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Aula 14 de maio Histórias de Vida e Aula sobre analises de entrevistas

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Natália de Oliveira Kuhn 
Matricula 201710489 
Disciplina: Técnicas de Entrevista 
Diário de Bordo - Trabalho G2 
 
→ Aula 14 de maio: Histórias de Vida e Aula sobre analises de entrevistas 
Temos um apontamento sobre as entrevistas que fizemos na G1. Analisamos uma a uma, frases que 
foram ditas e escutadas. Acho interessante como atropelamos e queremos dar nome ao sentimento 
do outro, até mesmo em uma atividade que sabemos o quanto precisamos estar atentos a escuta. 
Entramos no conceito de estar em um lugar de desejo, de querer saber sobre o outro, das suas 
vitorias, lutas e sentimentos. Estamos em uma posição onde a pessoa escutada tem algo que nos 
falta, que precisamos e isso faz com que seja uma escuta genuína. 
Christian Dunker fala sobre a escuta limitada a uma perspectiva. Desdobro isso pensando sozinha, 
em que uma experiencia pode ser vivida em conjunto, porém a perspectiva, a interpretação e os 
sentimentos que advém da situação vivida é individual e quase que intrasferível. Até mesmo em 
uma escuta. 
Na atividade que fizemos, a forma que o abordamos pode passar a ideia de sermos médicos, 
doutores da saúde e que provem da sabedoria e que irá analisar aquela pessoa. Já é um equívoco 
que existe com o profissional da saúde, principalmente com o psicólogo. O sujeito vai aguardar 
como se fosse uma anamnese, com preguntas e respostas. De a abertura para escuta, deixe-o à 
vontade para extrair o que realmente precisa. 
Quanto menos explicativo formos mais tem escuta. Não de vemos ser “professores de fala” como – 
É x que você falou? – Então você sentiu x? – Você fez Y? 
Não complete uma resposta com sua visão de mundo. Deixe que o sujeito descreva o que sentiu. 
Não jogue o paciente na sua própria angustia. 
Entramos em um pensamento de que adjetivar a fala do sujeito é entrar em um espaço que não é 
nosso, a e experiência é algo subjetivo e nós podemos acabar colocando um significado que nem 
está ali 
Quando iniciamos os debates sobre como fazer uma boa abertura, concluo que A conversa com um 
psicólogo por mais que seja uma entrevista, deve ser vista com um momento de confortável para 
quem será ouvido. Pronomes de tratamento podem vir a colocar uma distância a qual falamos no 
início sobre parecer ser superior a quem será escutado. 
Há uma frase que foi dita em uma entrevista a qual concretiza a escuta confortável: 
“temos o tempo necessário, pode falar o que quiser que seja ouvido” 
Mostrar que a fala dele é algo simples porem com importância para ambas as partes. Reconhecer o 
valor a cada fala legitima a importância do momento. 
Outro início que é interessante: “quando tu pensas na tua história onde tu achas que começa ela?” 
Então o entrevistado te dá informações e você parte delas para dar continuidade. 
O “porque” deve ser evitado pelo poder de questionamento sobre a ação do outro, pode ser vista 
com uma forma de inquérito. A melhor forma de entender o contexto que foi vivido é repetir o que 
foi dito em tom de afirmação para que, se houve um equívoco, ser melhor explicado. 
→ Aula 21 de maio - escuta no contexto escolar 
Assistimos um vídeo curto da pensadora Maria Homem, sobre amizade. Algumas frases ficam 
marcadas como a amizade salva e salvou-a. em situações especificas com a sustentação que 
precisamos para ir levando os desafios da vida. A amizade surge como um alicerce, em uma relação 
de confiança a gente se mostra como realmente é. 
A amizade é uma relação de amor, um amor livre que se mantem na medida em que te alimenta. 
Alimente ambas as partes. 
Em uma relação de confiança e amorosidade, nossas características são requisitadas, mas apenas as 
que são vistas pelo o outro, ou a que nós permitimos serem demonstradas. 
