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Foto: Stock.adobe.com Trata-se de eventos perigosos para o trabalhador que ocorrem durante o exercício de sua atividade profissional, podendo gerar nele lesões ou agravos à sua saúde. Por isso, tais acidentes são considerados riscos ocupacionais. VOCÊ SABIA? Esse entendimento está claramente suportado pelo conteúdo do artigo 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico [...], provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. O mesmo artigo ainda estabelece a responsabilidade da empresa pela aplicação de medidas de prevenção de acidentes que protejam a segurança e a saúde do trabalhador. GERENCIAMENTO DE RISCO OCUPACIONAL Foto: Stock.adobe.com AS NORMAS REGULAMENTADORAS E O GERENCIAMENTO DE RISCOS DESDE A CRIAÇÃO DELAS EM 1978, AS NORMAS REGULAMENTADORAS (NRS) TÊM SIDO AS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS PARA A PREVENÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS NO BRASIL. Elas complementam o capítulo V (da segurança e da medicina do trabalho) do título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com alterações definidas pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Ao longo dos anos, já foram publicadas 37 NRs. Sua adoção, tanto por parte das empresas quanto dos trabalhadores, é obrigatória. SAIBA MAIS A criação e a manutenção dessas normas estão hoje sob a gestão da Secretaria de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência. No que tange ao gerenciamento de riscos, vale destacar a NR-9 (2020c), que estabeleceu o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) com o objetivo de efetuar a “antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho”. O PPRA trata exclusivamente de riscos ambientais (físicos, químicos e biológicos). Os ergonômicos e de acidentes de trabalho são tratados isoladamente em outras normas. A partir da entrada em vigor da nova versão da NR-9 (2020b) a denominação da norma mudou para “Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos”. Seu título já revela a principal mudança dela: a extinção do PPRA. Entrará em vigor a nova versão da NR-1. Suas mudanças foram muito mais profundas e abrangentes, variando desde a denominação dessa norma, que muda para “Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais”, até a introdução do conceito de gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO) e do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). O PGR é uma evolução de um programa similar previsto na NR-22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração. Sua introdução substitui – e com vantagens – o antigo PPRA, como veremos mais adiante. As empresas de todos os setores de negócio passam a ser obrigadas a adotar o GRO e o PGR a partir da entrada em vigor da norma. GERENCIAMENTO DE RISCO OCUPACIONAL (GRO) Foto: Stock.adobe.com O GRO estabelecido pela NR-1 não é uma metodologia de trabalho. Quem cumpre essa função é o PGR. TRATA-SE DE UM PROCESSO OU DE UM SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS A SER IMPLANTADO EM CADA ESTABELECIMENTO DA EMPRESA. O GRO registra a filosofia, as diretrizes e os requisitos para a execução desse gerenciamento, além das responsabilidades por sua condução e supervisão. Tais diretrizes e requisitos podem incluir definições da NR-1 e da própria empresa. A partir do conteúdo da NR-1, essas diretrizes podem: I. Estabelecer o processo de GRO por estabelecimento de seus objetivos. II. Afirmar seu alinhamento à legislação e à regulamentação do trabalho. III. Definir se o GRO fará parte da estrutura de gestão corporativa (opção concedida à empresa). IV. Estabelecer o PGR e definir seus objetivos específicos. V. Definir as responsabilidades sobre o GRO e o PGR em toda a empresa. VI. Definir os critérios para a construção e a aplicação do