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Reflexões sobre a Pandemia

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Coordenação e Organização 
 Mariana Polydoro de Albuquerque Diefenthaler 
 Estéfani Luise Fernandes Teixeira 
 Lucas Lazzaretti 
 Camila Maciel 
 Ana Paula Adede Y Castro 
 Alexandre Torres Petry 
 
 
 
 
Múltiplas faces de uma pandemia: reflexões acerca 
dos impactos ocasionados pela covid-19 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre, 2022 
 
 
 
 
 
Copyright © 2022 by Ordem dos Advogados do Brasil 
Todos os direitos reservados 
 
Coordenação e Organização 
 Mariana Polydoro de Albuquerque Diefenthaler 
 Estéfani Luise Fernandes Teixeira 
 Lucas Lazzaretti 
 Camila Maciel 
 Ana Paula Adede Y Castro 
 Alexandre Torres Petry 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jovita Cristina Garcia dos Santos – CRB 10/1517 
 
A revisão de Língua Portuguesa e a digitação, bem como os conceitos emitidos em trabalhos 
assinados, são de responsabilidade dos seus autores. 
 
Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio Grande do Sul 
Rua Washington Luiz, 1110 –Centro Histórico 
 CEP 90010-460 - Porto Alegre/RS 
M922 
 Múltiplas faces de uma pandemia: reflexões acerca dos impactos 
ocasionados pela covid-19/. Mariana Polydoro de Alburquerque Diefenthaler. 
Estéfani Luise Fernandes Teixeira...[et.al] (Organizadores e Coordenadores). 
Porto Alegre: OABRS, 2022. p. 158. 
 ISBN: 978-65-88371-20-6 
1.Direito à saúde 2. Covid-19 I Título 
 CDU 368.42 
 
CDU 368.42 
 
 
 
 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CONSELHO FEDERAL 
DIRETORIA/GESTÃO 2022/2025 
 
Presidente: Beto Simonetti 
Vice-Presidente: Rafael Horn 
Secretária-Geral: Sayury Otoni 
Secretária-Geral Adjunta: Milena Gama 
 Diretor Tesoureiro: Leonardo Campos 
 
ESCOLA NACIONAL DE ADVOCACIA – ENA 
 
Diretor-Geral: Ronnie Preuss Duarte 
 
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL 
 
Presidente: Leonardo Lamachia 
Vice-Presidente: Neusa Maria Rolim Bastos 
Secretário-Geral: Gustavo Juchem 
Secretária-Geral Adjunta: Karina Contiero Silveira 
Tesoureiro: Jorge Luiz Dias Fara 
 
ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA 
 
Diretor-Geral: Rolf Hanssen Madaleno 
Vice-Diretor: Eduardo Lemos Barbosa 
Diretora Administrativa-Financeira: Graziela Cardoso Vanin 
Diretora de Cursos Permanentes: Fernanda Corrêa Osório, Michelle da Silva G. Vieira 
Diretor de Cursos Especiais: Ricardo Hermany 
Diretor de Cursos Não Presenciais: Roger Eridson Dorneles, Jair Pereira Coitinho 
Diretora de Atividades Culturais: Ana Lúcia Kaercher Piccoli, Eliane Chalmes Magalhões 
Diretor de E-books e da Revista Eletrônica da ESA/RS: Alexandre Torres Petry 
 
CONSELHO PEDAGÓGICO 
 
Bruno Nubens Barbosa Miragem 
Simone Tassinari Cardoso Fleischmann 
Gerson Fischmann 
Cristina da Costa Nery 
Raimar Rodrigues Machado 
 
 
 
 
CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS 
Presidente: Pedro Zanette Alfonsin 
Vice-Presidente: Paula Grill Silva Pereira 
Secretária-Geral: Morgana Bordignon 
Secretária-Geral Adjunta: Alessandra Glufke 
Tesoureiro: Matheus Portella Ayres Torres 
 
TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA 
 
Presidente: Airton Ruschel 
Vice-Presidente: Gabriel Lopes Moreira 
 
CORREGEDORIA 
 
Corregedora: Maria Helena Camargo Dornelles 
Corregedores Adjuntos 
 Maria Ercília Hostyn Gralha 
Josana Rosolen Rivoli, 
Regina Pereira Soares 
 
OABPrev 
 
Presidente: Jorge Luiz Dias Fara 
Diretor Administrativo: Otto Junior Barreto 
Diretora Financeira: Claudia Regina de Souza Bueno 
Diretor de Benefícios: Luiz Augusto Gonçalves de Gonçalves 
 
COOABCred-RS 
 
Presidente: Jorge Fernando Estevão Maciel 
Vice-Presidente: Márcia Isabel Heinen
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
PREFÁCIO - Neusa Bastos - Vice-Presidente da OAB/RS ........................................................ 8 
APRESENTAÇÃO - Mariana Polydoro de Albuquerque Diefenthaler, Presidente da Comissão 
Especial de Direito a Saúde e Estéfani Luise Fernandes Teixeira, Membro e coordenadora do 
GT pesquisa da Comissão Especial de Direito a Saúde da OAB/RS ......................................... 9 
A ECONOMIA DOS CUIDADOS COMO PRIORIDADE DA VIDA, DA 
SUSTENTABILIDADE E DO PLANETA: A RESPOSTA E A RECUPERAÇÃO NA 
AMÉRICA LATINA E NO CARIBE - Andrea Marta Vasconcellos Ritter ........................... 10 
TENDÊNCIAS DE AUDITORIA EM SAÚDE EM SISTEMAS PÚBLICOS - Carla Silva da 
Rosa .......................................................................................................................................... 19 
DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS: REFLEXÕES ACERCA DAS RELAÇÕES 
TÓXICAS EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL - Estéfani Luise Fernandes Teixeira, 
Camila Maria Maciel e Mariana de Oliveira de Assis ............................................................ 34 
EPIDEMIA DA SAÚDE MENTAL DURANTE A COVID-19 E POLÍTICAS PÚBLICAS 
EFETIVAS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE-SUS - Estéfani Luise Fernandes Teixeira, 
Mariana de Albuquerque Plydoro Diefenthaler e Vanessa Schmidt Bortolini ........................ 46 
SUPERENDIVIDAMENTO E SUA RELAÇÃO ENTRE A HIPERCONEXÃO DO 
CONSUMIDOR E O COMÉRCIO ELETRÔNICO DURANTE O PERÍODO DE PANDEMIA 
- Estéfani Luise Fernandes Teixeira, Francine Cansi e Bianda Andrade de Castro .............. 58 
A SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL E A TRAGÉDIA DOS COMUNS – Fábio Luis 
Brack e Cássia Franck Ferreira ............................................................................................... 71 
COVID-19 E BURNOUT ENTRE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE - Gustavo Felipe Berça 
Ogata e Kenza Borges Sengik .................................................................................................. 80 
A RELATIVIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA 
SAÚDE E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO BRASILEIRO EM TEMPOS DE 
COVID-19 - Jarbas Paula de Souza Junior ............................................................................. 90 
 
 
 
 
TRATAMENTO JURÍDICO DA COVID-19 NO BRASIL: AS DIRETRIZES DA 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) NO CONTEXTO DA ADPF 672 – Leonel 
Ferreira Rocha e Bernardo Leandro Carvalho Costa ........................................................... 100 
O ATIVISMO JUDICIAL NOS TEMPOS DA PANDEMIA DE COVID-19: UMA 
GARANTIA À EFETIVIDADE DO DIREITO À SAÚDE OU UMA ATUAÇÃO 
ARBITRÁRIA? – Laura Araujo Ribeiro Lino e Marcelo de Oliveira Riella ........................ 109 
A PANDEMIA DA COVID-19 NO BRASIL E A COMPULSORIEDADE DE VACINAÇÃO: 
A BUSCA POR PROPORCIONALIDADE EM TEMPOS DE CRISE - Marcelo de Oliveira 
Riella – Micaela Porto Filchtiner Linke................................................................................. 120 
DIREITO À SAÚDE NO PERÍODO PANDÊMICO: REFLEXÕES SOBRE OS ASPECTOS 
LEGAIS E SOCIAIS – Marcos Paulo Garcia de Andrade ................................................... 131 
OS IMPACTOS DA TECNOLOGIA NA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE- Melissa 
Daandels ................................................................................................................................. 141 
REFLEXOS DA PANDEMIA DA COVID-19 NO ACESSO A JUSTIÇA – Veridiana Tavares 
Martins ................................................................................................................................... 149 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
Nos 37 anos da Escola Superior de Advocacia da OABRS (ESA), recebo o honroso convite 
para prefaciar o livro em formato E-book, composto de artigos científicos, intitulado como 
“Múltiplas faces de uma pandemia: reflexões acerca dos impactos ocasionados pelo covid-19”. 
A coordenação e organização do E-book, além da Escola Superior da Advocacia, tem a 
participação da Comissão Especial de Direito à Saúde da OAB/RS e do Grupo de Estudos 
Direito à Saúde da ESA/RS. 
Nesse sentido, é importante frisar o quanto nosso planeta foi impactado pelos efeitos do Covid 
19, não sendo diferente no nosso país e, no caso em apreço, Direito Médico e da saúde, por ser 
aliado dosprofissionais da saúde que foram – e ainda são - linha de frente no combate da 
pandemia. 
Sendo assim, é importante destacar que o escopo do E-book é a publicação das produções 
científicas oriundas de estudos e experiências práticas em pesquisas inerentes aos impactos 
ocasionados pela covid-19 nas diversas áreas do direito da saúde e seus reflexos. 
É importante mencionar que o incentivo ao estudo contínuo sobre temas relevantes para o 
Direito e sociedade civil tem todo apoio do Presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia, e 
também da Escola Superior da Advocacia da OAB/RS, na pessoa do seu Diretor-Geral, Rolf 
Madaleno, aos quais parabenizo pelo estímulo ao aprimoramento do conhecimento da 
Advocacia Gaúcha com iniciativas como esta, que contribui ainda mais para o aperfeiçoamento 
profissional dos colegas advogados e advogadas. 
Por fim, parabenizo todos os colegas que contribuíram para a construção desse E-book, 
abrilhantando essa coletânea com seus trabalhos tão bem fundamentados e que nos propõe uma 
reflexão para os impactos da Covid-19 em diversas áreas do Direito, mas também na mudança 
comportamental da nossa sociedade. 
 