Depois do vídeo, iniciamos o embasamento sobre entrevistas no contexto escolar. 
É o lugar de homogeneização, de normatização. E quem está fora é visto como um sujeito na 
margem porem sabe-se que a psicologia adentra o contrário. No meio escolar é uma transmissão da 
cultura, e a psicologia aprofunda-se sob a própria cultura do sujeito, nua e crua, sem estar 
mergulhada em uma cultura, norma ou regra. 
Discutimos sobre como é a realidade nas escolas, um aluno vai mal na aula, responde atravessado 
ou simplesmente dorme em uma apresentação. Logo o mesmo já é encaminhado ao psicólogo 
escolar como problemático, como alguém que lhe falta algo baseado em outro aluno que é 
considerado “normal”. A psicologia nesse caso entra como o detentor de resoluções, de “tapar o 
buraco”, de resolver a equação. 
No vídeo Psicanalise na educação inclusiva, de Rinaldo Votulini ele indaga como a pedagogia faz a 
supressão do aluno. E o psicólogo traz a chance de resgatar o ser que é perdido quando a pessoa é 
vista apenas como aluno com problemas. 
“o que fazer com o aluno” surge como o maior questionamento do professor. Ele quer apenas uma 
resolução para o problema dele. A sala de aula surge como algo abstratamente redondo, sem furos, 
sem problemas e que aquele aluno em questão saiu do plano ideal. Ele busca apenas o porquê da 
ação. 
Dissertamos sobre a responsabilidade que uma escuta tem, na escola, por exemplo, um professor, 
diretor ou secretário, talvez não queiram assumir a responsabilidade sobre o q é escutado. 
Então para tal função é chamado um psicólogo. Escuta, entende e resolve o problema. Porém 
sabemos que não funciona assim. 
Deve-se entrar no contexto para que consiga pensar em como foi que o aluno chegou naquela 
situação. Escutar pai, mãe, professor e até mesmo observar os momentos de lazer em que o aluno 
tem na escola. 
Entretanto deve-se frisar que o contexto escolar é fala, não clínica. E desconstruir o cenário de 
consultório, de sala em que é visto como consultório que trata problemas. 
O professor não deve ser visto como idealizador central da escola, ele não tem o poder e nem 
dispositivos para tal. Aliás nenhum profissional consegue fazer esse papel. O educador, a psicóloga, 
o diretor, cada um com sua função que em conjunto consegue trabalhar pelo desenvolvimento da 
escola. 
Dar esse protagonismo para os profissionais e para o que necessita de atendimento, ajuda a tirar o 
profissional da centralidade. 
→ Dia 11 de junho: Entrevistas no contexto da clinica ampliada 
Assistimos ao vídeo Insônia da Maria Homem, sobre a normalização do não dormir bem. Ela 
conceitua que com o domínio da luz a gente tira a noite e coloca a luz artificial, isso implica em um 
desequilíbrio biológico que culturalmente estamos viciados. 
Ela também adentra na questão do medo do sono com um viés psicanalítico, que enquanto 
dormimos não temos o domínio de si e nem do outro. É abrir mão de um controle que relutamos 
para deixar a mercê. A falta do relaxar com presença, do gozo da presença de si mesmo e de um 
outro sujeito. A personalidade paranoide leve entra com os questionamentos sobre o futuro, 
angustias, ansiedade e medo. 
A ética do trabalho pós revolução industrial traz um conceito de produtividade em que o sujeito que 
descansa, relaxa e goza do sono. O parar é pecado, é preguiça, é vagabundagem. 
O sono seria como um reparador do sistema, o corpo, os pensamentos, as ideias. Mas o ego não 
deixa fluir essa reparação. 
Voltamos a aula e a professora faz um breve resumo das aulas: 
1º Entrevista no trabalho: são alguns pontos que norteiam esse momento: 
• Momento de muita ansiedade de desemparo. 
