Prévia do material em texto
AN ÁLISE D E M ERCAD O - TEN D ÊN CIAS, CO M PO RTAM EN TO S E M O VIM EN TO S ANÁLISE DE MERCADO - TENDÊNCIAS, COMPORTAMENTOS E MOVIMENTOS (Comportamentos, Experiência do Consumidor e Tendências) Autores: Felipe Taliar Giuntini Luiz Fernando Corcini Análise de Mercado - Tendências, Comportamentos e Movimentos © by Ser Educacional Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Imagens e Ícones: ©Shutterstock, ©Freepik, ©Unsplash. Diretor de EAD: Enzo Moreira. Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato. Coordenadora de projetos EAD: Jennifer dos Santos Sousa. Núcleo de Educação a Distância – NEAD Giuntini, Felipe Taliar; Corcini, Luiz Fernando. Análise de mercado – tendências, comportamentos e movimentos: Recife: Editora Telesapiens e Grupo Ser Educacional - 2023. 152 p.: pdf ISBN: 978-85-54921-04-0 1. Análise de mercado Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com Iconografia Estes ícones irão aparecer ao longo de sua leitura: ACESSE Links que complementam o contéudo. OBJETIVO Descrição do conteúdo abordado. IMPORTANTE Informações importantes que merecem atenção. OBSERVAÇÃO Nota sobre uma informação. PALAVRAS DO PROFESSOR/AUTOR Nota pessoal e particular do autor. PODCAST Recomendação de podcasts. REFLITA Convite a reflexão sobre um determinado texto. RESUMINDO Um resumo sobre o que foi visto no conteúdo. SAIBA MAIS Informações extras sobre o conteúdo. SINTETIZANDO Uma síntese sobre o conteúdo estudado. VOCÊ SABIA? Informações complementares. ASSISTA Recomendação de vídeos e videoaulas. ATENÇÃO Informações importantes que merecem maior atenção. CURIOSIDADES Informações interessantes e relevantes. CONTEXTUALIZANDO Contextualização sobre o tema abordado. DEFINIÇÃO Definição sobre o tema abordado. DICA Dicas interessantes sobre o tema abordado. EXEMPLIFICANDO Exemplos e explicações para melhor absorção do tema. EXEMPLO Exemplos sobre o tema abordado. FIQUE DE OLHO Informações que merecem relevância. SUMÁRIO UNIDADE 1 Mercado – conceitos e características � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Conceito de mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 13 Características do mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �14 Oferta e Demanda � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �14 Tipos de mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �16 Ciclo de produção � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �17 Análise de mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 18 Conceito de Análise de Mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �19 Análise de Mercado – os últimos anos � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �21 Características � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 22 Análise da indústria e do setor � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 23 Descrição do nicho de mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 23 Análise SWOT � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 25 Plano de ação � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27 Marketing Digital � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 27 A profissionalização do mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �29 Principais desafios � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 31 Desafios na cidade � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 31 Desafios no campo � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 37 Desafios na indústria � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 42 UNIDADE 2 A formação profissional e seus desafios � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 51 A educação da sociedade contemporânea � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 53 Desafios para a profissionalização � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 56 Os desafios para a formação do profissional do futuro� � � � � � � � � � � � � � 58 Planejamento de Carreira � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 61 Plano de carreira empresarial � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 63 Plano de carreira pessoal � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 65 Inovação em tempos de mudanças � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 66 Empreendedorismo � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �70 Introdução � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 70 Tipos de empreendedorismo � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 72 Importância do empreendedorismo na sociedade � � � � � � � � � � � � � � � � � 74 Razões para empreender � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 75 Características das competências empreendedoras � � � � � � � � � � � � � � � 76 Aprendizado com base no comportamento � � � � � � � � � � 76 Competências pessoais, técnicas e gerenciais � � � � � � � � 77 Competências de conhecimento e gestão da inovação 78 UNIDADE 3 Tendências tecnológicas e suas implicações � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 81 Big Data e Ciência de Dados � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �85 Habilidades de Data Science � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Programação � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Estatística � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Machine Learning� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 90 Cálculo Multivariado, Álgebra Linear e Aprendizado Estatístico � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 92 Data Wrangling � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 92 Visualização & Comunicação de Dados � � � � � � � � � � � � � � � 93 Intuição baseada em dados � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 93 Engenharia de software � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 94 Redes Sociais – importância, oportunidades e implicações � � � � � 94 Comportamento em rede � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 102 Problemas e síndromes decorrentes da vida on-line � 104 Cidades inteligentes e internet das coisas: desafios e aplicações � �107 Definição de cidade inteligente � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 109 Modelos de cidades inteligentes � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 111 UNIDADE 4 O cenário econômico e suas implicações � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 117 Mudanças no equilíbrio do mercado � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 124 Habilidades sociais - características e implicações � � � � � � � � � � � � � 127Habilidades sociais no emprego � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 130 O comportamento humano e suas emoções � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 132 Tecnologia e sociedade – desafios � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � 136 Autoria Felipe Taliar Giuntini. Meu nome é Felipe Taliar Giuntini. Sou Graduado em Análise e De- senvolvimento de Sistemas pela Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo e Mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos. Sou professor, pesquisador na área de Ciên- cia da Computação, com publicações nacionais e internacionais. Em termos de pesquisa, tenho interesse em problemas relacionados à Computação Afetiva, Inteligência Artificial, Internet das Coisas e e-Health. Dessa forma, aceitei o convite da Editora Telesapiens para integrar seu elenco de autores. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Luiz Fernando Corcini. Olá. Meu nome é Luiz Fernando Corcini. Sou formado em Engenha- ria Eletrônica, com especialização em Administração de Tecnolo- gia da Informação (TI), mestre em Educação e Novas Tecnologias e doutorando em Sistemas Tutores Inteligentes. Tenho experiência técnico-profissional em desenvolvimento e gestão da produção de softwares nas áreas de Gerenciamento de Processos Empresariais. Uso os recursos disponibilizados pela web há mais de 20 anos. Sou professor universitário há mais de 15 anos e já publiquei vários li- vros técnicos sobre assuntos voltados à área de informática. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões, por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudá-lo nesta fase de estudo e trabalho. Conte comigo! UN ID AD E 1 Objetivos 1. Entender os conceitos e características do mercado; 2. Introduzir o contexto de análise do Mercado, demonstrando sua problemática; 3. Compreender como o mercado tem sido profissionalizado desde a revolução Industrial; 4. Discutir os principais desafios da modernização do trabalho e suas implicações. 10 Introdução A presente unidade tem por objetivo apresentar uma visão ge- ral dos últimos anos do mercado, destacando seus conceitos e características, tendo como finalidade a verificação de seus compor- tamentos, mudanças e tendências. Em seguida, contextualizamos a Análise de Mercado, apresentando também algumas ferramentas necessárias. Segue-se o contexto de profissionalização atual que o mercado vem sofrendo nos últimos 20 anos e, por fim, os princi- pais desafios e as implicações para os dias de hoje, nos contextos das cidades, campo e indústria. É importante destacar que a análise de tendências e comportamentos de um determinado nicho de mer- cado muitas vezes desperta em nós uma postura empreendedora, o que é muito salutar. Dúvidas? Não se preocupe! Recorra ao fórum de dúvidas e dis- cussões para socializar seu conhecimento e esclarecer todas as suas dúvidas. Depois, desenvolva as atividades e as questões sugeridas. Nós estaremos à sua disposição em caso de dificuldades! Então, vamos em frente, pois, ao longo desta unidade letiva, você mergulhará neste interessante universo! Vamos nessa? 11 Mercado – conceitos e características Para iniciar nossa aventura e possibilitar você a compreender cor- retamente as implicações de cada tópico abordado neste material, faz-se necessário partirmos de conceitos comuns, os quais servirão de base e nortearão nossos estudos. Então vamos lá. Avante! Conceito de mercado Iniciamos com a definição de “mercado” destacada por Nunes (2016): Em economia e nas ciências económicas e em- presariais em geral, o termo mercado designa um local, físico ou não, no qual os compradores e os vendedores se confrontam para estabele- cer o preço e a quantidade de um determina- do bem que pretendem transacionar. (NUNES, 2016, n.p) Para complementar o conceito do termo “mercado”, apre- sentamos um trecho de um artigo publicado no site conceito de: O mercado é o ambiente social ou virtual pro- pício às condições para a troca de bens e ser- viços. Também se pode entender como sendo a instituição ou organização mediante a qual os ofertantes (vendedores) e os demandantes (compradores) estabelecem uma relação co- mercial com o fim de realizar transações, acor- dos ou trocas [...] (2011, n.p) Pode-se perceber que as definições citadas são bem abran- gentes, porém apontam sempre para a realização de uma transação (compra e/ou venda) de mercadorias e/ou serviços. Em nosso caso, especificamente, vamos tratar sobre o mercado de Tecnologia da Informação (TI), uma área, aliás, que deu origem à chamada econo- mia digital e que está em constante evolução. 12 Perceba também que o mercado (esse ambiente social, real ou virtual onde acontecem as transações) está povoado de diver- sos atores. Além dos já citados compradores e vendedores, existem outros, desde indivíduos até empresas, ONGs etc., os quais se orga- nizam em torno dos princípios da oferta e da demanda, de modo a produzir o produto ou serviço que é objeto da transação. Nesse sentido, faz-se necessário entender como se classifi- cam os tipos de mercado e suas respectivas características. Características do mercado Segundo Kotler (2000), a economia moderna (mercado) se baseia no princípio da divisão do trabalho, isto é, uma pessoa ou um gru- po de pessoas se especializa na produção de algo, produz e recebe um pagamento por isso. Com esse dinheiro, pode-se adquirir outros produtos que necessitam, os quais são produzidos por outra pessoa ou grupo de pessoas. Perceba que um mesmo indivíduo assume papéis diferentes dentro do ciclo definido por Kotler, ou seja, em um primeiro mo- mento, ela é a fornecedora de um produto ou serviço e, depois, passa a ser consumidora. Isso faz a economia “girar” (o dinheiro circula entre os agentes do processo) e cria riqueza, com base na lei/prin- cípio fundamental do mercado: a lei ou princípio da oferta e da de- manda, detalhada no item a seguir. Oferta e Demanda A lei da oferta e demanda é uma característica peculiar que rege o mercado desde que a humanidade começou a realizar transações. Ela tem a ver com a quantidade ou demanda de determinados bens e serviços ofertados em determinada região. A escassez de um determinado produto ou serviço eleva seu preço (lei da oferta e da demanda). Em outras palavras: • se existe muita oferta (disponibilidade) de um determinado bem ou serviço e pouca demanda (procura) por ele, seu preço 13 tende a baixar, já que os vendedores precisam atrair os poucos interessados para seu negócio; • se existe pouca oferta de um determinado bem ou serviço, ou seja, se houver escassez e muita procura, isso fará com que seu valor (preço) aumente, mesmo que comerciantes tenham a compra do referido produto ou serviço garantidos. Com a finalidade de evitar a pouca demanda por um determi- nado bem ou serviço, o empreendedor deve escolher com cuidado o nicho de mercado¹ em que vai investir/atuar. Para compreen- der melhor os referidos conceitos, é importante observar a figura abaixo. Figura 1 – Lei da oferta e da demanda Fonte Dicionário Financeiro [s.d] adaptado pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). 1 Nicho de mercado é uma parte de um mercado consumidor, que tem ne- cessidades de produtos ou serviços específicos e que não encontram tantos fornecedores para satisfazerem suas necessidades. Disponível em: <ht- tps://marketingobjetivo.com.br/nicho-de-mercado/>. Acesso em 27 abr. 2023� Preço Preço de equilíbrio Oferta Ponto de Equilíbrio Demanda Quantidade de equilíbrio Quantidade https://marketingobjetivo.com.br/nicho-de-mercado/ https://marketingobjetivo.com.br/nicho-de-mercado/ 14 Tipos de mercado Segundo Thompson (2017), os tipos de mercado podem ser organi- zados de acordo com visões que determinamsua classificação, que pode ser: De acordo com a situação geográfica: nessa classificação es- tão relacionados os tipos de mercados locais, nacionais, regionais, internacionais e global. De acordo com o tipo de cliente: nesse caso, destacam-se os seguintes tipos: • mercado consumidor: para o caso dos produtos vendidos ao cliente final; • mercado industrial: para o caso de produtos vendidos para outras empresas; • mercado revendedor: caso existam intermediários; e • mercado governamental: caso o cliente seja alguma insti- tuição governamental. De acordo com a natureza do produto comercializado, com estes mercados: • mercado de bens ou produtos: formado por empresas, orga- nizações ou indivíduos que necessitam de produtos tangíveis (físicos), como computador, telefone celular, móvel, automó- vel etc.; • mercado de serviços: formado por empresas, organizações ou pessoas que necessitam de atividades ou benefícios que po- dem ser objeto de transação. Por exemplo: serviço de limpeza, segurança etc.; e • mercado de ideias: envolve empresas, organizações ou pes- soas que pagam por inovações ou boas ideias. Podemos citar como exemplos campanhas publicitárias, desenho ou projeto de um novo produto, logomarca ou serviço. 15 De acordo com o tipo de recurso: segundo Kotler (2000), o mercado pode ser dividido em mercado de matéria-prima, de força de trabalho e mercado de dinheiro. Essa característica está relacionada às estratégias de marke- ting e às condições operacionais dos diferentes concorrentes de um bem ou serviço em um mercado específico. Nesse sentido, podemos identificar, segundo Martinez citado por Thompson (2017), dois ti- pos de concorrência: • Concorrência perfeita: é um mercado em que todos os parti- cipantes competem em condições de igualdade pela compra, sem intervenções externas ao mercado, sem atos de desleal- dade competitiva. Nesse tipo de mercado (ideal), os produtos competem uns com os outros por sua qualidade e não existe propaganda enganosa (embora alguns autores destaquem que a concorrência perfeita não existe). • Competição imperfeita: ao contrário da anterior, nesse caso, os fatores externos à dinâmica do mercado interferem na aceitação do produto ou serviço. Entre esses fatores, podemos citar: regulamentações estatais, reserva de mercado, mono- pólios, grandes campanhas publicitárias, entre outros. Há também a alteração do funcionamento natural do mercado, o que favorece alguns players (participantes) em detrimento de outros. Ciclo de produção Outra característica do mercado é o ciclo de produção de um bem ou serviço. Para o caso de bens (produtos), o ciclo segue, de modo geral, as seguintes etapas: • extração de matéria-prima; • produção ou manufatura; • distribuição; • venda. 16 Para o caso de prestação de serviços, o ciclo deve, de modo geral, seguir as seguintes etapas: • identificação da demanda; • capacitação de profissionais; • divulgação do serviço; • venda. Para ambos os casos, alguns autores também mencionam a pós-venda como sendo uma etapa significativa no processo. Agora que já conhecemos o conceito, as características e os tipos de mercado, vamos seguir juntos e entendermos o próximo assunto: Análise de Mercado. Análise de mercado Da mesma forma que fizemos no item anterior, antes de entrar em detalhes sobre a área específica de TI, cabe clarificar o conceito e as características do termo “análise de mercado”. Figura 2 – Análise de Mercado Fonte: Freepik (2023). 17 Conceito de Análise de Mercado Segundo a MASCI Consultoria (2017): A análise de mercado é o processo de obtenção de informações sobre o mercado de atuação da sua empresa/ideia, bem como os fatores que podem impactar no sucesso ou fracasso desse empreendimento. Para corroborar essa ideia, um artigo da Endevor Brasil (2015) destaca que: [...] a análise de mercado deve sempre ser con- siderada porque serve, em linhas gerais, para fornecer respostas a duas perguntas funda- mentais: ‘o que meus clientes querem?’ e ‘o que meus concorrentes oferecem?’. Nota-se que, pelos textos citados, para que se possa fazer uma análise de mercado, é necessário saber em qual nicho sua em- presa pretende trabalhar ou já trabalha. Nessa mesma linha, Dorne- las (2014) destaca que a análise de mercado deve: [...] apresentar o entendimento do mercado da empresa, seus clientes, seus concorrentes e quanto a empresa conhece, em dados e infor- mações, o mercado onde atua. Permite ainda se conhecer de perto o ambiente onde o produto/ serviço se encontra. (DORNELAS, 2014) Assim, podemos citar que, tão importante quanto acreditar em uma ideia, produto ou serviço, você (empreendedor) precisa ter a certeza do valor do seu negócio e se as pessoas, de fato, comprarão a ideia. Nota-se aqui, a figura do empreendedor como pessoa física ou jurídica que acredita em um determinado projeto. Os conceitos e os desafios do empreendedorismo serão tratados posteriormente na Unidade 2, mas cabe aqui uma breve descrição do termo, de modo 18 a formar os conceitos base para nosso estudo. Segue, então, alguns apontamentos de modo a clarificar a questão. Conforme destacado pelo Sebrae (2017), entende-se como empreendedor, em uma visão simplificada: “[...] aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação”. Relativamente ao “ser empreendedor”, Fillion (2000) desta- ca dois pontos a se considerar: “O que os empreendedores fazem está intima- mente ligada à maneira como interpretam o que está ocorrendo em um setor em particular do meio”. (FILLION, 2000, p. 5) “Os empreendedores não apenas definem si- tuações, mas também imaginam visões sobre o que desejam alcançar.” (FILLION, 2000, p. 6) Perceba como o empreendedor está diretamente ligado ao tema análise de mercado, pois, de acordo com as citações anterio- res, ele deve conhecer a área em que está prestes a empreender e, para tanto, deve proceder a sua análise. Essa investigação deve ter por base os seguintes tópicos: • conhecer seu setor; • estudar seu cliente; • avaliar as projeções do mercado; • estudar o produto. Nesse sentido, a MASCI (2017) apresenta dois tipos básicos de análise de mercado que podem auxiliar na execução dos tópicos citados: a análise de gabinete e a pesquisa de mercado. A análise de gabinete é caracterizada por ter seus dados le- vantados de forma abrangente, coletados em canais de comunicação públicos, como: jornais, internet e demais mídias, sem a neces- sidade de contato direto com os clientes. Permite consolidar uma visão genérica do mercado em que se pretende atuar e é eficiente 19 para estudar (de maneira superficial) tanto a concorrência quanto o público-alvo. O contato e o diálogo com os clientes são instrumentos pri- mordiais nesse tempo de inovação, tendo em vista que é extrema- mente importante a aquisição e a retenção dos consumidores finais. Nesse sentido, para uma análise mais aprofundada do mercado (clientes e concorrência), faz-se necessária a utilização da ferra- menta chamada pesquisa de mercado, que visa a identificação das necessidades reais dos clientes, incluindo contato direto com eles, de modo a descobrir, mediante perguntas diretas, o nível de serviço esperado e as expectativas sobre o negócio em si. Análise de Mercado – os últimos anos Uma das principais discussões acerca desse tema é a questão do em- prego e renda. É fato que a inserção dessas novas tecnologias tem diminuído o custo operacional e a necessidade de mão de obra nos processos produtivos. Contudo, tem demandado uma série de novas competências e profissionais qualificados para gerenciar e operar essas novas tecnologias e processos. Esse tipo de profissional espe- cialista tem sido escasso e muito valioso. Devido às mudanças na cadeia de suprimentos e nos proces- sos produtivos de modo geral, o retorno sobre os investimentos, também conhecido comoROI, tem sido em longo prazo. É neces- sário ter em mente que primeiro é preciso compreender o proces- so de modernização e, somente depois, se o investimento foi válido ou não. Contudo, esse é um dos motivos pelos quais os empresá- rios têm receio em aplicar modificações a processos de empresas já lucrativas, ou seja, é um risco que nem todos querem correr. O problema é manter a competitividade com processos e formas de produção antigas. Outro ponto a ser considerado é que a exigência do usuário sobre produtos e serviços deve crescer, considerando o aumento na qualidade dos processos produtivos. Além disso, pode ser exi- gida melhor experiência nos serviços, com mais personalização, segurança e agilidade, tendo em vista que o acesso mais fácil à 20 automatização e aos serviços virtuais tem permitido que mais pes- soas atuem no mercado. Quando se estuda sobre a história do comportamento hu- mano, bem como das revoluções, percebe-se como as mudanças de comportamento tem sofrido alterações e atualizações constantes ao longo do tempo. Observamos, por exemplo, o crescimento de em- presas de transporte como a Uber, que faz uso de aplicativos móveis para gerenciar e atender seus clientes. É um serviço que mudou a forma de deslocamento em grandes cidades e tem sido alvo de elo- gios de um público cada vez mais exigente. Assim como a Uber, outras empresas têm investido em técni- cas de análise do comportamento a fim de melhorar os seus serviços. Figura 3 - Transporte via aplicativo Fonte: Tingey Injury Law Firm / Unsplash / Disponível em: https://unsplash.com/ pt-br/fotografias/Kb1HVT7JjRE Características A análise de mercado está intimamente relacionada ao setor de marketing de uma empresa, sendo que, por meio dela, é possível 21 compreender o nicho de mercado da companhia, seus possíveis clientes e a sua concorrência. Compreende-se que o mercado é com- posto pelo contexto em que uma corporação atua e se localiza. Dessa forma, a análise de mercado deve levar em conta os seguintes itens: (1) análise da indústria e do setor, (2) descrição do nicho de merca- do, (3) análise SWOT do produto ou serviço e (4) plano de ação. Análise da indústria e do setor Uma análise da empresa normalmente contém informações acerca de seu tamanho, desenvolvimento e um estudo do contexto em que ela está inserida. Primeiramente, faz-se uma coleta de dados (por exemplo, uma pesquisa) de modo a gerar relatórios estatísticos ou mesmo previsões por meio de algoritmos de regressão em machine learning. Esses relatórios devem ser utilizados para reflexão e me- lhoria dos processos produtivos, das estratégias e das práticas de marketing e, consequentemente, de seus serviços. Descrição do nicho de mercado Uma vez definido o nicho de atuação da empresa em meio ao mer- cado nacional e mundial, ainda será necessário deixar mais claro as particularidades do mercado que são alvo da organização. Esses segmentos podem ser definidos tendo como base as características do produto e o tipo de consumidor, pois o perfil de um jovem soltei- ro, quando vai às compras, é diferente do perfil de uma família. Ou seja, o estilo de vida e as características do consumidor implicam o oferecimento do serviço adequado. No contexto computacional, algoritmos de regras de associação são perfeitos para estudo do comportamento de mercado e do usuário. Para isso, basta obter os dados e transformá-los em forma de SAIBA MAIS 22 transição do tipo A→B. Esses algoritmos podem ser utilizados para identificação de padrões recorrentes de comportamento. Os padrões recorrentes em uma série temporal são subsequências que ocorrem de forma frequente em determinado conjunto de dados. Por exemplo, quando fazemos compras, geralmente temos uma lista padrão de coisas para comprar e cada comprador, dependendo das suas neces- sidades ou preferências, tem uma lista de compras distinta, ou seja, enquanto o perfil de dona de casa tende a comprar ingredientes para o preparo de um jantar saudável em família, um jovem soltei- ro tende a comprar mais bebidas e alimentos prontos congelados. Entender esses padrões pode ajudar a aumentar as vendas de várias maneiras, como, por exemplo, se houver um par de itens, X e Y, que são frequentemente comprados juntos, pode-se ofertar uma pro- moção conjunta. De forma geral, para conseguir separar uma fatia do merca- do (segmentar) adequadamente, recomenda-se que essa tarefa seja realizada por um conjunto de especialistas diferentes, ou seja, uma equipe multidisciplinar e com uma visão do todo, tanto qualitativa quanto quantitativamente. Inicialmente, pode-se pensar em algu- mas questões, como: 1. Qual é a participação da empresa entre os concorrentes principais? 2. Qual é a potencialidade de mercado? 3. O negócio já está sendo bem atendido? Há demanda? 4. Quais são as ocasiões para seu produto ou serviço ter maior participação no mercado? Ao realizar o agrupamento de clientes por semelhança, é pos- sível atender às suas necessidades particulares de modo mais eficaz. Quanto mais recursos e preferências os clientes demandam, mais necessário será dividi-los em grupos. Uma forma bem simples de 23 definir o segmento é verificar: (1) quem está adquirindo o produto ou serviço, (2) o que está adquirindo e (3) o motivo da compra. Contudo, como hoje o conjunto de dados é muito grande, há outros interesses a serem verificados e que podem agregar infor- mações mais relevantes para a empresa. Análise SWOT A análise SWOT (ou FOFA, em português), é considerada uma fer- ramenta clássica da administração. Seu nome é um acrônimo das palavras em inglês para Strenghts (pontos fortes ou forças), Weak- nesses (pontos fracos ou fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Segundo o Nakagawa (2012), a origem dessa fer- ramenta não é clara, porém “[...] muitos acreditam que tenha sido desenvolvida na década de 1960 por professores da Universidade de Stanford, a partir da análise das 500 maiores empresas dos Estados Unidos”. Ainda segundo o mesmo autor, a análise SWOT pode ser usada de diversas maneiras, mas o empreendedor de empresas de menor porte pode empregá-la como uma ferramenta para obter conheci- mento mais aprofundado a respeito do seu negócio. Para utilizar a ferramenta e proceder a análise da empresa, o empreendedor, ges- tor ou administrador primeiramente necessita identificar itens que se enquadram em cada um dos termos relativos a sigla SWOT. Com isso, para compreender melhor o assunto em questão, a seguir são listadas alguns pontos e suas respectivas considerações. Pontos fortes ou forças: trata-se da lista de vantagens com- petitivas da sua empresa. Exemplos: boa localização, ter acesso a um bom canal de distribuição, ter patente de um produto, ter uma marca conhecida, entre outros. Pontos fracos ou fraquezas: lista dos itens que sua empresa não faz bem e/ou poderia fazer melhor. Exemplos: despesas desne- cessárias; retrabalho; custos, perdas e gastos que, sendo controla- dos, podem melhorar a eficiência do seu negócio. 