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Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1):13-20.
A dimensão subjetiva
do profissional na
humanização da
assistência à saúde:
uma reflexão
1 3
THE PROFESSIONAL SUBJECTIVE DIMENSION IN HEALTH CARE HUMANIZATION: A REFLECTION
LA DIMENSIÓN SUBJETIVA DEL PROFESIONAL EN LA HUMANIZACIÓN DE LA ASISTENCIA A
LA SALUD: UNA REFLEXION
Luiza Akiko Komura Hoga 1
RESUMO
Este artigo faz uma reflexão
sobre a humanização da
assistência à saúde, que é
uma demanda crescente da
atualidade. Ela envolve
inúmeras dimensões que são
complexas e mutuamente
influenciáveis. Aspectos
relativos à esfera subjetiva
do profissional e do
relacionamento interpessoal
são discutidos e evidenciados
como componentes essenciais
da humanização do cuidado.
São ressaltadas as
necessidades de auto-
conhecimento dos
profissionais e de consciência
de suas resistências pois
estas são importantes para
a efetivação do verdadeiro
encontro dos profissionais
com seus clientes.
PALAVRAS-CHAVE
Assistência à Saúde.
Papel Profissional.
Relações enfermeiro-paciente.
ABSTRACT
This article reflects upon the
humanization of health care,
the demand for which is
growing. It involves several
complex and interdependent
dimensions. The professional’s
subjective perspective and the
interpersonal relationship are
discussed and shown to be
important factors in the
humanization of health care.
The necessity of professional’s
self-awareness and the
awareness of their defenses
are emphasized since they are
considered to be important for
the creation of an real
encounter between
professionals and patients.
These topics are essential for
the humanization and
promotion of health care.
KEYWORDS
Health Care.
Professional Role.
Nurse-patient relations
RESUMEN
Este artículo hace una
reflexión sobre la
humanización de la asistencia
a la salud, que es una
demanda creciente de la
actualidad. Ella involucra
innúmeras dimensiones que
son complejas y mutuamente
influenciables. Aspectos
relativos a la esfera subjetiva
del profesional y a la relación
interpersonal son discutidos y
evidenciados como
componentes esenciales de la
humanización del cuidado. Se
resalta las necesidades de
autoconocimiento de los
profesionales y de toma de
conciencia respecto a sus
resistencias pues éstas son
importantes para la
efectividad del verdadero
encuentro de los profesionales
con sus clientes.
PALABRAS CLAVE
Asistencia a la Salud.
Rol Profesional.
Relaciones enfermero-paciente.
A dimensão subjetiva do profissional na
humanização da assistência à saúde:
uma reflexão
1 Enfermeira Obstétrica
e Psicoterapeuta
Corporal. Professora
Associada do
Departamento de
Enfermagem Materno-
Infantil e Psiquiátrica
da Escola de
Enfermagem da USP.
kikatuca@usp.br
Recebido: 06/09/2002
Aprovado: 08/10/2003
Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1): 13-20.
1 4
Luiza Akiko Komura Hoga
INTRODUÇÃO
A humanização da assistência à saúde é
uma demanda atual e crescente no contexto
brasileiro e emerge em uma realidade em que
os usuários dos serviços de saúde se quei-
xam dos maus tratos de que são vítimas, a
mídia denuncia aspectos negativos dos aten-
dimentos prestados à população e as publi-
cações científicas comprovam a veracidade
de muitos destes fatos.
Com o intuito de minimizar tal problemáti-
ca no Brasil, o Ministério da Saúde do
Brasil (1) fez investimentos e produziu o do-
cumento “Parto, Aborto e Puerpério: Assis-
tência Humanizada à Mulher” e lançou o “Pro-
grama Nacional de Humanização da Assis-
tência Hospitalar”(2). Ambas as iniciativas
objetivaram enfrentar os desafios do âmbito
da humanização e promoção da qualidade do
atendimento à saúde. A primeira publicação
está voltada à disseminação de conceitos
e práticas de assistência ao parto visando
a integração da capacitação técnica e a
humanização do processo de atenção à
mulher durante a gestação e o parto. Ela
surgiu em um momento em que as demandas
por humanização e promoção da qualidade
da assistência obstétrica eram evidentes e
se sobressaíam como focos de maior
vulnerabilidade, em nível nacional.
