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O samba quis dizer: eu sou cinema O samba quis dizer: eu sou cinema Aí o anjo nasceu, veio o bandido meterorango Hitler terceiro mundo, sem essa aranha, fome de amor E o filme disse: Eu quero ser poema Ou mais: Quero ser filme e filme-filme Acossado no limite da garganta do diabo Voltar a Atlântida e ultrapassar o eclipse Matar o ovo e ver a vera cruz E o samba agora diz: Eu sou a luz Da lira do delírio, da alforria de Xica De toda a nudez de índia De flor de macabéia, de asa branca Meu nome é Stelinha é Inocência Meu nome é Orson Antonio Vieiraconselheiro de pixote Superoutro Quero ser velho de novo eterno, quero ser novo de novo Quero ser Ganga bruta e clara gema Eu sou o samba viva o cinema; A letra desta canção realiza, por meio de expressões referenciais em negrito, diversas alusões ao movimento cinematográfico brasileiro, do início da década de 50, chamado de Cinema Novo. Assim, o próprio título da canção já constitui um processo intertextual de referência a vários textos que, à época, fizeram menção a este acontecimento histórico. O grupo desse movimento, frustrado pela falência das grandes companhias cinematográficas paulistas, resolveu lutar por um cinema nacional com mais realidade, conteúdo e menor custo. O compositor se refere, por meio de expressões referenciais, a diversos filmes desse período, como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Vidas Secas” (1963), “Os Fuzis” (1963), “Os Cafajestes”, “O Padre e a Moça”, “A Grande Feira”, “O Desafio” (1965). No meio acadêmico, as referências costumam ser indicadas após citações e paráfrases, indicadas por meio do último sobrenome do autor, acompanhado do ano de publicação da obra referida. Nas citações literais, informa-se também a página. Vejamos: VERSÃO TEXTUAL Em relação ao espaço, ocorre neste tipo de correspondência o mesmo que nas cartas comuns: o “diálogo” se desenvolve por escrito, entre interlocutores distantes. Mas o e-mail não pode ser considerado apenas uma versão moderna da carta. A tecnologia, como afirma Violi (2000, p.1), mais do que um simples “artefato”, constitui um “recurso que afeta e transforma as dimensões de nossa experiência”. (excerto de um projeto de pesquisa) 146