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AULA 1 DA IDEIA AO PLANO DE NEGÓCIOS Profª Silvia Gonçalves 2 TEMA 1 – EMPREENDEDORISMO: O QUE É? Os perfis de muitas pessoas sofreram mudanças muito significativas em termos de empreendedorismo. Antigamente, a principal questão era tentar entrar no mercado de trabalho, em empresas de grande nome, conhecidas mundialmente, e que trouxessem estabilidade financeira. Já no contexto atual, a colocação desejada não envolve mais ter registro em carteira de trabalho, e, sim, empreender. Mas surgem algumas dúvidas: como empreender? Qualquer pessoa nasce empreendedora? Como está o mercado nacional para empreendedores? Para começar nossa aula e responder a essas perguntas, temos que conhecer um pouco sobre como o empreendedorismo nasceu no mundo e no Brasil, e, para isso, nada melhor do que começar pela definição da palavra empreendedorismo. De acordo com o Dicionário Aurélio Online (S.d.), define-se como empreendedorismo “[...] Atitude de quem, por iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades de organização e administração”. Podemos dizer que empreender tem tudo a ver com assumir riscos e começar algo inovador, diferente e que solucione tanto processos antigos quanto novos. Figura 1 – Empreendedorismo: ideias inovadoras, criativas Fonte: ImageFlow/Shutterstock. 3 Por empreendedorismo, segundo Novato (2014), entende-se um estudo dedicado ao desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à criação. Com isso, é notável o crescimento econômico e, consequentemente, a geração de riqueza e sua importância tanto para a economia quanto para o desenvolvimento social. O empreendedorismo é tão antigo quanto a humanidade. Na verdade, ele existe desde a primeira ação inovadora do homem, como a criação de ferramentas para caçar e sobreviver na Idade da Pedra. Depois, vieram as grandes civilizações antigas, como a dos egípcios e a dos maias, que foram capazes de construir pirâmides e evoluir com a criação de técnicas agrícolas e de construção (Sosnowski, 2017). Na Idade Média, a maior parte da humanidade trabalhava por conta própria e, assim, podiam ser denominados empreendedores. Eram agricultores, artesãos, escultores, profissionais liberais e clérigos, que ficavam encarregados de gerenciar a construção de grandes obras arquitetônicas da Igreja. Mas foi a partir do século XV que o empreendedorismo passou a ter contornos econômicos, quando surgiu o mercantilismo. Para dar vazão a alimentos e mercadorias excedentes, portugueses, holandeses, ingleses e espanhóis passaram a desbravar o mundo em grandes navegações e a expandir suas rotas comerciais em missões empreendedoras (Sosnowski, 2017). Segundo Dornelas (2016), o empreendedorismo no Brasil surgiu nos anos 1990, com muita força, durante a abertura que o povo teve para a economia. Com a entrada de fornecedores estrangeiros, começou a existir competição e controle de preços, o que foi uma condição muito importante para que o país voltasse a crescer, mas que trouxe problemas para alguns setores que não conseguiram competir com os produtos importados por falta de planejamento. Apesar de seu surgimento nos anos 1990, o conceito de empreendedorismo foi utilizado inicialmente pelo economista Joseph Schumpeter, em 1950. O movimento empreendedor no Brasil começou a tomar forma quando entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) foram criadas (Dornelas, 2016). O empreendedorismo é essencial nas sociedades, pois é por meio dele que as empresas buscam a inovação, preocupando-se em transformar conhecimentos em novos produtos (Bessant, 2009). 4 TEMA 2 – O EMPREENDEDOR Para ser um empreendedor não basta apenas ter uma boa ideia e querer concretizá-la sem antes dedicar-se muito ao trabalho e aos estudos. Conhecer o que você quer é o primeiro passo de um longo caminho. Segundo Schneider (2012), o empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente em busca de novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A essência do sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades, além da preocupação com a melhoria de um produto. Empreendedores questionam a realidade e fazem acontecer a evolução todos os dias, em todas as partes do Brasil e do mundo. Solucionando problemas de outras pessoas, de outras empresas ou de toda a sociedade, seus negócios são os grandes promotores do desenvolvimento. A figura 2 mostra três características já comentadas em nossa aula e que são partes fundamentais do empreendedor. Figura 2 – O empreendedor Fonte: Schneider, 2012. Ser empreendedor, segundo o famoso escritor Augusto Cury, é executar os sonhos, mesmo que haja riscos. É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola. É tomar atitudes que ninguém tomou. É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória. É não esperar uma herança, mas construir uma história... Quantos projetos você deixou para trás? Quantas vezes seus temores bloquearam seus 5 sonhos? Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas conquistá-la. (Portal MEI, S.d.) Para tornar-se um empreendedor é preciso antes de tudo pensar como um empreendedor. E para isso, é necessário nos analisar e analisar também o ambiente que nos cerca. Ter um autoconhecimento. Saber seus pontos fortes, seus pontos vulneráveis. E depois dessa avaliação, buscar suprir os pontos fracos e fortalecer ainda mais suas vantagens. Enquadrar as características que percebeu sobre si e aperfeiçoá-las conforme as características citadas como as de um empreendedor. Sempre é possível treinar seus hábitos e características. (Novato, 2016) Mário Manhães Mosso (2010), porém, volta à definição original de empreendedor, mostrando que o empreendedorismo tem mais chances de sucesso por meio do empreender empresarial. Isso quer dizer: não basta o gosto por assumir riscos, é importante ter um comportamento de empresário, que organiza, planeja e estuda profundamente o assunto para ter uma atividade com sucesso consistente. Como um investidor, inovador e gestor, o empreendedor logo teve seu aspecto expandido no mercado de trabalho, tornando-se um profissional real, com intenções variadas e amplos planejamentos. Rumo ao sucesso de carreira, o empreendedor se fortaleceu em áreas diversas, tomando jovens e adultos numa jornada altamente inventiva e diferenciada O empreendedor surge como uma figura independente de capitalistas, sendo o profissional que trabalha com seus próprios planos e investimentos, sem o dedo de terceiros. Atualmente, o conceito se refere ao profissional que dá início a uma organização, tanto em setores inovadores quanto tradicionais, mas no início de seu trabalho, o conceito era sobre um profissional que possuía habilidades técnicas para produzir, colaborando no desenvolvimento econômico com a transformação de recursos em negócios lucrativos (IPED, 2018). Mais que conhecimentos técnicos, uma pessoa empreendedora possui algumas características específicas que o direcionam ao sucesso. De acordo com o Endeavor, que é uma referência ao traçar o perfil do empreendedor, há alguns traços que todos os empreendedores e candidatos a empreendedor precisam ter. Entre elas, estão: • Autoconfiança • Otimismo • Coragem para aceitar riscos • Vontade de ser reconhecido • Resiliência • Perseverança. (Oriente Desenvolvimento Humano, 2018) Para Dolabela (2008), autor de O segredo de Luísa, o empreendedor se desenvolve a partir do convívio em família, com amigos, no trabalho, na sociedade em geral, o que favorece o desenvolvimento de algunstalentos e características e bloqueia e enfraquece outros. Isso ocorre enquanto acumulamos experiência de vida, como no caso de Luísa, sua protagonista empreendedora. Para o autor, o empreendedor é um ser social, fruto da relação constante entre talentos e características individuais e o meio. Cada meio cria, mais ou menos, 6 empreendedores, conforme a sua dinâmica e a motivação dispensada às iniciativas empreendedoras: quanto maior a motivação oferecida pelo meio para iniciativas empreendedoras, maior o número de empreendedores. TEMA 3 – TIPOS DE EMPREENDEDORES Segundo Dornelas (2014), com mais de 5 milhões de pequenas empresas no Brasil, não poderiam faltar vários tipos de empreendedores. Como cada um tem seus motivos para empreender, as variações são grandes. É possível separar esses empreendedores em dois grandes grupos: aqueles que o são por necessidade, que só empreendem para sobreviver; e aqueles que o são por oportunidade, que identificam um nicho com potencial de crescimento (Dornelas, 2014). A seguir, apresentamos os principais tipos de perfil de empreendedores, propostos por José Dornelas, em seu livro Empreendedorismo para visionários (2014). 3.1 O informal Esse tipo ganha dinheiro porque precisa sobreviver. “O informal está muito ligado a necessidades. A pessoa não tem visão de longo prazo, quer atender necessidade de agora”. O empreendedor com esse perfil trabalha para garantir o suficiente para viver, tem um risco relativamente baixo e não tem muitos planos para o futuro. Esse tipo tem diminuído bastante com iniciativas como a do Microempreendedor Individual (MEI) (Dornelas, 2014). 3.2 O cooperado Esse tipo costuma empreender ligado a cooperativas, como as de artesãos. Por isso, trabalho em equipe é primordial. Sua meta é crescer até poder ser independente. Esse tipo empreende “de maneira muito intuitiva”, explica Dornelas (2014). Geralmente, dispõem de poucos recursos e tem um baixo custo (Dornelas, 2014). 