As duas publicações abordam a
humanização da assistência à saúde sob um
prisma multidimensional em que cada faceta
possui sua importância e significado. A
humanização da assistência à saúde requer,
portanto, atenção a inúmeros aspectos. Es-
tes dever ser norteados e alinhados uma filo-
sofia organizacional, cujos princípios devem
estar claramente estabelecidos e viáveis de
serem concretizados na prática.
Acredito que a dimensão subjetiva do
profissional provoca impacto sobre forma
como se dá a relação entre profissionais e
usuários do setor saúde. O estabelecimen-
to adequado desta relação é, portanto, re-
levante para a humanização da assistência
à saúde.
Face à importância deste tema na atuali-
dade elaborou-se este manuscrito, que tem
como objetivo realizar um estudo teórico acer-
ca da dimensão subjetiva do profissional en-
volvido com a assistência à saúde para pro-
piciar uma reflexão sobre o tema.
Várias são as dimensões envolvidas no
planejamento e implantação da assistência
humanizada à saúde (2-3). Acredita-se que elas
sejam interdependentes e mutuamente
influenciáveis e são mencionadas e discuti-
das na seqüência.
Relevar a opinião do conjunto de traba-
lhadores atuantes na instituição de saúde,
independentemente do cargo ou função que
ocupam, é importante pois permite a gestão
co-participativa e promove uma boa relação
entre os profissionais. Esta estratégia admi-
nistrativa possibilita a expressão das neces-
sidades peculiares das diferentes categorias
profissionais que precisam ser consideradas
quando se almeja a execução do trabalho con-
junto, de forma harmoniosa. O atendimento
desses itens depende da dinâmica adminis-
trativa da instituição e do gerenciamento dos
diversos serviços existentes nela e das pos-
sibilidades oferecidas para efetivar os princí-
pios da humanização na prática assistencial.
Estas idéias trazem subjacente a noção de
que a assistência à saúde demanda participa-
ção interdisciplinar, pois nenhuma categoria
profissional consegue contemplar, por si só,
a totalidade humana na vivência do proces-
so saúde-doença. É desnecessário mencio-
nar que tal proposição não comporta atitu-
des hegemônicas de uma determinada classe
profissional sobre as demais ou em relação
ao seu conjunto.
A participação de vários profissionais na
assistência à saúde propicia o envolvimento
de todos os componentes da equipe com a
assistência e favorece melhor disponibilida-
de dos profissionais diante de seus clientes.
Estes, por sua vez, encontrarão maior abertu-
ra para expor seus problemas e questio-
namentos e isto promoverá a qualidade do
acolhimento. A humanização do processo de
acolhimento depende também da atuação
adequada e da receptividade demonstrada por
todos os trabalhadores que entram em con-
tato direto ou indireto com os usuários. In-
clui os de nível operacional, como aqueles
que compõem o serviço de segurança hospi-
talar, os recepcionistas, telefonistas, entre
outros.
O conhecimento abrangente e profundo
dos fatores relacionados e dos problemas que
afetam a saúde da população atendida pela
AS DIMENSÕES ENVOLVIDAS NA
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1):13-20.
