Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Organizadores Márcia Schwantes Maximilia de Paula Ana Maria Brongar de Castro Laura Albrecht Freitas Josiane Petry Faria Alexandre Torres Petry ELAS NA ADVOCACIA III Porto Alegre, 2023 Copyright © 2023 by Ordem dos Advogados do Brasil Todos os direitos reservados Márcia Schwantes – Presidente CMA Maximilia de Paula – Vice-Presidente CMA Ana Maria Brongar de Castro – Vice-Presidente Interior CMA Laura Albrecht Freitas – Secretária CMA Josiane Petry Faria – Coordenadora do GT de Produção Científica CMA Alexandre Torres Petry - Diretor de E-books e Revista Eletrônica da ESA/RS Recebimento dos textos, diagramação, ficha catalográfica Jovita Cristina Garcia dos Santos Projeto Gráfico e capa Victor Baldez Silva Revisora dos textos Dieniffer de Souza Silva Lemes Jovita Cristina Garcia dos Santos- CRB 10ª 1.517 A revisão de Língua Portuguesa e a digitação, bem como os conceitos emitidos em trabalhos assinados, serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Escola Superior de Advocacia da OAB/RS Rua Manoelito de Ornellas, 55 – Praia de Belas CEP 91110-230 – Porto Alegre/RS E39 Elas na advocacia III/, Márcia Schwantes, Maximilia de Paula...[et.al] (Organizadores). – Porto Alegre: OAB/RS, 2023. p. 430. ISBN: 978-65-88371-25-1 1. Direito. 2. Advogadas. I.Schwantes, Márcia. II, Paula, Maximilia de Paula. III. Título CDU: 347.965 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - CONSELHO FEDERAL DIRETORIA/GESTÃO 2022/2025 Presidente: Beto Simonetti Vice-Presidente: Rafael Horn Secretária-Geral: Sayury Otoni Secretária-Geral Adjunta: Milena Gama Diretor Tesoureiro: Leonardo Campos ESCOLA NACIONAL DE ADVOCACIA – ENA Diretor-Geral: Ronnie Preuss Duarte ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL Presidente: Leonardo Lamachia Vice-Presidente: Neusa Maria Rolim Bastos Secretário-Geral: Gustavo Juchem Secretária-Geral Adjunta: Karina Contiero Silveira Tesoureiro: Jorge Luiz Dias Fara ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA Diretor-Geral: Rolf Hanssen Madaleno Vice-Diretor: Eduardo Lemos Barbosa Diretora Administrativa-Financeira: Graziela Cardoso Vanin Diretoras de Cursos Permanentes: Fernanda Corrêa Osório, Michelle da Silva G. Vieira Diretor de Cursos Especiais: Roger Eridson Dorneles Diretor de Cursos Não Presenciais: Jair Pereira Coitinho Diretoras de Atividades Culturais: Ana Lúcia Kaercher Piccoli, Eliane Chalmes Magalhões Diretor de E-books e da Revista Eletrônica da ESA/RS: Alexandre Torres Petry CONSELHO PEDAGÓGICO Bruno Nubens Barbosa Miragem Simone Tassinari Cardoso Fleischmann Gerson Fischmann Cristina da Costa Nery Raimar Rodrigues Machado CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS Presidente: Pedro Zanette Alfonsin Vice-Presidente: Paula Grill Silva Pereira Secretária-Geral: Morgana Bordignon Secretária-Geral Adjunta: Alessandra Glufke Tesoureiro: Matheus Portella Ayres Torres TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA Presidente: Airton Ruschel Vice-Presidente: Gabriel Lopes Moreira CORREGEDORIA Corregedora: Maria Helena Camargo Dornelles Corregedores Adjuntos Maria Ercília Hostyn Gralha Josana Rosolen Rivoli Regina Pereira Soares OABPrev Presidente: Jorge Luiz Dias Fara Diretor Administrativo: Otto Junior Barreto Diretora Financeira: Claudia Regina de Souza Bueno Diretor de Benefícios: Luiz Augusto Gonçalves de Gonçalves COOABCred-RS Presidente: Jorge Fernando Estevão Maciel Vice-Presidente: Márcia Isabel Heinen SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 8 PREFÁCIO ............................................................................................................................... 18 MEDIAÇÃO: O FUTURO DO JUDICIÁRIO – Adriana De Toni, Adriana Parisotto e Rejane Ribicki ...................................................................................................................................... 22 A VIUVEZ NA ESFERA JURÍDICA CIVIL E PREVIDENCIÁRIA – Aisha Vogel da Silva, Bruna Luisa Schwan e Karina Miranda .................................................................................... 31 TRABALHO E GÊNERO: OS REFLEXOS DA VIOLÊNCIA COMETIDA CONTRA MULHERES NA RELAÇÃO DE EMPREGO – Alana Menezes Batista e Cristiane Terezinha Rodrigues .................................................................................................................................. 44 CONTRATO DE TRABALHO A TERMO – Amanda do Nascimento da Silveira................ 54 TRABALHO INFANTOJUVENIL ARTÍSTICO : A INTERNET COMO FERRAMENTA DO PROCESSO DE ADULTIZAÇÃO PRECOCE – Ana Carolina Sassi .................................... 67 CAUTELAR DE INCOMUNICABILIDADE ENTRE ACUSADOS-SÓCIOS E O PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA – Ana Vitória Lopes Taffarel ................ 80 AS MULHERES NOS ESPAÇOS DE TOMADA DE DECISÃO: UM AVANÇO PARA A DEMOCRACIA PARITÁRIA, AUTONOMIA, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE – Andréa Marta Vasconcellos Ritter ................................................ 91 A TEORIA SISTÊMICA DO DIREITO SOB O PRISMA DE NIKLAS LUHMANN E GUNTHER TEUBNER –Ariane Faverzani da Luz e Isabela Bohnen .................................. 104 IMPLICAÇÕES DA LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS NO COMPLIANCE TRABALHISTA – Camila Eliza Zanella Lacerda ................................................................. 120 A ATUAÇÃO EFETIVA DO DIREITO: UMA ANÁLISE DOS MEIOS ADEQUADOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS – Camila Sbalchiero Morello, Liliane de Oliveira Camargo e Maira Angélica Dal Conte Tonial .......................................................................................... 132 CONTEXTO DA POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO SUS (PNPIC) E A EFICÁCIA COMO TRATAMENTOS ALTERNATIVOS MENOS CUSTOSOS AO ESTADO – Cristina Dal Sasso e Daniela Dal Sasso ....................................................................................................................................... 155 A HERANÇA DO PATRIARCADO NAS PRISÕES FEMININAS: UMA ANÁLISE QUANTO ÀS CONDENAÇÕES A PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE PELO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS NO CONTEXTO RIO-GRANDENSE – Daiane Specht Lemos da Silva e Marisa Maria Ribeiro de Oliveira .......................................................................... 168 BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA PARA IMIGRANTES E REFUGIADOS: INVISIBILIDADE E LUTA PELA ASSISTÊNCIA SOCIAL – Dandra Trentin Demiranda, Nathielen Isquierdo Moneiro e Vanessa Aguiar Figueiredo .................................................. 181 MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA NA LEI MARIA DA PENHA: UM PANORAMA ACERCA DAS ALTERAÇÕES CONTIDAS NA LEI 14.550/2023 – Desyrrê Moraes Lemes Mota, Helena Gil Klein e Júlia Farias Mertins ....................................................................... 196 A IMPORTÂNCIA SOCIAL DO ADVOGADO FAMILISTA EM AÇÕES QUE ENVOLVEM CRIANÇAS E ADOLESCENTES – Elisângela Teixeira e Natalia Mascarelo................................................................................................................................ 213 PARTICIPAÇÃO FEMININA NA POLITICA BRASILEIRA: DOS ESTERÓTIPOS DE GÊNERO A VIOLÊNCIA POLÍTICA – Felipa Ferronato dos Santos ................................. 226 ANÁLISE DE TIPIFICAÇÃO PENAL EM CRIME DE TRANSFOBIA LESÃO CORPORAL OU TENTATIVA DE FEMINICÍDIO EM ESTEIO/RS – Flávia Giovana Ferreira Pereira, Priscila Francielle dos Santos Knoop e Francieli Raupp Corrêa ............................................ 238 CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL CONTRA VÍTIMAS DIVERSAS E A PROBLEMÁTICA DO CONCURSODE CRIMES – Francine de Carvalho Machado e Josiane Petry Faria .............................................................................................................................. 257 COMPLIANCE CRIMINAL ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR CRIMES CORPORATIVOS E OS IMPACTOS DA LEI ANTICRIME – Ingrid Fagundes Ziebell, Carolina Höhn Falcão e Cinthia Bubolz Heidemann ............................................................. 278 A PARIDADE DE GÊNERO NA FORMAÇÃO DAS LISTAS SÊXTUPLAS PARA INDICAÇÃO DOS COMPONENTES DO QUINTO CONSTITUCIONAL – Jane Mara Spessatto ................................................................................................................................. 292 DA EFETIVIDADE PRÁTICA DA LEI N. 14.181/2021: UTOPIA OU REALIDADE? Jordana Schaedler ................................................................................................................... 302 OS DESAFIOS DA PROTEÇÃO DE DADOS DO CONSUMIDOR NO COMÉRCIO ELETRÔNICO EM FACE DA PUBLICIDADE COMPORTAMENTAL – Jovana De Cezaro e Nadya Regina Gusella Tonial .............................................................................................. 315 A APLICABILIDADE DA OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA MÉDICA EM SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE – Juliana Nicolini de Melo ............................................................ 333 APONTAMENTOS SOBRE A SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA FINS DE REPARAÇÃO DE DANO À VÍTIMA – Roberta Eggert Poll ................................................................................................................ 353 “SER MULHER” E A ADVOCACIA: A MULHER ADVOGADA E A DISCRIMINAÇÃO EM RAZÃO DO GÊNERO – Eduarda Fernandes e Rowana Camargo ................................ 