PGR, incluindo a definição sobre sua implantação por unidade operacional, setor ou atividade de cada estabelecimento (opção concedida à empresa). VII. Autorizar a alocação de recursos para o PGR (sistemas de informação, estrutura de gestão, profissionais etc.). ⇋ Utilize a rolagem horizontal Adaptado da Norma Regulamentadora nº 1 (2020a), por Ronaldo Augusto Granha. PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR) Foto: Stock.adobe.com Para a aplicação prática do GRO, a nova NR-1 introduziu o PGR. Desenvolvido individualmente para cada estabelecimento da empresa, esse programa abrange os riscos ambientais, os ergonômicos e os de acidentes de trabalho. ATENÇÃO O antigo PPRA só abrangia os riscos ambientais. O PGR apresenta a forma de execução do gerenciamento de riscos. A NR-1 descreve a metodologia a ser empregada para seu desenvolvimento e sua gestão. Tal programa deve incluir as ações e os documentos relativos aos programas, planos, além de outros instrumentos previstos na normatização do trabalho em vigor. A NR-1 estabelece as etapas do planejamento de risco a serem implementadas pela empresa: Evitar Os riscos ocupacionais do ambiente de trabalho. Identificar Os perigos e suas consequências (possíveis lesões ou agravos à saúde). Avaliar Os riscos ocupacionais e seu nível de risco ocupacional. Classificar e priorizar Os riscos ocupacionais e estabelecer as medidas de prevenção. Implantar As medidas de prevenção definidas. Monitorar O controle dos riscos ocupacionais, efetuando ajustes quando necessário. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Adaptado da Norma Regulamentadora nº 1 (2020a), por Ronaldo Augusto Granha. Um aspecto-chave no Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR é o chamado processo de identificação de perigos e a avaliação de riscos ocupacionais descrito na NR-1. Suas etapas serão ilustradas na figura adiante. Ela revela que o processo segue um ciclo contínuo, pois se baseia no ciclo PDCA (sigla de plan, do, check e act), revelando, assim, seu foco na melhoria contínua desse processo. Tal formato esclarece que o processo de gerenciamento de riscos, portanto, funciona continuamente, viabilizando a identificação e o tratamento contínuo das causas dos riscos. Com isso, esses riscos tenderão a não ocorrer ou causarem pouco impacto caso ocorram. É importante observar que os processos estão sempre em evolução e sofrendo mudanças, o que leva ao surgimento de novos perigos, ou a maior recorrência de perigos que já estavam mitigados. Imagem: Extraída de NR-1, 2020a, item 1.5.4., adaptada por Ronaldo Augusto Granha Processo de identificação de perigos e avaliação de riscos ocupacionais. Adaptado da Norma Regulamentadora nº 1 (2020a). Para o desenvolvimento de tais atividades, são aplicadas as ferramentas de gerenciamento de riscos apresentadas no próximo módulo. Dois documentos citados pela NR-1 como necessários para o PGR são o inventário de riscos ocupacionais e o plano de ação. Ambos também serão debatidos no módulo 3. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A NOVA REDAÇÃO DA NR-1 INTRODUZIU O GRO E O PGR. O PGR PADRONIZOU PARA TODAS AS EMPRESAS UM MÉTODO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS EMPREGADO ATÉ ENTÃO SOMENTE NO RAMO DA MINERAÇÃO. NO ENTANTO, ELE INTRODUZIU NESSA NOVA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO O TRATAMENTO DAQUELES NÃO INCLUÍDOS NO ANTIGO PPRA. ESSES RISCOS SÃO: A) Os químicos e os físicos. B) Os químicos e os biológicos. C) Os acidentes de trabalho. D) Os ergonômicos e os acidentes de trabalho. E) Os ergonômicos e os físicos. 