• Apresentar a oferta 
• Dar abertura para inserir o candidato no contexto 
Ter em mente que um processo seletivo é uma via com duas demandas, a da empresa que busca 
alguém para uma função e um trabalhador que buscar ser pago e que quer enriquecer sua 
experiencia profissional. 
Tente fugir das perguntas padrões: defeito/qualidade. Por que escolheu essa empresa, etc. 
• O que te traz aqui? 
• Oque buscas? 
• O que é importante pra ti no trabalho? 
• Como é teu jeito de trabalhar? 
2º escutade crianças: 
A escuta deve se ater a dois momentos, a escuta parental com os pais e responsáveis e a de escuta 
com a demanda da criança. 
O brincar é o dispositivo de fala da criança, é o meio em que ela consegue expressar mais facilmente 
o que está sentindo. 
A conexão de infâncias pode trazer cenas que geram um compartilhamento melhor de situações 
vividas 
• Sabes por que estas aqui? Oque pensas? 
• Oque conversariam? 
• Oque me diz sobres? 
• Como é teu dia? 
Entender o eu interior da criança com o contexto em que ela vive e como se comporta diante 
algumas situações. 
3º escuta de grupos: 
Dispositivos: rodas de conversas, círculos de construção, grupos focais 
Deve haver um mediador com o papel central e que conduz o processo 
Roteiro x flexibilidade 
Perguntas de vivencias e experiencias sobre tais situações 
Perguntas que remetem a como o indivíduo iria resolver, se portar ou como ele entende 
Como ele se coloca naquela situação 
4º contexto escolar: 
Convidar o aluno para pensar sobre a questão, sobre o dia a dia, sobre a visão dele sobre tal assunto 
e como a escola pode ajudar. 
Oque pode estar impedindo de ... 
Voltamos a um foco mais social e vemos um vídeo sobre consultório na rua onde a atenção básica 
vai até o morador de rua. 
Acho interessante uma fala que essas pessoas são estrangeiras de uma cidade me que vivemos, que 
passamos do lado todo dia. Eles vivem em seu próprio mundo, suas angustias muita das vezes são 
oprimidas e pouco escutadas. Além da frequente rotulação de que um morador de rua é assaltante 
ou drogado. 
Esse número de pessoas que fazem parte da comunidade porem não usufruem da sociedade, 
também não conhecem seus direitos. O consultório na rua chega como uma extensão do sus que 
busca levar esse 1 acesso de saúde a essas pessoas e aos poucos, conscientiza-las que o sus é delas 
também e se elas optarem, terão suas demandas de saúde atendidas 
É frisado no vídeo sobre o vínculo que transpassa segurança na primeira conversa. Os agentes de 
saúde adentram um mundo diferente do qual estão acostumados, não é um posto de saúde, um 
hospital ou uma visita diária residencial. 
O plano terapêutico criado com o vínculo é fundamental para o paciente continuar o tratamento, 
quando realizado com sucesso, o indivíduo retoma a sua própria autonomia e busca querer se 
cuidar. 
Algo que me chama a atenção que é toda a necessidade de entender o espaço que eles estão. Eles 
buscam conhecer cada pessoa, entender sua rotina e trabalhar com a redução de danos quando os 
mesmos utilizam algum componente químico. 
→ Data: 18/06 escuta de paciente psicótico 
Não relacionar o modo de doença e sim o modo em que a pessoa vive. 
Começamos a assistir um vídeo de Christian Dunker: a diferença de psicose e loucura. 
Com uma breve introdução sobre o assunto, Dunker expõe que a loucura é vista como um estado 
em que uma pessoa normal chega devido alguma condição ou situação durante a vida, e que isso 
acaba sendo um equívoco do que realmente é uma psicopatologia. 
A loucura antigamente era vista como uma experiencia divina – louco que transcendia em lugares 
diferentes do nosso, as falas desconexas, os lugares em que ele dizia que estava e as pessoas que ele 
dizia conversar. 