 Desejo uma ótima leitura a todos! 
 
 
 Neusa Bastos, 
 Vice-Presidente da OAB/RS. 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Apresentar esta obra é um privilégio. Trata-se de oportuna coletânea de estudos sobre direito à 
saúde, idealizado pelos organizadores e articulistas da Comissão Especial de Direito à Saúde 
da Ordem dos Advogados do Brasil - Rio Grande do Sul – OAB/RS. Os autores são estudiosos 
que se dedicam à reflexão sobre o direito à saúde, debruçando-se sobre temas relevantes e 
inquietantes, no que concerne aos impactos ocasionados pelo coronavírus, a requerer muitas 
pesquisas e estudos para informar e conscientizar a população. 
O presente e-book foi idealizado com a finalidade celebrar os 37 anos da Escola Superior de 
Advocacia – ESA e homenagear o Dr. Leonardo Lamachia, Presidente da Ordem dos 
Advogados do Brasil - Rio Grande do Sul - OABRS, os quais foram dedicados aos estudos e 
ao em Direito. 
A trajetória acadêmica do homenageado compreende grande experiência na advocacia, sendo 
um renomado profissional. A ESA foi fundada em 1985, por inciativa da OAB/RS, sendo a 
primeira de sua espécie, por força da Resolução n. 24/1985. O Presidente da OAB/RS à época, 
em reunião ordinária de 03 de setembro de 1985 do Egrégio Conselho Seccional, aprovou a 
criação da ESA com destinação a centralizar e coordenar – na condição de departamento 
cultural do conselho seccional – as atividades culturais, por meio de cursos, estudos, seminários, 
congressos, publicações e demais programações que visem à elevação do nível cultural dos 
advogados gaúchos. 
Conforme se observa destas páginas, a obra contempla estudos que atendem profissionais de 
diversas áreas, fomenta dúvidas, provoca inquietações e reflexões e, sobretudo, aponta 
caminhos. 
Nesse sentido, é uma preciosa contribuição para a comunidade, auxiliando na compreensão de 
temáticas atuais e por vir, sendo recomendada a leitura. Portanto, os organizadores, articulistas 
e a Comissão Especial da Saúde, em nome da presidente Dra. Mariana Diefenthäler, 
homenageiam a Escola Superior de Advocacia, pelos seus 37 anos, e o Dr. Leonardo Lamachia, 
por sua dedicação, trajetória, contribuição e ensinamentos à Ciência Jurídica brasileira, com 
votos de sucesso e agradecimento de: Mariana Polydoro de Albuquerque Diefenthäler, Estéfani 
Luise Fernandes Teixeira, Ana Paula Adede y Castro, Camila Maciel e Lucas Lazzaretti. 
 
Mariana Polydoro de Albuquerque Diefenthaler 
Presidente da Comissão Especial de Direito a Saúde - CEDS-OAB/RS 
 
Estéfani Luise Fernandes Teixeira 
Membro e coordenadora do GT pesquisa da Comissão Especial de Direito a Saúde da 
OAB/RS 
 
 
 
10 
 
 
 
A ECONOMIA DOS CUIDADOS COMO PRIORIDADE DA VIDA, DA 
SUSTENTABILIDADE E DO PLANETA: A RESPOSTA E A RECUPERAÇÃO NA 
AMÉRICA LATINA E NO CARIBE 
 
Andréa Marta Vasconcellos Ritter1 
Resumo: A crise de saúde mundial da pandemia da COVID-19, que ainda não terminou, atingiu 
de forma avassaladora as mulheres, que ainda sofrem os reflexos da pandemia, mas 
visivelmente, são as mulheres que respondem às múltiplas faces de uma pandemia e que, em 
conjunto com a sociedade do cuidado, impulsionarão a recuperação em prol das políticas e 
ações em favor da equidade de gênero, autonomia, desenvolvimento e sustentabilidade. 
Necessária a reflexão sobre a economia dos cuidados, os cuidados remunerados e não 
remunerados que não são recepcionados pelo Direito e que sofreram considerável golpe, com 
a pandemia, afetando sobremaneira a saúde das mulheres cuidadoras e também, das pessoas 
que carecem de cuidados. Este artigo dispõe sobre economia dos cuidados, os cuidados 
invisíveis, desempenhados majoritariamente, pelas mulheres e que estão transversalizados com 
questões sociais, econômicas, de saúde e de educação, que pela importância, devem avançar 
para uma sociedade do cuidado e este é o objetivo da articulação da Agenda Regional de 
Gênero, na América Latina e Caribe. O objetivo é destacar essa cuidatoria que deve estar no 
centro da priorização da sustentabilidade, da vida e do planeta, com a necessidade de um 
sistema integral de cuidados avançando para uma sociedade dos cuidados, que engrandecerá o 
Estado de direito. A pesquisa é documental e de caráter qualitativo. A conclusão é que os 
cuidados, são prioridade da vida e devem ser centrais no Sistema de Cuidados e Agendas, pois 
se trata de tornar visível o invisível, relegitimar a democracia e reconhecer que interessa colocar 
a cuidatoria na primeira ordem e a perspectiva de gênero ser aplicada para reduzir a 
desigualdade. Imperioso reconhecer o direito ao cuidado em conjunto com medidas, respostas 
para o combate dos efeitos da Covid-19 na consecução de um objetivo comum, entre Estado, 
Instituições, família e comunidade, com mobilidade para além do ordenamento jurídico, 
evoluindo para a sociedade do cuidado. 
Palavras-Chave: Sociedade do Cuidado – Mulheres – Saúde – Pandemia 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A pandemia mundial de enfermidade pelo coronavirus (COVID-19) e suas 
consequências, como o isolamento social, aprofundou a base estrutural da desigualdade de 
gênero, atingiu as relações de trabalho e evidenciou um tema que de longa data, invisível, 
 
1 Advogada inscrita na OABRS 24451, Sócia de Roque e Vasconcellos Advogados Associados, Bacharel em 
Relações Internacionais, Pós graduação em Direito Público e Privado e em Estratégias e Estudos Internacionais, 
Mestre em Direito das Relações Internacionais e Professora Universitária, endereço eletrônico 
amritter@terra.com.br. 
11 
 
 
 
desconsiderado, que é a “cuidatoria ou economia do cuidado”, em geral um trabalho exercido 
de forma remunerada ou não remunerada. 
Mostrou a pandemia, a injusta organização social do trabalho, os compartimentos 
extratrabalhista e a necessidade de avançar significando e visibilizando o trabalho doméstico 
de cuidados quase na sua totalidade, desempenhado pelas mulheres, sendo imperioso alterar a 
estrutura de desenvolvimento econômico e social, para colocar no centro, a vida, economia dos 
cuidados e a sustentabilidade. 
Visando o impedimento da aceleração da pandemia, isolamento social e o lockdown, a 
OIT, CEPAL e ONU Mulheres, emitiram importante documento 2 que traz o papel crucial que 
as mulheres empregadas no setor do trabalho doméstico ocupam dentro da resposta, pelo papel 
central que desempenham no cuidado de crianças, pessoas doentes e dependentes e também na 
manutenção dos lares, incluindo também a prevenção do contágio do vírus. 
Antes da pandemia, tal trabalho de cuidados, remunerado ou não,era totalmente 
invisibilizado, precário e sem acesso às políticas públicas e consoante dados, o contingente de 
pessoas que participam de atividade econômica é composto por 52,5 % de mulheres e 79,0 % 
de homens na América Latina3 que no Brasil representa 46,3% de mulheres trabalhando e 
14,9% desocupadas, eis que a pandemia, ampliou o número de mulheres sem renda, invisíveis 
e que exercem a cuidatoria dentro e fora de seus lares, com sobrecarga de trabalho e consequente 
ampliação do tempo gasto para os cuidados, inclusive com os cuidados de limpeza para mitigar 
o contagio. 
A sociedade ainda não retornou para o “antigo normal”, mas necessária a reflexão sobre 
a cuidatoria, sobre a sociedade do cuidado, pois se o tema não for devidamente incluído no 
centro dos sistemas integrais de cuidados, as cuidadoras e as pessoas que necessitam de 
cuidados, irão perecer ainda mais e as consequências serão avassaladoras para toda a sociedade. 
O trabalho de cuidados foi agravado pela pandemia, que muito impactou a saúde física 
e mental das cuidadoras e familiares e ainda cumulou mais carga no trabalho de cuidados, maior 
 
2 COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL). Trabalhadoras 
remuneradas do lar na América Latina e no Caribe frente à crise do COVID 19. https://www.cepal.org/pt-
br/publicaciones/45725 acesso em 08/2020 
3COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL), Anuario Estadístico de 
América Latina y el Caribe, 2020 (LC/PUB.2021/1-P), Santiago, 2021. 
https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/45725
https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/45725
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exposição ao risco de contágio e condições desiguais na rotina de cuidados e tal aumenta a 
desigualdade de gênero, raça e de classe. 
Necessária nova formulação de políticas públicas em um novo mundo jurídico, social e 
econômico, com mais equidade e com o olhar para o gênero feminino, pois as mulheres são 
mais atingidas com a pandemia, seus efeitos e consequências. 
Assim, cabe salientar que os estudos e dados da CEPAL, ONU Mulheres e Fundação 
Osvaldo Cruz, são importantes para caracterizar o impacto, as multifaces de uma pandemia e 
vitais para dimensionar as necessidades de financiamento dos Sistemas de Cuidados, 
planejamentos, ações e políticas públicas, para a promoção da saúde, dignidade, igualdade, 
direitos, para quem cuida e quem é cuidado. 
A crise sanitária Global da Pandemia causou profundas mudanças nas relações de 
trabalho, na saúde, havendo impacto social e econômico e sobremaneira o cenário demanda 
discussão e ações proativas do poder público e de toda a sociedade e “A sociedade do cuidado 
como horizonte para uma recuperação sustentável com igualdade de gênero” será o tema 
principal da XV Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe.4 
Neste artigo, a pretensão é tratar sobre economia dos cuidados, que são desempenhados 
majoritariamente, pelas mulheres e que estão transversalizados com questões sociais, 
econômicas, de saúde e de educação, que pela importância, devem avançar para uma sociedade 
do cuidado e este é o objetivo da articulação da Agenda Regional de Gênero, na América Latina 
e Caribe.a cuidatoria. 
A pandemia trouxa mudanças impactantes que se operaram com agressividade, no 
mundo da economia do cuidado, não só mudanças e transformações nas relações de trabalho, 
mas a pandemia do Coronavírus acelerou o processo das relações virtuais, a digitalização e ao 
mesmo tempo, sobrecarregou os cuidados, com tarefas que sequer estavam as cuidadoras 
capacitadas, preparadas e se é uma cultura sem volta, mais necessária ainda é a reflexão e a 
instituição de redes, alianças, círculos e sistemas de cuidados, dentre outros, formados pelo 
poder público e a sociedade civil. 
 
4COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL) la-sociedad-cuidado-como-
horizonte-recuperacion-sostenible-igualdad-genero-sera-tema, 
https://conferenciamujer.cepal.org/15/es/noticias/acesso 29/10/2022 
https://conferenciamujer.cepal.org/15/es/noticias/acesso
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Como resolver as discriminações, as demandas da economia do cuidado, os problemas 
de saúde, as desigualdades de gênero e o trabalho doméstico extremamente exigente e zeloso 
como é o de cuidados? Talvez a resposta seja trazida pela Pandemia do Covid-19, que mostrou 
e ampliou a legião de mulheres cuidadoras, invisíveis e que devem ser tuteladas pelo Direito, 
pelo Estado e pela Sociedade, eis que todas as pessoas durante a maior parte de sua vida 
dependem de cuidados de outros.5 
 
2. CUIDADORIA E A SAÚDE DAS MULHERES 
Em que pese à importância do trabalho remunerado, abalada pela pandemia, que 
desempregou várias trabalhadoras ou reduziu salários, a estrutura dos trabalhos não 
remunerados, no Brasil e na América Latina, está distribuída de forma injusta, desigual e sem 
considerar a responsabilidade pelos cuidados ou a saúde das cuidadoras. 
Neste sentido, vale a Cuida-Covid: Pesquisa nacional sobre as condições de trabalho e 
saúde das pessoas cuidadoras de idosos na pandemia6 que trouxe dados alarmantes sobre a 
saúde dos cuidadores que sofrem muita pressão, stress, problemas psíquicos, devido a carga 
desmesurada de trabalho. 
A citada pesquisa foi realizada pela Fundação Osvaldo Cruz, entre os meses de agosto 
e novembro de 2020 e revelou que 40% das cuidadoras estão com estado de saúde moderado 
ou ruim e o mesmo percentual tem risco de COVID por doenças cardiovasculares e pulmonares. 
Ainda a pesquisa mostrou que quase a metade dos cuidadores tem acesso ao SUS e que 
48,5% estão com problemas de coluna, com dor aumentada e alguns com incapacidade, o que 
afeta os cuidados necessários, necessitando a cuidadora de cuidadores. 
No tocante à saúde mental, as cuidadoras disseram que tem sentimento de solidão, 
insônia, tristeza, depressão, bem como que estão ansiosas e nervosas. 
Cabe dizer que 73,6% das cuidadoras trabalham com idosos todos os dias e que houve 
aumento da carga de trabalho para até 24 horas. 
 
5 Ritter, Andréa Marta Vasconcellos. A visibilidade do trabalho não remunerado das mulheres e a 
cuidadotoria como propulsora da recuperação socioeconômica. Revista Eletronica da ESA/RS, Vol. 09, 
Numero 1, 2021. https://admsite.oabrs.org.br/arquivos/file_611c182e9eb10.pdf 
6 Fundação Osvaldo Cruz. Cuida-Covid: Pesquisa nacional sobre as condições de trabalho e saúde das pessoas 
cuidadoras de idosos na pandemia principais resultados https://www.covid19.cuidadores.fiocruz.br/?p=pesquisa 
acesso 05/10/2021 
https://admsite.oabrs.org.br/arquivos/file_611c182e9eb10.pdf
https://www.covid19.cuidadores.fiocruz.br/?p=pesquisa
14 
 
 
 
Tal pesquisa é importante e mister que a economia do trabalho se encontre no centro da 
sustentabilidade e da vida, sob pena de colapsar, eis que visível os nós estruturais da 
desigualdade de gênero e urgente evitar retrocesssos e acelerar o passo rumo a um estilo de 
desenvolvimento que ponha os cuidados no centro da sustentabilidade e da vida. 
A atividade de cuidados desenvolvida pelas cuidadoras e domésticas não remuneradas 
ainda não está monetizada e necessário, evoluir para a sociedade de cuidados, avançar sob a 
perspectiva de gênero para a redução das desigualdades e promoção do crescimento econômico, 
autonomia e o desenvolvimento sustentável, mas no momento, há necessidade de promover a 
sociedade do cuidado, contabilizar o trabalho de cuidados, a fim de reconhecer, redistribuir e 
reduzir. 
Com efeito, o sistema integral de cuidados, distribui socialmente o trabalho de cuidados 
que está quase que exclusivamente ao cargo das mulheres e necessário avançar, pois há uma 
ineficiente divisão sexual de trabalho e atualmente a pirâmide etária se inverteu, com o aumento 
do número de idosos, que com a expectativamaior de vida, mais cuidados irão requerer por 
parte das mulheres, devendo também, considerar, nesta lógica, as pessoas que são totalmente 
dependentes e as crianças. 
Assim, a cuidatoria deve ser considerada de forma transversal, tendo em vista as várias 
conexões com a Agenda 2030, como vida, sustentabilidade, saúde e bem-estar, educação de 
qualidade, igualdade de gênero, trabalho decente e crescimento econômico, ainda intersecções 
com o meio ambiente, com a sustentabilidade e a promoção da ida no planeta, neste momento 
de COVID-19, com setores econômicos que necessitam sobreviver e crescer, alterando a 
estrutura de mercado e produtiva, com inclusão das cuidadoras invisíveis como mola 
propulsora, resposta e recuperação da vida no mundo sustentável. 
3. A SUSTENTAÇÃO DA VIDA – SISTEMAS INTEGRAIS RESPOSTA E 
RECUPERAÇÃO DA AMÉRICA LATICA E CARIBE 
A pandemia avassaladora reafirmou a importância e a centralidade dos cuidados, 
colocando em destaque a insustentabilidade do atual modelo, estrutura e organização e neste 
cenário a ONU Mulheres em conjunto com a CEPAL, em 2020, publicaram importante 
documento Cuidados na América Latina e no Caribe em tempos de COVID-19. Em 
https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/45923-cuidados-america-latina-caribe-tempos-covid-19-direcao-sistemas-integrais
15 
 
 
 
direção a sistemas integrais para fortalecer a resposta e a recuperação7, sobre os cuidados 
na América Latina e Caribe em tempos de Covid-19. 
Aduz o documento que os sistemas integrais de cuidado podem se tornar um verdadeiro 
motor da recuperação socioeconômica da região e a crise da COVID-19 deve se transformar 
em uma oportunidade para fortalecer as políticas de cuidado na região, a partir de um enfoque 
sistêmico e integral. 
Importante dizer que isso significa incorporar todas as populações que necessitam de 
cuidados e gerar sinergias com as políticas econômicas, de emprego, saúde, educação e proteção 
social, a partir da promoção da corresponsabilidade social e de gênero, avançando ate a 
sociedade do cuidado. 
Neste diapasão, cabe trazer que na América Latina e no Caribe, nos últimos 20 anos, os 
governos da região aprovaram uma série de acordos para o desenho e implementação de 
políticas e cuidados, destacando a importância do papel do Estado e a coordenação com as 
Instituições, assim como os níveis nacional e local, com enfoque interseccional. 
A recuperação da pandemia deve ser urgente e para as Organizações Internacionais já 
citadas, a crise deve se transformar em uma oportunidade para fortalecer as políticas de 
cuidados, desde um enfoque sistêmico e integral, com a incorporação de todos os que são 
cuidados, articulando políticas econômicas de emprego e saúde. 
Cabe destacar a importância das Conferências de Mulheres e as Agendas Regionais e 
neste ponto, o Compromisso de Santiago, de 2020 8 que inclui um conjunto de acordos relativos 
aos cuidados, tais como: políticas contracíclicas para dinamizar a economia do cuidado; 
contabilizar os efeitos multiplicadores da economia do cuidado; sistemas integrais de cuidado, 
desde uma perspectiva de gênero, interseccionalidade, interculturalidade e direitos, finalizando 
com a coordenação entre países sobre as cadeias globais de cuidados. 
No Brasil há muito para evoluir, eis que não está na Constituição Federal, o direito ao 
cuidado e de igual forma, o Brasil, não mantém um sistema integral de cuidados, sendo 
necessário um plano, um modelo que garanta o direito das pessoas a receber cuidados, cuidar-
 
7 COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL). Cuidados na América 
Latina e no Caribe em tempos de COVID 19. Em direção a sistemas integrais para fortalecer a resposta e a 
recuperação. https://www.cepal.org/es/publicaciones/45916-acesso em setembro de 2020. 
8 COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL) Compromisso de Santiago 
Instrumento Regional para responder Crise da Covid 19. 
https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/45923-cuidados-america-latina-caribe-tempos-covid-19-direcao-sistemas-integrais
https://www.cepal.org/es/publicaciones/45916-acesso
16 
 
 
 
se e cuidar em condições de qualidade e igualdade, com o envolvimento do Poder Público, das 
famílias, mercado, comunidade, redes, movimentos e outros que são importantes para a 
cuidatoria, em recuperação. 
Apesar do auxílio emergencial, no Brasil, as desigualdades de gênero estão 
aprofundadas, há retrocesso para as mulheres, o que limita o empoderamento, autonomia e o 
desenvolvimento pleno das mulheres. 
Necessário que o Brasil priorize políticas públicas e privadas, implantadas para médio 
e longo prazo, com a finalidade de criar sistemas de cuidado que priorizem a transversalidade 
e que visem à transformação do mercado de trabalho para permitir a redução do tempo e o misto 
entre trabalho remunerado e os cuidados não remunerados, com a corresponsabilidade entre as 
famílias, Estado, mercados e sociedade civil. 
Neste sentido, para as citadas Organizações Internacionais, necessário avançar as 
políticas de cuidado com base nos pilares de bem estar, que envolvem fundamentos de direitos, 
igualdade de gênero, economia e sustentabilidade e desenvolvimento. 
Cristalino que a cuidatoria deve sair urgente da invisibilidade, que os cuidados são parte 
substantiva do desenvolvimento, que há uma integração entre as políticas econômica, social e 
do trabalho, e especialmente, que o setor privado é solidário com o público para a promoção de 
um sistema integral de cuidados a ser desempenhados entre a União, Estados e Municípios. 
A crise é uma oportunidade para a Região reafirmar o compromisso e a vontade de toda 
a sociedade construir o consenso dos Estados da América Latina e Caribe para realmente ser 
realidade uma distribuição equitativa do poder, recursos, tempo entre mulheres e homens e 
transitar a um modelo de desenvolvimento baseado na igualdade e sustentabilidade. 
 