365 A AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE E O SUPREMO – Sara Daniela Silva de Souza ........................................................................................................... 378 VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: ATO ATENTATÓRIO CONTRA OS DIREITOS HUMANOS – Simone Rossini ........................................................................... 394 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DOS DIREITOS DAS MULHERES – Vanessa de Donati Feijó ........................................................................................................................................ 408 LEI DE DROGAS E SELETIVIDADE PENAL O REALISMO JURÍDICO COMO ÁLIBI – Vanessa Silva Moro ................................................................................................................ 420 8 APRESENTAÇÃO Esta apresentação foi desenvolvida pelas integrantes da diretoria da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio Grande do Sul, a fim de contar sobre a trajetória de cada uma na instituição. Escrito em conjunto por nós quatro – Presidente Márcia Schwantes; Vice-presidente Maximilia Silva de Paula; Vice-presidente responsável pelo interior Ana Maria Brongar de Castro e Secretária Laura Albrecht Freitas. É importante saber que, cada uma, com sua trajetória, está doando o seu tempo à esta instituição e a toda advocacia do RS. O trabalho desenvolvido na OAB, por sua diretoria, conselho e integrantes de comissões, seja na seccional ou em cada uma das 106 subseções é totalmente gracioso, em caráter voluntário, em busca de aprimorar a advocacia, buscar melhores condições em todas as demais instituições ligadas à nossa profissão seja no judiciário, na promotoria, no legislativo e no executivo, pois melhorando a atuação da advocacia, melhora o trabalho entregue à cidadania. Desejo que tenham todas uma ótima leitura e grande inspiração nas trajetórias de cada integrante da diretoria da CMA – gestão 2022/2024! Das trajetórias de Ordem das mulheres da diretoria Ao me apresentar - Márcia Schwantes – registro alguns momentos de minha trajetória. Era 1994 - cinco anos da minha formatura, quando recebi um convite – participar de uma chapa para concorrer à diretoria da OAB Subseção de São Leopoldo, no cargo de conselheira, aceitei, fizemos campanha e a nossa chapa sagrou-se vencedora. Na época eram poucos os advogados que faziam parte da subseção que nem sede tinha! As reuniões eram feitas no escritório do Dr. Sezefredo, então presidente. Éramos apenas três conselheiros, além da diretoria executiva. Nessa gestão, deixamos uma marca que será trocada neste ano – ou seja 27 anos atrás em 1996 adquirimos a sede da Subseção de São Leopoldo, com grande esforço. Outra marca – foi a realização do primeiro Baile do Rubi, sendo que até a presente data, em agosto é realizado, ajustando-o ao tempo e necessidades de hoje! Afastei-me dos trabalhos da subseção na segunda gestão do Dr. Sezefredo porque já estava grávida da minha filha Karolina. Voltei para fazer campanha em 2006, por convite da Dra. Rosangela, hoje Conselheira Federal da OAB/RS, para compor a diretoria como vice presidente da chapa que veio a ser eleita e empossada para a gestão de 2007/2009. Nesta gestão tendo como Presidente do Dr. Carlos Eduardo Szulcewski, reformamos toda a sede no último ano de gestão. Na gestão de 2010/2012 fiz parte da gestão no cargo de Secretária Geral. Para a eleição ocorrida em 2012, montamos uma chapa junto com os colegas Franciel Munaro, Cristine Ruckert, Rita Maria Geremia Pavoni e Rene Engroff, além dos colegas que compuseram o Conselho e, para nossa surpresa, depois de muitos anos de eleições nessa subseção, não tivemos chapa opositora e conquistamos 88% dos votos válidos!! 9 A responsabilidade para a condução de nossa subseção teve peso dobrado por termos sido chapa única, pois tal situação, naquela época, não ocorria na nossa cidade há mais de 20 anos! Fizemos o melhor possível pela advocacia e pela cidadania, com transparência, ética e trazendo para a subseção o maior número de advogados para participarem nas mais diversas comissões. Se esta gestão foi exitosa, onde fizemos vários cursos, palestras, conseguimos a implantação da UAA da Justiça Federal, além de outros eventos, só tenho a agradecer à toda a diretoria executiva que foram incansáveis, aos ouvidores, aos nossos conselheiros, aos componentes de cada comissão, além dos representantes da OAB em todos os conselhos de nossa cidade, que trabalharam graciosamente para toda uma classe. Ainda mais honrada fiquei quando ao indicar a minha sucessora, não teve essa também oposição nas urnas. Conseguimos unir, da melhor forma, a advocacia Leopoldense, sempre com renovação, pois cada gestão traz uma nova ideia, um novo jeito de conduzir a subseção. Fizemos novamente história nessa subseção, pois foi a primeira vez que mais duas mulheres me sucederam. Final de 2015, mais uma eleição e em 2016 assumi o cargo de Conselheira Estadual sob o comando do Presidente Ricardo Breier, nesta gestão participei como membro da CSI – Comissão de Seleção e Inscrição, ingressei na Segunda Câmara e no Órgão Especial. No triênio 2019/2021, mantive o trabalho na Segunda Câmara, no Órgão Especial e comecei na Assessoria da Presidência. Na gestão atual - 2022/2024, reconduzida ao cargo de Conselheira, fui honrada com o convite de ser a Presidente da Comissão da Mulher Advogada, um grande desafio, pois com todos esses anos de OAB, nunca havia presidido uma comissão estadual, e essa sem dúvidas é uma das mais importantes comissões, pois abrange mais de 50% da advocacia, sim, pois hoje o número de advogadas já é maioria. Empossada em 08 de março de 2022, escolhida a diretoria, começamos nosso trabalho – Maximilia de Paula, Ana Maria Brongar de Castro e Laura Albrecht Freitas – aos poucos fomos convidando as coordenadoras dos Grupos de Trabalho (GT) e montando a nossa equipe. Analisando a trajetória até a presente data, muito já entregamos para a advocacia feminina do Estado e tem sido uma grata surpresa a participação pessoal nessa comissão,pois hoje tenho uma visão, um entendimento completamente diferente das demandas das mulheres do que tinha antes de participar. Sou mais uma vez grata por estar acompanhada por mulheres comprometidas com a pauta e que me auxiliam a cada dia, a cada dificuldade a crescer e estar juntas por uma causa maior. A minha coordenação nessa comissão visa o trabalho compartilhado, dando voz e vez à todas, pois entendo que o trabalho em conjunto só trás alegria e engajamento de todas, até por ser um trabalho voluntário necessitamos de muitas mãos para podermos fazer o melhor. A OAB é umas das instituições com maior credibilidade, principalmente nos dias de hoje, e participar dela, frente à Comissão da Mulher Advogada é uma grande alegria também, estamos fazendo história e deixando nossa marca nesta gestão, fazendo a entrega de trabalho efetivo que servirá de base para este e as demais gestões vindouras. 10 Sou grata por pertencer à esta gestão da OAB que tem como Presidente Leonardo Lamachia, que é uma pessoa visionária e comprometida com a advocacia do Rio Grande do Sul. Meu nome é Maximilia Silva de Paula, advogada, inscrita na OAB/RS sob n. 46.031, e estou muito feliz em compartilhar um pouco sobre mim, com vocês nesta oportunidade de continuidade do trabalho de Ordem. Eu sou formada em Direito pela Unicruz - Faculdade de Direito de Cruz Alta/RS, tenho 25 anos de experiência na Advocacia, tendo iniciado na área de Direito Criminal quando estudei por dois anos na UPF – Faculdade de Direito de Passo Fundo/RS. Ao longo dos anos atuei no Direito de Família e hoje atuo nas áreas de Direito do Trabalho Empresarial, LGPD, Duo Diligence em Recursos Humanos e Direito da Saúde. Nessa jornada advocatícia percorri várias Comarcas do Rio Grande do Sul e do Brasil, onde desenvolvi habilidades em entender as diversidades de cada local, tanto no modo regional como no tipo de pedidos e decisões, mas principalmente me aprofundar como pessoa dentro do universo tão rico que é a Advocacia. Além do trabalho, tenho uma paixão por esportes, pela escrita, leitura e viagens. Essas atividades me ajudam a desenvolver habilidades como criatividade, trabalho em equipe, disciplina, perseverança e amor a vida. Também sou apaixonada por proporcionar informações ao maior número de pessoas. Pensando nisso sempre tive facilidade de engajamento em grupos de voluntariado na minha cidade natal (Soledade/RS) e nas cidades das quais residi no RS e em SC. Ao longo da minha caminhada de Ordem, como Mulher de Ordem, obtive algumas conquistas importantes, como participar ativamente da Comissão da Mulher Advogada da OAB Seccional Rio Grande do Sul. Recebendo minha primeira portaria na OAB/RS no ano de 2017 na gestão da então Presidente da CMA Beatriz Peruffo. Engajada nas questões da pauta feminina auxiliei na organização da Conferência Estadual de 2017, a qual aconteceu, nas dependências do conglomerado Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre/RS, não tínhamos a sede CUBO na época, onde obtive a honrosa Portaria com Voto de Louvor, das mãos do então Presidente da Seccional Dr. Ricardo Breier, como serviços prestados à Ordem como integrante da CMA. Também tive a oportunidade de contribuir e participar como integrante dos Grupos de Trabalho Violência contra a Mulher e Mulheres de Ordem