes-
soas acredita que “nasceu de novo” (i.e., foi regenerada) mesmo 
que seus pensamentos, palavras e obras sejam uma contínua 
contradição à natureza e vontade de Deus. O pastor Leiter de-
monstra que a regeneração é a obra sobrenatural de Deus por 
meio da qual o coração de pedra morto e depravado do peca-
dor é substituído por um novo coração que tanto deseja quanto 
é capaz de responder a Deus em amor e obediência. Em segun-
do lugar, o pastor Leiter trata Romanos 6 e 7 de forma lógica, 
consistente e com profunda simplicidade. A visão de nosso ir-
mão concernente a esses dois grandes capítulos tem sido fonte 
de grande força, conforto e alegria para mim ao longo dos anos 
de minha própria peregrinação.
Prefácio – 13
Já li este livro muitas vezes antes de ter sido impresso. Fui 
grandemente beneficiado por seus ensinos e posso recomen-
dá-lo de todo o meu coração. Que o Espírito de Deus possa 
iluminar seu coração e sua mente para que você possa não so-
mente compreender as Escrituras conforme explicadas aqui, 
mas para que elas também se tornem uma realidade em sua 
vida.
Paul David Washer
Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobe-
dientes, desgarrados, escravos de toda sorte de pai-
xões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e 
odiando-nos uns aos outros. Quando, porém, se mani-
festou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu 
amor para com todos, não por obras de justiça prati-
cadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos 
salvou mediante o lavar regenerador e renovador do 
Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, 
por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, 
justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, se-
gundo a esperança da vida eterna.
Tito 3.3-7
INTRODUÇÃO
16 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Dois grandes milagres encontram-se bem no coração e 
no cerne do evangelho. O primeiro é a justificação, por meio da 
qual criminosos são considerados justos aos olhos de um Juiz 
santo e reto. O segundo é a regeneração, por meio da qual peca-
dores malignos, escravizados e odiosos sãotransformados para 
amar a Deus e os homens. Seja direta ou indiretamente, esses 
dois milagres aparecem em toda parte no Novo Testamento. 
Eles são absolutamente a fundação para um entendimento 
apropriado tanto do evangelho quanto da vida cristã. Contudo, 
mesmo entre crentes genuínos, há muita confusão e ignorância 
a respeito dessas verdades preciosas e libertadoras da alma.
Nas páginas seguintes, você encontrará uma tentativa de 
demonstrar, à luz clara da Bíblia, a natureza e as características 
da justificação e da regeneração. Para fazê-lo, primeiro preci-
samos considerar no Capítulo 1 por qual motivo todos os 
homens se encontram em tal necessidade desesperada desses 
dois atos divinos. Isso envolverá uma discussão tanto da culpa 
objetiva quando da corrupção interna causada pelo pecado.
Porque todos os homens são culpados e corrompi-
dos pelo pecado, há um grande dilema moral no caminho da 
salvação do homem: Como pode um Deus justo justificar pe-
cadores injustos sem ele próprio se tornar injusto? O Capítulo 
2 examina esse dilema e como a sabedoria divina o solucionou 
por meio da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. No Capítulo 
3, a natureza e as características da justificação são então ex-
ploradas à luz das sete verdades sobre a justificação, conforme 
demonstradas na Escritura.
A Bíblia tem muito a dizer sobre regeneração. Em uma 
tentativa de obter uma visão clara do que é a regeneração, exa-
Introdução – 17
minaremos nove descrições bíblicas deste grande milagre nos 
Capítulos 4 a 13. Cada descrição olha para a mesma realidade 
gloriosa a partir de um ângulo diferente, iluminando suas dife-
rentes facetas.
No Capítulo 14, tanto a justificação quanto a regenera-
ção são consideradas nos termos das categorias mais amplas de 
“lei e graça” conforme apresentadas no Novo Testamento. E, 
finalmente, no capítulo de conclusão, ambas são consideradas 
como parte de uma realidade ainda maior e mais abrangente 
de nosso estar “em Cristo”. Cristianismo é Cristo. Toda bênção 
espiritual é encontrada “nele” — incluindo todas as bênçãos 
da justificação e regeneração — e nenhuma bênção espiritual 
existe longe dele.
Ao longo desse livro, deixei muitas referências importan-
tes da Escritura nas notas de rodapé, colocadas ao final de cada 
página para facilitar a leitura.
Charles Leiter
Para uma compreensão apropriada tanto da justificação quanto 
da regeneração, precisamos começar por onde a Bíblia começa, 
ou seja, pelo pecado. Todo pecado flui do desejo perverso do 
homem de se colocar no lugar de Deus — de ser o centro e a 
medida de todas as coisas e “conhecer” por conta própria o que 
é bom e o que é mau.1 De acordo com Tito 3.3-7, os homens 
em seu estado natural são “néscios, desobedientes, desgarrados, 
escravos de toda sorte de paixões”. Suas vidas são caracteriza-
das por “malícia, inveja e ódio”. Longe de reconhecerem essa 
situação, os homens perdidos se imaginam como “basicamen-
te bons”, a menos que Deus em sua misericórdia lhes revele a 
verdadeira condição de seus corações endurecidos. O pecado 
é o problema final e, de fato, o único problema da humanidade. É 
1 Gênesis 3.4-5
Capítulo 1 
PECADO
O PROBLEMA 
FINAL DO 
HOMEM
20 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
o meu problema final e meu único problema, e o seu problema 
final e seu único problema.
UMA VISÃO BÍBLICA DO PECADO
A Bíblia tem muito a dizer sobre o pecado. Se quisermos 
compreender corretamente a verdadeira natureza do pecado, 
precisamos deixar que a luz desta revelação bíblica ilumine 
nossas mentes escurecidas e quebrante nossos corações en-
durecidos. Apenas pense a respeito disso! De acordo com a 
Bíblia, o pecado é —
Absolutamente Universal
O pecado é absolutamente universal na raça humana. 
“Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se 
voltou para o seu próprio caminho”.2 “Não há justo, nem um se-
quer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos 
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o 
bem, não há nem um sequer”.3 Você e eu podemos sequer nos 
conhecer, mas há uma coisa da qual podemos ter certeza antes 
mesmo de sermos apresentados — ambos somos pecadores. 
Todo homem, mulher e criança na face da terra, não importa 
o quão jovem ou velho seja, é um pecador. Mesmo as crian-
ças pequenas, quando lhes é permitido andar em seu próprio 
caminho, são capazes das crueldades mais requintadas contra 
animais e umas contra as outras.
Raça e nacionalidade, da mesma forma, não oferecem 
imunidade ao pecado; mesmo as nações mais evoluídas cultural-
2 Isaías 53.6, NVI
3 Romanos 3.10-12
Pecado: O problema final do homem – 21
mente são capazes de genocídios, assim como as mais bárbaras. 
As câmaras de gás dos “civilizados” são meramente formas mais 
sofisticadas dos facões empunhados pelos “não civilizados”.
Da mesma forma, não existe tal coisa como o “bom sel-
vagem” ou o “pagão feliz”. Nas palavras de um missionário 
aposentado, “eu fui ao campo missionário para impedir um Deus 
mau de mandar homens bons para o inferno. Quando cheguei, 
descobri que eles eram monstros da iniquidade”. A questão aqui 
não é se os homens tiveram uma oportunidade de “aceitar Jesus”. 
A questão é se eles tiveram uma oportunidade de maltratar o 
missionário e rejeitar sua mensagem — pois, longe da obra espe-
cial do Espírito Santo, certamente é isso que eles fariam.4
O pecado é universal na raça humana.
Ubíquo
Não somente o pecado é universal; ele é ubíquo. Todo 
aspecto da personalidade humana e da existência humana é 
afetado por ele: 
A mente é cegada. “O deus deste século cegou o entendi-
mento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz...”.5 
A vontade é corrompida e incapacitada. “A maldade do 
homem se havia multiplicado na terra e... era continuamente 
mau todo desígnio do seu coração”.6 “Não quereis vir a mim para 
terdes vida”.7 “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, 
não o trouxer”.8
4 Mateus 22.1-6
5 2 Coríntios 4.4
6 Gênesis 6.5
7 João 5.40
8 João 6.44
22 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
As emoções são confusas e pervertidas. Alguns corações 
ardem em constante raiva e ódio; outros são atormentados 
dia e noite por medos sem sentido. Multidões riem de coisas 
que deviam fazê-las chorar, enquanto outras se derramam em 
lágrimas sem razão aparente. Tais são as profundas e ubíquas 
perversões causadas à personalidade humana, seja direta ou in-
diretamente, pelo pecado.
Irracional
O pecado é irracional. Muitos direitos de primogenitura 
sem preço foram trocados por um prato de sopa;9 muitos ca-
samentos e famílias foram jogados de lado por uma noite de 
prazer ilícito. Pelo efeito temporário do uso de drogas ilegais, 
os maiores poderes do cérebro humano são rotineiramente e 
permanentemente destruídos. Um momento de reflexão sobre 
os pecados de nosso passado é suficiente para confirmar que 
nenhum deles faz o menor sentido. Tal é a insanidade das ações 
do filho pródigo que seu arrependimento envolveu nada me-
nos que “cair em si mesmo”.10
Não existe pecado sábio.