7 3.3 O individual Esse é o empreendedor informal que se formalizou por meio da MEI e começou a estruturar de fato uma empresa. “Por mais que esteja formalizado, ele não está pensando em crescer muito”, diz Dornelas (2014). Esse perfil ainda está muito ligado à necessidade de sobrevivência e geralmente trabalha sozinho ou com mais um funcionário apenas (Dornelas, 2014). 3.4 O franqueado e o franqueador Muitos desconsideram o franqueado como empreendedor, mas a iniciativa de comandar o negócio, mesmo que uma franquia, deve ser levada em conta. Geralmente, procuram uma renda mensal média e o retorno do investimento. Do outro lado, está o franqueador, responsável por construir uma rede por meio de sua marca. “Costumam ser exemplos de empreendedorismo” (Dornelas, 2014). 3.5 O social A vontade de fazer algo bom pelo mundo aliada àquela de ganhar dinheiro move esse empreendedor. Esse tipo tem crescido muito, principalmente entre os jovens que, ainda na faculdade, abrem o próprio negócio para resolver problemas que a área pública não consegue. Nessa categoria, o trabalho em equipe é primordial e o objetivo é mudar o mundo e inspirar outras pessoas a fazer o mesmo (Dornelas, 2014). 3.6 O corporativo É o intraempreendedor, ou seja, o funcionário que empreende novos projetos na empresa em que trabalha. O dilema das empresas hoje é aumentar a quantidade de pessoas com esse perfil. Seu principal objetivo é crescer na carreira, com promoções e bônus (Dornelas, 2014). 3.7 O público O empreendedor público é uma variação do corporativo para o setor governamental. Ainda existem muitos funcionários públicos preocupados em utilizar recursos de forma mais eficiente e inovar nos serviços básicos. Sua 8 motivação está ligada ao fato de conseguir provar que seu trabalho é nobre e tem valor para a sociedade (Dornelas, 2014). 3.8 O do conhecimento Esse empreendedor usa um profundo conhecimento em determinada área para conseguir faturar. É como um atleta que se prepara e ganha medalhas importantes. Ele sabe capitalizar para empreender e fazer acontecer. Busca realização profissional e reconhecimento com isso (Dornelas, 2014). 3.9 O do negócio público Esse é o mais comum, e costuma abrir um negócio próprio por estilo de vida ou porque pensa grande. É aquele que mais se aproxima do visionário (Dornelas, 2014). Dentro desse perfil, encontramos subtipos: o empreendedor nato, o serial e o normal, entre outros, sobre os quais comentaremos no próximo tema. TEMA 4 – AS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR Conforme levantamento feito pela Endeavor em 2014, com base em um estudo com 4 mil pessoas sobre a cultura empreendedora, descobriu-se que existem seis perfis de empreender. Segundo Dornelas (2014), esses perfis estão ligados ao tipo de empreendedorismo do negócio próprio que, relembrando, é o mais comum e está geralmente vinculado ao próprio negócio. A seguir, apresentamos os seis tipos com suas descrições. Em qual deles você se enquadra? Essa é uma avaliação muito importante para saber o rumo do seu empreendimento. 4.1 Situacionista Não é todo dia que uma oportunidade bate à porta. Para o empreendedor situacionista, a oportunidade bateu e ele resolveu deixar ela entrar. Esse empreendedor pode estar insatisfeito com o mercado de trabalho atual. Talvez esteja desempregado, ou empregado, mas querendo algo mais. É aí que surge a grande chance e ele – ou, melhor dizendo, ela (esse é o perfil que abriga mais mulheres) – resolve agarrá-la! O empreendedor situacionista aprende com os 9 acertos e os erros, e raramente tem todas as características apontadas no Tema 2 (autoconfiança, otimismo, coragem para aceitar riscos, vontade de ser reconhecido, resiliência e perseverança). Muitos têm um ou mais de um fracasso e desistem de empreender, mas aqueles que obtêm sucesso permanecem por muitos anos no mundo do empreendedorismo. Esse é o tipo mais comum de empreendedor, mas também o menos otimista e aquele com mais medo de arriscar. Inovação definitivamente não é com o situacionista (Dornelas, 2014). 4.2 Nato Esse é o empreendedor místico que é personagem de filme. É o menino dos longas-metragens norte-americanos que desde cedo quer conquistar seu dinheiro vendendo limonada. É aquele ídolo do Vale do Silício, que começou em uma garagem e em menos de dez anos construiu um império. O empreendedor nato é aquele que vê oportunidades de negócios por todos os lados desde cedo. É aquele que não se desespera com um problema, mas sempre quebra a cabeça até encontrar uma solução – uma que seja, de preferência, lucrativa. Esse perfil é também chamado de intraempreendedor, pois sempre teve o gene do empreendedorismo no DNA, ainda que ele tenha ficado adormecido durante uma parte da vida. Quando o empreendedor nato não tem seu próprio negócio, tende a se dedicar de corpo e alma à profissão que escolheu, chegando a cargos de gerência. Os empreendedores natos são os que assumem mais riscos e têm mais autoconfiança. Eles também tendem a ser muito curiosos e perfeccionistas (Dornelas, 2014). 4.3 Meu jeito “Se você quer bem feito, faça você mesmo”. Se cada perfil tivesse que escolher um lema, esse seria o eleito pelo empreendedor meu jeito. Ele gosta de seguir seu ritmo, ditar suas próprias regras e tem valores muito fortes, contra os quais não pode lutar. Isso significa que muitos desses empreendedores abriram seu próprio negócio após se desligarem de alguma empresa, porque lá dentro viram que teriam de trabalhar seguindo algo em que não acreditavam. Crenças e valores significam muito para eles, assim como a autoconfiança e a sensação de que podem fazer tudo de maneira melhor do que a que já está sendo feita. Por sua aparente rebeldia e incapacidade de cumprir regras, é comum que o 10 empreendedor meu jeito escolha profissões liberais ou aquelasnas quais possa trabalhar como autônomo. Muitas mulheres também se encaixam nesse perfil (Dornelas, 2014). 4.4 Em busca do milhão Ambição é o que move esse empreendedor. E aqui o termo ambição não se refere a fama ou reconhecimento, apenas a dinheiro mesmo. Esse tipo de empreendedor é aquele que estabelece metas financeiras precisas e se esforça ao máximo para alcançá-las. São jovens que pretendem ganhar o primeiro milhão antes dos 30 anos, e a partir de então só multiplicar a fortuna. A maioria dos empreendedores nessa categoria tem entre 25 e 34 anos (Dornelas, 2014). 4.5 Idealista Eles querem mudar o mundo e estão prontos para arregaçar as mangas. Sim, o lucro é importante para eles, mas mais importante é transformar a vida das pessoas. Esse perfil de empreendedor tem grandes sonhos e considera muito importante seguir suas crenças e, se possível, espalhá-las pelo mundo. Por isso, são as pessoas certas para inovar, criar negócios alternativos e alimentar nichos até então ignorados por outros setores da economia (Dornelas, 2014). 4.6 Herdeiro Ele não necessariamente herdou um negócio lucrativo dos pais, embora isso aconteça em alguns casos dentro desse perfil. A maioria dos empreendedores herdeiros, na verdade, herdou exemplos e ambições do pai, da mãe ou dos avós. Nesse perfil, entram as pessoas que viram os pais ou avós terem um sonho empreendedor sem nunca poder realizá-lo, e também as pessoas que aprenderam com as gerações passadas tudo sobre o que eles não queriam para o futuro. Por isso, o empreendedor herdeiro costuma investir bastante em capacitação, afinal, quem herda uma empresa precisa estar preparado para administrá-la, e quem quer ser dono de uma precisa descobrir tudo sobre seu segmento e sobre como fazer a empresa prosperar. A maioria desses empreendedores é do sexo masculino, e tem entre 50 e 64 anos (Dornelas, 2014). 11 Independentemente do tipo de empreendedorismo e características de um empreendedor, temos que ter em mente que, para se tornar um empreendedor de sucesso, é preciso reunir alguns atributos, alguns dos quais podemos ver na Figura 3. Figura 3 – Características do empreendedor de sucesso Fonte: Sebrae, 2019. TEMA 5 – ENTRANDO NO MUNDO DO EMPREENDEDORISMO A missão de vida das pessoas é encontrar a felicidade. Então, o ser humano empreende pela felicidade, talvez não pensando nela como um alvo, mas sim como uma empreitada, durante a qual vai colhendo momentos de felicidade enquanto busca a realização de seus sonhos. A Figura 4 mostra que, independentemente do modo como o indivíduo empreende, o que importa é a 12 busca pela felicidade em todas as ações. Os círculos concêntricos mostram que o empreendedor pode realizar uma ou todas as formas de empreender. Na verdade, ele pode deter todas elas, mas desenvolver aquelas que lhe parecerem mais interessantes (Schneider, 2012). Figura 4 – Empreender é ser feliz Fonte: Schneider, 2012. Segundo Schneider (2012), o empreendedor sabe que passará por diferentes momentos durante a caminhada, nos quais poderá: • Decidir se realmente deseja empreender e o que precisa fazer para estar apto a tal ação; • Buscar ideias, oportunidades ou sonhos que possam ser o alvo adequado da empreitada; • Avaliar as ideias e as oportunidades, de modo que possa determinar quais são as melhores, as mais adequadas e o potencial para dar rumo à caminhada empreendedora; • Montar um plano de negócios e buscar meios financeiros para torná-lo viável; • Executar o plano, ou seja, empresariar a ideia, tornando-a real, eficaz e interessante, tanto para si quanto para seus colaboradores e para o mercado. Como se pode notar, trata-se de um percurso longo e desgastante, que exige passar por diferentes momentos, competências e desafios, e que frequentemente promove surpresas, decepções, imprevistos e descobertas que podem afetar de modo profundo o caminhar empreendedor (Schneider, 2012). 