na gestão de 2016-2018. Na Gestão 2019-2021 fui convidada pela Presidente da CMA Estadual Claudia Sobreiro de Oliveira, para Coordenar o Grupo de Trabalho Mulheres Visíveis, que visava apresentarmos às Subseções do nosso Estado eventos significativos para o engajamento das colegas nas questões de paridade de gênero, de empreendedorismo, apresentações em público, bem estar e sobretudo dar visibilidade ao trabalho das Advogadas dentro do sistema OAB através de estudos sobre a pauta de gênero com recorte de raça. Durante a pandemia o GT Mulheres Visíveis, foi fundamental o acolhimento das Advogadas na avassaladora crise mundial. Tão logo nos vimos distantes presencialmente, foi acolhido pela Diretoria da CMA projetos de capacitação para as advogadas. Cujo objetivo visava treinar as Advogadas para o uso e apresentação em plataformas virtuais, apresentação de pocket palestras para as demais colegas com temas ligados a temática feminista e direito das 11 Mulheres, negras ou não negras. Com o agravamento do distanciamento Social e remodelação da estrutura da Coordenação fui incumbida de Coordenar os Grupos de Trabalho Mulheres Visíveis e Mais Mulheres na Ordem. E para engajar as colegas e coordenadoras dos GT’s todos os painéis de eventos na CMA passaram a ser apresentados e coordenados pelo GT Mulheres Visíveis tais como Encontros Regionais, Conferência Estadual e 16 dias de Ativismo pelo fim da Violência contra as Mulheres. Durante os anos de 2019/2021 integrei o Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/RS, primeiramente como Julgadora e após o primeiro ano como Presidente da 13ª Turma do TED. Na gestão 2019/2021, aconteceram as votações no Conselho Federal que institui a paridade de gênero e as cotas raciais no sistema nacional da OAB o Projeto de Alteração de Atos Normativos da Advocacia e da OAB Relacionados à Participação Feminina Nas Eleições Institucionais – Projeto Valentina. Com o novo regramento para as Eleições Gerais da OAB e para representar a CMA, fui honrosamente convidada, pela então secretária-geral adjunta da Ordem gaúcha, Fabiana da Cunha Barth, e Coordenadora-Geral das Comissões da OAB/RS, para integrar a Comissão Eleitoral da OAB/RS. Sendo que a Comissão Eleitoral trabalhou na maior eleição da história da Ordem gaúcha em número de votantes e também foi inovadora ao permitir o voto on-line. No total foram 48.198 advogados e advogadas que participaram da votação virtual, representando 86.62% do total de votantes aptos. O pleito ficou marcado pela transparência, rapidez e economicidade do processo. E ainda aumento do número de mulheres advogadas a integrar as chapas no sistema OAB, a partir da obrigatoriedade institucional da paridade de gênero e cotas raciais a OAB. Tive a honra de trabalhar com a presidente da Comissão Eleitoral, Elaine Harzheim Macedo, e composta por Miguel Antônio Silveira Ramos, Avelaine Cardozo dos Santos, Caetano Cuervo Lo Pumo e Telmo Lemos Filho. Após o fechamento dos trabalhos da Comissão Eleitoral recebemos a distinção oferecida pelo Conselho Pleno, em abril de 2021. Na gestão 2022/2024 através da indicação da Diretoria anterior da CMA Claudia Sobreiro de Oliveira, Alba Elizabeth Pias e Luceline Prado, ao Presidente da Seccional Dr. Leonardo Lamachia, fui honrosamente convidada para compor a Diretoria da CMA, como Vice-Presidente, ocupando a atividade que desde 2020 estava em nome da colega Alba Elizabeth Pias. O trabalho de Ordem é sequencial e dinâmico agradeço a oportunidade concedida nesta gestão 2022/2024 aos membros da Diretoria Seccional Presidente Leonardo Lamachia, Vice- Presidente Neusa Maria Rolim Bastos, Secretário Geral Gustavo Juchem, Secretária Geral Adjunta Karina Contiero Silveira e ao Tesoureiro Jorge Luiz Dias Fara pela confiança e atribuições da nossa CMA. Mas faço aqui um especial agradecimento às minhas colegas que honrosamente trabalham ao meu lado na Diretoria da CMA, nossa Presidente Marcia Schwantes, Secretária Geral Laura A. Freitas, Vice-Presidente Interiorização Ana Maria Brongar de Castro e às nossas queridas e competentes coordenadoras dos Grupos de Trabalho, Bruna M. Rossato, Maiaja F. Freitas, Claudia Ghichard, Josiane P. Faria, Simone Rossini, Patricia Oliveira, Kelly Goulart. E um agradecimento também as colegas que estiveram conosco na Coordenação Fabiane Xavier, Daniela Matos, Nara Piccinini e Líbia (in memorian). 12 Acredito firmemente nas palavras de Bell Hooks quando fala que o feminismo é para todo mundo, e ressalta a importância de que desde o princípio do feminismoas mulheres devem ter o direito de escolher, eu escolhi aceitar o desafio de estar aqui. Não fujam dos desafios, não se desviem das suas escolhas, como diz a memorável Medalha Rui Barbosa Dr.ª Clea Carpi da Rocha “...tenha a visão do futuro, ache a solução, desvie do não procure o sim”. Sinto que tenho em mim um pouco de cada Mulher de Ordem e assim nos reconstruímos nos espelhando nas que nos antecederam e refletindo nossas conquistas e aprendizados para que no futuro tenhamos mais espaço e igualdade. É um desejo pessoal que estejamos prontas para pensar analiticamente e criticamente, e Márcia Tiburi nos diz: “Não há nada mais importante na vida do que aprender a pensar e não se aprende a pensar sem aprender a perguntar pelas condições e pelos contextos nos quais estão situados os nossos objetivos de análise e interesse”. No livro “Mulheres, Cultura e Política”, Angela Davis, inicia um dos capítulos citando um poema de Nicky Finney “South Africa: When a Woman Is a Rock”, que, na tradução constante desse livro, consta: Eles sempre colocam as mãos primeiro nas mulheres fazem isso para ganhar a vida fazem para provar seu ponto de vista arrancando o coração sempre fica um buraco grande o suficiente para as balas se infiltrarem eles batem nas mulheres gentis e bravias primeiro e quanto eles fazem isso eles não sabem que estão tocando rocha. Quer dizer, nós, mulheres, não sabemos de onde sai a força, para suportar a violência, em suas mais diversas formas. Mas, o fato, é que nós seguimos lutando, contra essa violência. Que possamos seguir, reconstruir, construir e superar nossos desafios, que não são poucos como mulher advogada no combate às desigualdades e a todo tipo de violência. Me chamo Ana Maria Brongar de Castro, advogada atuante desde a formatura, inscrita na OAB-RS sob o nº. 40.178, hoje, com muito orgulho, Conselheira Estadual da OAB-RS, Vice-Presidente da CMA-RS – Comissão da Mulher Advogada do RS (responsável por todas as CMAs do interior do Estado do RS), Julgadora do Órgão Especial da OAB-RS, Julgadora da Primeira Câmara da OAB-RS, integrando também a Comissão da Mulher Advogada da OAB- Uruguaiana, a Comissão de Fiscalização do Serviço Profissional da OAB-Uruguaiana e a Comissão de Eventos da OAB Uruguaiana. Iniciei a minha trajetória acadêmica concluindo e colando grau, no ano de 1.988 no curso de Administração de Empresa pela PUC-RS; em 12 de janeiro de 1996, colei grau no curso de Ciências Jurídicas e Sociais, também pela PUC-RS. Tão logo formada já iniciei uma série de especializações, tendo no ano de 2000 cursado a Escola Superior do Ministério Público, carreira que não segui em decorrência de uma separação de união que enfrentei justamente no mês de conclusão do curso, o que culminou me impulsionando exclusivamente à minha profissão de advogada. Já no primeiro ano de formada em direito fui chamada por uma amiga a integrar e coordenar um trabalho de ajuda jurídica, psicológica e social instalado na 1ª. Delegacia de Polícia de Uruguaiana, para atendimento às mulheres vítimas de violência. Referido trabalho, pioneiro na cidade e totalmente filantrópico, despertou em mim um amor maior pelo que eu fazia e a certeza de que eu era capaz de muito mais. No período em que lá estive (cerca de oito 13 a dez anos) passamos a exigir que as mulheres fossem atendidas na Delegacia por policiais do sexo feminino, formamos uma equipe de advogadas, médicos, psicólogos, assistente social e demais profissionais necessários ao atendimento desta mulher, que era acompanhada desde o registro da ocorrência até as demais necessidades decorrentes deste registro. Referido trabalho se estendeu até que, sob a ajuda de autoridades e demais departamentos pertinentes foi instalada em Uruguaiana a tão sonhada Delegacia da Mulher, que passou a ser atendida por profissionais contratados por esta Delegacia Especializada; todavia, a Vara de Família de Uruguaiana, nos chamou para a continuidade destes atendimentos diretamente no Forum, o que também se estendeu por algum período. Meu trabalho junto à OAB iniciou quando nos primeiros anos de formada em direito fui convidada pelo então presidente da Subseção Uruguaiana, Dr. Higino Macagnani, para participar da gestão como Delegada da Caixa de Assistência da Subseção, função na qual participei por várias gestões, inclusive quando sucedeu a presidência em Uruguaiana o Dr. Roberto Duro Gick, que permaneceu na presidência por duas gestões. Neste período, e por duas gestões também fui presidente da Comissão da Mulher Advogada da Subseção Uruguaiana e, a convite do presidente Roberto, passei a participar de todos os Colégios de Presidentes da OAB-RS representando Uruguaiana. Esta aproximação me oportunizou um melhor conhecimento do que efetivamente é a OAB, sendo que passei a ser convidada para participar ativamente de vários eventos da Seccional RS. Quando assumiu a presidência em Uruguaiana o Dr. Maurício Felix Blanco, fui convidada por