4. CONCLUSÕES 
 
Necessário refletir sobre o papel que deve desempenhar o Estado e os governos no 
planejamento institucional e evolução das políticas dirigidas a fortalecer a corresponsabilidade 
social no cuidado humano. 
A perspectiva deve ser em direção à sociedade do cuidado, com igualdade, equidade 
que supere a injustiça que representa a desigualdade que reproduz o modelo de trabalho 
doméstico e de cuidado não remunerado. 
17 
 
 
 
Na sociedade do cuidado, caberá ao Estado promover, garantir e proteger o direito de 
todas as pessoas ao cuidado e incrementar a autonomia das mulheres através da geração de 
melhores empregos, melhor redistribuição ao trabalho doméstico e de cuidados nos lugares, 
devendo a vida familiar ser conciliada com a do trabalho, melhorando consideravelmente, a 
saúde da mulher cuidadora e das pessoas que estão sob os seus cuidados. 
Há crise nos cuidados e a reorganização é função social através de políticas públicas, 
eis que o cuidado é elemento essencial da estrutura social e econômica e a pandemia revelou a 
realidade e a problemática do cuidado antes invisível, idealizado e restringido ao espaço 
privado, como público, político e de importância para a vida e sustentabilidade. 
As múltiplas faces da pandemia destacaram as doenças, o impacto social e econômico 
e que é possível o financiamento do Estado em um Sistema de Cuidados desenvolvido entre os 
entes da Federação, que atenda a população dependente, desde a 1ª infância, pessoas sem 
capacidades, idosos e cuidadores, considerando os princípios da universalidade, solidariedade, 
autonomia e corresponsabilidade. 
Mostrou a pandemia uma nova realidade, que as mulheres são partes do mundo laboral 
e ainda uma massiva maioria, que tem a função de cuidar, em uma sociedade onde a carga de 
cuidados é crescente e que são necessárias políticas públicas comprometidas, devendo os 
cuidados e as cuidadoras serem colocadasno centro da resposta, da recuperação, sendo o motor 
de propulsão, do desenvolvimento, com transcendência entre as políticas públicas. 
Cabe destacar que o cuidado é direito de bem-estar, direito de cidadania social, 
universal, direito de receber cuidados, direito de escolher se deseja ou não cuidar no ambiente 
familiar não remunerado se trata de não tomar como obrigatório das mulheres e das famílias, 
sem possibilidade de eleição. 
Há escassez de prestações públicas de cuidados, como saúde, previdência e assistência 
social e o cuidado deve ter um olhar de bem-estar e enfoque de gênero e figurar nas políticas 
públicas em caráter transversal e interseccional com as demais políticas de saúde, educação, 
previdência e assistência social. 
O tema urgente, estratégico e requer avançar para uma sociedade de cuidados, em uma 
Agenda de igualdade de gênero que emerge a paridade, o desenvolvimento econômico, a 
sustentabilidade, que também estão nos cuidados, mas necessários bens, recursos, 
18 
 
 
 
financiamentos e políticas públicas para a promoção de um sistema integral, articulado de 
cuidados e responsabilidades. 
Uma vez centrados em planos e sistemas e com as políticas transformadas em políticas 
de Estado, os cuidados resultarão em uma humanidade e os sistemas integrais de cuidado irão 
recuperar e desenvolver a economia e manter vidas com sustentabilidade, atingindo as Metas 
da Agenda 2030, sendo as mulheres a linha de frente, nas respostas para a recuperação da 
pandemia. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Estadístico de América Latina y el Caribe, 2020 (LC/PUB.2021/1-P), Santiago, 2021. 
COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL) 
Compromisso de Santiago Instrumento Regional para responder Crise da Covid 19. 
COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL). Cuidados 
na América Latina e no Caribe em tempos de COVID 19. Em direção a sistemas integrais para 
fortalecer a resposta e a recuperação. https://www.cepal.org/es/publicaciones/45916-acesso 
em setembro de 2020. 
COMISSÃO ECONOMICA PARA AMERICA LATINA E CARIBE (CEPAL). La autonomia 
de las mujeres em escenarios econômicos cambiantes. Santiago. 2019 
COMISIÓN ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE (CEPAL). 
Trabalhadoras remuneradas do lar na América Latina e no Caribe frente à crise do COVID 
19. https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/45725 acesso em 08/2020 
FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ. Cuida-Covid: Pesquisa nacional sobre as condições de 
trabalho e saúde das pessoas cuidadoras de idosos na pandemia principais resultados 
https://www.covid19.cuidadores.fiocruz.br/?p=pesquisa acesso 05/10/2021 
RITTER, Andréa Marta Vasconcellos. A visibilidade do trabalho não remunerado das 
mulheres e a cuidadotoria como propulsora da recuperação socioeconômica. Revista 
Eletrônica da ESA/RS, Vol. 09, Número 1, 2021. 
https://admsite.oabrs.org.br/arquivos/file_611c182e9eb10.pdf 
 
https://www.cepal.org/es/publicaciones/45916-acesso
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https://admsite.oabrs.org.br/arquivos/file_611c182e9eb10.pdf
19 
 
 
 
TENDÊNCIAS DE AUDITORIA EM SAÚDE EM SISTEMAS PÚBLICOS 
 
Carla Silva da Rosa1 
Resumo: A Auditoria é percebida como ferramenta imprescindível na gestão do Sistema Único 
de Saúde (SUS). O objetivo deste artigo foi relatar de forma sistemática e objetiva como as 
relações de Auditoria se estabelecem nesse âmbito, apontando as prováveis tendências de 
atuação do Profissional Auditor em sistemas Públicos levando em consideração a importância 
da competência técnica dos mesmos, para estes fins. A pesquisa teve cunho descritivo e 
encontra-se baseada em artigos científicos pré-existentes. Surgiram muitas definições para 
Auditoria, porém todas convergem ao concordar que ela é uma ferramenta para otimização dos 
serviços prestados como um todo, sempre de acordo com a realidade local – situação esta última 
apontada no estudo como o grande desafio para as equipes envolvidas no processo. Ficando a 
questão das tendências na maioria das vezes atrelada a fatores circunstanciais capazes de 
promover reflexão individual e coletiva, na orientação das atividades em equipe. E neste 
contexto o papel da Auditoria no tangente à qualidade dos serviços prestados é decisivo. Pois 
por intermédio de sua aplicação, desenvolvimento e operacionalização; indicadores de 
desempenho são trabalhados e metas são alcançadas. Haja vista que em relação às tendências 
futuras para atuação do Profissional Auditor em Sistemas Públicos de Saúde questões como 
ética, qualificação e competência técnica constituem-se em importantes diferenciais. 
Palavras-chave: Auditoria. SUS. Gestão em Saúde. Tendências 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A Auditoria é uma Ciência antiga, conforme o histórico cronológico que se tem registro. 
No entanto, sua profissionalização e também aceitação seja considerada relativamente nova e 
desafiadora para os profissionais envolvidos em suas diferentes interfaces. Cada serviço público 
possui suas padronizações rotineiras. E na área de saúde isso não é diferente. Inclusive são 
conhecidas mais comumente como POP (Procedimento Operacional Padrão). 
Pensar, desenvolver, aplicar e numa fase mais avançada avaliar processos seguidos de 
suas padronizações no tangente a desempenho é, e sempre será no mínimo desafiador para 
qualquer equipe de trabalho na área de gestão. 
 
1Graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela UNISINOS. Pós-graduada em MBA em Auditoria em Saúde pela 
UNINTER. Pós-graduada em Controle de Infecção Hospitalar pelo INSTITUTO SÃO CAMILO SUL, Pós-
graduada em Enfermagem do Trabalho pelo INSTITUTO SÃO CAMILO SUL, Pós-graduada em Saúde da 
Família pela UNILASALLE, Pós-graduada em Metodologia do Ensino pela UFGRS, Pós-graduada em 
Administração Hospitalar com Ênfase no Gerenciamento dos Serviços de Enfermagem pelo IACHS/PUCRS 
20 
 
 
 
No entanto, a real verificação de eficiência da aplicação desses procedimentos é campo 
emergente na área de Auditoria em Saúde Pública. 
Conduzindo a linha de pensamento desta forma, aflora a questão: qual, ou quais 
tendências se aplicam para a obtenção de processos eficazes de Auditoria em Saúde Pública, de 
acordo com a realidade local? 
E avançando um pouco mais nesta mesma linha de pensamento, o que podemos 
cientificamente apontar como tendências eficazes de Auditoria em Saúde com foco no Sistema 
Único de Saúde (SUS), indica a importância de se compreender o conceito de Auditoria em 
Saúde, seguido de suas formas de aplicação na esfera SUS. 
Segundo o documento Qualificação do Relatório de Auditoria no SUS, pelo contexto 
do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) a auditoria consiste: 
 Auditoria é o processo sistemático, documentado e independente de se avaliar 
objetivamente uma situação ou condição para determinar a extensão na qual critérios 
são atendidos, obter evidências quanto a esse atendimento e relatar os resultados dessa 
avaliação a um destinatário predeterminado (Tribunal de Contas da União, 2011, p. 
10). 
 
