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4_aula - ACIDEZ E CALAGEM DO SOLO ok(1)

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ACIDEZ E CALAGEM DO SOLO
• Ácido: Substância capaz de doar prótons (H+). 
Em solução aquosa o ácido se dissocia 
liberando H+ e o aniônio correspondente:
H2O
HA H+ + A-
Ácido próton aniônio
• Base: Substância capaz de receber prótons.
Componentes da acidez do solo
a) Acidez ativa: refere-se à acidez devida aos 
íons H+ dissolvidos na solução do solo É 
expressa em temos de pH.
pH < 7,0 (solo ácido) H+ > OH-
pH = 7,0 (solo neutro) H+ = OH-
pH > 7,0 (solo alcalino) H+ < OH-
pH mais comum dos solos brasileiros: 4,0 - 7,0
Componentes da acidez potencial do solo
Acidez potencial ou de reserva: É a soma da acidez trocável
(Al3+) mais hidrogênio (H+) covalente. É expressa em termos
de cmolc de H+ + Al3+ dm3
a) Acidez trocável: Refere-se aos íons Al³+ e H+ retidos na
superfície dos coloides do solo. Esta quantidade de H+
trocável é pequena. Como o H+ representa menos de 5% da
acidez trocável, é admitido apenas o Al³+ trocável.
Origem do Al: ação do H+ sobre minerais contendo Al (minerais 
primários, minerais de argila, óxidos hidratados)
Al(OH)3 + 3H+ 
 Al3+ + 3H2O
b) Acidez não trocável: é o íon H+ de ligação covalente
associado aos coloides em carga negativa e aos
compostos de alumínio. É a acidez que os solos
apresentam quando em pH menor que 5,5. Acima de pH
5,5 não existe mais Al³+ trocável.
A acidez potencial é a soma da acidez
trocável e da acidez não trocável.
Argilominerais
Húmus
óxidos
- H
- AL
COO – Al
COO - H
FeO-H
AlO - H
Fase sólida - Colóides Solução do Solo
H+ H+ H+
H+ H+ H+
H+ H+ H+
Acidez potencial Acidez ativa
• A acidez ativa é apenas uma estimativa da acidez do solo. É preciso
conhecer, também, a acidez potencial para uma melhor
recomendação de calagem;
• Faixas de pH entre 4,5-5,5 não constituem problemas para as
plantas: o problema é o Al³ trocável, que em pH inferior a 5,5 começa
a aparecer a toxidez de alumínio para as plantas;
• Para determinar a necessidade de calagem é necessário conhecer a
acidez total do solo; isto é, não somente a concentração de H+ na
solução do solo (que é a acidez ativa expressa em pH),
• mas a quantidade de íons H+ que estão ligados às cargas negativas
do solo: estes íons servem como acidez de reserva.
• O corretivo neutraliza o H+ da solução do solo;
• Para manter o equilíbrio, um íon de H+ , que estava ligado aos
coloides (acidez potencial ou de reserva) é deslocado para a
solução do solo repondo o íon H+ neutralizado, e, com isto,
mantendo o valor do Ph;
• Para aumentar o pH do solo é preciso esgotar parte dos íons H+ da
solução do solo, e aumentar a concentração de íons OH-.
• Esta resistência na variação do valor do pH é chamada
"Poder Tampão do Solo”.
• O poder tampão será tanto maior quanto mais elevado o
teor de matéria orgânica, de argilominerais, e de óxidos de
ferro e alumínio, que são fontes de Al³ + e H+ para a solução
do solo.;
• Os solos arenosos, pela pobreza em matéria orgânica,
possuem baixo poder tampão.
Desenvolvimento da acidez do solo
1) Suprimento de íons H+ para a solução do 
solo.
H+
2) Remoção das bases da solução do solo
K+
Ca2+
Mg2+
Origem da acidez nos solos
a) Regime pluvial: É o principal fator.
- clima úmido + drenagem = lixiviação das 
“bases”  muito H e Al nos colóides pH 
baixo.
- clima seco = acúmulo de “bases”  pouco H 
e Al nos colóides pH alto.
