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Apostila comunicação alternativa

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Comunicação Alternativa e Autismo 
 Aída Brito 
 
 Esse vídeo vai discutir a aplicação da CA para pessoas com autismo, 
apontando que a CA apresenta funções diferentes em áreas diferentes de 
aplicação, como por exemplo, na análise do comportamento e na área de 
Tecnologia Assistiva. 
 Pessoas com TEA apresentam problemas de comunicação, embora haja 
diferenças consideráveis nas habilidades comunicativas entre esses indivíduos, 
as quais se dão em virtude de disfunções presentes nos níveis de 
compreensão do uso da comunicação (AMERICAN PSYCHIATRIC 
ASSOCIATION- APA, 2000). Esses níveis podem variar de comunicação não 
verbal, passando por uma comunicação apenas gestual, o uso de palavras 
simples, uso de frases, até uma linguagem fluente e muitos que possuem um 
repertório de falante considerado fluente podem ter ainda déficits na área 
pragmática da língua. Nesse sentido, essas diferenças podem apresentar uma 
melhora nesses episódios verbais com o uso de Comunicação Alternativa (CA) 
(NUNES, 2015), ou também o uso do protocolo Picture Exchange 
Communication System (PECS). (BRITO, 2016). 
 O uso do PECS (baseado em imagens-fotos) em indivíduos com autismo 
resulta em um enorme benefício (MIRENDA, 2001; MIRENDA; ERICKSON, 
2000, NUNES, 2000; 2003; 2009), pois se baseia em vários conceitos-chave 
sobre esse transtorno, como por exemplo, o modo como eles aprendem a 
linguagem e as habilidades de interação social (BONDY; FROST, 1994; 1998; 
2001). Em primeiro lugar, enquanto muitos programas tradicionais de 
comunicação, como por exemplo, as línguas de sinais exigem que os alunos 
primeiro atinjam determinadas habilidades consideradas pré-requisitos como o 
contato visual, o PECS não requer treinos formais nessas habilidades prévias 
(BONDY; FROST, 1998). (BRITO, 2016). 
 Além disso, os treinamentos tradicionais de fala muitas vezes começam 
pelo ensino de respostas às solicitações verbais (por exemplo, ''aponte para o 
cachorro”, ''toque na maçã''), sem necessidade da troca com um par. O PECS 
apresenta um modelo mais adequado aos déficits do autismo, pois tem início 
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através de uma abordagem social, o contato com o outro (CARR; DORES, 
1981) (BRITO, 2016). 
 Embora muitas outras técnicas de comunicação também comecem a 
ensinar as crianças através do contato com o outro, Bondy e Frost (2001) 
afirmam que o pedir (troca com outro) deve ser um comportamento ensinado 
em primeiro lugar à crianças com TEA obrigatoriamente, como exigido pelo 
protocolo PECS, porque ao emitir o pedido para outro, a criança seria 
recompensada imediatamente com algo material, mantendo assim, por reforço, 
seu comportamento social também. (BRITO, 2016). 
 No Brasil foi criado um modelo adaptado do PECS, PECS-adaptado 
(WALTER, 2000), nesse modelo foi modificado a sua forma de adaptação e 
suas fases e foram fundamentadas na metodologia do Currículo Funcional 
Natural de LeBlanc (1991), ele é dividido em cinco fases de aplicação, sendo 
indicado para pessoas que apresentam comportamento de retirar os objetos 
das mãos das pessoas ou que não conseguem apontar ou mesmo indicar para 
os demais itens desejados (BRITO, 2016). 
 A revisão de programas de comunicação visando o desenvolvimento da 
linguagem em crianças com TEA e promovendo a sustentabilidade apontam 
para a importância de se pesquisar além da aquisição de palavras e frases, ou 
seja, os estudos devem investigar os procedimentos de generalização e de 
validade dos casos. As investigações também devem estudar o comportamento 
social, assim como, estudos futuros devem verificar oportunidades de 
interações mediadas por pares treinados previamente ou com pares formados 
em ambientes naturais, todas essas variáveis citadas são especialmente 
importantes para maximizar os efeitos da intervenção com PECS. (BRITO, 
2016). 
 A Comunicação Alternativa se insere em um arranjo de 
contingências que o professor manipula para obter um comportamento 
desejado, lembrando que cada sujeito é único e carrega com ele um olhar 
individualizado para seu comportamento operante. Para tanto se faz necessário 
avaliar bem a ocasião em que isso ocorre e os possíveis consequentes em 
cada matriz, pois como afirma Skinner (1998) sobre a mudança de um modelo 
educacional de um grupo para um modelo individual, que se possa enfatizar não 
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somente a precisão das respostas acadêmicas, mas também a fluência, a 
manutenção e a generalização de respostas e estímulos, a partir da história 
individual de cada criança. (BRITO, 2016). 
 Na Análise do Comportamento, o uso desses recursos visuais apresenta 
outras características, tendo uma função de dicas ou pistas para se chegar a 
determinado comportamento alvo. Os recursos de baixa tecnologia da CA na 
Análise do Comportamento como, fotografias, cartões com símbolos, objetos, 
quadro de rotina, histórias sociais funcionam como estímulos adicionais ao 
estímulo discriminativo – sd - que controla a resposta do sujeito. (BRITO, 2019) 
 As pistas visuais, portanto, funcionam como uma ajuda necessária 
que se fornece ao estudante “para aumentar a probabilidade de ocorrência de 
uma resposta correta” (HORA, 2018, p.72), promovendo um controle adicional 
para a resposta que o estudante deve fornecer, minimizando a ocorrência de 
respostas erradas. (BRITO, 2019) 
 Compondo as pistas visuais podemos ter quadros de rotina, cartões, 
calendários, adaptações em tarefas, histórias sociais, cartões com sequencias, 
cartões de contagem, pistas visuais coladas ou desenhadas em livros didáticos, 
fichas para emparelhamentos em livros etc. (BRITO,2019) 
 Muitas pesquisas experimentais apontam os diversos usos das pistas 
visuais no comportamento de crianças com autismo com excelentes resultados, 
autores como Finkel e Williams, 2001; Krantz e McClannahan, 1998; Shabani, 
Katz, Wilder e Beauchamp, 2002 evidenciaram a importância do uso de dicas 
concretas e estruturadas para o aprendizado de diversas habilidades em 
crianças com autismo. (BRITO, 2019) 
 Comportamentos adaptativos precisam ser buscados em crianças com 
TEA para adquirir as habilidades de comunicação melhoradas e com isso o uso 
de CA seria indicado para aplicação logo no início de um trabalho de 
estimulação de comunicação.

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