24 Alguns autores como Furlan (1997) destacam que a negação de problemas existentes identifica os Fatores-Chave de Sucesso (FCS)². Exemplo: ponto fraco identificado: lentidão do atendimen- to às solicitações de clientes. FCS relacionado: “Rapidez no atendi- mento às solicitações de clientes”. (FURLAN, 1997, p. 17) Lista de oportunidades: para elaborar a lista, é preciso que a empresa tenha uma estratégica clara, com objetivos, indicadores e metas bem definidos. Isso permitirá que as oportunidades vislum- bradas para o negócio sejam priorizadas de acordo com a estratégia da empresa (NAKAGAWA, 2012). Lista de ameaças: esse item pode ser iniciado com os itens que sua empresa pode enfrentar ou já está enfrentando com a con- corrência. “Que atitudes de seus concorrentes podem contribuir para reduzir as vendas ou aumentar os custos de sua empresa?” (NAKAGAWA, 2012). Depois de preenchida a tabela com os referidos pontosé que o trabalho efetivamente começa. É chegado o momento de: [...] analisar o que a empresa poderá (ou deve- rá) fazer para aproveitar seus pontos fortes e as oportunidades, melhorar seus pontos fracos e tentar extinguir ou minimizar o efeito das ameaças potenciais. (NAKAGAWA, 2012, p.3) Em outras palavras, é necessário contar com um plano de ação. ² Fatores-Chave de Sucesso (FCS) representam aquelas poucas coisas que devem ocorrer de modo correto, mesmo em detrimento de outras, que não estejam indo a contento, para alcançar os objetivos da empresa (FURLAN, 1997, p. 12). 25 Plano de ação De acordo com o Sebrae (2017), o “plano de ação é um documento em que sistematizamos a lista de ações a serem executadas para o alcance de determinado objetivo”. Furlan (1997, p. 19), por sua vez, destaca que “planos de ação representam os passos pragmáticos que necessitam ser dados para a concretização das estratégias definidas”. Ainda segundo o autor, esses planos devem possuir as seguintes características: • data de realização bem definida; prioridade de execução; • devem ter um responsável pela sua execução. Para complementar a definição do termo, o Sebrae (2017) aponta que o plano de ação é um documento que deve conter: • o que fazer; como fazer; porque fazer; • em que prazo fazer; • quem serão as pessoas responsáveis pela execução da ação; • quanto custará a execução. Para finalizar o tópico sobre análise de mercado, faz-se ne- cessário abordar mais um tema: marketing digital. Marketing Digital Embora o marketing digital seja um desejo da grande maioria das empresas, tendo em vista o baixo custo operacional quando com- parado ao não digital, é necessário que os objetivos e as abordagens sejam sempre revistos de modo a torná-los mais claros e melhorar a experiência do usuário. Diante desse contexto, tem-se a neces- sidade de se aperfeiçoar o conhecimento sobre novas tecnologias e softwares que permitam a otimização do potencial estratégico. Vamos a algumas experiências? 26 Contudo, para uma melhor experiência do usuário/cliente, são necessários: 1. serviços ou produtos cada vez mais próximos do cliente; 2. bom atendimento, suporte e brand awareness (reconhecimen- to de marca) na internet; 3. serviços ou produtos bem estruturados; 4. estratégia de marketing bem estruturada e alinhada ao perfil do usuário e aos processos de produção. Analisando os itens citados, temos que: 1. O item 1 diz respeito à proximidade da empresa e seus ser- viços com os potenciais clientes. Nesse sentido, é necessário que processos e produtos estejam bem definidos, de modo a atender adequadamente aos consumidores. A informação e o feedback dos consumidores são amplamente divulgados na internet, principalmente nas redes sociais. Logo, a empresa não deve ter o foco apenas em uma venda, mas em criar vín- culos e fidelizar o cliente. 2. O item 2 pede atenção aos atendimentos e suporte oferecidos pela marca. Frequentemente, nota-se páginas de redes so- ciais despreparadas para a alta demanda de usuários de redes sociais. 3. O item 3 refere-se ao modo como serviços e produtos estão estruturados. Cada um deles precisa ser revisto constante- mente, de modo a alinhá-los ao cliente e ao plano de negócio. 4. O item 4 pede atenção à estratégia de marketing, que deve ser alinhada ao perfil do consumidor e planejada por equipes especializadas. De forma geral, não adianta ter processos de produção estruturados se não estão alinhados ao marketing; e não adianta ter um ótimo plano de marketing se os produ- tos e serviços deixam a desejar e prejudicam a experiência do consumidor. 27 O primordial é se questionar: “Será que a comunicação com meu cliente é satisfatória? Qual é a experiência dele?”. Assim, é pos- sível observar se o planejamento da transição do marketing tradi- cional para o digital está ocorrendo adequadamente. Espero que a importância desses conceitos tenha ficado mais clara para você. Agora, vamos avançar e estudar sobre a Profissio- nalização do Mercado. Vamos em frente! A profissionalização do mercado Até aqui, temos discutido como as transformações têm ocorrido no mercado corporativo de forma geral. Nessa seção, vamos destacar um ponto muito relevante: a profissionalização. Como visto, a hu- manidade tem se transformado em uma velocidade bastante rápida e passado por constantes revoluções, como a industrial e a digital. Dessa forma, desde a revolução industrial, foi exigida certa forma de profissionalização cada vez maior, ou seja, as profissões dei- xaram de ser apenas transmitidas pela família (de pai para filho) e passaram a ser desenvolvidas em cursos de capacitação ou treina- mento técnico na própria empresa. Diante desse contexto, o mercado de trabalho tem influen- ciado diretamente a maneira como os cursos universitários são criados e coordenados. Isso se deve ao fato de que as instituições de ensino devem se posicionar para permitir que seus alunos saiam preparados para o mercado, com vários diferenciais em relação aos cursos concorrentes. Os alunos, por sua vez, são as pessoas que mais têm cobrado das instituições, a fim de atingir suas expectativas, de modo que estejam cada vez mais especializados ao concluírem seus cursos. De acordo com a avaliação do Sistema Nacional da Pós-Gra- duação (SNPG), divulgada em setembro de 2017, houve crescimento de 25% no número de programas de pós-graduação no Brasil entre 2013 e 2016. Pode-se verificar que o sistema educacional tem acompa- nhado essas demandas, com inovações constantes do mercado e 28 novas áreas de atuação, os cursos lato sensu e MBA (Master of Busi- ness Administration) têm crescido e se diversificado com o objetivo de atender a todas as profissões e áreas do conhecimento. Existe uma preocupação em acompanhar as rápidas atuali- zações no campo de trabalho e, por isso, o número de instituições que oferecem esses tipos de cursos também tem aumentado, pos- sibilitando mais escolhas aos profissionais. Além disso, motiva- dos pelo anseio de crescer na carreira, especializar-se e agregar valor ao currículo, alunos têm investido cada vez mais em suas profissionalizações. As salas de aula também vêm se transformando. Metodolo- gias como PBL (Aprendizagem Baseada em Problemas) e Sala de Aula Invertida (ver imagem abaixo) estão cada vez mais presentes no meio acadêmico. Assim, os centros de educação tornaram-se um espaço de network, isto é, um ambiente promissor para troca de contatos pensando em parcerias futuras. Em suma, no que se refere ao futuro e ao desempenho das instituições de ensino, elas necessitam observar, com propriedade, o ambiente corporativo e suas mudanças. Somente assim, é possível manter o conhecimento prático e teórico nas aulas de acordo com o cenário corporativo. Segundo o G1 (2017), as alterações profissionais constantes têm feito com que algumas profissões percam espaço no mercado de trabalho, seja pelo tempo, pela mudança de comportamento das pessoas e pela digitalização e automação de alguns serviços. Contudo, esses mesmos itens têm levado às novas carreiras, como os profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI). A área de TI é um campo de trabalho muito amplo, que se relaciona com diversas áreas, como Engenharias Civil e Elétrica, Medicina, Psicologia, Biologia, entre outras. Isso se deve ao fato que todas as áreas da sociedade estão utilizando recursos, serviços e/ou produtos tecnológicos. Vários cursos de graduação formam profis- sionais nessa área e cada curso tem sua especialidade. Hoje em dia, as áreas mais requisitadas são: Desenvolvimento Mobile, Ciência de Dados, Aprendizado de Máquina, Redes e Sistemas Web. 29 Finalizamos o capítulo. Então, vamos continuar nossa trilha de conhecimento? Vamos em frente! Principais desafios Nesta seção, serão discutidos os principais desafios decorrentes das mudanças no mercado. Essas mudanças têm sido cada vez mais rá- pidas e intensas, trazendo uma série de desafiosa ser superada. Considerando que este material é voltado a alunos da área de Tecnologia da Informação, que estamos vivendo uma revolução di- gital e que a tecnologia tem se inserido em diversos contextos, va- mos dar um enfoque nos desafios decorrentes dessa revolução em que a tecnologia está envolvida. Um dos itens que mais se tem discutido e que não pode pas- sar despercebido é a questão da organização das cidades. Da mesma forma em que as cidades cresceram muito com a migração dos mo- radores da área rural em busca de emprego durante o período da Re- volução Industrial, novamente vemos as cidades se reorganizando nessa revolução digital. O fato é que a tecnologia se torna acessível e onipresente, permitindo a melhoria dos serviços, mais conforto, aumento da qualidade de vida aos usuários e maior aproveitamento dos recursos. Desafios na cidade Com a inserção de tecnologia nos mais variados setores e no coti- diano da população, a possibilidade da utilização dessa tecnologia, com vistas a identificar os problemas da população e organizar os processos urbanos, não passou despercebida. O desafio é tornar as cidades cada vez mais inteligentes e autossustentáveis. Além do conforto da possibilidade de escolher e contratar o fornecimento de um produto ou serviço por meio de um smart- phone, segundo a FGV (2018), “o enfoque atual é uma cidade cria- tiva e sustentável, que faz uso da tecnologia em seu processo de 30 planejamento com a participação dos cidadãos”. Afirma-se, ainda, que a tecnologia deve ser usada para permitir o uso estratégico da infraestrutura e serviços de informação e comunicação com o objetivo de dar respostas às necessidades sociais e econômicas da sociedade. Várias cidades, em todos os continentes, estão implemen- tando, em maior ou menor grau, projetos com objetivo de melhorar a qualidade de vida da população. Na Europa, por exemplo, mais da metade das cidades com mais de 100 mil habitantes está promo- vendo iniciativas para o desenvolvimento de soluções smart cities. A seguir estão relacionadas a lista das sete cidades mais inteligentes do mundo, segundo Alves (2018) e IESE (2018): • Nova York/Estados Unidos: a cidade lançou uma plataforma interativa que converteu sistemas telefônicos públicos anti- gos para fornecer acesso à internet para todos os residentes. Além de fornecer informações sobre eventos locais, notícias de vizinhança e listas de entretenimento, a plataforma ainda fornece alertas de segurança. • Amsterdã/Holanda: a cidade possui uma plataforma que ofe- rece suporte e incentivo para que instituições, empresas e ci- dadãos desenvolvam projetos verdes, que podem beneficiar a qualidade de vida urbana de todos os habitantes. • Tóquio/Japão: uma parceria da cidade com a empresa Pana- sonic construiu um bairro ecológico onde se localizava sua antiga fábrica. Todas as casas se baseiam no uso de energia renovável e aparelhos ultra eficientes, com sistemas de auto- mação que ajudam a determinar até o melhor momento para se lavar roupa com base na previsão do tempo. • São Francisco/Estados Unidos: eleita a cidade mais verde dos Estados Unidos, a cidade foi uma das primeiras do mundo a divulgar todos os seus dados burocráticos e administrativos à população. São Francisco estabeleceu metas para diminuir sua pegada de carbono, aumentando o uso de energias renováveis em novas construções. Atualmente, 41% de sua rede elétrica é alimentada com energia renovável. 31 • Viena/Áustria: de acordo com a Associação Internacional de Transportes Públicos, a capital austríaca possui o melhor sis- tema de transporte público de todo o mundo. Mais de 90% dos residentes da cidade têm fácil acesso, com um sistema de car- tão inteligente que calcula automaticamente taxas para qual- quer meio de transporte. • Copenhagen/Dinamarca: a cidade se comprometeu a atin- gir a emissão neutra de carbono até 2025. Quarenta por cento da população da cidade utiliza a bicicleta regularmente como meio de transporte, e quando não há trânsito nas ruas, os semáforos se desligam automaticamente para economizar energia. • Curitiba/Brasil: é uma das cidades mais verdes do país, com uma rede de quase 30 parques e áreas florestais. Setenta por cento dos resíduos produzidos pelos habitantes é reciclado, e a prefeitura municipal criou programas de incentivo como o Câmbio Verde, por meio do qual a população pode trocar seu lixo reciclável por frutas e verduras frescas. Figura 4 - Dinamarca Fonte: David Mark / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ nyhavn-dinamarca-cidade-urbano-1835610/ 32 Os projetos das cidades inteligentes são abrangentes, a envol- ver as mais diversas áreas tecnológicas, como Internet das Coisas, Big Data e governança, e a tratar desde questões de mobilidade e segurança até saúde pública e combate a incêndios. Em resumo, essas áreas permitem o sensoriamento inteli- gente e o processamento de dados de modo a auxiliar na tomada de decisões pelos gestores e prover serviços ágeis e personalizados para as pessoas. Desse modo, é possível uma melhoria das condições de vida e sustentabilidade ambiental e financeira, tendo em vista que os processos e a organização da cidade podem ser otimizados com base na análise de dados. Como você pode perceber, o desafio das cidades é algo muito relevante para manter o convívio e a qualidade de vida em níveis adequados, uma vez que o número de pessoas que vivem nessas lo- calidades tem crescido muito no último século. Apenas como exemplo, há 200 anos, Londres (Inglaterra), Beijing (China) e Tóquio (Japão) continham com mais de 1 milhão de habitantes. Hoje, há mais de 442 milhões de metrópoles pelo mundo, sendo que mais da metade da população mundial já vive em centros urbanos. Existem estimativas de que, em 2030, 70% da po- pulação mundial viverá em centros urbanos. Esse grande acúmulo de pessoas, somado ao aumento con- siderável da longevidade, tem demandado melhoria na capacidade de gestão das cidades, as quais, como exemplificado anteriormente, têm incentivado projetos de automatização em várias áreas, como sistemas inteligentes de medição e furto de energia e água. Para Anthony Townsend, diretor de pesquisa do Instituto para o Futuro, em Palo Alto, Vale do Silício, “soluções tecnológicas para cidades estão sendo criadas em todos os cantos do mundo, desde pequenas empresas e indivíduos a multinacionais e governos”. SAIBA MAIS 33 Para se ter uma ideia, nos últimos cinco anos houve a construção do zero de cidades inteligentes como Songdo, na Coreia do Sul, e Masdar, em Dubai. Isso tem motivado grandes empresas a criarem centros de pesquisa focados no desenvolvimento de sistemas inteli- gentes. Exemplos disso são Google, Huawei, Siemens e IBM. No Brasil, já temos um protótipo de cidade inteligente no interior do Estado de São Paulo. A pequena cidade de Águas de São Pedro foi utilizada como cidade modelo em uma parceria entre o grupo Te- lefônica e a empresa de telecomunicações Huawei para mostrar a viabilidade de implantação e transformação de cidades no Brasil. As cidades podem receber quatro classificações conforme o nível de tecnologia implantada, a cobertura e a disponibilidade dela na cidade. As classificações são as seguintes: • Digital City: diz respeito a uma cidade conectada que possui, em conjunto, infraestrutura de comunicação banda larga, arquitetura computacional flexível orientada à serviços, ba- seada em padrões abertos e serviços que atendem às neces- sidades dos governos e seu povo (ISHIDA, 2000). A utilização de padrões abertos é importante para se obter a interopera- bilidade (PETROLO, LOSCRI e MITTON, 2014) entre os diver- sos sistemas integrantes, tendo em vista que os dados de uma pessoa ou serviço devem ser compartilhados e consultados por sistemas de áreas diferentes, sem que haja a necessidade de um cadastro do usuário em todos os subsistemas da cidade. • Intelligent City: as cidades são definidas como jurisdiçõesque trazem sistemas de inovação e consultoria em uma mesma localidade, combinado com a criatividade da população da ci- dade e as instituições que aperfeiçoam a aprendizagem em es- paços de inovação, facilitando a gestão do conhecimento. Essa estratégia de agregar a criatividade das pessoas envolve o que pode ser chamado de estratégia de inteligência coletiva, em que as convergências são identificadas e unificadas, de for- ma a aproveitar o background de cada indivíduo, colaborando com a coletividade. (KMONINOS, 2002). 34 • Smart City: nesse paradigma, o uso de infraestrutura de com- ponentes e serviços tecnológicos visam tornar os serviços essenciais das cidades mais inteligentes, interligados e efi- cientes (HOLLANDS, 2008), (PETROLO, LOSCRI e MITTON, 2014), (WASHBURN e SINDHU, 2010). As metas principais visam melhorar a qualidade de vida das pessoas e o nível de acesso às informações. Exemplos de cidades que implemen- taram este conceito são: Brisbane, Dubai, Kochi e Malta (AN- THOPOULOS e FITSILIS, 2010). • Ubiquitous City: considera-se que nesse cenário a cidade este- ja totalmente equipada com redes de comunicação, por meio das quais as autoridades monitoram o que está ocorrendo na cidade, como as condições de trânsito e a prevenção da cri- minalidade. Dessa forma, é possível o acesso de diversas lo- calidades aos serviços da cidade e, além de sistemas distintos comunicarem-se, trocando dados e informações, o número de dispositivos IoT atuando de forma global é maior que nas classificações anteriores, o que tem levantado uma série de discussões acerca da privacidade dos indivíduos. Cidades inteligentes têm evoluído na direção de aproveitar todas as dimensões existentes da inteligência em uma cidade, são elas: a artificial, a coletiva e a humana. A construção ou forma- ção dessas cidades combinam três dimensões (KMONINOS, 2002) (KOMNINOS, 2006), veja abaixo: 1. As pessoas da cidade: a inteligência, a criatividade e a capa- cidade de inovação dos indivíduos que vivem na cidade. Essa perspectiva agrega os valores e os anseios da ‘nova classe cria- tiva’, constituída pelo talento e conhecimento de cientistas, artistas, empresários, além de outras pessoas criativas, que têm impacto na determinação de como é organizado o espaço de trabalho e, portanto, se as companhias vão prosperar e se a cidade vai se desenvolver ou não. Essa dimensão foi descrita por Richard Florida, em 2002, como “cidade criativa”. 35 2. A inteligência coletiva da população de uma cidade: essa dimensão é baseada nas instituições da cidade que permitem a cooperação no conhecimento e na inovação. Ela envolve: a disposição das comunidades contribuírem intelectualmente na inovação; o exercício e o processo criativo coletivo concre- tizado por meio de trocas de conhecimento e de inventividade intelectual; e a aptidão de um grupo em se preparar para deli- berar acerca do futuro de sua comunidade e controlar as metas para realização. 3. A inteligência artificial ubíqua e disponível para popula- ção na cidade: essa dimensão diz respeito à infraestrutura de comunicação, aos espaços digitais e às ferramentas públicas para a solução de problemas disponíveis para a população da cidade. Dessa forma, é possível perceber que o conceito de cidade in- teligente envolve todas as três dimensões mencionadas em conjun- to, ou seja, os espaços físicos, institucionais e digitais. Além disso, ele engloba um conjunto de atividades bem definidas em relação à troca de conhecimento e cooperação social, um conjunto de tecno- logias para a infraestrutura de comunicação, espaços e ferramentas dedicados à inovação. Além disso, o grande conjunto de dados obti- dos de sensoriamento deve oferecer habilidade de resolver proble- mas e inovar sobre a incerteza. Desafios no campo As tecnologias de Internet das Coisas e a computação em nuvem têm permitido o desenvolvimento e inserção cada vez mais de robôs, máquinas autônomas e inteligentes na lavoura. O termo fazenda inteligente, ou smart farming em inglês, diz respeito ao desenvolvimento formado pelo uso da tecnologia da informação e comunicação no ciclo de gerenciamento da fazenda (WOLFERT, GE, et al., 2017). 36 Figura 5 - Smart Farm Fonte: seungwoo yon / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ colorau-colheita-smart-fazenda-2345580/ Esse conceito de fazenda inteligente também tem engloba- do a análise de grande conjunto de dados (Big Data) a fim de ex- trair novos conhecimentos para melhoria dos processos, tomada de decisões e redesenho dos planos de negócio em tempo quase real. Exemplo disso, as aplicações têm influenciado toda a cadeia de suprimentos (supply chain) de alimentos, provocando diversas mudanças. Dentre os participantes dessas mudanças estão gran- des empresas de tecnologia e agronegócio e capitalistas de risco. Somado a isso, instituições públicas de pesquisa têm oferecido da- dos abertos anônimos para que outros interessados e produtores menores possam utilizar em determinados processos de mineração de dados. Segundo Wolfert et al. (2017), o futuro da agricultura tem se desdobrado em duas vertentes: • sistemas proprietários fechados em que o agricultor faz par- te de uma cadeia de fornecimento de alimentos altamente integrada; • sistemas colaborativos abertos nos quais o agricultor (e todos os demais interessados na cadeia de lojas) é flexível na escolha de parceiros de negócios, tanto pela tecnologia quanto pelo lado da produção de alimentos. 37 O desenvolvimento de infraestruturas de dados, softwares, aplicativos e seu desenvolvimento institucional tem desempenha- do um papel crucial na batalha entre esses cenários. A partir de uma perspectiva socioeconômica, Wolfert et al. (2017) propuseram dar prioridade à pesquisa de questões organizacionais relativas a questões de governança e modelos de negócios, adequados para compartilhamento de dados em diferentes cenários da cadeia de suprimentos. Com a utilização cada vez maior de máquinas inteligentes e sensores nas fazendas, os processos agrícolas têm se tornado cada vez mais orientados e habilitados para dados. Enquanto a agricul- tura comum não inteligente leva em consideração apenas a varia- bilidade de campo, a agricultura inteligente, conforme destacado por Wolfert et al. (2017), tem se baseado no gerenciamento do lo- cal e dos dados, que podem ser aprimorados pelo conhecimento do contexto e desencadeados por eventos em tempo real. Recursos de reconfiguração assistida em tempo real são necessários para reali- zar ações ágeis, especialmente em casos de condições operacionais e incidentes. Os dispositivos inteligentes expandem as ferramentas con- vencionais, adicionando certa autonomia em todos os tipos de sensores, isto é, uma inteligência global capaz de executar ações autônomas. Sabe-se que mesmo com toda autonomia, os humanos não estarão excluídos das fazendas inteligentes, resolvendo proble- mas que as máquinas não conseguem decidir, ou seja, deixando a maioria das atividades operacionais repetitivas para as máquinas. Os algoritmos de análise e mineração de dados fornecem papel importante no desenvolvimento dessas fazendas, tendo em vista que as máquinas agrícolas são compostas por sensores, que possuem a capacidade de observar e coletar dados do ambiente, da capacidade das próprias máquinas (se funcionam bem ou exigem manutenção) e dos produtos que envolve, por exemplo, a qualidade do grão coletado. Dentre as abordagens computacionais utilizadas, pode-se variar desde o uso de heurísticas simples, fornecidas por especialistas ou criadas com base na observação (o que envolve problemas tradicionais de busca e interferência, árvores e poda), mas também pode envolver o uso de algoritmos de aprendizagem 38 profunda (deep learning), como o uso de redes neurais recorrentes para implementar a estratégia certa em determinadas culturas de plantio. Abordagens deep learning são consideradas o estado da arte na áreade inteligência artificial. Além disso, é possível que dados meteorológicos possam ser agregados e considerados nesses algoritmos, com o objetivo de me- lhorar a precisão e conformidade deles. Vale a pena ressaltar que, em algoritmos de aprendizagem profunda, é necessário um conjun- to de dados muito grande e, quanto maior for esse conjunto, me- lhores serão os resultados obtidos. Esse conjunto massivo de dados requer um conjunto de técnicas com novas formas de integração que visam insights de conjuntos de dados que são diversos, complexos e de escala massiva (HASHEN, et al., 2015). Eles representam ativos de informação marcados por um volume, velocidade e variedade tão altos que requerem tecnologia específica e métodos analíticos para sua transformação em valor. A iniciativa Data FAIRport enfatiza a dimensão operacional do Big Data, fornecendo o princípio FAIR — isso significa que os da- dos devem ser Findable (Encontráveis), Accessible (Acessíveis), Inte- roperable (Interoperáveis) e Re-Usable (Reutilizáveis). Isso também implica a importância de metadados, ou seja, dados sobre os dados, como os temporais e de localização. Sabe-se que os conceitos dessas duas áreas (Big Data e smart farming) são consideravelmente recentes. Questões globais, como segurança e segurança alimentar, sustentabilidade e, como resul- tado, melhoria de eficiência, são tentadas a serem exploradas por algoritmos de análise de dados. Essas questões fazem com que o es- copo dos aplicativos Big Data se estenda muito além da agricultura, mas cubra toda a cadeia de suprimentos. O desenvolvimento da Internet das Coisas, conectando todos os tipos de objetos e dispositivos na agricultura e na cadeia de su- primentos, está produzindo muitos novos dados, que são acessíveis em tempo real. As operações e transações são as fontes mais im- portantes a serem processadas. Sensores e robôs também produzem dados não tridimensionais, como imagens e vídeos, que fornecem muitos dados gerados por máquina. Além disso, redes sociais têm 39 sido uma importante fonte de dados. Essas grandes quantidades de dados fornecem acesso a informações explícitas e capacidade de to- mada de decisões em um nível que não era possível antes. Muitas empresas novas e inovadoras estão ansiosas para vender e implan- tar todo tipo de aplicações para os agricultores, dos quais os mais importantes são relacionados à implantação de sensoriamento, benchmarking, modelagem preditiva e gerenciamento de riscos. A partir disso, resta-nos uma dúvida: como essas redes de interesse podem ser integradas e organizadas, se é que elas realmente são? Um ponto em aberto a ser questionado diz respeito a quais serão as variações esperadas, causadas por grandes desenvolvi- mentos. De forma geral, acredita-se que o grande conjunto de dados provocará um enorme know-how (conhecimento) para os produtos e para os envolvidos na cadeia de suprimentos, provocando gran- des transformações nos processos de produção e na organização da agricultura como um todo. Essa análise de negócios em larga escala e em alta velocidade tem reinventado continuamente novos modelos de negócios. Certa- mente, os processos, o gerenciamento e as atividades das fazendas mudarão muito com o acesso aos dados em tempo real da detecção e rastreamento de itens físicos, e em combinação com os desenvol- vimentos da IoT em automação adicional e operação autônoma da fazenda. Considerando a questão de pesquisa anterior, já é visível que o Big Data também causará grandes mudanças nas relações de po- der entre os diferentes participantes da rede de interesse. O estágio atual de desenvolvimento, entretanto, não revela ainda quais são os principais cenários que serão desenvolvidos. Dentre os desafios que precisam ser abordados, uma longa lista de questões pode ser dis- cutida; contudo, a maioria delas pode ser envolvida nas seguintes categorias: • questões de propriedade, privacidade e segurança relacio- nadas: embora precisem ser tratadas adequadamente, nor- malmente quando aplicadas com muita intensidade, podem desacelerar as inovações; 40 • qualidade de dados: essa sempre foi uma questão desafiadora nos sistemas de informações agrícolas, mas é mais preocu- pante a obtenção de dados em tempo real; • processamento e análise inteligente: devido à grande quanti- dade de dados heterogêneos não estruturados, normalmente é requerido um aprendizado supervisionado por especialistas em domínio; • integração sustentável de fontes de dados: é extremamente desafiador criar e manter integração de diferentes fontes de dados; • modelos de negócios que sejam atraentes para provedores de soluções, mas que também permitam uma participação justa entre os diferentes stakeholders; • plataformas que acelerarão o desenvolvimento de soluções e inovação em geral, mas também capacitarão os agricultores em suas cadeias de oferta de insumo. Desafios na indústria Nos últimos anos, as empresas têm enfrentado desafios ao lidar com questões de Big Data e de tomada de decisão rápida para me- lhorar a produtividade. Isso se deve ao fato de que estamos vivendo o mais alto nível de competitividade no ambiente dos negócios, fa- zendo com que haja certa pressão para tomada de decisões rápidas. O fato é que, na indústria, muitos sistemas de manufatura não estão prontos para gerenciar grandes volumes de dados devido à falta de