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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Segurança e Técnicas Básica de Laboratório - Química. RELATÓRIO Nº 1: Separação de Corantes por Cromatografia em Coluna Autora: Professor: Belo Horizonte - MG 04 de julho de 2023. 1 1. INTRODUÇÃO Os corantes desempenham um papel fundamental em diversas indústrias, desde alimentos e cosméticos até têxteis e impressões. Essas substâncias coloridas são utilizadas para adicionar cores vibrantes, melhorar a aparência e atratividade dos produtos, além de desempenharem um papel crucial na identificação e diferenciação de diversas substâncias. A cromatografia em coluna é um método eficiente e amplamente utilizado para a separação de corantes com base em suas características físico-químicas. Essa técnica cromatográfica envolve a utilização de uma coluna contendo uma fase estacionária, na qual os corantes são separados com base em suas interações diferenciais com a fase móvel. A separação de corantes por cromatografia em coluna é especialmente útil quando se trabalha com amostras complexas que contêm uma mistura de corantes. A técnica permite a separação seletiva dos corantes com base em propriedades como polaridade, tamanho molecular, solubilidade e afinidade por diferentes fases estacionárias. No procedimento, uma coluna é preparada com uma fase estacionária adequada, que pode ser uma resina, um gel ou outro material adsorvente. A amostra contendo os corantes é aplicada na coluna e, em seguida, a fase móvel é introduzida para percolar através da coluna. A fase móvel, que pode ser um solvente puro ou uma mistura de solventes, interage com os corantes e promove sua eluição ao longo da coluna. Durante o processo de eluição, os corantes são separados à medida que interagem de maneira diferencial com a fase estacionária. Corantes com maior afinidade pela fase estacionária são retidos por mais tempo e eluídos mais lentamente, enquanto corantes com menor afinidade se movem mais rapidamente pela coluna. A separação dos corantes é monitorada por meio da detecção e registro dos picos eluídos ao longo do tempo. Pode-se utilizar técnicas de detecção como espectrofotometria, cromatografia líquida acoplada a detector de massa (LC-MS) ou outros métodos específicos, dependendo da natureza dos corantes e das informações desejadas. A cromatografia em coluna é uma técnica versátil que encontra aplicações em diversas indústrias, incluindo alimentos, cosméticos, têxteis, tintas e produtos farmacêuticos. Além da separação de corantes, a técnica pode ser empregada para purificação de corantes, isolamento de compostos puros, análise de impurezas e controle de qualidade. 2 2. OBJETIVOS O objetivo dessa prática é separar qualitativamente os corantes alaranjado de metila e 1-(2-piridilazo)-2-naftol presentes em uma mistura, por meio da técnica de cromatografia em coluna. Além disso, pretende-se executar o empacotamento ideal do sistema para garantir uma separação eficiente dos componentes. Adicionalmente, busca-se identificar os componentes presentes nas frações obtidas a partir da separação, permitindo uma análise completa e precisa dos corantes presentes na mistura. 3. MATERIAIS EM GERAL Coluna com torneira, algodão, pipeta, erlenmeyer de 125 e 50 mL, bastão de vidro, béquer de 50 mL, frasco coletor , balança. 4. REAGENTES E SOLVENTES Solução de alaranjado de metila e de 1-(2-piridilazo) -2-naftol, sílica em gel (60-230 mesh), mistura hexano:acetona, mistura acetona:metanol. 5. Procedimento Experimental Empacotamento da Coluna Inicialmente, foi adicionada à coluna cromatográfica uma pequena quantidade de solvente composto por hexano e acetona na proporção de 70:30. Próximo à torneira, foi colocado um pequeno pedaço de algodão para impedir a passagem de partículas da fase estacionária. Em seguida, aproximadamente 10g de sílica gel foram pesados em um béquer e cerca de 7 mL do solvente hexano:acetona foram adicionados para transferir a sílica para a coluna. A suspensão de adsorvente foi transferida lentamente para a coluna cromatográfica, que foi fixada em posição vertical. Durante o processo, a coluna foi batida continuamente para garantir a expulsão de todo o ar presente. Uma quantidade adicional do eluente foi passada pela coluna antes da introdução da amostra, a fim de remover possíveis traços de sílica aderidos às paredes. O empacotamento foi homogeneizado. Após essas etapas, a torneira da coluna foi fechada e a amostra foi aplicada no topo da coluna para dar início ao processo de cromatografia. 