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NEURO INCLUIR - QUASE PRONTO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL – INPI
	Processo: 927880130
Marca: “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”
Apresentação: Mista
Classe: NCL (11) 44
Indeferimento: RPI 2756 de 31/10/2023
	
VANESSA REGINA VIANA, pessoa física, inscrita no CPF sob o nº 886.457.200-78, já qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, não se conformando com o indeferimento do pedido de registro de marcas, publicado na RPI 2756, de 31 de outubro de 2023, vem perante Vossa Excelência, por meio de seu procurador signatário interpor o presente RECURSO, pelo que passa a expor e ao final requerer o quanto segue: I - DA DECISÃO RECORRIDA
Consoante se depreende da decisão em apreço, o pedido de registro da marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” fora indeferido com fulcro no inciso XIX do artigo 124 da LPI considerando-se, para tanto, o processo n. 927880130, na qual a empresa Incluir Espaço Terapêutico & Clínico possui registro na mesma categoria (NCL 11 – 44),[footnoteRef:1]: [1: Art. 124 - Não são registráveis como marca: XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia] 
Sem menoscabo aos argumentos trazidos na decisão recorrida, entende a recorrente que marca proposta apresenta TODOS os requisitos de registrabilidade, senão vejamos:
II - DA RECORRENTE
Inicialmente, cabe o registro da finalidade da marca Recorrente, está denominada “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, que se dedica à prestação de serviços especializados nas áreas de Neuropsicopedagogia Clínica, Atendimento Especializado em Música, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia.
Quanto às áreas, a Neuropsicologia, uma especialidade da psicologia, é o principal pilar da marca. Esta disciplina estuda as relações entre o cérebro, a cognição e o comportamento humano, um campo de estudo amplo e complexo que abrange todas as tarefas que realizamos diariamente e que necessitam da atividade cerebral. A Neuropsicologia se preocupa em avaliar, estimular/reabilitar e pesquisar todas essas relações.
As funções cognitivas que a Neuropsicologia busca compreender incluem percepção, atenção, memória, linguagem, funções executivas, entre outras. Todas essas funções interagem entre si, e é a partir dessa relação que entendemos a grande maioria dos comportamentos, desde os mais simples até as situações de maior complexidade, que exigem atividades cerebrais mais elaboradas. Todas essas funções estão diretamente ligadas ao nosso desenvolvimento, aprendizagem e à nossa qualidade de vida.
Neste processo, quando se buscou especificar a atividades, foi englobada uma variedade de serviços, como grupos de autoajuda [terapia em grupo], orientação psicológica, perícia técnica na área de fonoaudiologia, psicopedagogia [estudo da atividade psíquica infantil], psicoterapia, reabilitações físicas, mentais e emocionais [serviços médicos], serviços de psicólogos, serviços de reabilitação física, motora e emocional prestados a título de assistência social, serviços de terapia, terapia ocupacional [serviços psicológicos], terapia com música [musicoterapia], terapia ocupacional, grupos terapêuticos, neuropsicopedagogia clínica, fonoaudiologia, serviços de reabilitação física, motora e emocional, psicopedagogia clínica, análise aplicada ao comportamento, psicomotricidade e serviços neuropsicológicos.
A empresa também possui uma página no Instagram (https://www.instagram.com/neuroincluir_/), onde interage com seus seguidores, compartilha novidades, dicas e promoções:
Portanto, a marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” representa um centro de excelência que oferece uma gama abrangente de serviços especializados para atender às necessidades de indivíduos que buscam avaliação, estímulo/reabilitação e pesquisa em neuropsicologia e áreas relacionadas. A marca é sinônimo de cuidado, expertise e dedicação no campo da neuropsicologia e disciplinas associadas, proporcionando um impacto significativo na qualidade de vida de seus clientes.