Ou ainda, num segundo o conceito e visão do próprio SNA no mesmo documento, a 
Auditoria consiste: 
A auditoria, na concepção trazida pelo SNA, é um instrumento de qualificação da 
gestão que visa fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de 
recomendações e orientação ao gestor para a alocação e utilização adequada dos 
recursos, a garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde oferecida aos cidadãos 
(Ministério da Saúde, Departamento de Auditoria no SUS, 2017, p. 14). 
 
De acordo com Azevedo, Gonçalves e Santos (2018), quanto às formas de 
operacionalização, a Auditoria no Sistema Único de Saúde, elas podem se dividir em: 
Direta – Auditoria realizada com a participação de técnicos de um mesmo componente do SNA 
(SistemaNacional de Auditoria). 
Integrada – Auditoria realizada com a participação de mais de um dos componentes do SNA. 
Compartilhada – Auditoria realizada com a participação de técnicos do SNA, junto com 
os demais técnicos de outros órgãos de controle interno e externo, e estes são os tipos de 
auditoria. 
 As mesmas formas de operacionalização podem ser classificadas de acordo com o tipo, 
em: 
21 
 
 
 
Conformidade – Examina a legalidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua 
jurisdição, quanto ao aspecto assistencial, contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial. 
Operacional – Avalia os sistemas de saúde, observados aspectos de eficiência, eficácia e 
efetividade. 
 E de acordo com a sua natureza em: 
Regular ou ordinária – Ações inseridas no planejamento anual de atividades dos componentes 
de auditoria; e podem ser: 
Especial ou extraordinária – Ações não inseridas no planejamento, realizadas para apurar 
denúncias ou para atender alguma demanda específica. 
 Atualmente, os Sistemas Públicos de Saúde possuem diretrizes que visam a garantia de 
seus processos. No entanto, tendo em conta preceitos de Epidemiologia cada setor ligado a estes 
processos possui a sua realidade local; e é justamente para este tipo de situação que se faz 
necessário entender como estas relações se estabelecem. 
 A Auditoria em Sistemas de Saúde Públicos contribui para oferecer uma melhor qualidade 
na prestação de serviços para a população em geral. O que implica na sua íntima ligação com a 
Ciência da Epidemiologia, que em um conceito mais genérico representa o estudo sobre as 
populações. Também estimula o avanço na área de Gestão Pública dentro de um país, estado 
e/ou região/localidade atuando como parceria determinante no combate às fraudes. Por isso, 
entende-se ser desafiadora por exigir profissionais qualificados, comprometidos e éticos. 
 Além disso, a Auditoria em Saúde tem recebido crescente espaço no campo de estudos e 
pesquisas, justamente por sua capacidade de proporcionar conhecimento aprofundado para 
gestores locais acerca das questões de qualidade dos serviços prestados, forte tendência para os 
tempos atuais aonde uma ferramenta bem aplicada pode mudar o curso ou o destino de 
indicadores de desempenho. 
 Sendo assim, novos campos de atuação se abrem diante de profissionais preparados para 
se tornarem eficazes dentro de todo um Sistema de Gestão Estratégica. E neste contexto a 
Auditoria em Saúde surge como um recurso imprescindível a ser empregado nas instituições 
públicas, entre elas, o de saúde. 
22 
 
 
 
 O objetivo deste artigo é evidenciar através de uma revisão bibliográfica sistemática 
como estas relações de Auditoria se estabelecem no Sistema Único de Saúde (SUS), 
apresentando suas possibilidades e mais especificamente, apontando tendências de acordo com 
a realidade local, analisando a importância do direcionamento de profissionais qualificados para 
tais estratégias e sua ligação direta com indicadores de desempenho obtidos. 
 
2 AUDITORIA EM SAÚDE, ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL AUDITOR E 
TENDÊNCIAS 
 
 A sociedade é um segmento para o qual muitos estudos se aplicam, e dentro desta óptica 
de pensamento podemos desenvolver várias linhas de entendimento e pesquisa, no tange à área 
da saúde. 
 
2.1 AUDITORIA EM SAÚDE 
 
 A área de Auditoria apresenta um vasto campo de oportunidades dentro da área de saúde. 
Sendo assim, partindo do pressuposto de seu amplo espectro de possibilidades operacionais 
pode-se afirmar que a Auditoria é um tipo de Ciência regida por várias vertentes norteadoras 
oriundas de um misto de interfaces, podendo estas envolver desde critérios definidos por 
legislação, algumas normatizações técnicas e administrativas, orientações para prestação e 
utilização de serviços, tabelas contendo procedimentos e também honorários; até os protocolos 
técnico-científicos que visam garantir as boas práticas no âmbito. 
 Por fim todos critérios que contribuem para que se entenda o motivo de Auditoria em 
Saúde ser detentora de um policonceito. A seguir algumas destas definições eram apresentadas. 
 Para Crepaldi (2002, p. 23): “De forma bastante simples, pode-se definir auditoria como o 
levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas 
e das demonstrações financeiras de uma entidade. ” 
 Chiavenato (2002, p. 125) refere que: 
 
Auditoria é um sistema de revisão de controle, para informar a administração sobre a 
eficiência e eficácia dos programas em desenvolvimento, sua função não é somente 
indicar os problemas e as falhas, mas também, apontar sugestões e soluções, portanto, 
tem um caráter eminentemente educacional. (CHIAVENATO, 2002, p.125) 
 
23 
 
 
 
A auditoria na área da saúde é um espaço em constante expansão e vem sendo utilizada 
como ferramenta de gestão há mais de meio século, também compreendida como o produto de 
uma análise sistemática e formal das atividades, numa determinada realidade local e 
preferencialmente deve ser realizada por um Profissional Auditor especificamente designado 
para a função; ou seja, que não esteja diretamente envolvido nas atividades laborais cotidianas, 
com o objetivo de assegurar a conformidade legal, o controle dos processos e a qualidade 
processual dos serviços prestados. 
 Logo, partindo de um pressuposto que delimita este tipo de vínculo é que precisamos 
explorar exaustivamente, ao que a Auditoria em Sistemas de Saúde Pública se propõe de uma 
maneira geral e também registrar acontecimentos relevantes da cronologia histórica da 
Auditoria no mundo e no Brasil. 
 Conforme Ayach, Moimaz e Garbin (2013) a Auditoria em Saúde é uma ferramenta que 
verifica os processos e resultados da prestação de serviços, pressupondo o desenvolvimento de 
um modelo de atenção adequado, de acordo com as legislações vigentes. 
 Conforme relata Rosa (2012, p. 21) no cenário mundial um dos acontecimentos de 
destaque para a Auditoria em Saúde, deu-se em 1972, o Congresso Americano, por meio do 
Social Security Act, criou a Professional Standard Review Organization, com o objetivo de 
regulamentar a avaliação dos serviços de saúde. Estabeleceu-se uma ampla rede de especialistas 
e unidades de auditoria dedicados ao monitoramento da assistência hospitalar. 
 No Brasil o mesmo autor registra que em 1988, a própria Constituição Federal (BRASIL, 
1988) impõe a necessidade dos processos de auditoria, sendo que seu Art. 197 dispõe: 
São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público 
dispor, nos Termos da Lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo 
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física 
ou jurídica de direito privado (BRASIL, 1988, Art. 197). 
 
De acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988, foi criado o Sistema Único 
de Saúde (SUS), que estabeleceu convergência universal e igualitária às práticas de saúde, com 
uma territorialização e categorização, dissociação com direção singular em cada esfera 
governamental. 
 Estes registros relacionados ao contexto histórico da Auditoria em Saúde a nível mundial 
e subsequente no Brasil evidenciam a importância da consideração da realidade local como 
24 
 
 
 
mediador de tendência acerca de sobre qual modo operacional utilizar para obter leituras que 
fidelizem os cenários vigentes. 
 A aplicabilidade, bem como a garantida de pleno funcionamento processual dependem 
muito de como as interfaces que compõem esta relação se conectam. Adversidades muitas vezes 
acabam sendo consequências inerentes da implantação de novas rotinas; e no caso do trabalho 
do Profissional Auditor elas permeiam toda a evolução das práticas, sendo paradigmáticas ao 
se justaporem como filtros situacionais ou de leitura de realidade local, para cognição. 
 