A dimensão subjetiva
do profissional na
humanização da
assistência à saúde:
uma reflexão
1 5
instituição, como sua condição socioeco-
nômica, necessidades e carências, crenças e
valores culturais, entre outros aspectos, con-
tribui para que os profissionais se tornem mais
comprometidos com a clientela atendida e com
a busca de resultados concretos e coerentes
com a realidade de vida das pessoas sob seus
cuidados. Estar ciente das características da
pessoa a ser atendida aumenta a possibilida-
de do vínculo profissional/cliente, um aspec-
to essencial da assistência humanizada. A
possibilidade do vínculo torna-se mais con-
creta se os profissionais tiverem meios ade-
quados para conhecer seus pacientes, de for-
ma sistemática. Esta forma de ver e planejar o
cuidado requer o abandono de posiciona-
mentos hegemônicos por parte dos profissi-
onais, e suasubstituição pela consideração
da realidade, perfil e bagagem de conhecimen-
tos sobre práticas de cuidado e cura no pro-
cesso saúde-doença, na visão dos próprios
clientes.
O atendimento à saúde precisa ter
resolutilidade pois o efetivo equacionamento
ou a solução dos problemas de saúde e de
cuidado apresentados pelos clientes é essen-
cial para a humanização da assistência. A éti-
ca da assistência merece semelhante atenção
e abrange a possibilidade concreta dos paci-
entes seguirem os tratamentos que lhes são
prescritos. A esfera estética é outra faceta a
considerar e integra a atenção atribuída às
condições ambientais, à higiene e limpeza, à
identificação nominal dos pacientes e seus
acompanhantes, entre outros.
A contemplação das dimensões citadas
contribui para a satisfação dos profissionais
em relação ao trabalho que desenvolvem e
esta é uma condição que também importa
pois ajuda a manter o encantamento deles
em relação à própria profissão e ao trabalho
que desenvolvem. Este estado emocional
contribui para o resgate da subjetividade no
serviço de saúde e, para tanto, é imprescin-
dível que haja um modelo de gestão nas ins-
tituições de saúde que viabilize o alcance
das metas pretendidas (3).
Sobre a qualidade da relação entre profis-
sionais e clientes parte-se da premissa de que
ela depende da competência do profissional
e de sua capacidade para estabelecer relacio-
namentos interpessoais adequados. Experi-
ências descritas demonstram que várias de-
mandas não atendidas e queixas originárias
dos usuários dos serviços poderiam ter sido
evitadas, ou ao menos minimizadas, se eles
tivessem sido ouvidos, compreendidos, aco-
lhidos, considerados e respeitados (2).
A importância representada pelo relacio-
namento interpessoal na assistência à saúde
e a consideração de que a dimensão subjeti-
va do profissional seja componente vital do
processo justificam a reflexão mais profunda
dessas temáticas. Tal como os membros da
equipe do Ministério da Saúde que participa-
ram da elaboração das duas publicações an-
teriormente mencionadas, entende-se que a
humanização do atendimento ao público está
na dependência direta das condições de tra-
balho do profissional de saúde e de seu ade-
quado preparo no âmbito das relações huma-
nas, além do conhecimento teórico e dos as-
pectos técnicos. Existe, portanto, a necessi-
dade de dirigir mais cuidado e atenção para a
dimensão subjetiva dos profissionais quan-
do se busca a humanização da assistência à
saúde. Esta depende da qualidade do fator
humano que, por sua vez, determinará o tipo
de relacionamento que os profissionais esta-
belecem com os usuários dos serviços de
saúde (2).
A IMPORTÂNCIA DO
AUTOCONHECIMENTO PARA
UM RELACIONAMENTO
INTERPESSOAL ADEQUADO
O autoconhecimento do profissional de
saúde é vital para o estabelecimento de rela-
cionamento interpessoal adequado com os
clientes no processo de cuidar. Conhecer-se
a si mesma possibilita à pessoa tomar ciência
das próprias limitações, fragilidades e tam-
bém descobrir e permitir melhor usufruto de
suas potencialidades. Sobretudo, é de suma
importância que o profissional de saúde te-
nha ciência de que as diferentes característi-
cas individuais das pessoas fazem parte da
natureza humana.
Esta consciência faz com que os profissi-
onais tenham facilidade para adotar atitudes
de maior tolerância quanto aos próprios limi-
tes, à possibilidade de errar, de não conse-
guir, de não suportar certas circunstâncias
de vida e de trabalho difíceis, e a mesma lógi-
ca permeará suas ações face às pessoas cui-
dadas. É importante que os profissionais te-
nham em mente estas idéias no decorrer do
cuidado prestado às pessoas que vivenciam
Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1): 13-20.