ele para participar da diretoria da Subseção Uruguaiana na condição de Secretária Geral e também convidada pela OAB Seccional RS para participar do Tribunal de Ética e Disciplina, tendo integrado a 2ª. Turma deste E. Tribunal. No segundo mandato de Maurício Felix Blanco em Uruguaiana, e Ricardo Breier na Seccional RS, com muita honra fui convidada a integrar o CONSELHO PLENO da OAB-RS. Passei desde então, a também integrar a Primeira Câmara Julgadora da OAB/RS e o Órgão Especial da OAB-RS, permanecendo desde então, tanto no Conselho Pleno, como nas referidas Câmara Julgadoras já na terceira gestão (desde o ano de 2.016). Em todos estes anos acompanhando a OAB-RS passei também a integrar a CMA-RS (Comissão da Mulher Advogada da OAB- RS), desde a gestão da Dra. Carmelina Mazardo. Na atual gestão, com muita honra, fui convidada a participar da diretoria da CMA-RS. Também para minha surpresa, a nossa querida presidente Márcia Schwantes inovou e, pela primeira vez, compôs a sua diretora com duas vice-presidentes. Falar da minha trajetória de vida e de profissão certamente fugiria da objetividade e do limite da presente apresentação. Passa um filme na minha cabeça lembrar de tantas lutas, tantas realizações as quais graças à Deus conquistei, creio que mais em prol da minha família e da minha Instituição OAB, do que de mim própria. Mas, e estas lutas que resultaram em vitórias não seriam o prêmio pelas nossas conquistas e a nossa própria realização ? tenho em mim que sim, que o mundo, e principalmente o que existe de melhor nele, é resultado de lutas conjuntas. Nossos antecessores lutaram e conquistaram espaços que hoje ocupamos, tornaram estes 14 espaços melhores e é a nossa obrigação cuidar e melhorá-los ainda mais para os que nos sucederem. Esta é uma felicidade que permanece ínsita em nós, que ninguém nos tira, o orgulho de ter participado da construção de um espaço, de um mundo melhor. Nestes vinte e sete anos de OAB tenho dentro de mim a alegria de ver o quanto já conquistamos com o nosso trabalho dentro da Subseção Uruguaiana e o quanto ainda estamos conquistando dentro da Seccional RS. É da soma de ações positivas que o mundo e os espaços se tornam melhores e que nós avançamos como seres humanos e finitos que somos. Meu nome é Laura Albrecht Freitas, advogada inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio Grande do Sul, desde abril de 2017. Sou Secretária-Geral da Comissão da Mulher Advogada, gestão 2022/2024. Até chegar aqui, tive uma caminhada, tanto profissional, quanto institucional. A violência contra a mulher e a disparidade de direitos sempre me incomodou. Desde antes de ingressar na faculdade de Direito, queria utilizar o meu conhecimento para mudar a realidade e sempre soube que não mudaria o mundo, mas se eu fizesse a diferença na vida de uma pessoa, mudaria o mundo dela. Durante a faculdade, fiz estágiona 9ª Promotoria de Justiça Criminal do MPRS, especializada em violência doméstica. Foi meu primeiro contato com a violência contra a mulher. O meu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre a Lei do Feminicídio, Lei nº 13.104/2015, e meu Trabalho de Conclusão da Pós-Graduação em Direito do Trabalho foi sobre a violência contra as mulheres no ambiente de trabalho, artigo que publiquei no e-book Elas na Advocacia I. Comecei a participar da CMA em setembro/2018. Aos poucos, comecei a integrar os Grupos de Trabalho, participar dos eventos e me integrar na comissão. A partir de 2019 comecei a participar dos GTs: Ações Solidárias e Em Defesa das Mulheres. Participava ativamente das reuniões e dos projetos destes grupos. Em 2020, fui convidada pela então presidente da CMA, Dra. Claudia Sobreiro de Oliveira, para coordenar o GT Ações Solidárias. À frente deste GT, coordenei diversas ações importantes, dentre elas destaco duas que muito me tocaram: oportunizamos uma ceia de Natal completa para as mulheres vítimas de violência acolhidas com seus filhos na Casa Mirabal de Porto Alegre e a entrega de enxoval para oito bebês recém- nascidos recebidos em uma casa de acolhimento mantida por uma ONG, que recebia bebês e crianças retiradas do convívio com suas famílias por ordens judiciais. Como coordenadora, tive a oportunidade de palestrar em eventos, fazer o cerimonial de painéis e auxiliar na mediação de um importante curso promovido pela ESA e pela CMA, “Atuação na Defesa de Mulheres Vítimas de Violência”. Em quase dois anos de coordenação, aprendi e amadureci muito. Fiz coisas que imaginava que faria em um futuro distante, quando já tivesse mais conhecimento e experiência. Conheci pessoas incríveis e aprendi com colegas que se tornaram amigas. Finda a gestão, entreguei meu trabalho, ansiosa pela próxima gestão, onde pretendia ser apenas “espectadora”. 15 Em uma tarde de março de 2022, estava trabalhando em meu escritório e recebi a ligação da Dra. Marcia Schwantes, recém-empossada Presidente da CMA, me convidando para ser secretária da comissão. Inicialmente eu respondi que não poderia ocupar o cargo, pois não tinha conhecimento e experiência para tanto. Jamais me sentira preparada para tamanha responsabilidade. Eu com apenas cinco anos de OAB, enquanto outras colegas tinham caminhadas mais longas que a minha, certamente se adequariam melhor. Eis que ouço como resposta da nossa Presidente que eu fui muito bem recomendada por minhas colegas da gestão anterior e que aprenderíamos juntas. Aceitei o convite e aqui estou. O primeiro ano de gestão foi de muito desafiador. Redigir os projetos levava tempo, demorei até conseguir me organizar nas pautas, atas, projetos, reuniões, eventos, planejamentos, auxiliar as colegas que me procuravam, as presidentes das CMAs das subseções, as coordenadoras. Pensei em desistir muitas vezes, até hoje tenho dúvida se estou realmente preparada para este cargo importante em uma das maiores comissões da nossa seccional. Tenho ao meu lado, companheiras de diretoria que não me deixam desistir, que me fortalecem e me ensinam diariamente. Erro sim, mas considero estes erros, aprendizados. Hoje faço os projetos com mais facilidade, consegui organizar minha rotina de trabalho institucional, esquematizei todos os compromissos. O aprendizado que eu tive com tudo isso é que nós precisamos nos arriscar, aceitar os desafios que a vida nos impõe. Alguém terá de fazer. No meu caso, alguém teria que ser a secretária da CMA. E por que não, eu? As comissões são a porta de entrada para o trabalho institucional. Nestes grupos aprendemos, nos qualificamos e interagimos com colegas com os mesmos interesses que os nossos. Acredito na importância de todas as mulheres que ocupam cargos de decisão compartilharem suas trajetórias para que possamos inspirar, para que cada vez mais tenhamos cadeiras decisórias ocupadas pelo sexo feminino. É através do exemplo que mostramos que somos capazes de ocupar o espaço que quisermos, mas, para tanto, precisamos estar preparadas e confiantes. Dos projetos da Comissão da Mulher Advogada Em 2023, a OAB/RS e a CMA lançaram o Programa de Auxílio à Mulher Advogada – PAMA, que tem como objetivo, entre outros, tornar definitivos projetos que a CMA já desenvolvia. Assim, os projetos passam a ser da instituição, ganhando maior proporção e se tornando fixos da OAB/RS. O PAMA tende a crescer cada vez mais, ganhando mais projetos e sendo cada vez mais conhecido das advogadas. O lançamento contou com cinco projetos que já fazem parte do programa e são fixos da nossa instituição, OAB/RS. Vamos utilizar desse espaço, mais um projeto do PAMA, para explanar um pouco de cada um destes itens do programa. O e-book Elas na Advocacia foi lançado em março de 2020 com o intuito de valorizar a produção científica das advogadas. Com o sucesso da publicação, em 2021 foi lançada a segunda edição. Em 2023, além de celebrarmos o Elas na Advocacia III, com a sua inclusão no PAMA, temos a certeza que este e-book terá muitas edições, oportunizando a muitas advogadas 16 mostrarem a sua capacidade, desenvolverem produções científicas e ser uma vitrine para tantos trabalhos importantes. O e-book é um projeto pioneiro da nossa seccional, tem uma grande importância para as advogadas e tem crescido cada vez mais. A Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas, CDAP, tem como função principal defender e prestar assistência, aos inscritos na OAB/RS, sempre que este sofrer restrições ao livre exercício de sua profissão1. É a comissão que assegura o cumprimento da Lei 8.906/94. O Estatuto da Advocacia tem artigos específicos à proteção da mulher advogada, que dispõe da proteção à advogada gestante, lactante e adotante2 e, para assegurar o fiel cumprimento do art. 7º e demais dispositivos, foi criada a Vice-Presidência da Mulher da CDAP. Assim, as mulheres advogadas passam a ter assistência especial na CDAP, através da Vice-Presidência da Mulher, que está à disposição de todas para prestar defesa e assegurar que os direitos das advogadas sejam respeitados. Outro importante ganho para as advogadas é a abertura da Sala Pérola, espaço de acolhimento para advogadas vítimas de violência doméstica. A CMA, em parceria com a ESA, vem qualificando advogadas através do curso Atuação na Defesa de Mulheres Vítimas de Violência Doméstica3. Em trinta horas-aula, estão englobados conteúdos jurídicos, psíquicos e sociológicos, ministrados por advogas e psicanalistas das mais diversas áreas de atuação, que qualificam advogadas para serem acolhedoras na Sala Pérola. O espaço é pensado para acolher