Nesse sentido, buscando a proteção legal, a marca de natureza mista “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” foi legalmente depositada em nome da RECORRENTE em 03 (três) Classes nesta Autarquia, visando a proteção total das atividades de produtos e serviços, bem como resguardar a segurança de utilização do conjunto da marca, conforme podemos perceber: 
Aqui queda-se o primeiro ponto de análise, no sentido de apontar que dos depósitos 03 (três) foram concedidos, sendo que a depositante, ora Requerente efetuou todos os processos de registro visando a proteção integral de seu modelo de negócio, especificando em cada Classe um serviço próprio, visando assim, assegurar os direitos de propriedade sobre o nome e figura da marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” de forma completa.II.I – DAS ESPECIFICAÇÕES DO PROCESSO
Na Classe NCL (11) 07 para assinalar suas especificações como “ Grupos de autoajuda [terapia em grupo];Orientação psicológica; Perícia técnica na área de fonoaudiologia; Psicopedagogia [estudo da atividade psíquica infantil]; Psicoterapia; Reabilitações físicas, mentais e emocionais [serviços médicos];Serviços de psicólogos; Serviços de reabilitação física, motora e emocional prestados a título de assistência social; Serviços de terapia; Serviços de terapia; Terapia ocupacional [serviços psicológicos];terapia com música [musicoterapia];terapia ocupacional;- Grupos terapêuticos; - Neuro psicopedagogia clínica - Fonoaudiologia; - Serviços de reabilitação física, motora e emocional - Psicopedagogia clínica. - Análise aplicada ao comportamento; - Psicomotricidade; - Serviços neuropsicológicos.”
Portanto, trata-se a RECORRENTE de pessoa legitimada a requerer registro de marca na classificação internacional escolhida, conforme Lei nº 9.279:
“Art. 128 - Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou de direito privado.
Parágrafo 1o.- As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta ou indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei.”
Por fim, sinala que a RECORRENTE espera o provimento do presente processo de registro de marcas para poder atuar na área a qual assinalou em suas especificações, anteriormente detalhadas.
III. I - DOS PARADIGMAS E DA SEGURANÇA JURÍDICA
III. NO MÉRITO
Todo depósito de pedido de registro de marca é precedido de uma criteriosa análise, que objetiva identificar se o signo pretendido preenche ou não os requisitos de registrabilidade.
São vários filtros, que vão desde a direta e objetiva análise de liceidade e veracidade da marca, quanto a análise, mais subjetiva, do grau de distintividade e disponibilidade.
Além da legislação aplicável a espécie, os precedentes do próprio INPI são fundamentais para conferir segurança jurídica ao crivo de registrabilidade de um signo marcário, validando e servindo de regra e guia aos depósitos de marcas.
Inobstante as avaliações de registrabilidade sejam adjetivadas pela subjetividade, sempre se busca uma segurança relativa nos precedentes do próprio INPI que, de ordinário, representa a orientação e entendimento do Instituto em casos análogos.
É importante mencionar, que antes de pleitear a proteção marcaria auferida, a Requerida realizou uma busca criteriosa no banco de dados do Instituto de Propriedade Industrial - INPI, e somente realizou o depósito da sua marca, após certificar-se de estarem presentes todos os requisitos exigidos em lei a respeito da registrabilidade do seu sinal distintivo.
Desta forma, o que se espera, é que as decisões futuras guardem relação com as antigas, estabilizando o sistema, com fulcro no princípio da confiança, já queos precedentes causam expectativas legítimas aos usuários.
Neste sentido, a decisão de indeferimento da marca: NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento, sob a alegação de que ela reproduz ou imita, em todo ou em parte marca alheia registrada, destoa de diversos outros registros semelhantes concedidos por este órgão federal, e merece ser afastada, conforme restará demonstrado.
III.II - ANÁLISE DOS CONJUNTOS DE MARCAS COMO UMA TOTALIDADE INDIVISÍVEL E COM DISTINÇÃO SUFICIENTE ENTRE ELES
O Manual de Marcas desse Instituto, em seu item 5.9.1, estabelece que a apreciação de uma possível colidência “leva em conta a capacidade distintiva do conjunto em exame, inibindo a apropriação a título exclusivo de sinais genéricos, necessários, de uso comum ou carentes de distintividade em virtude da sua própria constituição” (grifou-se).