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Luiza Akiko Komura Hoga
o processo saúde-doença. Sobretudo quan-
do cuidam de doentes que se encontram em
situação fragilizada, dependente e, muitas
vezes, em estado psicológico regredido, é
desejável que os profissionais estejam dota-
dos de maior grau de sensibilidade. Esta con-
dição pessoal dos profissionais favorece
melhor captação das necessidades subjeti-
vas dos doentes e, consequentemente, um
atendimento mais integral dessas pessoas,
que se encontram naturalmente mais suscep-
tíveis em muitos aspectos.
O verdadeiro encontro do profissional de
saúde, que inclui a consideração às próprias
couraças ou resistências(4), com o cliente que,
por sua vez, também possui peculiaridades
enquanto pessoa e está vivenciando alguma
enfermidade, constitui-se num dos elemen-
tos centrais do relacionamento terapêutico
entre profissionais e clientes de saúde. Para
que esta relação ocorra de forma adequada é
imprescindível que os profissionais estejam
capacitados a identificar e atender às própri-
as necessidades, pois este é um requisito
básico para a percepção e respectivo atendi-
mento das demandas por cuidados que emer-
gem dos clientes. O autoconhecimento é,
portanto, fundamental no sentido de que, no
processo de assistência à saúde, a relação
terapêutica assume um papel vital para a prá-
tica assistencial humanizada.
Importa também que os profissionais te-
nham consciência das ocorrências que os in-
comodam ou os afetaram em alguma fase de
suas vidas, que ficaram contidas dentro de si
e provocaram algum reflexo negativo em seu
corpo e psiquismo. Nas psicoterapias corpo-
rais estas formas de respostas humanas são
denominadas couraças (4). Estas dificultam ou
não permitem o afloramento dos sentimentos
e impulsos espontâneos dos seres vivos.
Pessoas encouraçadas tendem a permanecer
aprisionadas aos próprios pensamentos e
modos de reagir diante dos fatos e a viver
constantemente protegidas contra algo que
nem sempre conhecem. Agem desta forma,
muitas vezes, inconscientemente.
Tendem também a agir de forma limitada
em campos de atuação restritos porque sua
sensibilidade encontra-se constantemente
cerceada. Por meio desta forma de encarar e
viver a própria vida, protegem-se veemente-
mente de tudo que lhes aparenta ser ameaça-
dor para afastar a possibilidade do sofrimen-
to mas, ao mesmo tempo, não chegam a
vivenciar plenamente suas alegrias ou
visualizar oportunidades para sentir novas
emoções. Orgulham-se de suas realizações e
costumam considerar o choro como uma fra-
queza humana e, baseadas na própria visão,
costumam julgar as pessoas que deixam aflorar
seus sentimentos de forma espontânea. Pes-
soas rígidas apresentam dificuldades de rela-
cionamento com outras pois suas idéias são,
em geral, muito fixas e esta condição as torna
inflexíveis em suas idéias e, consequen-te-
mente, em suas ações. Prezam a disciplina e a
perseverança e agem desse modo porque
encaram este comportamento como uma for-
ma de eficiência e, consequentemente, de-
monstram pouca tolerância em relação às pes-
soas que não agem de forma semelhante (4).
A natureza humana, entretanto, é dotada
de uma potencialidade intrínseca de expres-
são, expansão e alcance de metas assim como
de um contínuo processo de auto-superação
e abertura para o novo. Se esta capacidade
inata não encontra espaço para manifesta-
ção, o ser humano tende a formar couraça
crônica (4), que resulta numa fachada aparen-
te de si. Porém, esta não corresponde à origi-
nal e, como conseqüência, há a formação de
uma personalidade secundária neurótica. São
pessoas que não conseguem manifestar a sua
essência enquanto ser humano único, que é
dotado de peculiaridades. A predominância
desta personalidade causa a diminuição ou
supressão dos impulsos expansivos naturais
do organismo humano e este padrão acaba
encobrindo e oprimindo a verdadeira nature-
za de sua personalidade primária e,
consequentemente, suas potencialidades.
