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O�cina literária
Aula 4: Universo romanesco
Apresentação
Nesta aula, estudaremos a estrutura, os objetos e a fonte do romance. Além disso, veremos as características do narrador
romântico bem como as diferenças entre romance e epopeia.
 
Objetivo
Identi�car a diferença entre epopeia e romance.
Entender o romance como um gênero em formação.
Conhecer os elementos estruturais do romance e suas características.
Para iniciarmos esta aula, assista, a seguir, ao trailer do �lme O náufrago.
No �lme, o personagem Chuck Noland (Tom Hanks) está sozinho e perdido em uma ilha. Mergulhado em sua solidão, ele
tem a necessidade vital de falar.
Como não há ninguém, ele cria com a bola Wilson uma relação de amizade, de companheirismo.
O que signi�ca essa bola? Que leitura podemos fazer desta situação
vivida pelo personagem?
Ora, a bola é o re�exo dele mesmo. É como se ele estivesse conversando consigo mesmo. Dessa forma, vem à tona toda a
sua individualidade. Num estado de solidão e conversando com o seu próprio eu, o personagem deixa a�orar todos os
seus medos, todos os seus questionamentos, en�m. tudo o que o move, ali, enquanto indivíduo.
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E o que isto tem a ver com o romance?
Romance
O romance é o espaço literário para expor as individualidades, é onde se entrecruzam protótipos da vida real com
toda a sua subjetividade.
Trata-se de um tipo de discurso que revela o indivíduo nos seus mais variados aspectos.
Podemos dizer que é o discurso que vira o homem do avesso para revelar tudo aquilo que ele tem de mais recôndito.
Neste contexto, até o silêncio fala, ou seja, até o silêncio deve ser entendido pelo leitor.
 Romance | Fonte: Daria Głodowska por Pixabay
Identi�camos, então, a primeira diferença entre romance e epopeia.
Na última aula, vimos que epopeia é o espaço de representação da
coletividade. Portanto, completamente diferente do romance.
A panorâmica do romance é outra. Os valores são totalmente distintos dos valores épicos. Enquanto a epopeia apresenta
uma aristocracia, o romance revela os diversos segmentos sociais.
Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, por exemplo, temos a representação das classes minoritárias e de alguns, como João
Romão e Miranda, com maior poder econômico.
Leitura
Clique aqui para acessar a obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo, disponível no site Domínio Público.
A grande diferença entre epopeia e romance é a questão do tempo. A epopeia está presa ao passado. Ela vive de memória.
O seu objeto de representação é o passado e a sua fonte está nos mitos e nas lendas.
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Enquanto a epopeia é um universo fechado, acabado, o romance é
um gênero aberto e imortal. Ele vive em constante estado de
renovação.
Objeto e fonte do romance
O objeto do romance é o momento presente. A sua fonte, o dínamo propulsor da criação, são os fatos atuais. O romance
não trabalha com memória, mas com registros atuais. Ele discute a contemporaneidade.
 Salvador (Fonte: soel84 por Pixabay ).
Jorge Amado, em seus romances, fala daquilo que vê e que conhece no seu tempo de criação. Ele fala dos tipos que
circulam pelas ruas de Salvador ou daqueles que compõem o universo do cacau.
 (Fonte: wikimedia.org).
Machado de Assis também é um outro exemplo claro dessa questão. As personagens de seus romances representam
homens e mulheres de seu tempo. É a sociedade que ele conhece.
Narrador romântico
Todo discurso é produzido num determinado espaço com todas as suas facetas ideológicas. Portanto, é impossível ler um
romance sem pensar que, nas suas entrelinhas, existe um viés ideológico.
Em Machado, por exemplo, o espaço representado é o Rio de Janeiro do século XIX. Espaço este totalmente marcado
peta ideologia da corte.
Além disso, no desenrolar dos fatos, cada personagem expõe sua visão de mundo. Quando fala e age, revela a ideologia
da classe da qual faz parte. Sendo assim, Brás Cubas, narrador-personagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis, tem sua visão de mundo, assim como João Romão, personagem de O Cortiço, também tem a sua.
