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impresso_LLPT_OptativaSociolinguistica-30

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Mito nº 4 – "As pessoas sem instrução falam tudo errado";
Mito nº 5 – "O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão";
Mito nº 6 – "O certo é falar assim porque se fala assim";
Mito nº 7 – "É preciso saber gramática para falar e escrever bem";
Mito nº 8 – "O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social".
Como podemos observar, a língua portuguesa é associada, na maioria das vezes, à norma padrão. 
Desse modo, acredita-se que a língua falada é uma extensão da escrita e, em consequência dessa visão, 
tudo que foge a um modelo "padrão, formal e escrito" é considerado como erro de português. 
Desvendando os mitos propostos por Bagno (2001), devemos partir do pressuposto de que, no Brasil, 
há diferentes normas. Assim sendo, se há um lugar que faz a correlação entre pronomes e verbos de 
segunda pessoa do singular (tu amas), como no Maranhão, enquanto na maioria dos locais usa-se "tu vai", 
não quer dizer que lá o português é mais correto, porém em alguns aspectos linguísticos a língua falada 
aproxima-se da norma prescritiva. Se isso não ocorre em todos os estado, é porque, em nosso país, há 
uma grande variedade de normas linguísticas (Mito 1 e 5).
Ainda levando em consideração a não unidade linguística, vimos que a língua varia e muda nos 
contextos geográficos, históricos e socioculturais, por isso, é esperado que Brasil e Portugal apresentem 
diferenças linguísticas. (Mito 2)
Uma outra questão bastante difundida é a relação entre o ensino de gramática normativa e a 
língua portuguesa. Quando a criança entra na escola, é apresentada a ela uma nova forma de falar e 
escrever, pautadas em regras que se afastam de sua linguagem do dia a dia. Dessa relação, ouvimos 
que "o português é muito difícil" (mito 3) e que se não falarmos como é prescrito (mitos 6 e 7), jamais 
dominaremos a língua.
Em geral, associado ao preconceito linguístico está o preconceito social: associada à fala do 
indivíduo está à origem social, geográfica, nível de escolaridade, profissão, raça, status 
socioeconômico e tantos outros fatores de preconceito social e, como consequência, linguístico, que 
circulam em nosso mundo contemporâneo. Ter conhecimento de como a língua se organiza e 
funciona, de suas variedades e de sua dinâmica, bem como de que a variação e a mudança na língua 
não é privilégio de falantes não escolarizados ou de determinadas camadas sociais, pode ser um bom 
começo para se rever o preconceito linguístico (Mitos 4 e 8).
Acreditamos que é importante também assumir posturas respeitosas e ser tolerante com o outro que 
constitui e tece nosso cotidiano social, escolar, profissional, familiar. Afinal, língua reclama variação e 
mudança e o falante, em geral, é um camaleão linguístico motivado pela situação comunicativa, pelo 
interlocutor, pelo evento de letramento ou oralidade, pela região de origem (BORTONI-RICARDO, 2005).
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