Origem da acidez nos solos
b) Material de origem:
- Rochas ácidas (granitos/arenitos) 
tendem a originar solos mais ácidos
- Rochas básicas (calcários/basaltos)
tendem a originar solos menos ácidos
Suprimento de íons H+ para a solução 
do solo
Íons H+ são constantemente produzidos através:
c) Dissociação do ácido carbônico:
H2CO3  H+ + HCO3-
d) Dissociação de radicais OH dos minerais de 
argila e óxidos de Fe e Al e da M.O.
e) Hidrólise do Al adsorvido:
Al3+ + 3 H2O  Al(OH)3 + 3 H+
Suprimento de íons H+ para a solução 
do solo
f)Ácidos produzidos pela atividade biológica e 
práticas agrícolas:
d1) Aplicação de fertilizantes acidificantes ao solo como 
sulfato de amônio:
(NH4)2SO4 + 4O2 4 H+ + SO4- + 2NO3- + 2H2O
d2) Mineralização da matéria orgânica:
CHONPS + O2  CO2 + 2 H2O + NH4+
2 NH4+ + 3 O2  2 NO2- + 4 H+ + 2 H2O.
Remoção das bases da solução do 
solo
a) Lixiviação: os cátions básicos são deslocados 
da solução do solo pelas águas da chuva que 
percolam através do perfil.
b) Absorção de cátions pelas plantas: o cultivo 
sem reposição provoca retirada contínua de 
cátions essenciais.
c) Erosão: provoca a remoção da camada 
superior do solo, mais rica em cátions.
PROBLEMAS 
ASSOCIADOS À 
ACIDEZ DOS SOLOS:
• ALTA CONCENTRAÇÃO DE H+ (pH baixo):
Limita a disponibilidade da maioria dos 
nutrientes.
• ALTOS NÍVEIS DE Al3+:
- Reduz a disponibilidade de alguns nutrientes 
no solo
- Toxidez por Al: principalmente raízes.
• EXCESSO DE Fe E Mn (TOXIDADE).
Efeito do Al nos solos
a) Efeito indireto: 
- Hidrólise do Al libera H+.
Al3+ + 3 H2O  Al(OH)3 + 3 H+
- Diminui a disponibilidade de P.
Al3+ + H2PO4-
 AlH2PO4(OH)2
b) Efeito direto: 
- Toxidez para as plantas.
A atividade do Al na solução do solo e dos 
demais produtos de sua hidrólise dependem:
- tipo de mineral presente na fase sólida: 
Caulinita e gibsita  Solos Intemperizados
- pH baixo (solo ácido)
Al(OH)3 + 3 H+ 
 Al3+ + 3 H2O
Com o aumento do pH do solo, o Al não 
permanece na solução do solo:
Al3+ + 3 OH-
 Al(OH)3 precipita
MATERIAIS CORRETIVOS E 
CALAGEM
• Calagem: Aplicação de corretivo de acidez.
• Corretivo de acidez: Material que possui a 
capacidade de neutralizar a acidez do solo e 
ainda elevar o teor de Ca e Mg. Tem que 
fornecer OH- ou HCO3-, que neutraliza a acidez 
pela seguinte reação:
H+ + OH-
 H2O
H+ + HCO3-
 CO2 + H2O
Calagem
O Calcário neutraliza a acidez representada por H + 
Al, deixando o Ca e Mg no lugar dos cátions de 
caráter ácido.
• H+ reage com OH- dando H2O e com HCO3-
dando CO2 e H2O.
H+ + OH-
 H2O
H+ + HCO3-
 CO2 + H2O
• Al é precipitado como hidróxido.
Al3+ + 3 OH-
 Al(OH)3
• A reação funciona assim:
• Enquanto íons de cálcio (Ca2+) do calcário substituem alumínio (Al3+)
nos pontos de troca;
• o íon carbonato (CO-3) reage com a solução do solo criando um
excesso de íons de hidroxila (OH-) que, em seguida reagem com o H+
(excesso de acidez),formando água.
• Acima de ph 5,5 o Al precipita como Al(OH)3 e assim, sua ação
tóxica e a principal fonte de H+ são eliminadas.
