Buscar

NUTRIÇÃO - DIETA CETOGÈNICA E EPILEPSIA REFRATÁRIA

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL 
NUTRIÇÃO: DIETA CETOGÈNICA E EPILEPSIA REFRATÁRIA
DOURADOS – MS
2018
DIETA CETOGÊNICA
A dieta cetogênica ou low carb high fat é uma baseada em uma alimentação que tem a ingestão mínima de carboidratos e é rica em gordura, fazendo com que seu corpo entre em estado de cetose. Ela foi criada há muito tempo atrás para o tratamento de epilepsia, mas com a criação de novos anticonvulsionantes foi entrando em desuso. Hoje essa dieta é utilizada para a perda de peso e também em tratamentos de algumas doenças, como o câncer. A razão cetogênica, de uma determinada dieta ultrapassa 1,5, a cetogênese se instala e se expressa clinicamente pelo aparecimento de cetonúria. Em termos práticos, instituir a dieta cetogênica significa manter uma dieta com razão, em gramas, de lipídios para carboidratos e proteínas (BORGES, 2004).
BENEFÍCIOS DA DIETA CETOGÊNICA
· Torna a perda de peso mais fácil: Como já foi dito antes, nosso organismo entra em estado de cetose e utiliza a gordura acumulada como forma de energia, tornando o emagrecimento mais fácil, até mesmo da gordura abdominal;
· Não compromete a massa muscular: Com uma ingestão adequada de proteínas e a presença de corpos cetônicos no sangue, não é necessário que o corpo quebre as proteínas dos músculos para produzir glicose, evitando a perda de massa magra;
· Reduz os fatores de riscos para doenças cardíacas e diabetes: Diminui a gordura corporal, os níveis de colesterol ruim, pressão arterial e controle os níveis de insulina;
· Ajuda no tratamento do câncer: A dieta cetogênica tem sido utilizada para auxiliar no tratamento do câncer, pois as células cancerígenas se alimentam principalmente de carboidratos;
· Inibe o apetite: Uma dieta rica em gordura e proteínas traz uma sensação maior de saciedade, diminuindo o apetite e ajudando a perda de peso.
Esse tipo de dieta pode apresentar efeitos colaterais, sendo o principal a hipoglicemia, cujos sintomas incluem sudorese, náuseas, vertigem e fraqueza. Outros sintomas podem ser observados, como obstipação intestinal, sonolência ou até dificuldade de aderir a dieta. Por promover o emagrecimento rapidamente, a tendência é a recuperação do peso ao final da dieta, provocando o efeito sanfona. Além disso, esse tipo de dieta colabora para o consumo elevado de gordura saturada, oferecendo maior risco para o colesterol (TOMÉ, 2003).
ALIMENTOS PERMITIDOS
· Coco e leite de coco caseiro ambos ricos em gorduras e ácidos graxos;
· Óleo de coco extra vigem para a substituição do óleo vegetal;
· Água de coco para ajudar a manter em equilíbrio as vitaminas e os sais minerais;
· Manteiga ajuda porque tem gordura insaturada e é melhor que a margarina;
· Ovos possuem nutriente essenciais e boas gorduras;
· Abacate pequenas porções porque é basicamente carboidrato;
· Tomate;
· Peixes principalmente salmão;
· Brócolis;
· Alface;
· Pimentão;
· Berinjela;
· Couve e outras verduras e legumes;
· Banha de porco que pode ser usada para ajudar a fazer os alimentos;
· Carne vermelha bem gorda;
· Amendoim;
· Castanha do Pará e Castanha de caju;
· Pepino;
· Azeite extra virgem, este é formado por gordura monoinsaturada e poli-insaturada, perfeitas para a dieta.
ALIMENTOS NÃO PERMITIDOS
· Batata;
· Produtos industrializados;
· Açúcar;
· Arroz;
· Refrigerante;
· Qualquer tipo de massa;
· Mel;
· Bebidas alcoólicas;
· Biscoitos Pães e Bolachas;
· Doces.
EPILEPSIA REFRATÁRIA
O que é Epilepsia?
É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, em que há um estimulo em determinada região e esse estimulo se reflete fisicamente (ex: ocorre a contração dos músculos), durante alguns segundos ou minutos uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais,será chamada generalizada, muitas vezes a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça recentemente ou não, traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também contribuem para o surgimento da epilepsia.