Enganoso
O pecado é enganoso. A Bíblia fala sobre ser “endurecido 
pelo engano do pecado”.11 Assim como em todo engano, a víti-
ma desconhece o seu estado de enganação. Ao mesmo tempo 
em que pensa que é “rico e abastado e não precisa de coisa al-
9 Hebreus 12.16
10 Lucas 15.17
11 Hebreus 3.13
Pecado: O problema final do homem – 23
guma”, o homem é, na realidade, “infeliz, sim, miserável, pobre, 
cego e nu”.12 Ele que “inculcando-se por sábio”, mas na realida-
de tornou-se um “louco”.13
Endurecedor
Uma das coisas mais temíveis a respeito do pecado é seu 
poder de endurecer aquele que o pratica.14 Quanto mais fundo 
um homem mergulha no pecado, menos o pecado o incomoda. 
De acordo com a Bíblia, a própria consciência do homem se 
torna “cauterizada”.15 Todo pecador se encontra agora come-
tendo aqueles pecados que antes desprezava, e os pecados que 
despreza agora, ele se encontrará cometendo algum dia. Deve-
ria nos chocar a lembrança de que, um dia,Adolph Hitler foi 
um menino brincando com seus brinquedos, como qualquer 
outro menino. O homem conhece o início do pecado, mas ne-
nhum homem jamais conheceu o fim do pecado.
Escravizador
O pecado escraviza aqueles que o cometem. “Todo o que 
comete pecado é escravo do pecado”.16 Ninguém pode se libertar 
a si mesmo ou escapar dos laços do pecado. O pecado “reina” 
sobre o pecador e monta em suas costas como um tirano até 
que eventualmente o atira no poço da destruição e morte.17 Se 
você não for cristão, você possui uma corrente em volta do seu 
12 Apocalipse 3.17
13 Romanos 1.22
14 Hebreus 3.13
15 1 Timóteo 4.2
16 João 8.34
17 Romanos 5.21
24 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
pescoço muito pior que qualquer corrente física. Você até pode 
conseguir abandonar um pecado específico, mas outro pecado 
imediatamente tomará o seu lugar — frequentemente o pecado 
do orgulho ou da justiça própria pelo que você imagina ter reali-
zado ao mudar a si mesmo. O pecado é escravizador.
Degradante
O pecado afunda o mais distinto e mais nobre dos homens 
e das mulheres nas profundezas da vergonha e degradação. O 
jovem rapaz que antes vestia um terno fino e sentava-se em uma 
cadeira de couro em seu escritório agora se encontra com a bar-
ba por fazer, deitado sobre o próprio vômito como resultado 
do pecado. A jovem moça que antes era limpa, bela e inocente 
agora é vulgar, sensual e suja — mais uma vez, por causa do 
pecado. Homens e mulheres feitos à imagem de Deus, criados 
para sonharem sonhos imortais e pensarem os longos pensa-
mentos da eternidade, são reduzidos pelo pecado a seres que 
se chafurdam na lama como um porco por um reles pedaço de 
pão. O pecado transformou anjos em demônios;18 e transforma 
homens em “animais irracionais”.19 O pecado é degradante.
Pervertido
Finalmente, o pecado é pervertido.20 O pecado não é uma fri-
volidade; o pecado não é “bonitinho”; o pecado não é divertido. O 
pecado é extremamente perverso e mau, é “sobremaneira maligno”.21 
Todo pecado é depravado, feio e vil. Deveríamos nos chocar em ver 
18 Mateus 25.41
19 2 Pedro 2.12; Judas 1.10
20 Marcos 7.20-23
21 Romanos 7.13
Pecado: O problema final do homem – 25
como os homens perversos podem ser e o quão cauterizados po-
demos nos tornar a tal perversidade. Nós nos acostumamos com 
ela! O primeiro bebê que nasceu no mundo cresceu para assassi-
nar seu próprio irmão.22 E a história humana, desde então, tem sido 
um longo fluxo de constante guerra, concupiscência, ódio, tortura, 
estupro, perversão, abuso e brutalidade. É uma bênção para nós 
que não saibamos em detalhes os pecados que foram cometidos 
na noite passada em nossa própria cidade. Tal conhecimento seria 
por demais pervertido para alguém carregar.
Dessa maneira, precisamos admitir o fato de que o mun-
do não é do jeito que é por ser habitado por algumas poucas 
pessoas tão más quanto Hitler; o mundo é do jeito que é por-
que é composto de multidões de pessoas como você e eu! Há 
uma profunda perversidade em cada um de nós. Algumas vezes 
Deus usa coisas aparentemente “pequenas” para nos mostrar 
esta perversidade. Para Agostinho, não foi tanto seu estilo de 
vida imoral, mas o roubo despropositado das peras da árvore 
de um vizinho em sua juventude — não por fome, mas por es-
porte — que lhe revelou a profunda depravação de seu próprio 
coração. O pecado, apenas pelo prazer de fazer o mal, sem qual-
quer razão ou recompensa, flui de dentro do coração humano e 
corrompe a todos nós.
OS DOIS LADOS DO PROBLEMA 
DO PECADO DO HOMEM
O pecado é o problema final e, de fato, o único problema da 
humanidade. Mas este “problema do pecado” possui dois as-
pectos distintos — um interno e outro externo.
22 Gênesis 4.8
26 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
O Problema Interno — Um Coração Mau
De acordo com o Senhor Jesus Cristo, o próprio homem 
é corrupto e vil. “O que sai do homem, isso é o que o contami-
na. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem 
os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os 
adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blas-
fêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro 
e contaminam o homem.”23 Essa é a condição de todo coração 
humano longe de Cristo. Se um filme, até mesmo de nossos pen-
samentos passados, para não falar de nossas ações passadas, fosse 
projetado em um telão diante de nossa família e conhecidos, 
cada um de nós sairia correndo do cinema morrendo de vergo-
nha. Todo não cristão é — em sua pessoa — mais repulsivo a um 
Deus santo do que ele jamais seria capaz de imaginar.
Mas o problema do homem com o pecado vai ainda mais 
fundo que isso. Suponha que, por algum milagre, um pecador 
pudesse se tornar uma nova pessoa e nunca mais pecasse pelo 
resto de sua vida. Ele ainda assim iria certamente para o infer-
no. O assassino em série que sinceramente decide nunca mais 
matar precisa ainda assim pagar por seus crimes cometidos no 
passado. Em outras palavras, o problema do homem com o pe-
cado possui outra dimensão além da interna. O homem não 
somente possui um coração mau; ele também possui um histó-
rico mau aos olhos da lei de Deus.
O Problema Externo — Um Histórico Mau
Todo pecador é um fugitivo da justiça. A despeito da con-
dição presente de seu coração, ele possui uma culpa objetiva, 
23 Marcos 7.20-23
Pecado: O problema final do homem – 27
fora dele mesmo, aos olhos da lei de Deus. Talvez ele não tenha 
nenhum “sentimento de culpa”, mas ele se encontra “culpado” 
ou “condenado”, ainda assim. Todos os seus crimes passados 
clamam para que sua punição seja paga e que a justiça seja sa-
tisfeita. Esse clamor encontra-se ancorado no próprio caráter e 
ser de Deus, em seu atributo de justiça ou equidade.
É por causa desse senso de equidade ou justiça que Deus 
colocou nas profundezas do coração humano que imediata-
mente nos sentimos moralmente ultrajados quando se permite 
que o perpetrador de um crime saia sem punição. Por quê é 
errado que um estuprador assassino receba apenas uma multa 
de dez reais? Nós não podemos provar que ele merece punição 
pior, mas intimamente sabemos que sim. Esse conhecimento 
inescapável dentro de nós é algo mais fundamental e certo que 
qualquer “prova” teórica. É algo absolutamente básico à cons-
tituição humana — um reflexo da própria natureza de Deus.
Muito poderia ser dito a respeito do atributo da justiça 
de Deus, especialmente nestes dias em que o próprio con-
ceito de justiça parece ter se perdido na sociedade de forma 
geral. Há três razões básicas por que um crime deve ser pu-
nido: em primeiro lugar, para a satisfação da justiça (ou seja, 
porque crimes merecem ser punidos e devem ser punidos); 
em segundo lugar, para o bem da sociedade (ou seja, para a 
prevenção de crimes futuros); e em terceiro lugar, para o be-
nefício do ofensor (ou seja, para levá-lo a uma mudança de 
rumo na vida). Dessas três, a satisfação da justiça é a principal 
e mais fundamental que as outras duas. Se a punição de um 
crime não é por si própria justa e merecida, ela não deterá cri-
mes futuros nem corrigirá o ofensor.
28 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Em nossos dias, a razão primária e mais fundamental 
para a punição — a satisfação da justiça — tem sido quase 
que completamente suprimida e negada. Apenas a segunda e 
a terceira razão permanecem, sendo que mesmo essas têm sido 
trocadas em ordem de importância. A “correção” do ofensor é 
atualmente a razão primária, e as prisões não são mais chama-
das de prisões, mas de “centros de correção”. Mesmo aqueles 
que ainda acreditam que o crime deve ser punido pelo bem da 
sociedade mantêm a crença de que assassinos devem receber 
sua sentença não por terem cometido assassinato, mas apenas 
a fim de prevenir homicídios futuros.  Tal filosofia é perversa e 
falsa, e baseia-se na mentira de que homens e mulheres não são 
verdadeiramente responsáveis por suas ações.
Não é difícil de compreender como essa situação veio 
a se formar. Porque os homens queremeles próprios ser 
Deus,24 eles odeiam o pensamento de um Legislador sobe-
rano a quem precisam prestar contas. Eles buscam suprimir 
essa verdade inescapável de que Deus está ao redor deles e 
dentro deles,25 afirmando o contrário, que Deus não existe.26 
Essa negação da existência de Deus lhes facilita fingir que 
não existe tal conceito de certo e errado. Ao invés de serem 
pecadores culpados, homens e mulheres são vistos como víti-
mas indefesas de suas circunstâncias. Em um cenário desses, 
a punição a fim de satisfazer a justiça torna-se impensável. O 
homem é livre para agir conforme lhe agrada e não responde 
a ninguém.