Para a humanização plena da própria vida
há que se redescobrir o verdadeiro eu. Isto
demanda abertura para o auto-conhecimento
e o contato com a próprias dores, muitas de-
las escondidas em seu íntimo. Esta consciên-
cia de si contribui para promover recursos
para remover ou tornar mais suaves as pró-
prias máscaras. É possível eliminar as pres-
sões e diminuir as contrações que envolvemo corpo e o psiquismo mas para que isso ocor-
re é essencial que as pessoas estejam dispo-
níveis para tal. É importante o alerta de que
muitas necessitam receber ajuda profissional
para a concretização deste processo.
O auto-conhecimento por parte do pro-
fissional é importante também no processo
de cuidar para que ele não caia na armadilha
da relação contra-transferencial, entendida
Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1):13-20.
A dimensão subjetiva
do profissional na
humanização da
assistência à saúde:
uma reflexão
1 7
como um conjunto de reações inconscientes
do profissional em relação à pessoa cuidada (5).
Um processo de contra-transferência pode
estar ocorrendo no cotidiano do cuidado sem
que o profissional tenha ciência disso. Por
exemplo, um profissional cuja estrutura psí-
quica esteja extremamente rígida pode “não
gostar” de doentes que choram com facilida-
de e ou que manifestam suas emoções de for-
ma espontânea e estar expressando tal rejei-
ção em suas atitudes, de forma inconsciente.
As ocorrências do cotidiano que afetam
as pessoas, aparentemente inofensivas, po-
rém freqüentes, prejudicam profundamente e
de forma mais significativa que as grandes
tragédias a que elas estão sujeitas na vida.
Assim, o conhecimento, o enfrentamento e a
possibilidade de auto-regulação após o pro-
cesso de confronto dos problemas do dia-a-
dia são importantes para o bem-estar, a saú-
de mental e para um viver mais pleno dos
seres humanos.
Cabe ressaltar que as pessoas não con-
seguem conviver com tensões emocionais ou
suportar as agressões cotidianas durante
muito tempo, de forma consciente. Como res-
posta vital o organismo reage transferindo
as tensões emocionais para o nível inconsci-
ente e, como conseqüência, permanece em
seu corpo a tensão muscular crônica. Este
padrão de resposta corporal pode prejudicar
a qualidade de vida das pessoas ao longo da
vida. A reversão deste quadro é possível por
meio da aquisição de um profundo
autoconhecimento que, muitas vezes, requer
ajuda profissional.
As pessoas aprendem a lidar com a re-
pressão de duas formas (4): formam couraça
muscular e/ou sintoma(s) neurótico(s). O fato
é que as pessoas possuem muitos conteú-
dos reprimidos e, como uma forma de resistir
a eles e sobreviver, desenvolvem mecanis-
mos de defesa diante de conteúdos emocio-
nais reprimidos, sejam eles passados ou atu-
ais. Os seres humanos caracterizam-se pela
capacidade de aprender a lidar e conviver com
as circunstâncias que os cercam e que po-
dem ser adversas. Assim sendo, passam a
constituir formas de resistência e, cada qual
SOBRE A NECESSIDADE DE
CONHECER E CONVIVER
MELHOR COM AS PRÓPRIAS
COURAÇAS E RESISTÊNCIAS
ao seu modo, se estrutura, forma padrões
corpóreos, comportamentais e atitudinais di-
ante dos eventos que as afetam. Os conteú-
dos que os seres humanos carregam em seu
interior e a respectiva resistência a eles são
forças opostas, intermediadas pelas experi-
ências de vida.
