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5COMUNICAÇÃO APRESENTAÇÃO lheres foram se aperfeiçoando e se especializando com base no autoconhecimento de suas aptidões, o que desencadeou o surgimento de diferentes habilidades. Importava, desde então, que se diferenciassem, tornando-se os indivíduos mais capazes naquilo ao qual se dedicavam. No mundo, extremamente racional e científico que marca nossos dias, podemos, sem pestanejar, afirmar que não há parte do corpo mais importante que o cérebro. À medida que esses talentos vieram a aflorar e se multiplicar socialmente, o cérebro humano foi sofrendo uma contínua expansão. No mundo, extremamente racional e científico que marca nossos dias, podemos, sem pestanejar, afirmar que não há parte do corpo mais im- portante que o cérebro. Isso tem a ver com o célebre axioma de Descartes, “cogito, ergo sum”, anunciado no século XVII quando escreveu “O discurso do método”. Pensar é existir. Não se trata unicamente de pressuposto existencialista que orienta uma tradição filosófica, senão o propósito de imputar ao pensamento o título de maior realização que qualquer indivíduo po- deria promover. “Penso, logo existo” vem na esteira do que alguns anos antes o filósofo inglês Francis Bacon insinuou com a Nova Atlântida. A Casa de Salomão (podendo ser este nome considera- do como arquétipo da sabedoria), situada na ilha de Bensalém, funciona como uma verdadei- ra usina do conhecimento, onde ocorrem experiências vanguardistas. (...) de coagulação, endurecimento, refrigeração, conservação dos corpos e produção de novos metais artificiais, além da fabricação de compostos químicos para curar en- fermidades e do aproveitamento de substâncias com o fito de adubar a terra com maior eficiência (PELLIZZARO, 2009, p. 44). Dessa forma, “saber é poder”, famoso adágio baconiano, “indica que o caminho utópico da perfeição tem a excelência científica como requisito indispensável” (PELLIZZARO, 2009, p. 47). Até aqui, vimos que o conhecimento gera um diferencial, pois seu desenvolvimento faz conviver mais aptos e menos aptos num contexto assinalado pela competição e necessida- de de sobrevivência. Por outro lado, a busca do conhecimento estimula o alcance utópico da perfeição, que pode ser traduzida por meio da excelência técnica, aliada à solução de todos os problemas que afetam a humanidade. Exagero? Provavelmente, porém, todos os progressos e involuções a que assistimos passam forçosamente pelo (des)conhecimento humano e pela Lei do uso e desuso proposta por Lamarck. Podemos hipertrofiar, bem como atrofiar nossos órgãos e nossos saberes. Faça um teste! É extremamente simples: pare de ler, pare de se atu- alizar, e você verá o resultado. Agora, preste muita atenção nesta pergunta: é possível conhecer sem que haja comu- nicação? Se o conhecimento evoluiu, e com ele foram inventadas vacinas e medicações para prevenir e debelar doenças que causavam alta mortalidade, surgiram equipamentos não in- vasivos que diagnosticam tumores e outros que propiciam maior precisão cirúrgica, e multi- plicaram-se os softwares que auxiliam gestores a tomar decisões com base no que apontam dezenas de indicadores, não terá sido em função da comunicação ter evoluído substancial- mente ao longo do tempo e ainda mais nas últimas décadas? 6COMUNICAÇÃO APRESENTAÇÃO O que se lamenta é muitas vezes verificar o uso da comunicação e do conhecimento não em favor de toda a humanidade, criando laços de fraternidade e solidariedade entre os povos e as pessoas, mas o seu emprego por parte de um grupo com a finalidade de escravizar e ex- plorar iguais. “Homo homini lupus”, lembrava Hobbes, no século XVIII. Se há um lobo com o qual o homem deve se preocupar, esse lobo é o próprio “homo sapiens”, um ser que caminha, come e pode raciocinar como ele. Se usarmos, contudo, a comunicação para o bem, o conhecimento será manipulado com bons propósitos. Comunicar para o bem representa, entre outras propriedades, eliminar preconceitos, acolher o outro e adotar um pacifista (e não um ditador) como referência de ca- ráter. Você mesmo(a) pode ampliar a lista de virtudes atrelada à comunicação ao bem. Por outro lado, no mundo competitivo em que vivemos (e que apesar disso esperamos que seja regido pela ética e pela lealdade), a comunicação pode se constituir no diferencial entre dois candidatos que lutam pela mesma vaga, seja num concurso ou numa entrevista, ou entre dois profissionais que disputam o mesmo cliente. Imagine o caso de dois engenhei- ros civis que procuram convencer uma construtora quanto à qualidade do seu projeto. Quem será por ela contratado? Aquele que oferecer o menor preço? Ou aquele que demonstrar maior comprometimento com o resultado que ela deseja obter, maior capacidade de diálogo e, con- sequentemente, maior habilidade de negociação? Tire as suas conclusões. O velho guerreiro já anunciava: “quem não se comunica se trumbica”. E olha que para apresentar seu Cassino tomava dois comprimidos de Imosec minutos antes do programa co- meçar e ainda por cima usava três cuecas com medo de sofrer uma cólica intestinal ao vivo. Ele sabia o que estava dizendo. A comunicação é a porta para a aquisição do conhecimento e, por tabela, abre portas na vida de quem se comunica com eficiência. Fonte: memoriaglobo
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