24 Gênesis 3.4-5
25 Romanos 1.18ss.
26 Salmo 10.4; 14.1; 53.1
Pecado: O problema final do homem – 29
Mas não importa o quanto os homens tentem suprimi-la, 
ainda existe uma verdade indelével no coração humano de que 
certo e errado são reais,27 que os homens são responsáveis por suas 
transgressões, e que o pecado merece ser punido.28 Lá no fundo, 
todos os homens sabem que a balança da justiça precisa ser equi-
librada no fim das contas.29 Se você não for cristão e estiver lendo 
essas linhas, a balança da justiça está muito desequilibrada em sua 
vida presente, e você pode estar certo — baseando-se no próprio 
ser e no caráter justo de Deus — de que se você continuar em sua 
condição atual, ele nunca descansará ou cederá até que você esteja 
no inferno. Todo o tecido moral do universo entraria em colapso 
caso ele não colocasse você no inferno.
É neste contexto que a Bíblia nos fala da “ira de Deus”. A 
ira de Deus não é uma perda temporária de autocontrole ou um 
ataque emocional egoísta. É o seu ódio santo e incandescen-
te pelo pecado, a reação e o asco de sua natureza santa contra 
tudo que é mau. A ira de Deus está ligada diretamente à sua 
justiça. Ela tem a ver com sua determinação justa de punir todo 
pecado, de equilibrar a balança da justiça e endireitar tudo que 
está errado. É por isso que a ira de Deus “permanece” sobre 
todo incrédulo.30 Quanto mais o homem persiste no pecado, 
mais ele “acumula contra si mesmo ira para o dia da ira e da 
revelação do justo juízo de Deus”.31 A ira de Deus irá, afinal, ser 
“derramada”; ele é um juiz justo e não irá permitir que o pecado 
siga sem punição eternamente.
27 Romanos 2.14-16
28 Romanos 1.32
29 Atos 28.4
30 João 3.36
31 Romanos 2.5
É neste ponto que encontramos o maior de todos os 
obstáculos imagináveis à salvação humana: Como um Juiz ab-
solutamente justo e reto pode de alguma forma justificar (declarar 
justo) um criminoso absolutamente culpado e condenado? Como 
qualquer ser humano pode escapar da condenação do inferno? 
O próprio Deus nos diz que aquele “que justifica o perverso e 
o que condena o justo abomináveis são para o senhor, tanto 
um como o outro”.32 Suponha que um pai chegue em casa e 
encontre sua família assassinada. Depois de uma persegui-
ção agonizante, ele consegue capturar o assassino. Quando o 
criminoso finalmente se apresenta diante do juiz, ele é inques-
tionavelmente considerado culpado pelo crime. Mas quando 
chega a hora da sentença, o juiz faz a seguinte declaração: “Este 
32 Provérbios 17.15
Capítulo Dois
PODE UM 
HOMEM SER 
JUSTO DIANTE 
DE DEUS?
32 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
homem cometeu um crime terrível, mas eu sou um juiz profun-
damente amoroso e escolho declará-lo inocente. Na verdade, 
eu o declaro justo diante da lei”! Tal juiz seria corretamente 
considerado um criminoso tão grande quanto o assassino! Ele 
“justificou o perverso” e “é abominável para o senhor”.
Mas se isso pode ser considerado verdadeiro mesmo à luz 
da justiça humana, quanto mais verdadeiro não é quando trata-
mos da justiça de Deus? Como os filhos perversos e culpados 
de Adão podem algum dia ter a esperança de se encontrarem 
diante de Deus, o justo Juiz do universo? Como Deus poderia 
de alguma forma “justificar o ímpio” sem ele próprio se tornar 
abominável? “O que disser ao perverso: Tu és justo; pelo povo 
será maldito e detestado pelas nações.”33 Como Deus pode 
dizer a pecadores como nós, “Tu és justo”, sem violar o seu pró-
prio caráter? Como Deus pode de alguma forma salvar-nos dele 
próprio e de sua própria retidão e justiça?
Esse dilema criou misérias indizíveis para cada alma sensí-
vel à culpa. Foi um problema terrível para o patriarca Jó. “Como 
pode o homem ser justo para com Deus? Se quiser contender 
com ele, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.”34 “Que 
é o homem, para que seja puro? E o que nasce de mulher, para 
ser justo? Eis que Deus não confia nem nos seus santos; nem os 
céus são puros aos seus olhos, quanto menos o homem, que é 
abominável e corrupto, que bebe a iniquidade como a água!”35 
“Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria 
puro aquele que nasce de mulher? Eis que até a lua não tem bri-
33 Provérbios 24.24
34 Jó 9.2-3
35 Jó 15.14-16
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 33
lho, e as estrelas não são puras aos olhos dele. Quanto menos 
o homem, que é gusano, e o filho do homem, que é verme!”36
Ninguém sente a força desse dilema moral mais que o 
pecador arrependido. Ele sabe que merece ir para o inferno. 
Na esfera dos governos humanos, com alguma frequência, os 
criminosos se entregam às autoridades para que a justiça seja 
feita, ao invés de continuar vivendo com um senso insuportá-
vel de culpa! Pecadores arrependidos sabem que merecem ser 
punidos, e que não seria justo que não o fossem. Eles sabem 
que Deus não pode simplesmente “varrer os seus pecados para 
debaixo do tapete” e simplesmente esquecê-los. Dessa forma, o 
clamor de seus corações é: “Como pode um Deus justo algum 
dia sorrir para mim? Como este fardo de culpa pode ser remo-
vido? Como Deus pode pronunciar uma bênção sobre mim? 
Como um homem como eu pode ser justo diante de Deus”!
IMPUTAÇÃO
Só existe uma única resposta para esse dilema. Alguém pre-
cisa pagar pelos pecados dos pecadores. A justiça precisa ser 
satisfeita. Ou ela será satisfeita pelos sofrimentos do próprio 
pecador eternamente no inferno, ou ela terá de ser satisfeita por 
alguma outra pessoa no lugar do pecador.
Maravilha das maravilhas! Esse “Alguém” veio! O Senhor 
Jesus Cristo “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o ma-
deiro, os nossos pecados”.37 “Certamente, ele tomou sobre si as 
nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o 
reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi 
36 Jó 25.4-6
37 1 Pedro 2.24
34 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas ini-
quidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas 
suas pisaduras fomos sarados.”38
Como essa grande transação acontece? Para compreen-
dê-la, precisamos considerar a pequena palavra “imputar”. Ela 
também é traduzida como “reconhecer”, “contar”, “considerar”. 
Podemos começar a entender o que ela significa ao atentar para 
uma passagem da carta de Paulo a Filemon a respeito do retorno 
de seu escravo Onésimo: “Se, portanto, me consideras compa-
nheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo. E, se algum dano 
te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta”.39 
Aqui, Paulo instrui Filemon a “lançar em sua conta” [literal-
mente, “imputar”] qualquer débito que Onésimo pudesse estar 
devendo a Filemon. Essa não era realmente uma dívida de Paulo, 
mas Paulo, por sua própria vontade, tomou para si aquele débito, e 
ele foi lançado em sua conta!
Agora, essa mesma palavra e suas variações são usadas 
para se referir a pecado. Por exemplo, a Bíblia diz que “o peca-
do não é imputado (“lançado em nossa conta”), não havendo 
lei”.40 Novamente, em Romanos 4, Paulo diz: “Mas, ao que não 
trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe 
é atribuída como justiça. E é assim também que Davi declara 
ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui (“impu-
ta”) justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados 
aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são 
cobertos; bem-aventuradoo homem a quem o Senhor jamais 
38 Isaías 53.4-5
39 Filemon 17-18
40 Romanos 5.13
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 35
imputará pecado”.41 Que transação gloriosa! Nossos pecados 
não são imputados a nós, porque foram imputados a Cristo, 
e, aceitando-os como se fossem seu próprio débito, ele os pagou 
completamente!
Podemos ver essa mesma realidade no conceito de “car-
regar os pecados” do Antigo Testamento. No grandioso Dia da 
Expiação, dois bodes eram sacrificados — um derramava seu 
sangue para expiar os pecados,42 enquanto o outro bode (vivo) 
carregava esses pecados embora para um lugar solitário43: “Arão 
fará chegar o bode sobre o qual cair a sorte para o senhor e o 
oferecerá por oferta pelo pecado. Mas o bode sobre que cair a 
sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o se-
nhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao deserto 
como bode emissário”.44 Aqui Deus utiliza dois bodes para nos 
ensinar uma verdade a respeito da obra expiatória do Senhor 
Jesus Cristo. Por um lado, ele morre por nossos pecados, e por 
outro — como resultado daquela morte —, ele eficazmente leva 
nossos pecados embora da presença de Deus.
Perceba a realidade gloriosa da imputação presente aqui! 
“Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre 
ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as 
suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a ca-
beça do bode e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à 
disposição para isso. Assim, aquele bode levará sobre si todas as 
iniquidades deles para terra solitária; e o homem soltará o bode 
41 Romanos 4.5-8
42 Levítico 16.16
43 Levítico 16.22
44 Levítico 16.9-10
36 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
no deserto.”45 A pergunta que cada um de nós deveria fazer a si 
mesmo é a seguinte: “Será que eu já pus as mãos da fé sobre o 
Senhor Jesus Cristo e dei-lhe todos os meus pecados para que 
ele os levasse a uma terra solitária?