13 Antes de se delinear a caminhada empreendedora, é importante distinguir os dois tipos de visão que levam o empreendedor a trilhar esse caminho, uma vez que as causas da ação empreendedora podem ser frutos de uma necessidade ou de uma oportunidade. Movida pela necessidade, a caminhada pode ser motivada pela falta de alternativa satisfatória de ocupação e renda, ou seja, as pessoas precisam empreender, pois não poderão sobreviver e dar sustento a seus familiares se assim não o fizerem (Schneider, 2012). Portanto, é um tipo de ação mais sofrida e competitiva que leva, em alguns casos, a ações precipitadas, pouco potencializadas e com maiores chances de fracasso. Entretanto, há diversos casos de empreendedores que, movidos por necessidade, obtiveram sucesso pleno na caminhada. De modo geral, o empreendedorismo por necessidade leva a empreendimentos menos inovadores e mais concorridos. A pessoa que, de repente, se vê na obrigação de empreender não tem tempo para se planejar e se preparar mais profundamente. Ela precisa agir rapidamente e, por vezes, acaba entrando em mercados que exigem menos preparo técnico e que, portanto, são mais concorridos. É um tipo de empreendedorismo com maior probabilidade de insucesso e que se mostra mais presente em sociedades com maior desequilíbrio econômico e social (Schneider, 2012). Outro tipo de empreendedor é aquele que empreende por oportunidade, o que muitos chamam de empreendedor por desejo. É um tipo de caminhada mais planejada, mais pensada, calcada na razão e menos influenciada pela emoção advinda da pressão de necessitar empreender. Nesse tipo de empreendedorismo são feitos estudos prévios mais detalhados, pesquisas de mercado, avaliações de cenários, tendências e detecção de nichos e oportunidades. Também permite que se estabeleçam estratégias menos arriscadas que a de entrar no mercado por necessidade (Schneider, 2012). No Brasil, percebe-se a mudança de um contexto mais intenso de empreendedores por necessidade para um equilíbrio entre os dois tipos. Surgem negócios inovadores, com maior grau de complexidade técnica e que exigem maior volume de capital (Schneider, 2012). 5.1 Grandes empreendedores: casos de sucesso Algumas das palavras que ouvimos quando tratamos de empreendedorismo são as seguintes: oportunidades, competências, mudanças, 14 impacto positivo. Você se identifica com elas? Em breve veremos a ideia sair do papel. Mas, antes, veremos três casos de sucesso para que você possa se inspirar e se tornar um novo empreendedor de um negócio bem-sucedido. 5.1.1 Thomas Edison, o empreendedor do século XIX O norte-americano Thomas Alva Edison é um daqueles raros exemplos de personagem que conseguiu se destacar igualmente em dois campos diferentes. Um dos maiores inventores de todos os tempos, soube transformar cada uma de suas descobertas em negócios lucrativos, o que faz dele, até hoje, um modelo de cientista empreendedor – uma espécie de Steve Jobs do século XIX. Criador da lâmpada, da filmadora e do fonógrafo – primeiro aparelho capaz de gravar e reproduzir sons –, Edison fundou uma série de empresas para fazer dinheiro com suas invenções, atuando em vários ramos, como os de fonógrafos, cinema, telégrafos, telefones, mineração, cimento, baterias automotivas e energia elétrica. Uma de suas companhias, aliás, existe até hoje. Trata-se da General Electric, que lucrou mais de US$ 24 bilhões em 2013 (Sosnowski, 2017). 5.1.2 Antônio Luiz Seabra, empreendedor brasileiro fundador da Natura Para quem deseja empreender, uma boa referência de empreendedor de sucesso é o empresário Antônio Luiz Seabra, um dos fundadores da empresa Natura, uma das marcas de cosméticos mais utilizadas no Brasil. Seabra se destaca por ter feito o negócio crescer e se revelar um excelente administrador, com capacidade para gerir a empresa, levando-a ao ponto mais alto de seu setor deatuação. O empreendedor começou o seu negócio com uma pequena fábrica, sete funcionários e um fusca, em São Paulo, na Rua Oscar Freire. Com a perspectiva de crescimento do negócio, Seabra agregou mais dois sócios ao seu empreendimento, Pedro Passos e Guilherme Leal. A partir deste momento a Natura passou a crescer em grandes proporções, sendo conhecida em praticamente todos os estados do país. Um dos principais fatores para a marca ter sido adotada pelos brasileiros foi a forma que ela encontrou para falar com os clientes, o que era novidade na época: surgiu o jeito Natura de ser, oferecendo simplicidade e produtos de qualidade (Gonçalves, S.d.). 15 5.1.3 Robinson Shiba, fundador do China In Box Robinson Shiba se formou em uma profissão que nada tem a ver com o seu negócio atual. Graduado em odontologia, logo após a conclusão da faculdade decidiu não ser dentista. Deixando aflorar as suas características empreendedoras, ele criou o primeiro delivery do Brasil de comida chinesa na caixa, em Maringá, no Paraná, tornando-se um dos maiores empreendedores de sucesso no Brasil. O negócio se destacou por ser inovador. A ideia nasceu de uma viagem aos Estados Unidos. No início, a família não apoiou Robinson; somente seu pai, que está presente até hoje no conselho de administração da empresa, acreditou em seu sonho e investiu. Porém, mesmo sem ser incentivado, ele persistiu e abriu um negócio que atualmente é um sucesso (Gonçalves, S.d.). No final desta nossa aula, deixamos aqui duas frases sobre as quais você deve refletir: “Sonhos grandes mudam o mundo, se você tiver disposição e garra para realizá-los!” (Santos Dumont) “Empreender é se jogar de um precipício e construir um avião durante a queda.” (Reid Hoffman) 16 REFERÊNCIAS BESSANT, J. Inovação e empreendedorismo. São Paulo: Bookman, 2009. DOLABELA, F. O segredo de Luísa. 1. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. DORNELAS, J. Empreendedorismo para visionários: desenvolvendo negócios inovadores para um mundo em transformação. 1. ed. São Paulo: LTC, 2014. _____. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2016. EMPREENDEDORISMO. In: Dicionário Aurélio Online. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/empreendedorismo>. Acesso em: 5 jun. 2019. ENTENDA alguns perfis empreendedor. Oriente Desenvolvimento Humano, 25 ju. 2018. Disponível em: <https://rhoriente.com.br/entenda-alguns-perfis- empreendedor/>. Acesso em: 5 jun. 2019. GONÇALVES, V. Os 8 maiores empreendedores de sucesso. Novo Negócio, S.d. Disponível em: <https://novonegocio.com.br/casos/8-empreendedores- sucesso/>. Acesso em: 5 jun. 2019. MOSSO, M. M. Pequena empresa e empreendedorismo: eternamente fênix. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. NOVATO, D. O que é empreendedorismo? Oficina da Net, 21 mar. 2014. Disponível em: <https://www.oficinadanet.com.br/post/12535- empreendedorismo>. Acesso em: 5 jun. 2019. O QUE é empreendedorismo. Portal MEI, S.d. Disponível em: <https://www.portalmei.org/o-que-e-empreendedorismo/>. Acesso em: 6 jun. 2019. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. O que é ser empreendedor, 23 jan. 2019. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/o-que-e-ser- empreendedor,ad17080a3e107410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 6 jun. 2019. QUANDO surgiu o empreendedorismo? Instituto Politécnico de Ensino a Distância (IPED). Disponível em: <https://www.iped.com.br/materias/gestao-e- lideranca/empreendedorismo.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. 17 SCHNEIDER, E. I. A caminhada empreendedora: a jornada de transformação de sonhos em realidade. 1. ed. Curitiba: InterSaberes, 2012. SOSNOWSKI, A. S. Empreendedorismo para leigos. 1 ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. AULA 2 DA IDEIA AO PLANO DE NEGÓCIOS Profª Silvia Gonçalves 2 TEMA 1 – INICIANDO O PROCESSO DE EMPREENDER Em nossa primeira aula, conhecemos um pouco sobre o caminho do empreendedorismo no Brasil e no mundo e as características de um empreendedor. A partir deste ponto, você já consegue ter ideia de seu perfil e como utilizar o seu potencial para abrir um negócio de sucesso. Para dar início à nossa segunda aula, utilizaremos uma frase que nos dá uma noção do primeiro passo: “tudo começa com uma ideia”. No empreendedorismo, assim como em todas as outras áreas, o pensamento precede a ação. E diferentemente do que muitos pensam, não é preciso ser um gênio para ter uma ideia brilhante ou criar algo que ajuda a resolver a vida das pessoas. É possível pensar e aprimorar uma ideia que pode se transformar em um empreendimento de sucesso (Sosnowski, 2018). A decisão de tocar o seu próprio negócio deve ser muito clara. De início, é essa a sua decisão principal. Você deve estar profundamente comprometido com ela para seguir em frente, enfrentar todas as dificuldades que normalmente aparecem e derrubar os obstáculos que certamente não faltarão. Se o negócio falhar – e esse é um risco que realmente existe –, você não deve derrubar seu orgulho pessoal nem sacrificar seus bens pessoais. Tudo deve ser bem pensado e ponderado para garantir o máximo de sucesso e o mínimo de dores de cabeça (Sosnowski, 2018). Segundo Chiavenato (2008), o empreendedor revolucionário é aquele que cria mercados por meio de algo único. Entretanto, a maioria dos empreendedores cria negócios em mercados já existentes apesar do sucesso na atuação em segmentos já estabelecidos. Qualquer que seja o tipo de empreendedor – revolucionário ou conservador –, qualquer que seja o caminho escolhido para entrar e sobreviver no mercado, o processo empreendedor requer que se dê os seguintes passos: • identificar e desenvolver uma oportunidade na forma de visão; • validar e criar um conceito de negócio e estratégias que ajudem a alcançar essa visão por meio de criação, aquisição, franquia etc.; • captar os recursos necessários para implementar o conceito, ou