ferramentas analíticas inteligentes e de mão de obra qualificada. Na indústria moderna atual, tem-se exigido grande especialização dos profissionais. Embora tenha-se noção de que os processos produ- tivos estão em constante modificações e, na maioria das vezes, são operados por máquinas cada vez mais autoconscientes e autôno- mas, o que ainda não se sabe é qual o papel o ser humano desempe- nhará nos próximos anos. 41 Embora a Inteligência Artificial (IA) tenha ocupado várias posições humanas, sabe-se que ela só consegue operar bem com base em um grande conjunto de dados passados, ou seja, para que um algoritmo de IA consiga realizar operações e tomar decisões de modo satisfatório, ele precisa “conhecer” experiências anteriores. Em resumo, não é possível a tomada de decisões sobre problemas inéditos. Vale a pena ressaltar que a IA não somente tem ocupa- do algumas posições, mas também tem gerado novas profissões no mercado. Exemplo disso são as novas categorias de profissões, como cientista de dados, analista de dados, desenvolvedor de apli- cações de machine learning, engenheiro de robótica, entre outros. Ao ponto que haja uma grande incorporação de sistemas inte- ligentes na produção de produtos ou serviços, maior é a autonomia alcançada nos processos produtivos e maior é o conjunto de dados gerados. As fábricas inteligentes têm se concentrado principalmen- te em processos de otimização e inteligência centradas no controle dos processos de produção. Além disso, sabe-se que a maior inteli- gência pode ser obtida por meio da interação e agregação de dados de diferentes sistemas ao redor, podendo ocorrer um impacto real e direto no desempenho das máquinas. Atingir essa interação perfei- ta com os sistemas ao redor, tem transformado máquinas comuns em máquinas autoconscientes e de autoaprendizagem, o que, con- sequentemente, pode melhorar o desempenho geral e o gerencia- mento de manutenção dessas máquinas. Embora metodologias de computação autônoma tenham sido implementadas com sucesso na ciência da computação, os instru- mentos de autoaprendizagem ainda estão longe da implementação nos setores atuais. A transformação do status de hoje em máquinas mais inteligentes exige mais avanços na ciência, abordando várias questões fundamentais. Esses problemas podem ser divididos em cinco categorias distintas: • Interação entre gerentes e operadores: atualmente, os ope- radores controlam máquinas, os gerentes planejam crono- gramas de logística e as máquinas executam apenas as tarefas atribuídas. Embora essas atividades sejam geralmente oti- mizadaspor operadores e gerentes especializados, um fator significativamente importante está faltando nessas decisões: 42 a condição de integridade dos componentes da máquina. Em resumo, é necessária uma integração de todos. • Frota de máquinas: é muito comum que máquinas semelhan- tes ou idênticas (frota de máquinas) estejam expostas a con- dições de trabalho completamente diferentes para diferentes tarefas. Em contraste, a maioria dos métodos preditivos e prognósticos é projetada para suportar um número único ou limitado de máquinas e condições de trabalho. Atualmente, os métodos de prognóstico e de gestão de saúde disponíveis não estão aproveitando a possibilidade de considerar essas máquinas idênticas como uma frota, reunindo conhecimento valioso de diferentes instâncias. • Qualidade do produto e do processo: como resultado do processo de fabricação, a qualidade do produto fornece mui- tas informações sobre a condição da máquina por meio de algoritmos de raciocínio retrógrados. O nível de qualidade do produto pode fornecer feedback para o gerenciamento do sistema, que pode ser usado para melhorar o agendamento da produção. Atualmente, esse ciclo de feedback não existe e precisa de mais pesquisas. • Grande conjunto de dados e computação em nuvem: o ge- renciamento e o processamento distribuído dos dados no ambiente de Big Data têm sido consideráveis para obter má- quinas autoconscientes e de autoaprendizagem. Isso se deve ao fato de que há certa limitação computacional das máquinas ao se processar esse grande conjunto de dados, podendo le- var semanas nessa atividade. Com isso, tem-se utilizado de ferramentas de computação distribuída e paralela de modo que o processamento seja distribuído em diversas máquinas automaticamente conforme a demanda. Além disso, pode-se aproveitar da flexibilidade e contratar um serviço de proces- samento em nuvem. Os recursos adicionais oferecidos pela computação em nuvem são consideráveis, mas a adaptação de algoritmos de gerenciamento de dados requer mais pesquisa e desenvolvimento. 43 • Rede de sensores e controladores: os sensores físicos ou ló- gicos são a porta de entrada da máquina para detectar o am- biente. No entanto, a falha e a degradação do sensor podem passar leituras erradas e imprecisas para os algoritmos de to- mada de decisão, o que resultará em um resultado incorreto. Contudo, pode-se aproveitar da duplicidade de sensores e de algoritmos de tolerância a falhas. Dessa forma, é importante destacar que o desenvolvimento de novas tecnologias acompanhou o desenvolvimento da indústria desde os sistemas mecânicos, para suportar processos de produção, até as atuais linhas de produção automáticas, a fim de que sejam rápidos e adaptáveis às exigências e demandas dinâmicas atuais do mercado. Com base nos avanços da industrialização e no cresci- mento da capacidade de processamento computacional e dos meios de comunicação via redes sociais, o contexto social dos indivíduos consumidores tem sido extremamente influenciado, alterando a percepção sobre inovação, qualidade, variedade e velocidade de en- trega de produtos. Isso tem exigido o estabelecimento de uma indústria com capacidade de identificar seu contexto social, público-alvo e de se ajustar e reconfigurar a sua linha de produção conforme o contexto muda. Podemos dizer que as empresas que possuem essas caracte- rísticas são empresas sensíveis ao contexto. Dois tipos de desenvolvimento inovador estão recebendo mais atenção pela academia e indústrias: inovação de serviços e Big Data industrial. Muitos países avançados, cuja base econômica é a indústria transformadora, fizeram esforços para transformar suas economias e revigorar a indústria. Eles têm sofrido ameaças dos mercados emergentes e da oferta global de manufatura cadeia. Por- tanto, as empresas de manufatura não só buscam inovação técnica de fabricação, mas também estão começando a focar no escopo de serviço. 44 A servitização é um conceito proposto por Vandermerwe e Rada (1988) e enfatiza as competências de foco no cliente e a agregação de produtos, serviços, suporte e conhecimento. Vamos continuar estudando! Além disso, os autores também afirmam que não somen- te empresas de serviços, mas também indústrias devem focar no desenvolvimento de produtos inovadores combinados com novos serviços, a fim de melhorar rapidamente competências essenciais. Baines et al. (2009) definiu servitização como inovação de capaci- dades organizacionais e processos, desde vendas de produtos até serviços integrados a produtos. A servitização também pode ser definida como a inovação estratégica de capacidades e processos da organização em mudar suas vendas de produtos isolados, para vender uma oferta que integre produtos e serviços agregando valor no uso, ou seja, um sistema de serviço para produto. Um exemplo popular é o laptop Macbook, da Apple, que vende junto com o hard- ware o sistema operacional específico da marca. Para se ter ideia, um Product Service System (PSS) é um caso de servitização, tendo em vista que um PPS pode ser entendido como um sistema de produtos, serviços, redes de apoio e infraestrutura. Eles são projetados para serem altamente competitivos e satisfa- zerem as necessidades dos clientes. No modelo de negócios do PSS, indústrias desenvolvem produtos com serviços de valor agregado em vez de único produto físico em si, com o objetivo de fornecer aos seus clientes os serviços que são necessários. Desse modo, o sentido da relação está no fato de que o objetivo do mercado dos fabrican- tes não é apenas a venda de produtos, mas o lucro contínuo dos clientes, como uma forma de assinatura fixa ou conforme a deman- da de uso dos usuários. Assista aqui um vídeo sobre os principais entraves da econo- mia brasileira e reflita sobre como a tecnologia poderá ajudar o país DEFINIÇÃO 45 a superar esses desafios: Aula 10 de Economia, “Economia Contem- porânea”, trecho de vídeo de 18m e 49s até 20m e 40s. Chegamos ao fim desta unidade. Abordamos, de forma efi- ciente e clara, todos os conteúdos e esperamos que você tenha assi- milado o conhecimento necessário sobre o assunto apresentado. Na próxima unidade, abordaremos os desafios profissionais na era da tecnologia, a importância, as oportunidades da profissionalização e planejamento de carreiras. Tenho certeza de que isso fará uma grande diferença na sua vida profissional. Siga em frente! Bom estudo! 46 UN ID AD E 2 Objetivos 1. Contextualizar os desafios, a importância e oportunidades da profissionalização; 2. Discutir como deve-se planejar a carreira considerando a globalização e a economia; 3. Discutir como gerar e promover a inovação em tempo de mudanças; 4. Entender os conceitos e desafios do empreendedorismo. 48 Introdução A presente unidade tem por objetivo apresentar uma visão geral dos desafios profissionais na era da tecnologia. Dessa forma, inicial- mente, serão contextualizados os desafios, a importância e opor- tunidades da profissionalização. Em seguida, serão discutidos como é possível planejar a carreira considerando a globalização e a eco- nomia, que sofrem diversas modificações. Adiante, abordaremos como gerar e prover inovação nesses tempos de mudanças. Por fim, apresenta-se alguns conceitos e desafios do Empreendedorismo. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Vamos nessa? 49 A formação profissional e seus desafios A sociedade tem passado por grandes transformações, especialmente nos últimos 50 anos. É de se referir que uma série de inovações tec- nológicas tem alterado de maneira radical e com uma velocidade espantosa o cotidiano das pessoas, deixando marcas na sociedade como nunca antes na história da evolução humana. De modo geral, pode-se destacar que o resultado dessas inovações está alterando nossas vidas tanto no âmbito pessoal quanto no profissional, ge- rando globalização econômica, social e educacional, bem comoo surgimento de um modo de vida batizado de sociedade do conheci- mento. Diante desse contexto, o progresso da tecnologia e a impor- tância do acesso à informação é super importante. Para que se tenha ideia da velocidade da evolução do conhe- cimento humano, segundo Pinto (2020), estima-se que o conheci- mento humano dobre de tamanho a cada 12 meses. a partir de 2020, estará dobrando de tamanho a cada 12 horas. Com base nessa infor- mação, imagine o desafio que será tentar acompanhar a evolução do conhecimento na área profissional de sua preferência? Isso se deve ao avanço da capacidade computacional e ao desenvolvimento de novos algoritmos que possibilitam realizar processamento cada vez maiores, em menos tempo, ligados à ca- pacidade de extração e a transmissão do conhecimento em qualquer formato de mídia, como texto, imagens, áudios e vídeos. Além do uso demasiado dos recursos disponibilizados na internet, fica explicito que essa globalização econômica e social tem transformado as relações e formas de trabalho. É cada vez mais comum a opção do emprego tradicional ser deixado de lado, e substituído por trabalho autônomo, o qual depende de certas ca- racterísticas, dentre as quais, podemos citar: alto nível de conhe- cimento técnico e social, criatividade, senso crítico, habilidade de inovar e se redesenhar em tempos de mudanças frequentes. Diante disso, possuir um diploma já não garante a empre- gabilidade. Esta característica está cada vez mais relacionada à qualificação, isto é, às habilidades técnicas e sociais normalmente requeridas na área de atuação. Como exemplos, podemos citar: 50 domínio de um ou mais idiomas, conhecimento específico sobre um determinado negócio e habilidade de operar uma ferramenta ou sistema. O mercado de trabalho tem procurado pessoas que sabem aprender e/ou buscam se reinventar. Pode parecer estranho essa expressão, mas como a tecnologia e as formas de negócio têm evo- luído rapidamente, não basta ser apenas técnico. O maior valor não está em, simplesmente, saber identificar e apontar os problemas, mas sim na habilidade de buscar soluções, o que implica na capaci- dade de aprender constantemente e ainda se reinventar. No final da década de 90, e início dos anos 2000, a linguagem de programação Delphi era muito útil para qualquer um que quisesse um espaço no mercado de trabalho de desenvolvimento de softwares. Porém, os tempos mudam, outras necessidades aparecem, e a tec- nologia evolui. Aqueles que aprenderam Delphi, mas não evoluíram para outras linguagens de programação como Java, encontraram grandes problemas no mercado de trabalho. Outro aspecto a ser levado em consideração é o fato de que sistemas/robôs estão ocupando cada vez mais os postos de trabalho operacionais, especialmente os maçantes e repetitivos. Isto se dá porque trabalhos repetitivos induzem à desmotivação, podendo le- var ao erro, produzir perdas e causar acidente de trabalho. Por outro lado, um sistema não vai se chatear, nem se desmotivar porque está carimbando mil livros por dia numa biblioteca ou, numa linha de produção automotiva, parafusando o mesmo local, em várias peças. Isto quer dizer que, feliz ou infelizmente, em pouco tem- po não teremos mais posto de trabalho operacional. Muitas vagas de emprego deixarão de existir, mas antes que você se de- sespere, muitas outras vagas de trabalho serão criadas, porém, com EXEMPLO 51 tendência menos operacional e mais sofisticada, de nível tático, ou nível gerencial. Atualmente, existem sistemas, robôs que contam quantos cliques do mouse você deu numa determinada página ou anúncio. Eles conseguem contar quantas vezes você acessou determinado assunto na internet, entre outras coisas. Imagine um anúncio de emprego como este: “Contrata-se funcionário para contar o número de vezes que os visitantes deste site clicam num determinado link ou anúncio.” Nenhuma pessoa conseguiria fazer isso em tempo hábil, não é mesmo? Mas pode, ao extrair o relatório diário/semanal/mensal sobre o número de cli- ques que um determinado site obteve, fazer considerações, verificar perfil dos visitantes e o mais importante, tomar decisões sobre qual deve ser o próximo passo. É fato que os sistemas informatizados e a inteligência artificial estão nos ajudando a construir ou formar a nossa base de conhecimento, mas, por enquanto, nós ainda estamos no comando. Outros fatores emergentes podem ser considerados, quando se trata da formação profissional, como a capacidade do trabalhador em gerenciar seus aspectos emocionais em determinadas posições. A educação da sociedade contemporânea Nesta sociedade de mercado contemporânea, o conhecimento é a chave de tudo, sendo que o papel do ser humano é fundamental. Vale ressaltar que um sistema de banco de dados, por exemplo, contém, como o próprio nome diz, apenas dados. No entanto, dados não implicam em informações e elas nem sempre implicam em co- nhecimento. O saber implica na capacidade de tomar decisões, criar situações e produtos inéditos. Devido a isso, o ser humano sempre estará envolvido no processo de conhecimento, tendo em vista que abordagens de inteligência artificial se baseiam em ocorrências de situações anteriores para poder cumprir sua tarefa, isto é, es- sas abordagens envolvem uma etapa denominada como etapa de treinamento do sistema inteligente, diferente do treinamento que acontece conosco. 52 O processo educacional sempre teve grande importância nas sociedades civilizadas e tem grande impacto na construção de ideias, na liberdade de expressão e num processo de criação de riqueza, de evolução, autêntico e harmonioso. Preocupado com esses aspectos, a Comissão Internacional de Educação da UNESCO definiu quatro pilares de enfoque para a educação: • aprender a conhecer • aprender a fazer • aprender a viver • aprender a ser. Com relação ao primeiro item, aprender a conhecer, consi- derando um mundo globalizado e a imensa quantidade de dados e informações gerados a cada momento, os desafios da educação deixaram de ser o quanto de informação a pessoa acumula, para desenvolver meios para que a pessoa consiga chegar à informa- ção e produzir conhecimento e conteúdo relevante baseados nela. Ratificando esta ideia, Siemens (2005), citado por Munhoz (2015), destaca que: [...] a aquisição de conhecimento algo que não pode ser transmitido, mas que decorre de uma quantidade de interações que você venha a desenvolver na grande rede. Ou seja, não é possível adquirir pessoalmente toda a quanti- dade de informações sobre algum assunto em particular, isso somente ocorre com a colabo- ração de outros participantes da grande rede. (MUNHOZ, 2015, p. 39). Com base nisso, estar conectado é fundamental para manter o aprendizado, pois esta nova maneira de organização do proces- so educacional tem pregado que ela deva ocorrer ao longo da vida, ou seja, o indivíduo sempre estará em processo de aprendizado, a fim de que esteja em constante melhoria de si mesmo, no sentido mais amplo da vida, não se limitando ao campo profissional. 53 Com relação ao terceiro item, aprender a viver, vale a pena destacar que a interdependência da sociedade moderna e a forma como as relações internacionais têm se tornado cada vez mais im- portantes para a economia local, aprender a viver em conjunto tem sido um dos itens fundamentais da educação, no que tange a convi- vência e a relação com culturas diferentes. Outro autor de destaque é Morin (2000), o qual apresentou um conjunto de sete reflexões de melhoria da educação, que vere- mos a seguir: • O conhecimento admite erros, tendo em vista que ela é com- posta por seres humanos, que são sujeitos a falhas; • O conhecimento é pertinente, ou seja, promove um conheci- mento que é capaz de entender problemas locais e globais; • O ensino deve ser centrando na condição humana, ou seja, ela deve abordar questões do plano físico, social, cultural e histó- rico do indivíduo; • O ensino deve estarcomprometido com a “identidade da ter- ra”, ou seja, deve respeitar as diversas maneiras que o indiví- duo decide levar a sua vida local, como questões emocionais e espirituais; • A lógica determinística deve dar espaço à lógica da incerteza; • O ensino deve promover a compreensão nos mais diversos espaços, discutindo e tratando questões como racismo, xeno- fobia e outras formas de exclusão; • O ensino deve promover a questão da ética, ou seja, tratar também as condições humanas no íntimo do ser, trabalhando com a questão da humanização e diversidade. Como podemos notar, o processo educacional moderno está fortemente atrelado à capacidade intelectual, individual dos estu- dantes e aos princípios éticos, sendo que ele deve preparar os mes- mos para lidar com as mudanças no ambiente cultural, na economia e com as mudanças tecnológicas. Essa habilidade de atuar e se adaptar a novos ambientes e contextos, devem vir acompanhada de 54 características como iniciativa e determinação. Diante desse con- texto, a universidade assume um papel mais amplo, reforçando os valores éticos e morais da sociedade e dando maior ênfase para o desenvolvimento pessoal dos indivíduos em conjunto com a prepa- ração profissional deles. Apesar dos avanços, vale a pena verificar os seguintes apon- tamentos: (1) de acordo com a reportagem do jornal Estadão, “três em cada dez jovens e adultos entre 15 e 64 anos no País — 29% do total, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas — são consi- derados analfabetos funcionais”. (PALHARES e DIÓGENES, 2018). Analfabetismo funcional, é a pouca capacidade que algumas pessoas apresentam, para a compreensão de textos simples. Estas pessoas não conseguem decodificar letras, e até frases inteiras, bem como não possuem habilidade de interpretação de textos. Desafios para a profissionalização O crescente avanço socioeconômico do Brasil e suas alterações nos processos de trabalho tem gerado uma nova demanda para o setor educacional, relativamente à geração de demandas de qualificação técnica e profissional dos trabalhadores. Isto se deve ao fato de que as modificações nos setores produtivos e na economia, as formas do trabalho e o perfil do trabalhador foram alterados substancialmente. A elevação nos níveis de escolaridade da população e a concorrên- cia internacional são alguns dos fatores que promovem a exigência, cada vez maior, de requisitos para as vagas ofertadas. Além disso, no que tange as demandas para ocupação do tra- balho, pode-se elencar pelo menos quatro categorias, a saber: 1. A que o trabalhador espera receber; DEFINIÇÃO 55 2. A requerida para operação de uma nova tecnologia (exigência de quem produz); 3. A requerida pela empresa que adota a nova tecnologia; 4. A transmitida ao trabalhador por meio de cursos técnicos-profissionalizantes. Entende-se que o trabalho como forma de educação pode contribuir no desenvolvimento profissional do trabalhador. Esta vi- são se tem quando o trabalho é entendido como um processo, que possibilita a formação baseada nos conhecimentos acumulados ao longo da história da humanidade. Isso se dá por meio da opera- cionalização do currículo que promove a apropriação das ciências, de maneira mais ampla e genérica, voltado ao desenvolvimento humano. Dessa forma, a formação profissional, do ponto de vista da composição, em que o trabalho é a base educativa, inclui o exercí- cio das habilidades técnicas. Para tanto, seu principal objetivo tem sido os estudantes assimilarem também embasamentos científicos, que são a base de diferentes tecnologias. Essas tecnologias não só caracterizam as relações de produção, mas também seus processos. O empregador também pode colaborar para a aprendiza- gem de seus funcionários, desde que trabalhem ativamente nos processos, e sejam inclusos nos variados treinamentos, tais como: • Ensino a distância: é uma forma de ensino em que o estu- dante não precisa frequentar presencialmente a instituição, podendo ser realizado via internet ou correspondência. Nesse tipo de ensino, exige-se muito empenho por parte do aluno, de modo que ele consiga se organizar e manter seus estudos regularmente; • Cursos presenciais: é a forma mais tradicional de ensino, onde normalmente o aluno se dirige até uma instituição de ensino de forma regular durante o curso; • Coaching: é uma orientação técnica personalizada por parte de um profissional especializado, a fim de que seus clientes alcancem seus objetivos específicos; 56 • Mentoring: é uma técnica de treinamento que ajuda as pes- soas a se tornarem melhores no âmbito profissional e na vida pessoal. Os desafios para a formação do profissional do futuro De acordo com dados publicados pela equipe Companhia de Talentos, 1,2 milhões de jovens se candidataram a 6000 vagas de trabalho, oferecidos nos processos seletivos, porém, essas 6000 posições não foram totalmente preenchidas. Embora a competição esteja em contínua expansão, o que se pode entender é que há um aumento dos requisitos e das necessidades de identificação de perfis profissionais relacionados às competências exigidas. Nesse âmbito, ressalta-se que, devido a problemas para en- contrar o profissional adequado, as organizações têm duas saídas: 1. Buscar o profissional no mercado externo; 2. Diminuir os requisitos profissionais exigidos, procurando, assim, assegurar as suas ações operacionais. Como exemplo, podemos citar o fato de que algumas insti- tuições têm renunciado à imposição de fluência em Língua Inglesa, a fim de assegurar a contratação de funcionários que possuem me- lhor fluidez nas Soft Skills. SAIBA MAIS 57 Soft skills são as competências relativas à personalidade e compor- tamento do profissional. Envolvem aptidões mentais, emocionais e sociais. Podemos dizer que são habilidades particulares, pois nas- cem de acordo com as experiências, cultura, criação e educação de cada pessoa, entre outros fatores. (CAMINHA, 2018) Embora os brasileiros já demonstrem importantes progres- sos na construção de habilidades como tarefas em grupo, diálogo e afinidade e habilidade de analisar oportunidades, a sustentação de ideias e fundamentos são funções que ainda precisam ser aperfei- çoadas por eles. A figura abaixo ilustra algumas das características classifica- das como soft skills: Figura 1 – Características do solf skills Fonte: storyset / Freepik (adaptado pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023)) / Disponível em: https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-de- habilidades-suaves_24488084.htm DEFINIÇÃO 58 Paralelamente à demanda pelas soft skills, a transformação da tecnologia, ciência e dos setores produtivos fez surgir uma corrente que afirma que a modernização supostamente venceu a humanida- de, assumindo a posição das pessoas e tomando seus serviços. Ideia que têm sido frequentemente manifestada nas exposições de em- presas, na contratação, e que tem ostentado o fim de 2 bilhões de funções, cujos procedimentos têm sido substituídos por máquinas. Tendo isso em vista e, contrariando o que tem ocorrido em boa parte dos cursos, os quais concentram o aprendizado no desen- volvimento de conhecimentos técnicos, é necessário construir for- mas que melhorem as possibilidades de evolução do conhecimento, da sabedoria e competências, relativas à imaginação, inovação e pensamento lógico. Também acrescentando, é necessário que as instituições de ensino se atentem em criar questões para o conhecimento, que propiciem os indivíduos a tomar decisões, trabalhar com condições atípicas e utilizar o pensamento lógico perante essas condições. Porém, o que se tem compreendido é que as instituições de ensino superior têm considerado as “Soft Skills”, por necessidade, em se- tores periféricos e tem concentrado as atividades na expansão dos hard skills (veja definição abaixo). As competências técnicas que acrescentamos ao currículo são as chamadas “hard skills”. São as habilidades que podem ser ensi-nadas em uma capacitação. Por exemplo: o uso de ferramentas e conhecimentos profissionais. Elas são desenvolvidas nos treina- mentos corporativos para melhorar a qualificação profissional. (CAMINHA, 2018) Em referência as “Soft Skills” vs. “Hard Skills”, é importante considerar que, além de pensar na formação do profissional do Sé- culo XXI, devemos entender como deve ser a instituição que prepara DEFINIÇÃO 59 os indivíduos na formação técnica. Sendo que algumas habilidades, mencionadas anteriormente, são desenvolvidas a partir da infân- cia, período em que as sinapses nervosas ainda estão em processo de formação. É fundamental que se entenda a dimensão da formação de uma escola que capacite as pessoas para o inesperado, fazendo re- ferência às boas práticas e utilizando o raciocínio lógico no dia a dia. Para tanto, é necessário entender e tratar essa visão de ensino como sinais para a organização das tarefas das escolas e cursos. Por fim, seja nas Instituições de Ensino Superior ou nas Ins- tituições de Ensino Básico Fundamental, é necessário que existam condições próprias para a construção e para o desenvolvimento de práticas relacionadas às necessidades técnicas do amanhã. Estas propõem o uso de áreas em que estudantes consigam ser estimu- lados a apresentar ideias, reduzir conflitos e considerar medidas como ética, liberdade e responsabilidade. Com isso, a educação deve se reformular imediatamente. Agora que estudamos sobre os conceitos, competências, ha- bilidades e desafios para o desenvolvimento da formação profissio- nal, vamos seguir e conhecer nosso próximo assunto: Planejamento de Carreira. Vamos além? Planejamento de Carreira Em um mundo globalizado, concorrido e em constante mudança, o ato de planejar uma carreira não é tarefa simples. Ser uma pes- soa bem-sucedida, ter uma carreira de sucesso e fazer o que gosta, são objetivos de vida que, hoje em dia, estão intimamente ligados à sensação de realização pessoal e felicidade. Ao contrário dos nossos antepassados, cuja profissão lhes era imposta pela família, ou pela sua origem, ou seja, a linhagem à qual pertenciam. Atualmente, a possibilidade de escolha de uma profissão e a gama de possibi- lidades acaba por ser uma desvantagem para os que não tomam o 60 cuidado de fazer um mapa, com objetivos claros, de onde querem chegar ou do que querem conquistar. Como primeiro passo, vamos identificar o que significa o termo “carreira”. Segundo Dutra (1996), citado por Tofoli e Tofoli (2015, p. 4), “a carreira é tida como uma série de etapas e transições que variam de acordo com as pressões sofridas pelo indivíduo, ori- ginadas pela própria pessoa ou pelo ambiente no qual está inserido”. Nesse sentido, podemos deduzir que, assim como num jogo, precisamos ter estratégia para transpor os obstáculos que nos im- pedem de passar de uma etapa para a seguinte, com planos de atin- gir um objetivo. Esta estratégia pode ser amparada por um plano, o qual chamaremos de Plano de Carreira. Neste tópico iremos abordar o assunto Plano de Carreira, seguindo duas perspectivas distintas, porém não mutuamente ex- clusivas. A primeira, e mais tradicional, faz referência ao plano de carreira definido pela empresa no intuito de informar ao funcioná- rio as normas e regras de promoção vigentes, isto é, a quais posições o indivíduo poderá se candidatar, quais os pré-requisitos, respon- sabilidades e, principalmente, qual será o salário, caso ele venha assumir determinada posição do quadro de funcionários da empre- sa. É conhecido também como Plano de Cargos e Salários. Numa definição formal, temos de acordo com o SEBRAE (2017): Plano de carreira é um programa estruturado que estipula o caminho que cada funcioná- rio vai percorrer dentro de uma organização. Ele determina as competências necessárias para cada posição hierárquica e também qual é a expectativa da empresa em relação àquela posição. A esta primeira perspectiva de estudo para o Plano de Carreira vamos denominar de: Plano de Carreira Empresarial. A segunda perspectiva a que nos referimos no início deste tó- pico trata sobre o plano de carreira que o próprio profissional define para a sua vida, o qual será chamado de Plano de Carreira Pessoal. A partir de agora, vamos detalhar cada um deles. 