Trata-se de uma análise do conjunto marcário como um todo, o tout indivisible, do direito francês. Isso quer dizer que os elementos das marcas não devem ser analisados em sua individualidade, mas sim o conjunto marcário como um todo. Clóvis da COSTA RODRIGUES, citando as decisões do CPI/45, ensinava o seguinte:
“b) De mais a mais, em se tratando de examinar se uma marca imita a outra, devem as duas ser apreciadas conforme a impressão de conjunto deixada no observador. Um ou outro elemento isolado da marca não influi, se se encontra basicamente diferenciada a impressão do conjunto. c) A marca dessa Requerente nº 25.545, de 1928, cuja cópia se anexa, é complexa, formada pelos vários elementos ali descritos, constituindo um conjunto, do qual não pode sua propriedade destacar qualquer dos elementos que o constituem, e elegê-lo, a seu critério, como sendo elemento essencial e característico de sua marca; quando, em verdade, o que a deve caracterizar é a fisionomia do conjunto, o seu aspecto geral, jamais esse ou aquele dos seus elementos componentes considerados isoladamente.”[footnoteRef:2] [2: RODRIGUES, Clóvis da Costa. Concorrência Desleal, Rio de Janeiro: Peixoto, 1945, p. 201] 
No mesmo sentido, na percepção quase poética de MERLEAU-PONTY, na análise entre dois objetos:
“não percebemos de início as folhas, depois a árvore; não ouvimos inicialmente as notas, depois a melodia; é o conjunto da árvore ou da melodia que é inicialmente percebida; e é nele [o conjunto] que aprendemos a distinguir as folhas ou as notas”[footnoteRef:3]. [3: MERLEAU-PONTY, Phénomélogie de la Perception. Paris: Gallimard, 1945, p. 46] 
Feitas tais considerações, a análise da distintividade entre as marcas aqui em exame não deve ser feita em suas minúcias, em seus detalhes separadamente considerados, mas sim analisando-se o seu todo, toda a impressão do conjunto perante o consumidor.
É que, ao deferir o registro de uma marca, o que o INPI faz não é conceder a exclusividade de utilização de cada um de seus elementos individualmente considerados, mas sim a exclusividade de utilização de todo aquele conjunto, como um todo, incluídos os elementos nominativos, figurativos, disposição espacial, jogo de cores, tipografia utilizada etc.
O próprio Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de enfrentar o tema, deixando claro que a análise de distintividade não pode ignorar o conjunto marcário como um todo:
“(...) 4. A marca mista é aquela constituída pela combinação de elementos nominativos e figurativos ou de elementos nominativos, cuja grafia se apresente de forma estilizada. Embora, em principio, seja admissível o registro de uma mesma marca nominativa para produtos de classes diversas, o mesmo já não se dá com as marcas mistas, pois nessas a imagem de um produto passa necessariamente para o outro na percepção visual do consumidor, ou seja, no caso de marca mista, a parte figurativa e estilizada não pode coincidir com a do produto/serviço em confronto. 4.1 A proteção que o registro marcário visa a conferir ao titular da marca comercial é quanto ao seu conjunto. A despeito de o aproveitamento parasitário ser repelido pelo ordenamento jurídico pátrio, independentemente de registro, tal circunstância é de ser aferida a partir do cotejo, pelo conjunto, das marcas comerciais, sendo desimportante o elemento nominativo, individualmente considerado, sobretudo nas marcas de configuração mista, como é a que foi registrada pela autora. (...)” (REsp 1207752/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 27/05/2015)
Dito isso, apesar do termo em comum “INCLUIR”, este que por sí, é descritivo e genérico, apenas assinalando um tipo de grupo ao qual se destinam os serviços, a utilização do conjunto “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” pela Recorrente diferencia-se no elemento fonético, bem como na especialização dos serviços. 
Sobre esse último aspecto, sabe-se que o que a LPI veda não é a identidade ou semelhança pura e simples das marcas, mas sim aquela que seja “suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia”, conforme claramente estabelecido no inciso XIX do art. 124. Sobre esse detalhe, confira-se os dizeres da doutrina:
“A parte final do inciso é de suma importância e concretiza a preocupação do legislador em evitar excessos ou injustiças na aplicação da proibição legal. Com efeito, o dispositivo obriga o examinador a analisar, no caso concreto, a possibilidade de confusão ou associação entre as marcas, uma vez que, dependendo das circunstâncias fáticas, duas marcas idênticas ou semelhantes, identificando produtos ou serviços da mesma natureza, podem conviver pacificamente, sem induzir consumidores a erro.”