3 Separação dos corantes Para iniciar o procedimento, foi adicionada à coluna cromatográfica uma pequena quantidade do solvente composto por uma mistura de hexano e acetona na proporção de 70:30. Próximo à torneira da coluna, foi colocado um pequeno pedaço de algodão para evitar a passagem de partículas da fase estacionária. Em seguida, aproximadamente 10g de sílica gel foram pesados em um béquer e cerca de 7 mL do solvente hexano:acetona foram adicionados para transferir a sílica gel para a coluna. Essa suspensão de adsorvente foi transferida lentamente para a coluna cromatográfica, que foi posicionada de forma vertical. Durante esse processo, a coluna foi batida levemente com um bastão de vidro na parte emborachada, para garantir a eliminação do ar presente. Após a transferência do adsorvente, uma quantidade adicional do eluente foi passada pela coluna antes da introdução da amostra, com o objetivo de remover possíveis traços de sílica aderidos às paredes internas da coluna. O empacotamento da coluna foi homogeneizado para assegurar uma distribuição uniforme da sílica gel. Finalmente, a torneira da coluna foi fechada e a amostra a ser analisada foi aplicada no topo da coluna. Esse procedimento marcou o início do processo de cromatografia, no qual os componentes da amostra serão separados à medida que a fase móvel percola pela coluna, interagindo com a fase estacionária e resultando na separação dos corantes de interesse. Identificação das Frações Adicionou-se gota-a-gota uma solução de HCl ( ~10%) em cada fração coletada após a realização da cromatografia em coluna. 6. Resultados e discussão Empacotamento da Coluna Durante o empacotamento da coluna, foi observada uma demora na retirada da primeira fração. Posteriormente, constatou-se que houve um equívoco na utilização do adsorvente, pois foi utilizado um tipo de sílica em gel inadequada para cromatografia em coluna, sendo, na verdade, destinada à cromatografia em camada delgada. Esse erro na escolha do adsorvente pode ter comprometido a eficiência da separação cromatográfica, uma vez que as propriedades e características da sílica gel para cromatografia em camada delgada podem não ser adequadas para a coluna cromatográfica. 4 Esse incidente ressalta a importância de uma verificação cuidadosa dos materiais utilizados e a necessidade de seguir rigorosamente os protocolos e especificações para garantir a correta seleção dos reagentes e a execução adequada dos procedimentos cromatográficos. Após o erro inicial, foi corrigido o uso do adsorvente adequado para o procedimento. Durante o empacotamento da coluna, foram observados os seguintes fatores importantes a serem considerados: O empacotamento do sistema tem como objetivo impedir a passagem de partículas da fase estacionária durante o processo de cromatografia em coluna e é fundamental para a eficiência do procedimento. Após a colocação do algodão na extremidade inferior da coluna e a adição da mistura de hexano com acetona (eluente), é essencial adicionar a sílica com a torneira parcialmente aberta, batendo continuamente ao longo da coluna para eliminar o ar presente. É importante garantir que o nível do solvente nunca desça abaixo do nível superior da sílica, pois isso poderia causar rachaduras no sistema e comprometer a separação da mistura e a eficiência do processo. Além disso, é essencial considerar a escolha da misturaeluente que possua características menos polares durante o empacotamento da coluna. Essa seleção adequada do eluente é crucial para garantir a interação correta entre a fase móvel e a fase estacionária, possibilitando uma separação eficiente dos componentes da mistura. Ao seguir esses procedimentos corretamente, é possível obter uma coluna devidamente empacotada, garantindo uma separação eficaz dos componentes durante a cromatografia em coluna. Separação dos corantes Após o procedimento de cromatografia em coluna, foram obtidas quatro frações distintas da mistura analisada. Duas frações foram coletadas até a completa separação do primeiro corante, enquanto outras duas frações foram obtidas até a completa separação do segundo corante. O processo foi iniciado utilizando uma mistura de hexano com acetona na proporção de 70:30 como eluente. Essa escolha foi feita considerando que o eluente menos polar seria capaz de eluir o corante que também apresenta características menos polares. O maior percentual de hexano na mistura confere um caráter não polar predominante ao eluente. Após a separação