61 Plano de carreira empresarial É de se referir que este tipo de plano de carreira é uma ferramenta organizacional voltada para a gestão de pessoas, criada pela em- presa (normalmente pelo departamento de RH) com objetivo de organizar seu quadro de funcionários e determinar funções, res- ponsabilidades e benefícios relativamente à cada cargo que um de- terminado funcionário pode ocupar dentro do organograma dela. Por outro lado, o referido plano contribui para diminuir a ansiedade dos funcionários, ao mesmo tempo que os motivam, já que, confor- me apontado por SEBRAE (2017), “o funcionário destas empresas sabe bem o que pode esperar nos próximos anos, que degraus pode subir e como desenvolver as competências que o levarão até lá”. Porém, é importante destacar aqui que, segundo Pontes (2017, p. 27), os fundamentos da “Teoria das Relações Humanas” apontaram que o salário não está entre os fatores determinantes do processo de motivação do funcionário. Outros fatores tais como se- gurança no emprego e do emprego, socialização e qualidade de vida foram os mais citados. Isso nos leva a perceber que as necessidades humanas, con- forme estudado por Maslow ¹, não se mantém estagnadas, mas se- guem uma escala crescente, de maneira que, [...] a partir do momento em que temos uma necessidade satisfeita, a necessidade seguinte da escala passa a ser o fator motivador, pas- sando a ser o objetivo a ser alcançado e dessa forma, exercendo influência em nossas atitu- des. (PONTES, 2017, p. 28) ¹ Abraham Maslow: Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo norte- -americano, conhecido pela Teoria da Hierarquia das Necessidades Huma- nas ou a Pirâmide de Maslow. Fonte: e Biografias – Disponível em: https:// www.ebiografia.com/abraham_maslow/ - acessado em: 01 nov. 2018 62 Relativamente, à tipologia, os planos de carreira, segundo SEBRAE (2017), podem ser divididos em dois, como você verá a seguir: • Plano de carreira em Y: esse plano sugere que, a partir de um determinado cargo, o funcionário encontra uma bifurca- ção: ele precisa escolher se segue carreira de especialista ou de gestor. • Plano de carreira em W: esse plano, além dos dois caminhos sugeridos pelo plano de carreira em Y, aponta um terceiro caminho, o qual é o misto dos outros dois. Em vez de seguir como especialista ou gestor, o profissional pode se tornar um gestor de projetos. De maneira mais detalhada, Pontes (2017) apresenta uma maior variedade de possibilidades, as quais transcrevemos abaixo: • Carreira por linha hierárquica: aquelas que culminam em cargos como gerente, seguidos de cargos mais estratégicos, como diretor, Vice-presidente e Presidente. • Carreira em Y: tenta equilibrar duas vertentes, uma de car- gos técnicos e especializados, e outros de gestão, apresentan- do níveis hierárquicos correspondentes para os dois ramos de carreira. • Carreira por linha de especialização: uma estrutura mais fe- chada em que o colaborador que começa, por exemplo, como auxiliar de marketing, seguirá cargos em linha reta até geren- te de produto, ou superintendente de marketing, sem se des- viar desta rota. • Carreira por linha de polivalência: modelo oposto ao ante- rior, permite que os colaboradores transitem entre departa- mentos e áreas, conforme suas carreiras evoluem. • Carreira por linha generalista: incentiva o conhecimento profundo de uma área, sempre complementado pelo conheci- mento geral de gestão e da empresa. 63 • Carreira mista: adoção de um conjunto dos planos anteriores, adaptados para as características da empresa. De fato, trabalhar numa empresa que apresenta um plano de carreira claro e bem definido facilita a vida do profissional, porém,é de se refletir que, nos últimos tempos, estatísticas têm mostrado que é cada vez mais comum uma pessoa mudar de emprego (e de empresa) durante sua vida profissional. Nesta linha, pensamos ser relevante abordar além do tradicional plano de carreira empresa- rial, o plano de carreira pessoal, tópico a seguir. Plano de carreira pessoal Conforme destacado por Galdino (2013), citado por Tofoli e Tofoli (2015), uma das principais responsabilidades de um plano de car- reira está em permitir que a pessoa se insira em um percurso ade- quado de autoconstrução como profissional, considerando suas habilidades, de modo que consiga alcançar o sucesso profissional. Sendo assim, o profissional pode deixar este planejamento por con- ta da empresa ou pode fazer seu próprio planejamento. Nesse sentido, Gonçalves (2007), citado por Tofoli e Tofoli (2015), afirma que cada pessoa deve se responsabilizar por planejar sua própria carreira, “principalmente pela razão de serem elas as que possuem maior conhecimento sobre si e planejam onde preten- dem chegar”. Duas considerações se revelam importantes no momento de planejar sua própria carreira: 1. Estabeleça metas atingíveis de curto e médio prazo; 2. Depois de planejar é necessário agir. Relativamente ao que se deve levar em conta para se montar um plano de carreira pessoal, o professor Fonçatti (2012) destaca três itens: • Contexto Pessoal – neste sentido precisamos considerar: • O que eu gosto? 64 • No que sou bom? • O que quero vir a ser? • Quais são meus valores? • Contexto Social: • Que profissões eu conheço de perto? • Onde quero morar? • Pretendo conciliar trabalho e estudo? • Informações: • O que se faz na profissão que desejo escolher? • Onde posso trabalhar? • Com quem se trabalha? • Como é o curso? O mesmo autor destaca ainda que, por melhor que seja seu planejamento, a carreira normalmente não acontece de maneira linear, sem nenhuma dificuldade e “quanto mais informações sobre você mesmo e sobre o mundo profissional você tiver, melhores se- rão as suas chances de ter uma carreira bem-sucedida” (FONÇATTI, 2012). Espero que a importância desses conceitos tenha ficado mais clara e possa ajudar você a planejar melhor sua carreira profissional. Agora, avançaremos e iremos estudar sobre Inovação. Vamos em frente! Inovação em tempos de mudanças O cenário atual tem demonstrado que estamos vivendo transfor- mações muito intensas no mercado, na capacidade computacio- nal e de comunicação, nas formas de organização das instituições 65 e, consequentemente, no modo de obter e produzir conhecimento e inovação. Devido à intensidade das mudanças, essa fase da eco- nomia que estamos vivendo tem sido denominada de Economia Baseada no Conhecimento ou mesmo, Economia baseada no Apren- dizado (Lemos, 2009). Embora, os meios de comunicação tenham evoluído de forma que a informação chegue cada dia mais rápida a todos, muitos esforços são feitos para que, cada vez mais, novos conhecimentos possam se tornar apropriados. No ambiente econômico, muito vem se discutindo sobre a inovação, sua natureza, características e fontes, como o objetivo de buscar uma maior compreensão de seu papel em frente ao desen- volvimento econômico. De forma geral, podemos compreender a inovação em duas categorias: a radical e a incremental. Desse modo, no contexto deste livro, entende-se que a inovação radical é alcan- çada com a inserção de um novo produto, processo ou serviço na sociedade, inteiramente inédito, sendo que promove uma ruptura de algum padrão tecnológico anterior, permitindo inclusive a gera- ção de novos mercados. Somado a isso, elas podem gerar uma signi- ficativa redução de custos e aumento da qualidade dos produtos ou serviços, alterando significativamente a satisfação ou experiência dos seus clientes ou usuários. Exemplos de inovações radicais foram o desenvolvimento dos computadores pessoais e a conexão com a Internet, sendo que essas duas tecnologias têm alterado as relações econômicas, de trabalho e pessoais. Já a inovação incremental é caracterizada por uma melhoria de um processo, serviço ou produto, sem grandes alterações nas es- truturas de produção ou de oferecimento de serviço. Um exemplo de inovação incremental é a evolução dos protocolos de internet, que sempre sofrem atualizações com o objetivo de oferecer mais segu- rança e melhoria da velocidade de navegação do usuário. Algumas melhorias, muitas vezes, podem passar despercebidas para o usuá- rio final, como, por exemplo, a última atualização do WiFi ou a últi- ma atualização do sistema operacional Windows. Contudo, sabe-se que o conceito de inovação é uma discus- são sem fim, podendo em cada área de atuação ter um significa- do e compreensão diferente. Com isso, vale a pena ressaltar que o entendimento existente sobre as inovações e suas consequências 66 econômicas, ainda são limitadas. Nesta seção, trataremos sobre inovação, da forma mais habitualmente utilizada. Inovação pode ser compreendida como a busca, a descoberta, expe- rimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos processos, produtos e novas técnicas organizacionais. Dosi (1988) citada por Lemos (2009). Vale a pena ressaltar que o sentimento de inovação é com- preendido e altamente relacionado a sua fonte de geração. Dessa forma, é possível perceber inovação com base na ciência, na expe- riência cotidiana, no design, na gestão, na produção e comercializa- ção de produtos e serviços. Ou seja, a inovação pode estar fortemente dependente do contexto em que ela se insere. Podemos considerar que a inovação dificilmente ocorre sozinha, tendo em vista que ela é altamente dependente de contexto e seu processo é interativo, isto é, envolve vários agentes econômicos e sociais, que possuem conhecimentos diversos. Portanto, inovação pode envolver vários departamentos de uma empresa, como também empresas distintas, universidades, centros de pesquisa, entre outros. Além disso, é possível observar que o paradigma atual está fortemente baseado na tecnologia da informação, e tem possi- bilitado uma mudança radical nas formas de interação e troca de informações, envolvendo diversos agentes, como, por exemplo: profissionais de hardware, infraestrutura e software, inseridos tanto em universidades e centros de pesquisa, quanto em empresas mul- tinacionais de tecnologia. O fato é que o processo de inovação tem aumentado consideravelmente sua velocidade nos últimos anos. Essa aceleração da tecnologia é tão perceptível, que tem afetado positivamente a economia, pela melhoria e agilidade dos siste- mas produtivos. Com a finalidade de acompanhar essas mudanças, DEFINIÇÃO 67 faz-se perceber o crescente número de parcerias de colaboração en- tre empresas e institutos de pesquisa. Pela conjuntura atual, pode-se compreender o processo de inovação como interativo, dependente das características de cada agente que compõem o processo da habilidade em aprender, gerar, absorver conhecimentos e promover articulações entre diferentes fontes e agentes de inovação. Além disso, muitas vezes é estrita- mente condicionado à capacidade de observar o ambiente e extrair conhecimento relevante dele. Dessa forma, direcionamos a atenção ao local onde as inova- ções estão sendo promovidas. Com isso, você pode perceber que, por muito tempo, a distribuição geográfica da capacidade e promoção da inovação ficou concentrada principalmente em algumas regiões do mundo, enquanto outras assumiram apenas o papel de consumi- doras (Lemos, 2009). Isso tem enfatizado que a inovação e o conhe- cimento tecnológico tem sido altamente localizado. Um exemplo disso é que o maior número de patentes e de artigos científicos são originados de países desenvolvidos. Contudo, vale a pena ressaltar que formatos organizacionais como distritos industriais, em que empresas estão próximas e compartilham os mesmos espaços, têm facilidade em criar redes de cooperação apresentando um aprendi- zadointerativo e de alta confiança nas relações, o que tem gerado diversas vantagens e diversidade em termos de inovação. Além disso, a economia baseada no aprendizado e no conhe- cimento tem reunido itens altamente relevantes, que podem ser incorporados para o estabelecimento de políticas de inovação alternativas. Tradicionalmente, as políticas de inovação focaram em padrões de promoção do desenvolvimento tecnológico, indus- triais e pequenos projetos individuais específicos. Todavia, tem surgido a necessidade de desenvolvimento de novas políticas que visam o desenvolvimento individual de empresas como centros de inovação, além de repensar as próprias instituições envolvidas na formulação dessas políticas, a fim de tornar menos burocrático o processo de inovação utilizando novas ferramentas e metodologias da tecnologia da informação. 68 O papel dessas políticas que visam organizar e promover o processo de inovação tem se tornado cada vez mais importante, demonstrando seu potencial de intensificar a competitividade e promoção do aprendizado por meio de financiamento de diversas pesquisas. No Brasil, por exemplo, há uma lei denominada Lei da Informática, que busca financiar pesquisas de inovação em diversas empresas. A Lei de Informática (conforme as leis 8.248/91,10.176/01, 11.077/04e13.023/14) é uma lei que oferece estímulos fiscais para companhias do setor de tecnologia da informação, que tenham por prática investir em Pesquisa e Desenvolvimento. Esses apoios fis- cais referem-se à redução do IPI em produtos habilitados. O governo federal tem utilizado esse mecanismo para incentivar investimen- tos em inovação no setor de hardware e automação por parte da indústria nacional. Finalizamos o capítulo que aborda sobre o tema: Inovação. Agora, vamos seguir e estudar nosso próximo assunto: Em- preendedorismo, e assim, concluirmos essa Unidade. Vamos lá! Empreendedorismo Introdução Iniciamos este tópico desvendando os conceitos de empreender, empreendedor e empreendedorismo, de modo a termos uma mes- ma base para analisar seus impactos nos temas abordados a seguir. SAIBA MAIS 69 Nesse sentido, temos que Diniz (2014) aponta que em- preender é o modo de pensar e agir de forma inovadora, identificando e criando oportunidades, inspi- rando, renovando e liderando processo. Tor- nando possível o impossível e entusiasmando pessoas, combatendo a rotina, assumindo ris- cos em favor do lucro. A complementar a ideia, Hashimoto (2014), destaca que Empreender é ter autonomia para usar as me- lhores competências para criar algo diferente e com valor, com comprometimento, pela de- dicação de tempo e esforço necessários, assu- mindo os riscos financeiros, físicos e sociais. O mesmo autor relaciona as características que, segundo ele, estão sempre presentes na ação de empreender: (1) Autonomia; (2) Dedicação; (3) Risco; (4) Coragem; (5) Valor. Já no que diz respeito ao termo “empreendedor”, temos o site do SEBRAE (2017) que de- fine como “aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, ou seja, aquele que realiza antes, que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação”. De acordo com Batista e Pessoa (2005), empreendedor é uma pessoa que “emprega os recursos disponíveis de forma criativa, as- sume riscos calculados, busca oportunidade e inova”. Já o escritor Augusto Cury, citado por Diniz (2014) apresenta uma definição mais ‘sublime’ para o termo empreendedor: Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os proble- mas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes que ninguém tomou. É ter consciência de que quem vence sem obstácu- los triunfa sem glória. É não esperar uma he- rança, mas construir uma história... Quantos projetos você deixou para trás? Quantas vezes 70 seus temores bloquearam seus sonhos? Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acon- tecer, mas conquistá-la. E, por fim, relativamente ao termo empreendedorismo, te- mos que, de acordo com Fillion e Laferté (2003), este termo não deve estar relacionado a um domínio específico, tal como, a disci- plina acadêmica de física, geografia ou história, mas a um campo de estudo. Seu conceito está mais relacionado à ideia de grupo de estudos interdisciplinar, isto porque, segundo os autores, ainda não existe um consenso científico. Nesse sentido, os autores destacam que, apesar de não existir teoria absoluta a respeito do tema, o ter- mo empreendedorismo pode ser definido como sendo um conjunto de práticas capazes de garantir a geração de riqueza e a melhor per- formance, àquelas sociedades que as apoiam e praticam. Figura 2 – Business Fonte: rawpixel.com / Freepik / Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-gratis/ vista-aerea-do-grafico-de-analise-de-dados-de-negocios_19069396.htm Tipos de empreendedorismo De acordo com Batista e Pessoa (2005), o empreendedorismo pode ser classificado relativamente à sua área de atuação. Sendo assim, os autores apresentam a seguinte classificação para o tema: 71 • Empreendedorismo Corporativo: É o processo de identifi- cação, desenvolvimento, captura e implementação de novas oportunidades de negócios, dentro de uma empresa existente. • Empreendedorismo Social: É o processo que tem início com uma ideia associada a um ou mais problemas sociais relevan- tes. A sua força e criatividade estão no impacto social, na sua capacidade de gerar soluções eficientes e eficazes para os pro- blemas identificados. • Empreendedorismo de Negócios: Está relacionado à compe- titividade do negócio; em busca dos diferenciais competitivos; de vencer a concorrência; conquistar clientes; e alcançar a lu- cratividade e a produtividade necessárias à manutenção do empreendimento. Verifique a bibliografia indicada no final deste material para co- nhecer mais detalhes sobre estes tipos de empreendedorismo. Relativamente ao estilo do empreendedor, o professor Marques (2018) destaca cinco grandes tipos de empreendedorismo, relacio- nados abaixo: • Empreendedorismo Determinado: Composto por indivíduos que não tem medo de desafios e constroem suas empresas do zero sem copiar ou se frustrar com o sucesso alheio; • Empreendedorismo Experiente: Os profissionais com esse perfil usam a experiência a seu favor, ao planejar o futuro do negócio com embasamento e segurança; • Empreendedorismo de Imitação: Como o próprio nome diz, neste tipo de empreendedorismo estão agrupados os indiví- duos que admiram o sucesso de outra empresa e desejam se- guir um caminho semelhante; SAIBA MAIS 72 • Empreendedorismo Cético: os indivíduos que se encaixam nessa categoria acreditam que os empresários de sucesso ti- veram sorte e também acreditam que ele poderá ter isso. E se algo der errado, a culpa será do azar. • Empreendedorismo de Pesquisa: composto pelos indivíduos que estão sempre estudando novas tecnologias, as possíveis inclinações do mercado, o impacto de acontecimentos atuais e até como os eventos do passado ainda podem ter influência sobre o que acontece hoje em dia, ou seja, eles procuram ob- servar qual pode ser o próximo potencial no mercado. Importância do empreendedorismo na sociedade Apesar de estar normalmente associado à iniciativa, inovação e ao desembaraço, o empreendedorismo não é um fenômeno individual nem mesmo uma característica inata. Segundo Fillion e Laferté (2003, p. 4), “o empreendedorismo é, sobretudo, um fenômeno social e exprime-se na sociedade a partir de valores relativamente consensuais”. Os mesmos autores ainda destacam que “a expres- são empreendedora se constrói em torno do que é valorizado numa sociedade”. Podemos deduzir, de acordo com os itens vistos acima, que o ato de empreender impacta a sociedade no momento em que ele acontece, assim como as características e valores de uma determi- nada sociedade são fatores que devem ser considerados quando se deseja empreender. Outros autores confirmam a ideia, destacandoque, o ato de empreender tem impacto direto na sociedade que propicia a gerar empregos, movimentar a economia local e, por fim, produzir rique- zas. Dessa forma, podemos verificar os apontamentos realizados por Lalkaka (2001), no qual destaca que: “há cada vez mais reconheci- mento mundial do importante papel do empreendedorismo basea- do no mercado como motor de geração de empregos e crescimento 73 econômico”. Relativamente às empresas de tecnologias, o mesmo autor evidencia que: Os efeitos diretos sobre o emprego das novas empresas de base tecnológica são limitados, mas as oportunidades adicionais, tanto a montante como a jusante, e os efeitos “multiplicadores” em toda a economia normalmente superam em número o emprego di- reto por um fator significativo. (Lalkaka, 2001) Nesse contexto de empreendedorismo, é importante ressal- tar o papel das tecnologias da informação, pois nunca antes na his- tória da humanidade, a informação esteve tão disponível, por meio de cursos on-line, tutoriais e livros na internet. Razões para empreender Além da definição formal do termo empreendedorismo, podemos considerar um significado atualizado, o qual também inclui “mu- dar o mundo rompendo paradigmas”. Estabelecer uma mudança geral, criar um objeto inovador ou apresentar uma nova solução de mudança de vida, fazer suas próprias escolhas, bem como ten- tar ter o controle de suas próprias carreiras e sonhos, podem ser exemplos destes paradigmas a serem rompidos pela capacidade de empreender. [...] independentemente de estarem criando empregos ou um novo produto, eles constan- temente agem para garantir o progresso, tendo em vista que na ambição de que seus negócios cresçam, pode ser que haja a criação de novos postos de trabalho. Além disso, a razão para uma pessoa empreender pode ser unicamente com o objetivo de obter lucro. Um empreendedor pode, por exemplo, ser uma pessoa que configura sua primeira loja on- -line ou um freelancer que está apenas começando um trabalho nas horas vagas, que pode, eventualmente, dar origem a um negó- cio sustentável em tempo integral. Importante destacar que ser um empreendedor não se limita apenas em ser um criador de ‘negócios’, 74 mas também em perceber possibilidades e soluções em locais que as outras pessoas não perceberam. Com base em algumas reportagens publicadas em sites, lis- tamos abaixo algumas das razões pelas quais as pessoas se tornam empreendedoras: • Para mudar o contexto a sua volta; • Querem mais liberdade; • Não querem limitação de horário; • Querem arriscar; • Não possuem emprego; • Não se encaixam em outras empresas; • São curiosos; • Eles são ambiciosos. Características das competências empreendedoras Nesta seção, serão discutidas as particularidades fundamentais que formam o empreendedorismo com base nas competências do empreendedor e, conforme abordado por Lemos (2016), essas ha- bilidades estarão subdivididas em três categorias que possuem intersecções e interações. Aprendizado com base no comportamento Nesta primeira categoria, os comportamentos estão relacionados aos conhecimentos, às habilidades e às atitudes. O conhecimento tem a ver com a maneira como os empreen- dedores apreciam e empregam seus conhecimentos na forma de fatos, práticas, ideias, princípios e conceitos. Os conhecimentos 75 também são utilizados para desenvolver procedimentos, métodos e técnicas. (LEMOS, 2016, p. 3) Já no que diz respeito às habilidades, pode-se dizer que elas se referem às habilitações que os empreendedores possuem e se elas se encontram adequadas às suas atividades e nos níveis desejados. (LEMOS, 2016, p. 4) Por fim, as atitudes são formas estabelecidas de se pensar ou agir sobre determinada atividade ou sobre uma outra pessoa e estão intimamente ligadas ao comportamento. No momento de conceber e praticar suas atividades empreendedoras, as atitudes relacionadas que se manifestam podem se mostrar adequadas ou não a estas ati- vidades. (LEMOS, 2016, p. 4). Competências pessoais, técnicas e gerenciais A segunda forma de evidenciar as competências considera as mes- mas empreendedoras em termos pessoais, técnicos, gerenciais, contextuais e de gestão do processo empreendedor. As competências pessoais, conforme destacado por Lemos (2016), é o conjunto complexo de características que formam a per- sonalidade do empreendedor, que podem englobar desde traços de personalidade, crenças, valores, mentalidades e características psi- cológicas de cada indivíduo. Fica claro que as características apresentadas acima envol- vem questões emocionais, paixões, desejos, comportamentos pes- soais, até questões sobre o estilo de vida do empreendedor. Lemos (2016) destaca ainda que: • O estilo de vida quase sempre envolve uma dedicação intensa de tempo ao desenvolvimento da carreira empreendedora; • As competências técnicas têm a ver com as habilidades mais ligadas a determinados procedimentos, como a capacidade de utilizar ferramentas e programação de computador; 76 • As competências gerenciais são, em geral, habilidades bas- tante relacionadas à organização do empreendimento e ao desempenho de determinadas funções da gestão. Competências de conhecimento e gestão da inovação A lista de competências apontada por estes estudos tem a seguinte composição, segundo relatório de Lemos (LEMOS, 2016, p. 7): • Competências para geração de ideias; • Competências de reconhecimento e aproveitamento das oportunidades; • Capacidade de formular estratégias para aproveitar as oportunidades; • Habilidades de gestão; • Habilidades de coordenação e direção; • Competências conceituais e analíticas; • Habilidades de gestão de clientes; • Habilidades de delegação e motivação; • Habilidades de liderança. Assim, encerramos a Unidade 2. Estudamos sobre a impor- tância e os desafios para o desenvolvimento e formação profissio- nal envolvendo temas como: tecnologia, inovação, planejamento de carreira e empreendedorismo. Sendo assim, convido você a conti- nuar empenhado e seguir para a nossa próxima Unidade. Vamos continuar nosso aprendizado? Siga em frente! UN ID AD E 3 Objetivos 1. Conhecer as principais tendências tecnológicas, seus desafios e oportunidades; 2. Apresentar os desafios e oportunidades em uma era de grande conjunto de dados complexos; 3. Discutir a importância, as oportunidades e as implicações que as redes sociais oferecem para o mercado e a carreira profissional; 4. Identificar e discutir os principais problemas e oportunida- des no contexto de cidades inteligentes e internet das coisas, ou seja, um cenário onde tudo e todos estão conectados. 78 Introdução Essa unidade tem como objetivo apresentar e discutir um pouco das inovações tecnológicas e, também, as implicações decorrentes delas. Dessa forma, conheceremos as principais tendências tecnológicas, seus desafios e oportunidades, visando a discussão desse conteúdo com base em uma era de grande conjunto de dados complexos. Pos- teriormente, falaremos sobre as oportunidades e implicações das redes sociais no contexto de mercado e para carreira profissional. Por fim, buscaremos identificar os principais problemas e oportu- nidades decorrentes desse novo modelo de cidade atual, as cidades inteligentes, que são construídas utilizando diversos dispositivos IoT, isto é, onde tudo e todos estão conectados. Ao longo desta uni- dade letiva, você vai mergulhar neste universo de conhecimentos da tecnologia. 