Em um aparente conflito de marcas, além da análise do conjunto marcário como um todo, é fundamental identificar a possibilidade ou não de sinais (o que não acontece no presente caso), acaso ela não seja apta a causar confusão ou associação entre as marcas no mercado consumidor, não há que se falar na impossibilidade de convivência entre elas.
Isto posto uma vez afastada qualquer semelhança entre os conjuntos marcários de cada um dos sinais aqui em análise, não há que se falar em infringência ao disposto no art. 124, XIX, da LPI.
III.III. DA IMPOSSIBILIDADE DE CONFUSÃO/ASSOCIAÇÃO INDEVIDA DO PÚBLICO CONSUMIDOR
A marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” e a marca “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico” operam na mesma classe (44), mas oferecem serviços distintos e têm focos diferentes.
A “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento se dedica à prestação de serviços especializados nas áreas de Neuropsicopedagogia Clínica, Atendimento Especializado em Música, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia. A marca é sinônimo de cuidado, expertise e dedicação no campo da neuropsicologia e disciplinas associadas.
Por outro lado, a “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico” parece se concentrar em serviços de fisioterapia e terapia. Embora ambos ofereçam “serviços de terapia”, o contexto e a especialização desses serviços são diferentes.
A coexistência dessas duas marcas se justifica pela diferença em seus serviços e focos. 
A “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” tem um escopo mais amplo e se concentra em áreas especializadas da neuropsicologia;
Enquanto a “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico” tem um foco mais restrito em fisioterapia e terapia.
Além disso, a distinção entre as duas marcas é clara em seus nomes. “NEURO INCLUIR” sugere um foco em neuropsicologia, enquanto “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico” não especifica um foco particular em seu nome.
Dessa forma, demonstrada a não incidência de possibilidade de confusão e/ou associação indevida pelo consumidor, passa-se à análise fonética das marcas em questão:
Tratando-se de análise de marcas de natureza mista, deve-se levar em conta os sinais figurativos registrados em cada processo.
Outrossim, com efeito, o consumidor jamais virá a confundir ou associar a marca da Recorrente com todas as outras já registradas contendo o elemento em comento, pois as marcas não são conflitantes, conforme se pode observar abaixo:Aqui se percebe claramente a diferença entre os sinais, a Recorrente claramente assinala sua marca com os radicais principais NEURO + INCLUIR, quase se lendo em conjunto NEUROINCLUIR.
Enquanto a marca apontada como impedimento se lê apenas como INCLUIR, possuindo, após, a denominação dos seus serviços.
O apontamento desta digressão é assinalado na forma em que a marca anterior impeditiva apresenta figura completamente diversa da requerida pela Recorrente. 
Nesse sentido, a “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, a “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico não são idênticas e/ou colidentes, considerando os critérios estabelecidos pela Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), que regula o direito marcário no Brasil.
Destaca-se que o sobredito dispositivo legal não encontra incidência no presente caso, visto que as APRESENTAÇÕES DAS MARCAS são completamente DISTINTAS, conforme se observa através da comparação entre o conjunto imagem que compõe a marca da Recorrente e a marca das anterioridades, de tal sorte que NÃO causam nenhum tipo de confusão ao público consumidor, por se tratar de marcas com intenções diversas, assim como as especificações são diferentes, conforme exemplificado em tabela comparativa abaixo:
NEURO INCLUIR 
Centro Especializado de Atendimento
Incluir Espaço Terapêutico & Clínico
Grupos de autoajuda [terapia em grupo];Orientação psicológica; Perícia técnica na área de fonoaudiologia; Psicopedagogia [estudo da atividade psíquica infantil]; Psicoterapia; Reabilitações físicas, mentais e emocionais [serviços médicos];Serviços de psicólogos; Serviços de reabilitação física, motora e emocional prestados a título de assistência social; Serviços de terapia; Serviços de terapia; Terapia ocupacional [serviços psicológicos];terapia com música [musicoterapia];terapia ocupacional;- Grupos terapêuticos; - Neuro psicopedagogia clínica - Fonoaudiologia; - Serviços de reabilitação física, motora e emocional - Psicopedagogia clínica. - Análise aplicada ao comportamento; - Psicomotricidade; - Serviços neuro psicológicos.
