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CBI of Miami 2 DIREITOS AUTORAIS Esse material está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre ele estão reservados. Você não tem permissão para vender, distribuir gratuitamente, ou copiar e reproduzir integral ou parcialmente esse conteúdo em sites, blogs, jornais ou quaisquer veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeito a ações legais. CBI of Miami 3 Comunicação Alternativa e Autismo Aída Brito Esse vídeo vai discutir a aplicação da CA para pessoas com autismo, apontando que a CA apresenta funções diferentes em áreas diferentes de aplicação, como por exemplo, na análise do comportamento e na área de Tecnologia Assistiva. Pessoas com TEA apresentam problemas de comunicação, embora haja diferenças consideráveis nas habilidades comunicativas entre esses indivíduos, as quais se dão em virtude de disfunções presentes nos níveis de compreensão do uso da comunicação (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION- APA, 2000). Esses níveis podem variar de comunicação não verbal, passando por uma comunicação apenas gestual, o uso de palavras simples, uso de frases, até uma linguagem fluente e muitos que possuem um repertório de falante considerado fluente podem ter ainda déficits na área pragmática da língua. Nesse sentido, essas diferenças podem apresentar uma melhora nesses episódios verbais com o uso de Comunicação Alternativa (CA) (NUNES, 2015), ou também o uso do protocolo Picture Exchange Communication System (PECS). (BRITO, 2016). O uso do PECS (baseado em imagens-fotos) em indivíduos com autismo resulta em um enorme benefício (MIRENDA, 2001; MIRENDA; ERICKSON, 2000, NUNES, 2000; 2003; 2009), pois se baseia em vários conceitos-chave sobre esse transtorno, como por exemplo, o modo como eles aprendem a linguagem e as habilidades de interação social (BONDY; FROST, 1994; 1998; 2001). Em primeiro lugar, enquanto muitos programas tradicionais de comunicação, como por exemplo, as línguas de sinais exigem que os alunos primeiro atinjam determinadas habilidades consideradas pré-requisitos como o contato visual, o PECS não requer treinos formais nessas habilidades prévias (BONDY; FROST, 1998). (BRITO, 2016). Além disso, os treinamentos tradicionais de fala muitas vezes começam pelo ensino de respostas às solicitações verbais (por exemplo, ''aponte para o cachorro”, ''toque na maçã''), sem necessidade da troca com um par. O PECS apresenta um modelo mais adequado aos déficits do autismo, pois tem início CBI of Miami 4 através de uma abordagem social, o contato com o outro (CARR; DORES, 1981) (BRITO, 2016). Embora muitas outras técnicas de comunicação também comecem a ensinar as crianças através do contato com o outro, Bondy e Frost (2001) afirmam que o pedir (troca com outro) deve ser um comportamento ensinado em primeiro lugar à crianças com TEA obrigatoriamente, como exigido pelo protocolo PECS, porque ao emitir o pedido para outro, a criança seria recompensada imediatamente com algo material, mantendo assim, por reforço, seu comportamento social também. (BRITO, 2016). No Brasil foi criado um modelo adaptado do PECS, PECS-adaptado (WALTER, 2000), nesse modelo foi modificado a sua forma de adaptação e suas fases e foram fundamentadas na metodologia do Currículo Funcional Natural de LeBlanc (1991), ele é dividido em cinco fases de aplicação, sendo indicado para pessoas que apresentam comportamento de retirar os objetos das mãos das pessoas ou que não conseguem apontar ou mesmo indicar para os demais itens desejados (BRITO, 2016). A revisão de programas de comunicação visando o desenvolvimento da linguagem em crianças com TEA e promovendo a sustentabilidade apontam para a importância de se pesquisar além da aquisição de palavras e frases, ou seja, os estudos devem investigar os procedimentos de generalização e de validade dos casos. As investigações também devem estudar o comportamento social, assim como, estudos futuros devem verificar oportunidades de interações mediadas por pares treinados previamente ou com pares formados em ambientes naturais, todas essas variáveis citadas são especialmente importantes para maximizar os efeitos da intervenção com PECS. (BRITO, 2016). A Comunicação Alternativa se insere em um arranjo de contingências que o professor manipula para obter um comportamento desejado, lembrando que cada sujeito é único e carrega com ele um olhar individualizado para seu comportamento operante. Para tanto se faz necessário avaliar bem a ocasião em que isso ocorre e os possíveis consequentes em cada matriz, pois como afirma Skinner (1998) sobre a mudança de um modelo educacional de um grupo para um modelo individual, que se possa enfatizar não CBI of Miami 5 somente a precisão das respostas acadêmicas, mas também a fluência, a manutenção e a generalização de respostas e estímulos, a partir da história individual de cada criança. (BRITO, 2016). Na Análise do Comportamento, o uso desses recursos visuais apresenta outras características, tendo uma função de dicas ou pistas para se chegar a determinado comportamento alvo. Os recursos de baixa tecnologia da CA na Análise do Comportamento como, fotografias, cartões com símbolos, objetos, quadro de rotina, histórias sociais funcionam como estímulos adicionais ao estímulo discriminativo – sd - que controla a resposta do sujeito. (BRITO, 2019) As pistas visuais, portanto, funcionam como uma ajuda necessária que se fornece ao estudante “para aumentar a probabilidade de ocorrência de uma resposta correta” (HORA, 2018, p.72), promovendo um controle adicional para a resposta que o estudante deve fornecer, minimizando a ocorrência de respostas erradas. (BRITO, 2019) Compondo as pistas visuais podemos ter quadros de rotina, cartões, calendários, adaptações em tarefas, histórias sociais, cartões com sequencias, cartões de contagem, pistas visuais coladas ou desenhadas em livros didáticos, fichas para emparelhamentos em livros etc. (BRITO,2019) Muitas pesquisas experimentais apontam os diversos usos das pistas visuais no comportamento de crianças com autismo com excelentes resultados, autores como Finkel e Williams, 2001; Krantz e McClannahan, 1998; Shabani, Katz, Wilder e Beauchamp, 2002 evidenciaram a importância do uso de dicas concretas e estruturadas para o aprendizado de diversas habilidades em crianças com autismo. (BRITO, 2019) Comportamentos adaptativos precisam ser buscados em crianças com TEA para adquirir as habilidades de comunicação melhoradas e com isso o uso de CA seria indicado para aplicação logo no início de um trabalho de estimulação de comunicação.
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