79 Tendências tecnológicas e suas implicações Nos últimos anos, diversas tecnologias têm desenvolvido um papel importante na melhoria dos produtos e serviços disponíveis para a sociedade, gerando impactos significativos em nível global. Exem- plos disso são: a biotecnologia, a tecnologia da informação, a tecno- logia de materiais e a nanotecnologia. O fato é que o mundo globalizado tem passado por diversas transformações intensivas nos últimos anos, devido ao desenvol- vimento acelerado dessastecnologias, as quais causam mudanças significativas em todas as dimensões da vida. Isso se deve ao fato de que as relações de estudo, trabalho, lazer, cultura e qualidade de vida se alteraram profundamente devido aos novos produtos e ser- viços oferecidos com essas novas tecnologias emergentes. Desta forma, houve um aumento da estimativa e da qualida- de de vida da população mundial, conforme relatado na literatura científica e nas mídias sociais de uma forma geral. Essa revolução tecnológica tem resolvido uma gama de problemas, contudo, algo também a ser refletido é se ela tem promovido ou gerado novos pro- blemas sociais que a sociedade precisa aprender a lidar, tais como a superpopulação, o distanciamento e falta de profundidade nas rela- ções humanas. Esse ritmo acelerado, que não tende a diminuir, tem integra- do uma série de áreas científicas de modo a permitir uma aplica- ção relevante para a sociedade. Embora boa parte das pessoas não entendam essas tecnologias, quando são aplicadas, elas começam a ter compreensão do que se trata. Isso se deve ao fato de que a tec- nologia está mais próxima do contexto do usuário. A adoção real, no entanto, não é fundamentalmente espontânea, devido à afluên- cia de fatores econômicos, sociais, políticos, entre outros. Cada vez mais, tais produtos envolvem a inclusão de dife- rentes ciências. Diferentes abordagens para o uso da energia solar, por exemplo, na qual estão usando plásticos, elementos biológicos e nanopartículas. Os mais novos sistemas de purificação de água 80 usam películas em nano escala juntamente com elementos biologi- camente ativados e catalíticos. Programas de tecnologia, como esses, podem ajudar a re- solver algumas das questões mais importantes que muitas nações enfrentam, que incluem água, alimentos, saúde, crescimento econô- mico, meio ambiente e muitos outros setores críticos. Mesmo que diversas aplicações tenham sido desenvolvidas para determinados problemas, o acesso ainda é restrito em mui- tas regiões do mundo. Isso acontece porque é necessário um nível adequado de conhecimento em tecnologia, sendo que o mesmo é o primeiro requisito para muitas aplicações sofisticadas. Um país pode até obter um aplicativo, uma aplicação, produto ou ferra- menta por meio de seus esforços nacionais de pesquisa e desenvol- vimento (P&D) ou transferência de tecnologia. Contudo, sabe-se que a capacidade de aquisição não está relacionada à capacidade de implementação. A curva de transição ou criação de conhecimento (know-how) para operar ou utilizar estes produtos ou serviços pode ser muito grande e considerada apenas um passo inicial. Ademais, uma implementação bem-sucedida é fortemente dependente das pessoas em um país, da sua cultura, dos aspectos sociais e da capa- cidade técnica, financeira e humana. A seguir, discutiremos brevemente sobre algumas aplicações conhecidas, as quais envolvem o desenvolvimento de ciência e tec- nologia (C&T) com maior ênfase e que de algum modo estão dispo- níveis comercialmente, sendo melhoradas ao longo do tempo. Essas aplicações já usufruem de uma fatia do mercado e afetam diversos setores, como por exemplo: abastecimento de água, produção ali- mentícia, gestão e governança, energia, saúde, desenvolvimento econômico, educação, meio ambiente e poluição. • Energia solar barata: sistemas de energia solar baratos o su- ficiente para estar amplamente disponíveis para países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, bem como populações economicamente desfavorecidas. 81 • Comunicações rurais sem fio: conectividade de telefone e internet amplamente disponível sem uma infraestrutura de rede com fio. • Dispositivos de comunicação para acesso de informações onipresentes: dispositivos de comunicação e armazenamen- to que fornecem acesso ágil para fontes de informações em qualquer lugar, a qualquer hora. Operando continuamente por meio de protocolos de comunicação e armazenamento de dados, esses dispositivos terão capacidades crescentes para armazenar não apenas texto, mas também meta-texto com informações contextuais em camadas, imagens, voz, músi- cas, vídeos e filmes. • Culturas geneticamente modificadas (GM): (I) alimentos geneticamente modificados com melhor valor nutricional, como por exemplo: por meio da adição de nutrientes, vita- minas e aminoácidos; (II) aumento da produção, por meio da adaptação de culturas às condições locais; (III) redução do uso de pesticidas, aumentando a resistência às pragas. • Bioensaios rápidos: testes que podem ser realizados rapida- mente e, eventualmente, podem ser feitos de forma simul- tânea para verificar a presença ou ausência de substâncias biológicas específicas. • Administração de medicamentos direcionados: terapias medicamentosas que preferencialmente atacam tumores específicos ou patógenos sem prejudicar tecidos e células saudáveis. • Habitação autônoma e barata: habitação autossuficiente e acessível que oferece abrigo adaptável às condições locais, bem como energia para aquecimento, refrigeração e cocção. • Manufatura verde: processos de produção que eliminem ou reduzem os fluxos de resíduos e a necessidade de usar mate- riais tóxicos. 82 Figura 1 - Imagem alusiva à manufatura verde Fonte: Jatuphon Buraphon / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ estufa-org%c3%a2nico-agricultura-2139527/ • Etiquetagem onipresente de identificação por radiofre- quência (RFID): uso difundido de etiquetagem com a tecno- logia RFID, tendo como objetivo rastrear produtos de varejo, desde a produção até a entrega. • Veículos híbridos: veículos disponíveis para o mercado de massa com aparelhos de energia que combinam combustão interna e outras fontes de força, enquanto recuperam energia durante a frenagem. • Sensores invasivos: presença de sensores na maioria das áreas públicas e redes de dados de sensores para realizar a vi- gilância em tempo real. • Melhores métodos diagnósticos e cirúrgicos: tecnologias que aperfeiçoam os diagnósticos, a precisão e eficácia dos procedimentos cirúrgicos, reduzindo a desocupação e o tem- po de recuperação. • Computadores vestíveis (wearable devices): dispositivos computacionais inseridos em roupas e outros acessórios ves- tíveis, como bolsas, pulseiras e óculos. • Criptografia quântica: métodos quânticos que codificam in- formações para transferência segura. 83 Essas aplicações, suas áreas de estudo e de pesquisa estão em constante desenvolvimento, afetando o modo que a sociedade se comporta. Contudo, estamos vivendo uma época em que tudo está inteligente e otimizado, sejam as pessoas, os dispositivos ou mes- mo os processos produtivos. Contudo, a falta de atualização pode tornar pessoas ou as coisas mais obsoletas cada vez mais, em menos tempo. Falamos sobre as tendências tecnológicas e suas implicações. Seguiremos para o próximo tema: Big Data e Ciência de Dados. Big Data e Ciência de Dados Os avanços nas tecnologias de informação e comunicação resulta- ram na concepção de dispositivos móveis como smartphones, wea- rables e sensores. Entretanto, esses dispositivos e aplicações têm gerado uma enorme quantidade de dados sem precedentes. Esse grande conjunto de dados (Big Data) tem como origem diversas fontes que estão conectadas à internet e podem ser caracterizadas por volume, variedade, velocidade, veracidade e valor. Figura 2 – Os 5 Vs do Big Data Fonte: adaptado de Helder (2018) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). 84 O volume refere-se a grande quantidade de dados gerados. Bas- ta pensar nos e-mails, mensagens do Twitter, fotos, videoclipes e dados de sensores produzidos e compartilhados a cada segundo. Apenas no Facebook, 10 bilhões de mensagens são enviadas por dia, ocorrem 4,5 bilhões de clicks e 350 milhões de novas fotos são en- viadas por dia [...]. Esse fato torna os conjuntos de dados grandes demais para armazenar e analisar usando as tecnologias tradicio- nais de banco de dados. A variedade refere-seaos diferentes tipos de dados que podemos usar agora. No passado, nos concentramos em dados estruturados que se encaixam perfeitamente em tabelas ou bancos de dados re- lacionais. No entanto, 80% dos dados do mundo agora estão deses- truturados e, portanto, não podem mais ser facilmente colocados em tabelas de banco de dados estruturadas [...]. A velocidade refere-se à rapidez e/ou lentidão com que novos dados são gerados e se movimentam. Por exemplo, mensagens de mídias sociais podem se tornar virais em segundos, transações de cartão de crédito podem ser verificadas rapidamente e sistemas de nego- ciação podem analisar redes de mídia social para captar sinais que acionam decisões de compra ou venda de ações em milissegundos [...]. A veracidade está se referindo à confiabilidade dos dados. Com mui- tas formas de Big Data, a qualidade dos dados nas formas de preci- são (erros de digitação e fala coloquial) e a credibilidade são menos controláveis (P¨A¨AKKONEN; PAKKALA, 2015). DEFINIÇÃO 85 Sobre o valor dos dados, os teóricos P. P¨a¨akkonen e D. Pakkala (2015) argumentam que ter acesso a uma grande quantidade de da- dos pode ser inútil se não for possível transformá-los em informa- ções úteis de valor significativo. Empresas devem ter um entendimento e objetivos claros an- tes de embarcar em iniciativas de Big Datas. As características dessas iniciativas são claras evidências sobre a necessidade de tratá-las de forma especial, uma vez que são diferentes dos dados conven- cionais. Abaixo estão listados os desafios a serem abordados pelos pesquisadores e profissionais de Big Data como resultado das dife- rentes características. Com os dados capturados de vários tipos de aplicativos que são, em sua maioria, de natureza informal e social, diferentes ti- pos de dados estão sendo aproveitados, incluindo: mensagens, con- versas nas mídias sociais, fotos, dados de sensores, vídeos ou voz. Os dados não estão mais aderindo a certas estruturas formais, isso mostra a necessidade da tecnologia que pode manipular dados não estruturados (BENJELLOUN; LAHCEN; BELFKIH, 2015). Podemos começar com a definição da lista de mídias de onde os dados virão e seus respectivos formatos, ou seja, estruturados, semiestruturados e não estruturados. Com a quantidade extremamente grande de dados disponí- veis, são necessárias novas abordagens para lidar com o tamanho (VANAUER; BOHLE; HELLINGRATH, 2015). Para a extração e pro- cessamento de dados em grande escala, uma das soluções é o desen- volvimento de sistemas distribuídos, como os frameworks Hadoop e Spark (BENJELLOUN; LAHCEN; BELFKIH, 2015). Observando a taxa atual de geração de dados, não é viável de- cidir sobre um ponto específico no tempo para analisar os dados, pois, como isso acontece, talvez já tenhamos perdido informa- ções valiosas dos dados recém-recebidos. Assim, a tecnologia para OBSERVAÇÃO 86 analisar os dados tem que acompanhar a taxa de dados que é desco- nhecida e é difícil de prever (CHEN; WU; WANG, 2015). Por exemplo, os dados devem ser analisados à medida que estão sendo gerados, talvez sem nunca os colocar em bancos de dados. Além disso, a janela de análise deve ser mantida no mínimo, porque os dados podem se tornar obsoletos em pouco tempo. Garantir que os dados coletados são confiáveis é muito im- portante, especialmente se os dados forem usados na tomada de decisões e na determinação de ações futuras. Isso é muito difícil de alcançar quando os dados vêm de várias fontes. Embora os volumes possam compensar a falta de qualidade ou precisão, uma quantidade significativa de dados não confiáveis pode, certamente, afetar o re- sultado. Portanto, a tecnologia que é capaz de validar e verificar os dados recebidos, garantindo sua qualidade, é necessária (VANAUER; BOHLE; HELLINGRATH, 2015). Combinada com a taxa de geração de dados, a avaliação pode até mesmo precisar ser feita automaticamente conforme os dados estão chegando, conforme foi proposto por C. Esposito et al. (2015) e A. Vinay et al. (2015). Finalmente, o propósito de capturar e anali- sar Big Data é poder obter insights úteis que possam ajudar a prever eventos futuros, planejar movimentos estratégicos ou, pelo menos, entender a tendência atual. Novas técnicas, métodos e tecnologias são necessárias para analisar esses dados, além dos métodos es- tatísticos atuais (BENJELLOUN; LAHCEN; BELFKIH, 2015). Há vá- rias histórias de sucesso de Big Data sendo usadas por gigantes da tecnologia para dominar seus concorrentes em áreas como mídias sociais, mecanismos de busca, comércio eletrônico e serviços de streaming de vídeo. Alguns exemplos de grandes empresas que tra- balham com alto volume de dados são: Facebook, LinkedIn, Twitter, Google, Amazon e Netflix. Esses casos de uso de Big Data desperta- ram o interesse e estimularam inúmeras empresas a se interessa- rem em desenvolver aplicativos dessa iniciativa, com o objetivo de extrair o máximo de valor de todos os dados que estão sendo dispo- nibilizados. De acordo com uma pesquisa da Gartner (2018), 64% dos 720 entrevistados da pesquisa haviam investido ou planejado investir em aplicativos de Big Data em 2013. No entanto, o enrique- cimento da experiência do cliente usando essa análise foi exempli- ficado pela opção “Pessoas que você talvez conheça”, oferecida pelo 87 Facebook e pelo LinkedIn, recomendações de filmes da Netflix e até mesmo o serviço “Clientes que compraram este item também com- prado” fornecido pela Amazon. Todo o processo de desenvolvimento de software é repleto de erros que surgem devido às mudanças nos requisitos, no ambiente ou devido aos problemas de comunicação entre as partes interessa- das. Isto é verdade do desenvolvimento de software para aplicações comuns até hoje. Quando fatores Vs (5 Vs, citados anteriormente) são levados em conta, as complexidades envolvidas no desenvol- vimento de software para projetos de aplicativos de Big Data só aumentam. Apesar das complexidades envolvidas no acompanhamento das etapas de desenvolvimento de uma aplicação de Big Data, essas etapas são úteis no sentido de desenvolver projetos robustos e esca- láveis de aplicativos de Big Data. Seria uma vantagem para as partes interessadas e desenvolvedores, envolvidos na construção de uma aplicação dessa iniciativa, que as melhores práticas e metodologias, estabelecidas pela comunidade de pesquisa de engenharia de soft- ware, fossem aplicadas para construir sistemas que sejam toleran- tes a falhas e capazes de lidar com mais dados do que os previstos no momento de sua criação. Figura 3 - Imagem alusiva a Data Science Fonte: adaptado de Adriana Nardi [s.d] pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). 88 Habilidades de Data Science A plataforma de cursos on-line Udacity Brasil (2018) levantou algu- mas habilidades requeridas para a profissão de Cientista de Dados, conforme listadas a seguir. Programação Não importa qual é o tipo de empresa ou papel em questão, é esperado que você saiba usar ferramentas como linguagens de programação estatística, como R ou Python, e uma linguagem de manipulação de dados como SQL (UDACITY BRASIL, 2018). Estatística Uma boa base de estatística é fundamental para um profissional cientista de dados, que precisa ter intimidade com avaliações esta- tísticas, distribuições, correlações, dentre outros. Um dos aspectos mais relevantes desse background estatístico é compreender quan- do determinadas técnicas são válidas para serem aplicadas em de- terminados conjunto de dados (UDACITY BRASIL, 2018). A área da Estatística é de grande importância em todas as or- ganizações hoje em dia, mas principalmente em empresas orienta- das pelos dados, em que os stakeholders dependem dessas análises no processo de tomada de decisão, a fim de conseguir projetar ou avaliar experimentos. Machine Learning Se você está em uma grande empresa que tem enormes quantida- des de dados ou em uma empresa em que o produto em si é espe- cialmente orientado adados (como Netflix, Google Maps e Uber), pode ser o caso de se familiarizar com métodos de machine lear- ning como abordagens de aprendizagem profunda (deep learning), como redes neurais recorrentes ou redes neurais convolucionais; 89 Multi Layer Perceptron. Além disso, alguns classificadores mais tra- dicionais, como Máquinas Vetores de Suporte, Regras de Associação e Bag-of-Features. Figura 4 - Imagem alusiva a Machine Learning Fonte: Lorenzo Cafaro / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ estoque-negocia%c3%a7%c3%a3o-monitor-1863880/ A grande maioria desses algoritmos podem ser implementados com bibliotecas de R ou Python e, por conta disso, não é necessário se tornar um expert no funcionamento desses algoritmos, basta en- tender seu funcionamento. Um exemplo de biblioteca em Python bastante utilizada é a Scikit-learn. Enfim, o mais importante é com- preender os conceitos e saber quando uma metodologia será a mais apropriada. DICA 90 Cálculo Multivariado, Álgebra Linear e Aprendizado Estatístico Compreender esses conceitos é mais importante em empresas onde o produto é definido por dados e pequenas melhorias em perfor- mance preditiva ou otimização de algoritmos, podem significar enormes conquistas. Em uma função de Data Science é possível que seja necessário derivar alguns resultados e responder algu- mas questões básicas sobre: cálculo multivariado, álgebra linear e aprendizado estatístico, as quais são a base de muitas dessas técnicas (UDACITY BRASIL, 2018). Talvez você esteja se perguntando o motivo pelo qual um data scientist deve saber esses cálculos, considerando que há tantas im- plementações prontas e otimizadas em Python ou R? Possivelmente, é porque há momentos em que vale a pena construir implementa- ções internas e personalizadas. Além disso, algumas empresas têm o foco em pesquisa, necessitando do desenvolvimento de técnicas mais otimizadas. Data Wrangling Os dados analisados frequentemente estão desorganizados, o que deve dificultar o processo de análise. Por conta disso, é fundamen- tal saber como corrigir imperfeições nos dados. Alguns exemplos de problemas nos dados incluem valores desaparecidos, formatos in- consistentes de strings, por exemplo, 'Nova York' versus 'NY' versus 'nova york' (UDACITY BRASIL, 2018). SAIBA MAIS 91 Visualização & Comunicação de Dados Prover visualizações e comunicar dados é algo super importante, especialmente em empresas nas quais as decisões são orientadas a dados ou em organizações nas quais os cientistas de dados são tidos como capazes de orientar os gestores a tomar as decisões baseadas no conhecimento gerado (UDACITY BRASIL, 2018). Tratando-se de comunicação, isso significa descrever suas descobertas ou o funcionamento das técnicas para um público di- verso, técnicos ou não. Em termos de visualização é interessante tornar-se familiarizado com ferramentas de visualização de dados como matplotlib, ggplot ou d3.js (UDACITY BRASIL, 2018). Intuição baseada em dados As empresas requerem a solução de problemas reais baseados em dados, dessa forma, o background do profissional pode ser levado em conta, no que tange a escolha dos melhores algoritmos e na de- finição da melhor arquitetura. Além de poder verificar se esses pro- blemas são computáveis e viáveis de serem interpretados por um algoritmo de aprendizado de máquina. É importante refletir sobre os itens que são necessários e nas coisas que não fazem sentido. Por exemplo, como um cientista de dados deve interagir com engenheiros e gerentes de produtos? Quais téc- nicas deveriam utilizar? Quando essas justaposições fazem sentido? IMPORTANTE 92 Engenharia de software Um background em engenharia de software também pode ser ne- cessário. Considerando que o cientista de dados também poderá ser responsável por muitos registros de dados e pelo desenvolvimento de produtos orientados a dados. Deste modo, projetar arquiteturas de software que suportam uma alta densidade de dados é um bom desafio. Figura 5 - Imagem alusiva às redes sociais Fonte: Alexander Shatov / Unsplash / Disponível em: https://unsplash.com/pt-br/ fotografias/mr4JG4SYOF8 Finalizamos mais um capítulo, o qual possui um tema muito interessante, bem como descobrimos algumas habilidades exigidas para a formação profissional de um Cientista de Dados. Agora, avançaremos e estudaremos sobre as Rede Sociais. Vamos lá! Redes Sociais – importância, oportunidades e implicações A inovação da Web se dá pelo fato que ele trouxe a interatividade e a individualidade, ao passo em que a comunicação deixou de ser uni- lateral, como no rádio e na TV, e se tornou bilateral. Isto é, ambas a comunicação parte dos dois lados, ou seja, cada usuário pode ser um 93 receptor e um transmissor, podendo interagir com uma pessoa ou mesmo um grupo, sem limites de localização e distância. A rede ofereceu a perspectiva de expressão e sociabilização por meio de instrumentos de comunicação mediada por computador (RECUERO, 2009), tais técnicas permitiram que todos conseguis- sem construir, compartilhar e se comunicar com outras pessoas, produzindo na internet sinais que possibilitam o reconhecimento de padrões de suas conexões e a visualização de suas redes sociais por meio dessas pistas. Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos, sendo atores (pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões (in- terações ou laços sociais), onde não é possível isolar os atores so- ciais nem suas conexões (RECUERO, 2009). Abrangendo também a definição de atores nas redes sociais da internet, Boyd & Ellison (2007) apresentam os sites de redes so- ciais como sistemas que possibilitam: I. a construção de uma persona por meio de um perfil ou página pessoal; II. a interação via comentários; III. a exposição pública da rede social de cada ator. Neste contexto, os atores são compostos de maneira diferen- ciada, devido ao distanciamento entre os envolvidos na interação social. Neste caso, trabalha-se com representações dos atores so- ciais, ou seja, um ator pode ser representado por um blogger, um Twitter, um perfil ou uma página pessoal (BOYD & ELLISON, 2007). Estas representações são espaços de interação compostos por atores de forma a expressar elementos de sua personalidade e indi- vidualidade. Sendo assim, compreende-se que uma das principais DEFINIÇÃO 94 características é a existência de um artifício constante de construção e expressão por parte dos atores no ciberespaço. Essa necessidade de exposição pessoal e a ideia de que é preciso ser visto é denomina- da de “imperativo da visibilidade” (RECUERO, 2009). Após a inserção em uma rede social na internet, os usuários são dirigidos a encontrar sua rede de relacionamento e a formar conexões, que podem ser chamados de amigos, contatos ou segui- dores, dependendo da rede social. Posteriormente, são levados ao compartilhamento de conteúdo, sejam eles textos, imagens, vídeos ou emoticons, que permitem a expressão de ideias opiniões e sen- timentos. Uma vez que os usuários são entendidos como autores e a interatividade como as arestas, essas formas de conexão e como elas se dão tem sido um tema de pesquisa de cientistas da computa- ção e de analistas do comportamento humano. Recuero (2009) de- monstra três itens básicos da conexão: a interação, as relações e os laços-sociais. A interação seria a fonte das relações e dos laços sociais, ten- do em vista que é um processo de comunicação entre um usuário e seus pares, pensando em termos de rede. Hoje, nesse processo de interação, além de informações verbais, como texto, é acrescentado também informações não-verbais, como, por exemplo, os emo- ticons amplamente utilizados para inserir informações acerca dos sentimentos. Esse tipo de informação gráfica tem ajudado princi- palmente os algoritmos de análise de sentimentos a ter uma ideia da emoção predominante no conteúdo das postagens ou mensagens. Vale a pena ressaltar,que a interação nessas comunidades on-line pode-se dar tanto de forma assíncrona quanto de forma síncrona, no sentido em que os dois atores (usuários) não precisam estar on- -line em tempo real a todo momento. Em termos de comunicação síncrona e assíncrona em redes so- ciais on-line, pense em alguns recursos das redes sociais que só funcionam de maneira síncrona, e em quais é possível a utilização assíncrona. DICA 95 Todas estas alusões que permeiam os ambientes das redes sociais derivam da formação e transformação de capital social, sen- do que muitas das vezes as comunidades on-line criam categorias que constituem aspectos em que o capital social pode ser encontra- do, dentre elas: I. as regras de comportamento; II. os valores de uma sub-comunidade ou grupo; III. a certeza na conduta de usuários em detrimento da coopera- ção e coordenação dos grupos. Compreender a existência de valores nas conexões sociais é fundamental para compreensão das redes sociais on-line. Já os va- lores de cada site podem auxiliar no entendimento do capital social e em sua influência na construção das redes. Recuero (2009) dis- corre acerca dos itens mais relacionados nas comunidades on-line: • Visibilidade: como os sites permitem a conexão entre atores e talvez com pessoas mais distantes, isso, sem dúvida, resulta em um aumento da visibilidade. Conforme, reportado nas teorias de grafos e redes complexas, sabe-se que, quanto mais conec- tado se está, maiores são as chances de que se receba determi- nados tipos de informações que estão circulando na rede. Na verdade, quanto mais nós (atores) o usuário tem como conexão na rede, maior será seu grau de hub e centralidade nela (GIUNTINI; UEYAMA, 2017). • Reputação: é entendida como a percepção de alguém pelos demais atores. A reputação de alguém seria uma consequência de todas as impressões dadas e emitidas deste indivíduo. Por meio da reputação seria possível selecionar em quem acredi- tar (RECUERO, 2009). • Popularidade: é um valor relacionado à audiência, que é tam- bém facilitada nas redes sociais dentro da internet. Como é mais facilmente medida na rede, visualizando as conexões e referências de um indivíduo, é mais facilmente percebida. Trata-se de um valor relativo à posição de um ator dentro de sua rede social. 96 Uma coisa a ser observada é a influência social dentro da rede, uma vez que, se eu recebo mais arestas da minha comunidade do que eu direciono, eu estou sendo mais influenciado do que um influenciador. Todavia, se eu envio mais que recebo, provavelmente as chances de ser influenciador é maior. Aqui, estamos consideran- do as arestas da comunicação e os nós das pessoas que fazem parte da rede. A Figura 6 apresenta o número de usuários de redes sociais em todo o mundo de 2017 a 2020, com projeções até 2025. Em 2025, estima-se que haverá cerca de 4,41 bilhões de usuários de mídia social em todo o mundo, ante 3,6 bilhões em 2020. O uso da rede so- cial em todo o mundo é cada vez maior. Em 2017, 71% dos usuários de internet eram usuários de redes sociais e esses números devem crescer. Segundo o site Statista (c2023), as redes sociais são uma das atividades on-line mais populares, com altas taxas de engajamento dos usuários e expansão das possibilidades de dispositivos móveis. A América do Norte está em primeiro lugar entre as regiões onde a rede social é altamente popular, com uma taxa de introdução de re- des sociais de 66%. Em 2016, mais de 81% da população dos Estados Unidos tinha um perfil cadastrado em uma rede social. Além disso, a partir do segundo trimestre de 2016, os usuários dos EUA gasta- ram mais de 215 minutos semanais em redes sociais via smartpho- ne, 61 minutos via computadores pessoais e 47 minutos por meio de tablets. O Statista (c2023) mostra que esse aumento do uso mundial de smartphones e dispositivos móveis abriu as possibilidades das redes sociais móveis com recursos aprimorados, como serviços ba- seados em localização, como o Foursquare ou o Google Now. A maio- ria das redes sociais também estão disponíveis como aplicativos móveis, enquanto algumas redes foram otimizadas para navegação na Internet móvel, permitindo que os usuários acessem conforta- velmente sites de blogs visuais como o Tumblr ou o Pinterest via tablet. Com mais de 1,62 bilhão de usuários ativos por dia, a rede so- cial Facebook é atualmente líder de mercado em termos de alcance. 97 O site vem moldando o panorama de rede social desde o seu lança- mento e tem sido um fator importante nas discussões sobre a priva- cidade dos usuários e na diferenciação entre o privado e o público. As redes sociais não apenas permitem que os usuários se comuniquem além das fronteiras locais ou sociais, mas também oferecem possi- bilidades de compartilhar conteúdo gerado pelo usuário, como fotos e vídeos, além de recursos como jogos sociais. A publicidade social e jogos sociais são dois pontos principais de receita para redes sociais. Figura 6 - Número de usuários nas redes sociais de 2017 a 2025 em bilhões. (Dados volúveis de acordo com a estimativa mundial) Fonte: S. Dixon (2023) / Statista / Disponível em: https://www.statista.com/ statistics/278414/number-of-worldwide-social-network-users/ Já a Figura 7 fornece informações sobre as redes mais popu- lares em todo o mundo em janeiro de 2021, classificadas por número de contas ativas. Líder de mercado, o Facebook foi a primeira rede social a superar 1 bilhão de contas registradas e atualmente está em 2,7 bilhões de usuários ativos mensais. O Instagram tinha 1,2 bilhão de contas ativas mensais. 