seja, talentos, tecnologias, capital e crédito, equipamentos etc.; • implementar o conceito empresarial ou o empreendimento para fazê-lo começar a funcionar; 3 • capturar a oportunidade por meio do início e do crescimento do negócio; • estender o crescimento do negócio por meio da atividade empreendedora sustentada. Todas essas atividades levam tempo para ser executadas e não obedecem a regras definidas, fazendo, por vezes, com que o empreendedor volte atrás no processo, ou, ainda, mude os caminhos para ajustar seu negócio às novas oportunidades. As pessoas que fazem acontecer possuem o talento empreendedor, uma combinação feliz de percepção, direção, dedicação e muito trabalho. Se há esse talento, tem-se a oportunidade de crescer, diversificar e desenvolver novos negócios. Mas o talento sem ideias é como uma semente sem água. Quando o talento é somado à tecnologia e ao capital e o empreendedor tem ideias viáveis, a formulação química está pronta para proporcionar resultados favoráveis (Chiavenato, 2008). De acordo com Ricardo Capucio, da Contamobi Soluções SA, [...] um problema grande é que a nossa cultura é muitas vezes avessa ao risco. E um fracasso como empreendedor já é interpretado por muitos como motivo para desistir. Por isso, ser cauteloso e se preparar bem antes de abrir seu negócio ajuda nas suas chances de sucesso e longevidade no empreendedorismo. Todo empreendedor precisa saber enxergar as oportunidades, ser proativo, ser criativo e ambicioso. Algumas dessas características nos acompanham desde o nascimento, enquanto outras podem ser aprendidas. Ser proativo significa prever as consequências de um ato. [...] (Capucio, 2018). Tire sua ideia do papel, buscando informações sobre as novas tendências e oportunidades de mercado. Procure encontrar uma oportunidade que proporcione mais facilidade à vida das pessoas, que melhore sua qualidadede vida. Se ainda existem necessidades mal atendidas ou não atendidas, pesquise já e ofereça um negócio que proporcione esses benefícios (Schneider, 2012). TEMA 2 – A IDEIA SAINDO DO PAPEL Um erro muito comum no processo empreendedor é achar que uma empresa começa com uma ideia genial ou a solução pronta de um produto ou serviço. Uma boa ideia de negócio surge quando o empreendedor está focado em resolver problemas. Encontrar um problema a ser resolvido é fundamental para iniciar a jornada empreendedora. Mas tudo começa com uma habilidade muito http://exame.abril.com.br/pme/5-motivos-que-levam-os-empreendedores-ao-fracasso/ https://conta.mobi/blog/como-elaborar-um-plano-de-negocio/ 4 simples e pouco valorizada no mercado, que é a capacidade de observação. O empreendedor precisa abrir os olhos e ouvidos e ficar atento a quais necessidades e problemas as pessoas enfrentam, detectar em suas experiencias do dia a dia possíveis incômodos ou como fazer melhor determinada atividade (Sosnowski, 2018). Figura 1 – “Os maiores problemas da sociedade são também a maior inspiração para a criação de negócios” (Ana Fontes, citada por Sosnowski, 2018). Fonte: Eviart/Shutterstock. Na Figura 1, a frase da empresária Ana Fontes nos leva a pensar que, apesar de uma ideia não valer absolutamente nada, se não for bem executada, é sempre um bom começo para quem deseja empreender (Sosnowski, 2018). Segundo Sosnowski (2018), essa é a fase mais preciosa no momento da criação de uma empresa: estar preparado para abrir a mente e observar. E existem várias fontes nas quais o empreendedor pode se abastecer de ideias, como: • observação da sociedade: o essencial para quem está começando é ter um olhar curioso pelas coisas ao redor: o ambiente em que se vive, as pessoas que o influenciam, as dinâmicas de sua cidade ou estado, a leitura de jornais e revistas, pesquisas na internet, idas ao cinema. Tudo isso pode ser fonte de uma boa ideia de negócio; • detecção de problemas: o que faz uma ideia surgir é a vontade de solucionar um problema. E, nesse quesito, o Brasil é um terreno fértil de oportunidades. Preservação ambiental, distribuição de renda, educação, saúde e geração de empregos são algumas áreas com questões urgentes a ser solucionadas; 5 • percepção de necessidades não atendidas: muitas vezes, nos incomodamos com determinadas situações e não percebemos que nelas podem estar boas ideias de negócio. Muitas empresas se originam a partir de necessidades não atendidas, das mais básicas (como alimentação e segurança) até as mais simbólicas, como necessidade de afeto e autoestima; • tendências e evolução da sociedade: a sociedade é dinâmica, os mercados se modificam, pessoas trocam de preferências e novos cenários se configuram. O empreendedor deve estar atento para captar tendências de comportamento e observar as modificações nas exigências de seus consumidores; • novos nichos de mercado: diferentes grupos sociais demandam produtos e serviços inovadores e, assim, são criados nichos de mercado específicos. Os food trucks e as cervejarias artesanais são exemplos disso; • novidades tecnológicas: é possível gerar novos negócios a partir de avanços tecnológicos. Quem imaginou que os aplicativos para táxi seriam tão populares nas grandes cidades? E isso só aconteceu graças à tecnologia e à criação de aplicativos móveis; • pesquisas de mercado: levantamentos de dados publicados sobre negócios em jornais, revistas, sites, blogs, relatórios econômicos e empresariais. Acesso a dados de pesquisas realizadas por terceiros (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea etc.) e levantamentos sistemáticos de dados com procedimentos científicos e técnicas estatísticas; • viagens a outras regiões: é muito comum que as pessoas voltem de viagens com novas ideias. Além de oxigenar a mente, visitar outros lugares, conhecer novas culturas e experimentar serviços e produtos diferenciados faz com que empreendedores percebam oportunidades de negócios; • interação com outras pessoas: é sempre bom conversar com pessoas que não fazem parte do nosso círculo de amizades. Isso gera novos insights e ajuda a desenvolver ideias de empreendimentos. Quanto maior a sua rede, maior a sua exposição a problemas, soluções e demandas existentes no mercado. Diferentemente do que muitos pensam, não existe uma fórmula mágica para gerar ideias de novos negócios, mas, por mais que pareça óbvio, uma ótima 6 maneira de se ter uma boa ideia é não ter medo de sonhar grande e ter muitas ideias (Byrro, 2016). Mas e se você não for uma pessoa criativa? Não se preocupe! Existem várias maneiras e dicas de como gerar novas ideias de negócios. Vamos lá? Segundo Byrro (2016), as cinco dicas mais importantes são: 1. anotar todas ideias que você tiver. Não importa se você estiver no meio do almoço ou indo dormir, não deixe a ideia fugir de sua cabeça; 2. discutir cada ideia com mais de uma pessoa, se possível. Quanto mais eclético o grupo, melhor. Isso vai ajudá-lo a entender se sua ideia será bem aceita ou não; 3. não vale criticar suas ideias. Ideias loucas e absurdas são muito bem- vindas! 4. se você estiver em uma fase de bloqueio criativo, que tal melhorar ideias de outros ou conectar ideias para gerar novas? 5. tentar sempre pensar em problemas que você poderia resolver, e não em soluções. 2.1 Podemos proteger as ideias? Uma questão que precisa ser esclarecida é que ainda existem muitos empreendedores que se preocupam em guardar suas ideias a sete chaves, com medo que elas sejam copiadas. Na verdade, poucas ideias são realmente inéditas. O Google, por exemplo, não foi o primeiro buscador na web, nem o Facebook a primeira rede social. Mas essas empresas foram competentes o suficiente para se tornarem líderes de mercado. A concepção de uma ideia não constitui trabalho intelectual a ser protegido (Sosnowski, 2018). TEMA 3 – EMPREENDER COM CRIATIVIDADE Geralmente, não damos atenção a uma das principais características que podem fazer a diferença em nossa vida pessoal e em nosso ambiente de trabalho. Estamos nos referindo à criatividade. Todos sabemos que ações criativas fazem a diferença e conferem uma posição de destaque, porém, nos acostumamos a simplesmente aceitar que não somos tão aptos a usá-la e acabamos por não aprimorar nosso processo criativo. A criatividade possibilita que você adquira certa 7 autonomia, que o leva a adotar uma postura empreendedora não só em sua vida profissional, como também na pessoal (Descola, 2015). Hoje há muitos empreendedores e empresas explorando as mesmas ideias e, consequentemente, fazendo as mesmas coisas, caindo na mesmice e, muitas vezes, no fracasso! Entendemos que você não quer trilhar esse caminho, não é mesmo? Então, é bom começar a colocar a palavra criatividade no seu dia a dia empreendedor (Abrantes, S.d.). Alguns autores afirmam que o caminho para o sucesso está na capacidade de alocar nossas habilidades criativas para pensar e agir diferente, de forma a ser inovador em todas as situações que nos são apresentadas. Portanto, inovação é o fator principal para se aumentar as chances de atingir o sucesso em todos os aspectos de nossas vidas (Descola, 2015). O potencial criativo do empreendedor é exigido ao extremo em toda a sua empreitada, seja inovando em termos de produtos e/ou serviços que oferecem, seja em suas atitudes, decisões, ações e percepções. Afinal, manter a criatividade como parte do ser é uma das habilidades do empreendedor, pois ele sabe que ser criativo é redundância, visto que, por natureza, é um ser criativo. Entretanto, há empreendedores que não acessam a própria criatividade, não a usam e não costumam exercitá-la. Comumente, muitas pessoas colocam tantas demãos de tinta em sua base criativaque, com o tempo, nem se lembram de que