as advogadas em situação de violência, que são amparadas com muita segurança e qualificação. Os procedimentos são sigilosos e obedecem a ritos de atendimento previamente estabelecidos. Assim, além do Auxílio Proteção, ofertado pela Caixa de Assistência aos Advogados4, a advogada passa a contar com um espaço de escuta ativa e acolhimento, a Sala Pérola. A OAB/RS já contava com uma Ouvidoria desde 2003, com o propósito de atender a advocacia e a sociedade, orientar, receber demandas e realizar o encaminhamento das proposições que versam sobre as relações entre a instituição, a sociedade e advocacia5. Vinte anos depois da instalação da ouvidoria, foi lançada a ouvidoria da mulher, um espaço para atender e ouvir a mulher advogada. Os dados coletados a partir da Vice-Presidência da Mulher da CDAP, dos atendimentos realizados na Sala Pérola e da Ouvidoria da Mulher, farão parte do Observatório da violência contra a mulher advogada. O objetivo deste acompanhamento, através, ainda, de pesquisas e monitoramento de dados, é desenvolver ações de conscientização, estudos e proposições, não só à instituição, como aos poderes estatais de políticas públicas de enfrentamento e combate à violência contra a mulher. A OAB/RS ea CMA trabalham incessantemente para tornar a advocacia cada vez mais segura e inclusiva para as advogadas. Os projetos aqui apresentados, além daqueles que não 1 https://www2.oabrs.org.br/comissao?id=3, acesso em 26/05/2023 2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm, acesso em 26/05/2023 3 https://esars.org.br/curso/1936, acesso em 26/05/2023 4 https://www.caars.org.br/beneficio-22-auxilio-protecao, acesso em 26/05/2023 5 https://www2.oabrs.org.br/estrutura/ouvidoria/, acesso em 26/05/2023 https://www2.oabrs.org.br/comissao?id=3 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm https://esars.org.br/curso/1936 https://www.caars.org.br/beneficio-22-auxilio-protecao https://www2.oabrs.org.br/estrutura/ouvidoria/ 17 integram o PAMA, são voltados à proteção e à valorização da mulher advogada. Já representamos 52% da advocacia no Rio Grande do Sul, mas esta igualdade ainda não se reflete na realidade, onde ainda enfrentamos desrespeito às nossas prerrogativas e desvalorização do nosso trabalho. O PAMA é um importante passo dado pela advocacia feminina no Rio Grande do Sul, engrandecendo um caminho que vem sendo percorrido pelas advogadas há muitos anos. Podemos comemorar muitas conquistas, mas ainda há muito a percorrer. Juntas, iremos cada vez mais longe. CONCLUSÃO Conforme a trajetória de cada uma das integrantes, percebe-se que há uma pluralidade de trabalhos desenvolvidos por todas, seja na história pessoal, na profissional ou na desenvolvida dentro da OAB. Temos uma vice-presidente que tem grande trajetória na comissão da mulher advogada que é a Maximilia Silva de Paula, a vice-presidente responsável pelo interior, Ana Maria Brongar de Castro, além de participar e presidir a comissão da mulher advogada na sua subseção – OAB de Uruguaiana – teve outros cargos na subseção e participa do Conselho Seccional de OAB/RS, a secretária Laura Albrecht Freitas, que começou participando da CMA na gestão anterior e aceitou o desafio de estar conosco nesta gestão 2022/2023 e eu que comecei na Subseção da OAB de São Leopoldo, passando por vários cargos, além de estar na terceira gestão como Conselheira Estadual, participando da Segunda Câmara, Órgão Especial e tendo passado pela Comissão de Seleção e Inscrição e pela Assessoria da Presidência. Nós fomos reunidas nessa comissão para aprendermos umas com as outras, enfrentando os nossos próprios desafios, limitações, nos conhecendo, nos criticando e apoiando uma à outra a fim de fazer um trabalho em conjunto de qualidade! Com o nosso trabalho em prol da advocacia feminina, nós temos deixado marcas ao longo dessa gestão, pois queremos fazer entregas efetivas para as mulheres advogadas, que hoje, no Rio Grande do Sul e no Brasil já são em maior número e, principalmente honrando a quem antes nos antecedeu. Uma grande marca da nossa gestão é a entrega do PAMA - Programa de Apoio à Mulher Advogada, que se desdobra na criação da Ouvidoria da Mulher Advogada, na criação da vice- presidência da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas dos Advogados - CDAP, na inauguração da Sala Pérola, na elaboração do terceiro e-book Elas na Advocacia, na criação do Observatório da Violência contra a Mulher. Mas todo esse movimento somente é possível com o apoio da Diretoria da OAB/RS desta gestão e o nosso maior tesouro conquistado com o envolvimento na OAB, são as amizades criadas, só gratidão é o meu sentimento, pela minha diretoria, pelas colegas coordenadoras dos vários Grupos de Trabalho da CMA e demais integrantes! https://www2.oabrs.org.br/comissao?id=3 18 PREFÁCIO Elas na Advocacia III é uma iniciativa que, com a mesma qualidade das edições anteriores, dá seguimento ao importante projeto realizado em conjunto pela Escola Superior da Advocacia – ESA/RS e pela Comissão da Mulher Advogada - CMA/RS, da OAB do Rio Grande do Sul, coordenado pela presidenta da Comissão antes referida, Márcia Swantes, por suas vices, Maximilia de Paula e Ana Maria Brongar, pela secretária Laura Albrecht Freitas, bem como por Josiane Petry Faria, coordenadora do GT de Produção Científica, e Alexandre Torres Petry, diretor de e-books e da Revista Eletrônica da ESA/RS. Os artigos que o/a leitor/a encontrará na presente coletânea abordam assuntos diversos, mas há características que lhes são comuns: escritos por mulheres, por mulheres advogadas, e trazem temas relevantes, a partir de análises percucientes. São 48 autoras/advogadas que emprestam seu saber acerca de temas de relevância social, filosófica e política, o que demonstra que a produção acadêmica das mulheres não se resume a assuntos ligados à sua condição, embora seja de extrema importância que as mulheres investiguem, pois, ao fazê-lo, contribuem para que nossas dores, aflições, valores e desejos sejam evidenciados e levados em conta no momento de se propor ações voltadas a superar violências, injustiças, preconceitos, discriminações, estereótipos, opressões, sofrimentos e subalternidades que se associam ao gênero feminino, incluindo-se, as barreiras imorais e ilegais que as mulheres acadêmicas precisam transpor no seu cotidiano. Tal situação foi especialmente evidenciada no período da crise de saúde pública provocada pelo Coronavírus (pandemia Coronavírus). Inúmeras pesquisas demonstram a queda da produção científica de mulheres em tal ocasião. O projeto brasileiro do Parent in Science, que traz dados e análises sobre a maternidade na ciência, divulgou, no ano de 2021, estudo mostrando queda de mais 50% na disponibilidade de trabalho remoto entre os entrevistados com filhos. Para as mulheres cientistas, o número é ainda mais dramático: apenas 9,9% das entrevistadas com filhos admitiram conseguir trabalhar remotamente, contra 17,4% de homens com filhos.6 Outra pesquisa, esta realizada pela UFRGS e divulgada no ano de 2020, explicita que, no geral, “as pesquisadoras relatam mais dificuldade de trabalhar no regime de home office. Entre os pós-doutorandos, por exemplo, 13,9% das mulheres e 27,9% dos homens afirmam estar conseguindo trabalhar remotamente. Essa desigualdade se repete nos outros grupos pesquisados: nos docentes, esse índice é de 8% entre as mulheres e 18,3% entre os homens; no aluno de pós-graduação, 27% das mulheres e 36,4% dos homens conseguem trabalhar no formato home office”.7 6Disponível em: https://www.cdts.fiocruz.br/en/node/283. Conheça outros dados em: https://www.scielo.br/j/ress/a/c7TkCBBBsYtF7nhnsDmZ83n/?lang=pt# . Acesso em 10.07.2023. 7 Disponível em: https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo- academico-durante-a-pandemia/. Acesso em 10.07.2023. https://www.scielo.br/j/ress/a/c7TkCBBBsYtF7nhnsDmZ83n/?lang=pt https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo-academico-durante-a-pandemia/ https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo-academico-durante-a-pandemia/ 19 A pesquisa também demonstra o impacto da maternidade na produtividade da pesquisadora. “No caso dos pós-doutorandos, entre as mulheres com filhos, apenas 2,2% estão conseguindo trabalhar de casa; entre as pesquisadoras sem filhos, o índice sobe para 25,1%. Mesmo para os homens, o fato de ter ou não filhos é uma variável relevante: 37,6% dos pós- doutorandos do sexo masculino sem filhos conseguem realizar trabalho remoto, contra 4,2% dos homens com filhos”.8 Quando analisado em relação à idade das crianças, verificou-se que o impacto é ainda mais grave: “entre as docentes, o índice de submissão de artigos conforme planejado antes do isolamento social é menor quando a pesquisadora tem filhos com menos de um ano de idade (32%) ouentre um e seis anos (28,8%). Nos homens com filhos, a submissão de artigos não varia tanto em razão da faixa etária das crianças”.9 Ainda sobre o tema mãe acadêmica, deve ser registrado que, somente no ano de 2021, a Plataforma Lattes (que agrega currículos de pesquisadores de todo o país) passou a conter uma seção (nomeada “Licenças”) para que as mulheres possam indicar seus períodos de licença-maternidade. Com isso, as cientistas que tiveram filhos não ficarão com registros de pausas de sua produção acadêmica, situação que traz inúmeros prejuízos, já que a publicação de artigos tem peso importante nos sistemas de avaliação do desempenho de pesquisadores, influenciando, portanto, as possibilidades de encontrar emprego, obter financiamento de projetos, progredir na carreira, ter visibilidade acadêmica etc. Ademais, pesquisa do IBGE demostra que, ao ter o primeiro filho, o salário da mulher é reduzido em cerca de 24%. E a situação piora ainda mais em relação às mulheres com três ou mais crianças, pois recebem até 40% a menos se comparadas a colegas que não são mães.10 Tal implica mais um contingenciamento para as acadêmicas mulheres: dificuldade financeira de adquirir livros para suas pesquisas, de arcar com custos de transporte para efetivação de pesquisas de campo, de participar de intercâmbio de conhecimento em outro país ou instituição etc. A nova seção (“Licenças”) é resultado da mobilização de cientistas brasileiras iniciada no ano de 2017, em Porto Alegre, pelo já mencionado movimento Parent in Science.11 Deve ser sublinhado: um movimento majoritariamente de mulheres que, por sua condição de mulher, conhecem obstáculos que mulheres, por sua condição de mulher, têm de transpor. Outra revelação trazida nos estudos empreendidos pelo Parent in Science diz respeito ao quão impactante é a questão da raça. Os resultados apontaram que as respostas sobre a 8Disponível em: https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo- academico-durante-a-pandemia/. Acesso em 10.07.2023. 