98 Figura 7 - Os mais populares sites de redes sociais em todo o mundo classificados por número de usuários ativos (em milhões). (Dados volúveis de acordo com a estimativa mundial) Fonte: S. Dixon (2023) / Statista / Disponível em: https://www.statista.com/ statistics/272014/global-social-networks-ranked-by-number-of-users/ Ainda segundo o site Statista (c2023), As principais redes so- ciais geralmente estão disponíveis em vários idiomas e permitem que os usuários se conectem com amigos ou pessoas através de fronteiras geográficas, políticas ou econômicas. Aproximadamente 3 bilhões de usuários de internet estão usando redes sociais e esses 99 números ainda devem crescer à medida que o uso dos dispositivos móveis e das redes sociais ganhem cada vez mais força. As redes sociais mais populares geralmente exibem um alto número de contas de usuário ou um forte envolvimento do usuá- rio. Por exemplo, o Facebook, líder de mercado, foi a primeira rede social a ultrapassar 1 bilhão de usuários ativos mensais, enquanto o Pinterest foi o site de lançamento independente mais rápido para atingir 10 milhões de visitantes únicos mensais. A maioria das redes sociais com mais de 100 milhões de usuá- rios se originou nos Estados Unidos, mas os serviços europeus como VK ou redes sociais chinesas, Qzone e Renren, também atraíram grande apelo em suas áreas devido ao contexto e conteúdo locais. O uso de redes sociais pelos consumidores é altamente diver- sificado: plataformas como Facebook ou Google+ são altamente fo- cadas em trocas entre amigos e familiares e estão constantemente forçando a interação por meio de recursos como compartilhamento de fotos ou status e jogos sociais. Outras redes sociais como Tumblr ou Twitter são todas sobre comunicação rápida e são apropriada- mente chamadas de microblogs. Algumas redes sociais se concen- tram na comunidade; outros destacam e exibem conteúdo gerado pelo usuário (STATISTA, c2023). Devido a uma presença constante na vida de seus usuários, as redes sociais têm um impacto social decididamente forte. A indefi- nição entre a vida off-line e virtual, bem como o conceito de identi- dade digital e interações sociais on-line são alguns dos aspectos que surgiram em discussões recentes. Com o crescente uso e consumo de conteúdo por meio de mí- dias sociais em comunidades on-line, a integração das plataformas deredes sociais com outros serviços também tem se intensificado com foco direcionado ao mercado. Sendo que, com essas novas for- mas de comercialização é possível que as empresas melhorem seu relacionamento com os consumidores e aumente suas vendas. Po- de-se perceber, principalmente no Facebook, Instagram e Youtube, a grande quantidade de anúncios e vendas diretamente via social, ou seja, não é mais necessário que o usuário saia da rede social para comprar, como ainda faz alguns links de direcionamento. Ou seja, 100 em resumo, houve uma integração entre diversos serviços com as plataformas de redes sociais, de modo a dar maior comodidade e recomendar produtos e serviços de acordo com o perfil do usuário. Comportamento em rede Do mesmo modo em que as redes sociais trouxeram uma grande influência na maneira que as pessoas se conectam, não é de se sur- preender o fato de que tais alterações promovam novas incertezas e discussões que, em diferentes casos, são levadas à Justiça. É preciso ressaltar, que em todos os meios em que um indi- víduo está envolvido, ele está passível de sofrer complicações e de- safetos. No ambiente virtual não é muito diferente, tendo em vista que lá temos também relações e interações humanas. Neste sen- tido, pelo que é possível perceber, o papel da justiça tem se dado pela reparação dos danos. Como é conhecido, frequentemente tem sido noticiado situações de assédios moral, preconceitos, racismos e bullying nas comunidades on-line. Além disso, há também situa- ções em que a privacidade dos usuários é comprometida. Ou seja, o problema não está no uso da tecnologia em si, mas nos usuários que se sentem de certa forma protegidos para causar tais danos por estarem fisicamente distantes. Diante de tudo isso, o número de processos na justiça tem crescido, sendo que a mesma tem aplicado indenizações. Apesar disso, o que às vezes parece não ser do conhecimento de todos, é que o comportamento nas redes sociais também pode produzir consequências nas relações profissionais. Não obstante que alguns casos específicos ganhem a devida notoriedade, questões desse tipo não são novidade, e tem ocorri- do cada vez mais com grande frequência. Desta forma, o ambiente virtual on-line não pode ser compreendido como um ambiente que não há leis, tendo em vista que ele faz parte da vida e das relações. Desta forma, profissionalmente falando, já que a profissionalização também é uma temática deste livro, conforme discutimos na Uni- dade 1 e 2, vale a pena ter todo cuidado com o que se posta, compar- tilha ou comenta nas redes sociais, considerando que as empresas e 101 os especialistas de recursos humanos têm utilizado este ambiente virtual como mais uma lente de observação do comportamento hu- mano e análise de perfis em rede. Além disso, já se sabe que o comportamento impróprio de um funcionário pode gerar sérios danos, de modo que possa prejudi- car a imagem da empresa empregadora e colocar em risco o pró- prio empregado. Ofensas ou agressões praticadas nas redes sociais, a depender das circunstâncias, não apenas podem, mas devem ser punidas pelo empregador, podendo ocorrer uma demissão por justa causa. Além disso, o uso indevido de redes sociais no local de tra- balho gera uma queda de produtividade, tendo em vista que podem distrair o trabalhador, ocorrendo, inclusive, possíveis problemas de segurança em alguns casos. Será que a Justiça do Trabalho do Brasil, com sua função de prote- ção aos direitos do trabalhador, aceitaria uma justa causa por um comentário ou reação em rede social? E com relação ao uso de redes sociais no ambiente de trabalho em que foi proibido o uso? Reflita sobre esse ponto legislativo. As redes sociais on-line têm permitido a constituição de um meio de comunicação muito intenso, sem a necessidade de con- tato físico ou uma interação mais próxima e em tempo real. Como se sabe, diante desse contexto, o uso dessas comunidades on-line vem intervindo e provocando alterações no comportamento huma- no, estimulando a necessidade de estar sempre on-line e buscando fazer com que a tecnologia esteja incumbida no cotidiano de todo indivíduo. Essas transformações comportamentais podem cooperar para o aumento do estresse e para o surgimento de transtornos de humor e de ansiedade. SAIBA MAIS 102 Em Moreira (2017), por meio do site Profissionais de TI, é exposto que no Brasil há um aumento significativo no que tange o uso de re- des sociais. Segundo o site, o Brasil possui 78,3 milhões de usuários em redes sociais, isto é, 79% dos usuários de Internet possuem uma conta e é usuário dessas redes. Além disso, o levantamento de dados nessa pesquisa aponta que o brasileiro fica, em média, 5h26min por dia conectado à internet, 3h47min utilizando dispositivos móveis (smartphone ou tablet) e 3h47min, em média, em redes sociais. Por fim, destaca-se que as redes sociais mais usadas pelos brasileiros são: Facebook: desenvolvido por Mark Zuckerberg e lançado em 2004, o Facebook é hoje a rede social mais acessada e utilizada no mundo todo, com uma população de 1,5 bilhões de usuários cadastrados, sendo cerca de 83 milhões brasileiros (MOREIRA, 2017); WhatsApp: uma das redes sociais mais recentes, criada em 2009, é um aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones. Hoje são cerca de 38 milhões de usuários brasileiros, equivalentes a 8% dos usuários mundiais (MOREIRA, 2017); Instagram: a ideia do Instagram é o compartilhamento de fotos e vídeos curtos (até 15 segundos) por meio do celular. O Instagram foi criado em 2010 e está crescendo mais rápido do que as outras redes (MOREIRA, 2017); Twitter: criado em 2006, o Twitter é uma rede social que possibilita aos usuários a troca de atualizações pessoais por meio de textos de até 140 caracteres, conhecidos como tweets (MOREIRA, 2017). Problemas e síndromes decorrentes da vida on-line As redes sociais on-line têm contribuído muito para a socieda- de moderna em diversos aspectos, diante do que foi discutido até SAIBA MAIS 103 aqui. Entretanto, estudos recentes demonstram que seu uso ilimita- do permitiu ou acentuou o aparecimento mais frequente de alguns problemas e síndromes de saúde mental, tendo em vista que esta- mos vivendo uma nova forma de relação social e de comunicação. Na maioria das vezes problemas de dependência e vícios on- -line, tidos como nocivos, são considerados um comportamento comum na sociedade on-line. Contudo, especialistas da área repor- tam que essas redes têm tornado os usuários impacientes, impul- sivos e esquecidos. Abaixo segue a descrição de algumas síndromes tecnológicas relativamente novas (que ainda não são consideradas doenças) mais aparentes no meio virtual: • Nomophobia: um incômodo relativo à sensação de ansiedade de ficar desconectado da rede. A palavra nomophobia é uma abreviação de “no-mobile phobia”, ou seja, uma síndrome desenvolvida pelo medo de ficar sem uma conexão móvel. Para algumas pessoas, quando o celular fica sem bateria e não há nenhuma tomada por perto, uma desconfortável sensação de carência e distanciamento do mundo surge. • Síndrome do toque fantasma: trata-se daquela sensação de que o seu celular está vibrando no seu bolso, fazendo com que você o pegue de cinco em cinco minutos para conferir. Pelo menos 70% das pessoas que assumem usar muito o celular sofre este tipo de “delírio”. • Náusea Digital (Cybersickness): trata-se da vertigem que algumas pessoas sentem quando interagem com alguns ambientes digitais. Em tempos de Gifs, sites em flash e expe- riências em 3D, tornam-se cada vez mais comuns os relatos de pessoas que sentem tonturas e outras sensações desa- gradáveis ao interagirem com este universo fora do comum. Essas tonturas e náuseas resultantes de um ambiente virtual foram apelidadas de Cybersickness. O termo surgiu na década de 90 para descrever a sensação de desorientação vivida por usuários iniciais de sistemas de realidade virtual.• O Efeito Google: é quando, por conta da facilidade em encon- trar todo tipo de informação na internet, nosso cérebro passa 104 a reter uma quantidade menor de informações. O cérebro pas- sa agir como se não mais necessitasse memorizar certas in- formações, já que as conseguiria com facilidade na rede. • Cibercondria ou hipocondria digital: uma tendência que o usuário compulsivo desenvolve por acreditar que tem todas as doenças sobre as quais leu na internet. Grande parte des- te problema está justamente na quantidade infindável de in- formações relacionadas as doenças, nem sempre confiáveis, disponíveis na rede. Pessoas recorrem aos “médicos virtuais” para identificar a causa de pequenos problemas, como dores de cabeça, por exemplo. A partir daí, com um pouco de infor- mação e muita imaginação, o usuário passa a pensar que tem algo grave. A tecnologia trouxe facilidades sem precedentes para os nos- sos dias, mas também produziu uma necessidade frequente de estar a todo momento conectado, sendo que ela se tornou um recurso es- sencial e de utilidade básica. Na ânsia do ser humano por expressar uma vontade de estar sempre informado, é gerado uma dependên- cia, uma certa ansiedade e estresse. Isso se deve ao fato que somos sobrecarregados com uma enorme quantidade de dados e informa- ções geradas. Ou seja, em resumo, consumimos muitas coisas des- necessárias e ocupamos a nossa mente com elas. De forma geral, o que fica é que a sociedade moderna ainda precisa lidar com o gran- de número de informações. Por fim, ressalta-se que a utilização da tecnologia, mais especificamente as redes sociais, não ocasiona em agravo nenhum ao usuário. Todavia, seu uso em excesso pode coo- perar para surgimento de algumas doenças. Ao finalizarmos o estudo deste capítulo, descobrimos que as redes sociais estão se tornando cada vez mais populares no Brasil e no mundo, unindo pessoas de diversos países através de fronteiras geográficas, políticas ou econômicas. Vamos seguir e estudar nosso último tema? 105 Cidades inteligentes e internet das coisas: desafios e aplicações O processo de urbanização está relacionado ao desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. Dessa forma, o percentual da população urbana é cada vez mais importante, as cidades de todo o mundo estão no auge da busca de soluções ótimas para enfrentar novos desafios que crescem de forma variável no es- paço e no tempo (UNITED NATIONS, 2014). A rápida transição para uma população altamente urbanizada fez que sociedade realizasse um processo de criação de soluções para vários problemas chaves nas áreas de desenvolvimento sustentável, educação, energia, meio ambiente, segurança e serviços públicos. Esses desafios levaram as áreas urbanas a se transformarem em ecossistemas sociais com- postos, nos quais a sustentabilidade e a boa qualidade de vida são importantes para serem asseguradas. Para melhorar a gestão dos processos urbanos e as necessi- dades dos habitantes, diversas administrações em todo o mundo propuseram uma quantidade significativa de modelos de cidades futuras em que a tecnologia, conectividade, sustentabilidade, conforto, segurança e atratividade afeiçoam os alvos cruciais para deixar as cidades mais inteligentes. Durante a maior parte do século 20, a inteligência da cidade foi uma ficção científica da mídia, todavia, devido ao desenvolvi- mento da comunicação e da inteligência dos dispositivos, o conceito de Cidade Inteligente está se tornando cada vez mais uma realidade (M. BATTY. et al, 2012). Além disso, o uso de Tecnologias de Informação e Comuni- cação (TICs) é importante para causar uma automação mais alta dos sistemas, permitindo que os indivíduos monitorem, compreendam, analisem e planejem a cidade (M. BATTY. et al, 2012). Assim, a Ci- dade Inteligente está enraizada na criação de infraestruturas inte- ligentes e na conexão TIC-Humana, onde o crescimento da cidade deve respeitar estes três eixos (M. BATTY. et al, 2012): 106 Figura 8 - Imagem alusiva à sustentabilidade Fonte: Freepik (2023) / Disponível em: https://br.freepik.com/vetores-gratis/ conceito-de-ecossistema-com-nuvens-e-cidade_2739749.htm • Sustentabilidade: melhorando a relação cidade/meio am- biente e usando a economia verde; • Esperteza: economia e governança conscientes do contexto; • Inclusão: por meio da promoção de um elevado nível de em- prego, de uma economia que proporciona uma coesão social e territorial Tag (RFID) que permite agora identificar o objeto em uma rede aberta e conectividade: tecnologia de comunica- ção múltipla que permite enviar e receber dados. A aparência da colocação de “Smart City” foi uma oportu- nidade para as pessoas fazerem as seguintes perguntas: “O que é realmente uma Cidade Inteligente? Qual é a visão de uma Cidade Inteligente?” Para encontrar uma definição de conceito. Além dis- so, em relação não só às revoluções tecnológicas (EUROPEAN COM- MISSION, 2010) e industriais (Chen; Wu; Wang, 2015), mas também ao desenvolvimento sociológico (ESPOSITO. et al, 2015), todas as ci- dades procuraram uma definição única deste conceito, que foi qua- se impossível por causa das várias interpretações. Como resultado, 107 eles finalmente acabam na frente de um número considerável de definições. Definição de cidade inteligente A seguir, apresenta-se uma definição para cidade inteligente. É im- portante ressaltar, que não há um caráter unificado do conceito. Uma cidade pode ser definida como inteligente quando os inves- timentos em capital humano e social, infraestrutura moderna de transporte e comunicação impulsionam o crescimento econômico sustentável e uma alta qualidade de vida, com uma gestão inteli- gente dos recursos naturais (NAM; PARDO, 2011). O foco na qualidade de vida é um dos pilares essenciais da Smart City para garantir a orientação de um estilo de vida melhor. A precisão do significado inteligente varia de um autor para outro. Gif- finger et al (2007) considera o termo smart como um desempenho prospectivo levando em consideração o desenvolvimento conscien- te, aspectos flexíveis, transformáveis, sinérgicos, individuais, auto decisivos e estratégicos para o alcance da inteligência. Para tornar as coisas mais fáceis de entender, podemos considerar que a cidade é apenas um sistema que reúne muitos sistemas. Assim, podemos definir a cidade como um “sistema de sistemas”. Então, para chegar à Smart City, apenas trazemos a inteligência para os sistemas. O termo “Cidades Inteligentes” foi definido e explicado de diversas formas, incluindo quatro “marcas” tecnológicas da cidade, que são: Cidade Digital, Cidade Inteligente, Cidade Ubíqua e Cidade da Informação (JUNG HOON LEE, 2013). Information City é a cidade que reúne informações por sensores e as transmite aos habitantes por meio de serviços on-line. DEFINIÇÃO 108 A cidade é realmente inteligente quando destacamos não apenas a tecnologia, mas também as pessoas e as comunidades. Além disso, a presença densa das TICs oferece uma oportunidade para a cidade ter pessoas criativas, diversificadas e educadas: pes- soas e governança, garantindo uma conexão entre as duas outras dimensões para impulsionar a expansão sustentável e promover a qualidade de vida. As dimensões das pessoas incluem: Cidade Cria- tiva, Cidade de Aprendizagem, Cidade Humana e Cidade do Conhe- cimento. As infraestruturas humanas e sociais são pontos essenciais para o desenvolvimento da cidade. Como os Smart People se benefi- ciam de capitais sociais, seu mix híbrido é sobre educação, cultura e negócios para ter uma cidade inteligente coerente. O papel da cidade de aprendizagem é melhorar a competitividade dos contextos urba- nos na economia global do conhecimento, desenvolvendo uma força de trabalho da economia da informação. Figura 9 - Cidade inteligente Fonte: Iewek Gnos / Unsplash / Disponível em: https://unsplash.com/pt-br/ fotografias/zgJhCDLxVvs 109 Modelos de cidades inteligentesPara tornar a cidade realmente inteligente, empresas líderes de mercado, profissionais da Smart City e pesquisadores acadêmicos têm trabalhado nos últimos anos no desenvolvimento de estrutu- ras. Por enquanto, as cidades mais desenvolvidas do mundo haviam feito um progresso significativo. No entanto, cidades pequenas e emergentes ainda enfrentam desafios na implementação desse novo conceito. A seguir, na Tabela 1 são apresentados alguns mode- los de cidades inteligentes que são aplicáveis às cidades com dimen- sões sociais, econômicas e demográficas diversas. Tabela 1 - Modelos de cidades inteligentes Autor Modelos de Cidade Giffingers et al. (2007) Indicadores de cidades inteligentes Cohen (2013) Modelo de Roda de Cidades Inteligentes IBM Modelos Inteligentes de Nove Pilares Fonte: adaptado do editorial Telesapiens (2018) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). O termo cidade levou Giffinger (2007) a identificar seis ca- racterísticas principais, que são: Smart Economy, Smart Environ- ment, Smart Governance, Smart Living, Smart Mobility e Smart People. Já o outro autor apresentado na tabela, Cohen (2013), determina seis chaves, em seu modelo. Cada uma das características, cada com- ponente tem seus próprios fatores. Além disso, Cohen propõe um número que deve ser seguido para ajustar a estrutura acima. À pri- meira vista, a visão de uma cidade tem que ser formada com a par- ticipação de habitantes. Assim, as cidades devem primeiro melhorar um ponto de partida antes de estabelecer o futuro. Uma referência da cidade é primordial para definir uma vi- são privada, já que as necessidades de uma cidade para outra são diferentes, tendo em vista que devem ser consideradas a densida- de populacional, a topografia e a infraestrutura. As cidades devem seguir princípios lean startup. Permanecendo no mesmo contexto, 110 a International Business Machines (IBM) destaca sua visão 3D contra o conceito Smart City. Os três pilares são: pessoas, infraestrutura e operações. Desta forma, três serviços são determinantes: • Serviços humanos: que abrangem programas de educação, saúde e programas sociais para os moradores; • Serviços de infraestrutura: que consistem em energia, água e transporte; • Planejamento e gestão: que combinam toda a governança da cidade, segurança pública, planejamento urbano e gestão dos recursos naturais. Vale a pena destacar que, mesmo que a lista dos modelos des- taque disparidades de conceito sobre cidades inteligentes, a maioria dos modelos possuem características que se sobrepõem. Desta for- ma, podemos deduzir que existem 6 dimensões que fazem parte da maioria dos modelos: Smart HL, Smart Governance, Smart Economy, Smart Mobility, Smart Environment e Smart Living. Podemos buscar muitos aspectos conscientes, flexíveis, trans- formadores, sinérgicos, individuais, autoconfiantes e estratégicos para alcançar a inteligência. Como a cidade é um grupo de sistemas, várias pesquisas identificam algumas características que garantem a real inteligência da cidade e assim, a partir da Smart City, um ter- mo mais específico. • Smart HL: as cidades não conseguem alcançar inteligência sem criatividade, educação, conhecimento e aprendizado. Em resumo, a participação humana é muito importante de ser considerada nessa dimensão; • Governança Inteligente: os projetos de Smart City envolvem a participação de múltiplos stakeholders. Para gerenciar me- lhor esses projetos e iniciativas, as cidades devem melhorar a qualidade da governança. O fato é que as cidades têm buscado melhorar a qualidade do seu governo por meio do desenvolvi- mento das TICs. Em resumo, todas as atividades de governan- ça baseadas em tecnologia são a Smart Governance; 111 • Economia Inteligente: de forma geral, inclui empresas inte- ligentes que produzem ideias inovadoras e melhoram a rela- ção preço/qualidade com base no conceito de otimização de recursos. Dentre as características comuns desse tipo de eco- nomia, tem-se: I. inovação: em que ideias que aumentam a produtividade e reduzem custos; II. digitalização: uso generalizado das TICs na economia; III. competição: ser aberto, empregar conhecimento e inova- ção para obter qualidade de maiores lucros, recursos pro- dutivos e custos eficientes; IV. sustentabilidade: focar em fundamentos sustentáveis, usar recursos naturais de energia e recuperar áreas limpas; V. responsabilidade social: procurar promover o bem-estar dos indivíduos. • Mobilidade Inteligente: A existência deste tipo deve-se aos modos de transporte de desenvolvimento tecnológico, a fim de se deslocar rapidamente em qualquer direção e para qual- quer destino com a organização da cidade em diversas partes funcionais, reduzindo a densidade populacional junto à flexi- bilidade de transporte; • Ambiente Inteligente: Para aumentar a sustentabilidade, a cidade deve atuar em infraestruturas ambientais: hidrovias, esgotos e espaços verdes. Além disso, deve basear-se também na utilização de recursos energéticos naturais e verdes; • Vida Inteligente: Na correlação de todos os eixos que foram apresentados, os cidadãos desenvolvem maneiras inteligen- tes de viver por meio da tecnologia. Tudo está em dispositi- vos conectados, então muitas tarefas se tornam mais fáceis, seguras e baratas. Nos últimos anos, soluções inovadoras em desenvolvimento tendiam a tornar a vida das pessoas mais produtiva, sustentável e eficiente. 112 Assim, concluímos a Unidade 3. Passamos a conhecer as principais tendências tecnológicas, seus desafios e oportunidades. Descobrimos também, que os avanços nas tecnologias de informa- ção e comunicação resultaram na concepção de dispositivos móveis e aplicações que têm gerado um grande volume de dados. Seguin- do nossa trilha de conhecimento, falamos sobre a importância, as oportunidades e os problemas causados pelas redes sociais tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Finalizamos falando sobre as cidades inteligentes, como vem sendo idealizadas e construídas. Sendo assim, convido você a continuar empenhado e seguir para a nossa última Unidade. Vamos continuar nosso aprendizado? Siga em frente! UN ID AD E 4 Objetivos 1. Conhecer a problemática do cenário econômico e suas impli- cações em tempos de mudanças; 2. Compreender as principais habilidades sociais e discutir como elas são importantes para o profissional atual; 3. Discutir aspectos do comportamento humano e emocionais que podem fazer a diferença no mercado. 114 Introdução Essa unidade tem como objetivo apresentar e discutir os conceitos e as implicações decorrentes do cenário econômico. Posteriormente, discutiremos características importantes das habilidades sociais e como elas têm sido amplamente valorizadas no contexto profissio- nal. Em seguida, vamos dar uma olhada para o ser humano e sobre a compreensão do estado emocional, bem como suas implicações no contexto profissional. Por fim, contextualizaremos a sociedade e como ela tem se relacionado com a tecnologia, levando em consi- deração os novos conceitos que surgiram diante da inclusão da tec- nologia na sociedade. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo de conhecimentos da tecnologia! 115 O cenário econômico e suas implicações Uma maneira importante para iniciar o estudo da economia, bem como o contexto em que ela está inserida, é entender os princípios de oferta e demanda. Isso se deve ao fato de que a análise de oferta e demanda é uma ferramenta com grande potencial de auxílio em uma grande variedade de questões. Por exemplo: • O entendimento e previsão de como as variações nas condi- ções econômicas mundiais podem afetar o preço de mercado e a produção; • A avaliação do impacto do controle de preços exercido pelo governo, do salário-mínimo, da sustentação dos preços e dos incentivos à produção; • A determinação do modo como os impostos, os subsídios, as tarifas e as cotas de importação afeta consumidores e produtores.Desta forma, iniciamos nossa discussão por meio da obser- vação do comportamento das curvas de ofertas e demanda, ou seja, como elas podem ser utilizadas para descrever o mecanismo de mercado. Não havendo controle governamental, como imposição de preços ou uma política de regulação, a oferta e a demanda de- vem funcionar em equilíbrio, definindo a quantidade de produção e o preço no mercado. Outro fator impactante na determinação da quantidade pro- duzida ou disponibilidade de um bem ou serviço e de seu respectivo preço no mercado, são as variações econômicas relacionadas a este bem ou serviço, como, por exemplo, os custos com mão de obra ou qualquer outra atividade econômica agregada, que também pas- sam por modificações. Uma vez compreendida as características de oferta e demanda, é possível compreender alguns fenômenos eco- nômicos, como: a causa da contínua queda dos preços de algumas commodities básicas durante períodos longos, enquanto os preços de outros itens têm sofrido muitas oscilações, em razão da falta de 116 produtos no mercado, como tem ocorrido de forma bem drástica na Venezuela nos últimos 5 anos. Isso demonstra como é importante o papel governamental em relação às suas políticas de crescimento e desenvolvimento econômico. É relevante salientar, que até mesmo o anúncio ou especulação de uma política pública, que futuramente possa ser implementada, pode intervir nas condições econômicas atuais. O modelo fundamental de oferta e demanda é o instrumento- -chave da microeconomia, visto que por meio dele é possível compreender como ocorre as mudanças nos preços e o que pode acontecer quando o governo intervém no mercado. O modelo de oferta e demanda combina conceitos importantes, como a curva de oferta e de demanda. A curva de oferta nos informa a quantidade de mercadoria que os produtores estão dispostos a vender a determinado preço, manten- do-se constantes quaisquer fatores que possam afetar a quantidade ofertada. Em resumo, é uma relação entre a quantidade ofertada durante um período (Q_0) e o preço (P), podendo ser definida por Q_0=Q_0 (P). A curva da demanda demonstra como a quantidade demandada pelos consumidores depende do preço. Esta curva possui uma in- clinação para baixo, de forma a manter tudo mais constante. Dessa forma, os consumidores desejarão comprar em maior quantidade um determinado bem, conforme o preço reduz. Abaixo, temos uma ilustração das curvas da demanda e da oferta. DEFINIÇÃO 117 Figura 1 - Curva da oferta Fonte: adaptado de PINDYCK; RUBINFELD (2013, p. 22) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). Figura 2 - Curva de demanda Fonte: adaptado de PINDYCK; RUBINFELD (2013, p. 24) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). É de se referir que, além do preço, existem outras variáveis envolvidas na aceitação e quantidade de compra de um determina- do bem ou serviço. Um exemplo é a renda familiar, sendo óbvio que quanto maior a renda, mais o consumidor pode gastar. Preço QuantidadeQ1 P2 P1 Q2 O O’ Preço QuantidadeQ1 P2 P1 Q2 D D’ 118 É possível perceber isso por meio da Figura 2: se o nível de renda aumenta, considerando que o preço de mercado fosse cons- tante em P1, seria de se esperar um aumento na quantidade de- mandada, de Q1 para Q2, como resultado da renda mais alta dos consumidores. Considerando que esse aumento ocorreria qualquer que fosse o preço de mercado, o resultado seria um deslocamento para a direita de toda curva da demanda, ou seja, de D para D’ (na figura 3). Além disso, poderíamos verificar o quanto o consumidor es- taria disposto a pagar para adquirir uma quantidade determinada Q: dado que a renda é suficientemente maior, talvez, os consumi- dores possam estar dispostos a pagar um preço mais alto, como por exemplo, P2 ao invés de P1 (figura 1), ou seja, novamente há um deslocamento da curva para a direita. Outro fator, que pode contri- buir nas mudanças de preços e afetar a demanda, é o quanto deter- minados bens são substitutos e complementares. Bens são substitutos quando o aumento no preço de um deles pro- duz um aumento na quantidade demandada do outro. Um exemplo de bens substitutos são o cobre e o alumínio, uma vez que na maioria das aplicações (usos) um pode ser substituído pelo outro. Dessa forma, a quantidade demandada de alumínio aumen- tará se o preço do cobre subir, e vice-versa. O mesmo vale, pelos tipos de carne, quando o preço de uma carne aumenta, a demanda por outro tipo pode aumentar. Bens são complementares quando um aumento no preço de um deles leva um decréscimo na quantidade demandada pelo outro. Um exemplo de bem complementar são os automóveis e combus- tíveis, tendo em vista que são “utilizados” em conjunto, ou seja, um decréscimo no preço da gasolina pode aumentar a quantidade demandada de automóveis. Outro possível exemplo é o caso dos computadores pessoais, os operacionais (por exemplo, Windows, DEFINIÇÃO 119 MacOS) e os aplicativos de usuário (por exemplo, o pacote Office, Photoshop, entre outros). Como o preço dos PCs têm diminuído nas últimas décadas, o que fez aumentar o número de aquisições, a de- manda por aquisição de software também aumentou causando uma baixa de preço em alguns sistemas. Embora, temos atribuído o des- locamento para a direita na curva da demanda ao aumento de renda, esse deslocamento poderia também ser devido ao aumento de um bem substituto ou a um decréscimo de um bem complementar. Outro exemplo de influência na curva de demanda é o clima, que pode afetar por exemplo, a venda de itens de praia ou mesmo a produção de certos vegetais. Até o momento temos discutido um pouco sobre o comporta- mento das curvas de demanda e oferta. Também vimos como bens substitutos e complementares podem afetar o preço e a demanda de alguns itens. Reflita sobre pelo menos três outros exemplos de bens substitutos e complementares que tem afetado os preços dos produtos que costuma consumir. Agora, vamos imaginar como as curvas de demanda e oferta são compreendidas em conjunto. Para isso, observemos a Figura 2, onde o eixo na vertical apresenta o preço (P) de um bem em dólares por unidade, sendo que é o preço atual que os vendedores recebem por uma quantidade ofertada e o preço que os compradores pagam por uma certa quantidade demandada. Já o eixo na horizontal de- monstra a quantidade total demandada e ofertada Q, que é medida através do número de unidades em um período de tempo. Para um bom balanceamento do mercado é necessário um equilíbrio entre as duas curvas. Esse equilíbrio pode ser entendido por meio do ponto de intersecção das duas curvas, dado pelo preço e a quantidade. Veja que, no ponto P0, a quantidade ofertada e a quantidade demandada são exatamente iguais (a Q0). 