Nem todo o sangue de animais
Mortos sobre o judaico altar
Pode dar à consciência culpada paz,
Ou todas suas manchas lavar.
Mas Cristo, o Cordeiro celestial,
Leva todos os nossos pecados embora,
Um sacrifício de nome mais nobre
E sangue mais rico que eles.
Minha fé poria sua mão
Sobre aquela tua cabeça querida,
Enquanto como um penintente estou,
E lá confesso meu pecado.
Isaac Watts
Um substituto morreu em nosso lugar! “Todos nós an-
dávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo 
caminho, mas o senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós 
todos.”46 É dessa forma que um Deus justo pode justificar cri-
minosos de uma vida toda em seu tribunal celestial. Ele abre 
nossas contas e vê que o débito já foi imputado a seu Filho 
45 Levítico 16.21-22
46 Isaías 53.6
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 37
amado. Mais do que isso, ele vê que o nosso débito foi real-
mente pago por completo por ele. Aleluia! Deus, em seu grande 
amor,47 desenvolveu uma forma de nos salvar dele mesmo e de 
sua própria justiça! Ele o fez ao entregar seu único Filho para 
morrer em nosso lugar.
O CORAÇÃO DO EVANGELHO
Essas realidades estão no próprio coração do evangelho. Elas 
são expostas pelo apóstolo Paulo em Romanos 3.21-26, uma 
passagem um tanto complexa que se torna clara à medida que 
compreendemos o significado da imputação discutida acima:
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemu-
nhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a 
fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem; 
porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da 
glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua 
graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem 
Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante 
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tole-
rância, deixado impunes os pecados anteriormente cometi-
dos;  tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo 
presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele 
que tem fé em Jesus.
Aqui, Paulo declara que Cristo morreu para pagar o nosso 
débito de pecado a fim de que Deus pudesse “justificar” pecado-
res e ao mesmo tempo permanecer “justo”. Ao longo do Antigo 
47 João 3.16; 1 João 4.9-10
38 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Testamento, os pecados foram meramente “deixados impunes”, 
o pagamento de sua culpa sendo postergado ano após ano, até 
que viesse o Cordeiro cuja morte os levaria verdadeiramente 
embora.48 Durante todo esse tempo, parece que Deus estava 
sendo injusto, visto que ele justificou homens (como Abraão 
e Davi) sem que a justiça fosse realmente satisfeita. Portanto, 
era necessário que Cristo morresse “publicamente”, manifes-
tando abertamente a justiça de Deus para que todos a vissem, 
satisfazendo-a completamente na cruz pelos pecados cometi-
dos. Nesse sentido, Cristo morreu não somente para justificar 
homens, mas para justificar Deus! Sua morte na cruz vindicou 
e manifestou a justiça absoluta de Deus ao justificar seu povo. 
Como uma “propiciação” (i.e., um sacrifício que remove a ira) 
pelos nossos pecados, Cristo tira de sobre nós a ira judicial de 
Deus. Somos “justificados gratuitamente” (a justificação é ab-
solutamente de graça para nós), “mediante a redenção que há 
em Cristo Jesus” (a justificação custou muito caro para Deus). 
Somos justificados ao receber a “graça para a justificação”,49 
“justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo”.50
Você ainda está carregando o fardo de sua culpa e seus 
pecados? Você ainda está sob a ira de Deus? “Eis o Cordeiro de 
Deus que tira o pecado do mundo!”51 “Haverá uma fonte para 
remover pecado e impureza”.52 “O sangue de Jesus, seu Filho, 
nos purifica de todo o pecado”.53 Não importa quão terríveis 
48 Hebreus 9.15
49 Romanos 5.17
50 Romanos 3.22
51 João 1.29
52 Zacarias 13.1
53 1 João 1.7
Pode um homem ser justo diante de Deus? – 39
sejam os seus pecados, eles não são nada comparados ao va-
lor infinito do sangue de Cristo!54 “Onde abundou o pecado, 
superabundou a graça”.55 Venha a ele! Ele o convida e também 
ordena que venha; você não precisa temer estar sendo presun-
çoso ao vir: “Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba 
de graça a água da vida”.56 Venha a ele! Tome a água da vida! 
Lance seus pecados sobre ele e confie nele como quem levará 
seus pecados. “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”.57
54 1 Pedro 1.18-19; Atos 20.28
55 Romanos 5.20
56 Apocalipse 22.17; Mateus 11.28
57 Atos 16.31
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as 
nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, 
ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas 
nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o 
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pi-
saduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados 
como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o se-
nhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.
Isaías 53.4-6
Vimos que o maior problema do homem é o pecado. Mas 
esse problema do pecado possui dois aspectos: o primeiro é in-
terno — o homem possui um coração mau. O segundo é externo 
— o homem possui um histórico mau. Dizendo isso de outra 
Capítulo Três
JUSTIFICAÇÃO:
SUAS 
CARACTERÍSTICAS
42 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
forma: para todo aquele que não é cristão, o pecado tanto o cor-
rompe (o que tem a ver com aquilo que ele é) quanto o condena 
(o que tem a ver com aquilo que ele fez). Por um lado, o poder do 
pecado está reinando dentro dele; por outro lado, a punição do 
pecado está clamando pela morte dele. E, mesmo que ele não 
fosse impotente para se libertar do poder do pecado, ainda assim 
estaria desesperançado por conta da punição do pecado. Somente 
quando um homem vem a enxergar essas realidades terríveis que 
o nome “Jesus” passa a significar alguma coisa para ele. “E lhe po-
rás o nome de Jesus [“Jeová é salvação”], porque ele salvará o seu 
povo dos pecados deles”.58 O Senhor Jesus Cristo salva seu povo 
dos pecados deles— tanto da punição por seus pecados quanto 
do poder de seus pecados. Ele realiza este na justificação e aquele 
na regeneração.
No Capítulo 2, começamos a considerar a justificação: 
Como um homem pode “estar justo” diante de Deus? Esse é 
o dilema que tem atormentado os homens ao longo da Histó-
ria. Ele levou Martinho Lutero a rastejar de joelhos subindo 
os degraus da assim chamada Scala Sancta em Roma e levou 
monges a vestir camisas feitas de cabelo humano e anzóis em 
uma tentativa de pagar por seus pecados. Até os dias de hoje, 
ele leva os nativos das ilhas da Polinésia a sacrificar galinhas 
e aspergir seu sangue para os deuses. Em países mais “civili-
zados”, muitos se contentam em “ir à igreja” ou com alguma 
outra forma de “boas obras” a fim de aplacar suas consciên-
cias culpadas. E em todo lugar os homens estão tentando se 
“justificar”, racionalizando ou apresentando desculpas para 
seus atos perversos.
58 Mateus 1.21
Justificação: Suas características – 43
Como um homem pode ser justo diante de Deus? Existe ape-
nas uma única resposta: um homem pode ser justo diante de 
Deus unicamente por meio da vida e morte do Senhor Jesus 
Cristo em seu lugar. “Carregando ele mesmo em seu corpo, 
sobre o madeiro, os nossos pecados.”59 “Aquele que não conhe-
ceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos 
feitos justiça de Deus.”60 Somente Cristo pode nos fazer justos 
diante de Deus.61 Neste capítulo, consideraremos sete verdades 
que são ensinadas nas Escrituras a respeito desse grande tema.
A JUSTIFICAÇÃO É BASEADA 
NO SANGUE DE JESUS
“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, se-
remos por ele salvos da ira.”62 “O sangue de Jesus, seu Filho, nos 
purifica de todo pecado.”63 O que significa dizer que a justifica-
ção é baseada no sangue de Jesus? Significa que a justificação 
acontece com base no pagamento de um resgate; ela acontece 
com base na satisfação da justiça. Em outras palavras, quando 
Deus “justifica” uma pessoa, ele não está mais olhando para a 
própria pessoa. Ao invés disso, ele está olhando para o sangue de 
Cristo. Somos “justificados pelo seu sangue”! Deus não justifica 
um homem com base em qualquer coisa inerente ao próprio 
homem. Em particular, não é porque o homem é — de algu-
ma maneira, forma ou modo — piedoso que Deus o justifica. 
Somos especificamente informados em Romanos 4.5 de que 
59 1 Pedro 2.24
60 2 Coríntios 5.21
61 João 14.6; 1 Timóteo 2.5-6; Atos 4.12
62 Romanos 5.9
63 1 João 1.7
44 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Deus “justifica o ímpio”! Essas palavras são verdadeiramente 
surpreendentes e maravilhosas. Você se sente indigno de rece-
ber a justificação? Você é mesmo! Tudo a seu respeito clama 
por sua condenação. Longe do sangue e da justiça de Cristo, 
você não tem qualquer esperança.
Não há nada no homem que leve Deus a justificá-lo, 
incluindo seu arrependimento e fé. Arrependimento não paga 
pelos pecados. O remorso de um criminoso por seus crimes 
cometidos não satisfaz as justas demandas da lei. Da mesma 
forma, a fé não pode pagar pelos pecados! Somente o sangue 
de Jesus pode pagar pelos pecados! A Justificação é baseada 
no sangue de Cristo.
Será que meu zelo não conhecerá descanso,
Ou minhas lágrimas para sempre fluirão,
Tudo pelo pecado que não pode ser expiado;
Tu precisas salvar, e Tu somente.