9 Disponível em: https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo- academico-durante-a-pandemia/. Acesso em 10.07.2023. 10 Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/colunas/Bolsa-de-Valores/noticia/2018/12/quanto-mais- filhos-menor-o-salario-da-mulher-ao-longo-da-carreira.html. Acesso em 10.07.2023. 11 Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2021/04/16/iniciamos-uma-revolucao-lattes- comeca-a-registrar-licenca-maternidade.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em 10.07.2023. Conheça outros estudos e publicações em: https://www.parentinscience.com/documentos. https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo-academico-durante-a-pandemia/ https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo-academico-durante-a-pandemia/ https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo-academico-durante-a-pandemia/ https://www.ufrgs.br/ciencia/pesquisa-da-ufrgs-revela-impacto-das-desigualdades-de-genero-e-raca-no-mundo-academico-durante-a-pandemia/ 20 produção científica de mulheres negras com ou sem filhos foram parecidas. “Entre as docentes que responderam ao questionário, por exemplo, quando perguntadas se estavam conseguindo submeter artigos científicos como planejado, apenas 46,5% das mulheres negras com filhos e 48,7% das mulheres negras sem filhos responderam afirmativamente. Entre as mulheres brancas, a diferença entre os dois grupos é maior: 47,2% das mulheres brancas que são mães estão conseguindo enviar artigos para revistas científicas, contra 58,9% das brancas sem filhos”. De conformidade com uma das realizadoras do estudo, Rossana C. Soletti, “as mulheres negras não precisam ter a parentalidade como ‘obstáculo’. O fator raça por si só é mais uma etapa que as mulheres têm que atravessar na carreira científica, porque sabemos que, infelizmente, a academia não é inclusiva, assim como muitas outras áreas”.12 Importa também citar o levantamento realizado pela Dados, revista de Ciências Sociais editada pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP – da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ –, que, por meio da análise das submissões de trabalhos enviados para sua avaliação, mostrou que a submissão de artigos acadêmicos assinados por mulheres caiu drasticamente durante a pandemia de coronavírus. “O estudo analisou a quantidade relativa de mulheres que assinaram artigos como autoras ou coautoras, independente da ordem de autoria. Entre 2016 e o primeiro trimestre de 2020, a média de participação feminina nos trabalhos foi de 40,8%. O ano de 2020 começou com o percentual de 40% nos primeiros três meses. No segundo trimestre, no entanto, foi registrada a menor proporção do período analisado, com apenas 28% de mulheres assinando artigos submetidos. Em seguida, foram examinados os trabalhos em que mulheres assinam como primeira ou única autora.”13 Aqui, a discrepância foi ainda maior: a média de primeiras autoras entre 2016 e o primeiro trimestre de 2020 foi de 37%, sendo que esse percentual caiu para 13% no segundo trimestre do mesmo ano. A realidade traduzida pelos dados acima coletados, faz compreender a importância de se prestigiar a escrita de mulheres, principalmente, de mulheres mães e negras. Este ensejo, portanto, recomenda enaltecer a iniciativa da OAB do Rio Grande do Sul, por meio da sua Escola Superior da Advocacia e da Comissão da Mulher Advogada, pela sua iniciativa, que já está na terceira edição, torcendo para que não haja solução de continuidade e que futuras escritoras possam se engajar no projeto. Ao prestigiar a produção feminina, a presente constitui-se em uma ação reparadora, haja vista os desafios materiais, existenciais e ideológicos interpostos às mulheres que empreendem escrever e divulgar o assentamento de suas ideias, que são seus escritos. Merece destaque a escolha do formato de publicação escolhido (e-book), que, mais democrático, por ser menos custoso, permite que o acesso às presentes contribuições do seguimento feminino tenha maior alcance, propiciando que o público em geral se aproprie dos 12 Disponível em: https://www.cdts.fiocruz.br/en/node/283. Conheça outros dados em: https://www.scielo.br/j/ress/a/c7TkCBBBsYtF7nhnsDmZ83n/?lang=pt#. Acesso em 10.07.2023. 13 Disponível em: https://oglobo.globo.com/celina/submissao-de-artigos-academicos-assinados-por-mulheres-cai- durante-pandemia-de-coronavirus-24428725. Acesso em 10.07.2023. https://www.scielo.br/j/ress/a/c7TkCBBBsYtF7nhnsDmZ83n/?lang=pt 21 relevantes conhecimentos trazidos pelas autoras, que merecem toda a consideração pela qualidade dos textos apresentados. Por fim, um elogio com perspectiva de gênero a essas mulheres advogadas autoras que, além de todas as dificuldades gerais em se promover Ciência em nosso País, tiveram, em maior ou menor grau, que enfrentar os obstáculos que são próprios da condição de mulher. Reiterando votos de que outras contribuições femininas, inspiradas na presente iniciativa, se somem em futuras edições, quiçá com o entusiasmo contagiando outras seccionais e instituições, a fim de gerar inúmeras iniciativas desta grandeza. Alice Bianchini 22 MEDIAÇÃO: O FUTURO DO JUDICIÁRIO Adriana De Toni1 Adriana Parisotto2 Rejane Ribicki3 RESUMO O presente artigo tem como objetivo esclarecer ao leitor a diferença entre mediação e conciliação, contendo informações básicas a esclarecer seus benefícios, pois por desconhecimento muitos advogados, assim comoeu, pecam com meus clientes, eis que até pouco tempo atrás, via a mediação como perda de tempo, e não como um método inovador e autocompositivo. O texto a seguir, vai levá-lo a refletir sobre o que realmente importa em um processo judicial, a revisar às questões sentimentais que muitas vezes são postas de lado, onde a conhecida morosidade do judiciário pode dar lugar ao poder de decisão, onde as partes são realmente ouvidas e têm o “poder” de decidir. A mediação é o futuro do judiciário, onde ela não será mais vista como uma exceção, mas sim como regra. Palavras-chave: Resolução de conflitos. Relações. Mediação. Sentimentos. Autocomposição. 1 INTRODUÇÃO Caro colega advogado(a), você sabe o que é mediação? Para que serve? Lhe questiono, pois já pequei muito, mesmo sendo advogada até pouco tempo, por desconhecer do processo/procedimento. Sim, muito oportuno lhes colocar aqui minhas falhas. Certa vez, quando em uma sessão de mediação, o mediador solicitou ouvir o meu cliente, que na ocasião era o Solicitante, tomei a frente e comecei a discorrer sobre os fatos e fundamentos do processo, no entanto, sem entender que aquele momento era tão exclusivamente para o meu cliente, que ali ele, poderia externar seus sentimentos, para que assim conseguisse explicar o porquê chegou até ali. E eu na ânsia de ajudá-lo falei por ele. Sim, porque, qual o advogado que deixa seu cliente resolver seus conflitos sozinhos? Para que, a necessidade de um procurador quando a parte sozinha resolve suas questões? 2 Advogada, inscrita na OAB/RS 117.521, graduada em Direito pela Universidade de Caxias do Sul/RS, Mediadora Cível em formação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, atualmente (2023) Secretária da Comissão da Jovem Advocacia da OAB/RS da Subseção de Bento Gonçalves, endereço eletrônico: advogadaadrianaparisotto@gmail.com. 3 Advogada, inscrita na OAB/RS 94.603 - graduada em Direito pela Universidade de Caxias do Sul/RS, Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Caxias do Sul/RS, Mediadora Cível em formação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e, atualmente (2023), Presidente da Comissão Especial de Direito do Trabalho da OAB na Subseção de Bento Gonçalves/RS, eletrônico eletrônico: rejanesag@gmail.com. mailto:rejanesag@gmail.com 23 Eram estes meus pensamentos quando da proposição de uma demanda, porém quando entendi que a mediação é um processo voluntário que oferece àqueles que estão vivenciando uma situação de conflito, a oportunidade e o espaço adequados para conseguir buscar uma solução que atenda a todos os envolvidos, consegui auxiliar melhor meus clientes. 