120 Figura 3 - As A lei da oferta e da demanda em conjunto Fonte: adaptado de PINDYCK; RUBINFELD (2013, p. 25) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). Denomina-se mecanismo de mercado: a tendência, em merca- dos livres, de que o preço se modifique até que o mercado se torne balanceado. No ponto de mercado balanceado, ou seja, até que as quan- tidades ofertada e demandada sejam iguais, não há escassez nem excesso de oferta, de tal forma que não existe pressão para que o preço continue se modificando. A oferta e a demanda podem não estar sempre em equilíbrio, e em alguns mercados pode não haver balanceamento, quando as condições são modificadas de forma repentina, porém a tendência é que os mercados se tornem balanceados. A fim de que entendamos as motivações pelas quais os mer- cados tendem a se tornar balanceados, suponhamos que o preço fosse inicialmente superior ao nível de balanceamento de mercado Preço (dólar por unidade) QuantidadeQ0 P2 P0 P1 O D Escassez de oferta Excesso DEFINIÇÃO 121 (P1 na Figura 2). Dessa maneira, os produtores procurariam produ- zir e vender quantidades maiores do que os compradores estariam dispostos a adquirir. Sendo assim, haveria um excesso de oferta,si- tuação em que a quantidade oferecida é maior do que a demandada. Diante desse contexto, para que a quantidade excedente pudesse ser vendida, os produtores teriam que reduzir seus preços. Como consequência, conforme há queda do preço, deve exis- tir um aumento na demanda e uma diminuição na oferta, até que o equilíbrio P0, seja alcançado. Do mesmo modo, poderia acontecer o oposto no caso do preço inicial estar abaixo de P0, por exemplo, P2 na Figura 2. Neste caso, haveria o que chamamos de escassez de oferta, ou seja, uma situa- ção onde a quantidade demandada excede a quantidade ofertada e os consumidores não conseguiriam comprar toda a quantidade que desejariam. Com isso, é provável que ocorra uma pressão ascen- dente sobre os preços, ao modo que os compradores se mostrarem dispostos a pagar mais pelas quantidades existentes e os produtos reagissem com aumentos de preço e de produção. Diante desse ce- nário, o preço chegaria a P0. Você deve estar se perguntando quando podemos aplicar este modelo de oferta e demanda. Bem, quando desenhamos e aplicamos as curvas de oferta e demanda, suponhamos que em qualquer ní- vel de preço, uma determinada quantidade deverá ser produzida e vendida. Isso somente faz sentido quando o mercado é competitivo. Em resumo, digamos que tanto os vendedores quanto com- pradores deveriam dispor de um pouco do poder de mercado, ou seja, a capacidade de afetar individualmente o preço de mercado. Agora, suponhamos que a oferta fosse controlada por um único produtor monopolista. Neste cenário, não há uma correspondência entre preço e quantidade ofertada. Isso se deve ao fato que o monopolista, por deter todo mercado, depende da forma e da posição da curva de demanda. Sendo que, se a curva da demanda se modificasse de uma determinada maneira poderia interessar ao monopolista manter a quantidade fixa, mas alterando seu preço, ou então mantê-lo fixo, modificando a quantidade. Sendo assim, à medida que traçamos 122 curvas de oferta e demanda, estamos implicitamente assumindo que nos referimos a um mercado competitivo. Bem, antes mesmo de continuarmos nosso estudo acerca do comportamento de mercado em relação a oferta e demanda, vale a pena revisitar resumidamente alguns conceitos expressos até aqui: • Curva de oferta: relação entre as quantidades de um bem que os consumidores desejam adquirir e o preço dele. • Curva da demanda: Relação entre a quantidade de um bem que os consumidores desejam adquirir e o preço del. • Complementares: Dois bens são complementares quando um aumento no preço de um deles provoca uma queda na quanti- dade demandada do outro. • Preço de equilíbrio (ou de balanceamento de mercado): Preço que iguala a quantidade ofertada com a quantidade demandada. • Mecanismo de mercado: Tendência dos preços a se modi- ficarem num mercado livre até que haja balanceamento do mercado. • Excesso de oferta: Situação na qual a quantidade ofertada ex- cede a quantidade demandada. • Escassez de oferta: Situação na qual a quantidade demandada excede a quantidade ofertada. Mudanças no equilíbrio do mercado Até então, vimos como as curvas da oferta e da demanda se deslo- cam em resposta às mudanças em variáveis como salários, custos de capital e renda. Vimos também como o mecanismo de mercado pro- duz um equilíbrio em que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Veremos, então, como esse equilíbrio se altera em face de deslocamentos das curvas da oferta e da demanda. 123 Figura 4 - Equilíbrio após um deslocamento de oferta Fonte: adaptado de PINDYCK; RUBINFELD (2013, p. 27) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). Na Figura 4, a curva da oferta se desloca de O para O’, tal- vez em razão de uma queda no preço das matérias-primas, por exemplo. Em consequência, o preço de mercado cai de P1 para P3 e a quantidade produzida aumenta de Q1 para Q3. Este cenário de- monstra o que se espera no sentido de que menores custos resultam em menores preços e o aumento nas vendas. Na verdade, sabe-se que são importantes forças para o cresci- mento econômico as quedas graduais dos custos de produção resul- tantes da evolução tecnológica, conforme discutido anteriormente. Já a Figura 5 demonstra o que acontece após um deslocamento para a direita da curva da demanda, o qual, pode ser resultado, por exemplo, de um aumento na renda dos consumidores. Um novo preço e uma nova quantidade se estabelecem depois que a oferta e a demanda se equilibram. A Figura 3 demonstra, por exemplo, que os consumidores estão pagando um preço (P3) mais alto, sendo que as empresas estão produzindo uma quantidade maior (Q3) como con- sequência do aumento de renda. Preço QuantidadeQ1 P3 P1 Q3 O O’ D 124 Figura 5 - Equilíbrio após deslocamento da demanda Fonte: adaptado de PINDYCK; RUBINFELD (2013, p. 27) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). Em muitos mercados, tanto a demanda quanto a oferta se deslocam de tempos em tempos. A renda disponível dos consumi- dores aumenta conforme a economia cresce. A demanda por alguns bens muda de acordo com as estações e com variações dos preços dos bens relacionados, ou simplesmente devido a mudanças nos gostos. Figura 6 - Aumento da renda Fonte: Steve Buissinne / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ moedas-notas-dinheiro-moeda-1726618/ Preço QuantidadeQ1 P3 P1 Q3 O D’ D 125 De modo similar, os salários, custos de capital e o preço das matérias-primas também mudam de tempos em tempos. Essas mu- danças alteram a posição da curva da demanda. Por fim, as curvas de oferta e demanda também podem ser empregadas para acompanhar os efeitos dessas mudanças. Agora que já estudamos sobre o cenário econômico, a impor- tância do comportamento das curvas de ofertas e demanda e suas implicações diante do mercado, vamos além? Chegou a hora de co- nhecer as habilidades sociais e suas características. Vamos descobrir juntos? Habilidades sociais - características e implicações No cotidiano do mercado temos diversos tipos de relações humanas, as quais podem ser consideradas o recurso mais importante em uma economia de capital. Entre os tipos de relações, podemos citar: • Cliente versus vendedor; • Empregado versus empregador; • Líder versus liderado; • Presidente versus diplomata. Essas relações são características essenciais e constituem o que podemos chamar de economia de mercado. Isso se deve ao fato de que um dos componentes significativos em nossa vida são as re- lações, as quais podem trazer diversas implicações, desde situações mínimas até mesmo promover transformações em uma sociedade. Já aos recursos que as pessoas adquirem ao conhecer os ou- tros como, por exemplo, a inserção em uma rede social (virtual ou não), ou mesmo por ser reconhecido devido a uma boa reputação, damos o nome de capital social. Este capital social tem a capacidade de fornecer a certas pessoas uma espécie de credencial, isto é, uma 126 identidade social que pode ser transformada de forma a conquistar benefícios significativos e tangíveis. São alguns exemplos desses benefícios: • Acesso privilegiado à informação, sendo que quanto mais pessoas você conhece, mais informações precisas em uma frequência maior você terá; • Cooperação e a confiança dos outros; • Resultados financeiros, pois o capital social está intimamente ligado a remuneração dos CEOs (chefes executivos). Além disso, já é notório também que o capital social seria benéfico para os empresários. Empreendedores que possuem alto capital social como, por exemplo, em redes sociais, por status, ou mesmo vínculos pessoais, estão mais inclinados a receber apoio fi- nanceiro de investidores de risco, em relação aos empreendedores que são inferiores nesta dimensão. Com isso, embora consideremos relevante o capital social, acreditamos que essa é apenas uma parte que o sucesso dos empreendedores está envolvido. Dessa forma, propõem-se que as habilidades sociaistambém preenchem um papel relevante. Neste momento, gostaríamos de levar você a refletir sobre como as organizações têm selecionados os seus funcionários mais importantes: será que a seleção apenas é baseada no capital social dos candidatos, como sua reputação e referências? Acredita-se que não, tendo em vista que isso é um começo e não um fim para o pro- cesso de seleção. Uma vez que uma lista de pessoas com bom capital social é reunida, todavia, é a impressão que os candidatos fazem so- bre os indivíduos envolvidos na seleção final que irá determinar na maioria das vezes se serão realmente contratados. Muitas pessoas possuem altos níveis de capital social, mas carecem de habilidades que lhes permitam interagir efetivamente com os outros, esse fator se torna aparente durante encontros cara-a-cara com eles. Sabe-se que várias habilidades específicas desempenham um papel na determinação da capacidade dos in- divíduos interagirem efetivamente com os outros. Estas incluem a 127 capacidade de perceber as outras pessoas com boa precisão, a fim de obter uma boa impressão e influenciá-las. Voltando o foco aos empreendedores, sabe-se que as habi- lidades sociais dos mesmos são frequentemente compreendidas como o capital de tais habilidades. Imaginamos que a capacidade de interagir de forma efetiva com as outras pessoas pode fornecer uma base importante para esses aspectos do capital social. Assim sendo, a compreensão das habilidades sociais no sucesso dos empreende- dores pode contribuir para a nossa compreensão das origens e im- pacto do capital social. Por fim, vale a pena ressaltar que a relação entre capital so- cial e habilidades sociais é análoga, de certa forma, à relação entre estoques de recursos e fluxos de recursos nas organizações. O ca- pital social pode ser visto como um ativo acumulado, enquanto as habilidades de interação com os outros são um fator que influencia o nível desse ativo. Além disso, os efeitos produzidos pelas habilidades sociais podem ser mais amplos ou mais duradouros do que os do capital. Ou seja, o capital social pode exercer seu impacto primário no iní- cio do processo, determinando quais empreendedores obtêm aces- so inicial a investidores de risco, clientes e fornecedores. Contudo, os efeitos da habilidade em interagir com os outros podem con- tinuar a moldar a origem das relações empreendedoras com tais pessoas em longo prazo. Investidores, clientes ou fornecedores aca- bam reagindo ao comportamento real dos empreendedores, como o que eles dizem ou fazem, não apenas à reputação ou status dos empreendedores. Podemos verificar que as habilidades sociais entram em jogo em muitas situações, especialmente naquelas que são tensas ou es- tressantes. Assim, seus efeitos podem ser de longo prazo, duradou- ros e podem continuar a moldar as relações entre empreendedores e outras pessoas durante o tempo em que fazem negócios. Desta forma, elaboramos duas questões: Q1: quais habilidades sociais são mais importantes para o su- cesso dos gestores? 128 Q2: como essas habilidades influenciam os esforços dos ges- tores para iniciar novos empreendimentos? Para abordar a primeira questão, revisamos cuidadosamente o extenso corpo de literatura sobre habilidades sociais com dois cri- térios firmes em mente: a relevância de cada habilidade social para os resultados nos ambientes de negócios e a relevância para as ta- refas desempenhadas pelos empreendedores. Cinco habilidades so- ciais específicas foram identificadas como sendo mais pertinentes ao sucesso dos empreendedores. Essas habilidades são: (1) percep- ção social, (2) impressão, (3) gestão, (4) persuasão e influência, e (5) adaptabilidade social. Antes de darmos seguimento nessa jornada da compreensão das habilidades sociais, vale a pena revisitarmos seu conceito: • Habilidades sociais são aquelas que usamos para interagir com outras pessoas, incluindo tanto as habilidades verbais, como a maneira como você fala com outras pessoas, quanto as não verbais, como sua linguagem corporal, gestos e contato visual. Observado a discussão anterior, veremos como essas habili- dades têm exercido influências no emprego e suas implicações. Vamos seguir nossa trilha de conhecimento? Habilidades sociais no emprego As habilidades sociais são importantes, tendo em vista que são con- sideradas qualidades pessoais relacionadas à interação que temos com os outros. Sabemos que no mercado de trabalho, quase todo trabalho necessita de habilidades sociais, principalmente quando se trabalha em equipe. Sendo que, caso você precise trabalhar em equipe (o que ocorre na maioria das vezes), precisará se dar bem com as outras pessoas. Em casos que se relacione com clientes, pre- cisará manter ou desenvolver a habilidades de compreender suas dúvidas e preocupações. Já em cargos de liderança, uma habilidade requisitada é a capacidade de manter os liderados motivados. 129 Figura 7 - Interação social Fonte: Mimi Thian / Unsplash / Disponível em: https://unsplash.com/pt-br/ fotografias/-VHQ0cw2euA Mesmo que seu trabalho não consista muito na interação com outras pessoas, habilidades sociais ainda serão necessárias para in- teragir com o empregador e colegas. Por fim, é importante que você tenha fortes habilidades so- ciais e demonstre isso nos processos seletivos e no trabalho. Apre- sentamos abaixo uma lista com as cinco mais relevantes habilidades sociais que empregadores tem buscado conforme a RoutesToFi- nance.com: • Empatia: para que haja uma boa interação entre todos, você precisará entender como eles estão se sentindo. Sabe-se que essa habilidade é importante quando usuários ou clientes fa- zem abordagens com perguntas ou problemas. Neste caso, é preciso demonstrar uma preocupação pelos problemas e aju- dá-los a resolvê-los. • Cooperação: muito importante quando se trabalha em equi- pe, o que ocorre na maioria das vezes, é necessário cooperar (trabalhar em conjunto) a fim de atingir objetivos em comum. • Comunicação Verbal: extremamente relevante em todos os trabalhos. Utilizar linguagem clara de modo que todos possam entender é muito importante. 130 • Saber Ouvir os outros: é necessário ouvir de forma bem aten- ta o que seu gestor pede para você fazer, o que os seus colegas têm sugerido durante as reuniões, ou mesmo os lamentos dos seus amigos do trabalho. Às vezes, ouvir é mais importante do que falar. • Comunicação não-verbal: essa é uma habilidade de comu- nicação importante formada basicamente pelas expressões corporais e pelo contato visual. Neste momento, vamos refletir sobre como demonstrar ha- bilidades sociais no processo de busca de emprego. Primeiramente, uma dica é começar utilizar essas palavras em seu currículo, na descrição das suas experiências ou mesmo na carta de apresenta- ção. Posteriormente, na eventualidade de uma entrevista, você pode destacar suas habilidades por meio de exemplos. Aproveite a situa- ção e faça uso da comunicação verbal e não-verbal para reafirmar seus interesses. Espero que a importância desses conceitos tenha ficado mais claro para você. Como vimos, as habilidades sociais possibilitam e melhoram as nossas relações interpessoais, permitem que possa- mos expressar os nossos sentimentos, atitudes, opiniões e direitos de modo adequado a situação na qual o indivíduo se encontra, res- peitando sempre a conduta e o espaço do outro. Sendo assim, vamos avançar na nossa unidade e estudar so- bre o comportamento humano e suas emoções. Vamos em frente! O comportamento humano e suas emoções Estudos da literatura apontam que expressões faciais emocionais são estímulos poderosos na análise das interações sociais. De acordo com Ekman (1969) as pessoas usam essas expressões para avaliar riscos comuns, evitar conflitos, acompanhar as reações emocionais de seus parceiros, adaptar seu comportamento frente às reações 131 dos outros, aprender a descrever verbalmente emoções e assim por diante. Figura 8 - Expressões faciaisFonte: Gino Crescoli / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ risonho-emoticon-raiva-bravo-2979107/ Embora alguns teóricos argumentem que esses tipos de ex- pressões são moldados em culturas de diferentes maneiras, outros apontaram que algumas de suas características são universalmente reconhecidas. Charles Darwin foi o primeiro cientista a avaliar sistemati- camente a universalidade das expressões faciais para o reconheci- mento das emoções quando, em 1872, ele escreveu “The Expression of the Emotions in Man and Animals”. Seu método de estudo ba- seou-se na observação das expressões faciais de crianças quando interagem com seus pares, em particular com crianças míopes e pessoas com transtornos mentais. Com base em várias experiências, Darwin encontrou evidências de que as expressões faciais corres- pondiam a emoções particulares, independentemente do ambiente de aprendizagem do indivíduo. Na década de 1960, Paul Ekman con- tinuou seus estudos sobre esse assunto e concluiu que havia uma quantidade limitada de expressões faciais que sinalizavam emo- ções. Em 1982, postulou que a expressão universal compreende seis emoções básicas: raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e surpresa. Em 1990, o mesmo pesquisador afirmou que havia onze outras emoções universais: diversão, desprezo, contentamento, constrangimento, excitação, culpa, orgulho, alívio, satisfação, prazer e vergonha. 132 Além disso, alguns autores argumentam que os estímulos relacionados ao rosto, corpo e fala podem ser fatores cruciais para avaliação da personalidade e atributos de afeição. A emoção é uma reação complexa que envolve todo o organismo do indivíduo, tendo uma relação direta com as suas necessidades, metas, valores e bem- -estar em geral. Nesse sentido, diferentes componentes são estuda- dos em pesquisas sobre a emoção e trazem à tona a discussão sobre o que as emoções são e o que precisa ser estudado quando se quer determinar o significado da emoção. Alguns pesquisadores se concentram nos antecedentes das emoções e na avaliação de situações, em termos de bem-estar de um indivíduo. Outros pesquisadores estudam os padrões de reação psicofisiológica. Diante do exposto, a Teoria Componencial das Emoções (SCHERER, 2005); (STEMMLER, 2003); (NIEDENTHAL; GRUBER; RIC, 2006) entende as emoções como sendo níveis variáveis de mu- danças inter-relacionadas entre um conjunto de cinco componentes: 1. Avaliações Cognitivas: estão ligadas à interpretação de uma situação e contribuem para o desenvolvimento das emoções. O indivíduo está constantemente avaliando o mundo ao seu redor, procurando perceber as qualidades afetivas de even- tos, objetos e recursos. Fazer isso implica em utilizar recursos sensoriais, perceptivos e cognitivos, incluindo o pensamento racional - uma mesma situação pode induzir diferentes emo- ções, dependendo da interpretação feita pelo usuário. 2. Reações Fisiológicas: são aspectos emocionais que permitem ao usuário revelar espontaneamente e inconscientemente suas emoções. De acordo com Scherer (2005), esse compo- nente é regulado pelo Sistema Nervoso Central, que recebe informações dos cinco sentidos e direciona as ordens ao sis- tema motor, ao Sistema Neuroendócrino, que é responsável pela regularização das mudanças internas do corpo e ao Sis- tema Nervoso Autônomo, que controla as funções do corpo, respiração, digestão, circulação, entre outros. 133 3. Expressões Motoras: também conhecidas como reações ex- pressivas, são responsáveis por comunicar as tendências com- portamentais (Scherer, 2005). Esse componente das emoções implica em alterações nas expressões faciais, vocais e ges- tuais, que acompanham a experiência emocional do usuário. Nesse contexto, o rosto e a voz sofrem mudanças com o grau de excitação. Em termos de respostas emocionais, tem-se, por exemplo, um olhar de ódio, franzir a testa, comprimir os lábios ou até mesmo um sorriso. As expressões motoras estão relacionadas às características do discurso da fala, como a ve- locidade, a intensidade, a melodia e o som. Verbalmente, um “fino” tom de voz poderá ser produzido uma vez que certas partes da área vocal, como faringe, cavidade nasal e laringe, ficam secas e endurecidas. 4. Tendências Comportamentais: preparam e orientam o or- ganismo para (ou durante) uma determinada ação (DESMET, 2003). Esse componente aponta a direção e a energia de res- postas emocionais específicas para o desempenho de tarefas que preparam o indivíduo a se adaptar a uma determinada situação (EKMAN; FRIESEN, 1969). Exemplos destes compo- nentes incluem o tempo necessário para completar uma tare- fa, o número de erros, a precisão de se alcançar um objetivo, o número de pedidos de ajuda e o número de ideias criativas durante a interação. 5. Experiência Subjetiva: é responsável pela avaliação de um episódio emocional, ou seja, da experiência subjetiva emocio- nal consciente que se relaciona com a capacidade do indivíduo para regular as emoções, tais experiências são consideradas percepções: sentir medo é perceber-se com medo. O objetivo desse componente é monitorar o estado interno do corpo e a interação entre o organismo e o ambiente. De acordo com Scherer (2005), não há algum método objetivo capaz de ava- liar os sentimentos subjetivos, pois a única maneira de se ob- ter essas informações é perguntando ao próprio indivíduo. Finalizamos mais um capítulo, tema bem interessante, descobrimos que existem diversas formas de se comportar, vai 134 depender da formação das pessoas, de sua capacidade, adaptação e aprendizado. A emoção não pode ser vista de forma isolada, pois está ligada a inteligência, motricidade e ao social. Então! Vamos seguir e estudar nosso último tema? Tecnologia e sociedade – desafios A cada dia que passa tem sido cada vez mais notável que a socieda- de denominada sociedade da informação tem se tornado a princi- pal característica do debate público sobre desenvolvimento em uma ampla variedade de sentidos desde o início do século XXI. Indo desde as propostas dos países de primeiro mundo, o termo “sociedade da informação” tem se transformado em um tópico nas mídias sociais, como televisão, rádio e internet. Vale a pena ressaltar a importância de compreender as trans- formações sociais, bem como suas implicações, causadas pela evo- lução dos processos de produção dos dispositivos tecnológicos mais acessíveis a todos. Isso tem ocasionado uma série de transforma- ções socioculturais e colocado as pessoas como protagonistas no processo de construção do seu futuro. O termo "sociedade da informação" passou a ser utilizado somente no final do século passado, em substituição ao termo so- ciedade pós-industrial e de forma a refletir o novo paradigma téc- nico e econômico. Ou seja, essa nova discussão de sociedade se deu devido as transformações técnicas, organizacionais e aos avanços tecnológicos, principalmente o computacional, em especial, o de- senvolvimento e expansão de computadores pessoais. Essas novas tecnologias, que surgiram principalmente no fim das décadas de 80 e 90, permitiram uma ênfase na flexibilidade dos processos orga- nizacionais, que possibilitou agilizar a desregulamentação e ruptu- ra do modelo de contrato social existente entre capital e trabalho, oriundos do capitalismo industrial. Essas mudanças constituem uma tendência dominante, mesmo em economias menos industrializadas, de forma a definir um novo paradigma, o da tecnologia da informação (T.I), que vem 135 expressar esse cerne da transformação tecnológica nas relações com a economia e a sociedade. Para Castells (2000), foi definido um conjunto de particu- laridades inerentes a esse novo contexto. Aqui, aproveitamos para atualizar estas características aos dias de hoje, isto é, 18 anos após. Revisão e atualização das Propriedades da sociedade da informação A informação como matéria-prima As tecnologias têm sido desenvolvidas com o objetivo de permitir que o ser humano atue sobrea informação afim de que ele extraia conheci- mento novo por meio de técnicas de ciência de dados e aprendizagem de máquina. A informação está em todo lugar A computação está inserida em todos os lugares, de forma a produzir novos formatos de dados e conteúdo, tornando tudo conectado e mais inteligente (smart). Ela está nas casas, nas roupas, nas gestões das cida- des, dentre outros. Tudo é conectado O desenvolvimento de novos protocolos de comunicação em rede com fio e sem fio permitem uma comunicação mais rápida e eficaz, de modo que os serviços estão mais rápidos e eficientes. Flexível e auto adaptável A tecnologia de informação, bem como suas técnicas e metodologias, tem sido flexível e auto adaptada a diferentes contextos e objetivos. É multidisciplinar e conversa com outras áreas A aplicação em diferentes contextos para resolver problemas comple- xos, permitiram um forte relacionamento entre a área de tecnologia da informação e outras áreas, como agricultura, medicina, administração, dentre outros. Fonte: adaptado de GIUNTINI e CORCINI (2018) pelo editorial Grupo Ser Educacional (2023). 