Augustus Toplady
Isso explica porque uma pessoa pode ter uma fé muito fra-
ca e ainda assim ser justificada. Imagine duas pontes cruzando 
um abismo: uma delas é muito fraca e duvidosa; a outra é muito 
forte. Um homem pode ter uma fé muito forte na ponte fraca e 
confiantemente passar por sobre ela. Sua fé forte não o poupará 
de despencar para sua própria morte. Por outro lado, um homem 
pode ter uma fé muito fraca na ponte forte e, apenas com muito 
medo e tremor, ser capaz de aventurar-se a passar por sobre ela. 
A ponte o manterá em segurança, a despeito de sua fraca fé. Tudo 
que é necessário é que ele tenha fé o suficiente para atravessar a 
Justificação: Suas características – 45
ponte! Quando alguém disse a Hudson Taylor que ele deveria 
ser um homem de muita fé, ele respondeu: “Não, eu sou um ho-
mem de fé muito pequena em um Deus muito grande”.
Quando o Anjo da Morte passou sobre o Egito na noite 
de Páscoa, Deus estava olhando apenas para uma coisa — o 
sangue nos umbrais das portas. “Quando eu vir o sangue, pas-
sarei por vós.”64 Aqueles dentro das casas certamente estavam 
cheios de temor e tremor, mas isso não fez a menor diferença, 
contanto que o sangue estivesse no umbral da porta.
Em sua autobiografia Seen and Heard [Visto e Ouvido], 
o evangelista itinerante escocês James McKendrick nos conta 
da gloriosa conversão de George Mayes, conhecido por toda a 
região como o mais ultrajante dos pecadores. Quando, algum 
tempo depois, McKendrick retornou ao local onde Mayes vivia, 
encontrou-o, no entanto, em um estado de alma atormentado. 
“Já não pareço sentir-me como me sentia antes”, George lamentou. 
“George”, disse McKendrick, “se você tivesse um xelim em seu 
bolso e se sentisse maravilhosamente feliz por isso, por acaso 
esse xelim valeria quinze centavos apenas porque você estava 
se sentindo feliz?” “Não”, disse George. “Bem, quanto então o 
xelim valeria?” “Apenas doze centavos”, ele respondeu. “E supo-
nha que você estivesse extremamente infeliz e ainda possuísse 
aquele xelim em seu bolso, por acaso ele valeria somente nove 
centavos por conta da sua infelicidade?” Novamente, George 
respondeu, “Não”. “Quanto valeria então?” perguntou McKen-
drick. “Doze centavos”, disse George. “Bem, você é capaz de 
perceber que sua alegria não adiciona nada ao valor do xelim, 
nem sua infelicidade tira qualquer valor desse mesmo xelim, e 
64 Êxodo 12.13
46 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
que ele continuará valendo doze centavos independentemente 
de como você se sinta?” “Sim, eu creio nisso”, respondeu George. 
“Então, diga-me — são os seus sentimentos de felicidade ou 
o sangue de Cristo que afasta os seus pecados?” “Ah, é o san-
gue de Cristo”, respondeu George. “Então, você não é capaz de 
enxergar que quando estiver feliz você não está mais seguro, e 
quando estiver infeliz não está menos seguro? É o sangue de 
Cristo que afasta os seus pecados, coloca-o em segurança e o 
mantém salvo ao longo do ano inteiro”, McKendrick concluiu. 
A respeito disso só podemos dizer, “Aleluia”!
Ouço as palavras de amor,
Contemplo o sangue,
Vejo o sacrifício poderoso,
E tenho paz com Deus.
Esta paz eterna!
Tão certa quanto o nome de Jeová;
Tão sólida quanto seu trono inabalável,
Para todo o sempre imutável.
As nuvens podem ir e vir,
E as tempestades podem varrer meu céu —
Esta amizade selada com o sangue jamais mudará;
A cruz sempre perto está.
Horatius Bonar
Cristão, você está olhando para dentro de si em busca de 
confiança? Assim você jamais a encontrará! Mesmo as imensas 
Justificação: Suas características – 47
âncoras dos navios transatlânticos não servirão para nada se fi-
carem guardadas em seus compartimentos. Elas precisam ser 
lançadas para fora do navio! Lance sua âncora sobre Jesus Cris-
to! Coloque toda sua confiança nele! Somente a justiça dele é a 
sua confiança e esperança.
JUSTIFICAR SIGNIFICA “DECLARAR JUSTO”
“Justificar” significa “declarar justo”; não significa “tornar justo”. 
Quando Deus nos justifica, ele declara que algo é verdadeiro 
sobre nós “no lado de fora” (i.e., “objetivamente”); Ele declara 
que somos justos (“retos”) à vista de sua lei. Justificação não 
nos torna bons por dentro. (Deus de fato nos torna bons por 
dentro, mas isso tem a ver com regeneração — o novo homem 
é “criado em justiça e retidão procedentes da verdade”65) Justi-
ficação, em contraste, é uma afirmação (uma declaração) sobre 
nossa posição aos olhos da lei de Deus.
O fato de que a justificação é uma declaração a respeito 
de nossa posição pode se tornar mais claro quando considera-
mos que o oposto de “justificar” é “condenar”. “Quem intentará 
acusação contra oseleitos de Deus? É Deus quem os justifica. 
Quem os condenará?”66 Quando um juiz “condena” um ho-
mem, ele não muda aquilo que o homem é por dentro, mas 
“intenta uma acusação contra ele.” Ele o declara culpado aos 
olhos da lei. Igualmente, quando um juiz “justifica” um ho-
mem, ele não muda aquilo que o homem é por dentro, mas 
apenas declara que ele é justo aos olhos da lei.
65 Efésios 4.24
66 Romanos 8.33-34
48 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
A JUSTIFICAÇÃO NÃO POSSUI 
GRADAÇÕES OU NÍVEIS
Ou um homem é 100% justo, ou está condenado. Se um as-
sassino é acusado de sete homicídios, mas é condenado por 
apenas um, ele ainda assim é um homem condenado! Lei-
tor, ainda que você tivesse que pagar apenas um pecado por 
conta própria, você estaria condenado ao inferno por toda a 
eternidade! Para o cristão já não há condenação. Nenhuma, 
qualquer que seja! “Agora, pois, já nenhuma condenação há 
para os que estão em Cristo Jesus.”67 Se você pertence a Cris-
to, já está 100% justificado nele; não há nenhuma condenação 
para você. E a justiça que você possui aos olhos da lei de Deus 
não é simplesmente uma boa justiça; é a própria justiça de 
Cristo; é a “justiça de Deus”! “Aquele que não conheceu pe-
cado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos 
justiça de Deus.”68
A justificação não possui gradações! Ó, cristãos, lançai 
mão dessa verdade! O diabo tentará fazê-lo pensar que você 
está pelo menos um pouquinho condenado à vista da lei de Deus. 
Mas você não está! Maravilha das maravilhas! O apóstolo Pau-
lo conhecia a Deus melhor do que nós, mas ele não estava nem 
um pouquinho mais justificado que nós! Nem mesmo o próprio 
Senhor Jesus era mais justificado que nós, pois sua própria justi-
ça é nossa! Nossa justificação é perfeita e absoluta.
Jesus, teu sangue e justiça
Minha beleza são, minhas vestes gloriosas;
67 Romanos 8.1
68 2 Coríntios 5.21
Justificação: Suas características – 49
Em meio aos mundos flamejantes, assim vestido,
Com alegria levantarei minha cabeça!
Este manto imaculado parece o mesmo,
Quando a natureza arruinada afunda por anos;
Nem mesmo o tempo pode alterar sua matiz gloriosa,
O manto de Cristo está sempre novo.
Nicholas von Zinzendorf
JUSTIFICAÇÃO É MAIS DO QUE PERDÃO
Em muitos governos, o presidente ou governante tem o po-
der de perdoar criminosos. Isso é conhecido como “clemência 
executiva”. Presidentes têm sido conhecidos por perdoarem ex-
-presidentes, e governadores de estados têm sido conhecidos 
por perdoarem todos os criminosos no corredor da morte como 
último ato de seu governo. Algumas questões são levantadas: 
“Quando esses homens foram perdoados, os crimes cometidos 
por eles foram pagos”? A resposta é não! “Será que a sentença da 
lei sob ameaça foi cumprida?” Novamente, a resposta é não! “A 
justiça foi satisfeita?” Não! Todas essas negativas fluem do fato 
de que o perdão não tem como base o pagamento pelo pecado. 
O perdão deixa o criminoso “se livrar de uma boa”, por assim 
dizer. A sentença da lei nunca é cumprida. O perdão é um ato de 
autoridade por um governante.
Em contraste, a justificação é uma declaração de um juiz, e 
tem como base a justiça. Cristão, quando Deus o justifica, ele não 
está “deixando você se livrar de uma boa” com os seus pecados 
ainda pairando no ar. Ele não finge que os seus pecados já foram 
pagos. Em vez disso, ele vê que os seus pecados realmente já fo-
ram pagos por Cristo, e então faz uma declaração baseada nesse 
50 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
fato. Ele faz uma declaração sobre a forma como as coisas de fato 
são. Se isso não fosse verdade, seria impossível a qualquer crente 
andar de cabeça erguida. Pense em Carol Everett, uma ex-pro-
prietária de uma clínica de aborto responsável pela morte de 
dezenas de milhares. Pense em David Berkowitz, o famoso assas-
sino em série, agora um crente em Cristo. Pense em si próprio!
A única maneira pela qual um pecador arrependido pode 
agora andar de cabeça erguida é saber que os seus pecados já fo-
ram todos pagos! Se ele pensasse que simplesmente “se livrou 
de uma boa”, o pecador arrependido preferiria satisfazer a jus-
tiça no inferno que viver com a culpa de seus crimes passados. 