Fisioterapia; Serviços de terapia; Serviços de terapia
É nesse sentido que na análise da registrabilidade, devem ser confrontados, não apenas os elementos nominativos das marcas, mas o conjunto que estes formam com os elementos pictóricos, sendo que neste sentido entenderam não haver colidências, tampouco infrações aos dispositivos legais por parte da Recorrente.
Dessa forma observa-se que a apresentação da Recorrente na forma mista, conduz a um grau ainda mais amplo de distintividade entre as marcas em cotejo. E mais, basta que esse grau de novidade seja relativo para que seja possível o deferimento do registro de uma marca; não se exigindo, segundo as normas de diretrizes de análise de marcas, a novidade absoluta.
Para isso, assinala o Superior Tribunal de Justiça:
É neste sentido que a o radical, de uso comum “INCLUIR” deve ser analisado, pois se trata de vocábulo de uso comum, devendo ser apreciado no conjunto marcário “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, combinado de seu caráter figurativo único: 
Observa-se da imagem acima, que a marca apresenta figura artística criada com o fim exclusivo de ser usada como marca em conjunto com o elemento nominativo, contendo características próprias e formando um sinal distintivo totalmente exclusivo, utilizada para a identificação do seu serviço.
Cabe referir, que o exame sobre a distintividade de um sinal marcário, deve levar em consideração todos os seus elementos reunidos, e não se limitar a analisar isoladamente os elementos nominativos que compõem o conjunto marcario.
Nesse particular, já que a marca, objeto do pedido de registro em testilha, foi requerida na forma MISTA, o sinal em apreço, comtempla suficiente cunho de originalidade e distintividade.
É justamente neste sentido que os tribunais entendem: 
“MARCA – REGISTRO – INEXISTÊNCIA DE POSSIBILIDADE DE ERRO OU CONFUSÃO. “As marcas devem ser sempre examinadas sob o seu aspecto de conjunto, incluindo-se nesse exame a sua formação figurativa, gráfica e fônica, procurando-se nesse confronto, a possibilidade de erro ou engano prejudiciais ao consumidor e, por outro lado, a intenção de concorrência não lícita que a lei reprime. Não se pode, positivamente, cindir o nome todo, para se dizer que houve infração aos requisitos legais e, consequentemente, vir-se o órgão administrativo impedido de conceder o registro à autora. É que a marca deve ser examinada em seu aspecto global e se indagar, essencialmente, sobre o elemento típico que a diferencia das demais.” TFR – 5ª Turma – Ac. n.º 38.484/SP (sem grifos no original)
Logo, a distintividade do sinal marcário da Recorrente, é alcançado com a utilização da expressão do conjunto “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, assim como pode ser alcançado com qualquer outra expressão, considerada genérica quando analisada isoladamente, desde que agregada com outros elementos diferenciadores. 
Assim, seria um contrassenso dar um tratamento diferenciado à marca da Recorrente, devendo ela beneficiar-se da possibilidade de coexistência que assiste aos titulares dos registros anteriores. Ora, exigir que marcas novas guardem uma distância maior do que as outras, já registradas, guardam entre si, é um tanto ilógico, bem como injusto. 
Esta consideração encontra apoio na chamada “Teoria da Distância”, desenvolvida pela doutrina alemã e amplamente reconhecida no direito marcário de inúmeros países. 
Com efeito, dentro de um determinado ramo de atividade não se pode exigir que a marca nova mantenha uma distância (entendida como grau de diferenciação) maior em relação a outras marcas, pertencentes a titulares diferentes, do que estas mantêm entre si. 
Data máxima vênia, imaginar que o consumidor vai confundir ou associar as origens dos produtos com as marcas COMPLETAMENTE DIFERENTES que já convivem pacificamente, é subestimar sua inteligência!! 
 Desta forma, não pode a marca da Recorrente participar de qualquer exame de colidência que não a considere de forma intrínseca, vez que possui características novas e distintivas, como também de forma extrínseca, tendo em vista todo o cenário demonstrado pelas marcas já existentes!
III.IV. DA NÃO COLIDÊNCIA FONÉTICA
Como se notará adiante, não resta dúvida, portanto, de que a marca da Recorrente possui sim, de maneira absoluta e inequívoca, suficiente distintividade, e não há mesmo nenhum motivo para impedir o registro de seu pedido em comento, vez que as marcas em comento SÃO COMPLETAMENTE DIFERENTES não havendo a mínima associação entre as mesmas.