As pessoas tendem a desenvolver pa-
drões corpóreos como uma forma de se
posicionarem diante da vida. Aquelas que
possuem características do padrão
hipertônico têm como hábito contrair seus
músculos e restringir seu ciclo vasomotor,
impedindo o fluxo harmônico da energia. Ao
reagirem dessa forma ficam constantemente
susceptíveis às explosões repentinas de rai-
va, que podem ser conseqüência de reten-
ções contínuas de conteúdos inconscientes.
Ao serem surpreendidos por emoções que as
afetam e que ultrapassam os limites de sua
capacidade de retenção, reagem manifestan-
do comportamentos intempestivos.
No outro extremo estão as pessoas com
padrão hipotônico, aquelas que não deixam
reter seus conteúdos pois se encontram em
contínuo processo de acúmulo e vazamento.
Este é um tipo de defesa mais efetivo para o
ser humano e predomina naquelas que ne-
cessitaram se defender desde uma fase muito
precoce da vida. Em geral as pessoas que
aprenderam a reagir dessa forma se aparen-
tam resignadas e “aceitam” os ataques alhei-
os. A hipertonia e a hipotonia representam
os extremos dos modos de dar resolutividade
à organização neurótica e ajudam a promover
a auto-regulação (4). O fato é que as pessoas,
em geral, carregam consigo um pouco dos
dois padrões.
Em um mundo ideal não precisamos de
couraças, porém, a realidade da vida cotidia-
na é muito diferente, exigindo do ser humano
um certo nível de encouraçamento. O traba-
lho desenvolvido pelos terapeutas corporais
é no sentido de ajudar as pessoas a diminuí-
rem ou suavizarem gradativamente suas cou-
raças e resistências ou ensiná-las a conviver
melhor com elas, para que aprendam a “fazer
amizade com as próprias resistências” (4).
Seria muito valioso se profissionais da
área de saúde pudessem ter esse tipo de res-
paldo pois, com esse suporte, estariam mais
aptos a fazer movimentos expansivos, mais
espontâneos, ter mais vitalidade e autentici-
dade para viver mais plenamente e reencon-
Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1): 13-20.
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Luiza Akiko Komura Hoga
trar sua própria originalidade. Ao profissio-
nal de saúde cabe aprender a balancear seu
grau de encouraçamento de modo a dissol-
ver ou amenizar os padrões de resposta que
se encontram demasiadamente enrijecidos e
que estejam bloqueando o fluxo adequado
de energia. Aqueles que conseguem atingir
este estado físico e emocional tornam-se mais
disponíveis para os outros e, nem por isso,
ficam desprotegidos em relação aos obstá-
culos que devem enfrentar no seu dia-a-dia.
O VERDADEIRO ENCONTRO
ENTRE O PROFISSIONAL DE
SAÚDE COM SEU CLIENTE:
FATOR PREPONDERANTE PARA A
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
Para a humanização da assistência consi-
dera-se importante atribuir semelhante rele-
vância aos vários aspectos discutidos no tex-
to. As dimensões subjetivas do profissional
constituem facetas importantes e o conjunto
delas determina a forma como os profissio-
nais de saúde estabelecem o relacionamento
interpessoal com os clientes. Importa ressal-
tar que o encontro genuíno entre o profissio-
nal de saúde e seu cliente, essencial para a
humanização da assistência, só vai se efeti-
var quando os profissionais estiverem pre-
parados e disponíveis para tal ocorrência.
Este requer também um estado físico e psí-
quico que permita o fluxo adequado da ener-
gia, necessário ao processo de cuidar.
Percebe-se que muitos profissionais
vizualizam o cuidar como um processo de uma
só via – a dedicação oferecida e que deman-
da uma energia que se esvai e que não pro-
porciona retorno. Considera-se, entretanto,
que este imaginário está equivocado, pois o
processo de cuidar, no sentido da relação
entre dois seres humanos, constitui-se de
duas vias – o de um ser humano dotado de
preparo técnico-científico e humanístico e
disponível para o cuidado efetivo e de outro
ser que está necessitando de ajuda de um
profissional, que é dotado de tais atributos.