Amado cristão, você pode ter memórias terríveis de seu passa-
do pecaminoso, mas pode ter certeza de uma coisa: nenhum 
desses pecados está pairando no ar. Eles desceram… sobre o 
Senhor Jesus Cristo!69 E ele já pagou por todos eles! Ele levou 
seus pecados sobre seu próprio corpo na cruz.70
A JUSTIFICAÇÃO É TANTO POSITIVA 
QUANTO NEGATIVA
A justificação é tanto positiva quanto negativa. Vemos essa ver-
dade claramente em Romanos 4.6-8:
E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o 
homem a quem Deus atribui justiça, independentemente 
de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são 
perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado 
o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.
69 Isaías 53.6
70 1 Pedro 2.24
Justificação: Suas características – 51
Em primeiro lugar, há um aspecto negativo na justificação: 
Deus “não leva em consideração” nossos pecados. Nossos pe-
cados foram “cobertos”, e ele “jamais imputará pecado” a nós 
(v. 7-8). Deus pode fazer isso somente porque nossa dívida de 
pecado foi imputada a Cristo e paga por ele. Aprendemos do 
ensinamento do Senhor Jesus Cristo que o pecado pode (de 
algumas formas) corretamente ser comparado a uma dívida fi-
nanceira: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos 
perdoado aos nossos devedores”.71 Cada um de nós possui uma 
imensa dívida com a justiça de Deus. Qual o tamanho dessa dí-
vida? Em Mateus capítulo dezoito, Jesus conta uma parábola 
comparando nossa dívida com Deus à dívida de um homem 
que devia dez mil talentos ao seu rei. Isso era o equivalente a 
164.000 anos de trabalho para um trabalhador comum, sem 
levar em consideração sábados, domingos e feriados! Nossa 
dívida com a justiça de Deus é verdadeiramente imensa, mas 
Cristo paga essa dívida pelo seu povo na cruz. Isso nos leva de 
volta ao zero a zero; não temos mais nenhuma dívida, mas ao 
mesmo tempo, não temos nenhum dinheiro na conta bancária.
Mas também há um aspecto positivo na justificação: Deus 
coloca sua “bênção” sobre nós “atribuindo-nos justiça” (v. 6). 
Em outras palavras, Cristo não somente paga nossa dívida; ele 
também deposita uma vasta fortuna em nossa conta bancária. 
Por meio de sua perfeita obediência como homem, ele compu-
ta sobre nós e deposita em nossa conta uma justiça positiva aos 
olhos de Deus. Cristo tomou seu lugar como o “último Adão”72 
e foi bem sucedido precisamente onde o primeiro Adão falhou: 
71 Mateus 6.12
72 1 Coríntios 15.45
52 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
“Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se 
tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de 
um só, muitos se tornarão justos”.73
Para compreender o significado disso, precisamos nos 
lembrar de que a Lei possui tanto um aspecto positivo quanto 
negativo. Por um lado, a lei ameaça que “a alma que pecar, essa 
morrerá”.74 Mas por outro lado, a lei promete que “aquele que 
observar os seus preceitos por eles viverá”.75 Essa promessa de 
“vida” tinha uma aplicação temporal aos judeus — enquanto 
obedecessem aos preceitos exteriores da Lei de Moisés, eles 
“viveriam” na terra que Deus havia dado a eles. Mas a promessa 
também possui um significado mais profundo — ela não está 
relacionada apenas com “vida na terra”, mas vida eterna. O Se-
nhor Jesus deixou isso claro em mais de uma ocasião: “E eis 
que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o intuito 
de pôr Jesus à prova e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar 
a vida eterna? Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na 
Lei? Como interpretas? A isto ele respondeu: Amarás o Se-
nhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de 
todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o 
teu próximo como a ti mesmo. Então, Jesus lhe disse: Respon-
deste corretamente; faze isto e viverás”.76Da mesma forma, quando o “jovem rico” perguntou a 
Jesus: “Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eter-
na”? Sua resposta foi, “Se queres, porém, entrar na vida, guarda 
os mandamentos”.77 Isso significa que aqueles que obedecem 
73 Romanos 5.19
74 Ezequiel 18.4
75 Gálatas 3.12; Levítico 18.4 
76 Lucas 10.25-28 (compare Levítico 18.4)
77 Mateus 19.16-17
Justificação: Suas características – 53
perfeitamente à lei podem merecer, ou ser dignos da vida eterna 
exercitando sua própria justiça aos olhos da lei.78 “Ora, Moisés 
escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei vi-
verá por ela.”79 Somente uma pessoa na história humana foi capaz 
de fazer isso; todos os outros falharam miseravelmente. Somente 
o Senhor Jesus Cristo “cumpriu toda a justiça”.80 Ele não apenas 
pagou por nossos pecados; ele viveu uma vida de perfeita retidão 
que é creditada a nós, e tendo recebido o “dom” da sua justiça, 
temos o direito à vida!81 Não somente a maldição que cabia a nós 
caiu sobre ele, mas a bênção devida a ele caiu sobre nós.
Paulo expressa tanto os resultados positivos quanto os 
negativos da justificação em Romanos 5:1-2: “Justificados, 
pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso 
Senhor Jesus Cristo... e gloriamo-nos na esperança da glória de 
Deus.” O primeiro resultado da justificação é negativo: nós já 
não estamos mais debaixo de uma maldição. Temos paz com 
Deus — não somente paz de nossa parte, mas paz da parte 
de Deus. Quando um criminoso solta sua arma e se rende, o 
policial que o perseguia não faz a mesma coisa. Ele mantém 
sua arma apontada para o meliante até que ele tenha sido se-
guramente encarcerado, e a justiça seja finalmente satisfeita. 
Somente então ele pode abaixar sua arma. A glória da justifi-
cação é que Deus não é mais nosso inimigo — as demandas da 
justiça foram atendidas, nossos pecados foram pagos, e agora 
Deus pode “abaixar sua arma” no que diz respeito a nós. Ele 
está em paz conosco!
78 Filipenses 3.9
79 Romanos 10.5
80 Mateus 3.15
81 Romanos 5.17
54 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
O segundo resultado da justificação é positivo: Agora 
mesmo podemos exultar em esperança (expectativa confiante) na 
glória de Deus (céu). Não somente não estamos mais debaixo de 
uma maldição; temos a vida eterna — agora mesmo. A vida eter-
na não é algo que talvez recebamos algum dia no futuro, mas uma 
posse presente. “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a 
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não 
entra em juízo, mas passou da morte para a vida.”82 Glória a Deus! 
A bênção merecida por Cristo foi dada a nós.
A JUSTIFICAÇÃO É DE UMA VEZ POR TODAS
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.”83 A jus-
tificação é de uma vez por todas, um evento completado no 
passado com resultados que duram para sempre. Um homem 
não é primeiramente justificado, então condenado, e então 
justificado novamente. A justificação é de uma vez por todas. 
Isso significa que a justificação nos coloca em uma nova categoria, 
status ou posição diante de Deus. “Justificados, pois,... obtivemos 
igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes.”84 
Os cristãos se encontram firmes em uma posição completa-
mente nova, e é na graça que estão firmados.
A maravilha da justificação de uma vez por todas e de nos-
sa nova posição firmes na graça pode ser ilustrada da seguinte 
maneira: suponha que um marido cristão se levante pela ma-
nhã e seja grosseiro com sua esposa de alguma maneira, mas 
não perceba seu pecado até mais para o final do dia. Quando 
82 João 5.24
83 Romanos 5.1
84 Romanos 5.1-2
Justificação: Suas características – 55
percebe o que fez, pede perdão a Deus e à sua esposa. Seu com-
portamento anterior foi verdadeiramente pecaminoso, ainda 
que ele não estivesse completamente consciente disso naquela 
hora. Agora suponha que este homem tenha morrido antes de 
perceber e confessar o seu pecado. Ele teria ido para o infer-
no? Certamente não! Suas primeiras palavras de confissão ao 
perceber seu pecado mostram que sua posição diante de Deus 
tem sido uma relação de filiação o tempo todo: “Pai, perdoa-me 
pela minha grosseria”. Muitos concordam com essa análise, mas 
poucos pararam para perceber o que ela significa. E ela significa 
que o cristão permanece em um estado justificado mesmo durante 
o tempo entre o cometimento de um pecado e a confissão des-
te mesmo pecado! Em outras palavras, o pecado não é imputado 
a ele durante o tempo entre seu cometimento e sua confissão.
Esse argumento pode ainda ser reforçado da seguinte 
maneira: suponha que este mesmo marido cristão levante-se 
pela manhã, tenha uma discussão com sua esposa e saiba que 
foi grosseiro com ela. Ao invés de confessar seu pecado, ele vai 
mal-humorado para o trabalho. Passa a manhã inteira muito 
aborrecido. Finalmente, não aguentando mais essa situação, ele 
curva sua fronte e pede perdão a Deus, em seguida liga para sua 
esposa e pede também o seu perdão. Suponha que esse homem 
tenha morrido antes de confessar o seu pecado. Ele teria ido para 
o inferno? Novamente, a resposta é “Certamente não!”. Afinal de 
contas, por que ele estaria se sentindo tão mal a manhã inteira, 
se não pelo fato de que ele permanece um filho de Deus com um 
coração renovado mesmo durante o tempo de sua rebelião?
Dizer isso é apenas afirmar que o verdadeiro cristão per-
manece em um estado de justificação o tempo todo. Por quê? 