completa do primeiro corante, procedeu-se à adição da mistura de acetona com 5 metanol na proporção de 50:50. Essa nova mistura possui um caráter polar e foi utilizada para a eluição do segundo corante, que também apresenta características polares. A seleção de cada eluente pode ser determinada por meio de ensaios prévios de cromatografia em camada delgada, utilizando uma substância de referência como padrão. Esses testes permitem identificar o eluente mais adequado para cada corante, levando em consideração suas propriedades químicas e interações com a fase estacionária. Os corantes presentes na mistura são a solução de alaranjado de metila e o 1-(2-piridilazo) -2-naftol. Os compostos possuem as respectivas estruturas seguintes: Imagem 1. Estrutura 1-(2-piridilazo) -2-naftol Imagem 2. Estrutura Alaranjado de Metila As duas frações iniciais obtidas apresentaram coloração amarelada clara e correspondem ao componente cujo comportamento é menos polar. As duas frações finais coletadas possuíam coloração alaranjada e correspondem ao corante alaranjado de metila, componente que possui comportamento polar e foi eluído após o componente menos polar. Identificação das Frações Tabela 1. Adição de solução de HCl (~10%) nas frações obtidas Fração 1 Fração 2 Fração 2 Fração 3 Alterações após adição de Solução de HCl (10%) Não houveram alterações. Não houveram alterações. Mudança de coloração de amarelo para vermelho. Mudança de coloração de amarelo para vermelho. 6 O corante alaranjado de metila desempenha o papel de indicador ácido-base em titulações de neutralização, onde ocorre uma mudança de cor de amarelo para vermelho em um meio ácido com pH inferior a 3. Portanto, ao adicionar ácido clorídrico às frações obtidas, cria-se um ambiente ácido adequado para a mudança de coloração na presença do alaranjado de metila. Com base na tabela 1, é possível concluir que as últimas frações obtidas correspondem ao componente alaranjado de metila, uma vez que houve uma alteração na coloração de amarelo alaranjado para vermelho. Por outro lado, nas duas frações inicialmente coletadas, não ocorreram mudanças significativas na coloração, indicando que correspondem ao corante 1-(2-piridilazo)-2-naftol. No final observou-se que uma pequena quantidade de resíduo de alaranjado de metila ficou retida na coluna, como evidenciado na imagem 3. Essa retenção pode ter ocorrido devido à possível presença de ácido na acetona utilizada durante o procedimento. A presença de ácido na acetona pode resultar em uma interação mais forte entre o alaranjado de metila e a fase estacionária da coluna, dificultando sua eluição completa. Esse fato ressalta a importância de utilizar solventes de alta qualidade e de purificar adequadamente os reagentes antes do uso em cromatografia para evitar interferências indesejadas na separação dos corantes. Imagem 3. Coluna cromatografica no final do experimento. 7 Conclusão Com base no procedimento experimental executado, conclui-se que as frações iniciais coletadas e eluídas pela mistura de hexano com acetona (70:30) apresentam interações menos polares, correspondendo ao corante 1-(2-piridilazo)-2-naftol, que também possui características menos polares. Por outro lado, as frações coletadas posteriormente, eluídas pela mistura de acetona com metanol (50:50), correspondem ao componente de maior caráter polar em relação ao anterior, identificado como o corante alaranjado de metila. A confirmação da presença desse componente foi obtida através da alteração de coloração nas últimas duas frações, após a adição de solução de ácido clorídrico. Essas conclusões reforçam a eficácia da cromatografia em coluna na separação e identificação de corantes, proporcionando informações relevantes sobre as interações moleculares e propriedades químicas dos componentes presentes na mistura analisada. Além disso, ressalta-se a importância de utilizar o adsorvente adequado na coluna, evitando erros que possam comprometer a eficiência do processo de separação cromatográfica. 8 7. Referências Bibliográficas [1] SILVA, H. V. et al. Segurança e Técnicas Básicas de Laboratório, Belo Horizonte, 2022, p. 26 – 30. [2] VOGEL, A. Química orgânica. Vol. 1, 3ª ed, Rio de Janeiro: Ao livro técnico S/A, 1984. [3] Skoog, D.A., West, D.M., Holler, F.J., Crouch, S.R. Fundamentals of Analytical Chemistry. 9th ed. Brooks/Cole, 2013. [4] Miller, J.N., Miller, J.C. Statistics and Chemometrics for Analytical Chemistry. 6th ed. Pearson, 2010. 9
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