136 Esse foco nas tecnologias pode contribuir para um entendi- mento um pouco ingênuo de que as transformações dirigidas, para a sociedade da informação, devem resultar da tecnologia que estão ausentes de fatores sociais e políticos. Sabe-se que os processos so- ciais e de transformação resultam não só das interações complexas entre os fatores sociais pré-existentes, mas também da criatividade e condições de pesquisa científica, as quais afetam o avanço tecno- lógico e suas aplicações em diferentes contextos. Esse determinismo pode distorcer a análise de um processo de mudança social e tem alimentado uma atitude contemplativa em relação ao mesmo, de forma que tais posturas têm a capa- cidade tanto de promover quanto de sufocar o desenvolvimento tecnológico e suas diversas aplicações. É de se referir a distinção entre países e grupos sociais "ricos" e "pobres" em termos de informação, sendo que as disparidades de renda e promoção industrial entre os povos e grupos da sociedade têm se reproduzido nesse “novo” paradigma. Dado as primeiras impressões acerca do medo diante dos efeitos da automação nos setores produtivos, os avanços da com- putação têm também promovido uma atração considerada imatura, que em boa parte já foi superada. Essa imaturidade se deve ao fato do crédito dado à tecnologia como “remédio” que resolverá todos nossos problemas. Isso ocorreu especialmente nos últimos 30 anos, quando a difusão da Internet nos países industrializados ofereceu suporte ao sonho de integração mundial dos povos por meio de vias globais. Por meio de características do paradigma técnico-econômico, é possível destacar justificativas e algumas expectativas positivas sobre a sociedade da informação. Um exemplo disso é a substitui- ção de insumos baratos de energia por informação para a sociedade, uma saída imprevista para a questão estrutural da degradação do meio ambiente. Vale a pena destacar que, se a inserção das novas tecnolo- gias pode elevar o temor com possíveis efeitos negativos e até re- forçar a inevitabilidade das transformações que acarreta, por outro lado, tem fundamentado a concepção da sinergia capaz de conferir 137 dinamismo ao processo de mudança dando suporte às iniciativas que visam preparar a sociedade, como um todo, para enfrentar e to- mar partido das tendências de transformações técnico-econômicas. Uma vez que é possível a implementação da lógica da rede de computadores, a tecnologia tem permitido a remodelagem de re- sultados que emanam de interações complexas e criativas, ou seja, um desafio praticamente intransponível do padrão tecnológico e societário anterior. Dado que isso tem oferecido oportunidades aos sonhos em um âmbito das ciências básicas, ele também tem permi- tido a integração do ensino de forma colaborativa e individualizada. Uma vez que essa flexibilidade que caracteriza a base do novo paradigma seja o item que mais fundamenta as considerações po- sitivas da sociedade da informação, é a mesma que incorpora, na essência do paradigma, a noção de aprendizagem. A capacidade de reconfiguração do sistema tem por base a disponibilidade para a in- corporação da mudança. A aprendizagem passa a ser empregada em diferentes níveis, sendo que a organizacional é a aplicação de maior significado na reestruturação capitalista no novo paradigma. Além disso, a flexibilidade também fornece fundamentação às expec- tativas de contínua adaptação dos trabalhadores e consumidores, produtores e usuários, o que permite um contínuo aperfeiçoamento intelectual e técnico como requisito da sociedade da informação. Essa convergência tecnológica tem reforçado os efeitos da sinergia decorrente da inserção das tecnologias na sociedade da in- formação. Dessa forma, faz-se possível a compreensão pelo fascínio (e o medo) com uma sociedade informatizada dos sonhos, em que não somente o desenvolvimento tecnológico parece não ter limites. Do mesmo modo que a corrida espacial frustrou a imaginação popular de viagens entre os planetas ao alcance de todos, os avan- ços da computação, meios de comunicação e da microeletrônica têm prometido colocar ao alcance da mão facilidades nunca antes ima- ginadas em termos de bem-estar, lazer e acesso rápido, ilimitado e eficiente, ao rico acervo do conhecimento humano. As características desse novo paradigma justificam, de certo modo, a crença de que a sociedade da informação será completa- mente diferente da sociedade industrial, bastando que compreen- damos e direcionamos as forças sociais necessárias. 138 Embora muitas previsões da sociedade da informação pos- sam parecer uma utopia devido aos exageros apresentados, algumas perspectivas foram muito curiosas ao passo em que se tornaram viáveis, como é o caso de algumas na área de educação e medicina. Exemplo disso, são o ensino a distância e as cirurgias automatizadas, que se tornaram uma realidade que há 20 anos parecia impossível. Dessa forma, é possível reafirmar a promoção pela sociedade da informação, tendo em vista que este paradigma tem a capacidade de oferecer avanços significativos para uma vida individual ou cole- tiva oferecendo diversos estímulos para a sociedade. Essa compensação com tais avanços, no entanto, não pre- cisa nos limitar de reconhecer setores de que precisam de atenção. A comunidade vem considerando com atenção a evolução histórica do novo paradigma da informação e apresentando, em cada etapa dessa construção, seus interesses reais ou infundados com as su- posições sociais das novas tecnologias. Livremente de considerar- mos ou não a concepção da "neutralidade" ou "ambivalência" da tecnologia, não se pode esquecer as questões éticas referentes a ela. Os desafios da sociedade da informação são inúmeros e incluem desde os de caráter técnico, econômico, cultural, social e legal, até os de natureza psicológica e filosófica. É interessante ressaltar a vi- são de autores: [...] como Brook e Boal (1995) dedicam-se a examinar estratégias de resistência para, como um novo "luddismo", lutar contra os aspectos perniciosos da tecnologia virtual acusada de disseminar na sociedade a utilização de um simulacro de relacionamento como substitu- to de interações face a face e contra a alegada usurpação pelo capital do direito de definir a espécie de automação que desqualifica tra- balhadores, amplia o controle gerencial sobre o trabalho, intensifica as atividades e corrói a solidariedade. (WERTHEIN, 2000, p. 75) Algumas das preocupações acima têm sido transformadas com o avanço do novo paradigma, incluindo as ações dos movi- mentos sociais em reação às implicações consideradas socialmente inaceitáveis. 139 Figura 9 - Lei da perda da privacidade Fonte: Sang Hyun Cho / Pixabay / Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ justi%c3%a7a-est%c3%a1tua-senhora-justi%c3%a7a-2060093/ Em alguns outros casos, comoa perda da privacidade, a so- ciedade tem-se mobilizado para promover o que a lei identifica como o "comportamento normal responsável", inclusive por meio de legislação adequada para proteger os direitos do cidadão na era digital. Uma questão ética do novo paradigma não dis- cutida por analistas como Leal, Brook e Boal diz respeito ao aprofundamento de desigualdades sociais, desta vez, sobre o eixo do acesso à in- formação. [...] O ritmo de expansão da Internet no mundo levou apenas um terço do tempo que precisou o rádio para atingir uma audiência de 50 milhões de pessoas (Quéau, 1999). A redu- ção dos preços dos computadores por volu- me de capacidade de processamento facilitou grandemente essa difusão, mas não permitiu ainda superar a relação entre nível de renda e acesso às novas tecnologias. (WERTHEIN, 2000, p. 76) Havendo uma massa de pessoas algumas vezes maior, os bai- xos índices de renda per capita nas regiões emergentes refletem em uma alta taxa de analfabetismo adulto, baixo acesso à ensino formal avançado e à tecnologia da informação, tanto tradicional quanto moderna. 140 O grau de agregação dos dados antecedentes envolve dife- renças fundamentais dentro da condição em desenvolvimento, mas mesmo para o terço mais desenvolvido dentre eles, chama-se aten- ção para os quais o papel das tecnologias de informação na forma- ção de uma "sociedade do conhecimento" moderna conseguirá ser muito importante e participar para o desenvolvimento sustentável, porém será associado de muitos riscos. Nessas regiões, em especial os de nível médio de renda, conjunto em que se enquadram muitos dos países da América Latina e Caribe, as diferentes técnicas e seu uso precisam de investidas na elevação das práticas tecnológicas locais e no aumento das organizações políticas, culturais, econômi- cas e sociais. Em uma sociedade globalizada em que avança o novo para- digma, a manifestação de novas forças de exclusão se dá tanto em nível local quanto global e requer esforços em ambos os níveis no sentido de superá-las. Como não há a cobrança de que os operadores desses pontos de acesso partilhem os custos do circuito completo, os provedores de serviços de Internet nos países em desenvolvi- mento devem, na maioria das vezes, pagar pelos custos totais das ligações nos dois sentidos, o que encarece o serviço e restringe suas possibilidades de expansão. O acesso universal ao conteúdo e a fontes de conhecimento apontam para a necessidade de resolver vários outros desafios. Do ponto de vista dos países em desenvolvimento, uma delicada negociação com os editores deveria permitir a extensão da legisla- ção relativa ao "uso justo" aos recursos disponíveis na Internet. A essa negociação deveria acrescentar ações visando difundir de forma eficiente princípios info-éticos em relação aos direitos de propriedade intelectual, inclusive na Internet. No campo educacio- nal dos países em desenvolvimento, decisões sobre investimentos para a incorporação da informática e da telemática implicam tam- bém riscos e desafios. Será essencial identificar o papel que essas novas tecnologias podem desempenhar no processo de desenvolvimento educacional e, isso posto, resolver como utilizá-las de forma a facilitar uma efe- tiva aceleração do processo em direção à educação para todos, ao longo da vida, com qualidade e garantia de diversidade. 141 O curso de pesquisa e da mudança da “informação” em “co- nhecimento” está na natureza da representação da Unesco de con- tribuir para a paz e proteção por meio da promoção da participação entre as nações. Em efeito de sua representação, a Unesco tem exercido de forma organizada a fim de ajudar as iniciativas dos Estados Mem- bros na decisão de políticas de inclusão das novas tecnologias aos seus fins de crescimento. Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual formou a base das garantias à informação na sociedade da informação, levando em conta os valores e a com- preensão delineados anteriormente. O novo Projeto de Informação para Todos precisará prover um programa para a discussão global sobre acesso à informação, com a participação de todos na socieda- de da informação global e nas formas éticas, legais e societárias do uso das tecnologias de informação e comunicação. Agora que finalizamos nosso estudo sobre o assunto Análise de Mercado, é importante que você tenha assimilado bem os conceitos, características, implicações e desafios deste tema tão relevante. Caso algum assunto não tenha sido compreendido, é importante que você o releia. Desejo que você continue sua formação, amplie cada vez mais seus conhecimentos e tenha sucesso em sua vida profissional. Bom estudo! 142 Referências UNIDADE 1 ALVES, N. Smart City: as 7 cidades mais inteligentes do mundo. Construct. 11 jan. 2018. Disponível em: <https://constructapp.io/pt/ smart-city-cidades-mais-inteligentes/>. Acesso em: 22 out. 2018. ANTHOPOULOS, L.; FITSILIS, P. From Digital to ubiquitous cities: defining a common Architecture for Urban Development. Project Management Department. Larissa, Grécia, p. 6, 2010. BAINES, T., et al. The servitization of manufacturing: A review of literature and reflection on future challenges. Journal of Manufac- turing Technology Management 20(5): 547-567, 2009 CONCEITO.DE. Conceito de Mercado. 25 out. 2011. Disponível em: <https://conceito.de/mercado>. Acesso em: 10 out. 2018. DE CASTRO, Leandro. Análise de Mercado e Plano de Marketing. In: Primeiros Passos em Empreendedorismo e Inovação Tecnológica (curso), UEFS, Feira de Santana, 2015. DORNELAS, J. Análise de mercado. 2014. Disponível em: <https:// www.josedornelas.com.br/wp-content/uploads/arquivos/Artigos- -de-PN-Como-Fazer-An%C3%A1lise-de-Mercado.pdf>. Acesso em: 13 out. 2018. ENDEVOR. Análise de mercado: 5 dicas para entregar o que seu cliente quer. 12 jun. 2015. Disponível em: <https://endeavor.org. br/estrategia-e-gestao/analise-de-mercado/>. Acesso em: 13 out. 2018. FILLION, L. J. Empreendedorismo e gerenciamento: processos distintos, porém complementares. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 2-7, jul./set. 2000. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rae/v40n3/v40n3a13.pdf>. Acesso em: 20 out. 2018. 143 FLORIDA, R. The rise of the creative class. New York: Basic Book, 2014. FRANCO, G.; VALE, L. A Importância e influência do setor de com- pras nas organizações. TecHoje. Disponivel em: <www.techoje. com.br/site/techoje/categoria/ detalhe_artigo/1004>. Acesso em: 4 jul. 2017. FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV). O que é uma cidade inteli- gente. 2018. Disponível em: <https:// fgvprojetos.fgv.br/noticias/o- -que-e-uma-cidade-inteligente>. Acesso em: 25 out. 2018. FURLAN, J. D. Modelagem de negócio. São Paulo: Makron Books, 1997. G1. Mudanças na sociedade fazem surgir novas profissões. 22 dez. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noti- cia/2017/12/mudancas-na-sociedade- fazem-surgir-novas-pro- fissoes.html>. Acesso em: 5 nov. 2018. HASHEN, I. A. T. et al. The rise of “Big Data” on cloud computing: review and open research issues. Inf. Syst., p. 98-115, 2015. HOLLANDS, R. G. Will the real smart city please stand up? Intelli- gent, progressive or entrepreneurial? City, v. 12, n. 3, p. 20, 2008. Disponível em: <http://labos.ulg.ac.be/ smart-city/wp-content/ uploads/sites/12/2017/03/Lecture-MODULE-3-2008-Will-the- -real-smart-city-please-stand-up-Hollands.pdf>. Acesso em: 26 out. 2018. INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA EMPRESA (IESE). CEN- TER FOR GLOBALIZATION AND STRATEGY. IESE cities in motion strategies. 2018. Disponível em: <www.iese.edu/en/faculty-resear- ch/research-centers/cgs/cities-motion-strategies/>. Acesso em: 24 out. 2018. ISHIDA, T. Digital cities: technologies, experiences and future perspectives. New York: Springer, 2000. KMONINOS, N. Intelligent cities: innovation, knowledge systems and digital spaces. New York: Spon Press, 2002. 144 KMONINOS, N. The architecture of intelligentcities. 2nd Inter- national Conference on Intelligent Environments. Athens: 2006, p. 13-21. KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milê- nio. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000. MASCI CONSULTORIA. Análise de mercado: o que é e como fazer para o meu negócio? 2 jul. 2017. Disponível em: <www.masciconsul- toria.com.br/analise-de-mercado/>. Acesso em: 12 out. 2018. NAKAGAWA, M. Análise SWOT (clássico). Sebrae - Estratégia e Gestão, [S.l.], p. 3, 2012. NUNES, P. Mercado. Knoow.net - Enciclopédia Temática. 9 fev. 2016. Disponível em: <http://knoow.net/cienceconempr/gestao/ mercado/>. Acesso em: 20 out. 2018. PETROLO, R.; LOSCRI, V.; MITTON, N. Towards a smart city ba- sed on cloud of things. WiMobCity - International ACM MobiHoc Workshop on Wireless and Mobile Technologies, Philadelphia, Aug. 2014, p. 61-66. Disponivel em: <https://hal.inria.fr/hal-01004489/ file/city06-petrolo.pdf>. Acesso em: 25 out. 2018. FLORIDA, Richard. The Rise of the Creative Class. New York: Basic Books, 2002. (SEBRAE). Perfil Empreendedor. 27 jun. 2017. Disponível em: <www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/o-que-e-ser-em- preendedor,ad17080a3e107410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 20 out. 2018. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EM- PRESAS (SEBRAE). Plano de Negócio. 2017. Disponível em: <www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/voce-ja-tem- -o-plano-de-acao-do-seu-negocio,d005844b68257510VgnV- CM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 26 out. 2018. THOMPSON, I. Tipos de mercado. ago. 2017. Disponível em: <www. promonegocios.net/mercado/tipos-de-mercado.html>. Acesso em: 22 out. 2018. 145 VANDERMERWE, S.; RADA, J. Servitization of business: adding value by adding services. European Management Journal, v. 6, n. 4, p. 314-24, 1988. WASHBURN, D.; SINDHU, U. Helping CIOs understand “smart city” initiatives. Forrester, Cambridge, p. 17. 2010. WOLFERT, S. et al. Big Data in smart farming – a review. Agricul- tural Systems, v. 153, p. 69-80, 2017. UNIDADE 2 BATISTA, M. M.; PESSOA, E. Tipos de Empreendedorismo: seme- lhanças e diferenças. Comunidade ADM - Artigos - Negócios, 2005. Disponível em: <https://administradores.com.br/artigos/tipos- -de-empreendedorismo-semelhancas-e-diferencas>. Acesso em: 29 out. 2018. CAMINHA, N. Soft Skills: habilidades que destacam profissionais. edools, 2 Abr. 2018. Disponível em: <https://www.edools.com/soft- -skills/>. Acesso em: 05 Nov. 2018. CLUBEDAIMAGEM. Qual é o significado do empreendedorismo? Clube da Imagem, 20 ago. 2018. Disponível em: <https://clubedai- magem.com.br/>. Acesso em: 31 out. 2018. DINIZ, L. O que é Empreender. Comunidade de ADM - Artigos, Ne- gócios, 5 jul. 2014. Disponível em: <http://www.administradores. com.br/artigos/negocios/o-que- e-empreender/78598/>. Acesso em: 29 out. 2018. FILLION, L. J.; LAFERTÉ, S. Um roteiro para desenvolver o em- preendedorismo. HEC Montréal. Montréal, p. 33. 2003. FONÇATTI, G. Gestão de carreira e escolhas profissionais. SlideShare, 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/ RosaneLourdesSouza/gesto-de-carreira-e-escolhas-profissio- nais-guilherme-foncatti-copy>. Acesso em: 01 nov. 2018. FRANCO, G.; VALE, L. A Importância e Influência do Setor de Compras nas Organizações. TecHoje. Disponível em: <http:// 146 www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004>. Acesso em: 04 jul 2017. HASHIMOTO, M. Mas, afinal, o que é empreender? PEGN, 01 set. 2014. Disponível em: <https://revistapegn.globo.com/Colunistas/ Marcos-Hashimoto/noticia/2014/09/mas-afinal-o-que-e-em- preender.html>. Acesso em: 29 out. 2018. LALKAKA, R. Fostering technological entrepreneurship and in- novation. Millennium Book Chapter, Toronto, 2001. LEMOS, C. Inovação na era do conhecimento. Parcerias Estratégi- cas - Ciência, Tecnologia e Sociedade, v. 5, p. 156-179, maio 2009. LEMOS, P. O empreendedorismo baseado nas competências do empreendedor. [S.l.]. 2016. MARQUES, J. R. Tipos de Empreendedorismo e suas principais características. JRM, 16 Mar. 2018. Disponível em: <https://jrmcoa- ching.com.br/blog/5-tipos-de-empreendedorismo-e-caracteris- ticas/>. Acesso em: 30 out. 2018. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tra- dução de Catarina SILVA e Jeanne SAWAYA. São Paulo: Cortez, 2000. 115 p. ISBN 85-249-0741-x. MUNHOZ, A. S. ABP - Apredizagem Baseada em Problemas - Fer- ramentas de apoio ao Docente no Processo de Ensino-Aprendi- zagem. São Paulo: Cengage Learning, 2015. PALHARES, I.; DIÓGENES, J. Três em cada 10 são anal- fabetos funcionais no País. Estadão, 06 Ago. 2018. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/educacao/tres- em=-cada10--sao-analfabetos-funcionais-no-pais/::::text- Tr%C3%AAs%20em%20cada%20dez%20jovens,pessoas%20 %E2%80%93%20s%C3%A3o%20considerados%20analfabe- tos%20funcionais>. Acesso em: 05 Nov. 2018. PINTO, Augusto. Inovação Requentada. In: Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), 2020. Disponível em: <https:// 147 www.aberje.com.br/coluna/inovacao-requentada>. Acesso em: 09 maio 2023. PONTES, B. R. Administração de Cargos e Salários. 18. ed. São Pau- lo: LTR, 2017. Acesso em: 01 nov. 2018. SEBRAE. Plano de carreira: o que é e como criar um. SEBRAE Nacio- nal, 18 Set. 2017. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/artigos/plano-de-carreira-o-que-e-e-como-criar,- 66d839f5192ed510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 03 nov. 2018. SEBRAE. O que é ser empreendedor. SEBRAE Nacional, 27 jun. 2017. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSe- brae/bis/o-que-e-ser-empreendedor,ad17080a3e107410VgnVCM- 1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 20 out. 2018. TOFOLI, E.; TOFOLI, I. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA CAR- REIRA PROFISSIONAL. V Encontro Científico e Simpósio de Educa- ção, Lins - SP, 06-09 out. 2015. 15. UNIDADE 3 BATTY, M. et al. Smart cities of the future. The European Physi- cal Journal Special Topics, 2012. Disponível em: <https://link. springer.com/article/10.1140/epjst/e2012-01703-3>. Acesso em: 06 maio. 2023. BENJELLOUN, F. Z.; LAHCEN, A. A.; BELFKIH, S. An Overview of Big Data Opportunities, Applications and Tools. International Confe- rence on Intelligent Systems and Computer VisionAt: Fez, Morocco, 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1109/ISACV.2015.7105553>. Acesso em: 06 maio. 2023. BOYD, D. M.; ELLISON, N. B. Social network sites: Definition, his- tory, and scholarship. Journal of Computer-mediated commu- nication, v. 13. 2007. Disponível em: <https://doi.org/10.1111 /j.1083-6101.2007.00393.x>. Acesso em: 06 maio. 2023. CHEN, G.; WU, S.; WANG, Y. The evolvement of big data systems: From the perspective of an information security application. Science 148 Direct. Big Data Research, vol 2, 2015. p. 65-73. Disponível em: <ht- tps://doi.org/10.1016/j.bdr.2015.01.002>. Acesso em: 06 maio. 2023. ESPOSITO, C. et al. Knowledge-based platform for big data analytics based on publish/subscribe services and stream processing. Science Direct. Knowledge-Based Systems, vol 79, 2015. p. 3-17. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.knosys.2014.05.003>. Acesso em: 06 maio. 2023. EUROPEAN COMMISSION. Europe 2020: A European strategy for smart, sustainable and inclusive growth. Brussels, Belgium, 2010. GIFFINGER, Rudolf; et al. Smart cities - Ranking of European medium- -sized cities. Vienna University of Technology, 2007. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/261367640_Smart_ cities_-_Ranking_of_European_medium-sized_cities>. Acesso em: 05 maio. 2023. GIUNTINI, Felipe Taliar; UEYAMA, Jó. Explorando a teoria de gra- fos e redes complexas na análise de estruturas de redes sociais: um estudo de caso com a comunidade online Reddit. Anais. Por- to Alegre: SBC, 2017. Disponível em: <http://sbrc2017.ufpa.br/wp- -content/uploads/2017/05/proceedingsWP2P2017.pdf.>. Acesso em: 05 maio 2023. GUIMARÃES, Marcelo. O uso das redes sociais e suas relações de trabalho. Marcelo Guimarães & advogados associados, [s.d]. Dis- ponível em: <http://marceloguimaraes.adv.br/o-uso-das-redes--sociais-e-suas-implicacoes-nas-relacoes-de-trabalho/>. Acesso em: 16 set. 2018. HELDER. Os 5 Vs do Big Data. Cultura Analitica. 12 fev. 2018. Dis- ponível em: https://culturaanalitica.com.br/os-5-vs-big-data/. Acesso em: 08 maio 2023. HYPE cycle researcher. Gartner, [s.d]. Disponível em: <https:// www.gartner.com/en/research/methodologies/gartner-hype- -cycle>. Acesso em: 17 set. 2018. KRAMER, M.; SENNER, I. A modular software architecture for processing of big geospatial data in the cloud. Science Direct. 149 Computers & Graphics, vol 49, 2015. p. 69-81. Disponível em: <ht- tps://doi.org/10.1016/j.cag.2015.02.005>. Acesso em: 06 maio. 2023. MOREIRA, Rodrigo. Redes Sociais e seu impacto no comportamento humano. Profissionais TI: pra quem respira informação, 2017. Dis- ponível em: <https://www.profissionaisti.com.br/redes-sociais- -e-seu-impacto-no-comportamento-humano/>. Acesso em: 06 maio. 2023. NAM, T.; PARDO, T. A. Conceptualizing Smart City with Dimen- sions of Technology, People, and Institutions. Proceedings of the 12th Annual International Digital Government Research Con- ference: Digital Government Innovation in Challenging Times, College Park, June 2011, p. 282-291. Disponível em: https://doi. org/10.1145/2037556.2037602 NARDI, ADRIANA. Data Science: Decisões de Negócio a partir de Bases de Dados. Bridge & CO. [s.d]. Disponível em: https://www. bridgeconsulting.com.br/data-science-decisoes-de-negocio-a- -partir-de-bases-de-dados/. Acesso em: 08 maio 2023. P¨A¨AKKONEN, P.; PAKKALA, D. Big Data Research: Reference ar- chitecture and Classification of Technologies, Products and Ser- vices for Big Data Systems. Science Direct. Big Data Research, vol 2, 2015. p.166-186. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j. bdr.2015.01.001>. Acesso em: 06 maio. 2023. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. (Coleção Cibercultu- ra). Porto Alegre: Sulina, 2009. 191 p. STATISTA. Statista: Empowering people with data, c2023. Página inicial. Disponível em: <https://www.statista.com/>. Acesso em: 05 maio. 2023. UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. WorldUrbanization Prospects: The 2014 Revision, Highlights, Uni- ted Nations. New York, 2014. VANAUER, M.; BOHLE, C.; HELLINGRATH, B. Guiding the Intro- duction of Big Data in Organizations: A Methodology with Bu- siness- and Data-Driven Ideation and Enterprise Architecture 150 Management-Based Implementation. 48th Hawaii Internacional Conference on System Sciences. IEEE, 2015. Disponível em: <ht- tps://doi.org/10.1109/HICSS.2015.113>. Acesso em: 06 maio. 2023. VINAY, A. et al. Cloud based big data analytics framework for face recognition in social networks using machine learning. Science Di- rect. Procedia Computer Science, vol 50, 2015. p. 623-630. Dispo- nível em: <https://doi.org/10.1016/j.procs.2015.04.095>. Acesso em: 06 maio. 2023. WHAT is Data Science? 8 Skills That Will Get You Hired in Data. Udacity Brasil, 2014. Disponível em: <https://www.udacity.com/ blog/2014/11/data-science-job-skills.html>. Acesso em: 06 maio. 2023. WINTERS, J. V. Why are smart cities growing? who moves and who stays. Journal of Regional Science, vol. 51, n. 2, 2011. p. 253-270. XIII workshop de redes P2P, dinâmicas, sociais e orientadas a Conteúdo, 2017. Belém-PA. Anais do WP2P 2017. Porto Alegre: So- ciedade Brasileira de Computação (SBC), 2017. v. 13. p. 21-31. UNIDADE 4 BIJKER, Wiebe E.; LAW, John. Shaping technology/building so- ciety: Studies in Sociotechnical Change. Penguin Random House LLC. MIT press, 1992. 341 p. CASTELLS, Manuel. Toward a Sociology of the Network Society. Contemporary Sociology. JSTOR Collection. vol. 29, n. 5, 2000, p. 693-699. Disponível em: <https://doi.org/10.2307/2655234>. Acesso em: 06 maio. 2023. CROWLEY, David; HEYER, Paul. Communication in history: Te- chnology, Culture, Society. Communication Studies, Humanities. Routledge, New York, 2015. 336 p. DESMET, P. A multilayered model of product emotions. The Design Journal: An International Journal for All Aspects of Design, vol. 6, no. 2, 2003. p. 4-13. Disponível em: <https://doi.org/10.2752/14606 9203789355480>. Acesso em: 06 maio. 2023. 151 EKMAN, P.; SORENSON, E. R.; FRIESEN, W. V. Pan-cultural elements in facial displays of emotion. Science: American Association for the Advancement of Science, v. 164, n. 3875, 1969. p. 86–88. Disponível em: <https://doi.org/10.1126/science.164.3875.86>. Acesso em: 06 maio. 2023. EKMAN, P.; FRIESEN, W. V. The repertoire of nonverbal behavior: Categories, origins, usage, and coding. Journal Semiotica. Non- verbal communication, interaction, and gesture, 1969. p. 49- 98. Disponível em: <http://www.communicationcache.com/ uploads/1/0/8/8/10887248/the-repertoire-of-nonverbal-beha- vior-categories-origins-usage-and-coding.pdf>. Acesso em: 06 maio. 2023. LATOUR, Bruno. Technology is society made durable. Sage Jour- nals. The Sociological Review, v. 38, 1990. p. 103-131. Disponível em: <https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1990.tb03350.x>. Acesso em: 06 maio. 2023. NIEDENTHAL, P.; GRUBER, S.; RIC, F. Psychology of emotion: Psychology of Emotion. John Wiley & Sons, Inc. 2006. PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. Pear- son Italia, 2013. ROUTES TO FINANCE. Routes To Finance: Good Access to Finance helps Increase Business Growth, c2023. Página Inicial. Disponível em: <https://routestofinance.co.uk/>. Acesso em: 06 maio. 2023. SCHERER, K. R. What are emotions? and how can they be measured? Trends and developments: research on emotions. SAGE Publica- tions. Social Science Information. vol. 44, n. 4, 2005. p. 695-729. SCHERER, K. R. Appraisal considered as a process of multilevel se- quential checking. In: SHERER, K. R.; SCHORR, A.; JOHNSTONE, T. Appraisal processes in emotion: theory, method, research. p. 92- 120. Oxford: Oxford University Press, vol. 92, 2001. p. 120. STEMMLER, G. Methodological considerations in the psychophy- siological study of emotion. In: DAVIDSON, R. J.; GOLDSMITH, H. H.; 152 SCHERER, K. R. Handbook of affective science, New York: Oxford University Press, 2003. p. 225-255. WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. SciELO. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, 2000. p. 71-77. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ci/a/rmmLFLLbYsjPrkNrbkrK7VF/?- format=pdf&lang=pt::::text=Os%20desafios%20da%20socie- dade%20da,de%20natureza%20psicol%C3%B3gica%20e%20 filos%C3%B3fica>. Acesso em: 06 maio. 2023. Capa DIGITAL_Analise de Mercado Tendencias Comportamentos e Movimentos_SER.pdf Ebook completo_Analise de Mercado de Tendencias_SER_V2.pdf Mercado – conceitos e características Conceito de mercado Características do mercado Oferta e Demanda Tipos de mercado Ciclo de produção Análise de mercado Conceito de Análise de Mercado Análise de Mercado – os últimos anos Características Análise da indústria e do setor Descrição do nicho de mercado Análise SWOT Plano de ação Marketing Digital A profissionalização do mercado Principais desafios Desafios na cidade Desafios no campo Desafios na indústria A formação profissional e seus desafios A educação da sociedade contemporânea Desafios para a profissionalização Os desafios para a formação do profissional do futuro Planejamento de Carreira Plano de carreira empresarial Plano de carreira pessoal Inovação em tempos de mudanças Empreendedorismo Introdução Tipos de empreendedorismo Importância do empreendedorismo na sociedade Razões para empreender Características das competências empreendedoras Aprendizado com base no comportamento Competências pessoais, técnicas e gerenciais Competências de conhecimento e gestão da inovação Tendências tecnológicas e suas implicações Big Data e Ciência de Dados Habilidades de Data Science Programação Estatística Machine Learning Cálculo Multivariado, Álgebra Linear e Aprendizado Estatístico Data Wrangling Visualização & Comunicação de Dados Intuição baseada em dados Engenharia de softwareRedes Sociais – importância, oportunidades e implicações Comportamento em rede Problemas e síndromes decorrentes da vida on-line Cidades inteligentes e internet das coisas: desafios e aplicações Definição de cidade inteligente Modelos de cidades inteligentes O cenário econômico e suas implicações Mudanças no equilíbrio do mercado Habilidades sociais - características e implicações Habilidades sociais no emprego O comportamento humano e suas emoções Tecnologia e sociedade – desafios