2.2 Atuação do profissional auditor e tendênciasDe acordo com Azevedo, Gonçalves e Santos (2018) atualmente a sociedade brasileira 
vive um período histórico de turbulência política e econômica. Por um lado, surge a 
preocupação com o destino e utilização dos recursos públicos, por outro a preocupação com a 
qualidade dos serviços prestados, inserindo-se assim, os objetivos principais da auditoria. 
 Tendo essas questões em pauta, se torna imprescindível a atuação de profissionais com 
competência técnica adquirida para estes fins. 
 Pinto e Melo (2010) afirmam que cada vez mais surgem oportunidades para o profissional 
enfermeiro atuar na área de auditoria de contas hospitalares. A auditoria configura-se como uma 
ferramenta gerencial utilizada pelos profissionais da saúde, em especial os enfermeiros, com a 
finalidade de avaliar a qualidade da assistência de enfermagem e os custos decorrentes da 
prestação dessa atividade. 
 Enfermeiros são profissionais que partem da graduação com duas competências básicas: 
cuidar e gerenciar, e ao longo de seus feitos laborais e através da interface multidisciplinar 
inerente aos seus respectivos cotidianos acabam, em sua maioria por dominar o processo de 
gestão local com maestria contribuindo de forma relevante para a otimização de resultados dos 
indicadores de qualidade em suas equipes. 
 Esses profissionais possuem competência técnica adquirida para estes fins; e, 
diariamente se deparam com os desafios impostos pelas realidades locais nas quais se 
encontram inseridos; o que não os permite escolher com antecedência qual método operacional 
de auditoria utilizar. Mas sim conhecê-los e dominá-los enquanto Ciência, para a partir de um 
diagnóstico situacional, ou seja, focado na realidade loca de seus setores de trabalho, reunirem 
25 
 
 
 
critérios para definir o melhor instrumento para resenha e registro de acordo com a classificação 
explanada no ato de introdução deste estudo. 
Além disso, o mundo inteiro enfrentou uma Pandemia em função do novo Corona Vírus 
(COVID-19) o que certamente, já implica num novo olhar acerca dos desafios vigentes na área 
em questão. Fato que inerente e consequentemente acaba por direcionar o pensamento e as 
ações para tendências futuras dentro da área de Auditoria em Saúde em Sistemas Públicos, para 
uma nova janela, que desde já sinaliza a necessidade de se pensar nas formas de reorientação 
processual das questões que se encontrarem diretamente implicadas a tais circunstâncias. 
 Como o cenário ainda é bastante incerto em relação a este assunto, pois os países do mundo 
inteiro, por intermédio de seus governantes seguiram e seguem as determinações da ONU 
(Organização das Nações Unidas) e até que seja encontrada uma solução efetiva (vacina) resta 
à comunidade de Auditores se preparar para encontrar mudanças que estarão diretamente 
ligadas à futura nova realidade. 
 Concorrente a isso temos a questão da habilitação e aceitação dos profissionais que atuam 
na área de desenvolvimento de potencial humano com vistas à Auditoria em Saúde. Afinal, num 
campo de desafios constantes e emergentes a implementação de mudanças é de extrema 
relevância, sem perder o foco na realidade local. 
 Scarparo, Ferraz, Chaves e Gabriel (2014) salientam em termos de realidade local, por 
exemplo, que o trabalho do Enfermeiro Auditor decorrerá de um ideário profissional, o qual 
estará articulado com o seu campo de conhecimento e práticas de gestão. 
 Conforme Kruger (2018) as fraudes no Sistema de Saúde Pública no Brasil são uma 
realidade bastante dispendiosa. O mesmo autor ainda registra que, um levantamento realizado 
pela Controladoria Geral da União (CGU) detectou que, entre 2002 e 2015, o desvio de dinheiro 
da Saúde Pública atingiu cerca de R$ 5,04 bilhões, o equivalente a 27,3% do total de fraudes 
em todas as áreas do Governo. 
 De acordo com um estudo realizado por Lara (2017) sobre as “Evidências de Práticas 
Fraudulentas em Sistemas de Saúde Internacional e no Brasil” publicado no mesmo ano pelo 
Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), as principais fraudes no serviço público de 
saúde estão relacionadas com: 
● Propinas e corrupção nos contratos; 
26 
 
 
 
● Roubo; 
● Negociação de leitos hospitalares; 
● Redução da qualidade do serviço assistencial; 
● Negligência no atendimento ao paciente; 
● Documentos fiscais falsos; 
● Aquisição de recursos com preços acima do mercado; 
● Falsa compra de materiais; 
● Desvio de verba para pagar fornecedores, 
● Práticas ilegais na contratação de médicos. 
 A mesma fonte ainda aponta que a Auditoria em Sistemas de Saúde contribui para o 
Sistema Único de Saúde (SUS) oferecer uma melhor qualidade na prestação de serviços de 
saúde para a população. Para avançar na gestão pública do Brasil e combater as fraudes no SUS, 
a área da saúde necessita de profissionais capacitados, éticos e comprometidos para serem 
auditores. 
 O serviço de Auditoria pode ser visto como um processo educativo no qual não se busca 
responsáveis pela falha, mas questiona o porquê da não conformidade. Essa mudança de 
percepção estimula a participação da equipe na identificação e na resolução dos eventos 
adversos, citam Bazzanella e Slob (2013). 
 Entendemos que a prática do Enfermeiro Auditor pode se constituir em uma intervenção 
de relevância, que vá além da função de servir apenas aos interesses das organizações onde 
atuam, estando inserida em uma política de saúde e num contexto de organização de saúde cuja 
finalidade explicite o que se espera desta prática, tal como a contribuição para a qualidade da 
assistência de enfermagem e a atenção à saúde da população de um modo geral, além de 
consolidar a construção do SUS, citam Melo e Pinto (2010). 
 Além do que, a propensão da atuação do Profissional Auditor em áreas como regulação de 
custos e otimização de processos de qualidade, apontam para um caminho inovador; aonde tudo 
o que é produzido na Gestão Estratégica de Sistemas de Saúde, do que podemos de chamar de 
Gestão por Competências. 
 Num conceito bem objetivo a Gestão por Competências é um estilo de modelo processual 
que trabalha com a identificação de conhecimentos, capacidades, saberes de uma equipe e os 
27 
 
 
 
interliga com as habilidades, fazeres fundamentais desta mesma equipe para a execução e 
garantia de uma estratégia; previamente definida pela Instituição. 
 Nos últimos tempos o conceito de competências encontra-se estrategicamente abrangente 
e associado, e pode ser entendido com um portfólio de soluções, sendo estas: parte física 
(infraestrutura), intangíveis (imagem, marcas etc…), organizacionais (cultura organizacional e 
sistemas administrativos) e também os recursos humanos. 
 Segundo Ruas, Antonello e Boff (2005): 
A crescente utilização da noção de competência no ambiente empresarial brasileiro tem 
renovado o interesse sobre esse conceito. Seja sob uma perspectiva mais estratégica 
(competências organizacionais, competências essenciais), seja sob uma configuração 
mais específica de práticas associadas à gestão de pessoas (seleção, desenvolvimento, 
avaliação e remuneração por competências), o que é certo que a noção de competência 
tem aparecido como importante referência dentre os princípios e práticas de gestão no 
Brasil. (RUAS;ANTONELLO;BOFF, 2005, p.36) 
 
 Sobre a Gestão por Competências ainda pode-se dizer que é a forma que a área de recursos 
humanos de uma determinada estratégia se utiliza enquanto ferramenta, para detectar e gerir 
posturas profissionais capazes de renderem ao máximo suas potencialidades em prol de um 
negócio/setor, buscando trabalhar interfaces de melhorias e constantes otimizações processuais, 
polindo arestas e agregando conhecimento. 
 No campo de Auditoria, podemos citar como exemplo o trabalho do Profissional Auditor 
Enfermeiro com conhecimentos específicos na área de Auditoria, como um grande agregador 
de valor na realidade local aonde se encontrarinserido, pois sua atuação culminará em um 
diferencial competitivo de processo que ele é capaz de sustentar graças ao seu inerente 
compromisso com as questões de Educação Continuada. 
 Já que a Auditoria além de visar melhorias no ambiente aonde se aplica, ela também torna-
se ferramenta aliada ao estimular a revisão e consequente melhoria das práticas laborais, como 
um todo. Pois seus processos estão intimamente ligados com a busca, garantia e a permanente 
comprovação da conformidade legal dos itens auditados. Considerando os tópicos 
anteriormente dispostos, surge neste contexto a importante necessidade do estudo das relações 
de Auditoria em Saúde em Sistemas Públicos, alguns de seus determinantes e impactos gerados 
e as tendências para a sua aplicação. 
 
28 
 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
 O presente estudo de cunho descritivo foi realizado por intermédio de uma pesquisa 
bibliográfica, seguida de análise de conteúdo cujos achados foram organizados de forma 
qualitativa. 
 Para que a elaboração do mesmo fosse possível, houve um levantamento bibliográfico 
sobre os marcos históricos relevantes da Auditoria em Saúde, tanto a nível Mundial como a 
nível nacional; a importância do engajamento de profissionais com competência técnica 
definida para estes fins e suas respectivas inserções em realidades locais distintas e também o 
enquadramento da ferramenta de Auditoria como um processo educativo. 
 A leitura de revisão de artigos científicos, obtidos em pesquisa nas bases acadêmicas 
Google Acadêmico e SCIELO, com foco na temática proposta contribuindo para a estruturação 
do estudo e na apresentação de ideias. 
 Considerando o método indutivo e procedimentalmente bibliográfico de forma geral 
alguns tópicos foram observados, revisados e correlacionados com artigos e outros textos de 
caráter científico já publicados. 
 Para as Tendências de Auditoria em Saúde em Sistemas Públicos há uma infinidade de 
tópicos que se misturam. Filtrá-los e redirecioná-los para estabelecer uma correlação com os 
objetivos estabelecidos por este estudo foi o grande desafio no tangente à conceituação e a 
análise de ideias como um todo. 
 Desta forma a questão problema foi respondida através da complementação das percepções 
obtidas pela interface inerente dos referenciais na fundamentação teórica, que abordou a 
Auditoria em Saúde, Atuação do Profissional Auditor e Tendências. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 A Auditoria em Saúde em Sistemas Públicos a critério do Sistema Único de Saúde (SUS) 
é um desafio constante e de magna complexidade para os profissionais envolvidos com este 
contexto, tendo em vista toda a sua composição interdisciplinar que a eleva a um patamar de 
ferramenta decisiva para o estabelecimento de critérios/metas e o alcance dos resultados 
almejados. 
29 
 
 
 