O nome de uma marca é um elemento crucial na criação de uma identidade distinta e memorável no mercado. Ele serve como um ponto de referência para os consumidores e pode transmitir informações importantes sobre a natureza e o foco dos serviços oferecidos.
No caso da marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, o nome é altamente indicativo do tipo de serviços que a marca oferece. A inclusão do termo “NEURO” sugere um foco em neuropsicologia, que é uma especialidade da psicologia que estuda as relações entre o cérebro, a cognição e o comportamento humano. Isso pode atrair indivíduos que estão especificamente procurando por serviços nessa área.
Por outro lado, a marca “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico” tem um nome mais genérico que não especifica um foco particular. Isso pode ser uma estratégia deliberada para atrair uma gama mais ampla de clientes potenciais, pois o nome não limita a percepção do público sobre os serviços que a marca pode oferecer.
No entanto, a falta de especificidade no nome da marca “Incluir Espaço Terapêutico & Clínico” não transmite imediatamente a natureza dos serviços oferecidos aos consumidores.
Por outro lado, a marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento” pode se beneficiar de um nome que transmite claramente seu foco em neuropsicologia, o que pode ajudar a atrair clientes que estão especificamente procurando por esses serviços.
Em resumo, emboraambas as marcas operem na mesma classe de serviços, a distinção em seus nomes ajuda a diferenciá-las no mercado e a atrair diferentes segmentos de clientes.
Isso reforça a ideia de que ambas as marcas podem coexistir sem causar confusão ou associação indevida para o consumidor.
Dessa forma, a especialização dos serviços, torna evidente a impossibilidade de erro, dúvida ou associação entre as marcas por parte do consumidor.
IV. DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO E DA FORÇA VINCULANTE DOS PRINCÍPIOS
Modernamente o direito administrativo, assim como os demais ramos do direto, sofreram uma transformação, este fenômeno é conhecido como “constitucionalização do direito”, pois todas as áreas foram levadas a patamares constitucionais.
Com essa transformação, diversos institutos que anteriormente eram tratados na legislação infraconstitucional, passaram a ser disciplinados na própria constituição federal. 
 Conforme Rafael Carvalho, o fenômeno da constitucionalização do ordenamento jurídico abalou alguns dos mais tradicionais dogmas do Direito Administrativo, a saber: a) a redefinição da ideia de supremacia do interesse público sobre o privado e a ascensão do princípio da ponderação de direitos fundamentais.
Neste sentido, a constitucionalização do direito administrativo, criou um sistema onde os princípios fundamentais irradiam cada vez mais seus efeitos para a seara administrativa, devendo ser observados a isonomia, a razoabilidade, a proporcionalidade, e também a proteção da confiança.
Todo ordenamento brasileiro deve ser lido com as lentes da constituição federal, e isso se deve ao fato de que com o advento da mesma, os princípios foram levados a patamares superiores, sendo equiparados as regras. Neste sentido, com base nos princípios da isonomia, da proporcionalidade e da razoabilidade, assim como o princípio da proteção da confiança, a recorrente espera que seu sinal distintivo receba o mesmo tratamento que os demais sinais semelhantes ao seu.
Sob o crivo dos citados princípios, que devem reger as relações tratadas por este órgão federal, pois integrante da administração direta do Estado, e, portanto, prestador de um serviço público, a recorrente espera que seja dispensado tratamento igualitário, sem distinções entre os administrados. 
V – PROVIMENTOS E DISPOSIÇÕES FINAIS
Assinala-se aqui, que no presente processo de registro de marca da RECORRENTE não foram apresentadas OPOSIÇÕES por marcas terceiras, demonstrando a possibilidade da existência e convivência pacífica entre todas e quaisquer marcas com o radical “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, eis que específicas em cada segmento de mercado.
VI - DO PEDIDO
À VISTA DO EXPOSTO, protesta o recorrente pelo recebimento e provimento do presente recurso para, reformada a decisão recorrida, DEFERIR o pedido de registro da marca “NEURO INCLUIR Centro Especializado de Atendimento”, na NCL (11) 44, modalidade mista, processo nº 927880130.
Ijuí/RS, 18 de dezembro de 2023.
LUIZ FERNANDO SOARES COSTA
OAB/RS nº 66.079
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