têm em sua estrutura essa importante competência (Schneider, 2012). A grande questão é que se tornar um empreendedor de sucesso não é algo simples, por isso a criatividade pode ser um grande diferencial para ajudar nesse objetivo. Ela traz consigo um processo de inovação que visa soluções diferentes para dores que já são conhecidas e ainda incomodam o público em geral (Descola, 2015). A criatividade pode ser aplicada em todas as ações de qualquer empresa, desde as áreas mais burocráticas, tais como a administrativa e a financeira, passando por marketing e vendas, até aquelas que visam o relacionamento com clientes, parceiros e outros stakeholders. O grande segredo é ter um olhar de entendimento para como ela pode auxiliar na solução dos problemas, buscando novas rotinas e ações que otimizem a eficiência de processos que são considerados diferenciais e essenciais para o negócio. Nesse processo de melhoria contínua que a criatividade pode oferecer há grandes benefícios, tanto para a motivação da equipe, em sua produtividade, quanto na facilidade em http://saiadolugar.com.br/dicas-para-motivar-colaboradores/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost 8 escalar o negócio e na conquista de cada vez mais clientes, até porque as pessoas já estão cansadas das mesmas soluções que não resolvem seus velhos problemas (Abrantes, S.d.). É nesse sentido que ser criativo faz toda a diferença para o empreendedorismo. Ela deve ser vista como uma ferramenta, que se usada constantemente lhe trará exclusividade e será o meio que o levará a uma posição de destaque. Tente aplicá-la em seu ambiente de trabalho, na solução de problemas, na busca por novos métodos e processos que criem um diferencial para a empresa, para realizações de tarefas e para otimizar a rotina de trabalho (Descola, 2015). Segundo Abrantes (S.d.), procure fazer algo diferente, que ninguém nunca tenha feito. Busque soluções alternativas, quebre os padrões convencionais. Não siga modelos prontos e formulados; foque o resultado desejado e pense em diversas alternativas para alcançá-lo. E não desista tão facilmente, persista na procura por algo diferencial, único e benéfico. TEMA 4 – INOVAÇÃO: A CHAVE PARA O SUCESSO Não seria possível falar de empreendedorismo sem citar a inovação, pois ela é peça chave para o nascimento e para a manutenção de um empreendimento. Os "[...] empreendedores inovam. A inovação é o instrumento específico do empreendedor" (Drucker, 1987). “A palavra inovação, deriva dos termos latinos in e novare e significa fazer algo novo ou renovar” (Santos, 2014). Empreender e inovar envolvem lidar com todos os riscos sobre a ideia, sendo que a inovação se baseia na capacidade que a invenção tem de gerar receita. Drucker (1987) ressalta que ideias brilhantes não representam inovação em sua grande maioria, pois na maior parte das vezes a receita não ultrapassa os custos de criação ou implantação do referido invento. Podemos verificar o fluxo resumido de inovação na Figura 2, que se relaciona com a afirmação de Chiavenato (2008) que encontramos na sequência. 9 Figura 2 – Processo de Inovação INOVAÇÃO Fonte: Elaborado pela autora. Entende-se que uma pequena empresa não pode ser considerada atividade empreendedora, a menos que haja algum tipo de inovação: "[...] empreendedorismo não trata apenas de pequenas empresas e novos empreendimentos. Não aborda apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas, sim, inovações em todos os âmbitos do negócio" (Chiavenato, 2008). Bessant e Tidd (2009) afirmam que a inovação assume muitas formas diferentes, mas pode ser resumida em quatro diferentes tipos, a saber: 1. inovação de produto: mudanças nas coisas (produtos/serviços) que uma empresa oferece; 2. inovação de processos: mudanças nas formas em que as coisas (produtos/serviços) são criadas e ofertadas ou apresentadas ao consumidor; 3. inovação de posição: mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos; 4. inovação de paradigma: mudanças nos modelos mentais básicos que norteiam o que a empresa faz. É importante salientar que muitas vezes pode haver dificuldade em diferenciar esses tipos de inovação pelo fato de serem parecidas em alguns casos e se aplicarem a mais de um tipo ao mesmo tempo. “Às vezes, a linha divisória entre os tipos de inovação é bastante imprecisa – uma nova balsa a motor, por exemplo, é tanto uma inovação de produto quanto de processo” (Bessant; Tidd, 2009). Outro fator relevante para o conhecimento da inovação é o grau de novidade que ela apresenta. A partir daí, Bessant e Tidd (2009) argumentam sobre a diferença entre inovação incremental e inovação radical, pois há uma enorme diferença entre adicionar melhorias e modificações em algo já existente e criar um conceito (de produto ou serviço) totalmente novo. E tais mudanças podem não somente revolucionar o mercado, mas também a forma que essa inovação influencia o mundo, como ocorreu com a energia a vapor durante a Revolução NOVA IDEIA NOVO SERVIÇO OU PRODUTO 10 Industrial, e a forma como a inovação é vista e transformada em produto/serviço. “[...] Há um grau específico de inovação em cada um desses níveis – mas as mudanças em sistemas de níveis mais altos, normalmente, têm implicações para os mais baixos” (Bessant; Tidd, 2009). Com o passar dos anos, a inovação foi se dividindo em mais tipos. Segundo Sosnowski (2018), as inovações que podem ser implementadas pelas empresas, além das mencionadas pelos autores Bessant e Tidd (2009), são: • inovação organizacional: implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas; • inovação de marketing: mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços; • inovação mercadológica: um processo de construção de valor a partir da aplicação bem-sucedida de uma nova ideia ou invenção. Isso implica criação, implantação e adoção de algum produto, serviço, processo ou modelo de negócio novo; • inovação aberta: é um processo pelo qual produtos, serviços e experiências são desenvolvidos pelas empresas em conjunto com consumidores, comunidade, colaboradores, acionistas e fornecedores com o objetivo de gerar inovação para a criação de valor; • coinovação (ou cocriação): arrisca ainda mais fundo na onda da colaboração como forma de inovar. O modelo faz referência à participação ativa de clientes, funcionários, parceiros e outros stakeholders para a criação de produtos, serviços e experiência. A enciclopédia digital Wikipédia, redigida por milhares de pessoas ao redor do mundo, é um dos casos mais emblemáticos. Para inovar, uma empresa precisa criar uma cultura organizacional voltada para a mudança. E essa pode ser uma tarefa ainda mais simples se dosada em atitudes diárias que incentivem a criatividade, tanto do empreendedor quanto de todos os envolvidos no negócio (Sosnowski, 2018). Para Sosnowski (2018), existem algumas etapas importantes para o processo de inovação: 11 • levantamento de oportunidades: identifica as necessidades e expectativas atuais do mercado e antecipa tendências de novos produtos e processos, observando sinais de mudanças no ambiente competitivo; • seleção das oportunidades: nessa etapa, a empresa deve entender os parâmetros de competitividade do setor (preço, qualidade etc.) para escolher aquela que melhor harmonize com as competências da própria empresa; • definição de recursos: define os recursos humanos, financeiros, de infraestrutura e tecnologia necessários para implementar as oportunidades de inovação selecionadas, identificando as formas de acesso a financiamento, compra etc.; • implementaçãoda inovação: é a parte de execução dos projetos por meio de acompanhamento de seu desenvolvimento em termos de prazo, custo e qualidade alinhados com as necessidades de outros setores da empresa; • avaliação: é o momento de reflexão e aprendizagem do processo de inovação, revisando etapas, ações, ferramentas e registrando os dados e lições aprendidas. É importante destacar que todas as etapas são cíclicas e devem acontecer continuamente na empresa para que ela esteja sempre à frente da concorrência e lançando novos produtos, serviços, processos, estratégias, modelos de negócios, canais de distribuição e mercados (Sosnowski, 2018). A partir dos três temas já abordados – ideia, criatividade e inovação –, podemos notar que existe uma interligação entre elas e que serão essenciais para o nosso próximo tema: oportunidades. TEMA 5 – PERCEBENDO OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS Constata-se que um dos maiores mitos a respeito de novas ideias nos negócios é o de que elas devem ser únicas. O fato de uma ideia ser ou não única não importa. O que tem relevância é como o empreendedor utiliza a sua ideia, inédita ou não, de forma a transformá-la em um produto ou serviço que faça sua empresa crescer (Dornelas, 2016). Vimos anteriormente que ter uma ideia na cabeça não é sinônimo de oportunidade de negócio. Ideia todo mundo tem, mas será que aquela que você garimpou nas pesquisas e em observações da realidade terá o sucesso que 12 espera? Para responder a essa pergunta, você precisa encontrar uma real necessidade de mercado e encontrar uma solução que tenha um público disposto a pagar por ela. É o que chamamos de busca pelo casamento da empresa com o mercado (Sosnowski, 2018). Como ter certeza se, de fato, uma oportunidade é boa ou não? Segundo o Sebrae (2015), normalmente uma boa oportunidade está focada em alguns pilares que devem ser observados, tais como: • necessidades identificadas: observe quais necessidades essa oportunidade busca atender ou quais problemas poderão ser resolvidos; • escala: fique atento ao público-alvo e ao porte desse mercado. Quanto