56 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
Porque ele possui toda uma nova condição diante de Deus. O 
cristão não é mais um criminoso sob a ira de Deus; ele é o filho 
debaixo do cuidado de um Pai amoroso.85 E, assim como qual-
quer pai amoroso, às vezes Deus precisa disciplinar seus filhos, 
mas a disciplina é completamente diferente da punição judicial. 
Estritamente falando, a punição é o sofrimento infligido para 
a satisfação da justiça. A disciplina, por outro lado, é o sofri-
mento infligido para o próprio bem do ofensor. Há uma vasta 
diferença entre as duas coisas!
A Justificação é de uma vez por todas. Se isso não fosse verda-
de, todos nós perderíamos a salvação toda vez que cometêssemos 
ainda que um só pecado, e estaríamos expostos à condenação 
eterna até que chegássemos ao ponto de confessar aquele pecado 
e ser justificados (e convertidos) novamente! Essa não é a verda-
deira natureza da justificação, ou mesmo da vida cristã.
A natureza de uma vez por todas da justificação é clara-
mente ilustrada pelo escritor aos Hebreus:
Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a 
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos 
os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, 
perpetuamente, eles oferecem. Doutra sorte, não teriam 
cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, 
tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam 
consciência de pecados? Entretanto, nesses sacrifícios faz-
-se recordação de pecados todos os anos, porque é impos-
sível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.86
85 Gálatas 4.4-7
86 Hebreus 10.1-4
Justificação: Suas características – 57
Perceba o argumento que é colocado aqui: “Sabemos 
que é impossível que o sangue de touros e de bodes remova 
os pecados, porque eles eram oferecidos todos os anos, vez 
após vez”. Alguém poderia responder dizendo: “O que isso 
prova? Eles precisavam ser oferecidos todos os anos porque 
novos pecados eram cometidos todos os anos. Os pecados 
de cada ano traziam nova condenação”. Mas, de acordo com 
Hebreus, esse tipo de resposta revela uma compreensão 
equivocada da verdadeira natureza da justificação. Quando 
o que presta culto é “purificado”, não há mais “consciência 
dos pecados”. Quando o sangue de Cristo é aplicado, somos 
“aperfeiçoados para sempre”! “Porque, com uma única ofer-
ta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. 
E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; por-
quanto… acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei 
dos seus pecadose das suas iniquidades, para sempre.”87 Em ou-
tras palavras, a promessa da Nova Aliança de que Deus “de 
modo nenhum se lembrará de nossos pecados”, significa que 
toda a categoria de “pecados” está para sempre longe dos olhos 
de Deus, no que diz respeito à lei e à satisfação da justiça. Os 
crentes foram “aperfeiçoados” em suas consciências,88 não 
tendo mais “consciência de pecados”89 no que diz respeito à 
ira de Deus! Nesse sentido, não há mais necessidade de uma 
“recordação de pecados”90 na Nova Aliança. “Ora, onde há 
remissão destes, já não há oferta pelo pecado.”91 “Temos sido 
87 Hebreus 10.14-17
88 Hebreus 9.9,13-14
89 Hebreus 10.1-2
90 Hebreus 10.3
91 Hebreus 10.18
58 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, 
uma vez por todas.”92
O que isso tudo significa em nossa vida cotidiana? Significa 
que, como cristão, posso me levantar cedo pela manhã sabendo 
que sou aceito em Cristo. Deus se deleita em mim como seu fi-
lho, e a culpa pelos meus pecados se foi para sempre. Se cometer 
um pecado, tenho “consciência” do meu pecado como um filho, 
não como um criminoso condenado, e confesso meu pecado a 
Deus como um filho confessa a seu pai, não como um criminoso 
confessa a um juiz. E, assim, entro com intrepidez no Santo dos 
Santos, pelo sangue de Jesus.93 “Quem intentará acusação contra 
os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os conde-
nará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, 
o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem 
nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou 
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?”94
A JUSTIFICAÇÃO É RECEBIDA PELA FÉ
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus.”95 O san-
gue de Cristo é a base da justificação, mas a fé é o instrumento 
ou canal pelo qual recebemos o “dom da justiça”.96 “Que devo 
fazer para que seja salvo? Crê no Senhor Jesus e serás salvo.”97
O que é fé? Fé não é algum tipo de força ou poder que po-
demos dominar para alcançar e realizar as coisas que queremos. 
92 Hebreus 10.10
93 Hebreus 10.19-22
94 Romanos 8.33-35
95 Romanos 5.1
96 Romanos 5.17
97 Atos 16.30-31
Justificação: Suas características – 59
Igualmente, ninguém pode “liberar sua fé”, a despeito do que en-
sinam alguns falsos mestres. A fé é simplesmente o oposto de tais 
conceitos equivocados. A justificação pela fé não é “fazer” algu-
ma coisa; pelo contrário, ela é a desistência em fazer qualquer coisa 
e simplesmente descansar na misericórdia de Deus. Isso pode ser 
ilustrado pelo testemunho de uma irmã que passou por grandes 
tribulações antes de encontrar descanso em Cristo. Ciente de 
sua condição de perdida e tentando fazer tudo quanto possível 
para escapar do inferno, ela eventualmente se viu sem chão: “Eu 
me sentia como se estivesse pendurada na beira de um precipí-
cio pela ponta dos meus dedos. Abaixo de mim estava o inferno. 
Eu não queria ir para o inferno e havia me esforçado à exaustão 
tentando me manter longe do inferno. Finalmente, não tive mais 
forças para continuar segurando. Soltei meus dedos e caí… direto 
nos braços amorosos de Jesus”. Isso é fé!
Perceba ainda que não somos salvos por uma fé genérica; 
mas somos salvos pela fé em Cristo. Algumas pessoas confiam 
em uma “decisão” feita no passado, mas uma “decisão” nunca 
poderá pagar os nossos pecados! Outras têm confiança no ba-
tismo, em uma experiência emocional passada, ou mesmo em 
sua suposta “fé”. Certo homem idoso que não dava qualquer 
evidência de sua verdadeira conversão, quando perguntado se 
alguma vez havia sido incomodado pelo pensamento da eterni-
dade, respondeu: “Não, jamais me incomodei com isso, porque 
a Bíblia diz que se você tem fé será salvo, e eu tenho um monte 
de fé”. No que esse homem estava confiando? Não era em Cris-
to ou em seu sangue, mas em sua própria “fé”. A confiança de 
um cristão é completamente diferente. Se subitamente o chão 
se abrisse derrubando todos nós em um abismo nesse exato 
60 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
momento, cada verdadeiro cristão exclamaria: “Senhor Jesus”! 
Nenhum deles exclamaria: “Minha fé”!
Fé é o olho que não pode olhar para si mesmo. A fé está 
ocupada com seu objeto, e este objeto é o Senhor Jesus Cristo. 
“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, 
assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para 
que todo o que nele crê tenha a vida eterna.”98 Aqui Jesus nos 
diz que a serpente na haste era na verdade uma sombra dele 
próprio na cruz. Como as pessoas foram salvas em relação à 
serpente? “Todo mordido que a mirar viverá.”99 O que, então, é 
crer? Crer é “olhar”! Olhe e viva! Coloque toda a sua esperança 
no Senhor Jesus Cristo e seja salvo.
‘Olhe e viva’, meu irmão, viva,
Olhe para Jesus agora e viva!
Está escrito em sua Palavra, Aleluia!
Basta que você ‘olhe e viva’.
W. A. Ogden
98 João 3.14-15
99 Números 21.8
Já vimos que o pecado é o maior e, de fato, único problema 
da humanidade, e que o problema do homem com o pecado 
possui dois aspectos, um interno e outro externo: não somente 
todo filho caído de Adão possui um coração mau, mas também 
possui um registro negativo aos olhos da lei de Deus. O pecado 
tanto contamina quanto condena o homem; seu poder reina den-
tro dele, e sua punição repousa sobre ele. O homem está tanto 
impotente quanto desesperançado — seu problema é realmente 
insolúvel. Nessa situação de trevas e desespero, uma grande luz 
brilhou.100 Jesus veio. Ele pode e irá salvar o seu povo101 tanto da 
punição quanto do poder de seus pecados. Ele realiza aquele na 
justificação, e este na regeneração.
100 Mateus 4.16
101 Mateus 1.21
Capítulo Quatro
REGENERAÇÃO
TUDO SE FAZ 
NOVO
62 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
No segundo e terceiro capítulo consideramos a grande 
doutrina bíblica da Justificação. Agora focaremos no tema da 
regeneração. A justificação acontece no céu, na corte de Deus. 
A regeneração, por outro lado, acontece na terra, no coração do 
homem. Justificação é uma declaração feita por um Juiz; rege-
neração é um ato de criação feito por um Criador onipotente.
UMA PARÁBOLA UNIVERSITÁRIA
Em toda faculdade e universidade, os alunos estudam muito 
para conseguir tirar a nota máxima no final do curso. Quando 
eu era estudante, fiz a mesma coisa. Mas havia uma aula que 
era diferente. Era uma matéria do último ano da faculdade, exi-
gida apenas dos alunos do bacharelado de física e química, e 
havia apenas quatro ou cinco alunos na sala. No primeiro dia 
de aula, nosso professor nos surpreendeu com o seguinte anún-
cio: “Vocês não precisam se preocupar com suas notas nesta 
matéria — todos já estão com dez. Agora nós podemos sim-
plesmente nos tranquilizar e aproveitar a aula”.