Desse modo, o cliente de saúde se sentirá
satisfeito com o cuidado e o afeto recebidos
e certamente, estará pensando positivamen-
te sobre o fato e emanando um sentimento
correspondente, o que certamente refletirá
beneficamente sobre o profissional.
É natural que um profissional sinta algum
grau de cansaço ao encerrar seu turno de tra-
balho. No entanto, supõe-se que ele não deva
se sentir completamente esvaído em sua con-
dição física e emocional. Se isto ocorrer, pode
ser indício de que suas atitudes e comporta-
mentos em relação a si mesmo, ao outro e ao
processo de cuidar não estejam adequadas.
As práticas profissionais adquirem ganhos
qualitativos quando as ações de cuidado são
dotadas de intencionalidade. Sobretudo quan-
do utilizamos recursos de toque corporal, de
suporte físico e emocional que deveriam
permear a realização dos procedimentos e as
intervenções junto aos pacientes, é essencial
que a intenção dirigida a um objetivo claro es-
teja presente. Do contrário, estas práticas tor-
nam-se vazias em sentido e perdem a razão de
ser do ponto de vista da subjetividade. Assim,
é importante conhecer a razão daquela atitude
ou cuidado para ser possível oferecer realmente
aquilo quese deseja e que seja significativo
do ponto de vista da pessoa cuidada. Um dado
prático auxilia no esclarecimento desta idéia.
Ao realizar um procedimento, se o profissional
estiver preocupado em executá-lo de forma me-
nos dolorosa, sua mente estará concentrada e
imbuída desta intenção. Este comando mental
fará com que suas mãos se tornem mais relaxa-
das e, desse modo, conseguirá concluir o pro-
cedimento de forma mais suave e menos dolo-
rosa para o paciente. A mesma lógica é aplicá-
vel a todas as ações relativas ao cuidado, seja
esta da esfera física ou psíquica.
Nas situações em que os pacientes pre-
cisam se submeter a algum tratamento incô-
modo ou doloroso, que provoque medo ou
ansiedade, é possível perceber que os pro-
fissionais tentam protegê-los. Com esta idéia
em mente tentam desviá-los do processo de
enfrentamento oferecendo-lhes artifícios de
fuga. Embora a intencionalidade do ato apa-
rente ser positiva acredito que, do ponto de
vista da relação terapêutica, esta prática não
seja adequada. Poderia ser mais apropriado
“estar com” os pacientes, oferecendo-lhes
suporte e retaguarda para proporcionar as
melhores condições possíveis para a supe-
ração de situações difíceis. Assim, os paci-
entes poderão vivenciar o momento de for-
ma amena, com melhor preservação de sua
integridade.
Por meio desta medida de cuidado, os pro-
fissionais oferecem condições mais apropria-
das para que os pacientes completem seu ci-
clo vasomotor no decorrer do cuidado. A
superação de um obstáculo com preservação
da integridade física e emocional proporcio-
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A dimensão subjetiva
do profissional na
humanização da
assistência à saúde:
uma reflexão
1 9
nada pela realização correta do procedimento
e oferecimento do devido suporte fortalece o
ser humano. Este sente-se mais preparado
para enfrentar os futuros obstáculos que pre-
cisarão ser transpostos, durante o processo
de cuidado e cura.
Quando um doente necessita submeter-
se a qualquer tipo de procedimento que pos-
sa lhe causar ansiedade, seria apropriado
implementar o seu devido preparo. É aconse-
lhável que os profissionais se abstenham do
uso de termos como “não vai doer”, “é rapi-
dinho” etc. No âmbito da humanização do
cuidado, considera-se pertinente oferecer ori-
entação prévia relativa à necessidade do pro-
cedimento, esclarecimento sobre a intensida-
de da dor ou desconforto, adoção de alguma
abordagem verbal ou corporal com a inten-
ção de prepará-lo para o procedimento,
objetivando, entre outros aspectos, a dimi-
nuição de sua contratura muscular e fragili-
dade emocional. Em seguida, realizar o proce-
dimento, propriamente dito, e finalizar o pro-
cesso com alguma forma de harmonização.