maior essa abrangência, maior a probabilidade de se tratar de uma boa oportunidade; • diferenciação: quanto maior o espaço para a inovação, maior a chance de se tornar um negócio efetivo. Portanto, demonstrar o diferencial dessa oportunidade faz com que ela se torne mais atrativa, podendo conquistar clientes e investidores de forma mais rápida. Outro aspecto da diferenciação é a observação de seus concorrentes. Fazer o mesmo que eles fatalmente acabará em uma disputa por preço, e não por valor agregado e ao cliente; • observação e análise: não é possível identificar uma oportunidade se você não for um bom observador. Portanto, será necessário usar ferramentas que o ajudem a fazer uma análise dessa observação. Isso é fundamental para conseguir uma identificação mais precisa. Observe o fluxo de pessoas, observe os costumes, a frequência de repetição de determinados hábitos e costumes e descobrirá possíveis oportunidades. Algumas vezes, será necessário reagir de formas diferentes das habituais, sair de sua área de conforto. Além disso, quanto mais a pessoa tiver habilidade e conhecimento para traduzir o que não está claramente escrito, maior poderá ser o resultado. Foi assim que muitos produtos de sucesso foram desenvolvidos. Tenho certeza de que você tem uma porção de exemplos. Embora ninguém confirme, talvez a própria Apple tenha desenvolvido o Ipod tendo como referência os antigos walkmans da Sony. • busca de informações: fique atento aos investimentos estruturantes que serão feitos em seu bairro, em sua cidade, em sua região. Normalmente, 13 esses investimentos levam ao surgimento de novos elos de fornecimento e distribuição de produtos e serviços. A dica agora é criar um enunciado para o problema ou a necessidade. Antes, preocupe-se em responder o máximo de perguntas possível sobre a questão. De acordo com Sosnowski (2018), algumas das perguntas que podem ser feitas são as seguintes: • quem é o público-alvo? • quais são as suas expectativas e necessidades? • qual é a dor desse público-alvo? • como ele resolve esse problema atualmente? • qual é a necessidade que você quer resolver? • como isso é feito hoje? • que alternativas esses clientes potenciais têm atualmente para satisfazer suas necessidades? • quem são os fornecedores das soluções alternativas? Enquanto essas respostas não estiverem claras, você não terá todas as informações de que precisa. Então, faça mais pesquisas, analise o mercado e se cerque do maior número de informações possível. Um negócio só é bom de verdade se ele realmente for bom para você e estiver alinhado com o seu perfil empreendedor. E é aí que está a mágica do empreendedorismo: conseguir vislumbrar um negócio que represente um propósito de vida (Sosnowski, 2018). Você pode notar que ter ideias é fácil; difícil é achar aquela ideia que vire uma boa oportunidade de negócio. Depois de mergulhar no universo de seu público-alvo, estudar suas características e comportamentos, encontrar uma necessidade ou problema de seu futuro cliente, é hora de vislumbrar soluções (Sosnowski, 2018). Como você viu, a ideia já não é mais o ponto de partida de seu negócio. Ela foi apenas a provocação para que você encontrasse a dor, ou seja, a oportunidade, relacionada a seu público-alvo e achasse uma solução eficaz e viável, ou seja, o negócio (Sosnowski, 2018). 5.1 Brainstorm Uma boa dica para a fase de buscar soluções é usar a conhecida técnica chamada de brainstorm, que significa tempestade de ideias. Trata-se de uma 14 dinâmica feita normalmente em grupo que tem como objetivo gerar o maior número de soluções possíveis para uma questão (Sosnowski, 2018). O brainstorming, segundo Sosnowski (2018), é feito por meio da associação de ideias e explora o potencial criativo de muitas pessoas em conjunto, favorecendo o grupo a pensar fora da caixa. Figura 3 – Conjunto de ações do brainstorm Fonte: Bluehousestudio/Shutterstock. Segundo Sosnowski (2018), a técnica considera três fases distintas, e podemos ter uma ideia criativa dessas fases observando a Figura 3. 5.1.1 Geração de ideias Nessa fase, é escolhido um local adequado e um grupo de pessoas para participar da dinâmica. Então, escolhe-se um facilitador para o processo e define- se um objetivo. A partir daí, abre-se espaço para a geração de múltiplas ideias, sem nenhuma censura. 15 5.1.2 Registro das ideias As ideias levantadas devem ser recolhidas pelo facilitador, que registra todas as hipóteses em um quadro ou um cartaz em local visível para todos os participantes. Nessa fase, o facilitador não filtra as ideias, apenas toma nota. 5.1.3 Avaliação das ideias propostas Agora começa a fase em que as ideias duplicadas ou fora do objetivo determinado são descartadas pelos participantes com a ajuda do facilitador. Das ideias restantes, seleciona-se aquelas mais viáveis, escolhidas pelo grupo para que passe pelo processo de validação. Um ponto importante a destacar é que nem toda solução poderá ser transformada em negócio. 5.2 Ideias x oportunidades x negócios Em resumo, para identificar uma oportunidade é necessário observar, registrar informações, analisar e comparar, mas isso não garante que você vá encontrá-la. A boa oportunidade depende da abrangência do mercado, e de uma capacidade de diferenciação (Cláudio Lísias Empreendedorismo Digital, S.d.). Uma boa ideia poderá vir a ser uma boa oportunidade e um bom negócio. Se não for um bom negócio, não será uma boa oportunidade e, logo, nem uma boa ideia. Mas, sem ideias, não haverá oportunidades nem muito menos negócios (Cláudio Lísias Empreendedorismo Digital, S.d.). Torna-se importante que, ao definir o negócio, o empreendedor teste sua ideia ou conceito junto a clientesem potencial, empreendedores mais experientes (conselheiros, amigos próximos), antes que a paixão pela ideia cegue sua visão analítica dos negócios. Uma ideia sozinha não vale nada. Em empreendedorismo, elas surgem diariamente. O que é mais relevante é a capacidade de saber desenvolvê-las, programá-las e construir um negócio de sucesso (Dornelas, 2016). Dornelas (2016) afirma que o que conta não é ser o primeiro a pensar e ter uma ideia revolucionária, mas, sim, ser o primeiro a identificar uma necessidade de mercado e saber como atendê-la antes que outros o façam. Uma ideia isolada não tem valor se não for transformada em algo viável de implementar, visando atender a um público-alvo que faz parte de um nicho de mercado mal explorado. Isso é detectar uma oportunidade (Schneider, 2012). 16 REFERÊNCIAS ABRANTES, L. Quais são as oportunidades que a criatividade no empreendedorismo gera? Saia do Lugar, S.d. Disponível em: <http://saiadolugar.com.br/criatividade-no-empreendedorismo>. Acesso em: 6 jun. 2019. A IMPORTÂNCIA da criatividade no empreendedorismo. Descola, 26 jan. 2015. Disponível em: <https://descola.org/drops/a-importancia-da-criatividade-no- empreendedorismo>. Acesso em: 6 jun. 2019. BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Editora Bookman, 2009. BYRRO, F. 10 maneiras de gerar ideias para empreender. Endeavor Brasil, 13 maio 2016. Disponível em: <https://endeavor.org.br/inovacao/10-maneiras- empreender>. Acesso em: 6 jun. 2019. CAPUCIO, R. Empreendedorismo: 7 passos fundamentais para se tornar um empreendedor de sucesso. Alô News, 11 nov. 2018. Disponível em: <http://alonews.com.br/empreendedorismo/2018/11/18910/empreendedorismo-7- passos-fundamentais-para-se-tornar-um-em.html>. Acesso em: 6 jun. 2019. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 4. ed. São Paulo: Manole, 2008. DORNELAS, J. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2016. DRUKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. Editora Pioneira, 1987. INICIANDO um pequeno grande negócio. Sebrae, 2015. Disponível em: <https://eadlms.sebrae.com.br/courses/novo- sebrae/ipgn17/documentos/apostila_ipgn.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2019. LÍSIAS, C. Boa oportunidade de negócio: como identificar? Cláudio Lísias Empreendedorismo Digital, S.d. Disponível em: <https://claudiolisias.com.br/boa- oportunidade-de-negocio-como/>. Acesso em: 11 jun. 2019. 17 SANTOS, A. M. É preciso inovar. WebArtigos, 16 abr. 2014. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/e-preciso-inovar/120494>. Acesso em: 6 jun. 2019. SCHNEIDER, E. I. A caminhada empreendedora: a jornada de transformação de sonhos em realidade. Curitiba: InterSaberes, 2012. SOSNOWSKI, A. S. Empreendedorismo para leigos. 1. ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018. AULA 3 DA IDEIA AO PLANO DE NEGÓCIO Profª Silvia Gonçalves 2 TEMA 1 – VAMOS ABRIR UM NEGÓCIO? Abrir uma pequena ou média empresa não significa somente empreender um novo negócio, gerar empregos ou fazer girar o círculo da economia nacional (Chiavenato, 1995). Hoje, todos os mercados são dinâmicos. A mudança está no ar em todos os lugares e mudanças afetam a estratégia. Uma estratégia vencedora hoje pode prevalecer amanhã, ou pode até mesmo se tornar irrelevante. Houve uma época, não muitas décadas atrás, em que o mundo esperava tempo demais para colocar estratégias em prática e refiná-las com paciência e disciplina. O plano estratégico anual guiava a empresa. Hoje, as coisas não são mais assim. Novos produtos, modificações de produtos, subcategorias, tecnologias, aplicações, nichos de mercados, segmentos, mídias, canais de distribuição e assim por diante estão surgindo mais rápido do que nunca em quase todas as indústrias. Forças múltiplas alimentam essas mudanças, incluindo as tecnologias da internet, o crescimento da China e da Índia, as tendências para uma vida mais saudável, as crises de energia, a instabilidade política e tantas outras. O resultado disso são mercados que não são somente dinâmicos, mas também arriscados, complexos e desordenados (Aaker, 2012). Tais mercados confusos tornam a criação de estratégias e sua implementação muito mais desafiadoras. A estratégia tem que vencer não somente no mercado de hoje, mas no mercado de amanhã, em que o consumidor, o cenário competitivo e contexto do mercado poderão ser todos diferentes. Em ambientes moldados por essa nova realidade, algumas empresas estão direcionando mudanças. Outras, ainda, estão desaparecendo gradualmente. Como desenvolver estratégias de sucesso em mercados dinâmicos? Como manter-se à frente na competição? Como manter-se relevante? A tarefa é desafiadora. Estrategistas precisam de perspectivas, de ferramentas e de conceitos novos e refinados (Aaker, 2012). Responderemos a essas perguntas no decorrer desta aula, mas, antes, temos que entender o que é uma empresa e quais estratégias podemos utilizar para que a empresa seja um grande negócio. 