2 A INTRODUÇÃO DA MEDIAÇÃO NO JUDICIÁRIO Com a publicação da Lei de Mediação número 13.140/2015, juntamente com o Código de Processo Civil de 2015 e com a Resolução no 125/2010, consolida o marco legal da mediação no Brasil. Com a criação da Resolução 125 do CNJ, deu origem a criação dos CEJUSCS – Centro de Mediação do Poder Judiciário, que vem sendo de grande ajuda no judiciário, eis que vem desafogando os fóruns, dando oportunidade para as partes resolverem suas questões de forma mais humanizada, sem que um terceiro resolva para eles, e assim aumentar ainda mais o conflito e as desavenças das partes. A mediação é um meio consensual e voluntário de resolução de conflitos de interesses, realizado entre pessoas físicas e/ou jurídicas, que elegem, segundo a sua confiança, uma terceira pessoa – o mediador, independente e imparcial, com formação técnica adequada à natureza do conflito, que terá como a principal função, aproximar e facilitar a comunicação das partes, para que estas solucionem suas divergências e construam, por si próprias, seus acordos com base nos seus interesses. O objetivo da mediação é que as partes possam voltar a dialogar, se comunicar, por isso dizemos que numa mediação não há ganhadores ou perdedores. A mediação utiliza de várias ferramentas para curar a mágoa, a raiva, o conflito que existe entre as partes, para que assim, além de poderem resolver seus conflitos, as partes curem o seu eu interior e não o ego, pois o conflito começa a partir de um ruído que houve na comunicação entre duas ou mais pessoas. Muito embora, os advogados (as), isso também me incluía, achem que a mediação não serve para nada, pois ficam ali conversando e muitas vezes sem chegar à conclusão nenhuma, muito pelo contrário, a mediação é a única oportunidade onde as partes envolvidas num conflito tem a chance de serem ouvidas, de colocar para fora o que sentem, de dizer para outra pessoa o que estão sentindo e o quanto esse ruído entre elas vem machucando o seu interior. Apesar da mediação no Brasil ser exceção, em outros países é a regra, as demandas são ajuizadas em últimos casos. Mas por que a mediação tem força em outros países e não aqui no Brasil? 24 Bom, em nosso entendimento por questão cultural, lá fora eles prezam muito o diálogo, estimulam os cidadãos a terem mais responsabilidade, criam habilidade para os cidadãos lidarem seus conflitos e diferenças. Aqui no Brasil, a mediação está começando, será um trabalho de formiga, quando os operadores do direito entenderem e olharem a mediação com outros olhos perceberam o quanto essa ferramenta é valiosa. Confesso, pequei com meus clientes por não saber o que é mediação, pois na faculdade ensinam a litigar, mas não a dialogar. A mediação pode aumentar a eficiência do judiciário, pode dar economia de tempo e despesas, tanto para o judiciário como para as partes, reduz a quantidade de tramitação processual, permite que as pessoas encontrem suas próprias soluções, sem que um terceiro faça isso por elas, o cidadão tem voz. A mediação vem ganhando importância, sendo reconhecidas as vantagens e benefícios que o método traz, em relação ao litígio na justiça estatal. A mediação vem ganhando força em várias áreas do direito, empresarial, familiar, cível, trabalhista, superendividamento, previdenciário, conflitos coletivos, penal, justiça restaurativa, podemos dizer que a mediação é o futuro do judiciário onde não será mais exceção e sim regra. 3 QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MEDIAÇÃO? A mediação ganhou uma grande repercussão junto ao Novo Código de Processo Civil - Lei 13.105/2015 que trouxe alternativas para a resolução das situações ocorridas pelas partes. Em regra, ocorre a audiência de mediação de forma prévia. A mediação é utilizada quando as partes possuem algum vínculo anterior e a função do mediador é apenas intermediar, podendo as partes chegarem a uma solução adequada. A mediação pressupõe o interesse das partes em encontrar de forma conjunta, a solução para o conflito que vivenciam. Dessa forma, é possível dizer que são elas (os mediandos) quem protagonizam uma sessão de mediação. A mediação é uma forma de empoderar às partes, de dar-lhes o poder de decisão, partindo a ação e decisão dos interessados. Como consequência, não haverá e até diminui-se o desgaste do litígio, com uma solução gerada as partes, que possivelmente manterá as relações e até restaurará o diálogo e a confiança na relação. Nos artigos 7º e 8º da Resolução 125/10 do CNJ, que fala sobre a criação de Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, conhecidos como NUPEMEC, 25 e dos CEJUSC’s – Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadanias que são fundamentais para a consolidação dos mecanismos autocompositivos. Quanto às partes, essas devem estar dispostas ao princípio da voluntariedade, ou seja, deve ser de vontade das partes participar de uma sessão de mediação, e para os mediadores existem os princípios da imparcialidade, informalidade, confidencialidade e neutralidade. No que tange ao princípio da confidencialidade, os mediadores não podemexpor os fatos presenciados em audiência, tudo que for ali tratado não pode ser anotado em a ata/termo de sessão. Já na confidencialidade, deve-se manter o sigilo sobre todas as informações trazidas na sessão, salvo se as partes permitirem. Na imparcialidade, os mediadores devem agir de forma imparcial, respeitando a decisão das partes, que poderão ou não chegar em um acordo. Normalmente os mediadores não tem acesso a integra do processo, para que tais informações não prejudiquem o andamento da mediação e na tomada decisões, principalmente na utilização das ferramentas a serem empregadas na sessão. As partes não são obrigadas a chegar a um acordo, se chegarem, esse acordo será homologado pelo juiz e se tornará um título executivo judicial, que, caso não for cumprido, poderá ser executado. Porém o objetivo principal da mediação, podemos dizer que seria “dar ouvidos às partes”, nem sempre o acordo é o que resultado que a parte quer/deseja e sim, que seja ouvida, que seu ponto de vista seja analisado e que suas opções sejam consideradas. Deve-se sempre respeitar as decisões das partes, assegurando para que cheguem a uma decisão voluntária com liberdade, assim a mediação poderá ser considerada exitosa. Os mediadores nunca, não devem forçar um acordo ou tomar decisões, eles devem junta às partes, criar opções para ajudá-los a chegar a um entendimento. 4 DIFERENÇAS ENTRE A MEDIAÇÃO E A CONCILIAÇÃO Conforme o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mediação é: Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o conflito. Em regra, é utilizada em conflitos multidimensionais ou complexos. A Mediação é um procedimento estruturado, não tem um prazo definido e pode terminar ou não em acordo, pois as partes têm autonomia para buscar soluções que compatibilizem seus interesses e necessidades.4 4 Sítio: Conciliação e mediação. Conselho Nacional de Justiça (CNJ), [Brasília], 28 maio. 2023. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao/ 26 Já a conciliação é tida como: A Conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém neutra com relação ao conflito e imparcial. É um processo consensual breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social das partes.5 A mediação e conciliação poderão ser indicados por juízes, advogados, Ministério Público, defensores públicos ou até mesmo pelas partes a qualquer tempo. As sessões poderão ser reagendadas quando assim achar necessário o mediador, para que às partes cheguem a uma resolução do conflito. As medidas adotadas para cada procedimento variam de acordo com o tipo de conflito e a “vontade das partes”. A conciliação é definida no artigo 165, parágrafo 2º do Código de Processo Civil de 2015, e tem como objetivo gerar hipóteses para o conflito, e resolver a questão. Art. 165 - § 2º - O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Já a mediação, é definida pelo artigo 165, parágrafo 3º do Código de Processo Civil de 2015, busca dar ouvidos as partes, para que essas possam expressar seus sentimentos e as razões pelas quais os levaram buscar o judiciário e manter o vínculo entre as partes. Na mediação as partes trabalham junto para buscar de uma solução para o conflito, tira das mãos do judiciário e coloca isso nas mãos das partes. Artigo 165 - § 3º - O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Na mediação, se tira de um terceiro o poder de decidir, ou seja, às partes decidem sobre suas questões, sobre suas vidas, tirando a decisão da mão de um juiz (terceiro) evitando desgastes muitas vezes emocional, financeiro e diminuindo o tempo de tramitação do processo. Na mediação é possível que as partes se fazerem representar por seus procuradores ou representantes legais. 5 Sítio: Conciliação e mediação. Conselho Nacional de Justiça (CNJ), [Brasília], 28 maio. 2023. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao/ 27 O advogado na mediação, exerce um importante papel que é o de ajudar a pensar em soluções criativas para que se atendam aos interesses das partes, bem como o de esclarecer quais os direitos de seus representados. Quando as partes e seus procuradores aceitam participar da mediação, normalmente buscam juntos gerar opções para resolver a situação que levam para a sessão de mediação, demonstrando estarem empoderados, mantendo uma postura positiva e sem palavras ofensivas, diferente da conciliação que busca apenas gerar hipóteses para o conflito, e resolver a questão. 