Contudo no século 19 começamos a enxergar o homem como racional, nesse momento o louco 
ganha o rotulo de irracional e que foge no padrão da razão que tanto defendemos, como a lei e com 
as regras de sociabilidade. 
Também durante o século 19 foram reconhecidas as formas brandas e agudas dos então vistos como 
loucos e isso transforma a loucura em um tipo especifico, que se nomeia psicose. 
Formas mais brandas como a neurose não tem a perda da liberdade, ao contrário do psicótico que 
perde sua própria cidadania, que fica sob tutela do estado, dos familiares ou que devem ser 
internados. O psicótico então é visto como objeto, não indivíduo. É alguém que precisa de uma 
instituição que rege por ele. A palavra do sujeito é destituída. 
E a loucura começa a participar de um estado ou situação de vida, pois a vida é composta de 
dificuldades e sofrimentos e algumas pessoas não tem os mecanismos necessários para ultrapassar 
uma fase perversa. 
O delírio nesses casos surge como um “resto” ou a ponta do iceberg da psiquê. É o conteúdo mental 
que o psiquismo não dá conta de absorver, e que ele acha imoral “engolir” sem colocar pra fora. 
Essa fala desconexa é a saúde do paciente, é o que ele acha que não está certo, são os pensamentos 
profundos que transbordam na angustia do sujeito. 
No vídeo de Dunker: psicose e o laço social, o psicanalista comenta sobre toda a manobra 
antimanicomial que foi feita e transição para o caps que surge como equipamento substitutivo e 
como um elemento na luta antimanicomial, contra a super medicação, choque e mordaça por 
exemplo. 
O caps serve como dispositivo de circulação do psicótico, um espaço o qual o indivíduo é visto como 
um cidadão e com seus direitos. 
O psicótico fica violento quando o mesmo é isolado da família, dos seus direitos e da sociedade. 
Quando lhe falta uma escuta a agressividade é uma forma de revolta psíquica. O que acontece é que 
há uma tentativa de normatizar a vida de um psicótico, com trabalho, casa, rotina e estudo. Porém é 
inviável, o paciente acaba que começa a neurotizar 
O caps é a ação comunitária que traz esse indivíduo para a sociedade e que resgata o poder de fala 
dele. É onde ele tem uma rede de apoio e um local que ele consegue circular. 
No fim do vídeo começamos a conversar e a falar sobre o artigo: Reflexões sobre as (in)coerências 
na fala do esquizofrênico. Começamos a refletir sobre as diferenças na fala de um paciente psicótico 
e de uma pessoa “normal”. 
No artigo, é apresentado uma fala de uma psicóloga com sujeitos que estão internados. São diálogos 
distintos do convencional, de um olhar clinico pelo menos. É uma relação assimétrica e quem 
comanda a fala é o paciente. 
A professora vai realizando a leitura do artigo e vamos comentando sobre o caso e sobre a conduta 
da psicóloga que adentra a realidade do indivíduo. Notei de início que a própria paciente que nasceu 
praticamente internada já, possui uma falta de referência, de família e que a mesma não tem nem 
sua documentação. E com isso ela se perde em datas, e fala continuamente sobre as datas em que 
viveu ou acha que viveu. Ela também fala na alta que é sempre postergada, nas internações, nos 
tratamentos e na possível família q vai buscar ela. Essa fala aparece com uma fuga da angustia em 
que vive. Acho interessante que a psicóloga conduz super bem, dando ênfase na fala dela e até 
respondendo de uma forma que faz com que não menospreze o poder da fala do paciente. Parece 
que as duas conseguem entrar no mesmo assunto por que a um estimulo positivo para a paciente 
continuar. 
Em outro caso, um paciente de 50 anos com 22 internações e esquizofrênica e ela já tem uma fala 
mais sexual com frases circulantes sobre temas que marcaram o psiquismo dela.

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