3 1.1 O que é uma empresa? Segundo Chiavenato (1995), uma empresa é um conjunto de pessoas que trabalham juntas, no sentido de alcançar objetivos por meio de gestão de recursos humanos, materiais e financeiros. Geralmente, as empresas são constituídas de várias pessoas, embora existam empresas individuais. Para Aaker (2012), uma empresa geralmente é uma unidade organizacional que tem (ou deveria ter) uma estratégia definida e um gestor responsável por vendas e lucros. Martins (2008) afirma que a principal característica da empresa é o fim econômico, fato que justifica a economia ser a principal interessada em seu conceito. Como podemos notar, apesar de as definições serem diferentes, o objetivo de todas as empresas, no final, é o mesmo: a empresa deve gerar lucro. Será essa premissa verdadeira? No próximo tema, falaremos sobre criação de valor, e quando falamos de criação de valor, estamos destacando o modelo de negócio. Aqui, ressaltamos o modelo de negócio, que é diferente de plano de negócio, que será tratado nas aulas seguintes. Então: qual é a função de uma empresa na sociedade? Será somente a de gerar lucro? TEMA 2 – A CRIAÇÃO DE VALOR Alguns dirão que gerar lucro realmente é a função da empresa; outros dirão que ela deve gerar sustentabilidade social, fazer a diferença na vida das pessoas. Mas, segundo Sosnowski (2018), todos concordarão que o principal objetivo de uma empresa é gerar, entregar e capturar valor, ou seja, a principal razão de ser de um negócio é oferecer solução para uma dor na sociedade e encontrar clientes dispostos a pagar por ela. O valor tende a ser mais real se conduzido pela perspectiva do cliente, e não pela operação da empresa. Além disso, a criação de valor deve ser reconhecida e percebida como justificável pelos clientes. Uma coisa é criar a estratégia perfeita no que diz respeito aos clientes, concorrentes e ao mercado, outra é executar essa estratégia de forma eficaz (Aaker, 2012). A capacidade de criar valor não garante o desempenho persistente da atividade da empresa, já que existem fatores externos à empresa como a 4 concorrência, por exemplo. Para que a atividade seja duradoura, a organização precisa ser eficaz na criação e na captura de valor. Isso ocorre porque o valor criado pode ser diferente do valor capturado, e frequentemente o é; portanto, a empresa pode criar valor, mas pode deixar de capturar valor. Cada organização desenvolve sua estratégia de capturar valor de acordo com seu planejamento estratégico, visando cumprir um objetivo central e alcançar metas. A empresa pode focar em obter um lucro acima da média, ao trabalhar com alto volume de vendas e um grande portfólio de produtos. Pode optar por ser líder de mercado ao trabalhar para alcançar ou manter uma participação de mercado de destaquepor meio de um produto ou serviço específico. Ou, ainda, se tornar um referencial ao ditar tendências e criar bens de consumo inovadores e expressivos, gerando uma fidelização por meio da admiração de seus clientes. Seja qual for a estratégia da empresa, o importante é perceber que a captura de valor do cliente deve resultar na otimização dos processos e na geração de benefícios para toda a organização. Perceba que que o ponto mais importante aqui é garantir a continuidade de suas atividades e a sobrevivência no mercado (Andrade, 2014). Com as transformações pelas quais a sociedade tem passado nos últimos anos, as empresas precisam estar atentas em gerar valor para si e para os clientes de forma ágil e consistente. Por isso, em vez de redigir um plano de negócios que detalhe tudo sobre a empresa, desde a análise da concorrência até as projeções financeiras, passou-se a utilizar métodos ágeis para comprovar hipóteses, modelos de negócios e mostrar como a empresa gera valor, obtém lucro e se mantém sustentável. Métodos como o Business Model Generation passaram a dominar os processos de criação de uma empresa (Sosnowski, 2018). Entendido que a criação de valor está relacionada não apenas com o lucro, mas também com gerar, entregar e capturar valor, com podemos começar a definir um modelo de negócio que nos faça atingir esses objetivos? Utilizando métodos que nos permitam visualizar de forma macro a empresa futura. Falaremos um pouco mais sobre isso, e conheceremos uma ferramenta simples e completa que descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma empresa. 5 TEMA 3 – UTILIZANDO O CANVAS PARA VISUALIZAR O NEGÓCIO Uma das ferramentas mais difundidas e utilizadas por empreendedores de todo o mundo é o Business Model Generation (BMG), criada pelos especialistas Alexander Ostewalder e Yves Pigneur (2011), que apresenta como definir um modelo de negócio. A ferramenta permite ao empreendedor visualizar a empresa ainda não criada de forma integrada e sistêmica, relacionando suas principais funções (Sosnowski, 2018). A base do BMG é um quadro chamado Canvas, um modelo de planejamento estratégico que pode ser usado tanto por quem já tem uma empresa e precisa reestruturá-la quanto por quem está começando do zero. Contém nove blocos e traz objetivamente os pilares essenciais de uma empresa, representando seus processos e estratégias. A Figura 1 nos mostra todos os blocos do Canvas de forma panorâmica. Figura 1 – Canvas: um modelo de negócios Fonte: Osterwalder e Pigneur, 2011. Os nove componentes cobrem as quatro áreas principais de um negócio: clientes, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira. Detalharemos cada um deles a seguir, segundo Osterwalder e Pigneur (2011). 6 3.1 Segmentos de valor O primeiro passo no desenvolvimento de um modelo de negócios é preencher o bloco do segmento de clientes, que define os diferentes grupos de pessoas ou organizações que uma empresa busca alcançar e servir. Sem clientes, nenhuma empresa pode sobreviver por muito tempo. Quanto a eles, deve-se: • Definir quem são; • Descobrir se têm um perfil específico; • Saber como estão agrupados; • Saber onde estão localizados; • Verificar se apresentam uma necessidade em comum. 3.2 Proposta de valor O segundo passo é definir a oferta de valor de seu negócio. Entenda que valor nesse caso significa benefício. O bloco proposta de valor descreve o pacote de produtos e serviços que cria valor para um segmento de clientes específico. A proposta de valor é o motivo pelo qual os clientes escolhem uma empresa ou outra; ela resolve um problema ou satisfaz uma necessidade do consumidor. Cada proposta de valor é um pacote específico que supre as exigências de um segmento de clientes específico. Nesse sentido, a proposta de valor é uma agregação ou um conjunto de benefícios que uma empresa oferece aos clientes. No momento de montar uma proposta de valor para o seu negócio é preciso que você responda às seguintes perguntas: • Que valor entregamos ao cliente? • Qual problema estamos ajudando a resolver? • Que necessidades estamos satisfazendo? • Que conjunto de produtos e serviços estamos oferecendo para cada segmento de clientes? 3.3 Canais Canais descrevem os caminhos que são trilhados pela empresa para comunicar e entregar valor ao cliente. Os canais podem ser de comunicação, 7 vendas e de distribuição do produto, ou seja, qualquer tipo de interface da empresa com o cliente. Os canais são o ponto de contato com os clientes e desempenham um importante papel em sua experiência geral. Em resumo, este bloco descreve como uma empresa se comunica e alcança seus segmentos de clientes para oferecer uma proposta de valor, e é preciso que você responda as seguintes perguntas: • Por meio de quais canais nossos segmentos de clientes querem ser alcançados? • Como vamos alcançá-los agora? • Como nossos canais se integram? • Qual deles funciona melhor? • Quais deles apresentam melhor custo-benefício? 3.4 Relacionamentos com clientes O bloco do relacionamento com clientes descreve os tipos de relação que uma empresa estabelece com segmentos específicos de clientes. Definir boas estratégias de relacionamento é difícil, porém, fundamental para a retenção de clientes. As relações podem variar e ser desde pessoais até automatizadas. Muitas empresas startups adotam um relacionamento baseado em autoatendimento, em que o cliente resolve quase tudo sozinho. No entanto, algumas empresas já perceberam que investir em um alto nível de atendimento garante destaque e maior lucratividade (Osterwalder; Pigneur, 2011). Segundo os autores, sobre esse tema, algumas perguntas devem ser respondidas: • Que tipo de relacionamento cada um dos nossos Segmentos de Clientes espera que estabeleçamos com eles? • Quais já estabelecemos? • Qual o custo de cada um? • Como se integram ao restante do nosso Modelo de Negócios? 