 Atualmente, o campo da Auditoria tem assumido, além da análise técnica em saúde, a 
função de reorientação nos processos de gestão. E por esta razão, este é um campo de trabalho 
em ascendência em nosso país, mas que na mesma proporção ainda é bastante desigual muito 
em função da forma pelo qual é consequentemente composto. 
 Pois, além de competência ética e técnica para o desenvolvimento das funções 
preconizadas, os profissionais inseridos neste cenário estratégico de trabalho também são 
exigidos no tangente a habilidades interpessoais. Visto que o ambiente de atuação muda de 
acordo com a capacidade de autonomia de gestão, o que se encontra diretamente refletido na 
realidade local. 
 Aqui então se pode destacar a relevante contribuição da relação da estratégia de Gestão 
por Competências e sua relação com Indicadores de Desempenho e sua otimização, de acordo 
com a realidade local. Pois a capacitação do Profissional Auditor tendo em conta está 
contextualização é fundamental para que ele possa pensar, desenvolver e operacionalizar suas 
tarefas com excelência, utilizando-se de suas competências para agregar valor ao processo. 
 Por isso, cada vez mais investir em Educação Continuada para as equipes como um todo 
deve ser competência basilar. Sistemas operacionais que constroem resultados pró ativos para 
qualquer cenário de gestão, partem do investimento de uma gênese sólida nesse sentido. 
Quando há constante investimento na área de capacitação permanente para os profissionais de 
saúde e em específico para os Profissionais Auditores; estes últimos, em função da autonomia 
que adquirem dentro das estratégias assistenciais aonde se encontram inseridos lançam-se entre 
as equipes e suscitam a participação plena dos demais ao promoverem em suas práticas, ações 
interdisciplinares. E, desta forma elevam a patamares de relevância a sua forma de pensar, fazer 
e desenvolver a construção do saber na área da saúde, ao mesmo tempo que protagonizam 
constituição de legado. 
 Profissionais Auditores qualificados encontram-se aptos a evitar desperdícios, reduzir 
custos e garantir que todos os usuários tenham acesso integral à saúde; o que vai de encontro a 
um dos princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) que é o da Integralidade. 
 O fato da Auditoria se constituir como uma ferramenta potente no apoio à qualificação dos 
serviços prestados para uma determinada população, a torna sempre tendência por critério 
básico. 
30 
 
 
 
 Então sendo a tendência tudo aquilo que é capaz de fazer com que um caminho seja seguido 
e/ou um modelo seja referenciado como exemplo, pode-se também justificar por esta linha de 
raciocínio a necessidade de se criar, expandir e ofertar mais espaços de atuação para 
Profissionais Auditores atuarem no SUS, pois o quesito satisfação do cliente em relação a 
estratégia, é um indicador cujo índice vem decaindo em termos conceituais nos últimos anos. 
 A Auditoria influencia diretamente no desenvolvimento de indicadores em saúde e na 
qualidade da assistência, possibilitando o desenvolvimento de critérios de avaliação e geração 
de novos conhecimentos. Portanto, comprometer-se com este tipo de processo é garantir um 
sistema de gestão que fortalecedor do SUS na qualidade de importante ferramenta gerencial 
para o planejamento das práticas assistenciais, organizando e fiscalizando a assistência em 
saúde dentro de padrões financeiros. 
 Afinal, os diferentes níveis de autonomia sejam econômicos, de gestão e também 
indicadores sociais podem se constituir positivamente como catalisadores processuais; e em 
premissas negativas, como embargadores. Pois também há de se considerar a lacuna deixada 
por problemas na área de fiscalização. 
 O atual momento de Mundo Pandêmico (COVID -19) controlado, via oferta de acesso às 
vacinas desenvolvidas por intermédio de engajamento de toda a Comunidade Científica para as 
populações, ainda é questão de muitas incógnitas mas que, no entanto, para aqueles que 
conseguem prospectar visão e pensamentos com foco num futuro não distante, talvez já possam 
começar a pensar e a desenvolver estratégias de adequação e readequação operacionais, levando 
sempre em conta a classificação dos modos operacionais de auditoria já apontados neste estudo. 
 Em corroboração ao parágrafo anterior, também se faz oportuno aqui salientar o quanto, 
independente de estratégias, a área de gestão e seus respectivos agentes devem estar cada vez 
mais preparados para lidar com as equipes considerando-as organismos vivos, e com isso 
fortalecer conceitos na área de transitoriedade. 
 Buscar o entendimento do efeito da transitoriedade das interações ambientais; em tempo 
permanente e como um todo, já se constitui num dos fortes legados que o mundo pós COVID-
19 está deixando para as áreas de Gestão no planeta. 
 Durante este estudo surgiram vários conceitos para Auditoria, no entanto todos em sua 
maioria convergem para a questão e que ela trabalha em prol da qualidade do SUS, competindo 
31 
 
 
 
aos Profissionais Auditores serem éticos e qualificados para a execução de um trabalhoque 
realmente seja capaz de traduzir as necessidades de um setor ou de um Sistema Estratégico de 
Gestão. 
 A realidade local é algo que está intimamente ligado ao trabalho de diagnóstico situacional 
que este Profissional Auditor encontrará no caminho que tiver de percorrer para estabelecer os 
limites de seu trabalho. Parâmetros tais como: qual estilo de processo aplicar, quais 
normatizações, técnicas e procedimentos administrativos todos dependerão dos insumos 
(humanos e patrimoniais) que o mesmo terá à disposição para a o desenvolvimento do seu 
trabalho irão compor impreterivelmente, o seu Universo de boas práticas. 
 No patamar de Ciência este estudo contribuiu na conclusão de que a Auditoria na área da 
Saúde apresenta-se como diferencial de extrema relevância no desenvolvimento de potencial 
humano ou de educação continuada, dentro das equipes visto que ela estimula profissionais a 
refletirem individual e coletivamente, ao fornecer subsídios para orientação de atividades. 
 Dando continuidade temática ratifica-se a importância da adequação e readequação 
operacionais no SUS com foco na posteridade, ou seja, pós-mundo pandêmico pode-se arriscar 
e registrar as seguintes linhas de pensamento: que talvez partam das iniciativas como a da 
Atenção Primária e da Gestão populacional os semblantes de significância maior para 
reorganização do Sistema Público de Saúde, considerando os seus aspectos de integralidade. E, 
em linhas semelhantes de raciocínio, tal ideia também poderá ser inclusive extensiva à realidade 
local dos Sistemas Privados de Saúde. Pois as três estratégias apontadas possuem relação direta 
com as questões que dizem respeito à satisfação da clientela em relação aos serviços prestados, 
constituindo com as informações compiladas um indicador capaz de ditar novas tendências 
operacionais. 
 Por conseguinte, ainda se pode concluir em termos de tendências para a área de Auditoria 
em Saúde no SUS o crescimento do engajamento da participação social na busca de soluções 
que ajudem a visar melhorias com relação ao índice de satisfação da clientela. Para tais ações 
o crescente acesso da população à Era Digital e também a alguns mecanismos de Inteligência 
Artificial serão realidades positivas e agregadoras. 
 No entanto, considerando esta perspectiva de busca de tendências na Área de Auditoria em 
Sistemas Públicos não existem muitos trabalhos científicos com foco nesta temática em 
específico. 
32 
 
 
 
 Logo, podemos inferir e reforçar esta inferência ao registrar que o trabalho do Profissional 
Auditor Qualificado para a função é grande diferencial e contribuirá para conformidade e 
subsequente, legitimidade de toda e qualquer informação em saúde produzida para estes fins 
num cenário de mudanças em constante vigência. 
 Mudanças são feitos processuais e como tais pode-se dizer a inegável contribuição da 
Auditoria em Saúde e suas respectivas interfaces, aqui subentendidos na estratégia como raio 
de alcance. 
 Destarte, que ao seguir tendências e ao procurar nas mesmas, atemporalidade, que toda e 
qualquer estratégia e seus recursos nesta área possam ser doravante sempre auditados por 
Profissionais Auditores éticos, capacitados e que estejam dispostos a maximizarem suas 
práticas conferindo às mesmas, um diferencial competitivo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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de Saúde: o Papel do Auditor no Serviço Odontológico, 2013. 
 
AZEVEDO, Giovana Aparecida, GONÇALVES, Nathalia Santos, SANTOS, Daniela Copetti 
– A Relação entre Auditoria e o Sistema Público de Saúde, 2018. 
 
 
BAZANELLA, Neivo Andrade Lima, SLOB, Ednea – A Auditoria como Ferramenta para a 
Melhoria da Qualidade no Serviço Prestado, UNINTER, 2013. 
 
BRASIL, Ministério da Saúde, Constituição – Constituição Federativa do Brasil, BRASÍLIA, 
DF, Senado, 1988. 
 
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA E 
PARTICIPATIVA – Auditoria no SUS no Contexto do SNA: Qualificação do Relatório de 
Auditoria, Brasília, 2017. 
33 
 
 
 
CALEMAN, Gilson, MOREIRA, Marizélia Leão, SANCHEZ, Maria Cecília - Auditoria, 
Controle e Programação de Serviços de Saúde, Faculdade de Saúde Pública da Universidade 
de São Paulo, Série Saúde & Cidadania, 1998. 
 
CHIAVENATTO, I. Recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2002. 
 
CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2002 
 
KRUGER, Hernani Vaz – A Importância da Auditoria no Combate de Fraudes no SUS. 2018. 
 
LARA, Natália Caio – Textos para Discussão n.º 62 - Evidências de Práticas Fraudulentas em 
Sistemas de Saúde Internacionais e no Brasi., São Paulo, 2017 
 
PINTO, Karina Araújo, MELO, Cristina Maria Meira de – A Prática da Enfermeira e Auditoria 
em Saúde. São Paulo, 2010. 
 
ROSA, Vitor Luis – Evolução da Auditoria em Saúde no Brasil. Londrina, 2012. 
 
 RUAS, Roberto Lima. ANTONELLO, Claudia Simone. BOFF, Luiz Henrique. Os novos 
horizontes da gestão: aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Bookman, 
2005 
 
SCARPARO, Ariane Fazzolo, FERRAZ, Clarice Aparecida, CHAVES, Luciele Dias 
Pedreschi, GRABRIEL, Carmem Silva - Tendências da Função do Enfermeiro Auditor no 
Mercado de Saúde. 2014. 
 