Corretivos de acidez
De acordo com a legislação brasileira, os 
corretivos de acidez são classificados em:
a) Calcário (tradicional, “filler”, calcinado)
b) Cal virgem agrícola
c) Cal hidratada agrícola
d) Carbonato de Cálcio
e) Escórias indústriais (siderurgia e papel)
Calcário tradicional
• Produto obtido pela moagem da rocha calcária, 
tendo como constituintes o carbonato de Ca 
(CaCO3) e carbonato de Mg (MgCO3). A sua 
reação no solo ocorre da seguinte forma: 
CaCO3 
+ H2O Ca2+ + Mg2+ + HCO3- + OH-
MgCO3
Calcário “filler”
Calcário natural, micropulverizado, com 100% de 
reatividade. 
Calcário calcinado
Produto obtido industrialmente pela calcinação
do calcário. Seus constituintes são CaCO3,
MgCO3, CaO, MgO.
Um possível incentivo ao uso da calagem
pelos agricultores deverá contemplar dois
tipos de calcários:
- Calcário Dolomítico (menos de 5% de MgO)
- Calcário Calcítico (acima de 12% de MgO)
Com esses dois tipos de calcário o técnico
através da análise de solo consegue manter
a relação cálcio magnésio (ideal 3:1) para
melhor desenvolvimento das plantas e
absorção de nutrientes
Um possível incentivo ao uso da calagem pelos
agricultores deverá contemplar dois tipos de calcários:
Com esses dois tipos de calcário o técnico através da
análise de solo consegue manter a relação cálcio
magnésio (ideal 3:1) para melhor desenvolvimento das
plantas e absorção de nutrientes
Calcáriodolomítico e calcítico
Composição Química:
CaO 45 a 48%
MgO 6 a 10%
PN 98 a 102%
PRNT 85 a 90%
Calcário Dolomítico
Composição Química:
CaO 50 a 53%
MgO 00 a 03%
PN 98 a 102%
PRNT 85 a 90%
Calcário Cálcitico
Características Físicas e Químicas dos 
corretivos
Eficiência do corretivo é definida através do
poder relativo de neutralização total (PRNT) 
ou PNE (poder de neutralização efetiva),que
depende de duas características básicas:
a) poder de neutralização (PN)
b) reatividade (RE)
Poder de neutralização
 Expressa o potencial químico do corretivo em neutralizar
a acidez do solo, ou seja, a sua riqueza em
neutralizantes
 É também denominado de equivalente CaCO3.
 Pode ser determinada em laboratório ou calculada.
Reatividade
 Expressa a velocidade de manifestação do potencial químico 
do calcário (PN). 
 Calcários com menor granulometria (mais finos) reagem em 
menor tempo.
 O valor RE é determinado em laboratório, através das taxas 
de reatividade, isto é, a % de ação do calcário no solo num 
período de 3 meses.
RE = 78 %
PN = 90 %
PRNT = PN x RE /100 
PRNT = 90 x 78 /100
PRNT = 70 % 
ER = PN – PRNT
ER = 90 -70
ER = 20 %
Mais usado MÉTODO DA SATURAÇÃO 
POR BASES:
NC=[(V2 – V1) x T]x f
100
NC= t/ha de calcário.
V2 = saturação por bases desejada (varia para cada cultura)
V1 = saturação por bases atual(análise)
T = CTC total a pH 7,0
f = (100/PRNT)
obs: Considera-se a profundidade de
incorporação do corretivo 20 cm.
• Soma de Bases= Ca²+ + Mg²+ + K+ Na+
• CTC potencial (T) = S + Al³+H+
• m% percentangem de saturação de
alumínio= (100 x Al³+) /(t)
• V% = (100 x S) /(T)
• T = CTC Potencial
• t = CTC efetiva
Poder tampão do solo
Resistência que o solo oferece às mudanças de pH, e
está intimamente ligado ao teor de matéria orgânica e
à textura do solo.
solo A solo B
pH 4,3 pH 4,3
alto teor de M.O baixo teor de M.O.
textura argilosa textura média a arenosa
maior acidez potencial menor acidez potencial
maior poder tampão menor poder tampão
MAIS CALCÁRIO MENOS CALCÁRIO 
Fatores a serem considerados na 
prática da calagem
a) Fatores relacionados ao manejo:
- Dose de aplicação
- Uniformidade na aplicação
- Antecedência na aplicação
- Incorporação
- Localização
Fatores relacionados ao manejo
- Dose de aplicação: Em função da análise de solo.