3.5 Fontes de receita O componente fontes de receita representa o dinheiro que uma empresa gera a partir de cada segmento de clientes, ou seja, é o bloco que determina a 8 maneira como o cliente pagará pelos benefícios recebidos. Se o cliente é o coração de um modelo de negócios, o componente fontes de receita é a rede de artérias. Uma empresa deve se perguntar: que valor cada segmento de clientes está realmente disposto a pagar? Responder com sucesso a essa pergunta permite que a empresa gere uma ou mais fontes de receita para cada segmento. O bloco fontes de receita representa o dinheiro que uma empresa gera a partir de cada segmento de clientes, e para preencher esse bloco é importante que você responda as perguntas a seguir: • Que valor nossos clientes estão realmente dispostos a pagar? Pelo que eles pagam atualmente? • Qual é a forma de pagamento utilizada por eles atualmente? • Como eles preferem pagar? • Quanto cada fonte de receita contribui para o total da receita? 3.6 Recursos principais Todo modelo de negócio exige recursos principais. Esses recursos permitem que uma empresa crie e ofereça uma proposta de valor que alcance mercados e mantenha relações com segmentos de clientes. Diferentes recursos principais são necessários, dependendo do tipo de modelo de negócio. Os recursos principais podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos. Podem ser adquiridos ou alugados pela empresa, ou adquiridos de parceiros chave. Quais recursos principais exigem: • Propostas de valor? • Canais de distribuição? • Canais de relacionamento com o cliente? • Fontes de receita? 3.7 Atividades chave Aqui descrevemos as atividades e os processos chave para que você atinja o seu objetivo. Cada modelo de negócio exige uma série de atividades chave. De forma complementar aos recursos chave, as atividades são aquelas que a empresadeve executar de forma constante para que o modelo de negócios funcione corretamente. Se uma empresa possui uma plataforma web como 9 recurso chave, muito provavelmente terá como atividade chave a manutenção dessa plataforma. Quais são as principais atividades que exigem: • Proposta de valor? • Canais de distribuição? • Relacionamento com o cliente? • Fontes de receita? 3.8 Parcerias principais Esse bloco é o da rede de fornecedores e parceiros necessária para nosso modelo de negócios. As empresas fazem parcerias por muitas razões, e parcerias estão se tornando uma pedra angular de muitos modelos de negócios. As empresas criam alianças para otimizar seus modelos de negócios e reduzir o risco, ou para adquirir recursos (Osterwalder; Pigneur, 2011). Qualquer tipo de tarefa ou matéria-prima essencial fornecida por outra empresa e que garante o funcionamento do modelo de negócios deve ser listada nesse bloco. Em resumo, esse bloco descreve as redes de fornecedores e parceiros que fazem o modelo de negócio funcionar, e para preenchê-lo de forma adequada é importante responder às seguintes questões: • Quem são os nossos principais parceiros? • Quem são os nossos principais fornecedores? • Quais recursos chave estamos adquirindo de parceiros? • Quais são as principais atividades que os parceiros realizam? 3.9 Estrutura de custos O último bloco do modelo descreve todos os custos necessários para o funcionamento do modelo de negócio, derivados de sua operacionalização. Eles serão provavelmente oriundos dos blocos de recursos, atividades e parcerias chave. Porém, também será possível que custos de canais sejam considerados como comissão de vendedores. O bloco estrutura de custos descreve todos os custos necessários para operar um modelo de negócio, e para preenchê-lo é preciso responder a algumas questões: 10 • Quais são os custos mais importantes inerentes ao nosso modelo de negócio? • Quais são os recursos chave mais caros? • Quais são as atividades chave mais caras? TEMA 4 – CONSTRUINDO O CANVAS DE FORMA A TER UMA VISÃO MACRO DO NEGÓCIO Ao proporcionar uma visualização completa dos processos da organização, o Canvas possibilita inovar, estabelecendo uma proposta de valor única para o empreendimento. O principal benefício desse modelo é a simplicidade e a rápida implementação. Com uma caneta, alguns post-its e uma boa mesa, podemos trabalhar com uma metodologia criativa para a melhoria dos negócios. Essa característica visual simplifica o entendimento do negócio e facilita a colaboração no processo de cocriação. É recomendável fazê-lo em equipe para ampliar o processo de colaboração e com um bom tempo disponível para reflexão e discussão (Sosnowski, 2018). O modelo visual do Canvas trabalha os pilares básicos de uma empresa: infraestrutura, oferta, cliente e finanças. A infraestrutura diz respeito à avaliação dos recursos disponíveis para se chegar a um valor do produto para o cliente. A oferta se refere ao produto ou serviço oferecido ao consumidor e sua proposta de valor. O pilar do cliente é composto pelo público-alvo, canais de contato com o consumidor (distribuição e marketing) e o relacionamento estabelecido durante e após a venda. As finanças abrangem os custos gerais e as fontes de receita da empresa (Sosnowski, 2018) Segundo Pereira (2011), deve-se responder às seguintes perguntas, possibilitando uma reflexão a respeito de cada função da empresa para, então, descobrir o que precisa ser feito a fim de conquistar clientes e aumentar os resultados do empreendimento: • O que vou fazer? A resposta é a proposta de valor; • Para quem vou fazer? A ideia é definir o público consumidor e as melhores maneiras de se relacionar com ele; • Como vou fazer? O objetivo é descobrir quais são os principais recursos, atividades e parceiros; 11 • Quanto vou gastar? A finalidade é saber quais são as receitas e qual será a estrutura de custo para viabilizar o negócio. Figura 2 – Modelo Canvas e as quatro perguntas para reflexão sobre o contexto total da empresa Fonte: Adaptado de Sebrae, 2018. A Figura 2 mostra os blocos que correspondem a cada uma das perguntas principais sobre o contexto em que se encontra a empresa. Para aproveitar bem a ferramenta, o empreendedor precisa saber que cada um desses blocos está relacionado com os demais e que os ajustes em cada fase podem ser feitos a qualquer momento, quantas vezes forem necessárias, para que seja possível perceber o negócio como um todo. Esse é, portanto, o caminho para descobrir como se diferenciar, conquistar clientes, reduzir custos e obter receitas (Pereira, 2011). É recomendável que o Canvas, depois de preenchido, fique visível a todos os colaboradores da empresa, como em um mural no escritório, para que todos tenham uma visão completa do negócio. Isso incentiva a reflexão sobre aspectos que podem ser melhorados (Sosnowski, 2018). 12 4.1 Dicas para construir um modelo Canvas Vale ressaltar que alguns autores mencionam que o primeiro passo deve ser a proposta de valor e depois, o segmento de clientes. Outros dizem que não existe uma lógica e pode-se começar por qualquer bloco. Isso se deve ao fato de o modelo Canvas ser flexível e não estático, podendo ser alterado a qualquer momento. Então, cabe a você descobrir como a equipe prefere trabalhar e colocar a mão na massa. Nesta aula, analisaremos o passo a passo do modelo Canvas mencionado por Rosa (2014), que propõe uma sequência de preenchimento, como mostra a Figura 3 e, em seguida, alguns outros passos que podem ajudar a finalizar o processo. Figura 3 – Sequência do modelo Canvas Fonte: Adaptado de Pereira, 2011. • Primeiro passo: preencha o quadro da direita para a esquerda. Comece pelo bloco segmentos de Clientes (1). Mapeie quem está criando valor e quem são seus clientes. Na proposta de valor (2), evidencie os benefícios que seus produtos e serviços entregam aos clientes. Em seguida, identifique os canais (3) de distribuição e comunicação e estabeleça como será o relacionamento com clientes (4). As fontes de receita (5) determinarão como o cliente pagará pelos benefícios recebidos. • Segundo passo: continue pelo lado esquerdo. Relacione os recursos principais (6) ligados à operação da empresa. Identifique as atividades chave (7) para atender as propostas de valor, construir canais e manter 13 relacionamentos. Liste os fornecedores e as parcerias principais (8). Descreva os gastos que têm maior peso financeiro na estrutura de custos (9) do modelo de negócio. Para colocar em prática o modelo de negócio, basta seguir os nove passos explicados a seguir (Sebrae, 2018): 1. Tem uma ideia? Não tem problema se a ideia ainda precisar ser desenvolvida. O importante é inseri-la no quadro, pois isso ajudará a visualizá-la melhor. 2. Nunca escreva diretamente no quadro: Usar os post-its é mais produtivo porque possibilita que ajustes sejam feitos em qualquer momento. 3. Inicie o trabalho em qualquer bloco: No entanto, a dica é começar pela dupla proposta de valor/segmento de clientes, já que é nessa combinação que está a alma da empresa. 4. Não tenha medo de errar: Ainda que a ideia não esteja muito clara, é bom praticar o planejamento com a ferramenta Canvas, pois visualizar a ideia ajuda a perceber o que pode ser aprimorado. 5. Procure completar o lado direito do quadro: É melhor começar descrevendo a geração de valor para, em seguida, dedicar-se à organização da eficiência da entrega de proposta de valor, no lado esquerdo. 6. Não tem problema se houver pontos em branco: Neste caso, o empreendedor pode tomar o tempo que precisar para completar, modificar, escolher e refinar o modelo. 7. O modelo é um roteiro para registrar e validar hipóteses: Atualizar o modelo de negócio é uma maneira de competir com concorrentes
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