A dieta cetogênica por se tratar de uma dieta rica em gorduras e pobre em carboidratos e proteínas, é uma das opções não farmacológica para o tratamento das crianças com epilepsia refratária, que é quando o paciente não responde de 02 a 03 medicações, e não teve as crises epilépticas controladas, a DC foi criada por Wilder em 1921 para tratar as crianças com epilepsia. 
A dieta deve ser iniciada em ambiente hospitalar com jejum programado de 24 a 48 horas para que possa atingir a cetonúria (presença de corpos cetônicos na urina) de 160 mg/dl desde então a dieta cetogênica será oferecida em três refeições/dia. 
A DC induz o organismo a produzir modificação química resultando em Cetose, esse estado de cetose mostra um efeito anti epiléptico cujo mecanismo de ação ainda não esta completamente entendido, a dieta é mais eficaz em crianças do que em adolescentes e adultos por ser considerado mais difícil o processo de atingir a cetose necessária para a dieta.
Mecanismo de ação
 O mecanismo de ação ainda não está totalmente esclarecido mas estima-se que os lipídios são usados como fonte de energia mantendo um estado de Cetose, o efeito sedativo dos corpos cetônicos, sua concentração no plasma, o grau de acidose, a desidratação parcial, mudanças na concentração lipídica, e a adaptação no cérebro são os principais fatores responsáveis para o controle das crises.
O SNC é capaz de metabolizar corpos cetônicos o que justifica a eficácia da dieta no controle da doença, como a oxidação dos ácidos graxos produz grande quantidade de ATP estima-se que o aumento das reservas energéticas cerebrais seja um fator protetor contra as crises .
Composição da dieta cetogênica
Para que se possa reproduzir o estado de Cetose proveniente do jejum, a dieta deverá conter alta porcentagem de gordura e baixa quantidade de proteínas e carboidratos, a gordura é considerada macro-nutriente cetogênico, carboidratos são anti-cetogênicos e proteínas são utilizadas devido a função estrutural.
A oferta energética (kcal) aos pacientes submetidos a dieta cetogênica deve atingir 75% da energia recomendada por dia, levando-se em conta o peso ideal para estatura, a dieta fracionada em 03 refeições/dia idênticas em valor energético e quantidade de gorduras, proteínas e carboidratos.
Nas primeiras 03 refeições é dado 01 terço do cálculo total das calorias, na quarta, quinta e sexta 02 terços e somente apartir da sétima refeição o paciente receberá o valor energético total, os cardápios devem ser calculados individualmente procurando atender as preferências do paciente.
Uns dos efeitos colaterais que podem vir a ocorrer após a fase inicial da dieta cetogênica são náuseas, vômitos, e dificuldade de ingestão da dieta. Algumas crianças podem apresentar desidratação e acidose metabólica grave, necessitando de hospitalização. Se essas crianças necessitarem de hidratação intravenosa, devem ser administradas soluções de eletrólitos sem glicose ou lactato.
REFERÊNCIAS BBLIOGRÁFICAS
NAKAHARADA. L, M, I. Dieta Cetogênica e Dieta de Atkins Modificada noTratamento da Epilepsia Refratária em Crianças e Adultos. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology.2008.65-69p. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jecn/v14n2/v14n2a05.pdf Acesso em: 17 de Junho de 2018.
PEREIRA et al. Dieta cetogênica: como o uso de uma dieta pode interferir em mecanismos neuropatológicos. Revista de Ciências Médicas e Biológicas. 2010. p.78-82. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/4737/3510 Acesso em: 18 de Junho de 2018.
BORGES et al. Dieta cetogênica no tratamento de epilepsias farmacorresistentes. Revista de Nutrição. p.515-521, Campinas out./dez 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000400011 Acesso em: 18 de Junho de 2018.
Ramos. A, M, F. Eficáciada Dieta Cetogênica no Tratamento da Epilepsia
Refratária em Crianças e em Adolescentes. Revista Neurociências. 2001 p.127-131. Disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2001/RN%2009%2003/Pages%20from%20RN%2009%2003-7.pdf Acesso em: 19 de Junho de 2018.
image1.png

Continue navegando