É exatamente isso que Deus faz na justificação. Deus nos 
dá nota máxima logo no início da nossa vida cristã! Não temos 
de batalhar para merecer a vida eterna no final do ano letivo; 
já começamos com vida eterna.102 Agora mesmo podemos nos 
exultar no fato de que não passarão mais que algumas batidas 
do nosso coração e estaremos no céu!103
Homens religiosos, mas perdidos, costumam ter duas 
respostas básicas a esta doutrina. Por um lado, os legalistas a 
odeiam. Esse fariseu cheio de justiça própria só faz “boas 
102 João 5.24
103 Romanos 5.2
Regeneração: Tudo se faz novo – 63
obras” porque está tentando tirar nota máxima ao final de sua 
vida. Se pudesse, ele gostaria de viver em pecado, e ressente-se 
do fato de que não pode. Sua objeção é a seguinte: “Se Deus der 
aos homens vida eterna logo no início da vida cristã, o que os 
impedirá de continuar vivendo em pecado? Se ele der aos ho-
mens nota máxima no primeiro dia de aula, ninguém estudará 
a matéria”.104
Por outro lado, o homem religioso sem a lei gosta da 
doutrina da justificação pela fé. “Bem, eu já tirei minha nota 
máxima! Agora posso jogar todos os meus livros na lata de lixo, 
ignorar o professor e viver minha própria vida.” Tais homens 
“transformaram emlibertinagem a graça de nosso Deus”.105 Eles 
enxergam a “graça livre” como uma “licença para pecar”. Nesses 
dias de “evangelho barato”, igrejas de todo lugar estão cheias de 
tais pessoas não convertidas — homens perdidos que gostam 
de pensar de si mesmos como “crentes carnais”.
O que está errado tanto com o pensamento do legalista 
quanto do libertino? Por acaso Deus dá uma nota máxima logo 
no início do ano letivo simplesmente para nos dar a chance de 
matar aula e mesmo assim ficarmos com a melhor nota? Ou 
será que ele paga judicialmente pelos crimes de um criminoso 
na justificação apenas para que o criminoso continue a matar, 
estuprar e roubar, mas agora com imunidade da punição? Ab-
solutamente não! O que Deus faz, então? Exatamente ao mesmo 
tempo em que nos dá nota máxima no início do nosso ano letivo, 
também nos muda por dentro para que amemos estudar aquela 
matéria! Em outras palavras, quando Deus justifica um homem, 
104 Romanos 6.1
105 Judas 4
64 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
ele também o regenera. A regeneração é inseparável da justifi-
cação, e uma nunca acontece sem a outra. E esta é a resposta 
de Paulo, tanto aos judeus legalistas que reivindicavam que o 
ensino de Paulo levaria os homens a “permanecerem em peca-
do”, quanto aos libertinos que queriam usar seu ensinamento 
como uma oportunidade para a licenciosidade: “Que diremos, 
pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais 
abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pe-
cado, nós os que para ele morremos?”106 De acordo com Paulo, 
todo cristão passou por uma transformação radical que torna 
impossível para ele continuar em pecado. Essa transformação 
ocorre na regeneração. A verdadeira “graça” sempre nos educa 
“para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vi-
vamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente”.107 A 
marca invariável de todo homem que encontrou a genuína paz 
com Deus é que ele imediatamente começa uma jornada que 
vai até o fim de sua vida para conhecer e seguir o Deus que ele 
agora ama.108 (O homem com falsa paz, por outro lado, retorna 
aos seus próprios interesses egoístas tão logo se sinta seguro 
dos perigos do inferno.) O verdadeiro cristão jamais utilizará a 
graça como uma “licença para pecar”; ele naturalmente já peca 
mais do que gostaria!
Os cristãos realizam boas obras, então, não porque este-
jam buscando merecer uma nota máxima de Deus, mas porque 
receberam novos corações que amam “estudar a matéria”. Isso 
provoca algumas questões que nos sondam: Será que leio a 
106 Romanos 6.1-2
107 Tito 2.11-12
108 Filipenses 3.10
Regeneração: Tudo se faz novo – 65
Bíblia e oro porque é minha obrigação? Será que me sinto en-
ganado por não poder correr atrás do pecado como o resto do 
mundo? Existe algo em mim que simplesmente ama a Deus 
por quem ele é e ama o que é bom apenas por ser bom? Tenho 
algum prazer nas coisas de Deus? A resposta a essas perguntas 
nos revelará muito a respeito da condição de nossas almas.
REPRESENTAÇÕES BÍBLICAS DA REGENERAÇÃO
A Bíblia tem muito a dizer a respeito da regeneração. Nas pági-
nas a seguir examinaremos nove representações bíblicas desse 
grande milagre. (Duas outras estão resumidas brevemente no 
Apêndice A). Cada uma delas mostra a mesma realidade glo-
riosa, mas a partir de ângulos diferentes, iluminando diferentes 
facetas dessa realidade. Conforme consideramos as diversas 
representações das Escrituras a respeito da regeneração, é im-
portante mantermos em mente que as coisas invisíveis que elas 
descrevem são tão reais quanto o mundo visível e temporal que 
enxergamos com nossos olhos físicos. Na verdade, o mundo 
invisível pode ser considerado ainda mais real que o mundo vi-
sível, visto que as coisas da esfera espiritual são permanentes e 
eternas.109
109 2 Coríntios 4.18
O que é regeneração? De acordo com a Bíblia, é uma nova 
criação. Quando Deus regenera um homem, é um milagre da 
mesma ordem de quando Deus criou o universo!110 Na verdade, 
moralmente falando, é um milagre muito maior. Regeneração é 
um ato criativo de Deus.
TODO CRISTÃO É UMA NOVA CRIATURA
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coi-
sas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo 
provém de Deus…
2 Coríntios 5.17-18
Vemos aqui que o cristão é descrito como uma nova criatu-
ra. Em outras palavras, quando Deus faz o cristão, ele faz alguma 
110 2 Coríntios 4.6
Capítulo Cinco
UMA NOVA 
CRIAÇÃO
68 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
coisa nova, a partir do nada, que não existia antes! Ademais, a re-
generação sempre envolve esse milagre criativo — “se alguém”, em 
qualquer lugar, está em Cristo, é uma nova criatura. Não há exce-
ções; se alguém não é uma nova criatura, ele não está “em Cristo”! 
Isso não é simplesmente um quadro bonito, mas uma realidade: 
“As coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. “A antiga 
ordem já se foi, e uma nova ordem já começou.” Tudo é novo para 
o cristão; ele enxerga o mundo sob uma nova luz — mesmo os 
pedregulhos ao lado da estrada e as latinhas de cerveja nas valas!
O céu acima é de um azul mais suave,
A terra ao redor é de um verde mais doce;
Algo vive em cada tonalidade
Que olhos sem Cristo nunca viram.
G. Wade Robinson
Não temos qualquer participação em fazer esse milagre 
acontecer. (Algo não pode se criar por si próprio!) Deus faz 
todo o trabalho! “Tudo provém de Deus.” (v. 18) Que trabalho 
grandioso é este! A Bíblia se refere a ele como uma “criação” 
vez após vez.
CRIADO PARA BOAS OBRAS
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem 
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se 
glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para 
boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que 
andássemos nelas.
Efésios 2.8-10
Uma nova criação – 69
É extremamente significativo que, quando Paulo pensa 
sobre salvação, nosso ser “salvo pela graça mediante a fé”, ele 
pensa em termos de uma obra criativa de Deus. Os cristãos 
são chamados especificamente de “feitura criada” de Deus. Se 
o nosso conceito de salvação é unicamente o de que alguém 
“toma uma decisão” — sai da fila daqueles que estão indo para 
o inferno e entra na fila dos que estão a caminho do céu — en-
tão temos uma visão muito equivocada da salvação. Os cristãos 
foram “criados em Cristo Jesus”!
Qual a natureza dessa obra criativa? Em primeiro lugar, 
é “em Cristo Jesus”. Isto é, ela acontece na esfera da união com 
Cristo. Isso faz um paralelo com o que Paulo disse em 2 Co-
ríntios 5.17, “Se alguém está em Cristo, é nova criatura.” Em 
segundo lugar, é para “boas obras”. O propósito desta obra cria-
tiva é assegurar que as boas obras sejam o resultado final. Essas 
boas obras foram “preparadas de antemão” para que andás-
semos nelas, e todos os cristãos de fato andam nelas, porque, 
como novas criaturas, foram especialmente projetados, desen-
volvidos e criados por Deus para tanto!
A IGREJA É UMA NOVA CRIAÇÃO
Para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, 
fazendo a paz.
Efésios 2.15
A partir dessa importante passagem, aprendemos que 
Paulo usa a linguagem da “criação” para descrever a existência, 
não apenas de cristãos individualmente, mas da igreja como 
um todo. A igreja não é uma organização; ela é um organismo 
70 – JUSTIFICAÇÃO E Regeneração
criado — uma coisa viva e uma coisa “nova”. Cristo tomou dois 
grupos completamente divergentes (judeus e gentios) e em 
“si mesmo” criou dos dois “um novo homem” — o “corpo de 
Cristo”. Esse corpo vivo é habitado por um único espírito — o 
Espírito Santo,111 e compartilha de uma vida comum — a pró-
pria vida de Cristo.112
Tanto a igreja como um todo (todo o corpo de Cristo) 
quanto a igreja em suas manifestações locais (corpos indivi-
duais de crentes) são criações miraculosas de Deus. Nenhum 
homem pode “começar uma igreja”; Deus precisa fazer o im-
possível e criar algo do nada para que uma igreja possa existir. 
Ele faz isso, “criando” um número de cristãos individuais,

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