SCHMIDT, Célia Regina - Análise da percepção dos auditores sobre a auditoria interna na 
gestão do Sistema Único de Saúde de Mato Grosso. Piracicaba/SP, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS: REFLEXÕES ACERCA DAS 
RELAÇÕES TÓXICAS EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL 
 
Estéfani Luise Fernandes Teixeira1 
Camila Maria Maciel2 
Mariana de Oliveira de Assis3 
 
Resumo: O presente artigo pretende examinar os impactos ocasionados pelo isolamento social 
e o poder das redes sociais para denunciar as relações tóxicas. Em tempos de pandemia, tornou-
se fundamental adotar as recomendações das entidades médicas e governamentais para a não 
propagação do vírus e proteção da sociedade em seu âmbito individual e coletivo. Nesse 
contexto, ocorreu uma mudança profunda e cultural nas relações humanas. O isolamento 
prolongado ocasionou um colapso nas relações humanas, sociais e econômicas, sem ter estudos 
suficientes para a cura e respostas, iniciaram-se conflitos internos, externos e familiares. 
Aponta-se, no artigo, que antes da pandemia as relações laborais em sua maioria das vezes eram 
em lugar diverso e que migraram para a modalidade home office, quando possível. Desse modo, 
misturaram-se lazer, trabalho, relações familiares, entre outras dimensões da vida. Ademais, 
objetiva-se demonstrar, o aumento da violência doméstica familiar no período do 
distanciamento social, tendo em vista que, o agressor e a vítima permaneceram no mesmo local. 
Nesse ponto, para proteção da mulher, a ascensão feminina no ciberespaço através das redes 
sociais, caracterizada pelo crescente uso das tecnologias, tem revolucionado o mundo ao 
permitir o acesso facilitado à informação e a comunicação instantânea das vítimas. Por fim, 
aponta-se o surgimento de uma campanha para denunciar o abusador quando não é possível 
fazê-lo pela internet, a campanha do batom vermelho: “Sinal Vermelho Contra Doméstica em 
Tempos de Pandemia”. 
Palavras-chave: Violência doméstica; Isolamento Social; Direitos e garantias fundamentais; 
Redes Sociais; Relações Familiares. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A pesquisa analisa o aumento da violência doméstica durante o isolamento social nas 
relações familiares e a ascensão das redes sociais como possibilidade de ajudar as vítimas por 
meio do facilitado acesso à informação. 
 
1 Mestra em Direito pela UPF. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela PUCRS. Associada 
do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul- IARGS. Membro e Coordenadora do GT de Pesquisa da 
Comissão Especial do Direito à Saúde da OAB/RS. Vice-Presidente da ComissãoEspecial da Saúde da OAB/RS, 
Subseção de Canoas. Advogada. Consultora. E-mail: estefani.f.teixeira@gmail.com 
2Advogada. Membro da Comissão Especial do Direito à Saúde da OAB/RS. E-
mail:advogada@camilamaciel.com.br. 
3 Especialista em Direito Médico e da Saúde pela UERJ e Gestão Pública e Direito Administrativo pela FMP/RS. 
Graduada em Direito. Conciliadora Judicial TJRS. Membro da Comissão Especial da Saúde da OAB/RS, Subseção 
de Canoas. E-mail: mariana.oliveirassis@gmail.com. 
35 
 
 
 
O tema merece atenção frente à inserção dos meios tecnológicos para o combate dos 
abusos contra as mulheres. 
O artigo aborda também a campanha do batom vermelho: Sinal Vermelho Contra a 
Violência Doméstica, que chama a atenção para quando não é possível a denúncia virtual, em 
virtude de o agressor ter quebrado o celular da vítima, escondido o notebook e demais formas 
de agressão. 
Viveu-se, em virtude da pandemia de COVID-19, em isolamento social, numa 
sociedade cercada das mais distintas tecnologias, o que potencializou a informação, propagação 
de conhecimento de forma instantânea. 
Houve uma transformação cultural e humana proporcionada pelo COVID-19, onde as 
pessoas da mesma casa permaneceram juntas de forma constante, com isso misturando as 
relações pessoais, profissionais, entre outras. 
Dessa forma, ocorreu o aumento na violência doméstica contra a mulher, conforme o 
relatório na Associação das Nações Unidas (ONU, 2020), nesse período, pois a vítima ficou 
exposta diariamente com seu abusador e, por vezes, silenciada pois permanecia em 
confinamento. 
O presente artigo tem por escopo analisar a proteção da mulher no período do 
isolamento social e as relações familiares, demonstrando a importância da tecnologia e da 
ascensão das redes sociais para a democratização feminista. 
Mediante isso, apresenta soluções cabíveis para a vítima realizar a denúncia, tutelando 
os direitos e garantias fundamentais, a proteção da mulher e demonstrando que a informação se 
tornou imprescindível a partir da situação vivida nos tempos de isolamento social. 
Nessa esteira, devido ao aumento da violência doméstica contra a mulher, as entidades 
governamentais e privadas apresentaram campanhas de suma importância para essas mulheres 
agredidas denunciarem os abusadores. Tais campanhas contribuíram para buscar o respeito 
constitucional/legal e moral dos direitos fundamentais da mulher. 
Em termos metodológicos, utilizou-se a abordagem indutiva, cuja técnica de análise tem 
como base a pesquisa bibliográfica. Serão utilizados como métodos de procedimento o 
comparativo e funcionalista, objetivando pesquisar o instituto do direito e a imposição da 
36 
 
 
 
aplicação das leis de proteção em prol da mulher. O método de interpretação jurídica é 
sociológico. 
Espera-se, com o presente artigo, contribuir para a conscientização da inconcebível 
realidade do aumento da violência doméstica contra a mulher apresentada no período de 
isolamento, especialmente tutelando direitos intrínsecos à mulher e com isso protegendo-a. 
Igualmente, é esperado analisar o fenômeno do “ciberfeminismo” nas redes sociais para 
informar e conscientizar a vítima que sofreu abusos no tempo da pandemia ou que ainda esteja 
sofrendo. Por fim, busca-se contribuir para tornar públicas a preocupação e as importantes 
campanhas que entidades estão propiciando para denunciar os agressores. 
 
1 ISOLAMENTO SOCIAL E RELAÇÕES FAMILIARES 
 
O mundo, nos últimos anos, passou por incertezas e desafios, principalmente quando se 
tratou do isolamento social e relações familiares. 
A pandemia de COVID-19 mudou culturalmente as relações humanas. Encarceradas em 
nossos próprios lares, vivemos diversas personagens: uma intensa e interna, pessoal e familiar, 
e outra, de relacionamentos sociais e laborais, misturando-se de forma vertiginosa as relações 
de lazer, trabalho e familiares. 
Em plena pandemia, fez-se necessário adaptar-se às novas formas de trabalho para se 
manter ativa no mercado, dessa forma, no contexto, “[...] a tecnologia atrela-se ao trabalho para 
facilitar e otimizar o fazer humano” (FINCATO, 2010, p. 9), além de conciliar os cuidados 
domésticos – tais como cuidar da casa e dos filhos e demais tarefas. 
De forma repentina, fomos obrigadas a reestruturar a maneira como vivíamos em 
sociedade, criando hábitos, até aquele momento, pouco difundidos, tendo como foco a 
preservação tanto individual quanto coletiva. 
Fez-se necessário observar atentamente às recomendações das entidades médicas e 
governamentais acerca das medidas preventivas ao vírus, pois estas eram necessárias à 
efetivação dos direitos fundamentais da pessoa humana, notadamente a saúde, a vida, a 
integridade física e psíquica. 
37 
 
 
 
Nesse ponto, a utilização de máscara ao sair de casa, a constante higiene das mãos, o 
distanciamento social, bem como a restrição de mobilidade foram condutas essenciais, efeitos 
de uma nova ordem social numa sociedade assustada com o desconhecido. 
Nesse sentido, agimos às cegas, presenciando um desenfreado progresso de doenças 
psiquiátricas, ansiedade, estresse, depressão, pânico, entre outras. O mundo não estava 
preparado para essa crise emocional, econômica e social. Saímos da zona de conforto da certeza 
e entramos em um estado de descrença e alerta constante. 
No contexto brasileiro, percebemos uma transformação estrutural, organizacional e 
cultural nas relações humanas e familiares devido ao confinamento. Com efeito, a rotina de ir 
ao trabalho e retornar para casa diariamente se extinguiu, pois nos dias de isolamento o home 
office foi a tendência. 
O espaço laboral entrelaçou-se com as atividades familiares e de descontração, 
ocasionando conflitos advindos da convivência familiar constante. Cabe mencionar que a falta 
de privacidade e intimidade dos integrantes da casa geraram conflitos internos e externos, 
resultando em divergências entre pessoas que compartilhavam o lar. 
Antes do auge da pandemia, a nossa casa era vista, na maioria dos casos, como abrigo, 
com a adoção das medidas restritivas impostas devido à disseminação da doença, o 
confinamento, na maior parte do tempo, veio a transformar esse ambiente acolhedor em um 
meio potencialmente conflitante, o que abalou a harmonia familiar, acabou por expor, em 
índices ainda mais elevados, uma realidade cruel: a violência contra a mulher. 
Em outras palavras, o isolamento social apresentou um significativo aumento das 
relações tóxicas, exacerbando comportamentos nocivos e abusivos que resultaram em graves 
violações dos direitos da mulher de forma silenciosa, fazendo com que se tornassem ainda mais 
vulneráveis. Em razão disso, percebeu-se a necessidade de se impor medidas preventivas e 
protetivas mais contundentes em prol da saúde física e psíquica da mulher. 
Ante o exposto, percorrido o sinuoso terreno do isolamento social e relações familiares 
dentre os quais o cumprimento dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana é uma 
imposição legal constitucional, tornou-se necessário o estudo do abuso físico e emocional 
contra a mulher em tempos de confinamento no âmbito brasileiro, bem como os seus 
desdobramentos. É o que passa a analisar nas linhas que seguem. 
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1.1 Abuso emocional e físico contra a mulher em tempos de confinamento 
 
 
Em meio aos cuidados da proteção à contaminação causada pelo novo coronavírus, nos 
deparamos com a obrigação de também atender às condições e requisitos morais/legais e 
constitucionais impostos à proteção das mulheres expostas a situações de violência doméstica 
e familiar. Com isso, garantindo-se medidas assistenciais de prevenção e proteção no tempo de 
confinamento. 
Entende-se que a partir da elaboração de políticas públicas mais efetivas ao combate 
dos abusos e criação de serviços de apoio psicológico, jurídico e social são possibilidades de 
amparo ainda mais contundentes

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