5 QUEM É O MEDIADOR O mediador é um terceiro, alheio ao processo, que não precisa ter formação na área do direito, porém necessitando ter a formação técnica. Para se tornar um mediador judicial, de acordo com a Lei da Mediação nº 13.140/2015, em seu artigo 11, é necessário ser pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. O mediador pode ser encontrado no judiciário, através do CEJUSC – Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania ou através de uma Câmara Privada Credenciada junto ao Tribunal de Justiça. Entre os advogados, ainda existe grande dúvida, quanto a possibilidade de poder atuar como mediador e conciliador na comarca que atua como a advogado (a). Segundo o CNJ – Conselho Nacional de Justiça, o advogado que desempenha a função de conciliador ou mediador vinculado ao CEJUSC, não fica impedido de atuar, desde que não atue como mediadora ou como conciliadora na sessão que irá atuar como advogada, conforme decisão que segue abaixo: Trata-se de Consulta formulada pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por meio da qual indaga (DOC SEI 0966095): A atuação de advogado como mediador ou conciliador perante um juízo que compõe uma sociedade de advogados gera o impedimento dessa sociedade atuar nesse mesmo juízo? É o breve relatório. Decido. Esta Comissão recebeu, recentemente, do CEJUSC do Distrito Federal, por meio da juíza federal Rosimayre Gonçalves de Carvalho (DOC SEI 0822572), consulta bastante similar. Indagou-se quanto ao previsto no Art. 167, § 5º, do Código de Processo Civil, que assim dispõe: Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais https://www.direitoprofissional.com/mediacao-no-ambito-juridico/ https://www.direitoprofissional.com/mediador/ 28 habilitados, com indicação de sua área profissional. (...) § 5º Os conciliadores e mediadoresjudiciais cadastrados na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. Considerando a relevância da temática para as atividades inerentes à Política de Tratamento Adequado de Conflitos, designei a Juíza auxiliar da Presidência do CNJ, Trícia Navarro Xavier Cabral, para elaboração de parecer nos processos SEI 00727/2020 e SEI 08947/2020. Em 26/10/2020, acostou-se o Parecer (DOC SEI 0975784) elaborado pela referida magistrada, o qual conclui que: a) o advogado que desempenha papel de conciliador ou mediador vinculado ao CEJUSC bem como a sociedade a qual pertença não ficam impedidos de atuar nos juízos, juizados ou varas; b) o advogado que funcione como conciliador ou mediador não poderá atuar em processos em que figurem outros advogados da sociedade advocatícia da qual pertença; e c) o eventual impedimento do advogado que atua como conciliador ou mediador é de cunho pessoal, que afeta apenas o profissional, e não se estende a sociedade. 19/01/2021 SEI/CNJ - 0978541 - Decisão file:///C:/Users/crisf/Downloads/Decisao_0978541 (1).html 2/2 Diante dos fundamentos jurídicos expostos, bem como do objetivo de propiciar os meios necessários para o uso efetivo dos métodos autocompositivos de resolução de conflitos, ACOLHO integralmente o supracitado parecer. Encaminhe-se cópia desta decisão e do Parecer (DOC SEI 0975784) ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para ciência. Conselheiro HENRIQUE ÁVILA Presidente da Comissão Permanente de Solução Adequada de Conflitos.6 Desta forma, como visto o mediador, por mais que não detenha acesso ao processo, quanto às suas questões formais e de direito, é uma pessoa que possui o conhecimento técnico a facilitar um diálogo positivo, com linguagem neutra, visando criar uma atmosfera propícia à identificação das reais necessidades de ambas as partes. 6 A REGULAMENTAÇÃO DA MEDIAÇÃO Como mencionado anteriormente, a mediação é regulamentada pela Lei número 13.140/2015, que dispõe sobre os princípios da mediação, além disso, dispõem ainda sobre os seus objetivos, quem pode ser mediador, os procedimentos das mediações judicias e extrajudiciais. Bem como, os mediadores possuem o código de ética, que está regulamentada pela Emenda número 2 de 08/03/2016 pelo CNJ, que caso cometa qualquer infração ética sofrerá uma penalização. Temos ainda, os Enunciados da FONAMEC – Fórum Nacional da Mediação e Conciliação, que dão diretrizes aos mediadores, conciliadores e aos CEJUSCs, onde a Lei, as resoluções entram em conflito. Importante destacar, que após o Ato 47/2021, foi regulamentado o pagamento dos mediadores que atuam nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos, através de URC 6 Sítio: https://www.tjrs.jus.br/static/2022/06/Decisao-CNJ-Mediador-Advogado.pdf 29 (Unidade Referência de Custas). Antes deste ato, os mediadores trabalhavam de forma totalmente voluntária. Porém, mesmo tendo regulamentado o pagamento do mediador, muitas vezes, tal pagamento não acontece, por má-fé e até mesmo por desconhecimento dos procuradores dos solicitantes que não carecem do benefício da assistência judiciária gratuita. Assim, é necessário fomentar cada vez mais que este trabalho não é mais de forma voluntária. Muito embora, os Juízes solicitem que o pagamento do mediador certificado seja efetuado 24h. (vinte e quatro horas) antes da sessão, na prática não é o que acontece. Isso acontece, por desconhecimento por parte dos operadores do direito, que confundem os honorários dos mediadores com as custas processuais, que são institutos completamente diferentes. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A mediação pode ocorrer de forma pré-processual e processual, mas qual seria a diferença? A pré-processual, o nome já diz pré, ou seja, antes de litigar, onde é feito um pedido junto ao CEJUSC, onde esse fará uma carta convite para as partes comparecerem à sessão de mediação, se as partes não comparecerem não ocorrerá a multa por ato atentatório à justiça, pois é convite. Já o processual, é onde o juiz determina, que as partes sejam intimadas a comparecer, se não comparecerem sofrerão, multa por ato atentatório à justiça. Importante destacar que essas penalidades sempre constam do despacho/intimação. Importante ainda, esclarecer que, tanto no pré-processo como no processo, se as partes pactuarem um acordo, esse acordo após homologado pelo juiz, o mesmo tem força de título executivo. Em muitos CEJUSC do Brasil, a mediação é feita de forma gratuita, ou seja, o mediador não é remunerado, mas no Estado do Rio Grande do Sul após o ato 47 /2021-P do TJRS regulamentou a remuneração dos conciliadores e mediadores judiciais, ainda o mesmo determina que quem for beneficiado pela AJG quem arcará com os custos da mediação é o Estado. É necessário compreender que, a mediação é um método alternativo de resolução de conflitos que tem a participação de uma terceira parte, neutra e imparcial, do qual a sua função é auxiliar e conduzir, buscando restabelecer a comunicação entre duas ou mais pessoas físicas, 30 e ou jurídicas, para estas, cheguem a um acordo que atenda aos interesses de todos os envolvidos, encerrando assim o conflito, da melhor forma, com as alternativas encontradas. A mediação vem crescendo como um procedimento poderoso de pacificação e amadurecimento da sociedade, onde resgata o passado das partes, para solucionar, no presente, de forma consensual e aceitável, o conflito de interesses entre elas surgido no passado, preservando, no futuro, o relacionamento harmônico entre as partes. REFERÊNCIAS Sítio: Conciliação e mediação. Conselho Nacional de Justiça (CNJ), [Brasília], 28 maio. 2023. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao/>. Sítio: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/mediacao-internacional-como-a-mediacao-e- aplicada-em-outros-paises/601514702>. Sitio: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/mediacao-e-conciliacao-no-novo-codigo-de- processo- civil/321444012#:~:text=Tal%20artigo%20define%20que%20a,partir%20do%20restabelecim ento%20da%20comunica%C3%A7%C3%A3o>. Sitio: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm>. Sitio: <https://www.tjrs.jus.br/static/2022/06/Resolucao-No-125-de-2010-CNJ.pdf>. Sítio: <https://www.tjrs.jus.br/static/2022/06/Enunciado-FONAMEC.pdf>. Sítio: <https://www.tjrs.jus.br/static/2022/06/Decisao-CNJ-Mediador-Advogado.pdf>. Curso de Formação de Conciliadores e Mediadores Judiciais. Acesso à justiça os métodos não adversariais, a política nacional de solução adequada de conflitos e a ética do conciliador e do mediador. Valéria Ferioli Lagrasta, Marina Azevedo e Arthur Napoleão. 2020. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. SAF SUL Quadra 2 Lotes 5/6 - CEP: 70070-600. Endereço eletrônico: <www.cnj.jus.br>. https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao/ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/mediacao-e-conciliacao-no-novo-codigo-de-processo-civil/321444012#:~:text=Tal%20artigo%20define%20que%20a,partir%20do%20restabelecimento%20da%20comunica%C3%A7%C3%A3o https://www.jusbrasil.com.br/artigos/mediacao-e-conciliacao-no-novo-codigo-de-processo-civil/321444012#:~:text=Tal%20artigo%20define%20que%20a,partir%20do%20restabelecimento%20da%20comunica%C3%A7%C3%A3o https://www.jusbrasil.com.br/artigos/mediacao-e-conciliacao-no-novo-codigo-de-processo-civil/321444012#:~:text=Tal%20artigo%20define%20que%20a,partir%20do%20restabelecimento%20da%20comunica%C3%A7%C3%A3o https://www.jusbrasil.com.br/artigos/mediacao-e-conciliacao-no-novo-codigo-de-processo-civil/321444012#:~:text=Tal%20artigo%20define%20que%20a,partir%20do%20restabelecimento%20da%20comunica%C3%A7%C3%A3o https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm
Compartilhar