A adoção destes cuidados, no decorrer
do processo de assistência, favorece o fe-
chamento do ciclo vasomotor do paciente,
um aspecto importante na perspectiva da
humanização. Do ponto de vista do receptor
do cuidado, este fica com a sensação de con-
tinência, o que favorece sua auto-regulação.
Os clientes sentem-se fortalecidos pois cons-
tatam, de forma corporal e psíquica, que pu-
deram vivenciar o processo de forma plena e
com a sensação de terem sido cuidados por
profissionais competentes, atentos aos as-
pectos físicos e emocionais. Promove tam-
bém a sensação de ser compreendido quanto
às suas necessidades, ter recebido o devido
suporte para o enfrentamento das situações
difíceis; e não apenas processado ou
coisificado como um paciente desper-
sonalizado e emotivamente incólume.
Os pacientes têm um desejo profundo de
serem compreendidos em suas necessidades
por cuidados e tal compreensão é um passo
fundamental que requer o compromisso do
profissional em tentar atendê-las. É essencial
que haja a devida disponibilidade para que isso
ocorra, o que demanda uma certa condição
corporal e mental. É importante, notadamente,
a partir da perspectiva do profissional, a aber-
tura para a verdadeira efetivação do cuidado
em sua plenitude, pois isso certamente contri-
buirá para a humanização da assistência.
A perspectiva verbal e corporal (ficar ao
lado, dar suporte, uso adequado das mãos
nas diversas formas de toque) são importan-
tes na humanização do cuidado. Muitas ve-
zes, os pacientes recordam-se de profissio-
nais que cuidaram deles de uma forma sur-
preendente. Mais que as ferramentas técni-
cas, a competência, a organização e a aten-
ção aos detalhes, os pacientes valorizam a
capacidade de cuidar, de atender às reais ne-
cessidades deles, à capacidade de escutar ou
a disponibilidade de tempo, por exemplo, para
pegar as suas mãos (6).
Um campo emergente da ciência que trata
deste tipo de conhecimento, a psiconeuro-
imunologia, pode prover resultados impor-
tantes das intervenções para promoção da
saúde e cura como o toque, a escuta e o aten-
dimento das necessidades na perspectiva dos
próprios pacientes. O corpo humano possui
uma farmacopéia de neuropeptídeos internos,
secreções neuroendócrinas e respostas
imunológicas que mantêm a saúde e promo-
vem a cura. O toque, a escuta empática e de-
mais práticas que integram a essência do cui-
dado de enfermagem podem ser recursos fun-
damentais do processo de cura (6).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este texto buscou alicerçar teoricamente
um aspecto da dimensão subjetiva do profis-
sional e seu impacto na relação que se esta-
belece com os usuários dos serviços de saú-
de. Avalio que o conhecimento e a conside-
ração destes âmbitos sejam essenciais para o
estabelecimento de relacionamento entre pro-
fissional e cliente de forma adequada, um
passo fundamental para a humanização da
assistência à saúde.
A promoção da auto-regulação dos pro-
fissionais, sobretudo daqueles que estão di-
retamente envolvidos com o processo de
cuidar torna-se uma prioridade, tendo em vista
os aspectos até então discutidos.
Tanto os responsáveis pelo geren-
ciamento dos serviços existentes nas insti-
tuições, quanto os próprios profissionais são
co-responsáveis pela busca e adoção de me-
didas que favoreçam a promoção do bem-es-
tar físico e emocional de si mesmos e da equi-
pe de profissionais, assim como do ambiente
de trabalho. As reflexões constantes neste
texto são importantes para a humanização da
assistência à saúde.
Rev Esc Enferm USP
2004; 38(1): 13-20.
2 0
Luiza Akiko Komura Hoga
REFERÊNCIAS
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