- Uniformidade na aplicação: Aplicar o mais uniforme 
possível.
- Antecedência na aplicação: Os calcários têm 
solubilização lenta, devendo sofrer ação da umidade 
do solo. Devem ser aplicados de dois a três meses 
antes do plantio ou da primeira adubação em culturas 
perenes. No caso de uso de calcários mais reativos, a 
antecedência pode ser reduzida para cerca de 15 a 
20 dias.
Fatores relacionados ao manejo
 O parcelamento da dose só é recomendado quando a dose é maior que três
toneladas por hectare (3 t/ha), porém, mesmo nessa situação toda a dose
recomendada deve ser aplicada antes do semeio ou plantio da forrageira.
 Profundidade de incorporação: Deve ser incorporado durante o preparo de
solo, com ½ da dose antes da aração e ½ depois.
 No caso de plantio direto, pastagens e culturas perenes já estabelecidas, a
calagem deve ser feita superficialmente, sem incorporação.
- Localização: a) área total (à lanço)
b) sulco de plantio
Fatores a serem considerados na 
prática da calagem
b) Fatores relacionados ao corretivo:
- Atributos do corretivo:
PRNT, %CaO, % MgO
- Atributos do solo:
Teor de Mg no solo
Relação Ca/Mg do solo
Uso e quantidade de gesso
Fatores a serem considerados na 
prática da calagem
c) Fatores econômicos:
- Custo do corretivo
- Custo do transporte
FC = (PC + PF) / PRNT
FC = fórmula para comprar calcário
PC = preço do calcário
PF = preço do frete
PRNT = poder relativo de neutralização total
Práticas que devem ser evitadas:
- Aplicação de calcário ‘filler’ no sulco de plantio 
(desenvolve sistema radicular num pequeno 
volume de solo)
- Super calagem: diminui a solubilidade do P, Fe, 
Mn, Zn e Cu.
Emprego do gesso agrícola
• Efeito fertilizante: fornecimento de Ca e
principalmente S.
• Condicionador de subsuperfície: o uso do
gesso possibilita o aumento do teor de cálcio e
a diminuição da saturação por alumínio,
favorecendo o crescimento do sistema
radicular.
Mecanismo de ação do gesso
 Quando se aplica o gesso agrícola (CaSO4) no solo, uma parte 
se dissocia em Ca2+ e SO42-. 
 A outra parte desce para a camada subsuperficial do solo,
onde também se dissocia, promovendo um aumento no teor de
Ca2+ em subsuperfície.
 O SO42- se liga ao Al3+ formando AlSO4+, que não é tóxico 
para a planta. 
Mecanismo de ação do gesso como melhorador do
ambiente radicular
Pode-se concluir que o gesso agrícola melhora o ambiente 
radicular por:
a) aumento do teor de cálcio em profundidade;
b) redução na saturação por alumínio
c) redução na absorção de alumínio pelas raízes em decorrência 
da formação de AlSO4-.
Diagnóstico para recomendação
Proceder a amostragem na camada de 20-40 
cm. Apresentam possibilidade de resposta à 
aplicação de gesso os solos que revelarem as 
seguintes condições:
Ca < 5 mmolc dm-3 e/ou
Al > 5 mmolc dm-3 e/ou
saturação por alumínio > 30 
V% <35
Critérios para recomendação
Em função do teor de argila da camada 
subsuperficial do solo:
Culturas anuais:
NG = 50 x argila(%) ou NG = 5 x argila(g kg-1)
Culturas perenes:
NG = 75 x argila(%) ou NG = 7,5 x argila(g kg-1)
onde NG = necessidade de gesso (kg ha-1)

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