Leitura
Clique aqui para acessar a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, disponível no site Domínio
Público.
Fica claro, então, que o tempo no romance é o presente. O romance fala
daqueles e daquilo que está próximo. Seria impossível, no espaço
romanesco, haver um deslocamento para o passado absoluto ou trazê-lo
para a nossa realidade.
Nesse contexto, o narrador exerce um papel fundamental no romance, pois ele é aquele que fala de seu momento
presente, para aqueles que são seus iguais, no patamar do tempo, e de acordo com o ponto de vista de sua época. Ele é o
homem de sua época, ou seja, pensa como a sua época.
A grande diferença entre epopeia e romance é a questão do tempo. A epopeia está presa ao passado. Ela vive de memória.
O seu objeto de representação é o passado e a sua fonte está nos mitos e nas lendas.
Uma outra questão importante é que a prosa romanesca quebra o verticalismo do mundo épico.
Se o artista é um homem de sua época, como dissemos, tudo é colocado na horizontalidade. Não há, por exemplo, a
imagem de um herói acima do bem e do mal. Muito pelo contrário! O homem aparece com todas as suas fragilidades. Ele
não é estático. Por isso, a personagem está sempre em movimento, isto é, sempre em transformação.
Por exemplo, no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, o narrador-personagem Bentinho é um, quando jovem, e
outro, quando velho. Além disso, os con�itos vividos pelas personagens fazem parte da existência humana.
Leitura
Clique aqui para acessar a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, disponível no site Domínio Público.
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Elemento básicos do romance
O elemento essencial da trama romanesca é a aventura. A aventura é a busca, isto é, é aquilo que move o indivíduo. É a
busca por novidade.
Mas quais são os elementos básicos que compõem o romance?
Toda narrativa, em sua estrutura, tem os seguintes elementos:
Clique nos botões para ver as informações.
É a mesma coisa que trama ou intriga. É a sequência de fatos ou a forma como os acontecimentos estão
organizados.
Enredo 
São os agentes da narrativa. Eles movimentam a trama, dando sentido às ações. Quanto ao papel que
desempenham no enredo, os personagens podem ser protagonistas, antagonistas ou personagens secundários.
Personagens 
Sabemos que toda narrativa apresenta fatos que acontecem dentro de um �uxo de tempo. Palavras ou frases
organizam o discurso que podem apresentar tais fatos de forma cronológica ou não. Dai termos tempo cronológico
ou psicológico.
Tempo 
É um conjunto de elementos que caracterizam tanto o exterior quanto interior. As ações das personagens podem
acontecer tanto no espaço físico quanto no psicológico.
Espaço 
Também é chamado de foco narrativo. Trata-se da posição ocupada pelo narrador. Se narra em primeira pessoa,
participando dos fatos narrados, é chamado de narrador-personagem. Se narra em terceira pessoa e está fora dos
fatos narrados, é chamado de narrador-observador. Nesse caso, ele tudo sabe, tudo vê e está em todos os lugares.
Pode-se dizer que é onisciente e onipresente.
Ponto de vista 
No poema, encontramos passagens como: “ E a perjura cidade envolta em fumo/ Encosta-se no chão, e pouco a pouco/
Desmaiar sobre as cinzas” ou “O incêndio furioso, e o irado vento/ Arrebata às mãos cheias vivas chamas.”
Você percebe o apelo visual desses fragmentos? Há uma indução ao leitor para visualizar com nitidez a cena. O
acontecimento aparece vivo diante do olhar atento do leitor. Isto é plasticidade.
Atividade Dissertativa
QUESTÃO 1
O romance é o espaço literário onde se entrecruzam protótipos da vida real com toda a sua subjetividade.
O que diferencia o romance da epopeia? Apresente, pelo menos, três argumentos.
QUESTÃO 2
Cite os elementos básicos da estrutura romance.
Aula Teletransmitida em LIBRAS
Assista a versão na Linguagem Brasileira de Sinais da Aulateletransmitida.Notas
Referências
Próxima aula
Origem do conto;
Tempo e espaço no conto;
Tipos de personagens do conto;
Linguagem do conto;
Unidade de ação.
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