2. O GERENCIAMENTO DE RISCOS OCUPACIONAIS (GRO) FOI INTRODUZIDO PELA ÚLTIMA REVISÃO DA NR-1. SOBRE O GRO, PODE-SE AFIRMAR QUE ELE: A) É uma metodologia de gerenciamento de riscos. B) É desenvolvido para toda uma empresa, enquanto o PGR enfoca cada estabelecimento dela. C) Não é uma filosofia de gerenciamento de riscos. D) Precisa envolver obrigatoriamente a unidade operacional, o setor ou suas atividades. E) Estabelece o PGR e seus objetivos. GABARITO 1. A nova redaçãoda NR-1 introduziu o GRO e o PGR. O PGR padronizou para todas as empresas um método de gerenciamento de riscos empregado até então somente no ramo da mineração. No entanto, ele introduziu nessa nova metodologia de gerenciamento o tratamento daqueles não incluídos no antigo PPRA. Esses riscos são: A alternativa "D " está correta. A antiga PPRA não tratava os riscos ergonômicos e de acidentes de trabalho. As outras opções mostram combinações com os riscos ambientais que constavam no antigo PPRA. 2. O gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO) foi introduzido pela última revisão da NR-1. Sobre o GRO, pode-se afirmar que ele: A alternativa "E " está correta. O GRO estabelecido pela NR-1 não é uma metodologia de trabalho. Quem cumpre essa função é o PGR. O GRO é uma política corporativa de gerenciamento de riscos ocupacionais a ser implantada em cada estabelecimento da empresa. Ele serve para garantir o cumprimento da legislação e regulamentação do trabalho. MÓDULO 3 Distinguir as ferramentas de gerenciamento de riscos ocupacionais LIGANDO OS PONTOS O desenvolvimento do gerenciamento dos riscos corporativos e ocupacionais é uma atividade trabalhosa. Para facilitar e agilizar essa tarefa, foram desenvolvidas ao longo do tempo várias ferramentas que auxiliam na identificação, na avaliação e na análise de riscos. Há inclusive outras ferramentas adaptadas ou introduzidas pela nova redação da NR-1. Mas você sabe quais são essas ferramentas? Compreende como elas são usadas? Para entendermos os conceitos envolvidos, tomaremos por base uma situação prática. Por conta disso, continuaremos a análise do case visto nos outros módulos: o da ZPK Logística. Case - empresa ZPK Logística A ZPK Logística é uma empresa brasileira legalmente estabelecida que se instalou recentemente no estado do Rio. Seus principais acionistas são grandes empresas de e-commerce brasileiras. Especializada no transporte de cargas leves, ela apresenta como seu diferencial o alto nível de automação de suas operações e a velocidade com que realiza o transporte de cargas, conseguida graças a parcerias com empresas de aviação e de transporte rodoviário. A organização se orgulha de operar com tamanha agilidade que suas cargas praticamente apenas passam pelos centros de distribuição, quase sem esperas para o embarque. Já o volume de cargas em espera é mínimo. Conforme vimos nos cases dos módulos 1 e 2, a empresa é altamente informatizada e robotizada. Porém, apesar disso, suas linhas de produção apresentam diversos profissionais atuando em meios a esses robôs e demais equipamentos. Esta figura reproduz parte desse ambiente de produção para servir de referência: Foto: Shutterstock.com Figura: Layout do centro de distribuição. Como verificamos no case do módulo 2, a proximidade dessas pessoas com as máquinas em movimento apresenta vários riscos ocupacionais, ou seja, diversos fatores de risco ou perigos aos quais os trabalhadores estão expostos no seu dia a dia. Também vimos cinco exemplos: Diversos equipamentos eletrônicos em operação são fontes de energia calorífica ou elétrica. Há uma falta geral de cadeiras no ambiente, o que, por exemplo, obriga os trabalhadores a atuarem e se curvarem para operar computadores. Robôs industriais fixos e móveis estão em movimento constante e sem nenhum tipo de proteção coletiva que impeça a presença de trabalhadores perto dessas máquinas. Veículos transitam constantemente junto ao ambiente analisado, liberando monóxido de carbono. Como ele é parcialmente fechado, ocorre uma concentração dessa substância próximo das equipes, exigindo uma ventilação mecânica já instalada e em funcionamento. No ambiente acima, junto aos caminhões, o nível de ruído se mostrou elevado, ficando próximo dos 85DB limítrofes para uma jornada de oito horas diárias. Também já apontamos que os riscos 1, 3, 4, 5 são ambientais, enquanto o 2 é um risco ergonômico. A análise de riscos após o início da vigência da nova NR-1 será executada dentro do programa de gerenciamento de riscos (PGR) que essa empresa vanguardista já adotou. Dentro das etapas do PGR, esses riscos já identificados serão registrados e detalhados por meio de ferramentas de identificação de fontes de riscos. Serão inseridos nelas todos os demais riscos ocupacionais identificados no ambiente em análise. Essa também será a base para a alimentação do inventário de riscos citado pela nova redação da NR-1, o qual, aliás, já pode ir sendo preenchido. Empregaremos a seguir a ferramenta (ou mais de uma) de análise e avaliação de riscos que se mostrar mais adequada. Nela serão avaliados a resposta e o tratamento a ser aplicado para evitar ou mitigar o risco ocupacional. Essas ferramentas podem ser usadas no PGR proposto pela nova redação da NR-1 para efetuar a análise dos riscos. Seus resultados vão compor o inventário de riscos. As ações que vierem a ser definidas para o tratamento deles serão registradas como planos de ação. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 1. O GERENCIAMENTO DE RISCOS INCLUI O EMPREGO DE FERRAMENTAS QUE PERMITEM A IDENTIFICAÇÃO, A ANÁLISE E A AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS. UMA DESSAS FERRAMENTAS SE CONCENTRA NO REGISTRO DE FALHAS OPERACIONAIS (PROCESSO, MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS ETC.) E DE SUAS CAUSAS, PODENDO SER USADA NA ANÁLISE DAS CAUSAS DE PERIGOS E NA PROPOSIÇÃO DE SOLUÇÕES. MARQUE O NOME DESSA FERRAMENTA. A) Técnica do incidente crítico (TIC). B) What-if analysis. C) Hazard operability studies (Hazop). D) Failure mode and effect analysis (FMEA). E) Walktrough do processo. 2. O INVENTÁRIO DE RISCOS É UM DOCUMENTO QUE SERVE PARA... A) Reunir todas as avaliações de riscos corporativos. B) Registrar apenas os riscos que foram aceitos e não serão tratados. C) Reunir todas as avaliações de riscos ocupacionais. D) Reunir os responsáveis pelas fontes de risco para avaliar sua eliminação. E) Somente documentar planos de ação. GABARITO 1. O gerenciamento de riscos inclui o emprego de ferramentas que permitem a identificação, a análise e a avaliação de riscos ocupacionais. Uma dessas ferramentas se concentra no registro de falhas operacionais (processo, máquinas, equipamentos etc.) e de suas causas, podendo ser usada na análise das causas de perigos e na proposição de soluções. Marque o nome dessa ferramenta. A alternativa "D " está correta. A FMEA é uma ferramenta voltada para o registro de falhas operacionais (processo, máquinas, equipamentos etc.) e de suas causas. Ela serve de apoio, por exemplo, para a composição de estatísticas de produção e/ou de acionamento da manutenção. A FMEA ainda pode ser usada na análise das causas de perigos e na proposição de soluções. 2. O inventário de riscos é um documento que serve para... A alternativa "C " está correta. O inventário de riscos é um documento ou registro que, como o nome sugere, reúne todas as avaliações de riscos ocupacionais efetuadas sobre ambientes, processos e atividades. Ele é um instrumento operacional do gerenciamento de riscos, devendo ficar acessível para os trabalhadores da empresa. 3. VIMOS QUE O AMBIENTE DE TRABALHO ANALISADO APRESENTA DIVERSOS RISCOS OCUPACIONAIS. OBSERVAMOS ATÉ UMA LISTA COM CINCO DELES, SENDO, PORTANTO, DEVIDAMENTE IDENTIFICADOS. DESCREVA COMO DEVE SER FEITO O PROCESSO DE GERENCIAMENTO DESSES RISCOS, ESCLARECENDO AS
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